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sexta-feira, maio 12, 2023

Gentrificação?

Antonio Cerveira Pinto
Basement, #08, 2010

Gentrificação ou falta de habitação social?

“Um quinto dos proprietários venderam as casas que tinham no mercado de arrendamento desde que o pacote Mais Habitação foi anunciado a 16 de fevereiro, conclui o 7º barómetro da Associação Lisbonense de Proprietários (ALP).”

Estamos no meio de novos movimentos de substituição social nas áreas residenciais das nossas principais cidades. Em Lisboa, como no Porto, Braga, Viana do Castelo, Funchal, etc., a degradação dos centros urbanos era  há alguns anos gritante, sobretudo ao longo das décadas de oitenta e noventa do século passado. Prédios devolutos, alguns com mais de seis ou sete pisos, caíam literalmente à rua. Milhares de outros exibiam as suas tripas a quem perto dos mesmos passasse. A principal causa deste descalabro era a impossibilidade de os proprietários tirarem qualquer rendimento dos alugueres das suas propriedades urbanas alugadas. Esta circunstância (rendas ridiculamente baratas) convivia com o envelhecimento e o empobrecimento dos inquilinos cujas rendas baratas não estimulavam qualquer propensão para o diálogo com os senhorios, nem qualquer desejo de manutenção das casas, seja pelo senhorios, seja pelos inquilinos. Havia que fazer alguma coisa! E fez-se, acabando progressivamente com as rendas congeladas, e tornando menos morosos os processos de despejo. A partir daqui teve início a afluência expectável de potenciais compradores e de novos inquilinos aos centros urbanos em fase, cada vez mais evidente, de renovação. Dezenas de milhar de proprietários não tinham sequer capacidade de endividamento para assumirem eles próprios a iniciativa da renovação (demolições necessárias, novos projetos, indemnizações de inquilinos, etc.). E assim nasceu o processo de gentrificação à portuguesa! Aconteceu depois de os municípios terem construído milhares de habitações sociais, sobretudo em Lisboa e no Porto, ainda assim muito aquém das necessidades. Segundo o INE, havia em 2015 120 mil fogos de habitação social — 26 mil edifícios —, com uma renda média mensal de 56 euros. Ou seja, 2% do parque habitacional era habitação social. Uma percentagem apesar de tudo ridícula quando comparada com, por exemplo, a situação inglesa, com mais de 16% do parque habitacional em regime de renda social... Não é tentando travar a famosa ‘gentrificação’ que a esquerda falida que temos conseguirá evitar mais um prego nas promessas de Abril: a habitação, mas sim apostando numa profunda reforma do papel da habitação no novo equilíbrio social necessário. Basta olhar para o que se está a passar no resto da Europa!

PS: Portugal teve, de facto, um regime de arrendamento social durante todo o salazarismo e os quase cinquenta anos que levamos de democracia, que ainda não terminou (as rendas antigas permanecem congeladas). Ou seja, o estado social salazarista permaneceu de pé até à chegada da Troika a Portugal (com uma diferença, a inflação salazarista era residual, ao contrário da explosão de salários e preços ocorrida nos quase cinquenta anos de democracia que se seguiu à ditadura). Não me venham, pois, com conversas de esquerda e direita! Dos 6 milhões de alojamentos existentes no país, 923 mil estão legalmente alugados, sendo que 70% destes alugueres estão abaixo dos 400 euros/mês. Apenas 2% dos contratos estão nos mil ou mais euros (pouco mais de 20 mil contratos). Curiosamente, esta forma de socialismo em que os senhorios subsidiam os inquilinos tem um contrapeso liberal: o número elevadíssimo de proprietários de casa própria.  Conclusão: a sociedade portuguesa não gosta do socialismo, mas suporta-o  quando tem que ser — seja na forma salazarista, seja na forma populista de esquerda.

LINKS

Proprietários ‘fogem’ das rendas e começam a vender casas — Expresso

Mais de 70% dos contratos de arrendamento valem menos de 400 euros — Dinheiro Vivo

Proportion of households occupied by social renters in England from 2000 to 2022

Home ownership rate in Germany from 2010 to 2021

Home-ownership in the United States

List of countries by home ownership rate

quinta-feira, agosto 02, 2018

O desespero imobiliário da esquerda

É necessário desmontar o subconsciente da esquerda pírrica

A renovação urbana rouba votos ao PCP e ao Bloco

PS, PCP e BE querem arranjar solução para contrariar veto e defender inquilinos 
Descontentes com o veto a um diploma para a qual contribuíram, os comunistas acusam o Presidente da República de "impedir que a lei entre em vigor e que proteja os interesses e direitos dos inquilinos de uma forma mais breve". Mas tanto o PCP como o Bloco ou o PS asseguram que em Setembro vão tentar encontrar uma solução para o assunto. 
Público. MARIA LOPES 2 de Agosto de 2018, 11:58
O que os dirigentes e burocratas do PCP e do Bloco querem, já sabemos, é evitar a sua rápida descida ao zero eleitoral, nem que isso signifique empobrecer ainda mais o país. Não nos esqueçamos que estes cadáveres adiados do marxismo se alimentam de pobres e remediados...

Falta agora explicar uma coisa muito simples aos inquilinos:

— a lei anti-propriedade privada do PCP, do Bloco e (será?) do PS, se chegar a ver a luz do dia, apenas estimulará ainda mais os proprietários urbanos a deixarem de ter inquilinos, substituindo o arrendamento tradicional pela figura do 'leasing' imobiliário (operações reservadas a bancos e sociedades de crédito), ou, em alternativa, pelo alojamento local temporário. Estas duas escapatórias têm, porém, um inconveniente democrático: reforçam a concentração capitalista, a internacionalização financeira do país, e a destruição, a muito curto prazo, das classes médias, entre as quais se encontram os pequenos proprietários urbanos. Ou seja, teremos cada vez menos Catarinas, e cada vez mais Robles.

Conclusão: a sanha anti-capitalista (hipócrita como sabemos) do PCP e do Bloco virar-se-à contra a própria figura do inquilino, condenando-o a uma morte prematura.

Espero bem que haja ainda energia suficiente dentro do PS (o PSD é presentemente dirigido por um paranóico sem ideias) para contrariar o desespero do que resta da tropa estalinista, maoista e trotkysta que infesta as nossas instituições democráticas burguesas.

Esta corja da putativa esquerda não pensa. Esbraceja apenas, desesperadamente, por um lugar protegido pelas receitas do fascsimo fiscal que vem destruindo o país, escancarando as suas pernas ao capital estrangeiro. É esta espécie de internacionalismo que, no fundo, no fundo, os oportunistas que se reclamaram ao longo de  quase um século do Karl Marx que raramente leram, e muito menos entenderam, espalharam nos territórios geralmente atrasados onde exerceram as suas ditaduras.


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terça-feira, maio 19, 2015

O vigário de Sócrates


O candidato marcha-atrás


A imaginação da criatura é básica, já sabemos. Mas julgo perceber o que quer nesta sua pesca à linha de votos: obter cruzinhas dos inquilinos oportunistas, pois dos verdadeiramente pobres têm cuidado os próprios proprietários urbanos, e forçar a reabilitação urbana sem dinheiro público, porque não há, e todos sabem qual é a posição da UE sobre o betão, recorrendo a legislação que na prática redundará na VENDA FORÇADA DE IMÓVEIS URBANOS DOS PEQUENOS PROPRIETÁRIOS, ou na sua execução a favor do FISCO, a favor da cleptocracia estatal e sobretudo a favor dos FUNDOS IMOBILIÁRIOS, praticamente isentos de impostos e que cairão sobre centenas de milhar de pequenos proprietários urbanos ameaçados pela REQUALIFICAÇÃO COMPULSIVA.

E para o quadro ficar completo, os sábios que consultou aconselharam-nos ainda a tomar de assalto a transmissão das heranças. Ou seja, emagrecer o estado, nem pensar, por os burros contribuintes a pão e água, isso sim, é uma revolução!

Votem neste vigário de Sócrates, mas depois não se queixem!


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