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sexta-feira, março 07, 2014

Imagem de um regime perdido

Manif de polícias junto ao parlamento, 6/3/2014

A escadaria descendente de uma democracia falida


Nem num FC Porto-Benfica se vê tanto polícia
PSP mobilizou um número recorde de efetivos para vigiar os 12 mil colegas que são esperados na ‘manif’. Ninguém quer confrontos, que podem custar a cabeça ao ministro e a razão aos polícias. Concentração está marcada para as 17h30, em Lisboa.

Ler mais: Expresso

Quando um regime não consegue alimentar os seus polícias, por manifesta insolvência do Estado, ou por incompetência e irresponsabilidade dos governantes e da casta política, só lhe resta uma alternativa: dar lugar a outros. Esta democracia populista e corrupta chegou ao fim. A sua substituição por uma democracia transparente, responsável e decente é uma questão de tempo.

E mais uma coisa: quando um furúnculo incha de pus há que espremê-lo e desinfetar com cuidado a ferida. Deixá-lo crescer é permitir que a infeção cresça, alastre e acabe por rebentar quando menos se espera, provocando estragos maiores no organismo.

O nacionalismo e a extrema direita são filhos da imprevidência democrática, do populismo e da corrupção, quando tudo isto desemboca na falência económica, financeira e social das sociedades. Já todos sabemos isto, mas não aprendemos nada com o passado recente. Triste :(

quarta-feira, outubro 09, 2013

Camarada Arménio

foto: JOSE MANUEL RIBEIRO/Reuters

Afinal o que o Arménio Carlos quer é negociar!

Ou seja, fazer um número para a plateia em vésperas da discussão do Orçamento. Sendo assim, porque não convoca a manif para fora e para dentro da Assembleia da República? Não cabem todos? A Assunção manda evacuar? Da última vez a coisa escapou-se-lhe das mãos porque havia sindicalistas a apedrejar o parlamento? Pois, isto não é tudo nosso!

Imagine o senhor Arménio que um manifestante exaltado resolve atirar-se da ponte abaixo. Está preparado para isso?

Você passa a pé na Ponte 25A no dia a dia? Não. Porque será? Você anda a pé pela linha do Metro? Não. Porque será? Você passeia-se pelas pistas do aeroporto de Lisboa? Não. Porque será? Você calcorreia a A1 com a família ? Não. Porque será?

Uma coisa é o direito à manifestação, outra muito diferente é passar a ideia ao país de que os sindicatos mandam no que querem, o que querem, como querem e quando querem. Não é assim!

Além do mais a sua demonstração sindical não tem nada de sindical, nem tem que ver com os interesses dos trabalhadores, dos desempregados e muito menos da mais de uma centena de milhar de portugueses que emigraram desde 2008.

A sua manifestação, quer dizer, a demonstração de força do PCP por intermédio da CGTP, é puramente política. E é muito corporativa, destinando-se a defender uma aristocracia e uma burocracia que trabalham essencialmente para o Estado. Pouco mais é do que isto, meu caro Arménio.

Tenha, pois, juízo e comece a pensar nos trabalhadores. Mas a sério!

O argumento da maratona

Nas maratonas não costuma haver incidentes violentos, nem provocadores, como aquele que ocorreu junto à Assembleia da República numa manifestação da CGTP, lembram-se?

Mas depois do que ocorreu na Maratona de Washington, seria da mais elementar prudência que não se fizessem mais maratonas com travessias sobre as grandes pontes do país...

Além do mais não me agrada nada a conversa sobre a segurança que a CGTP promete entre portas, num estado de direito!

Supostamente a CGTP e o PCP garantem às suas manifs 'segurança'. Viu-se o que aconteceu junto à Assembleia da República em novembro de 2011! Será que a CGTP pagou os prejuízos causados por esta manif que lhe foi autorizada? Os seus gorilas estão autorizados a fazerem segurança? Sob que regime jurídico? Nada disto faz sentido, e é tempo de acabarmos com a ideia de que a rua é do PCP e do Bloco de Esquerda!

ÚLTIMA HORA!

Câmara de Lisboa diz-se incompetente para autorizar a manifestação da CGTP
Jornal de Negócios, 09 Outubro 2013, 17:50.

António Costa (não disse, mas podia ter pensado): Porra! Eu quero é ir para Belém! E se o António Maria tem razão e alguma viúva desesperada se atira da ponte abaixo?!!!

Última atualização: 9 out 2013, 20:35 WET

domingo, agosto 21, 2011

Espanha repete os mesmos erros!

O assédio contra os crentes e apoiantes do Papa durante a sua visita a Espanha foi uma monumental provocação cujo preço está por calcular

Também não é preciso exagerar. Se não um dia destes teremos manifestações de padres e freiras contra a Parada Gay de Madrid — OAM

 Não serão os homossexuais e as lésbicas, por o serem, que defenderão a democracia espanhola quando for preciso. As sociedades mais conservadoras, laicas e religiosas, sempre conviveram bem com a homossexualidade escondida, e sobretudo com as suas variantes mais perversas e criminosas.

Sindicatos policiales critican a la Delegada del Gobierno por la marcha ‘antipapa’

La Unión Federal de Policía (UFP) ha pedido este jueves al presidente del Gobierno, José Luis Rodríguez Zapatero, que cese a la delegada del Gobierno en Madrid, María Dolores Carrión, por su "falta de coordinación e inoperancia" al no haber evitado una marcha 'antipapa' por el centro de Madrid que los agentes han definido como "caos total".

"Ayer –el miércoles- fue, desafortunadamente, otro día más en el cual se producen graves altercados en Madrid, y la responsable del Orden Público, la señora delegada del Gobierno, no apareció. Sí lo hizo para hacerse la foto en el CECOR el martes y por eso sabemos que existe. Pero hasta  ahí. Solo eso. Luego no es capaz de dirigir, ni mandar ni siquiera coordinar", ha señalado el secretario general de la Unión Federal de la Policía de Madrid, Alfredo Perdiguero, en un comunicado.

Libertad Digital

Os agnósticos, ateus e socialistas como eu não podem ignorar que a euforia espanhola pós-franquista está prestes a terminar em bancarrota; e que a Esquerda espanhola não conquistou a democracia — esta foi-lhe pura e simplesmente legada pelo ditador, porventura armadilhada...

Desnudas en la capilla de la universidad

Las protestas estudiantiles contra la Iglesia acompañadas del morbo y el escándalo se están poniendo de moda en las universidades. A finales del año pasado la Universidad de Barcelona tuvo que cerrar su capilla por los sucesivos ataques de algunos radicales. Ahora el acto ha tenido lugar en el campus de Somosaguas de la Universidad Complutense de Madrid. Un grupo de adolescentes ha irrumpido en la capilla del campus, se ha quitado parte de la ropa y con megáfono en mano ha gritado lemas de protesta contra la Iglesia sobre temas como el aborto o la homosexualidad. Además para alardearse de el acto cometido han distribuido las fotos de su peculiar protesta por internet.


Telecinco (vídeo)

A "esquerda cultural" espanhola tem que medir as suas acções com mais cuidado, e sobretudo preparar-se como deve ser para o coice da direita que aí vem. Não vai ser lindo de ver :(

Não podemos esquecer que a Direita reaccionária, os militares e a hierarquia católica contra-Reformista ganharam a Guerra Civil. E que a Democracia foi uma concessão de Franco atempadamente negociada com o actual rei espanhol! A segurança cultural da Esquerda pode não passar, pois, de uma ilusão. Muitos democratas de hoje mudarão de camisa ao menor sintoma de retrocesso civilizacional :(

Eu não estou, infelizmente, optimista com o vanguardismo pós-moderno cultural espanhol, que tresanda a kitsch por todos os poros. A bancarrota financeira em curso neste país ainda vai no adro, e a "radioactividade" silenciosa que dela emana só dentro de algum tempo (meses? um ano? dois? três?) produzirá os seus efeitos mais dramáticos. Uma das consequências possíveis deste descalabro será o colapso dos governos autonómicos. Se tal vier a ocorrer (o primeiro sintoma claro já aí está, com a falência estrondosa das Caixas) o albergue espanhol poderá transformar-se de novo numa panela de pressão pronta a explodir.

Oxalá me engane redondamente — quanto mais não seja pelos muitos e grandes amigos que naquele país fui ganhando ao longo das últimas décadas.

domingo, maio 02, 2010

Crise Global 79

Atenas: 1º de Maio



As democracias populistas da América e da Europa caminham rapidamente para o colapso financeiro e social. A procissão, porém, anda vai no adro.


OAM 697 — 2 Maio 2010 0:52

sábado, maio 01, 2010

Crise Global 78

Civilização ou barbárie?



A decadência do Ocidente pode ser irreversível. E o que vier depois, algo muito diferente do que imaginámos durante a recente caminhada sonâmbula em direcção a nenhum lugar.

Thousands Swarm To Massive Protest On Wall Street (PHOTOS) —  LINK


OAM 695—1 Maio 2010 0:08

terça-feira, março 31, 2009

Portugal 94

Uma manifestação da GNR?!

APG lidera manifestação contra «degradação» das condições de serviço
A Associação de Profissionais da Guarda vai estar na liderança de uma manifestação de agentes da GNR que vão protestar contra a «degradação» das condições de serviço. José Manageiro fala mesmo em «absoluta escravatura» na GNR. — TSF.

Quando a guarda pretoriana do regime, espécie de última ratio da ordem civil, fala de escravatura a propósito das condições económicas e de serviço a que terá chegado, temos uma vaia ao regime bem maior e mais grave do que aquela que o actual primeiro ministro sofreu no CCB depois de chegar meia hora atrasado à estreia da ópera Crioulo.

O cerco ao governo PS está cada vez mais apertado e aceso. Começo a pensar que, para além dos meus posts e da justa indignação dos portugueses perante tanta inépcia e corrupção, há mesmo uma conspiração "aliada" capitaneada pelo agente laranja colocado em Bruxelas por Bush e Blair —Durão Barroso, pois quem havia de ser!— para derrubar a estratégia da tríade de Macau.

Mas disto escreverei noutra ocasião.

A minha recomendação à tríade é esta: expliquem ao Pinóquio que será melhor para ele e para todos nós a sua imediata demissão, em nome da defesa tranquila da sua honra contra a conspiração internacional montada contra o PS e apontada directamente à sua cabeça.

António Costa deveria substituir José Sócrates, unir o partido em nome de uma estratégia clara e transparente, pondo a ênfase da sua comunicação nas interferências estrangeiras —em particular inglesa—que ameaçam uma vez mais espezinhar o país, desta vez em nome da defesa criminosa da irremediavelmente decadente aliança anglo-americana.

Os Estados Unidos e a Inglaterra estão literalmente falidos. E o que querem do G20 é que o resto do mundo morra de fome e bombas em nome do seu insustentável estilo de vida, safando uma vez mais a mesmíssima canalha que precipitou o planeta na maior crise económica e social da sua história: JP Morgan, Goldman Sachs e quejandos, FMI e ainda os paraísos fiscais sediados nas ilhas privadas de sua majestade pirata a rainha de Inglaterra.

Para o eixo Londres-Washington, a Portugal não é permitido mijar fora do penico. E mijar fora do penico é, por exemplo, estabelecer uma nova triangulação estratégica activa entre Portugal, a Rússia, o Brasil, a Venezuela, Angola, Guiné e Moçambique, China e Timor.

Para o súbdito Obama e para a rainha de Inglaterra, Portugal não passa de um porta-aviões, deles, claro!

A minha avó odiava os ingleses. Começo a perceber porquê.


OAM 566 31-03-2009 13:22

sábado, março 14, 2009

Manif 1

Manif, 13 mar 2009. Foto: Miguel A. Lopes/LUSA

A desgraça das burocracias sindicais

A manifestação (manif) de Sexta Feira 13, do mês de Março de 2009, tal como algumas das concentrações e manifs de professores do ano passado, foram animadas e politicamente controladas pelo PCP, através do seu braço sindical, a CGTP. A panela da pressão social não se cansa, de facto, de apitar, e há portanto que canalizar a tensão para algum lado. A corrompida UGT, que não passa de um fantasma de circunstância, aninhada como sempre esteve, aos pés do governo de turno, não tem pedalada para lidar com a crise de regime que aí vem. Já o PCP-Intersindical, mesmo sem saber para onde tudo isto pode ir, tem um catecismo antigo por onde se guiar. E fá-lo sempre que as circunstâncias ou proximidade eleitoral o exigem. Resta saber para quê... dada a dimensão sistémica da crise e a falta alarmante de soluções programáticas por parte da totalidade dos actores políticos em presença.

As manifs são uma forma de catarse colectiva. Mas desta forma de catarse nasce invariavelmente uma consciência de classe mais nítida e sobretudo uma percepção partilhada dos problemas e das dificuldades. À medida que a crise das falências empresariais, familiares e pessoais alastra e o desemprego expulsa indistintamente gestores, trabalhadores liberais e operários dos seus empregos, as manifs irão engrossar — na busca de irmandade, mas também na expectativa de uma luz ao fim do túnel da depressão para onde a Europa e a América caminham a passos largos. Até mesmo a classe média, em vias de extinção, desesperada, que por enquanto vai enterrando os cabedais ainda disponíveis, em psicólogos, psiquiatras e gurus da MT, não tardará a engrossar o novo ciclo de manifs que hoje começou. E quando tal ocorrer, o radicalismo das acções de rua ganhará outra dimensão retórica e programática.

Quando os jornalistas despedidos da SIC, do Diário de Notícias, etc., e os engenheiros despedidos da Mota-Engil, da Teixeira Duarte, etc, e os bancários e gestores despedidos do BCP, do BPN, etc., já para não falar do exército de arquitectos, advogados e economistas que verão encolher dramaticamente as suas possibilidades de emprego ao longo dos próximos anos, ou décadas, então as manifs deixarão de ser uma alavanca oportunista do PCP —partido envelhecido, sem ideias e tão agarrado ao actual regime como qualquer outro partido com assento parlamentar. Quando aí chegarmos, o poder que estiver terá realmente motivos para se preocupar com o seu futuro e com o futuro da nomenclatura de que é parte.

O actual regime democrático corrompeu-se e isso está cada vez mais à vista de todos. Como se a corrupção não fosse em si mesma razão que baste para uma revolução, acresce que estamos economicamente como estava o meu avô republicano nas vésperas do 5 de Outubro de 1910 — isto é, à beira da ruína! A ilusão de que poderemos escapar airosamente da delapidação do património e da poupança em que embarcamos todos nos últimos vinte anos, porque temos o Euro, é uma das tais ideias peregrinas que só pode ter mesmo vindo dum desses economistas que acordaram há menos de um mês para a gravidade da nossa dívida externa: 200% do PIB e não 100% como ainda continuam a balbuciar (1)

É preciso uma grande imaginação para encontrar soluções. A demagogia persistente das esquerdas burocráticas (PCP e BE) não serve. A solução, pelo menos provisória, está na explosão dos dois principais partidos do Bloco Central: o PS e o PPD/PSD. E está também na emergência de um rizoma de cidadania democrática pro-activa, inteligente e tecnologicamente avançada. Chegou provavelmente a hora de tecer uma Democracia Virtual em rede, plural, dialógica, solidária, humanista, realista e criativa.


NOTAS
  1. A maioria, se não mesmo a totalidade dos economistas portugueses, tem a mania de olhar apenas para aquilo que se chama a Dívida Externa Líquida (i.e. a diferença entre o que devemos e o que nos devem), quando o número para que temos realmente que olhar é o da Dívida Externa Bruta (i.e. aquilo que estamos a dever ao estrangeiro independentemente daquilo que eles nos devem). Se por acaso quem nos deve não paga, isso não alivia em nada as nossas dívidas. Como bem sabemos todos!

OAM 555 14-03-2009 00:57

domingo, março 09, 2008

Portugal 23

O fim antecipado de uma maioria absoluta

Cem mil docentes exigiram demissão da ministra que garante "continuar a trabalhar"

Lisboa, 08 Mar (Lusa) - Cem mil professores desfilaram durante cerca de cinco horas, em Lisboa, na "marcha da indignação" exigindo a demissão da ministra da Educação, a renegociação do Estatuto da Carreira Docente e a suspensão do processo de avaliação de desempenho.

Em declarações ao jornal da noite da SIC, a ministra Maria de Lurdes Rodrigues desvalorizou o número de manifestantes, entretanto confirmados pela PSP, afirmando "não ser relevante" e garantiu que irá continuar a trabalhar na "procura das melhores soluções".

"Vou continuar a trabalhar para encontrar as melhores soluções, tal como tenho feito e é o que vou continuar a fazer. Compreendo muito bem as razões da manifestação e tenho consciência que se está a pedir às escolas mais esforço e mais trabalho", referiu a governante, defendendo que os "resultados mostram que se está no bom caminho" em termos de reforma do sector da Educação.

A última manifestação de professores, que tinha sido até hoje a maior de sempre, realizou-se a 05 de Outubro de 2006 e juntou em Lisboa perto de 25 mil docentes, em protesto, na altura, contra o Estatuto da Carreira Docente, que acusaram o Governo de "impor" sem uma "efectiva negociação". Existem em Portugal 143 mil docentes, segundo referiu esta semana a ministra da Educação.

(...)

A "Marcha da Indignação" foi organizada pelos dez sindicatos de professores, unidos numa plataforma, e integra a semana de luta convocada pela Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública, que termina dia 14 com uma greve geral. -- Lusa, 8 de Março de 2008, 23:55.

Portugal vive e viverá nos próximos dois ou três anos em estado de "recessão grave". Tem uma dívida pública insustentável, agravada por uma das maiores secas financeiras internacionais de sempre. A sua dependência energética é preocupante. Produz pouco e mal. Prossegue uma política de transportes desastrosa, de que o beco sem saída da TAP e as tristes hesitações governamentais relativamente à rede de alta velocidade e velocidade elevada ferroviárias são dois tristes testemunhos. Tem uma administração pública irresponsável, cara e ineficiente. Não proporciona níveis de educação cívica, instrução e formação profissional ajustados à média do espaço geo-estratégico a que pertence. Em suma, permitiu-se fragilizar o regime democrático às mãos de uma nomenclatura político-burocrática onde não faltam nem nepotismo, nem endogamia, nem corrupção que cheguem.

O Estado, para dizê-lo sem rodeios, está em sérias dificuldades financeiras, e socorrê-lo nas circunstâncias de uma grave crise económica mundial pode vir a tornar-se, mais depressa do que imaginávamos, numa missão impossível.

A menos que aceitemos entregar o sumo do país às empresas e bancos árabes, chineses, espanhóis, alemães, ingleses, franceses, brasileiros e angolanos, prepará-lo para o futuro pós-colonial, depois de terminado o ciclo das ajudas comunitárias à integração europeia, vai exigir rupturas dramáticas no nosso comportamento colectivo. Para que seja possível levar a cabo tamanha metamorfose é no entanto preciso regressar à política e reformar de alto a baixo o actual sistema partidário. A demissão de Correia de Campos e a próxima demissão da ministra da educação, merecidas ambas pelos clamorosos erros de condução política cometidos, terão no entanto o sabor progressivo de uma vitória de Pirro. Ganhámos todos. Perdemos todos!

A saída de cena de José Sócrates durante o pico da crise da sua insensível e muito explicada política de saúde, que agora se repete no caso da Educação, com 100 mil professores desfilando em Lisboa, mais do que reiterar a natureza vigarista deste primeiro ministro, exibe dois factos novos: a desorientação da tríade de bonecreiros que o movimenta, e a certeza de que o PS não renovará a actual maioria absoluta em 2009, arriscando-se mesmo a perder todas as eleições que houver até lá. Numa tal conjuntura imprevista o PS vai precisar de aliar-se a algum partido com assento parlamentar caso ganhe as próximas legislativas com maioria exígua. Como toda a gente já percebeu, esse potencial aliado não existe na actual composição da Assembleia da República. O cadáver do PP flutua já a caminho da morgue (nem Cavaco Silva deixaria alguma vez sobreviver uma frágil aliança entre o PS e a quadrilha de piratas comandada por Paulo Portas). Francisco Louçã nunca aprovará um orçamento de Estado escrito pelo PS. Enfim, só resta mesmo inventar um partido por aí...

Há quem diga que um tão necessário partido vai nascer para esse preciso fim pela mão de Rui Marques e dos seus 59 apóstolos, sob a sigla MEP: Movimento Esperança Portugal. Gostaria, apesar de tudo, de acreditar que este católico tem mais ambição do que nos querem fazer crer. Seja como for, devemos continuar muito atentos às tensões cada vez mais explosivas nas entranhas do PSD (não vejo como possa haver alternativa a uma ruptura definitiva entre o PPD e o PSD), nas entranhas do BE (Ana Drago deu o sinal de partida para a mudança geracional...), e nas entranhas do PS (leia-se a corajosa entrevista de Ana Gomes à Visão desta semana). A tríade do Rato prepara-se para uma retirada estratégica, e o efeito de um tal recuo defensivo é a abertura antecipada da época de caça eleitoral. Mas como neste caso a futura assembleia legislativa não poderá ser apenas mais do mesmo, o que não corre, voa!



Bom senso


10-03-2008. À primeira leitura, parece-me que o método belga subscrito por António Brotas, professor jubilado do IST e antigo Secretário de Estado e Director do Gabinete de Estudos e Planeamento do Ministério da Educação, seria suficiente (e mais justo) para atingir o desiderato da avaliação -- preventiva e positiva -- dos professores. Só não resolve o problema escondido pelo governo (e pelos sindicatos!) da discussão sobre o novo estatuto do professor, ou seja, que a criação de uma pirâmide profissional conseguida por intermédio da divisão do grupo profissional entre "contratados" e "titulares", se destina a diminuir a despesa do Estado com esta componente do sistema educativo. E que esta poupança forçada decorre do controlo do défice público imposto pelo Pacto de Estabilidade. Um problema verdadeiramente bicudo. - OAM

A AVALIAÇÃO NA BÉLGICA

É importante que o Ministério da Educação, antes de tentar impor uma reforma global que pode estar radicalmente errada, se procure informar sobre as formas de avaliação dos professores adoptadas noutros países da Europa, que parecem serem razoavelmente aceites pelos seus professores. A Comunicação Social pode dar, neste assunto, uma importante ajuda. No Sábado passado, vi na televisão, num curto programa, um professor explicar que, quando na Bélgica, o director de uma escola recebe a indicação de um professor não estar a desempenhar convenientemente as suas funções, pede ao Ministério para nomear uma comissão para o avaliar. Penso que uma medida deste género, desde que convenientemente negociada, pode ser aceite pelos Sindicatos e Comissões de Pais portugueses. Os maus e muito maus professores são poucos, mas existem, e há que proteger os estudantes de a eles estarem sujeitos.

O ensino português pode melhorar com simples medidas de bom senso. No caso citado , o Ministério, em vez de procurar avaliar simultâneamente 140.000 professores, tem, simplesmente, de promover a criação de órgãos especializados para avaliar a competência dos relativamente poucos professores suspeitos de não serem competentes. A estes, devem ser dadas todas as garantias como, por exemplo, a de poderem designar dois elementos para integrarem a comissão encarregue de os avaliar.

O Ministério deve, também, criar órgãos vocacionados para detectar os muito bons professores, que são o património mais valioso de um sistema educativo, e que devem, depois, ser utilizados pelo Ministério como motores da melhoria do nosso sistema de ensino. Numa avaliação global, simultânea e esquemática, estes melhores professores correm o sério risco de não serem considerados aptos para serem professores titulares, e serem assim impedidos de influenciar o evoluir das próprias escolas. E corremos um outro risco: o de alguns dos piores professores se tornarem "especialistas em serem avaliados" sendo assim seleccionados para professores titulares e passando a influenciar fortemente o futuro do nosso ensino.

António Brotas
Antigo Secretário de Estado e Director do Gabinete de Estudos e Planeamento do Ministério da Educação.

OAM 332 09-03-2008, 02:44