Reformados em pânico tentam levantar as suas economias à porta do falido Northern Rock, hoje temporariamente nacionalizado pelo governo britânico!
Preparem-se para o pior!
Os mercados de Derivados estão a afundar rapidamente, e entretanto, nos EUA, começou a Rebelião das Massas contra o ataque financeiro, capitaneado pela Reserva Federal, aos certificados de aforro municipais.
Por cá, como se sabe e é escandaloso, José Sócrates decidiu em Janeiro passado roubar os rendimentos expectáveis e contratualizados para as séries A e B dos Certificados de Aforro. No Reino Unido o Northern Rock, uma instituição financeira especializada em captar as poupanças-reformas dos ingleses, e sediada num dos paraísos fiscais de Sua Majestade (!), faliu. O calote, sob a forma da nacionalização temporária deste covil de piratas protegido pela Rainha de Inglaterra, será pago pelos impostos de todos os súbditos daquela pirosa e decadente monarquia. Na Alemanha, veio-se a descobrir há uma ou duas semanas atrás que há dezenas de caixas de aforro regionais (muito social-democratas, algumas delas) engolidas pela voragem do Subprime (e nenhum director foi ainda, nem despedido, nem preso!) Ainda por cá, segue a telenovela do BCP.
Em suma, o neo-liberalismo é assim: adora a concorrência e a liberdade de mercado enquanto se trata de acumular mais-valias especulativas, mas exige a mão dura do Estado quando é para salvá-lo dos prejuízos! Aquilo que já está a acontecer e vai piorar, uma vez mais, é os governos corruptos dos países atingidos pela catastrófica falta de liquidez desencadeada pela crise do Subprime, acorrerem a salvar bancos e sociedades financeiras, em nome da estabilidade económica, injectando para isso milhares de milhões de euros nos bolsos dos especuladores, mas fazendo para isso recair a despesa no Zé Povinho! Fazem-no sob a forma do roubo descarado das expectativas, estagnando a economia, e fazendo finalmente disparar a inflação. Preparem-se para o pior, e tratem de olear as armas da indignação!
States and Cities Start Rebelling on Bond Ratings
03-03-2008. A growing number of states and cities say yes. If they are right, billions of taxpayers' dollars -- money that could be used to build schools, pave roads and repair bridges -- are being siphoned off in the financial markets, where the recent tumult has driven up borrowing costs for many communities.
A complex system of credit ratings and insurance policies that Wall Street uses to set prices for municipal bonds makes borrowing needlessly expensive for many localities, some officials say. States and cities have begun to fight back, saying they can no longer afford the status quo given the slackening economy and recent market turmoil.
Municipal bonds, often considered among the safest investments, sank along with stocks last week, darkening the already grim mood in the markets. Several big hedge funds unloaded bonds as banks further tightened credit to contain the damage from mounting losses on home mortgages and other loans. -- New York Times.
Markets Go Down On Bad News
29-02-2008. The banks cannot give more loans if they have no reserves and if their existing equities are losers, they have to add reserves, not make more and more loans. They cannot make money totally out of thin air. They have to have a pay-back system somewhere. As well as some savings. Once they were forced to start telling the truth, the whole thing has been impossible. Look at those charts! The losses are staggering. All the AAAs, AA and A ABX CDOs are all moving towards the same place: zero. The BBB papers are now at slightly higher than 10¢ to the dollar. But the others are barely better. All but the AAA papers are now below 30¢ to the dollar. They stabilized briefly from the Bernanke money injection day in mid-November and desperately clung to life until the second half of February. This is when all systems, the Stock Markets, the muni bond markets, the interbank lending markets, you name it, all have decisively turned downwards. The news that the Federal Government was going to hand out a bundle of goodies temporarily buoyed up the markets, the financiers, the bankers, but now that has faded. Even the Japanese are now accepting the idea that the $150 billion Xmas gift from Santa won't save the global economy.
So the ABX funds fell. I give them another month, maybe two, but probably less, to hit zero once and forever. This is how Mother Nature takes care of excess: it is burned. It vanishes into smoke. These ABX charts are not about all the money out there that will vanish in the next two years, it is more like a heart monitor. The patient is dying. When all these funds hit zero, they will be flatlined. -- Elaine Supkis Meinel, Culture of Life News.
Para piorar ainda mais as coisas, temos a Rússia a reduzir em 25% o fornecimento de gás à Ucrânia, as tropas de Chávez, na fronteira com a Colômbia, ameaçando atacar se os americanos repetirem a provocação que levou ao assassínio de um comandante das FARC, o USS Cole ao largo do Líbano, o garnisé da França movendo a sua marinha para o Mediterrâneo Oriental, e os nazi-sionistas de Israel transformando a faixa de Gaza numa réplica macabra do ghetto de Varsóvia! A pandilha de criminosos que comanda o mundo neste momento quer evitar a paz a todo o custo e quer desencadear a III Guerra Mundial, custe o que custar! A canalha da Casa Branca, se puder, irá boicotar as próximas eleições americanas. Já tem o quadro legislativo preparado para tal, incluindo a própria suspensão das principais liberdades constitucionais! Basta-lhe uma boa provocação.
Escritório virtual em Amesterdão anima eco-activismo em Portugal
A campanha que a Greenpeace Portugal está a realizar no terreno, tem um enfoque na comercialização de produtos da pesca. Segundo a FAO, cerca de 77% dos stocks de peixe estão explorados ou sobre explorados. Este projecto enquadra-se na campanha internacional que visa estabelecer uma rede global de reservas marinhas e de recuperar os oceanos para um cenário de abundância e saúde. "Os portugueses sempre estiveram ligados ao mar. Nós fomos os exploradores dos oceanos para chegar a terras e continentes. Com esta campanha, a Greenpeace convida os portugueses para que ajudem a encontrar soluções para as ameaças e para a destruição dos nossos oceanos", explica Evandro Oliveira, porta-voz da Greenpeace em Portugal. A Greenpeace é uma organização que faz acções directas não violentas para denunciar ameaças ao meio ambiente e que propõe soluções. "O consumidor português é o que consome mais quantidade de peixe per capita na Europa. Por isso Portugal é um parceiro importante nesta questão e há necessidade de que os produtos ilegais e insustentáveis desapareçam do mercado. O peixe é parte da cultura portuguesa e a Greenpeace quer que ele continua a existir para os nossos filhos e para os pescadores locais que dependem deste recurso para sobreviver", refere Paloma Colmenarejo, Responsável pela Campanha de peixe sustentável da Greenpeace Portugal. -- Greenpeace.
À decisão da Greenpeace internacional não é certamente alheia a abertura em Lisboa da Agência Europeia de Segurança Marítima, cuja inauguração oficial teve lugar em Setembro de 2006. Com a importância crescente do Atlântico na actual movimentação tectónica da política global, de que as questões energéticas, climáticas, ambientais e de recursos em acelerada fase de exaustão fazem obviamente parte, a Zona Económica Exclusiva portuguesa (e a sua possível extensão às plataformas continentais) torna-se na mais importante projecção estratégica do país, cujo desenho e gestão deverão ser melhor orientados e defendidos do que até hoje, e em articulação inteligente com a burocracia de Bruxelas. Os piratas benignos da "Paz Verde" prometem espevitar a agência europeia e os políticos locais. Para já, bem-vindos!
Aeroporto Sá Carneiro, inevitável placa aeroportuária do Noroeste peninsular. Quem quer agarrá-lo?
Vá lá Belmiro: a cavalo dado não se olha o dente!
Belmiro de Azevedo: "Gerir aeroporto Sá Carneiro pode ser «um perdócio» Belmiro de Azevedo considerou, na noite de quinta-feira, no Porto, que um possível investimento no aeroporto Sá Carneiro «tem 99 por cento de ser um perdócio», ou seja, um negócio para perder dinheiro" -- in Sol.
Música para os ouvidos da blogosfera! Vejo por alguns comentários entretanto lidos sobre esta notícia que o País anda mesmo zangado com o Capitalismo e com os imbecis profissionais que nos governam. Não conheço o Sr. Belmiro de Azevedo, e presumo que não seja flor que se cheire lá pelas bandas da Maia. Mas é preciso olhar para as notícias com mais objectividade. E a objectividade, neste caso, diz o seguinte:
-- a privatização da ANA, como da exploração da ferrovia, ou dos portos, entre outras, será inevitável, sobretudo por causa do imparável défice público. Uma privatização, sobretudo no actual contexto europeu, não é necessariamente uma desgraça. Por exemplo, quando contribui para fortalecer as sinergias de um determinado sector económico, financeiro ou militar europeu, que adquire competitividade e credibilidade ao aumentar de escala, todos podem efectivamente ganhar. Até os trabalhadores, quando deixam de ter comissários políticos a mandar neles (como se fossem bonecos), e passam a ter patrões menos broncos e sindicatos mais poderosos e sofisticados, podem beneficiar com a mudança de vida! E assim sendo, o pior de tudo seria transformar aquilo que hoje é um monopólio de Estado -- a ANA -- num monopólio privado. Aliás, tal é cada vez mais impraticável à luz da lógica comunitária. À ANA não lhe resta pois outra alternativa que não passe por ser partida em duas ou três unidades de negócio. Eu defendo três: Norte-Centro; Lisboa-Sul; e Ilhas.
Se o Belmiro não for atrás do rebuçado que Sócrates lhe ofereceu (para ver se o Engenheiro deixa de chatear...), a ANA Norte-Centro irá parar inevitavelmente às mãos de algum Galego, Irlandês ou mesmo dum Inglês. Pois é! E se calhar até ficaríamos melhor servidos!! Pois não estou mesmo a ver a SONAE a acertar em mais um universo que desconhece completamente. Em tudo o que o Belmiro se meteu, fora da área dos aglomerados e das mercearias, tem sido uma ruína!!! E com o filho, pior ainda!!!!
Tal como no já célebre caso do Casino, o importante é não deixar que a mixórdia política arraste o assunto até se tornar irremediável, e haja alguém que intervenha a tempo, para explicar aos governantes de ocasião que o interesse do País sobreleva todos os demais. E sobretudo sobreleva a fome larvar dos apparatchiks do costume. A intervenção providencial de Nuno Morais Sarmento no Jornal das Nove (SIC Notícias) de hoje foi cristalina, ao contrário da jactância displicente do João Soares, e dos balbucios do enconado Telmo Correia. Fiquei completamente esclarecido e tranquilo quanto ao dossiê Casino de Lisboa (1).
O regresso do Cherne A cortante prestação de Morais Sarmento é um sinal de que Durão Barroso não quer mesmo fechar a porta a um possível regresso triunfal ao Palácio de São Bento. Com a crise que lavrará até 2009, Sócrates será, a meses das eleições, uma caricatura daquilo já hoje é (uma caricatura de primeiro-ministro), Santana será o Ménem de sempre, esbracejando no seu imaginário Reality Show; e o zombie Menezes terá sido atropelado fatalmente pela sua própria gramática!
EhEhEh ;-)
NOTAS
A venda do talhão onde hoje está o Casino de Lisboa não traduz mais do que uma continuidade lógica relativamente ao negócio "natural" da Parque Expo: vender a bom preço os terrenos outrora ocupados pela Expo 98 e desenvolver uma nova zona urbana a cavalo entre Lisboa e Loures. Juridicamente, a nova unidade pertence ao mesmo Casino do Estoril a quem foi concedida a exclusividade da exploração dos casinos num raio de 300Km a contar do Estoril. Se amanhã o Sr. Stanley Ho perder a concessão que actualmente é sua, terá que deixar o edifício do Estoril ao concessionário que se seguir, e terá que transformar o Casino de Lisboa noutra coisa qualquer. Por exemplo, um proxi de realidade aumentada da cidade-casino de Macau, um galgómetro, um grande SPA asiático, é só puxar pela imaginação! O Sr. Santely Ho até poderia criar uma autêntica cidade do jogo, por exemplo, nos arredores de Beja, com aeroporto à porta e a uma distância muito conveniente de Lisboa, Sevilha e Madrid! A tempestade em volta da inépcia dos políticos não passa de mais um gargarejo mediático. Não nos devemos preocupar mais com este assunto. No fundo, "eles assinam qualquer merda!!"
19-02-2008. O Tribunal de Contas recusou o visto ao contrato celebrado entre a Câmara Municipal de Lisboa (CML) e a Caixa Geral de Depósitos para o empréstimo de 360 milhões de euros. -- RTP.
28-02-2008. Ontem, o executivo decidiu por unanimidade libertar 20,4 milhões de euros para pagar as dívidas a 1287 fornecedores. Destak/Lusa.
A recente aprovação partidária unânime do recurso ao orçamento de 2008 para fazer face às dívidas da Câmara Municipal de Lisboa, depois do acórdão do Tribunal de Contas ter chumbado o pedido de empréstimo bancário à Caixa Geral de Depósitos (teria um banco privado sequer considerado a hipótese de fazer semelhante contrato?), desenhado pelos consultores do socialista que hoje dirige os destinos da capital, António Costa, deve preocupar qualquer lisboeta, e mesmo qualquer português, dadas as ondas de choque que decisões desta envergadura, tomadas na maior cidade do país, sempre acabam por gerar.
Há obviamente um aperto muito grave nas contas da autarquia. Alguns dos fornecedores estarão à beira da falência por causa de atrasos de pagamento com mais de seis meses, e mesmo mais de um ano!
Pergunto: e teve tal aperto repercussões efectivas, visíveis e duradouras nas causas imediatas e antigas que levaram ao descalabro que agora se conhece? Isto é, no que se reporta à corrupção que envolve dirigentes políticos e técnicos camarários, sobretudo no sector da especulação imobiliária e obras públicas, foi feito ou está a ser feito o que é necessário fazer sem demora? Foi dado até agora algum sinal aos lisboetas de que o governo decidiu fazer uma dieta rigorosa de actividades não-essenciais? Se foi, então como explicar o relançamento duma iniciativa esgotada e dispensável como, por exemplo, o festival de design parvenu, a que chamam "Experimenta"? Outro problema, ainda mais bicudo, é o da macrocefalia burocrática da autarquia, isto é, gente a mais na folha de pagamentos e inúmeros serviços inúteis (1), em duplicado, ou simplesmente ineficazes, que 30 anos de democracia clientelar incharam a tal ponto que o abcesso actual não tem outra solução que não seja o seu lancetamento cirúrgico.
Sem atacar imediatamente estes dois cancros que corroem o edifício autárquico da capital, a actual unanimidade partidária aflita que autorizou António Costa a mexer nas verbas do orçamento de 2008 para fazer face a despesas de exercício passados não passará de um paliativo. Assim tomada, despida de outras decisões drásticas, esta opção desesperada faz-me lembrar o desgraçado pai de família heroinómano que estoura o ordenado no pó para as veias, deixando de acudir às despesas familiares. A cura da subsídio-dependência burocrática, do clientelismo, do nepotismo e do endividamento irresponsável, não é mais dívida. A América está neste preciso momento a pagar duramente a ilusão de que alguém, ou país, mesmo sendo o mais rico do mundo, possa viver eternamente acima das suas possibilidades e endividar-se até ao infinito. Não pode!
Lisboa tem problemas estruturais graves que deveria começar a resolver rapidamente, fazendo da actual crise o necessário estímulo para criar um novo desenvolvimento citadino e metropolitano. São eles:
ausência de uma visão partilhada de médio-longo prazo
a falta de adequado ordenamento jurídico e material do território
a ausência de uma estratégia metropolitana
o excesso de burocracia
a ineficiência, irresponsabilidade e arrogância dos serviços
a corrupção instalada
O quadro que se segue, e que compilei como pude para ver se percebia o que está a apodrecer a cidade de Lisboa, mostra claramente que o desperdício de recursos é escandaloso, e que uma cidade sofrendo duma tal hipertrofia burocrática jamais irá a parte alguma. Os paliativos tão alegremente saudados pela nomenclatura partidária, do Bloco de Esquerda ao CDS, passando pelo Bloco Central e pelo PCP, não resolverão coisa alguma, a não ser envenenar mais ainda o doente.
A culpa, neste caso, tem sido apenas dos políticos. E a questão que subsiste é a seguinte: serão eles capazes de sair da armadilha que montaram a si mesmos?
Duas capitais
Lisboa
Madrid
Superfície
83,84 kmq
607 kmq
Residentes
556 797 (INE 2001)
3 128 600 (INE 2006)
Densidade populacional
6 518 hab./kmq
5 154 hab./kmq
Nº Freguesias/ Distritos
53
21
Pessoal municipal (2006)
12 000
26 416
Pessoal municipal por 1000 Hab.
22
8
Pessoal municipal por Kmq
188
44
Despesas com Pessoal (Orç. 2008)
238 006 101 € (2)
1 438 000 000 €
Despesa com Pessoal por Hab.
427,45 € (3)
459,63 €
Despesas correntes (Orç. 2008)
107 247 666 € (4)
2 151 000 000 €
Dívida municipal (2007)
1 500 000 000 €
5 936 000 000 €
Dívida municipal per capita (2007)
2 694 €
1 930 €
PIB per capita (2007/2006)
19 400 €
27 279 €
NOTAS
A Agenda de Lisboa, entre centenas de outros, é um exemplo típico de coisa imprestável, que nem sequer compete ao município providenciar. À capital bastava que tivesse um sítio web decente, usável e amigo do cidadão e de quem nos visita.
Não especifica se a despesa recai apenas sobre pessoal efectivamente contratado, ou se inclui também despesas com trabalhadores em regime de contrato a prazo, prestação de serviços, etc.
Na realidade este valor, se reportado à diferença salarial média entre os dois países no ano de 2005 (24,8%), representa um gasto em pessoal por habitante de 533,458 euros. O que significa dizer que Lisboa gasta em média anual mais 73,8 euros em despesas de pessoal por cada um dos seus habitantes. Madrid é considerada uma cidade muito cara, embora também seja vista como uma das cidades europeias que melhores serviços presta aos seus cidadãos. Como classificar a esta luz o custo-benefício de ambas as cidades? E sobretudo o preço dos respectivos governos e burocracias municipais?
Inclui aquisição de serviços sem especificar que parte destas aquisições corresponde a emprego precário (contratados a recibo verde, etc.)
REFERÊNCIAS Lisboa com ordenados 10% mais altos que Porto 28.04.2006. A diferença entre os salários praticados entre as duas maiores cidades portuguesas e as três maiores espanholas mantém-se bastante elevada, tendo-se agravado durante o ano passado. Os trabalhadores de Lisboa e Porto ficam claramente a perder face aos de Madrid, Barcelona e Valência. De acordo com a Hay, a diferença salarial entre os dois países ibéricos situou-se em 2005 nos 24,8%, um agravamento face aos 22,3% registados em 2004. DN online Madrid: Las cuentas municipales para 2008 La ciudad más endeudada gasta aún más Los presupuestos de 2008 de Gallardón crecen un 9,2%. La capital debe 5.936 millones de euros. El PaísOAM 324 01-03-2008 03:05
"You Can Barak Me Tonight..." in Barely Political YouTube Channel Aqui começa o meu apoio oficial à caminhada triunfal de Barak Obama para a presidência dos Estados Unidos!
BarelyPolitical.com lançou em Junho de 2007 o vídeo "I Got a Crush on Obama"... que entretanto foi nomeado video do ano 2007 pelo YouTube, AOL, Newsweek, People Magazine e Nerve.com, entre outros. Ver entrada da Wikipedia sobre esta criação.
A população mundial cresce ao bonito ritmo de 1% ao ano. Isto quer dizer, que hoje somos cerca de 6,7 mil milhões de criaturas, e em 2050, se não ocorrer nenhuma catástrofe de proporções bíblicas, seremos 9 191 287 000 de almas penadas. Outro dado curioso é o do nosso consumo energético, o qual tem vindo a crescer 2% ao ano. Consumimos hoje o equivalente a um motor com uma potência de 15 TWatt (1), mas se nada mudasse na actual inércia dos negócios, o motor energético de 2050 teria que ter uma potência de 30-35 TWatt. A boa notícia, dada há dias pelo Nobel da Física, Carlo Rubbia (2), é que bastaria um quadrado de areia no deserto do Saara, com 200x200 Km, para satisfazer tão descomunal necessidade energética. A má notícia é que poucos acreditam na possibilidade de reconverter a actual dependência das energias fosseis e não renováveis (petróleo, carvão, gás natural e nuclear), que era em 2005 da ordem dos 86%, para valores capazes de travar os efeitos nefastos das emissões antropogénicas de CO2 para a atmosfera.
Segundo Rubbia, a predominância dos fósseis na produção de energia deverá prosseguir, traduzindo-se num agravamento nas emissões com efeito de estufa, na estabilização da energia nuclear e num pequeno incremento das energias renováveis. Em 2004 era esta a distribuição das diversas origens da energia produzida pelos humanos:
Energias não renováveis: 86,8%
Petróleo: 34,3%
Gás natural: 20,9%
Carvão: 25,1%
Nuclear: 6,5%
Energias Renováveis: 13,1%
Combustíveis e resíduos renováveis (biomassa, cana de açúcar, etc.): 10.6%
Hidroeléctricas: 2,2%
Outras
Geotérmica: 0,414%
Eólica: 0,064%
Solar: 0,039%
Ondas: 0,0004%
Estes números dão uma ideia do caminho a percorrer, da dimensão dos obstáculos e sobretudo da inércia que será necessário vencer para corrigir a situação actual. Quando os governos europeus falam das suas ambiciosas metas ecológicas -- chegar aos 20% de energias obtidas de fontes primárias renováveis (vento, água, sol e biomassa), até 2020 -- é bom percebermos todos que se trata de uma transferência de apenas 6,9% em 12 anos, quando a taxa de crescimento anual do consumo à escala planetária é de 2%. Algo me diz que estamos em presença de uma vontade política desgraçadamente ridícula face ao desafio que a humanidade tem pela frente.
Pico carbónico, sim ou não?
Embora o petróleo líquido e o gás natural devam atingir o pico produtivo mundial no intervalo compreendido entre 2008 e 2018 (3), as reservas de carvão (5000 a 20.000 GTon), de óleos extra-pesados (tar sands) e de xistos oleosos (oil shale) seriam, segundo Carlo Rubbia, mais do que suficientes para alimentar o consumo energético mundial, à actual taxa de crescimento, por várias centenas de anos!
Na verdade, não é bem assim (4). Para que tal fosse viável, seria necessário que o ENROI (Energy Net Return on Energy Invested) da produção das variantes pesadas da energia fóssil (oriundas do petróleo de profundidade ou situado em zonas geladas, das areias betuminosas e dos xistos oleosos) não tornasse os necessários investimentos gigantescos que estão em causa em tais operações, muito arriscados e de rentabilidade duvidosa (como as contas até agora feitas demonstram ser). Por outro lado, mesmo conseguindo optimizar o ENROI, existem as maiores dúvidas sobre quem poderia pagar o preço final dos combustíveis e produtos derivados de hidrocarbonetos tão caros.
Os efeitos das emissões de CO2 duram quanto tempo?
Carlo Rubbia, dando de barato que há suficiente energia fóssil, e suficiente ciência e tecnologia para aproveitá-la (um mito comum e bem moderno), chama no entanto a atenção para um facto ainda mal percebido pelos poderes de decisão e longe da consciência social dominante. O facto é este: a produção antropogénica de CO2 terá efeitos sobre o clima da Terra durante centenas de milhar de anos!
A sobrevivência do plutónio é da ordem dos 25 mil anos. Mas a sobrevivência média do CO2 é de 30-35 mil anos. 1 a 33% das partículas emitidas agora perderão a sua actividade daqui a mil anos; 10 a 15% só daqui a 10 mil anos; e 7% das mesmas levarão 100 mil anos a "morrer"!
O degelo da calota polar e da Gronelândia, muito mais rápido do que o previsto, deriva em boa parte dos efeitos nefastos dos milhões de toneladas de CO2 lançados diariamente na atmosfera pela acção humana. O risco de o nível do mar subir entre 7 e 15 metros nalgumas zonas costeiras é cada vez mais plausível. A concretizar-se, por exemplo, na região chinesa do delta do rio Yangtze -- Xangai, Hangzhou, Nanjing --, onde vivem mais de 90 milhões pessoas, haverá uma catástrofe de proporções inimagináveis.
A redução até 2050 de metade das actuais emissões de CO2, proposta pela União Europeia, numa conjuntura habituada ao crescimento contínuo da produção e do consumo energético, vai ser um desafio tremendo, para o qual as actuais democracias populistas, muito corrompidas pela promiscuidade que mantêm com os sectores económicos-financeiros, invariavelmente atrelados a metas de rentabilidade e lucro fácil a curto prazo, não se encontram preparadas.
Passar de 6,5 GTon de emissões de CO2 provenientes do uso de energias fósseis (80% de toda a energia produzida/consumida pelos humanos), para 3,2 GtonC, quando os cenários da economia convencional continuam a apontar para um patamar de emissões, em 2050, de 15 GtonC, revela bem a dimensão trágica da verdadeira revolução energética que terá que ser realizada se quisermos sobreviver. (4)
Blue Men Group Tackles Global Warming
O Sol é tudo. Mas teremos tempo para inverter o actual curso suicida?
Segundo Carlo Rubbia, 15 TWatt de energia primária fornecida pelo Sol (equivalente ao actual consumo energético mundial) é a energia recebida por apenas 0,13% dos desertos solares do planeta, qualquer coisa como um quadrado com 200x200 Km2 no Saara! Onde está então a dificuldade energética, pergunta o físico nuclear do CERN e prémio Nobel?!
O problema científico e tecnológico resume-se, na sua opinião, a privilegiar a energia solar termoeléctrica, baseada em sistemas altamente eficientes de concentração da energia solar (Concentrating Solar Power - CSP), acoplados a receptores térmicos (sal, óleo, etc.) que acumulam calor a altas temperaturas, na ordem dos 450-650 ºC. Este calor serve, ou para acionar motores térmicos (do tipo Stirling e Brayton), ou para ferver água a alta pressão em geradores de vapor, que farão rodar as turbinas electromagnéticas.
Entre as tecnologias CSP actualmente em operação (a tecnologia solar mais barata), contam-se as Torres de Energia Solar, os Discos Solares e os Reflectores cilíndricos parabólicos. Outra tecnologia solar disponível (sobretudo para pequenas instalações, ou localizadas longe das redes de distribuição eléctrica) é a dos painéis foto-voltaicos, que convertem directamente a energia solar em energia eléctrica, embora com custos superiores e menor rendimento do que a tecnologia CSP. Para uma síntese sobre este tema, ler o artigo da Wikipedia.
O governo português está disposto a financiar a Rede Eléctrica Nacional para que esta compre electricidade produzida por particulares em regime de microgeração, a 65 cêntimos por kilowatt hora (kWh), um valor seis vezes superior aos 10,8 cêntimos que actualmente pagamos em casa. Este preço, para além dos incentivos fiscais e financeiros na aquisição dos equipamentos e instalação dos micro-geradores eólicos, foto-voltaicos e solares térmicos, destinam-se a distribuir o esforço de investimento na reconversão do paradigma energético. Mas pode igualmente comportar uma intenção indesejável: a de assegurar o controlo monopolista da distribuição da energia, impedindo, pela via legislativa, que a produção de energia solar barata possa vir a converter-se numa fonte de rendimento melhor distribuída, por exemplo, pelas comunidades locais e municípios. Vale pois a pena estudar em pormenor o problema das redes de distribuição, reivindicando, não apenas o direito à micro-geração, mas também o direito à criação de redes privadas, comunitárias, e municipais de distribuição eléctrica, sob supervisão das entidades responsáveis pela eficiência e segurança dos sistemas e redes elétricas.
Prevê-se que a produção de energia solar termoeléctrica (CSP) baixe progressivamente de preço ao longo das próximas duas décadas, devendo custar cerca de 2 cêntimos por kWh em 2020. Isto é, 1/5 da actual factura energética doméstica! Se pensarmos que por essa altura já parte significativa dos meios de transporte individual usará mais energia eléctrica do que combustíveis fósseis, adivinha-se as proporções gigantescas da revolução energética em curso. Para além do direito à micro-geração individual, familiar e comunitária de energias sustentáveis, o grande desafio colocar-se-à brevemente no terreno da eliminação dos actuais monopólios e oligopólios de distribuição, e em geral na des-concentração democrática das redes eléctricas.
A Espanha tem já uma Plataforma Solar comercial a funcionar em Sanlúcar la Mayor, Sevilha (ver vídeo noticioso), cinco centrais a iniciar até 2010 e mais 13 em fase de planeamento, num total de 19 centrais solares baseadas predominantemente na tecnologia termoeléctrica (CSP), com uma capacidade a instalar de 1,5 GW.
Barragens para quê?
A pergunta que fazemos é simples: qual o impacto real das 10 barragens hidroeléctricas cuja construção o governo intempestivo de José Sócrates, e do seu caricato ministro da Economia, apresentou como decisão inabalável? Não poderíamos ter melhores resultados seguindo o caminho avisado da Espanha? Ao contrário dos parques solares, as barragens produzem gases com efeito de estufa, atacam a biodiversidade, fragilizam os estuários dos rios, arrasam paisagens únicas, expropriam os pequenos a favor de oligopólios, destroem actividades económicas pré-existentes, deslocam comunidades humanas, comprometem actividades económicas de longa duração (como o turismo bem planeado). Por outro lado, o emprego que geram é meramente pontual e dura apenas o tempo das obras de construção. A única vantagem que parece subsistir é a da retenção de água doce e a sua potencial contribuição para a mitigação dos períodos de seca. Mas a que preço? E para que fins, realmente? Aliás, no caso das previstas pequenas barragens anunciadas repetidamente por José Sócrates, tratando-se de afluentes de rios maiores, eles próprios já regularizados por barragens, até este argumento residual redunda em manifesta falácia! Sobra, talvez, uma única justificação para a teimosia política: a velha confraria do betão que formatou ao longo destes últimos 30 anos o exercício da política à portuguesa!
Não é de barragens que precisamos para dar negócio aos empreiteiros e trabalho ao país. Mas sim de outro tipo de obras com efeitos multiplicadores muito mais amplos e duradouros. Como por exemplo, a reformulação audaciosa da rede ferroviária nacional e a sua interligação à rede espanhola, nomeadamente nos segmentos da Alta Velocidade e Velocidade Elevada. Como por exemplo, o lançamento de uma Nova Reforma Agrária nacional visando transformar Portugal num importante produtor especializados de bens agrícolas com elevado Valor Ecológico Acrescentado. Como por exemplo, a reconversão da maioria das nossas cidades em eco-cidades. Como por exemplo, a defesa e promoção da biodiversidade do território. Como por exemplo, a promoção de uma nova economia do mar.
Post-scriptum -- (26-02-2008) Recebi entretanto duas referências que merecem ser aprofundadas, para complemento do quadro traçado neste artigo:
por um lado, a importância que ultimamente tem vindo a ser dada ao petróleo do Árctico, cujo acesso seria uma consequência do derretimento de extensas áreas daquela zona polar!
La recherche européenne démontre que l'hydrogène pourrait permettre de réduire la consommation de pétrole dans les transports routiers de 40% d'ici à 2050.
Bruxelles, 25 février 2008. Un projet scientifique financé par le programme de recherche de l'UE a conclu que l'introduction de l'hydrogène dans le système énergétique réduirait la consommation totale de pétrole des transports routiers de 40% d'ici 2050. En prenant la tête du marché mondial des technologies de l'hydrogène, l'Europe peut ouvrir de nouveaux débouchés et renforcer sa compétitivité. Mais l'analyse indique également que la transition ne se fera pas automatiquement. Des obstacles importants doivent d'abord être surmontés, tant du point de vue économique et technologique qu'institutionnel, et il faut agir dès que possible. Le projet HyWays associe des entreprises, des instituts de recherche et des agences gouvernementales de dix pays européens. À l'issue d'une série de plus de 50 ateliers, le projet a abouti à une feuille de route pour l'analyse des incidences potentielles, sur l'économie, la société et l'environnement de l'UE, du recours à grande échelle à l'hydrogène, sur le court et le long terme, assortie d'un plan d'action indiquant les modalités à suivre pour concrétiser ce programme. Le rapport est publié au moment où les États membres doivent approuver un nouveau partenariat de recherche entre secteurs public et privé, d'un montant de 940 millions d'euros, pour le développement de la filière hydrogène et des piles à combustible. -- in Press Releases Rapid.
NOTAS
Um Tera Watt é o mesmo que um bilião de Watt, ou um milhão de milhões de Watt (também representado assim: 10E12Watt ou 10^12 Watt).
Carlo Rubbia, "The great Energy transformation - QM 2008 Inaugural Session", 2008 (PDF).
Giant Oil Fields - The Highway to Oil: Giant Oil Fields and their Importance for Future Oil Production. Fredrik Robelius. 30-03-2007. (PDF)
A abundância dos óleos extra-pesados não significa automaticamente a sua acessibilidade económica. O preço da sua produção, estima-se, será sempre superior em 40% ao custo da produção petrolífera actual! Leiam-se estes dois recentes artigos sobre o assunto:
"Paul Krugman, the New York Times' economic pundit, blogger, and candidate in waiting to be US Treasury Secretary in the next Democratic administration, has blogged on peak oil. This suggests that it must finally be safe to talk about it seriously in public and amongst adults. He usefully points out the fact, illuminated some years ago by Hall, Cleveland and Kaufman in Energy and Resource Quality (1986), that the production costs of alternative fuels, such as shale oil in his example, rise along with the price of oil. Thus the idea, much loved in the popular press and amongst quite a few people in the financial markets who ought to know better, that higher oil prices make investment in alternative energy sources feasible once oil reaches such and such a price, is a fallacy."
"Peak oil, that is -- a dismal theory that keeps getting more plausible.
... A curious fact: a couple of years ago the firmly held belief of many right-wing economic commentators (why is this ideological? I'm not sure, but it was) was that the spectacular rise in home prices wasn't a bubble, but that the rise in oil prices was."
Gaiolas de CO2: New materials can selectively capture CO2, scientists say. CBCNews.
18-02-2008. Mulher chorando diante duma fronteira entre o Kosovo e a Sérvia, destruída por Sérvios inconformados pela declaração unilateral de independência do Kosovo. REUTERS/Damir Sagolj (KOSOVO)
Kosovo/Macedónia, Camp Bondsteel, base militar americana.
Europa: unir ou balcanizar? E se o País Basco declarar independência em Outubro?
19-02-2008. It was a very disgusting turn in our nation's history when we decided to act like Israelis. We now torture prisoners, invade countries on spurious excuses, we create refugees and act like moral monsters, demanding everyone cease ethnic cleansing except for us. We also send assassin drones all over the planet to kill our opponents. The US and our gang of former imperial powers recognize Kosovo but not Palestine. And on it goes! I am totally against splitting up nations along ethnic lines and this will come home to roost here in America eventually.
... I would suggest the French Jewish President have the children learn about both a Jewish child under the Nazis and a Palestinian child who is still alive and trying to survive under Jewish rule! Then they can see the obvious connection and this will force the Jews to stop acting like Nazis. But of course, he wants us to focus on Nazis and not Jewish imitators of Nazis. To him, it is OK to be an assassin, a thief or a liar so long as it gives his own ethnic group an advantage.
... The cure for Naziism isn't Jewish Naziism in the form of Zionism. It is to stop this sort of thing. Stop ethnic cleansing. Stop religious wars. Spreading democracy, unity and freedom of speech, that is the cure for Naziism! The victims ultimately of the Nazis are the Palestinian people. They had absolutely nothing to do with the crimes of WWII. Yet they pay the price. In spades. -- Elaine Meinel Supkis, Culture of Life News.
12-02-2008. The US and the EU support a Political Process linked to Organized Crime. Kosovo Prime Minister Hashim Thaci is part of a criminal syndicate. -- Michel Chossudovsky, Global Research.
Os Estados Unidos e os quatro grandes da União Europeia (Alemanha, Inglaterra, França e Itália), mais a Áustria e a Turquia anunciaram já a sua intenção de reconhecer a proclamação dos albaneses, na sua maioria muçulmanos, do Kosovo, mesmo sabendo que uma tal decisão conta com a oposição clara da Rússia, da China, da Espanha, da Grécia, de Chipre e da Eslováquia, entre outros países que ainda não anunciaram a sua posição. Vejamos a coisa assim: os Estados Unidos estão especialmente interessados na pulverização da Europa, tal como estão interessados na balcanização de todo o Médio Oriente, da África, da América Latina, do Canadá, e se possível também da Ásia, por forma a prosseguir um velho lema da dominação imperial: dividir para reinar!
Por sua vez, as velhas potências europeias pretendem uma União à medida dos seus sonhos carolíngios, os quais acabam invariavelmente em duradouros pesadelos. Supondo alegremente que não têm problemas territoriais internos, os Estados Unidos, a Alemanha, o Reino Unido, a França e a Itália, resolveram promover a pulverização nacionalista da Europa, pondo de pé aquilo a que chamam a Europa das regiões e a Europa das nacionalidades históricas. A independência do Kosovo, e amanhã a divisão de Chipre e da Bélgica, a secessão da Abkhazia e da Ossétia do Sul na ex-república soviética da Geórgia, ou o regresso da Espanha ao período pré-Colombiano, fazem parte de uma mesma Grande Estratégia, cujo alcance teremos que avaliar com precisão e capacidade de opor estratégias alternativas, se for o caso.
Eu sou um europeísta convicto. Sou até um euro-atlantista convicto. Defendo uma Europa pacífica de Lisboa até Vladivostok e Istambul, com uma excelente vizinhança económica e cultural com o Médio Oriente e o Norte de África, fortemente ligada ao continente americano e em geral aberta ao mundo e sem pretensões hegemónicas. Nesta perspectiva, vejo com maus olhos quaisquer tentativas de condicionar o sonho europeu em nome de agendas próprias de piratas e assassinos! E aqui a América, bem como a rainha de Inglaterra e respectivos poodles governamentais, terão que aprender rapidamente a refrear os seus cada vez mais intoleráveis comportamentos internos e internacionais. Esperemos que a eleição de Barak Obama para a presidência dos Estados Unidos seja a pedra branca que faltava neste jogo viciado das chamadas "revoluções democráticas", mais ou menos tingidas de populismo melodramático e pindérico.
Consider this hypothetical. It's November 2008. A young Pakistani Muslim is watching television and sees that this man--Barack Hussein Obama--is the new face of America. In one simple image, America's soft power has been ratcheted up not a notch, but a logarithm. A brown-skinned man whose father was an African, who grew up in Indonesia and Hawaii, who attended a majority-Muslim school as a boy, is now the alleged enemy. If you wanted the crudest but most effective weapon against the demonization of America that fuels Islamist ideology, Obama's face gets close. It proves them wrong about what America is in ways no words can. -- Andrew Sullivan, Goodbye to All That: Why Obama Matters.
Observando o mapa da antiga Jugoslávia percebe-se como a independência do Kosovo alinha na sequência de divisões que levará à completa pulverização política daquela região crítica da Europa. Esta pulverização interessa sobretudo aos desígnios imperiais americanos, que a pretexto do auxílio fornecido aos nacionalistas, sejam de onde forem, aproveitam sempre para cobrar em bases militares instaladas. No caso, a Casa Branca, o Pentágono e a CIA exigiram aos pobres albaneses do Kosovo a instalação, a cavalo entre o seu prometido território e a Macedónia, daquela que é a maior base militar americana construída do zero desde a Guerra do Vietnam. Chama-se Camp Bondsteel (ver imagem) e os 400 hectares que ocupa dizem muito menos da generosidade americana do que dos seus interesses energéticos, os quais visam neste caso particular controlar (adivinhem!) o petróleo do Mar Cáspio. Não é por acaso que hoje mesmo o crude ultrapassou os 100 US Dólares! E também não é por acaso que uma terceira guerra mundial poderá voltar a ter início nesta mesma região e por causa do mesmíssimo problema estratégico: o acesso ao petróleo e o controlo da sua produção e distribuição.
Façamos agora um exercício similar relativamente ao Atlântico, tendo em conta duas realidades estratégicas essenciais: o tráfego marítimo e aéreo entre os hemisférios Norte e Sul ao longo das costas ocidentais europeia e africana, o tráfego marítimo e aéreo entre as Américas e a Europa, e ainda o tráfego marítimo entre a Ásia e a Europa através do canal do Panamá. Pensemos nos fluxos de matérias primas essenciais, nos produtos manufacturados e, uma vez mais, no petróleo existente na Venezuela e na costa Brasileira, bem como no petróleo de Angola, da Nigéria e do estratégico Golfo da Guiné. Se o comportamento anglo-saxónico seguir o mesmo modelo que têm vindo a aplicar no cerco da antiga União Soviética, nas guerras ilegais desencadeadas contra o Afeganistão, o Iraque e a Palestina, e nas conspirações sinistras que têm vindo a montar em África, podemos esperar o pior da guerra assimétrica que inevitavelmente se seguirá pela posse e controlo hegemónicos do Atlântico. É pois neste contexto que deveremos analisar as sensíveis questões da independência unilateral do Kosovo, o separatismo basco e até as declarações do idiota da Madeira.
Não creio que seja um sacrilégio ponderar a hipótese de caminhar para uma União Ibérica de tipo confederativo, antes que seja tarde demais. O exercício é dificílimo mas pode ser tentado. O primeiro passo de um tal plano poderia passar por uma união entre os dois actuais estados ibéricos, com implicações especiais imediatas na definição de uma política de segurança e defesa comum no âmbito dos interesses estratégicos comuns da União Europeia. Depois, deveriam ser negociadas as independências simultâneas do País Basco e da Catalunha na base da aceitação prévia por parte dos prometidos novos estados da natureza e condição inalienável da Confederação Ibérica. Finalmente, uma Constituição comum deveria consolidar juridicamente a nova realidade regional europeia (não creio que a co-existência de uma monarquia com três estados republicanos fosse um problema maior.)
Teremos líderes políticos à altura de tamanho desafio?
Quanto à declaração unilateral de independência por parte do Kosovo (instigado pelos criminosos que actualmente usurpam o governo dos Estados Unidos), justifica-se a prudência do governo português e sobretudo a reserva explicitada pelo Presidente da República. Antes de qualquer pronunciamento definitivo, o assunto deverá ser levado ao parlamento europeu, ao parlamento português, e deverá mesmo proceder-se a uma debate nacional sobre tão delicada matéria. Em última análise, Portugal não deveria reconhecer o novo Estado se não depois da própria Sérvia, dando assim sinal da sua vontade de ver as diferenças políticas intra-europeias resolvidas pacificamente e sem interferências imperiais obsoletas. É a minha opinião.
Post scriptum (21-02-2008) -- O Primeiro ministro do auto-proclamado Kosovo independente, Hashim Thaci, foi o chefe do Exército de Libertação do Kosovo (KLA), financiado sobretudo pelo comércio de heroína, tendo vários dos seus elementos recebido treino militar da Al Qaida, chefiada por Osama bin Laden, em campos de terrorismo situados nomeadamente na Albânia.
O KLA teve o apoio da administração Clinton durante o bombardeamento de 41 dias lançado pelos Estados Unidos, a coberto da NATO, contra a República da Jugoslávia, com o objectivo de forçar o Presidente Jugoslavo Slobodan Milosevic a sentar-se à mesa das negociações (in The Washington Times). E em Abril de 2000, a Secretária de Estado norte-americana Madeleine Albright "ordenou ao juíz procurador chefe do Tribunal de Haia, Carla del Ponte, que omitisse o nome de Hashim Thaci da lista de suspeitos de crimes guerra" (in Tanjug, 6-05-2000). Carla del Ponte anunciou subsequentemente que não existiam evidências suficientes para incriminar Thaci.
É essencial ler a compilação de dados incontroversos coligidos por Michel Chossudovsky sobre a legitimação em curso da pandilha de chulos, contrabandistas e assassinos que acaba de apresentar-se como poder legítimo do Kosovo independente. Sob pressão dos também criminosos de guerra de Washington e Londres, a União Europeia está prestes a reconhecer sem um laivo de vergonha, escondida atrás de um biombo de desinformação promovida pelos média convencionais, um novo status quo inaceitável. Se de tanta ignomínia acabar por resultar a faísca duma terceira Guerra Mundial, não nos admiremos. É urgente tomar conhecimento e denunciar este tremendo embuste histórico!