segunda-feira, setembro 22, 2008

2008 Semana 39

Excitações da semana
22-28 setembro

Chineses fazem primeiro passeio espacial!
Depois da Olimpíadas o império do meio soma e segue. Objectivo antes de 2020: por um pé chinês na Lua. Boa viagem! (Notícia e video)

Boicote ao consumo de gasolina e gasóleo
27-09-2008 11:45 (RR Renascença). Hoje decorre o boicote nacional ao abastecimento de combustíveis em Portugal, em protesto contra a actual situação do mercado. A DECO, que promove esta acção, acredita numa adesão em força.
Comentário: a iniciativa foi esvaziada pelas descidas de preços entretanto efectuadas pelas petrolíferas, e ainda pelo impacto mediático da visita surpresa de Hugo Chávez, que promete vender petróleo a baixo custo a Portugal, em troca de produtos e serviços portugueses.

Seja como for, não devemos alimentar ilusões: a energia cara veio para ficar!

E Portugal, que é do ponto de vista energético um dos países mais ineficientes do planeta, e com uma das mais elevadas intensidades energéticas por unidade de PIB, tem que perceber que o caminho certo é o de corrigir, numa década, estas duas terríveis debilidades estruturais da nossa economia, do nosso sistema produtivo e dos nossos péssimos hábitos organizativos e culturais.

É aqui que a DECO, a QUERCUS e demais organizações da sociedade civil têm ainda muito que fazer. Em vez de agirem pontualmente, para justificarem os subsídios que recebem, têm que começar a trabalhar a valer. Sob pena de serem ultrapassadas por novas iniciativas, mais sérias, ousadas, inteligentes, sistemáticas e eficazes. O tempo da indolência acabou!

PSD acusou PS de opulência e em resposta foi acusado de falta de propostas


26-09-2008, 16:21 (RTP1). Marcos Perestrelo, secretário nacional do PS para a organização, veio responder directamente à líder do PSD, afirmando que, "o comício de “rentrée” política do PS em Guimarães, (sábado passado) custou milhões de vezes menos do que o prejuízo que Manuela Ferreira Leite causou ao país com o negócio do Citigroup".

Comentário: Eu sabia que este assunto viria à baila mais cedo ou mais tarde! Para agravar a fragilidade de MFL nesta polémica, acresce que o seu vice-presidente, António Borges, tal como Henry Paulson, são ex-alto dirigentes da Goldman Sachs -- um os dois maiores bancos de investimento americanos, responsável pela infecção letal do sistema financeiro mundial.

Ou seja, a menos que MFL despeça este croupier encartado, ou que este venha a público explicar o seu papel na trapalhada financeira que desabou sobre a economia mundial, ao mesmo tempo que esclarece o país sobre a titularização de dívidas a que procedeu enquanto era ministra das finanças de Durão Barroso, e já agora decide de uma vez por todas se vai ou não contar com o spin doctor do Abrupto (José Pacheco Pereira) para os jogos florais da comunicação social, não vejo como possa chegar inteira à abertura da época oficial de caça ao voto. O sótão de Manuela Ferreira Leite parece estar a ficar cheio de esqueletos e personagens sinistros (o homem da mala -- José Luis Arnaut -- é um deles). Dentro em breve, se a coisa, não for ao sítio, Cavaco marcará distinta e claramente as devidas distâncias. O Sócrates tem mesmo sorte, caramba!


Galiza-Portugal: a mini-guerra do leite
ou o liberalismo europeu às avessas com uma realidade em pedaços


23-09-2008. As reportagens televisivas de ontem, sobre os 25 mil litros de leite oriundo de explorações portuguesas, derramados na estrada por produtores galegos organizados e em protesto contra as políticas e jogos de mercado oriundos dos governos central e autonómico (e de Bruxelas!) continham uma perigosa dose de ambiguidade informativa, deixando transparecer a ideia de que podem estar a germinar sementes de uma mini-guerra económica entre Portugal e Espanha em volta do uso e prática das regras comunitárias aceites por ambos os países. A solidez dos tratados comunitários vai estar à prova nos meses e anos que se seguem, por efeito da transferência do centro de gravidade económico-financeiro da Europa-América para a Ásia. Por outro lado, a previsível tensão provocada nas fronteiras europeias, pela Rússia e pelo renascimento político e cultural do Islão, no quadro de uma previsível diminuição do esforço de defesa estratégica dos Estados Unidos na Europa, tenderá a fazer renascer o drama da definição geográfica do centro político europeu: Berlim ou Paris? Bruxelas?! Qual será o papel de Londres na ordem pós-americana? E como ficarão os demais estados europeus? E que destino será dado aos movimentos de autonomia nacional e regional em curso? A actual desregulação liberal dos mercados energético e alimentar pode muito bem ser o rastilho que, de um momento para o outro, colocará a Europa perante a necessidade imperiosa de rever o corpo conceptual e ideológico da sua presente e precária união.

Sobre os incidentes da Galiza, três referências que ajudam a formular uma ideia mais precisa do sucedido e possíveis consequências no futuro.

50 ganaderos derraman en Lugo 25.000 litros de leche portuguesa
Los tres sindicatos agrarios de Galicia denuncian el 'dumping' de las industrias

El País - ARCADIO SILVOSA - Lugo - 23/09/2008

"Es un mensaje de aviso para la industria y la distribución". Así definieron 50 ganaderos, apoyados por los tres principales sindicatos agrarios de Galicia (Sindicato Labrego, Unións Agrarias y Xóvenes Agricultores) la acción que protagonizaron ayer en Outeiro de Rei (Lugo). Interceptaron un camión cisterna cargado con leche de Portugal y arrojaron su carga por la cuneta de la carretera que une la autovía A-6 con Outeiro. El destino final del producto era la corporación Peñasanta.

... "Al camión no le vamos a hacer nada", explicaron los piquetes cuando el vehículo giraba desde la A-6 para dirigirse a la corporación Peñasanta. Uno de los sindicalistas exhibía la hoja de transporte que reflejaba el origen de la leche. "Son todas explotaciones portuguesas", proclamó. Algunos países, afirmó Javier Iglesias, de Unións Agrarias, "utilizan este mecanismo para regular sus mercados, lo que está ocasionando en España un caos en el sector, con caídas de precios en otoño, cosa que no ocurría desde hacía 30 años".

Con todo, Iglesias aclaró que Portugal "no es el enemigo" de la producción láctea de España. Lo que hace "más daño" son las entradas "masivas" de leche de Francia. Xóvenes Agricultores consideró "intolerable" que mientras llega leche de Portugal y Francia las industrias gallegas "digan que sobra leche".

Los sindicatos, que no descartan más acciones similares, reclaman a las administraciones que "controlen" las importaciones de leche. La Consellería de Medio Rural, mientras, aseguró que "incidentes" como el de ayer no son "el camino más adecuado" para solucionar los problemas del sector.

Agricultores da Galiza deitam fora 25 mil litros de leite português

22-09-2008 (MSN Notícias). Um grupo de agricultores da Galiza derramou esta segunda-feira mais de 25 mil litros de leite de Portugal que estava a ser transportado para uma fábrica na região, num protesto para exigir um "preço digno" para o leite galego.

O incidente ocorreu quando um camião cisterna da empresa de Barcelos "A Fornecedora", que se dirigia para a fábrica da Corporación Peñasanta - de que faz parte a leitaria Larsa - foi travado em Lugo. A acção surge depois de manifestações, nos últimos meses, contra a importação de leite de Portugal a preços mais baratos que os praticados na Galiza, segundo a TSF on-line.

Francisco Bello, secretário-geral do sindicato Asaja-Xóvenes Agricultores, que com a Unións Agrarias (UU.AA.) e o Sindicato Labrego Galego (SLG), apoiou o protesto, disse que a acção se inseriu nos protestos "contra as constantes ameaças" de redução de preços por parte das indústrias lácteas regionais.

Defendendo negociações entre as indústrias do sector e os produtores, Bello alegou que muitas empresas estão a praticar "fraude por estarem a receber subsídios para depois não comprarem leite galego".

Também a Unions Agrárias critica o que diz ser "os abusos das indústrias sobre o trabalho dos produtores de leite", afirmando que práticas como importar leite de Portugal "estão a asfixiar os criadores de gado galegos" e a "desequilibrar o mercado interno".

Já em Agosto, o responsável de uma outra empresa galega, a Leche Rio, tinha anunciado que deixaria de comprar leite a Portugal, onde adquiria 22 mil litros diariamente. Neste caso, Jesus Lence explicou que tinha regressado ao mercado da Galiza porque "há muita oferta e pouca procura".

Leche Río abandona recolha de leite em Portugal

2008.09.02 Espanha (ANIL). O proprietário e administrador único da Leche Río, Jesús Lence, assegurou que irá suprimir a rota de recolha que a empresa tinha em Portugal por estar "afogado" de leite. Trata-se de uma ‘rota’ aberta em Mogadouro no ano passado, pela empresa galega “quando todos os produtores galegos ficaram loucos e queriam receber o leite a 50 cêntimos o litro”.

De acordo com Jesus Lence, a Leche Rio “não podia manter” o nível de preços que estava a ser pago ao produtor [galego], pois “dessa forma ficaríamos arruinados” e decidiu abrir uma rota de recolha em Portugal, onde a empresa compra diariamente 22 mil litros de leite, que agora deixará de recolher, apesar de, como indicou, “ali se pagar menos ao produtor do que na Galiza”.

De qualquer forma, Jesus Lence quis esclarecer que não se trata de um problema de preço do leite, mas de volume de leite recolhido, “já que não estamos a conseguir comercializar todo o leite que recolhemos”. “Neste momento”, lembrou, “ temos para colocar no mercado todo o leite de Agosto, e teremos que comercializar o de Setembro há base de ofertas e promoções”.

Face a esta situação, o proprietário da Leche Rio indicou que foram estabelecidos contactos com os produtores da ‘rota’ portuguesa para que encontrem outra empresa para entregarem o seu leite, “tarefa que não está a ser fácil”. “Se até um de Setembro encontrarem um novo comprador deixaremos de imediato de recolher esse leite, se não daremos um prazo limite até ao próximo dia um de Outubro”, enfatizou Jesus Lence.

Questionado sobre um outro tema, Jesus Lence reconheceu que está a entrar no mercado espanhol leite embalado em França e em Portugal e não sendo um facto novo “já que tal acontece há muitos anos”, referiu que “se entre leite de Portugal ou de França é porque chega ao mercado espanhol a melhor preço do que o que pode ser oferecido pelas indústrias galegas”, referiu o empresário de Lugo, que disse mesmo aplaudir os consumidores que optam pela compra do leite mais barato que está à venda no mercado. -- FONTE: Yahoo Finanzas.

Os gandeiros mobilízanse ante Medio Rural por un prezo mínimo para o leite
Xornal Galicia | Domingo, 10 Agosto, 2008 - 09:01

Preto de 200 gandeiros/as, convocados polo SLG, concentráronse en Outeiro de Rei diante da factoría de Leche Pascual, empresa que preside a "Federación Nacional de Industrias Lácteas", para demandar un prezo mínimo para o leite de 0´42 euros. Os produtores/as tamén protestaron en Lugo, fronte á delegación provincial da Consellaría de Medio Rural e ás portas de Subdelegación do Goberno español. A orixe destas mobilizacións remóntase ao mes de setembro do ano pasado.

... Na Galiza, nos meses de marzo e abril leváronse a cabo mobilizacións sindicais conxuntas por mor da situación do agro en xeral, e dos sectores gandeiros en particular, con denuncia da especial precariedade existente no sector lácteo. A reivindicación: PREZOS XUSTOS PARA OS NOSOS PRODUTOS.

No mes de marzo a UE aumenta a cota alegando que Europa precisa producir máis leite, o leite que agora non nos queren recoller, forzando, polo tanto, unha posterior baixada no prezo.

... Ao respecto desta estratexia levada a cabo nestes días pelas industrias lácteas, subliñar que se trata dunha ferramenta-comodín empregada habitualmente polas empresas para especular no mercado alimentario, ben sexa aludindo a un exceso de produción para acadar produtos a prezos baixos, ou ben, no sentido contrario: aludindo déficit de produción, como aconteceu durante a crise alimentar que eclosionou a principios deste ano, cando as multinacionais da alimentación -distribución e produción- espallaron a mensaxe de que había carencia de alimentos, e, deste xeito, subiron os prezos aos consumidores/as en porcentaxes surrealistas en moi pouco tempo.

Polis mete água em Albufeira

Não é a primeira vez que a Polis inunda a baixa de Albufeira. Só que desta vez, em 45mn, a água chegou à cintura, provocando incómodos sérios e prejuízos elevados. Não passa de uma pequena calamidade, mas que um dia destes poderá tornar-se um desastre.

Quem são os responsáveis? Resposta: os levianos autarcas de Albufeira e os irresponsáveis da Parque Expo -- que em vez de ter fechado as contas altamente deficitárias da Expo '98, optou por vender serviços de urbanismo de elevada "qualidade" aos distraídos. Estamos todos a ver o resultado do conluio entre o Partido Socialista do Betão e os desmiolados autarcas que pelo país abundam. Como em muitos outros casos, a estupidez autárquica, governamental e partidária confluem na irracionalidade, no desperdício e no desastre. No caso de Albufeira, construíram e voltaram a construir sobre uma linha de água. Erro de palmatória. Mas como se o erro não fosse já de si óbvio e grosseiro, prevaleceu a leviandade e a pressa das obras públicas.

Sabe-se que alguns engenheiros civis portugueses sem escrúpulos têm um certa dificuldade em lidar com a água. Foi assim no escandaloso processo do túnel de metro no Terreiro do Paço, cujos prejuízos, em vez de serem pagos pelas construtoras e pelos políticos que não ligaram peva aos avisos que oportunamente foram difundidos à saciedade, contribuíram para o agravamento imparável do pacote fiscal. Porque não se fazem concursos internacionais decentes e sérios para resolver este tipo de dificuldades? Certamente que a engenharia holandesa não se importaria de dar uma ajuda.

Derradeira moral da história: o povinho inculto, oportunista ou simplesmente indolente que sofre nestas alturas, também já começa a ter idade para tomar juízo e preocupar-se mais com os temas da sua cidadania e sobretudo com os seus interesses. Não tenho pena de ninguém. Lamento apenas a ganância e o oportunismo colectivos. Os telejornais (ver vídeo RTP) vão dedicar horas infinitas ao tema. No entanto, por mais importante que seja, e é, sobretudo por revelar a leviandade e corrupção endémica dos poderes instalados, as inundações de Albufeira são uma gota de água no maremoro económico e social que aí vem.

OAM 440 22-09-2008 15:46

Crise Global 23

O colapso da América IV

Morgan Stanley e Goldman Sachs deixam de ser bancos de investimento e acolhem-se à protecção do regime mais favorável da banca comercial e sobretudo dos planos sinistros de Henry Paulson e Ben Bernanke.


"Decisions by the Secretary pursuant to the authority of this Act are non-reviewable and committed to agency discretion, and may not be reviewed by any court of law or any administrative agency." -- in proposta do Secretário do Tesouro, Henry Paulson, ao Congresso norte-americano.

Depois da decisão do Supremo Tribunal dos Estados Unidos, do ano 2000, que suspendeu a contagem de votos que daria a vitória a Al Gore, entregando-a sem mais a George W. Bush; depois da instauração do Patriotic Act, que pela primeira vez na história dos Estados Unidos suspende o habeas corpus por tempo indeterminado e cria efectivamente o enquadramento jurídico necessário à aplicação de todo o tipo de medidas de excepção por parte do governo americano, contra pessoas, empresas e bens estrangeiros e nacionais; depois de o governo dos Estados Unidos se auto-declarar acima da lei internacional, sob o pretexto de uma guerra longa contra o terrorismo que ele próprio, em muitos casos, engendrou e engendra, atacando e ocupando ilegalmente países estrangeiros, surge agora a tentativa de fechar o quadrado mágico de um golpe de Estado que, a ter sucesso (26 de Setembro é o prazo limite), porá provavelmente fim à democracia americana, instaurando em seu lugar, ainda que disfarçado por doses descomunais de sofisticada propaganda, um regime de excepção só na aparência distinto das ditaduras europeias que antecederam a II Guerra Mundial.

Basicamente, o que Henry Paulson (antigo dirigente da Goldman Sachs e actual secretário de estado do tesouro) e Ben Bernanke (presidente máximo da Reserva Federal) querem, e para tal têm vindo a chantagear os órgãos eleitos da democracia americana, é o seguinte:
  1. levar o contribuinte americano a comprar por mais de 700 000 000 000 de dólares (aliás, muito mais!) todas as hipotecas e empréstimos em mau estado, que Paulson e Bernanke decidam resgatar, sem supervisão nem possibilidade de recurso por parte das instâncias legislativa, nem dos tribunais, o que implicará aumentar a dívida pública, grosso modo, em mais 1 bilião de dólares -- 10E12 --, sobrecarregando cada homem, mulher e criança dos Estados Unidos com uma dívida suplementar de 2000 dólares);
  2. renegociar posteriormente estes créditos mal-parados com os devedores, depois de previamente reavaliados os activos a que correspondem, recorrendo para tal às mesmas instituições financeiras que haviam despachado os créditos incobráveis para o bolso sem fundo (mas falido) do Estado americano, e a quem os clientes pedirão de novo dinheiro emprestado (entretanto recebido do saco sem fundo do Tesouro americano, i.e. dos bolsos dos contribuintes!) para conseguirem salvar os bens adquiridos, as empresas e os negócios ameaçados pela execução das hipotecas;
  3. como parte substancial dos investidores e especuladores com activos financeiros ameaçados (que não tiveram tempo para desviar a massa, nos últimos meses, para os paraísos fiscais, sediados nomeadamente nas ilhas soberanas da Rainha de Inglaterra) são literalmente estados estrangeiros como a China, o Japão, a Rússia, a Arábia Saudita e outros países da OPEP, o resgate das suas contas vai depender em muito dos poderes discricionários que Barak Obama e John McCain anunciaram estar dispostos a conferir, via Congresso, a duas criaturas sem vergonha (Paulosn e Bernanke), na realidade comandadas por velhos conhecidos da verdadeira mão invisível do Capitalismo: JP Morgan, Rockfeller e mais alguns comandos secretos do FED.
A situação é, no mínimo explosiva! Os chineses, que recusaram perder mais dinheiro a favor dos piratas americanos que a eles têm vindo a recorrer desesperadamente nos últimos meses e semanas, desencadearam um raid mundial de compras, sobretudo dirigido ao sistema financeiro americano, em manifesto colapso. Pode estar em curso uma verdadeira e antecipada deslocação do centro de gravidade da finança e da economia mundiais, de Nova Iorque e Londres, para Beijing e Xangai. Haverá, por causa deste descalabro, uma revolução nos Estados Unidos? Ou será que os reencarnados e rebaptizados Endtimers americanos, apoiados pelo Sionismo mundial, conseguirão mesmo desencadear uma grande guerra quente, termo-nuclear, isto é o Apocalipse, repetidamente visto nos seus alucinados transes religiosos e orgias sexuais?


REFERÊNCIAS

Run on the $10 Trillion 'Shadow Banking System': Regulators Allow Goldman, Morgan To Become Banks

* Sep 21: Fed approved applications by Goldman Sachs and Morgan Stanley to become Federal Reserve-regulated bank holding companies (BHCs).

* The move effectively spells the end of the investment banking industry as a separate sector, leaving behind only small boutique securities firms. In doing so it ends the decades old division of the US financial industry into two halves, which dates back to legislation passed after the Great Depression.

* It means that both Goldman Sachs and Morgan Stanley will be subject to bank capital requirements which will be phased in over a transition period. -- RGE Monitor.


Details Of Treasury's $700bn 'Bad Bank': Unchecked Authority to Buy a Wide Range of 'Toxic Waste'?

* U.S. Treasury Fact Sheet: "Treasury will have authority to issue up to $700 billion of Treasury securities to finance the purchase of troubled assets. The purchases are intended to be residential and commercial mortgage-related assets, which may include mortgage-backed securities and whole loans. The Secretary will have the discretion, in consultation with the Chairman of the Federal Reserve, to purchase other assets, as deemed necessary to effectively stabilize financial markets." Treasury's actions may also not be reviewed by any court of law or any administrative agency. -- RGE Monitor.


Bailout of the U.S. Housing and Financial Sector: Are Fiscal Costs and Risk for Taxpayers Getting Bigger?

* Treasury plans to use $700 bn to buy bad mortgages of financial institutions; also proposes to raise the ceiling on national debt from $10.6 trillion to $11.3 trillion (the limit was raised to $10.6tr earlier this year under the housing bill)

* Advocates of bailout: Cost of the bailout much less than the risk to financial sector, Main Street and U.S. workers from the credit crisis and govt inaction; Opponents: Risk to taxpayers exceeds any potential upside gain apart from leading to higher debt and credit costs in the future and posing risk to U.S. sovereign debt rating. -- RGE Monitor.


Chinese Banks Go Global: How Will Foreign Regulators Respond?

* Chinese financial institutions like CDB, ICBC, Mingsheng Bank and insurance companies like Ping An are increasing overseas acquisitions taking stakes in Barclays, Standard Bank, Fortis and others. Chinese banks remain flush with cash following IPOs, bond issues, are eyeing foreign purchases to increase their expertise of investment banking, market share but may be wary of investing in global banks given losses from previous investments. They may now be seeking out M&A opportunities that are joint ventures.

* First round of Chinese bank M&A took place in mid-90s to 2005, and was focused on greater China. Since 2006, outward M&A has involved bigger deals and a broader range of target countries (Boston Consulting Group) -- RGE Monitor.


Radical Shift for Goldman and Morgan

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By ANDREW ROSS SORKIN and VIKAS BAJAJ
Published: September 21, 2008

Goldman Sachs and Morgan Stanley, the last big independent investment banks on Wall Street, will transform themselves into bank holding companies subject to far greater regulation, the Federal Reserve said Sunday night, a move that fundamentally reshapes an era of high finance that defined the modern Gilded Age.

... By becoming bank holding companies, the firms are agreeing to significantly tighter regulations and much closer supervision by bank examiners from several government agencies rather than only the Securities and Exchange Commission. Now, the firms will look more like commercial banks, with more disclosure, higher capital reserves and less risk-taking.

... For decades, firms like Morgan Stanley and Goldman Sachs thrived by taking bold bets with their own money, often using enormous amounts of debt to increase their profits, with little outside oversight.

They were the envy of Wall Street, dominating the industry’s most lucrative businesses, landing headline-grabbing deals and advising companies and governments around the world on mergers, stock offerings and restructurings.

... In exchange for subjecting themselves to more regulation, the companies will have access to the full array of the Federal Reserve’s lending facilities. It should help them avoid the fate of Lehman Brothers, which filed for bankruptcy last week, and Bear Stearns and Merrill Lynch — both of which agreed to be acquired by big bank holding companies. -- New York Times.


Double Double Toil And Trouble
September 20, 2008
Elaine Meinel Supkis

The desires of the US/EU/UK empire to have eternal riches via NATO menacing, controlling and killing Muslims who have oil, has failed miserably. Now, we are going rapidly bankrupt. I remember very clearly the mood in America before the despicable invasion of Iraq: 'We are going to have cheaper oil!' Bush fired anyone who told him, this war would be very expensive. The belief was, we would rush into Bagdad, settle down and pump the oil for our own benefit. Instead, the Iraqis succeeded in costing us an extra trillion dollars. We lost money in this casino. The three witches are laughing in their Cave of Wealth and Death. Witch #2, Inflation, has toured the planet and destroyed great wealth. Witch #3, Depression, is ironing her dress in preparation of taking over the surviving wealth. And Witch #1, the top witch, is Libra. She is going to finally balance her scales and will be happy when this process is done. -- Culture of Life News.


The $1 trillion question: Will this gigantic bailout work?
Sean O’Grady, Economics Editor
Saturday, 20 September 2008

This is what we might call the $1trillion question. That's $1,000,000,000,000, by the way. It is a little like surgery. The US government has amputated the gangrenous leg of the banking system to save the patient. But it is now preparing to graft the infected limb on to the body politic of America. The US taxpayers will be lucky if they do not feel distinctly unwell as a result of this little experiment.

The truth is that simply buying the banks' worthless securities has been an option, if an unpalatable one, for the authorities since the credit crunch began a year ago. All the plans to lend against these assets, such as the Bank of England's Special Liquidity Scheme, and other "injections of liquidity", were temporary solutions, born out of a hope, if not an expectation, that the crisis would not be prolonged.

We know better now. What the American authorities have done is the only sure way to protect the banking system against further destabilisation. Short-selling or not, left to their own devices, the markets would sooner or later force more banks into the arms of the taxpayer anyhow. It is a sad day when hard-pressed citizens find themselves subsidising private banks for their stupid mistakes. But that is what's happening in the US, and it will surely be done here. The Bank of England hates the notion; but Gordon Brown may well feel that he has no choice.

So for the banks and their shareholders and staff, the US rescue plan is already working, and it will save the wider economy from yet more damage. It is less clear whether it will end the credit crisis or preserve America's fast disappearing economic hegemony.

Even taking a trillion dollars of crud out of the equation can't save the financial system from damage already done. Despite the Fed's efforts, many banks in America and around the world have severely enfeebled balance sheets. They cannot lend, even if they wanted to. With the developed world in recession – Japan, Britain, Germany and Spain are leading the way – the banks will soon be losing money on their conventional lines of business, as mortgages suffer defaults and companies go out of business. We will then see a vicious cycle of bad debts leading to less lending, more job losses, more defaults and so on. -- Independent.


Where, oh where, are the orthodox economists now?
Ann Pettifor
20th September, 2008.

What has happened under the dominance of orthodox economics and the de-regulation of finance, is that the finance sector now controls the movement of capital, the setting of interest rates and the creation of credit. And they do so in the interests of – you guessed it – Finance.

In the midst of all this tragedy and chaos, one has to savour the moment. The sight of all those free-market capitalists, trained by economists at the Chicago School of neo-liberalism, handing over to ‘big government’ the financial system of the biggest free market economy in the world.

And in the midst of what will prove to be a prolonged period of economic failure, one must be allowed to indulge just one feint sense of satisfaction. For only a couple of weeks ago (see below) Jim O’Neill chief economist at Goldman Sachs, advised me, and a BBC World Service audience that this financial catastrophe was no big deal, ‘just another periodic crisis’….. like five that he had already lived through. (He was referring, I believe, to crises such as that of the US stock market of 1987, the South East Asian crisis of 1998 and the Dot.com crash of 2001.)

It is now pretty clear that I, without the data, research back-up and infrastructure that supports Jim O’Neill’s analyses – already knew that this was not at all like the previous ‘periodic crises’. With my background in Keynesian monetary theory, I had a more sophisticated and accurate view of the gravity of this crisis than Goldman Sachs’s neo-liberal economists. Regrettably my foresight and wisdom did not extend to earning Goldman Sachs-like fees. More fool me. -- Debtonation.


OAM 439 22-09-2008 13:32

sexta-feira, setembro 19, 2008

Crise Global 22

O colapso da América III
U.S. Debt May Grow $1 Trillion on Rescue, Barclays' Pond Says -- Bloomberg.

Since 90% of the money in the world are really documents or numbers in a computer, all they have to do is zero out and the money is gone. Poof. No actual gold, silver or even paper money passes through anyone's hands. -- Elaine Meinel Supkis.

A euforia bolsista de hoje, na América, na Europa e na Ásia, mostra duas coisas: que a economia especulativa mundial está sob uma enorme pressão, propensa à histeria, e que não sabe fazer outra coisa senão especular. Sob a ameaça de uma implosão do sistema financeiro neoliberal, da falência de milhares de bancos e empresas financeiras diversas, e do deslizamento rápido da actual recessão americana e europeia para uma recessão muito grave, ou mesmo para uma prolongada estagnação económica, os piratas que comandam na sombra a Reserva Federal americana acabaram por iniciar uma vasta manobra de destruição dos actores dispensáveis do sistema, expropriação fiscal dos americanos, e chantagem sobre os seus principais fornecedores de matérias primas, mercadorias e crédito -- a China, o Japão, a OPEP e a Rússia. Estes, ou continuam a suportar as dívidas do império, nomeadamente através do esquema conhecido por carry-trade japonês, ou arriscam-se a ouvir uma ameaça do género: se não nos deixais expandir a dívida, fechamos para balanço, e sereis forçados a engolir boa parte das vossas exportações; e os vossos activos em dólares serão reduzidos a zero!

Claro que as coisas não se passam exactamente assim, pelo menos diante das televisões. O discurso público, e sobretudo as declarações saídas das reuniões internacionais onde se decidem coisas importantes, são embrulhadas em metáforas mais ou menos obscuras, embora com um final feliz. Desta vez, o terço reza assim: o governo americano e o FED (que é ao mesmo tempo um banco central e um cartel privado) irão comprar e reciclar as más acções do mercado e as "hipotecas ilíquidas", em nome da necessária e urgente estabilidade das principais instituições financeiras do país, sem as quais haveria uma implosão certa de todo o sistema financeiro, não apenas americano, mas mundial. Claro que esta operação de salvamento terá custos, nomeadamente para a generalidade dos contribuintes, e não impedirá a falência de muitas empresas e bancos. No entanto, sairia muito mais caro aos contribuintes, bem como aos parceiros comerciais dos Estados Unidos, deixar cair Wall Street, ou provocar um enfarte no coração oculto da Reserva Federal. Foi explicando ao mundo a dureza desta realidade, que Henry Paulson, Secretário de Estado do Tesouro, e antigo CEO da Goldman Sachs, justificou a chuva dourada de dívida americana lançada nos mercados mundiais. Os corretores, como era previsível, viveram um dia orgiástico. O frenesim entre os especuladores foi certamente intenso. As casas de putas estão abarrotar!

A coisa é escabrosa e potencialmente explosiva. Mas a euforia de hoje pode não durar mais de uma semana!


REFERÊNCIAS
  • Friday, 19 September 2008
    The Unitary Federal Reserve - Crisis Choreography. By London Banker.

    Just as we here in the rest of the world hoped we might breathe easy with the end of the Bush administration in sight, and several creditable candidates for president coming forward, the lawless unitary executive has expanded to embrace the Treasury and the Federal Reserve, debasing and contaminating the financial markets globally with its spread to our own central banks and market authorities and destabilizing our banks and investment markets. Once again in the name of crisis and expediency the laws are ignored, decisions are taken in secret, extra-judicial reapportionment of property and contract is mandated by executive fiat, and legislative review and judicial intervention are impossible. Over the past year every financial crisis has been met with lawless and Enron-esque innovation by the Federal Reserve and Treasury, and this week was arguably more extreme.

    (...)

    The unitary executive of the Bush presidency eroded and disregarded the civil rights of Americans and others. The unitary Federal Reserve [FED] disregards the property and contract rights of Americans and others. Arguably the actions of the Federal Reserve over the past year represent the largest state confiscation of wealth in the history of man, dispossessing currency investors, equity investors, bond investors and taxpayers of literally trillions of dollars of current and future wealth by executive fiat.

    The hypocrisy of the Bush administration criticizing Chavez while defending Paulson and Bernanke should be the stuff of late night stand up comedy.

    And the answer to the crisis so created, according to those in authority in Washington and Wall Street, is to give more concentrated power with less review and less oversight to the Federal Reserve. The reforms now being discussed in Washington are aimed at (1) gutting the SEC [Securities and Exchange Commission] so that it can no longer challenge the Fed's primacy in investment bank and financial conglomerate prudential supervision, oversight of clearing and settlement systems, market integrity and stability and introducing “principles based” regulation so that no one well connected need ever worry about prosecution or conviction ever again; (2) gutting the FDIC [Federal Deposit Insurance Corporation] so that it can no longer challenge the Fed's determination of capital adequacy or prudential supervision at insured banks or restrain cross-affiliate financing or excessively risky activity within bank holding company groups; (3) gutting the CFTC [Commodity Futures Trading Commission] so that the Fed has primacy to oversee risk management in all OTC [Over-the-counter] and exchange-traded derivatives clearing and margin; and (4) providing explicit powers to the Federal Reserve to promote "market stability" by means which shall be secret, unreviewable, and above challenge in the courts; and (5) making the Federal Reserve the prime global regulator for review of the regulatory and prudential supervision arrangements everywhere else in the world through mandated “harmonization” of global standards as a quid pro quo for foreign market recognition and access.

    Stalin couldn’t have drafted a better plan for central control of the global economy after wreaking such havoc and devastation.

    (...)

    For now the ECB [European Central Bank], Bank of England and others are content to cooperate with the Fed, but as the chaos deepens and it becomes clear that the losses are to be allocated principally outside the US borders to those foolish enough to hold assets the Fed’s policies degrade and debase, they will begin to question and to look to each other for common interest and alignment.

    (...)


    In the past year and just this past week, trillions of dollars of wealth have been allocated or misallocated, preserved, appropriated or destroyed by central bank fiat. If we really have nations of laws and not men, capitalist markets and not command economies, then it’s essential we peek behind the curtain to ask by whom and why and hold them accountable. -- London Banker.

  • Friday, 19 September 2008
    We need a new HOLC - more than a new RTC or RFC- to provide massive debt relief to the household sector. We need to create the HOME (Home Owners’ Mortgage Enterprise). By Nouriel Roubini.

    The most important policy action is not the decision of extending the swap lines between central banks (so as to provide dollar liquidity to non-US banks abroad); it is not the re-imposition of limits to short sales (a policy action that is itself a naked attempt to manipulate upward stock prices); it is rather the realization that a generalized debt and solvency problem required a solution that leads to significant debt reduction.

    (...)

    At this point a severe recession is unavoidable; the only question is how severe and protracted it will be. Debt reduction and public recapitalization of banks will not instantly resolve every problem and will not prevent a painful recession that – at this point – will last at least 18 month. But it will prevent a painful U-shaped recession from turning into a multi-year L-shaped recession like the one that afflicted Japan for a decade after the bursting of its real estate and equity bubble. So let us not delude ourselves that even a HOME program of debt reduction will prevent a recession: the recession train has already left the station and the economic downturn is already becoming global. What we can avoid now is only the risk that a severe US and now advanced economy recession will turn into a Japanese style decade long stagnation. -- Nouriel Roubini.


OAM 438 20-09-2008 01:17

Respublica

Divórcio mais fácil? Paradoxos à Esquerda e à Direita
Lei do Divórcio aprovada apenas com alterações pontuais

17 Set 2008. O novo regime jurídico do divórcio, devolvido por Cavaco Silva à Assembleia da República em Agosto, foi hoje aprovado com alterações pontuais, contando com os votos favoráveis da esquerda parlamentar e de 11 deputados do PSD, com o PS a defender que a lei é "justa e equitativa".

As alterações aprovadas cingiram-se à clarificação, como já tinha sido anunciado pelo líder do grupo parlamentar socialista, Alberto Martins, de que só tem direito a pedir compensação na hora das partilhas quem tiver abdicado de proveitos profissionais em favor do casamento, e a consagrar que a pensão de alimentos é ilimitada no tempo. Esta última foi proposta pelo PCP e aprovada com a abstenção do PS e do PSD. -- Público.

O que diz a proposta de lei:
  1. O Divórcio por Mútuo Consentimento já não necessita de tentativa de conciliação. No entanto, se não chegarem a acordo sobre todos os «acordos complementares», o divórcio tem de ser apresentado no tribunal, para que seja o juiz a tomar essas decisões;
  2. Elimina-se a culpa como fundamento do divórcio sem o consentimento do outro, tal como ocorre na maioria das legislações da UE, «o clássico divórcio-sanção». As discussões sobre culpa, e também sobre danos provocados por actos ilícitos, ficam alheios ao processo de divórcio (podendo ser alvo de um outro);
  3. Considera-se a violência doméstica como motivo para requerer o divórcio, não sendo nessa situação necessário esperar pelo período de 1 ano de ruptura de facto; (Continua.../ Destak)

Tanto barulho por nada, ou a inversão das convicções!

O objectivo essencial da nova lei do divórcio, apresentada pela maioria PS -- desculpabilizar a vontade mútua ou unilateral de ruptura de um contrato nupcial (deixando, assim, de haver réus no estrito processo de divórcio) -- faz todo o sentido, sobretudo em sociedades urbanas onde vingou o princípio da separação e atomização dos vínculos que prejudicam a formação do Capital. A procriação e o matrimónio, em si mesmos, prejudicam a realização estrita do valor capitalista -- seja na agro-indústria, nas indústrias convencionais, no sector empresarial dos serviços ou ainda nas chamadas economias "criativas" e de "conhecimento". Ao invés, a incorporação da mulher no mercado de trabalho assalariado (ainda mais se for solteira ou divorciada) contribui para a realização desse mesmo valor.

O facto de hoje, em Portugal, a mulher ganhar menos 25% do que o homem no cumprimento de uma mesma tarefa, ou na produção de uma mesma unidade de lucro, tem origem na penalização que o Capitalismo impõe a uma estimada quebra de produtividade resultante do tempo supostamente subtraído ao trabalho pelas actividades femininas de manutenção do lar, e de gestação, parto e acompanhamento maternal dos filhos e filhas.

A consequência da lógica de acumulação capitalista do valor, e da correspondente divisão do trabalho, conduziu paulatinamente à destruição da família como unidade básica de reprodução social da espécie humana, com todas as consequência que hoje são reconhecidas e ameaçam a estabilidade política e económica de países como a Rússia, a Alemanha, os Estados Unidos e a própria China!

O facto de ainda existirem casais e famílias nas grandes urbes do mundo moderno e contemporâneo deriva de uma espécie de inércia cultural da espécie, que resiste obviamente a uma tão radical revolução ecológica! Numa sociedade capitalista ideal as diferenças de género desapareceriam de vez. A liberdade erótica seria total. O amor e a amizade seriam dificilmente toleráveis e desde logo penalizados (nomeadamente em sede fiscal.) A reprodução da espécie, enfim, deveria ser progressivamente integrada na lógica geral da reprodução capitalista do valor, nomeadamente através da gestação laboratorial de bases patenteadas de ADN, da inseminação artificial por objectivos e da industrialização da reprodução humana, à semelhança do que há muito fazemos com outras espécies animais. A rentabilização segmentada e diferencial dos activos humanos, o abate dos indivíduos improdutivos, doentes ou envelhecidos, através da generalização da eutanásia medicamente assistida, conduzem a actual lógica do Capitalismo até às suas últimas consequências.

Se meditarmos um pouco friamente nesta descrição, perceberemos como faz sentido, por um lado, libertar o contrato nupcial -- que assim deixa definitivamente de ser um contrato de propriedade! -- de constrangimentos jurídicos próprios de sociedades paternalistas ancestrais. O prejuízo eventual, ou mesmo provável, da chamada parte mais fraca (a mulher), decorrente da nova legislação do divórcio, que tanto preocupa Cavaco Silva (e que o PS parcialmente mitigou nas alterações finais ao projecto), é afinal um efeito a prazo benéfico para a sociedade capitalista no seu conjunto, na medida em que tornará mais óbvias as desvantagens do casamento e da tradicional reprodução familiar da espécie. A mulher tornar-se-à assim cada vez mais consciente das desvantagens económicas, sociais, culturais e psicológicas do contrato nupcial. Desviando-se do matrimónio e da procriação, a mulher sacrifica a sua disponibilidade produtiva mais íntima e específica, mas liberta o seu potencial de adesão integral à lógica especulativa do Capitalismo. A opção é sua, pelo menos até que o peso da economia a faça pensar duas vezes...

Se continuarmos a projectar o nosso futuro no interior da bolha conceptual e cultural do Capitalismo, não há forma de sair desta lógica. Dificilmente poderemos contestar a intenção moderna do legislador "socialista". Não vou aqui discorrer sobre as alternativas possíveis num eventual contexto pós-capitalista, pois levar-me-ia muito longe. Mas não deixa de ser irónico ver a direita parlamentar votar contra um diploma que satisfaz plenamente o coração da sua ideologia, escrito e aprovado por aqueles cujo cometimento ideológico -- certamente já muito desbotado -- aponta precisamente para a denúncia e recusa de uma sociedade onde a lógica do valor implica, pela sua própria natureza social, a destruição de toda a liberdade, incluindo a de gerir as dificuldades próprias do amor e da procriação responsável.

Que não haja donos nem réus na instituição matrimonial, pois claro! Mas sem que as sociedades assumam a responsabilidade de ajudar a salvar o amor onde ele exista ou existiu, não vejo como poderemos esperar ou pedir a felicidade humana. A humanidade tem pelo menos a obrigação de não sacrificar a liberdade, o amor e a amizade à miséria do Capitalismo!

Este assunto bem merece melhor tratamento do que a hipócrita discussão parlamentar a que teve direito.

OAM 437 19-09-2008 19:05

Crise Global 21

O colapso da América II



A decisão de criar a partir do nada, centenas de milhares de milhões de dólares novos, para supostamente salvar companhias "demasiado grandes para falir", i.e. com activos superiores a um bilião (10E12) de dólares, lançará a maior potência militar do planeta num buraco negro financeiro que afectará toda a economia mundial. Outros países conheceram já este pesadelo: a Alemanha, a Argentina ou o Zimbábue. Mas o dramatismo patente no alerta de Karl Denninger dá que pensar, sobretudo porque poderemos estar cada vez mais próximos de uma III Guerra Mundial, inevitavelmente nuclear!

18-09-2008. I wonder what the plan really is for the nation as more and more lines are crossed with extra-legal executive authority. I did not expect in 2002 and 2003 that war for oil in Iraq would lead to black sites, renditions, torture, Blackwater deployed in New Orleans, and other proximate results of a lawlessness and unaccountability that remained unchallenged and unchecked. I do not know what to expect of the USA in the years to come. That worries me deeply. -- London Banker.

17-09-2008. Last week we argued that, with the nationalization of Fannie and Freddie, comrades Bush, Paulson and Bernanke had started transforming the USA into the USSRA (United Socialist State Republic of America). This transformation of the USA into a country where there is socialism for the rich, the well connected and Wall Street (i.e. where profits are privatized and losses are socialized) continues today with the nationalization of AIG. -- Nouriel Roubini.


OAM 436 19-09-2008 01:43

quinta-feira, setembro 18, 2008

Crise Global 20

O colapso da América

Bancos centrais mundiais anunciam acordo para injecção de dinheiro nos mercados


18-09-2008 (TSF). O Banco Central Europeu (BCE) anunciou, esta quinta-feira, uma iniciativa conjunta com outros bancos centrais mundiais para a injecção de mais dólares norte-americanos nos mercados financeiros.

Em comunicado, o BCE diz que a iniciativa envolve a Reserva Federal norte-americana, o Banco do Canadá, o Banco de Inglaterra, o Banco do Japão e o Banco Nacional da Suíça e tem por objectivo «enfrentar as continuadas pressões elevadas» e garantir a liquidez nos mercados financeiros.

Em mais uma tentativa para tentar acalmar os mercados financeiros, os bancos voltaram a injectar capital no total de 180 mil milhões de dólares (127 mil milhões de euros).

Comentário
-- traduzido por miúdos, isto quer dizer o seguinte: os Estados Unidos estão falidos! E o Japão parece ir pelo mesmo caminho. A reunião dos bancos centrais atrelados ao dólar é o reconhecimento camuflado do colapso da Reserva Federal e do império americano. A situação é dramática. Só mesmo os imbecis do Banco de Portugal e o motorista-mor do BES é que podem pensar o contrário!

Como a riqueza (a poupança, os superavit financeiros e comerciais, bem como os fundos soberanos) está na China, na Coreia do Sul e nos produtores de energia, de matérias primas e de alimentos básicos, o que o concílio da especulação financeira mundial vai injectar nos mercados financeiros europeus e norte-americanos, ambos à borda do suicídio, não é mais liquidez, mas mais dívida pura -- que os pobres contribuintes, consumidores e PMEs da Europa-América irão suportar com sangue, suor e lágrimas! Como não se cansa de repetir Elaine Meinel Supkis, também eu digo: prendam estes piratas!!

Morgan Stanley Said to Be in Talks With China's CIC
By Christine Harper

Sept. 18 (Bloomberg) -- Morgan Stanley, the second-biggest independent U.S. securities firm, may sell a larger stake to China Investment Corp. and is in talks about a possible merger with Wachovia Corp., a person familiar with the matter said.

Morgan Stanley pared its loss on the New York Stock Exchange after the person said China's state-controlled fund may buy as much as 49 percent of the New York-based investment bank. The person declined to be identified because the talks aren't public and may end in no agreement.

Comentário: os americanos precisam desesperadamente de dinheiro! Os chineses, pressionados, mostram-se dispostos a colaborar. Mas desta vez querem o melhor Pata Negra da região! Ora aí está: 49% do Morgan Stanley. Até parecem o Edu dos Santos a tomar conta do BPI! Como diria o Rui V Santos: só para apreciadores ;-)


Taxa Euribor a seis meses sobe para valor mais alto de sempre

18-09-2008 (TSF). A taxa Euribor a seis meses, a mais usada nos créditos à habitação, subiu esta quinta-feira para níveis históricos.
Taxa Euribor a seis meses chegou ao valor mais alto de sempre, atingindo os 5,223.
Já a Euribor a três meses subiu para os 4,991, o que corresponde ao valor mais elevado desde Dezembro de 2000, enquanto a 12 meses ascendeu aos 5,386 por cento.

Comentário
: a isto chama-se burlar os clientes depois de os ter seduzido para compras fáceis e irresponsáveis de casas, cuja construção, por outro lado, alimentou a indústria especulativa e corrupta do betão. Vale e Azevedo (o antigo pirata do Benfica) está sujeito a um mandado de captura. Mas as tríades de banqueiros e construtores civis que alimentam as nomenclaturas político-partidárias do Bloco Central (PP incluído) continuam incólumes! Continuarão a rir-se quando o sistema financeiro indígena começar a ser arrastado pela crise internacional? E você, vai continuar a votar no Bloco Central?


Rentabilidade dos títulos do tesouro americano a 3 meses caiem para 0,02 %

Wed Sep 17, 2008 1:00pm EDT (Reuters) - The 3-month U.S. Treasury bill yield "last traded at 0.02 percent as an actual trade and may have traded negative earlier today," said Sean Murphy, Treasuries trader at RBC Capital Markets in New York, shortly after 12:30 p.m. EDT (1630 GMT).
The last time the 3-month U.S. T-bill yield was at or below zero was in January 1940, said Bryan Taylor, chief economist with Global Financial Data in Los Angeles.
Murphy cited "a flight to quality into the Treasury bill market." "People are just panicking and they just want their principal," he said.

"Foge ladrão que te querem fazer barão! Mas para onde, se me querem fazer conde!!"


Esta velha diatribe contra a monarquia portuguesa decadente (que vendia títulos nobiliárquicos para sobreviver), serve perfeitamente para a actual crise financeira da Europa-América. As acções em bolsa e as acções das empresas andam aos trambolhões há pelo menos um ano, estando agora em plena queda livre. O refúgio proverbial nestas situações são as acções de Estado, isto é, os célebres e antes confiáveis títulos do tesouro, ou certificados de aforro. Mas quando até estes começam a oferecer rentabilidades negativas, de que vale confiar a poupança doméstica e os salvados do colapso financeiro à guarda destes outrora guardiões da riqueza dos povos?


OAM 435 18-09-2008 13:11 (última actualização: 16:30)

Crise Global 19

Lenine não faria melhor!

Sept. 17 (Bloomberg) -- The U.S. government took control of American International Group Inc. in an $85 billion bailout to prevent the bankruptcy of the nation's biggest insurer and the worst financial collapse in history.

Sept. 17 (Bloomberg) -- Morgan Stanley is weighing a merger with Wachovia Corp. and several other banks as the securities firm seeks to regain investor confidence after its shares sank 42 percent this week, people familiar with the matter said.

... Morgan Stanley and Goldman, the biggest U.S. securities firms, tumbled the most ever after a government rescue of American International Group Inc. failed to ease the credit crisis. The cost to protect against a default by the Wall Street firms rose to a record. Wachovia, the fourth-largest U.S. bank, plunged 21 percent after saying it would support $494 million of Lehman Brothers Holdings Inc. credits held by its Evergreen Investments money market funds.

Bear Stearns, Fannie Mae, Freddie Mac, Lehman Brothers e AIG (American International Group), cinco das maiores instituições financeiras do planeta, caíram a pique dos píncaros vertiginosos da sua inacreditável ganância, volúpia e prepotência sibilina, tendo alguns destes gigantes sido temporariamente "resgatados" sob a forma de uma espécie de nacionalização temporária, pelos bancos da chamada Reserva Federal americana (FED.) O gigante que se segue é, ao que parece, o Washington Mutual. E os prognósticos sobre o J.P Morgan, a Goldman Sachs e o Wachovia Corp (quarto maior banco comercial dos EEUU) estão cada vez mais reservados.

Um dos avisos mais sérios feito esta tarde por um antigo governador do banco da Reserva Federal de Wisconsin, numa entrevista dada ao canal televisivo da Bloomberg, é que as operações de socorro têm limites. De facto, para salvar as maiores empresas financeiras do mundo, a Reserva Federal não dispõe de liquidez suficiente, e continuar a inventá-la, como tem vindo a fazer há anos, agora sob os holofotes da comunicação social global, poderá levar o dólar ao suicídio e a economia americana ao charco ainda antes do Natal! Segundo o Europe 2020, no final deste ano 1 euro deverá custar aos americanos qualquer coisa como 1,7 dólares (e o petróleo regressará aos 110-112 USD...). Os Estados Unidos há muito que estão falidos e dependem dos japoneses, dos chineses e dos árabes, para segurar os seus descomunais gastos, nomeadamente militares e com os pesados desastres naturais que têm atingido o seu território desde o Katrina. É pois provável que o J. P. Morgan e a Goldman Sachs já não existam, pelo menos com os nomes e as configurações actuais, dentro de dias, semanas ou meses. Ou então, se forem verídicas as teorias da conspiração que dão como certo serem estes bancos de investimento parte da família secreta de banqueiros (sobretudo europeus!) que comanda a finança Ocidental, vê-los-emos devorar boa parte do sistema financeiro americano, que tem aliás vindo a tombar como um dominó.

A Reserva Federal americana (FED) -- tal como o Bank of England -- não é, na realidade, um banco central, i.e. uma instituição pública, governamental, estatal, ou federal, como por exemplo o Banco de Portugal, ou o Banco do Brasil, nem supra-estatal, como por exemplo o Banco Central Europeu, mas antes uma entidade privada, regulamentada e com deveres públicos estatutários mais ou menos claros. Para alguns, os dois falsos bancos centrais -- Federal Reserve e Bank of England -- são os mais sofisticados cartéis financeiros à face da terra.
"Examining the organization and function of the Federal Reserve Banks, and applying the relevant factors, we conclude that the Reserve Banks are not federal instrumentalities for purpose of the FTCA, but are independent, privately owned and locally controlled corporations." -- Lewis v. United States, 680 F.2d 1239 (1982); in Global Research.

Por exemplo, quando o FED, que é uma gigantesca rede de bancos privados americanos reunidos por um pacto votado pelo Congresso dos Estados Unidos, protagoniza o salvamento "em último recurso" do Fanny Mae, do Freddy Mac, da Lehman Brothers, ou do American International Group (AIG), poderá argumentar-se que é o próprio sistema bancário no seu todo que se protege à custa do cidadão, recorrendo a instrumentos político-financeiros poderosíssimos, de que a subida e descida das taxas de juro (i.e. o preço do dinheiro e a manipulação da inflação), a par da produção puramente digital de "liquidez" financeira são certamente os mais decisivos e os que melhor revelam a impotência dos restantes actores económicos, políticos e sociais perante as decisões tomada ao domingo à noite pelo presidente do FED. Bastou o motorista dum qualquer banco regional da Reserva Federal na Califórnia atropelar um inocente cidadão, para que os tribunais americanos viessem clarificar o que há muito se sabia: isto é, que o FED é uma rede de corporações independentes, pertencentes aos seus membros, localmente administradas. Mas então, em nome de que interesses falam e decidem os senhores Ben Bernanke (FED) e Henry Paulson (Secretário do Tesouro e ex-Goldman Sachs)?
"If the America people ever allow private banks to control the issuance of their currencies, first by inflation and then by deflation, the banks and corporations that will grow up around them will deprive the people of all their prosperity until their children will wake up homeless on the continent their fathers conquered." -- Thomas Jefferson.

OAM 434 18-09-2008 01:27