La prueba de que la burbuja tecnológica se desinfla: cae la venta de mesas de ping pong.
En economía cualquier indicador vale para intentar anticipar el próximo movimiento que hará el mercado. Y en Estados Unidos hay uno que parece sugerir que las compañías tecnológicas están a punto de entrar en una fase de declive: la cifra de ventas de mesas de ping pong.
Se não tens uma mesa de Ping Pong não és uma empresa tecnológica! A venda destas nos Estados Unidos, porém, caiu 50% ao longo dos últimos 12 meses. Mais um sinal de que a procura agregada mundial não arranca, que a reflação não arranca, que nova recessão poderá aparecer ao virar da esquina.
Meu caro António Costa, meu caro Mário Centeno, queridas Catarina e Mariana, não vai haver crescimento! E assim sendo, só mesmo uma forte racionalização da hipertrofiada despesa pública que temos poderá livrar-nos de novo e perigoso trambolhão na ladeira da dívida, e no acelerador negativo do défice orçamental.
É preciso, de uma vez por todas, discutir coletivamente e decidir que estado queremos e que estado podemos ter.
Estados Unidos, recessão, ainda não, ou cada vez mais próxima?
In 60 years, the US economy has never suffered a 17-month continuous YoY drop in Factory orders without being in recession. Which begs the question: are we in one now. Moments ago the Department of Commerce confirmed that in March, US factory orders - despite rising 1.1% sequentially and above the 0.6% expected - declined for 17th consecutive month on an annual basis, dropping 4.2% from a year ago.
Figure 12. World GDP in 2010$ (from USDA) compared to World Consumption
of Energy (from BP Statistical Review of World Energy 2014)
O petróleo continua muito caro!
What we really need is more high wage jobs. Unfortunately, these jobs need to be supported by the availability of large amounts of very inexpensive energy. It is the lack of inexpensive energy, to match the $20 per barrel oil and very cheap coal upon which the economy has been built that is causing our problems. We don’t really have a way to fix this [Gail Tverberg].
Em vez de ouvir os desvarios geopolíticas sobre energia do senhor Partex (António Costa Silva) seria bem melhor ler o que escreve Gail Tverberg.
A queda dos preços do petróleo não é uma consequência do excesso de oferta e de produção, mas sim da queda agregada da procura motivada pelo preço demasiado alto do petróleo e das commodities em geral.
Neste momento, o preço do petróleo está abaixo do seu custo real uma vez descontado o efeito inflacionista do mercado especulativo que é por definição o seu. Deste modo a indústria petrolífera tenta responder à estagnação económica induzida, precisamente, pelo preço insustentável da energia e das matérias primas—do petróleo, do gás natural, da terra fértil, da água potável, das sementes e dos metais comuns, preciosos e raros.
Em suma, o petróleo está a ser vendido abaixo do seu preço de custo (deflação) porque se tornou demasiado caro. O petróleo barato acabou em 2006 (Peak Oil).
Sem crescimento do consumo energético não há crescimento. Sem crescimento, o endividamento gera instabilidade económica, financeira, social e política.
Ponto.
E agora?
Figure 1. Oil as a percentage of total energy consumption in 2006, based
on June 2015 Energy Information data. (Inverted order from chart
originally shown.)
Nine Reasons Why Low Oil Prices May “Morph” Into Something Much Worse
by Gail Tverberg
Posted to Our Finite World on July 22, 2015
[...]
4. The way workers afford higher commodity costs is primarily through higher wages. At times, higher debt can also be a workaround. If neither of these is available, commodity prices can fall below the cost of production.
If there is a significant increase in the cost of products like houses and cars, this presents a huge challenge to workers. Usually, workers pay for these products using a combination of wages and debt. If costs rise, they either need higher wages, or a debt package that makes the product more affordable–perhaps lower rates, or a longer period for payment.
Commodity costs have been rising very rapidly in the last fifteen years or so. According to a chart prepared by Steven Kopits, some of the major costs of extracting oil began increasing by 10.9% per year, in about 1999.
In fact, the inflation-adjusted prices of almost all energy and metal products tended to rise rapidly during the period 1999 to 2008 (Figure 7). This was a time period when the amount of mortgage debt was increasing rapidly as lenders began offering home loans with low initial interest rates to almost anyone, including those with low credit scores and irregular income. When debt levels began falling in mid-2008 (related in part to defaulting home loans), commodity prices of all types dropped.
Figure 6. Figure by Steve Kopits of Westwood Douglas showing trends in
world oil exploration and production costs per barrel. CAGR is “Compound
Annual Growth Rate.”
O que aí vem
O RUÍDO PARTIDÁRIO EM VOLTA DOS ÚLTIMOS NÚMEROS DO EMPREGO É UM RUÍDO POPULISTA QUE DEVE SER DENUNCIADO E DESPREZADO.
Sem uma disponibilidade crescente de energia barata (sobretudo petróleo e combustíveis líquidos em geral, abaixo do 40USD/b) não há crescimento; sem crescimento não há emprego, há desemprego e há substituição de emprego caro por emprego barato e mais eficientemente servido por máquinas e sistemas inteligentes. Esta espiral descendente é de natureza recessiva e deflacionista, sobretudo à medida que a capacidade de endividamento e de monetização das dívidas se esgota nos Estados Unidos, na Europa, na China...
Os governos têm cada vez menos controlo sobre esta dinâmica, e na luta entre capital e trabalho, desta vez, ambos empobrecem: número crescente de falências industriais e bancárias, empobrecimento das classes médias e colapsos financeiros de grande magnitude, com consequências terríveis, por exemplo, na bancarrota iminente de vários países, regiões e cidades.
Onde melhor podemos antever o nosso futuro, se nada fizermos e nos deixarmos embalar pelo populismo estridente das nomenclaturas partidárias instaladas, é nas vagas de migração de África para a Europa. Os níveis de rendimento destes países é há muito totalmente incompatível com o custo da energia e matérias primas disponíveis... Quando o barril de crude desce abaixo dos 60USD a maioria dos países exportadores de petróleo e gás natural deixam de obter as gigantescas receitas e margens de lucro e de rapina que têm alimentado as suas altíssimas taxas de crescimento e os investimentos e a especulação financeira nos Estados Unidos e na Europa.
Quando um político lhe prometer crescimento, ria-se!
Há gráficos que explicam tudo, de forma simples e sem margem para dúvidas. O das vendas da Caterpillar é um deles, e o que compara a recompra de ações próprias (um desporto nacional também aqui na Lusitânia) com despesa de capital, também.
Portanto, quando a corja devorista e rendeira e os corruptos partidos que temos, que são todos os que se sentam na Assembleia da República (exceto os "Verdes" e o Bloco de Migalhas, que são tão insignificantes que foram excluídos deste festim), entoarem o cante do crescimento, já sabem: querem aumentar impostos, deixar correr o maremoto do desemprego e querem sobretudo safar a nomenclatura, de preferência à mesa da Travessa, comendo perdizes, asas de raia e fumando Habanos, pois claro!
Este regime acabou. Mas falta ainda preparar-lhe o funeral e enterrá-lo.
Outro contrato social e outra democracia, por favor!
Stocks are up nearly 2% today alone, with the S&P back to green for 2015. Among the reasons for today's rally: lower overhead courtesy of KO and CAT, which announced that between the two of them, they would fire some 2,000 workers, which is great news for stocks if not for actual employees as there will be even more dry powder for another record quarter of stock buybacks.
Imagem de satélite sobre a poluiçao na China em dez. 2013 (NASA)
Afinal José Sócrates foi um vanguardista...
Ora vejam como a China nos copiou a receita da desgraça: bolha imobiliária, aeroportos vazios, autoestradas sem carros, acumulação de stocks, mentira estatística, endividamento privado descontrolado, etc.
O preço do petróleo cai por muitos motivos. Este é certamente um deles!
Só mais uma dica: chineses, russos, árabes, angolanos e brasileiros em fuga das suas artificiais e sobre aquecidas economias, entretanto a caminho da deflação e da recessão, vão andar por aí com os bolsos cheios de euros e dólares em busca de oportunidades.
This lady is about as blunt as you can get about Chinese fraud, lies, mal-investment, and data manipulation. The entire Chinese economic miracle is a fraud. The reforms are false. The leaders are corrupt and as evil as ever. The entire edifice is built upon a Himalayan mountain of bad debt. The slave labor manufacturer for the world’s mal-investments since 2008 make Japan look like pikers.
China, for all its talk about economic reform, is in big trouble.
The old model of relying on export growth and heavy investment to power
the economy isn’t working anymore. Sure, the nation has been hugely
successful over recent decades in providing its people with literacy, a
decent life, basic health care, shelter, and safe cities. But starting
in 2008, China sought to counter global recession with huge amounts of
ill-advised investment in redundant industrial capacity and vanity
infrastructure projects—you know, airports with no commercial flights,
highways to nowhere, and stadiums with no teams. The country is now
submerged by the tsunami of bad debt that begets further unhealthy
credit growth to service this debt.
The BLS should take lessons from the Chinese government in data falsification. But, the American MSM dutifully reports the Chinese data as if it was real. Faux journalism at its finest.
People are crazy if they believe any government statistics, which,
of course, are largely fabricated. In China, the Heisenberg uncertainty
principle of physics holds sway, whereby the mere observation of
economic numbers changes their behavior. For a time we started to look
at numbers like electric-power production and freight traffic to get a
line on actual economic growth because no one believed the gross-
domestic-product figures. It didn’t take long for Beijing to figure this
out and start doctoring those numbers, too.
Real numbers from the real economy and real companies reveal the truth about the Chinese economy. If revenues are falling, why is the Chinese stock market up 48% in the last six months? The same reason the U.S. stock market is up. Rampant speculation created by blind faith in central bankers and central banks buying stocks.
I’d be shocked if China is currently growing at a rate above, say,
4%, and any growth at all is coming from financial services, which
ultimately depend on sustained growth in the rest of the economy. Think
about it: Property sales are in decline, steel production is falling,
commercial long-and short-haul vehicle sales are continuing to implode,
and much of the growth in GDP is coming from huge rises in inventories
across the economy. We track the 400 Chinese consumer companies listed
on the Shanghai and Shenzhen stock markets, and in the third quarter,
their gross revenues fell 4% from a year ago. This is hardly a vibrant
economy.
The Chinese are learning the same thing as Americans. Stimulus does nothing for the average person or the real economy. It benefits crony capitalists and crony communists. It results in mal-investment, booming stock markets and ultimately a bust – that will negatively impact the average person.
By our calculations, since June the central government directly and
indirectly has added more than $400 billion of stimulus and relaxed
lending terms for housing purchases. Yet, every spasm of new stimulus
seems less and less effective in boosting the economy. So most likely,
China is sinking into a deflationary recession that’s increasing in
speed and may take some time to run its course. Investors have lost
faith in the property market, which alone comprises about 20% of GDP,
when taking into account the entire supply chain, from iron-ore
production to construction to related financial services and appliance
sales. Employment and wage compensation will suffer. Consumption will
continue to suffer. There’s even an outside possibility that China’s
economic miracle could end up in a fiery crash landing, if a surge in
banking-system loan defaults outruns government regulators’ attempt to
contain such a credit crisis and restore financial confidence.
Abaixo dos 80USD/ppb as economias petrolíferas afundam...
O ataque da GALP ao governo tem que ser denunciado! E não vai ser a indigente imprensa indígena a fazê-lo
Oops! Mais um problema para o cheque em branco chamado António Costa:
“...oil exporters are now pulling liquidity out of financial markets rather than putting money in. That could result in higher borrowing costs for governments, companies, and ultimately, consumers as money becomes scarcer.” (1)
Petróleo atinge mínimos de Outubro de 2011
04 Novembro 2014, 09:07 por Jornal de Negócios
Em Londres, o barril de Brent segue uma tendência semelhante, estando a perder 1,46% para 83,54 dólares.
O preço do petróleo continua em queda e já atingiu novos mínimos. O West Texas Intermediate, negociado em Nova Iorque, e em queda há quatro sessões consecutivas, atingiu esta manhã o valor mais baixo desde 5 de Outubro de 2011, ao negociar nos 77,20 dólares por barril. O WTI segue agora a perder 1,57% para negociar nos 77,54 dólares por barril.
Independentemente dos jogos envolvidos nesta baixa do preço do crude, que a Arábia Saudita passará a vender mais barato nos EUA, e mais caro na Europa (!), a principal consequência, que terá efeitos significativos no sistema financeiro mundial, é o abrandamento da exportação de petrodólares para a especulação financeira (bolsas começam a cair por todo o lado) e para o financiamento necrófago dos governos e bancos sobreendividados. Ou seja, haverá menos dinheiro real e, provavelmente, mais dinheiro virtual, ou seja, mais dívida criada a partir dos bancos centrais...
Consequência desta queda do preço do crude para valores tendencialmente abaixo dos 80USD/ppb, ou seja, para o limiar da sustentabilidade financeira e política das monoculturas petrolíferas: menos petrodólares a circular nos mercados financeiros regulares e especulativos e um provável aumento das taxas de juro, ou seja, maiores dificuldades no acesso ao crédito. Os países com pesadas faturas de importação de petróleo e gás natural poderão, entretanto, beneficiar desta conjuntura, para a qual aliás contribuiram ao diminuirem a atividade económica e o consumo. Mas para isso terão que ter mão dura nos rendeiros e crápulas dos oligopólios da especulação energética. No caso português, o circo está aliás montado. Esperemos que Passos Coelho e Moreira da Silva não poupem o corticeiro e seus vassalos partidários e da comunicação social nesta guerra que vai durar mais de um semestre, ou até mais de um ano! Já agora, perguntem ao pascácio do PS o que pensa sobre este assunto.
Alguns governos, como o Japão, preparam-se para um hara-kiri soberano. Esperemos, ao menos, que sirva de vacina à pseudo esquerda europeia.
No fim de contas, a realidade é esta e é simples: o mundo está metido num ciclo recessivo prolongado, e o preço do petróleo —em geral o preço das matérias primas— vai continuar a oscilar abruptamente com as recessões sucessivas que temos pela frente.
Prioridades para Portugal: pagar as dívidas, mas mais devagar e com taxas de juro menos onerosas; reduzir as funções do estado ao que é essencial (nomeadamente reduzindo a metade o número de municípios); atacar os privilégios e os custos da partidocracia, do neocorporativismo e do capital rendeiro aninhados no Orçamento de Estado e na expropriação fiscal criminosa de 10 milhões de portugueses; liberalizar até à escala individual/familiar a produção/consmo de energias alternativas, nomeadamente biomassa, solar e eólica; impor administrativamente e pela via fiscal o transporte público movido a eletricidade nas cidades-região de Lisboa, Porto e Coimbra-Aveiro, com penalização agravada do transporte privado individual em veículos movidos a gasolina/gasóleo em todos os centros urbanos; estabelecimento de metas claras e próximas para a eficiência energética do país, a começar por todo o parque de edifícios públicos existente, bem como para a redução da intensidade energética da nossa economia; ampliar a economia digital e a telepresença social.
Poderemos travar a cleptocracia que nos arruinou? Poder, Podemos!
Two years ago, in hushed tones at first, then ever louder, the financial world began discussing that which shall never be discussed in polite company - the end of the system that according to many has framed and facilitated the US Dollar's reserve currency status: the Petrodollar, or the world in which oil export countries would recycle the dollars they received in exchange for their oil exports, by purchasing more USD-denominated assets, boosting the financial strength of the reserve currency, leading to even higher asset prices and even more USD-denominated purchases, and so forth, in a virtuous (especially if one held US-denominated assets and printed US currency) loop.
The main thrust for this shift away from the USD, if primarily in the non-mainstream media, was that with Russia and China, as well as the rest of the BRIC nations, increasingly seeking to distance themselves from the US-led, "developed world" status quo spearheaded by the IMF, global trade would increasingly take place through bilateral arrangements which bypass the (Petro)dollar entirely. And sure enough, this has certainly been taking place, as first Russia and China, together with Iran, and ever more developing nations, have transacted among each other, bypassing the USD entirely, instead engaging in bilateral trade arrangements, leading to, among other thing, such discussions as, in today's FT, why China's Renminbi offshore market has gone from nothing to billions in a short space of time.
And yet, few would have believed that the Petrodollar did indeed quietly die, although ironically, without much input from either Russia or China, and paradoxically, mostly as a result of the actions of none other than the Fed itself, with its strong dollar policy, and to a lesser extent Saudi Arabia too, which by glutting the world with crude, first intended to crush Putin, and subsequently, to take out the US crude cost-curve, may have Plaxico'ed both itself, and its closest Petrodollar trading partner, the US of A.
As Reuters reports, for the first time in almost two decades, energy-exporting countries are set to pull their "petrodollars" out of world markets this year, citing a study by BNP Paribas (more details below). Basically, the Petrodollar, long serving as the US leverage to encourage and facilitate USD recycling, and a steady reinvestment in US-denominated assets by the Oil exporting nations, and thus a means to steadily increase the nominal price of all USD-priced assets, just drove itself into irrelevance.
The International Monetary Fund has urged the European Central Bank to consider cutting interest rates to below zero as it warned that deflation in the eurozone was a key new risk facing the world economy.
In its assessment of global prospects published ahead of the meeting of G20 finance ministers in Sydney, the IMF said recovery from the deep global recession had been disappointingly weak and urged stronger co-operation between developed and developing countries to promote growth and financial stability.
"A new risk stems from very low inflation in the euro area, where long-term inflation expectations might drift down, raising deflation risks in the event of a serious adverse shock to activity," the Fund said.
A demagogia da 'esquerda' oportunista e desmiolada que temos perdeu o
pé.
Na medida em que a monetização da dívida europeia acelera, o que teremos, em suma, é a famosa reestruturação das dívidas soberanas tão do agrado da burocracia partidária que fede por toda a Europa, embora não exatamente como gostariam.
Já toda a gente sabe que os estímulos financeiros, e agora a descarada súplica da chefe do FMI para que os bancos centrais reinflacionem as economias, não tem qualquer efeito na resolução da profunda recessão global —oficialmente reconhecida por Lagarde—, salvo no prolongamento da agonia que o sobreendividamento provoca, e ainda na pseudo socialização forçada da riqueza material das pessoas e das empresas através da destruição completa das poupanças e dos rendimentos de capital —seja pela destruição das taxas de juro, seja pelo fascismo fiscal que medra por toda a parte. Quererão o PS, o PCP e o Bloco, expropriação da propriedade privada mais descarada do que esta?
Os gráficos são consistentes: destruir as taxas de juro de referência não levou, até hoje, dinheiro à economia, seja nos Estados Unidos, seja na Europa. Esta política financeira desesperada serve apenas para manter os bancos centrais e os governos em unidades de suporte de vida. Entretanto, as depressões e os suicídios aumentaram exponencialmente entre os banqueiros. E o emprego continua encalhado no chamado 'estado social', cujos serviços de dívida não param de aumentar e vão conhecer em breve novos episódios, nomeadamente em França e no Reino Unido.
Antes e depois das eleições europeias iremos assistir a um novo ciclo de afluência monetária destinado a proteger, in extremis, os regimes políticos, democráticos ou não, das múltiplas rebeliões em formação, ou que já tomaram as ruas de muitas cidades por esse mundo fora. Pode até acontecer que o Quantitative Easing seja uma forma de Jubileu, ou seja, uma forma sofisticada de anulação recíprocas das dívidas, públicas e externas. Mas se esta foi a intenção, pode ter chegado tarde demais.
Neste campeonato cada vez mais exigente o PS e a 'esquerda' em geral ficaram, de repente, descalços.
With the world (or mostly the Japanese) front-running Draghi's ever-increasing threat of QE in Europe, Spanish and Italian government bond yields have reached levels commensurate with insanity compared to their risk (event and macro). Lower rates are great news right? They encourage growth... as the cost of borrowing drops across the nation's capital assets and the phoenix rises from the flames. Well - as the following 2 charts show - no! The lower rates are not 'trickling down' to real loans and loan creation continues to contract.
Comentário oportuno e certeiro recebido por email (07/05/2014 19:14)
"Tudo o que a esquerda pediu foi dado pela eurocracia:
1. eurobonds = bce compromete-se a comprar dívida no mercado secundário no caso dos Estados não honrarem as suas obrigações.
2. restruturação da dívida = bce reduz taxa de juro (quase zero), o que permite que os empréstimos de especuladores e bancos, aos Estados, sejam feitos com dinheiro barato e "bons negócios" se façam com juros entre 1 a 4% a pagar pelos Estados.
3. Plano Marshal e relançamento do crescimento = quantitative easing assumido há pouco mais de um mês pelo Draghi.
Em suma, a eurocracia e os grandes bancos q controlam o bce, enganaram os eleitorados do norte e deram ao sul tudo o que é preciso para controlar a dívida e reduzir a austeridade."
Ou seja, Seguro fica a falar sozinho, ou melhor, com o PCP e o Bloco. Três partidos populistas a ver navios. Ainda não perceberam que a receita do Capitalismo de Estado já foi absorvida inteiramente pela grande burguesia! OAM
Réplica recebida por email (07/05/2014 22:14):
Meu caro Desculpe lá, mas o seu leitor faz uma série de confusões, e algumas grosseiras.
1º Comprar dívida pública no mercado secundário foi assumido pelo BCE em 2012, através das OMT, e na sequência do anúncio ( Mário Draghi) de que o BCE faria tudo o que fosse preciso para defender o Euro. Foi uma decisão que mudou a luta entre o Dólar e o Euro. Foi um anúncio decisivo no pior período da crise das dívidas soberanas ( 2011/2012). Isto nada tem a ver com Eurobonds. Estas são uma mutualização da dívida pelos vários membros do Euro, e destinavam-se a financiar directamente os governos em dificuldades. Felizmente nunca foram levadas a sério, pois só serviriam para precipitar a crise dentro do Projeto Europeu. E não haveria unanimidade entre os membros do Euro.
2º Reestruturação da dívida vai acontecer com a descida das taxas de juro?
Mas elas estão baixas ( 0,25%) para empréstimos à banca, desde finais de 2011 e princípios de 2012, e o BCE emprestou através das LTRO ( long term refinancing operations) a 3 anos mais de 1 trilião de Euros à banca comercial europeia, para combater a falta de liquidez e ausência de mercado interbancário. O BCE fez isso para combater a fragmentação financeira ( diferenças nos vários mercados financeiros entre países do centro da Europa e da periferia, sobretudo). Mas não foi por isso que a banca começou a emprestar mais às empresas dos países da periferia. E não foram as LTRO que melhoraram o financiamento dos bancos nacionais aos seus governos. Os bancos continuaram a comprar dívida dos seus países aos preços especulativos.
3º Plano Marshall e relançamento do crescimento= quantitative easing assumido pelo BCE recentemente? Mas que grande confusão para aí vai!!! Vamos ser um pouco mais sérios.
O pano de fundo nesta altura é uma guerra cambial que está lançada, em que a Europa está a ver os navios a passarem, isto é, o Japão a procurar desvalorizar, o Reino Unido a fazer o mesmo, juntamente com outras economias, enquanto a Europa não tem capa cidade de reação. Hoje o Euro está a quase 1,4 dólares, o que é uma ameaça à competitividade da economia europeia. E isto preocupa o BCE( Mário Draghi). O BCE vai possivelmente baixar ainda mais(!) a sua taxa de referência, e comprar dívida pública aos bancos e seguradoras com a finalidade diz ele, de combater a deflação. Será uma QE a exemplo da Reserva Federal dos EUA, mas daí a falar-se em monetização da dívida é um passo de pura fantasia! Vamos ver no que dá a nova fase da avaliação bancária no quadro da preparação da União Bancária. Esse vai ser o "este da Barata" sobre a real situação do sistema bancário, e sobre a determinação em liquidar os bancos que não estejam em condições.
Meu caro. A Europa vai agora entrar numa nova fase da crise. Não na solução da crise. Não se entusiasme. A Esquerda não obteve nada do que diz que pediu.
O Sr. Mário Draghi salvou o Euro no momento em que ele ameaçava colapsar por pressão sobretudo das agências de rating, mas o BCE não resolveu a crise europeia nas suas raízes. O mesmo acontece com os bancos centrais doutros países. Nada de novo, e os próximos tempos vão mostrar isso mesmo. É uma questão de tempo.
Gostava que a realidade fosse como o eu leitor referiu. Mas ela é muito diferente.
Abraço,
VL
Eu diria 1) que o primeiro comentário é substancial, quer dizer, o que a 'esquerda' pediu, tentando faturar a impossibilidade dos liberais acudirem às exigências, realizou-se 'por outros meios', como diria Lenine: a política é a continuação da guerra por outros meios e que 2) a resposta ao comentário é sobretudo formal, e peca pelo mesmo vício de toda a 'esquerda' que recomenda à Europa que corra com os lémures americano, japonês e chinês, na mesma guerra cambial e se atire como aqueles para o precipício das taxas de juro negativas.
Os EUA jogaram contra a Europa uma guerra financeira suja, E depois ousaram desestabilizar militarmente todo o continente e empurrar o mundo para uma nova guerra fria. Perderam ambas as guerras, felizmente! E não foi a 'esquerda', certamente a 'esquerda' soarista babada com Obama, que contribuiu para resistir ao imperialismo moribundo de Washington. Por outro lado, Cavaco e Barroso são, na realidade, dois oportunistas nada patrióticos, sempre a venderem o país aos piratas americanos por um prato de gambas! OAM
ÚLTIMA HORA (5 de junho 2014 19:57)
Clicar para ampliar
Há cerca de um mês (neste post, de 7 de maio) anunciámos o que hoje Mario Draghi anunciou: vai penalizar os depósitos que os bancos fizerem no BCE e vai continuar a emprestar aos mesmos bancos a juros próximos de zero (na realidade são juros negativos!)
In a groundbreaking policy move for a major central bank, the European
Central Bank is widely expected to introduce negative deposit rates at
Thursday’s meeting. UPDATE: The ECB cut its deposit rate to -0.1%.
[...]
Most economists think the ECB’s primary aim in introducing negative
rates is to drive down the value of the euro. ECB President Mario Draghi
has argued the currency is too strong and has pushed euro-zone
inflation down to levels where descent into a deflationary spiral
becomes a risk.
ECB President Mario Draghi reduced the deposit rate to minus 0.10
percent from zero, making the institution the world’s first major
central bank to use a negative rate. Policy makers also lowered the
benchmark rate to 0.15 percent from 0.25 percent. Draghi will hold a
press conference at 2:30 p.m. in Frankfurt — in Draghi Takes ECB Deposit Rate Negative in Historic Move
Between Eurostat's lengthy forecasts, the press release, and Draghi's
droning on... it's easy to get lost in what was delivered, what was
promised, and what it means... here is the ultimate ECb announcement
cheat sheet. Simply put, Draghi does not have many options left — in Draghi's Action Plan Cheat Sheet: "Not Many Options Left"
O corte na taxa de juro de referência do euro para 0,15%, anunciado
esta quinta-feira pelo Banco Central Europeu (BCE), foi o sexto da era
de Mario Draghi à frente da autoridade monetária.
Uma descida que
deixa o preço do dinheiro da Zona Euro muito perto de zero e o valor da
taxa dos depósitos em terreno negativo, com as duas taxas em mínimos
históricos.
A era pós-industrial está a transformar-se num pesadelo
1415-2015: uma era que chega ao fim
Começa a ser tempo de sabermos a verdade. Apesar do declínio demográfico português, a população mundial vai continuar a crescer até 2050, dos atuais sete mil milhões de almas, para mais de nove mil milhões, ou seja, somaremos à população que hoje somos, até 2050, o equivalente à população mundial de 1927.
Sabe-se que não é possível aumentar significativamente a produção de petróleo (1), gás natural e carvão, e que a simples manutenção dos atuais níveis de produção está a revelar-se cada vez mais difícil e dispendiosa, por efeito da degradação rápida do chamado EROEI (Energy Return On Energy Investment). Os países exportadores exportam cada vez menos, também porque consomem mais, e os países importadores têm cada menos meios financeiros para importar o petróleo, gás natural e carvão de que necessitam para manter as suas economias a funcionar. As balanças comerciais dos importadores de combustíveis fósseis têm vindo a deteriorar-se e o seu endividamento é cada vez mais dramático.
A tendência para o endividamento é geral
Vamos, pois, ter que alimentar, vestir, abrigar, transportar e prestar serviços de educação, saúde e assistência social, entre outros, a mais cerca de sessenta milhões de pessoas por ano até 2050. Será o mesmo que vermos nascer anualmente uma nova Itália, mas sem mais território, nem mais recursos energéticos, minerais e alimentares suficientes para suportar qualquer incremento real do chamado produto interno bruto das economias.
A energia fóssil que permitiu transformar radicalmente a civilização nos últimos duzentos anos —carvão, petróleo e gás natural— entrou num patamar de estagnação relativa, e deverá começar a declinar depois de 2015, acelerando dramaticamente o movimento de queda lá para 2030-2040 (2).
Mesmo sem aumentarmos o consumo destas fontes de energia —o que significará inexoravelmente uma qualquer forma de racionamento energético, dado o crescimento demográfico em curso— todos os estudos sérios apontam para o colapso destes motores da civilização moderna e contemporânea até ao fim deste século.
E o entanto os efeitos desta escassez anteciparam-se às previsões dessa ciência oculta a que chamam economia! O endividamento disfarçado das nações acumulou desequilíbrios que acabariam por atirar o mundo inteiro para um gravíssimo problema financeiro, económico, social e político desde 2008. A maioria das economias nacionais e regionais já está ou caminha para espirais recessivas de que dificilmente sairá, salvo por breves períodos de alívio. O tempo dos estímulos puramente financeiros, assentes no consumo, na criação fictícia de massa monetária e na especulação, ou seja, no endividamento público e privado dos povos, terminou. Já nem a China se livra dos efeitos desta mistificação económica.
A China não pode crescer sem ameaçar as reservas mundiais de carvão e petróleo, e vive, como se vê neste gráfico, imersa em bolhas keynesianas típicas
Estamos, como se pode imaginar, metidos num imenso sarilho. Em breve perceberemos que o discurso do crescimento morreu, que o empobrecimento veio para ficar, que o risco de implosão social é muito sério, que o colapso das classes médias está em marcha, que o sistemas financeiro global está preso por fios cada vez mais frágeis, que o perigo de um fascismo fiscal espreita as democracias, que estas, por sua vez, estão estruturalmente ameaçadas, e que, em suma, ou descobrimos uma maneira ordenada de fechar esta era de desperdício e insustentabilidade, ou a transição civilizacional mergulhará povos, nações, países, regiões inteiras numa espiral de caos e destruição violentos.
Até ao aparecimento da máquina a vapor o desenvolvimento económico, social e cultural dos povos mais avançados do planeta fez-se à custa da tração animal e da escravatura (foram essas as suas energias motrizes!) As taxas anuais de crescimento andaram então sempre entre 0% e 1%, sucedendo-se, todavia, eras inflacionistas sempre que a procura agregada de produtos crescia mais depressa do que a oferta [D. H. Fischer]. Só depois da introdução em massa dos combustíveis fósseis no desenvolvimento da economia e da tecnologia é que o crescimento mundial chegaria à média dos 3% (com picos geográficos, sempre temporários, na ordem dos dois dígitos). No estado a que chegámos, se o crescimento mundial conseguir um patamar dinâmico na ordem dos 1% até ao fim deste século já seria extraordinário.
Para alcançar tão ambiciosa meta —a alternativa a isto chama-se estagflação— teremos ainda que descobrir um caminho credível e exequível para as chamadas sociedades de transição. E temos que colaborar todos —à escala planetária—numa melhor repartição e uso dos recursos disponíveis, em vez de nos envolvermos numa guerra sem fim pelo último atum, pelo último barril de petróleo, pelo último ribeiro de água fresca, pela última nesga de ar puro. O desafio é ciclópico, mas é também uma gigantesca oportunidade para a imaginação e criatividade da raça humana.
Precisamos de nos preparar para uma verdadeira metamorfose cultural, deixando para trás as dicotomias felizes da ideologia moderna. Em 1983 lancei, com um grupo de artistas, entre os quais, pintores, arquitetos, músicos, encenadores e desenhadores moda, um grande evento cultural a que demos o título DEPOIS DO MODERNISMO. Foi há trinta anos, mas não andámos longe da realidade!
NOTAS
Experimentem escrever na janela dum buscador
(Google, DuckDuckGo, etc.) assaltos+bombas+gasolina. Numa pesquisa agora
mesmo feita no Google obtive 374 mil resultados! Esta é a dimensão mais evidente de uma realidade chamada Pico do Petróleo. Perguntem às cartomantes da economia o que é isto. Tenho a certeza que meterão os pés pelas mãos.
Sem petróleo, ou com este a preço de ouro, a civilização moderna
colapsa — pura e simplesmente! Acima dos 100 dólares o barril, durante 6
meses ou mais, a economia mundial entra em recessão. Acima dos 140
dólares —preço de ouro— a economia mundial colapsa, pura e simplesmente,
como ocorreu entre agosto e setembro de 2008. Reparem no gráfico do preço do Brent desde 2002.
Para os mais interessados neste tema vale mesmo a pena assistir em diferido ao seminário promovido em Estocolmo, em novembro de 2012, sobre os dados mais recentes relativos ao pico do petróleo e suas consequências no preço dos combustíveis, a par dos impactos inflacionistas no resto da economia, por efeito do chamado Energy Return On Energy Investment (EROEI).
Peak Oil Postponed? – Seminar at the think tank Global Challenge in Stockholm Sweden (7 nov 2012)
Professor Kjell Aleklett speaks of the Peak Oil phenomenon at a seminar arranged by think tank Global Challenge in Stockholm. Eva Alfredsson opens the "Peak Oil Postponed?" seminar.
Peak Oil Postponed? — Professor Charles A. S. Hall speaks of his concept "Energy Return on Investment" (EROI) at a seminar arranged by think tank Global Challenge in Stockholm.
Biophysical Economics - Professor Charles A.S. Hall
Discussion on Peak Oil with Professors Kjell Aleklett and Charles A. S. Hall moderated by Anders Wijkman.
ÚLTIMA HORA
China ultrapassa EUA e torna-se no maior importador de petróleo do mundo
Os EUA lideravam o “ranking” dos países importadores de petróleo desde 1970. Em Dezembro de 2012, as importações líquidas de crude caíram para os 5,98 milhões de barris por dia, igualando valores de 1992. No mesmo mês, as importações líquidas chinesas cresceram para os 6,12 milhões de barris por dia, segundo a alfândega do país — inJornal de Negócios, 04 março 2013; 14:47.
Esta notícia é importante.
Por um lado, porque as duas maiores economias do mundo só poderão sobreviver como tais se importarem mais de 12 milhões de barris de petróleo por dia (a produção mundial total de petróleo convencional não supera os 80 milhões bpd), e por outro, porque os dois maiores exportadores de crude do planeta, Arábia Saudita e Rússia, vendem pouco mais de 15 milhões bpd e tenderão a exportar menos a cada ano que passa...
Irão, Emiratos Árabes Unidos, Nigéria e Kuwait exportam, cada um, pouco mais de 2Mbpd, e cada um dos restantes exportadores tem menos de 2Mbpd para vender.
Segundo estatísticas da BP, em 2005 exportaram-se 47,9Mbpd, mas em 2010 este número tinha baixado para 43,8Mbpd.
A terceira guerra mundial vai, pois, ter a mesma espoleta das anteriores —o petróleo— a menos que os países da Lusofonia consigam propor e fazer vingar uma espécie de Novo Tratado de Tordesilhas sobre a repartição ponderada dos recursos vitais da atual civilização industrial e tecnológica, entre o Ocidente e o Oriente.
Vejam o meu mapa sobre este assunto (é essencial ir aos zooms....)
Os números que se seguem sobre as importações portuguesas de petróleo são meramente indicativos, pois a informação indígena a este respeito (como noutros temas cruciais) é tudo menos clara e fiável...
Grosso modo podemos dizer que não passamos sem importar à volta de 260 mil barris de petróleo por dia, ou seja, uns 95 milhões de barris/ano.
Aos preços de hoje isto significa que a nossa fatura petrolífera é de 8 mil milhões de euros/ano!
Uma metodologia para trabalharmos na transição da economia portuguesa para a era pós-industrial e pós-petrolífera seria começar por cortar as importações de petróleo em 2% ao ano (taxa de exaustão do crude disponível no planeta) de aqui em diante! Em 2013, menos 160 milhões de euros de importações, etc...
Com esta equação na cabeça é possível caminharmos solidariamente para uma sociedade de transição. Doutra forma será o caos político permanente e um desastre económico e social com data marcada :(
MAIS DADOS PARA PENSAR, E SOBRETUDO AGIR!
A subida do preço do petróleo desde 1998 (ver este gráfico interativo) para cá implicou a maior transferência de sempre de riqueza da Europa para os países produtores de petróleo (António Costa e Silva/Partex).
Assim sendo, perante a recessão imparável, se há setor obrigado a fazer uma travagem às quatros rodas, é o dos transportes, começando desde logo pelo transporte aéreo, seguido pelo rodoviário.
A União Europeia é hoje o segundo maior consumidor e o segundo maior importador de petróleo do planeta. No entanto, o consumo e as importações têm vindo a decair desde 2008. Pelo contrário, os países exportadores têm vindo a consumir mais e portanto a exportar menos. Se querem perceber a principal casa da recessão europeia e americana, aqui vai: menos consumo de energia oriunda do petróleo!
Veja-se (neste gráfico) o que vai acontecer em breve ao transporte aéreo, e porque ninguém quis comprar a TAP :(
Repare-se ainda (nesta listagem) como o consumo de petróleo perdeu elasticidade e a sua mais equilibrada distribuição regional prejudicou claramente os consumos de crude nos EUA e ainda mais na União Europeia...
Factual data point after factual data point is indicating more than a little stress in the Chinese economy (and the Asian engine of growth in general). Whether it is bank loan losses escalating, shadow-banking stress, real-estate corruption, dismal retail spending, the shrinking textile industry, the artificial production in the crushingly slow metals industry , the construction industry’s contraction, or the massive ‘50%-above-demand’ channel-stuffing now occurring in the Chinese auto market, Diapason Commodity’s Sean Corrigan succinctly notes: “China bulls will not heed any of this, of course, for they are prisoners of the nested illusion that all increases in outlay represent genuine growth (cf, Occidental property bubbles) and that higher growth must imply greater profitability. They will also argue, on any uptick in the macro numbers, that the worst is not only behind us, but that it has been more than fully priced in.” Given a picture paints a thousand words, Asian trade volumes have ended their rebound and are exhausted.
Salvo no desporto olímpico, parece que o Milagre Chinês está a revelar-se mais um balão cheio de ar :(
Eu estive três vezes na China desde 1999, e a verdade é que tendo eu um fraquinho pelo país (nasci em Macau, noblesse oblige), não posso deixar de constatar que as notícias que reiteradamente me chegam daquelas paragens são cada vez menos animadoras :(
Num certo sentido, o crescimento tumultuoso da China tem dois pontos em comum com as bolhas de desenvolvimento frágil ocorridas, por exemplo, na Espanha e nos Emiratos Árabes Unidos: inundações de capital barato (oriundo de exportações, de investimento especulativo e/ou de fundos comunitários) e trabalho barato (no caso dos Emiratos, a mão-de-obra sobre-explorada e sem direitos veio/vem da Índia e sobretudo do Paquistão; no caso da Espanha, veio das antigas colónias americanas e do Magrebe; e no caso da China, veio e vem das suas províncias rurais interiores).
Como todas estas economias dependeram e dependem de exportações baratas e raramente criativas (manufacturas, serviços e matérias primas) para o Ocidente, a inversão agora verificada dos ritmos de expansão destes milagres económicos encontra-se estreitamente correlacionada com o colapso em curso das economias, do sistema financeiro e das sociedades afluentes e consumistas do Ocidente.
Se os especuladores pensavam poder deixar a América e a Europa em chamas e abrir novos paraísos de corrupção na Ásia, enganaram-se!
A imprensa e a
televisão portuguesas passaram toda a conferência do novo senhor BCE à
mesa de uma caldeirada! Não viram, não ouviram, não sabem! Que desgraça
:(
Mas o super Mário, afinal, frustrou (ainda bem) as
expectativas monetaristas de Londres, de Nova Iorque, dos especuladores e piratas que não desistem de deitar a mão à poupança mundial, e ainda das burocracias e nomenclaturas rendeiras da Europa — nomeadamente a portuguesa, do senhor Mexia ao senhor Sampaio!
“Turning to fiscal policies, all euro area governments need to show their inflexible determination to fully honour their own individual sovereign signature as a key element in ensuring financial stability in the euro area as a whole. The Governing Council takes note of the fiscal commitments expressed in the Euro Summit statement of 26 October 2011 and urges all governments to implement fully and as quickly as possible the measures necessary to achieve fiscal consolidation and sustainable pension systems, as well as to improve governance. The governments of countries under joint EU-IMF adjustment programmes and those of countries that are particularly vulnerable should stand ready to take any additional measures that become necessary.
It is crucial that fiscal consolidation and structural reforms go hand in hand to strengthen confidence, growth prospects and job creation. The Governing Council therefore calls upon all euro area governments to accelerate, urgently, the implementation of substantial and comprehensive structural reforms. This will help the euro area countries to strengthen competitiveness, increase the flexibility of their economies and enhance their longer-term growth potential. In this respect, labour market reforms are essential and should focus on measures to remove rigidities and to enhance wage flexibility, so that wages and working conditions can be tailored to the specific needs of firms. More generally, in these demanding times, moderation is of the essence in terms of both profit margins and wages. These measures should be accompanied by structural reforms that increase competition in product markets, particularly in services – including the liberalisation of closed professions – and, where appropriate, the privatisation of services currently provided by the public sector.”
O BCE não será, para já, o lender of last resort dos filhos pródigos da Europa e dos piratas que a rodeiam. Ou seja, o BCE não irá por enquanto carregar na tecla electrónica mágica que cria dinheiro do nada, para remunerar especuladores à custa da destruição maciça das poupanças de quem poupou: empresas e pessoas. Quem andou distraído, a vadiar ou a estourar heranças, que acorde e comece a trabalhar e poupar!
Isto significa, no caso dos Estados sobre endividados, como o português, uma coisa muito simples: avaliar o preço justo do nosso bem estar social, e adequar este bem estar às nossas possibilidades.
Mas para aqui chegarmos será irremediavelmente necessário separarmos democraticamente aquilo que só o Estado pode e deve fazer (bem e administrando os recursos com transparência e racionalidade) de tudo o resto, nomeadamente do que podemos fazer melhor e mais barato recorrendo a empreendedores, a empresas privadas, a cooperativas, fundações e associações não lucrativas, e ainda às redes sociais tecnológicas.
Esta separação vai ser dolorosa, em particular por causa das enormes resistências que todo o tipo de corporações e burocracias instaladas há décadas no conforto da coisa pública garantida irão opor à mudança.
Mas esta mudança necessária e inevitável terá que ser transparente, negociada e vigiada por todos, para que ninguém saia injustamente prejudicado, ou alegremente beneficiado. Precisamos, pois, de mais democracia para não falhar! As redes sociais e aquilo que há anos chamo democracia electrónica pode desempenhar aqui e agora um papel crucial nesta batalha por uma sociedade mais produtiva, justa e solidária.
Ainda não tomou posse, mas os sinais dados por Barak Obama são claros: não irá permitir que a China, e muito menos a Rússia, explorem para lá dos limites do razoável o actual estado de fraqueza do seu país. A águia americana reduzirá os seus voos altivos, mas não descuidará nenhum dos seus flancos estratégicos. Decidiu finalmente cuidar das feridas. Mas decidiu também que não perderá protagonismo, nem deixará de marcar pela positiva algumas das agendas mundiais mais importantes.
O discurso dirigido este Sábado pelo presidente eleito dos Estados Unidos ao seu país e ao mundo, via YouTube, é um desses documentos preciosos da futura história política do século 21 e da resposta dada aos tremendos desafios com que se deparou e afligiu.
Na substância, o anúncio de Obama irá comprometer a mais diversificada, trabalhadora e criativa nação do planeta no inimaginável esforço de recuperar a economia real dos Estados Unidos ao longo dos próximos quatro anos.
As três prioridades não negociáveis do seu discurso —
eficiência energética,
educação tecnologicamente avançada,
e renovação das infraestruturas degradadas (a começar pelas escolas e estradas municipais)
— irão abrandar fortemente a suicida exportação de recursos financeiros e conhecimento para fora do país, posta em prática desde a década de 1970, em nome de uma produtividade ilusória, cujos efeitos acumulados acabariam por dar no desastre actual.
Uma mais apertada regulação dos mercados e instituições financeiras é praticamente inevitável para atingir o desiderato definido por Obama. Do controlo mais apertado destas porcas do sistema, advirá uma segunda consequência, que ainda ninguém quer discutir, mas que a seu tempo abrirá os telejornais e as cachas da nossa desmiolada "comunicação social". Refiro-me à necessidade de redesenhar os equilíbrios (ou melhor, desequilíbrios) do comércio mundial. A OMC (ou WTO) irá sofrer uma reforma inevitável. A globalização, em suma, será objecto de ajustamentos dramáticos, tendo em vista, por um lado, acomodar os impactos na economia mundial de potências emergentes onde não predominam propriamente regras de transparência e accountability, e por outro, alterar radicalmente a perspectiva neocolonialista e imperialista que tem orientado a imposição dos termos de troca à escala planetária por parte dos países industrializados do G7.
No século 15, portugueses e castelhanos negociaram um célebre Tratado de Tordesilhas para evitarem disputas desnecessárias, e sobretudo ruinosas, entre os dois países. Era o início das grandes descobertas que levariam ao mapeamento integral do mundo. Foi o tempo da novidade e da disponibilidade absoluta do Outro. Camões eternizou o momento nos Lusíadas, ao pintar a Ilha dos Amores com estas cores:
«Sigamos estas Deusas e vejamos Se fantásticas são, se verdadeiras.» Isto dito, veloces mais que gamos, Se lançam a correr pelas ribeiras. Fugindo as Ninfas vão por entre os ramos, Mas, mais industriosas que ligeiras, Pouco e pouco, sorrindo e gritos dando, Se deixam ir dos galgos alcançando.
Os tempos de hoje são infelizmente muito diferentes. São tempos de desgaste, escassez, poluição, ganância sem regra e assimetrias extremas. E os protagonistas de uma nova partilha da Terra, certamente mais do que dois!
Ainda que possamos imaginar uma grande metade Ocidental, e outra Oriental, a verdade é que boa parte dos recursos naturais e tecnológicos se conservam na metade Ocidental do planeta (no continente americano, em África e na Europa). O Atlântico, o Mediterrâneo, os mares interiores da Europa e a Passagem do Noroeste alinham-se sob uma única e vasta aliança potencial. Não tardará muito que a China acabe por empurrar a Rússia para os braços da Europa Ocidental. Mas há uma realidade dramática de que não podemos fugir: 60% da população mundial vive na Ásia! E boa parte das reservas petrolíferas mundiais situam-se nas juntas entre a Ásia, a Europa e África, isto é, no explosivo Médio Oriente, onde o conflito Israel-Árabe vem desempenhando desde 1917 (Balfour Declaration) a função de uma verdadeira válvula de escape das tensões geo-estratégicas que se jogaram ao longo de todo o século 20 em volta das principais reservas mundiais de petróleo.
A haver uma nova Tordesilhas, que a sobrevivência dos Estados Unidos e da Europa a prazo exige, será seguramente um bordado bem mais complexo que a linha situada algures a 370 léguas do arquipélago de Cabo Verde. Mas duma coisa estou certo: o discurso de Obama emitido pelo YouTube este Sábado, que não entusiasmará Wall Street, vai abrir a discussão sobre o futuro imediato da globalização.
No que toca à União Europeia, que pelos vistos continua a navegar nos mares alterados do mais imbecil oportunismo, poucas alternativas haverá que não passem por ouvir e seguir Obama. O novo senhor da América tem uma visão amadurecida dos problemas, e sobretudo das soluções. Por outro lado, a sua campanha presidencial fez emergir de forma definitiva a Internet (ver o canal Change.gov) como meio insubstituível da interacção democrática na era pós televisiva. Se mantiver o rumo até agora traçado —eficiência energética, educação avançada, e renovação das infraestruturas— , a Europa não poderá se não segui-lo. Mudando o que há mudar, claro!
PS: O Blogger acaba de implementar um widget (no canto superior direito deste blogue), chamado Seguidores, o qual dá visibilidade aos meus leitores frequentes. Para fazer parte deste mini clube de fãs é no entanto necessário abrir uma conta no Gmail. A decisão é vossa. Bem-vindos ;-)
Synthetic CDO that fails in subprime securitization
We had to nationalise the banks “to preserve the free market.” -- George W. Bush
"It's very simple: we sink together or we swim together.
"I very much hope that China can make an important contribution to the solution to the financial crisis. It's a great opportunity for China to show a sense of responsibility."-- José Manuel Barroso.
João Cravinho veio de Londres explicar aos indígenas que há toda a conveniência em reunir uma comissão de sábios economistas para lidar com a gravíssima crise financeira e económica que abala o mundo. Falou até no antigo governador do Banco de Portugal e ministro, José da Silva Lopes, como um dos desejáveis protagonistas para liderar o sugerido clube de sábios consultores. Os economistas não se fizeram rogados, pondo-se a disparar pequenas teorias em todos os canais disponíveis, assestando as suas armas analíticas sobre os três pontos da discussão lançados há meses, curiosamente, por Manuela Ferreira Leite, actual líder do PSD que, pelos vistos, incomoda muita gente no Bloco Central.
Os pomos da discussão e da discórdia são estes:
qual a gravidade da crise actual e que impactos tem em Portugal?
deve-se ou não manter o plano de Grandes Obras Públicas (GOP) do PS?
se houver que eliminar ou adiar obras previstas, quais deveriam ficar no tinteiro dos vorazes gabinetes de consultoria e assessoria?
Ao contrário do proverbial e inconsciente optimismo do primeiro ministro, que só há quinze dias ouviu falar de uma crise financeira sistémica mundial, a generalidade dos temerosos economistas portugueses reconhecem que a mesma é muito grave, duradoura e que afectará gravemente as economias americana, europeia e mundial. Embora com inexplicável atraso crítico, lá foram percebendo que os efeitos letais da mesma serão potencialmente devastadores para a economia portuguesa.
É certo que Medina Carreira, Silva Lopes e mais recentemente Luís Campos e Cunha, têm alertado os portugueses para o endividamento do país, contínua perda de competitividade e divergência relativamente à média de desenvolvimento da União Europeia. Mas o que ainda não li de nenhum deles foi uma análise crítica sobre a mudança da qualidade das ameaças que poderão, de facto, empurrar Portugal para uma falência súbita, como as que ocorreram na Islândia e poderão ainda fazer ajoelhar a Ucrânia e o Reino Unido.
Falta de coragem? Não acreditam na hipótese, e preferem badalar a cantilena suicida da robustez do nosso sistema financeiro e bancário? Não sabem que ambos estão há muito falidos? Não temem que o obscuro aval dos 20 mil milhões de euros à banca se transforme a curto prazo num garrote à própria capacidade de endividamento de todo um país, a começar pelo irresponsável Estado?
Relativamente às GOP, defendidas em nome dum Keynesianismo colado com cuspo, por um Sócrates disfarçado de salvador da Pátria, sem pensar um minuto nas despesas sociais associadas, nem nos recursos imprescindíveis a semelhante devaneio populista, alguém leu alguma opinião dos sábios economistas sobre as virtudes dum Estado-betão, falido e sem recursos próprios? Eu só ouvi e li alguns lamentos sobre o preço da coisa! Que é caro. Que talvez seja difícil pedir dinheiro emprestado nas actuais circunstâncias. Ou que deveríamos ponderar com mais cuidado a ideia de atirar as dívidas do passado, do presente e do futuro para os nossos filhos e para os nossos netos. Alguém sabe qual vai ser o preço do dinheiro daqui a um, dois ou três anos?!
Quando chegamos à tesoura dos cortes nas grandes obras, a ignorância dos temas por parte dos economistas é em geral confrangedora.
Quase todos eles gostam de barragens. Porque será? Mero reflexo defensivo? Já pensaram, por acaso, no aproveitamento ridículo que tem sido dado aos inúmeros lençóis de água e albufeiras deste país, por exemplo, na modernização da nossa atrofiada agricultura? Já pensaram que construir dez ou doze novas pequenas barragens apenas aumentará em 3% a produção da energia eléctrica que consumimos anualmente? E que, por outro lado, tais fretes à EDP do Mexia, feitos em nome de um mercado de dívidas em colapso, arruína um precioso capital natural, não deslocável e insubstituível? Já ouviram falar de negaWatts, ou de conceitos como eficiência e produtividade energéticas? Se houver um plano de emergência que passe por recuperar 30% da energia mal consumida e em grande parte importada, e 40% da água potável que se perde na péssima eficiência dos sistemas de distribuição existentes, corrigimos dois problemas cruciais pela raiz, criando ao mesmo tempo conhecimento, emprego e riqueza material. Seria, por si só, uma formidável revolução. Ou se quiserem uma actualização inteligente das teorias de John Maynard Keynes.
Sobre a necessidade de novos aeroportos, novas autoestradas e novas travessias, basta olhar para os números!
As chegadas e partidas de aviões estão a cair consistentemente na Portela, onde sobram centenas de slots vazios (mas não no aeródromo de Tires, onde o corropio de Corporate Jets faria pensar e agir qualquer Estado vigilante e atento ao seu património);
O tráfego automóvel na Ponte 25 de Abril tem vindo a decair nos últimos cinco anos; em contrapartida, a capacidade de transporte ferroviário na mesma ponte, pela Fertagus, está esgotada, por falta de comboios...;
A Volvo viu as encomendas europeias de camiões para o quarto trimestre deste ano decair de 41 970 para 115 unidades (BBC), e a Mercedes anuncia paragem da sua maior fábrica na Alemanha durante o mês de Natal! (Spiegel). Por cá, o número de dias sem produção em Palmela cresce mês a mês e nada garante que o pior não venha a ocorrer no cluster automóvel da Margem Sul;
Finalmente, o TGV: as ligações entre Madrid e Poceirão-Pinhal Novo, bem como entre Vigo e Porto, são os dois únicos investimentos públicos do embrulho GOP que fazem sentido, seja por causa dos compromissos entre Estados, seja sobretudo devido à utilidade imediata de ligar Portugal à nova rede ibérica de Alta Velocidade e Velocidade Elevada assente em carris de "bitola europeia". As novas linhas deverão, porém, e ao contrário dos tresloucados Power Points governamentais, servir para o transporte de pessoas e mercadorias. Pois só assim se rentabilizarão eficazmente os investimentos.
A reintrodução em força do transporte ferroviário de pessoas e bens na União Europeia faz parte da sua urgente agenda de combate ao Aquecimento Global e mitigação da dramática dependência energética da Europa face à Rússia, Médio Oriente e Magrebe. Portugal, um país extremamente dependente das importações de petróleo e gás natural, corre o sério risco de ficar no bolso dos novos sultanatos energéticos, como se tem visto na ascendência crescente de Angola, por exemplo, no nosso sistema bancário. Precisamos, pois, de diminuir dramaticamente a factura petrolífera, estabelecendo vias de transporte rápido e qualificado entre os nossos portos e o resto da Europa. Precisamos, por outro lado, de terminar de uma vez por todas a modernização da Linha do Norte, por forma a deixar o Alfa ligar as duas principais áreas metropolitanas do país em 2 horas; bem como modernizar (electrificar, etc.) as linhas do Oeste, Douro e Beira Alta.
Tudo isto, pensado com pés e cabeça, numa lógica de máxima eficiência energética, seria um desafio suficientemente grande para empregar de forma duradoura e consistente milhares de pessoas neste país. Pelo contrário, aquilo que vemos na propaganda governamental é mais do mesmo: pronto-a-vestir tecnológico importado, importação de mão-de-obra estrangeira, trabalho ilegal e precário, e muita engenharia financeira para disfarçar o endividamento infinito da nossa economia. Como é sabido, este modelo de rapina está esgotado e não será financiado pelos esquemas clandestinos do costume, sobretudo se a Europa tiver (e terá) que incrementar rapidamente o rigor e a transparência das finanças públicas do seus 27 estados membros.
O ano que vem, 2009, vai ser ainda pior do que 2008. E o seguinte, pior ainda. Que mais novos dados serão necessários para dar razão a Manuela Ferreira Leite, quando ela afirma que todos os grandes investimentos devem ser, pura e simplesmente, postos entre parêntesis e submetidos a uma análise custo/benefício à luz da depressão económica mundial que se apresenta diante de todos nós? Acham, como o lunático Prof. da RTP, que a nova líder do PSD tem apenas um problema de linguagem ou de relações públicas? Por favor, digam lá!
Banca: Apesar de a taxa Euribor continuar a descer Prestações sobem até Dezembro
22 Outubro 2008 (Correio da Manhã) -- ...Em Agosto o crédito malparado relativo aos empréstimos aos particulares atingiu os 2,8 mil milhões de euros – o que constitui um recorde absoluto ao nível do incumprimento. Os números do Banco de Portugal mostram que o incumprimento das famílias no pagamento das prestações mensais bateu um novo recorde, tendo crescido 586 milhões face a igual período de 2007. Na prática, o crédito malparado cresceu 1,6 milhões de euros por dia num ano, o que traduz uma subida homóloga de 26,46 por cento (...)
CAIXA JÁ TROCA PRESTAÇÃO POR RENDA NO IMOBILIÁRIO
Apesar de ainda estar a aguardar a publicação do diploma legal que regula o fundo habitacional de arrendamento, criado pelo Governo, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) já oferece como solução aos clientes incumpridores a possibilidade de trocar a prestação do crédito à habitação pela renda. 'Em determinados casos, isso já tem sido feito', admitiu ao CM Paulo Sousa, director de financiamento imobiliário da CGD, adiantando que os processos que estão já em execução 'podem a qualquer momento ser suspensos, se o executor assim o entender'.
A CGD é a primeira a avançar com o fundo. Segundo Paulo Sousa, a diminuição do encargo mensal com o arrendamento da casa 'é bastante superior [a 20%]'. n D.R. (...)
Na habitação, o crédito malparado aumentou 23,6 por cento face a 2007, totalizando agora 1,5 mil milhões de euros (...)
Em termos gerais, o peso do malparado no crédito total concedido pelos bancos continua em 2,1%, uma percentagem que se mantém inalterada desde o último mês de Julho.
A crise que não se deixa administrar
22-10-2008 (Rumores da Crise) -- Os sinais de recessão que assolam o mundo ainda são por conta do peso do setor financeiro no PIB. Apesar das demissões nesse setor, o impacto maior será sentido quando o consumo e os investimentos sentirem toda força da escassez do crédito. Os investimentos serão atingidos duplamente: pela escassez do crédito e pela redução do consumo. É nesse momento que o desemprego atingirá com força a economia real com a redução da produção e o fechamento de fábricas. Parte dos assalariados que continuarão empregados terão seus salários achatados e reduzirão o consumo inibindo mais ainda a produção. Os estados endividados terão dificuldade de executar programas keynesianos sem o risco de uma explosão de preços.
U.S. has plundered world wealth with dollar: China paper
Fri Oct 24, 2008 6:14am EDT -- BEIJING (Reuters) - The United States has plundered global wealth by exploiting the dollar's dominance, and the world urgently needs other currencies to take its place, a leading Chinese state newspaper said on Friday.
The front-page commentary in the overseas edition of the People's Daily said that Asian and European countries should banish the U.S. dollar from their direct trade relations for a start, relying only on their own currencies.
A meeting between Asian and European leaders, starting on Friday in Beijing, presented the perfect opportunity to begin building a new international financial order, the newspaper said.
We had to burn the village to save it
Friday, 17 October 2008 (London Banker) ... The $700 billion appropriated for the Paulson Plan and the $840 billion extended in parallel by the Federal Reserve last month are together more than three times the expenditure on US wars for the past five years. The federal borrowing requirement for 2008 is now in excess of $1.02 trillion, and for 2009 is now estimated between $1.5 and $2 trillion.
Such hyperbolic growth in the fiscal deficit and debt is unsustainable, even with such very tolerant creditors as the Japanese, Gulf Arabs, Russians and Chinese. They can see that each dollar added to the Fed’s balance sheet is tinder for burning those already held or denominated in their reserves. They can project the curve forward. At some point, they must react and restrain further debasement of their reserves and investments, either by collectively raising the prices charged for the resources and products they export, the interest charged on existing and future debt, or the forced exchange of debt for equity ownership of real economic assets. Or all three.
... In my experience, there is nothing so permanent as a temporary expedient. It is hard to see how partially nationlised banks will ever be more than the means of political redistribution of wealth and power, and so corrupt both the economy and political system.
Se o crédito mal-parado a particulares em Portugal, no segmento imobiliário (presume-se que abrangendo não apenas hipotecas de compradores, mas também empréstimos a construtores e promotores) anda pelos 1,5 mil milhões de euros, não chegando por isso a 10% do aval total que José Sócrates quer oferecer aos bancos sediados no nosso país (que já declararam em uníssono estar interessados no bolo!), fica a pergunta: que risco vai então ser coberto pelas restantes 90% do 20 mil milhões de euros? Bom, só pode ser o endividamento anual do país, estimado para 2009 nos tais 10% do PIB, e que a banca precisará de pedir emprestado e emprestar às empresas e sobretudo ao Estado. Mas se é assim, porque anda a imprensa a agitar o espantalho do cidadão que deixou de pagar as prestações da casa, em vez de expor a história dos grandes devedores? E porque há avales para estes e não há avales para os que deixaram de pagar as casas?
As medidas urgentes que foram tomadas em nome do salvamento da banca, e que abrangem, como se viu, o BCP, o BPI, o BES e a Caixa Geral de Depósitos (!), deveriam ter uma correspondência no tratamento do cidadão comum, em vez de atirarem este pobre indefeso às feras leiloeiras da Caixa Geral de Depósitos, por efeito de execuções hipotecarias assassinas! O senhor Sócrates, que enche a boca com declarações hipócritas sobre o bem-estar dos cidadãos e das PMEs, deveria estabelecer imediatamente uma moratória de 6 meses para todos os processos de execução em curso, dando assim aos particulares o mesmo benefício da dúvida que magnanimamente distribuiu pelos piratas da banca virtual.
Temos que exigir equidade ao Governo!
No mais, devemos esperar o pior e reagir, alterando sem hesitação os paradigmas que até agora nortearam as regras, os comportamentos e as expectativas dos diversos actores económicos e sociais. O crescimento dos grupos económicos à sombra do subsídio comunitário, da encomenda pública e dos sofisticados modelos de endividamento cumulativo, acabou e não vai voltar tão cedo. A estagnação, a recessão, a depressão e a morte do currency carry trade japonês (1), já iniciaram o seu cortejo de destruição sistémica das economias especulativas. Daí que esta conversa morna, entre um Governo atolado na implosão das suas mais íntimas convicções neoliberais, e uma Oposição emudecida diante de cenários tão ameaçadores, não leve a nada de bom. Precisamos de uma mudança rápida de paradigmas!
E o primeiro passo a dar é este: substituir a economia virtual especulativa dominante por uma economia real, com tudo o que isso implica de alterações radicais ao status quo. Precisamos, como do pão para a boca, de um desmantelamento criativo do actual impasse!
NOTAS
Tóquio tem queda de 6,4% e menor nível em 26 anos
27/10/2008 - 06h59 (Notícias IOL) -- Bolsa de Tóquio registrou mais uma forte queda e o índice Nikkei 225 fechou com a menor pontuação dos últimos 26 anos. O índice perdeu 486,18 pontos, ou 6,4%, e terminou aos 7.162,90 pontos, o menor nível desde o início de outubro de 1982. As vendas de ações foram impulsionadas pela valorização do iene e pelo desapontamento com o fato de que o governo japonês não anunciou medidas rápidas e agressivas para enfrentar a desaceleração econômica. As informações são da Dow Jones.
Um dos pilares da economia virtual, assente na criação e empacotamento especulativos da dívida, foi o sistema inventado pelos japoneses para se manterem como uma economia protegida num mundo de livre concorrência internacional. Basta visitar o Japão para percebermos que 1) não vemos praticamente ocidentais e 2) tudo o que existe por lá é Made in Japan, à excepção dos produtos de luxo franceses e italianos (Prada, Armani, etc.) Para chegar a este resultado, a economia estatal japonesa (o capitalismo privado lá, como na China, Rússia, Médio Oriente, etc. é um disfarce) decidiu duas coisas simples: assentar a sua economia nas exportações, e dificultar burocraticamente (ao máximo!) todas as importações de produtos acabados. Para atingir este resultado, usou um truque financeiro sem precedentes: manter o valor da sua moeda ao mais baixo nível cambial possível face às demais moedas, e em particular face ao dólar. Resultado: um enorme superavit comercial, traduzido na acumulação daquelas que foram, até à chegada da China ao mesmo jogo, as maiores reservas cambiais do planeta! Mais tarde descobriu que se emprestasse dinheiro ao estrangeiro, a taxas de juro muito baixas (na realidade, entre 0 e 1 por cento!), este não só continuaria a comprar os seus produtos (foi assim que os Toyotas, Datsun e Hondas japoneses quase destruíram a indústria automóvel americana e europeia), como entraria numa espiral de dependência especulativa do crédito grátis japonês. Aquilo que realmente rebentou foi precisamente esta gigantesca bolha de endividamento euro-americano. O director da Caisse des Dépots francesa chamou-lhe, com ironia assassina, "Exodebt", para melhor entendermos como um milhão de pequenas, médias e grandes dívidas originadas um pouco por toda a parte pelos esquemas agressivos de compra e venda a crédito, se afastaram ultra-sonicamente das suas origens, transformando-se mais tarde do buraco negro das titularizações que actualmente engole a economia mundial.
É por isso que, paradoxalmente, as bolsas japonesas afundam dramaticamente de cada vez que a sua moeda se valoriza face ao dólar! E é por isso que os anões do G7 (como lhes chama Elaine Supkis) -- que também gostariam de ver o Euro e o Dólar tão baratos quanto o Yen -- berram histericamente contra a "volatilidade" do Yen. É que meio mundo está endividado nesta moeda, embora não pareça!