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quinta-feira, agosto 06, 2015

Sem energia barata não há crescimento

Figure 12. World GDP in 2010$ (from USDA) compared to World Consumption of Energy (from BP Statistical Review of World Energy 2014)

O petróleo continua muito caro!


What we really need is more high wage jobs. Unfortunately, these jobs need to be supported by the availability of large amounts of very inexpensive energy. It is the lack of inexpensive energy, to match the $20 per barrel oil and very cheap coal upon which the economy has been built that is causing our problems. We don’t really have a way to fix this [Gail Tverberg].

Em vez de ouvir os desvarios geopolíticas sobre energia do senhor Partex (António Costa Silva) seria bem melhor ler o que escreve Gail Tverberg.

A queda dos preços do petróleo não é uma consequência do excesso de oferta e de produção, mas sim da queda agregada da procura motivada pelo preço demasiado alto do petróleo e das commodities em geral.

Neste momento, o preço do petróleo está abaixo do seu custo real uma vez descontado o efeito inflacionista do mercado especulativo que é por definição o seu. Deste modo a indústria petrolífera tenta responder à estagnação económica induzida, precisamente, pelo preço insustentável da energia e das matérias primas—do petróleo, do gás natural, da terra fértil, da água potável, das sementes e dos metais comuns, preciosos e raros.

Em suma, o petróleo está a ser vendido abaixo do seu preço de custo (deflação) porque se tornou demasiado caro. O petróleo barato acabou em 2006 (Peak Oil).

Sem crescimento do consumo energético não há crescimento. Sem crescimento, o endividamento gera instabilidade económica, financeira, social e política.

Ponto.

E agora?

Figure 1. Oil as a percentage of total energy consumption in 2006, based on June 2015 Energy Information data. (Inverted order from chart originally shown.)

Nine Reasons Why Low Oil Prices May “Morph” Into Something Much Worse
by Gail Tverberg
Posted to Our Finite World on July 22, 2015

[...]

4. The way workers afford higher commodity costs is primarily through higher wages. At times, higher debt can also be a workaround. If neither of these is available, commodity prices can fall below the cost of production.

If there is a significant increase in the cost of products like houses and cars, this presents a huge challenge to workers. Usually, workers pay for these products using a combination of wages and debt. If costs rise, they either need higher wages, or a debt package that makes the product more affordable–perhaps lower rates, or a longer period for payment.

Commodity costs have been rising very rapidly in the last fifteen years or so. According to a chart prepared by Steven Kopits, some of the major costs of extracting oil began increasing by 10.9% per year, in about 1999.

In fact, the inflation-adjusted prices of almost all energy and metal products tended to rise rapidly during the period 1999 to 2008 (Figure 7). This was a time period when the amount of mortgage debt was increasing rapidly as lenders began offering home loans with low initial interest rates to almost anyone, including those with low credit scores and irregular income. When debt levels began falling in mid-2008 (related in part to defaulting home loans), commodity prices of all types dropped.

Figure 6. Figure by Steve Kopits of Westwood Douglas showing trends in world oil exploration and production costs per barrel. CAGR is “Compound Annual Growth Rate.”


O que aí vem

O RUÍDO PARTIDÁRIO EM VOLTA DOS ÚLTIMOS NÚMEROS DO EMPREGO É UM RUÍDO POPULISTA QUE DEVE SER DENUNCIADO E DESPREZADO.

Sem uma disponibilidade crescente de energia barata (sobretudo petróleo e combustíveis líquidos em geral, abaixo do 40USD/b) não há crescimento; sem crescimento não há emprego, há desemprego e há substituição de emprego caro por emprego barato e mais eficientemente servido por máquinas e sistemas inteligentes. Esta espiral descendente é de natureza recessiva e deflacionista, sobretudo à medida que a capacidade de endividamento e de monetização das dívidas se esgota nos Estados Unidos, na Europa, na China...

Os governos têm cada vez menos controlo sobre esta dinâmica, e na luta entre capital e trabalho, desta vez, ambos empobrecem: número crescente de falências industriais e bancárias, empobrecimento das classes médias e colapsos financeiros de grande magnitude, com consequências terríveis, por exemplo, na bancarrota iminente de vários países, regiões e cidades.

Onde melhor podemos antever o nosso futuro, se nada fizermos e nos deixarmos embalar pelo populismo estridente das nomenclaturas partidárias instaladas, é nas vagas de migração de África para a Europa. Os níveis de rendimento destes países é há muito totalmente incompatível com o custo da energia e matérias primas disponíveis... Quando o barril de crude desce abaixo dos 60USD a maioria dos países exportadores de petróleo e gás natural deixam de obter as gigantescas receitas e margens de lucro e de rapina que têm alimentado as suas altíssimas taxas de crescimento e os investimentos e a especulação financeira nos Estados Unidos e na Europa.

segunda-feira, outubro 27, 2008

Crise Global 41

A economia dos sábios


Synthetic CDO that fails in subprime securitization

We had to nationalise the banks “to preserve the free market.” -- George W. Bush

"It's very simple: we sink together or we swim together.

"I very much hope that China can make an important contribution to the solution to the financial crisis. It's a great opportunity for China to show a sense of responsibility." -- José Manuel Barroso.


João Cravinho veio de Londres explicar aos indígenas que há toda a conveniência em reunir uma comissão de sábios economistas para lidar com a gravíssima crise financeira e económica que abala o mundo. Falou até no antigo governador do Banco de Portugal e ministro, José da Silva Lopes, como um dos desejáveis protagonistas para liderar o sugerido clube de sábios consultores. Os economistas não se fizeram rogados, pondo-se a disparar pequenas teorias em todos os canais disponíveis, assestando as suas armas analíticas sobre os três pontos da discussão lançados há meses, curiosamente, por Manuela Ferreira Leite, actual líder do PSD que, pelos vistos, incomoda muita gente no Bloco Central.

Os pomos da discussão e da discórdia são estes:

  • qual a gravidade da crise actual e que impactos tem em Portugal?
  • deve-se ou não manter o plano de Grandes Obras Públicas (GOP) do PS?
  • se houver que eliminar ou adiar obras previstas, quais deveriam ficar no tinteiro dos vorazes gabinetes de consultoria e assessoria?
Ao contrário do proverbial e inconsciente optimismo do primeiro ministro, que só há quinze dias ouviu falar de uma crise financeira sistémica mundial, a generalidade dos temerosos economistas portugueses reconhecem que a mesma é muito grave, duradoura e que afectará gravemente as economias americana, europeia e mundial. Embora com inexplicável atraso crítico, lá foram percebendo que os efeitos letais da mesma serão potencialmente devastadores para a economia portuguesa.

É certo que Medina Carreira, Silva Lopes e mais recentemente Luís Campos e Cunha, têm alertado os portugueses para o endividamento do país, contínua perda de competitividade e divergência relativamente à média de desenvolvimento da União Europeia. Mas o que ainda não li de nenhum deles foi uma análise crítica sobre a mudança da qualidade das ameaças que poderão, de facto, empurrar Portugal para uma falência súbita, como as que ocorreram na Islândia e poderão ainda fazer ajoelhar a Ucrânia e o Reino Unido.

Falta de coragem? Não acreditam na hipótese, e preferem badalar a cantilena suicida da robustez do nosso sistema financeiro e bancário? Não sabem que ambos estão há muito falidos? Não temem que o obscuro aval dos 20 mil milhões de euros à banca se transforme a curto prazo num garrote à própria capacidade de endividamento de todo um país, a começar pelo irresponsável Estado?

Relativamente às GOP, defendidas em nome dum Keynesianismo colado com cuspo, por um Sócrates disfarçado de salvador da Pátria, sem pensar um minuto nas despesas sociais associadas, nem nos recursos imprescindíveis a semelhante devaneio populista, alguém leu alguma opinião dos sábios economistas sobre as virtudes dum Estado-betão, falido e sem recursos próprios? Eu só ouvi e li alguns lamentos sobre o preço da coisa! Que é caro. Que talvez seja difícil pedir dinheiro emprestado nas actuais circunstâncias. Ou que deveríamos ponderar com mais cuidado a ideia de atirar as dívidas do passado, do presente e do futuro para os nossos filhos e para os nossos netos. Alguém sabe qual vai ser o preço do dinheiro daqui a um, dois ou três anos?!

Quando chegamos à tesoura dos cortes nas grandes obras, a ignorância dos temas por parte dos economistas é em geral confrangedora.

Quase todos eles gostam de barragens. Porque será? Mero reflexo defensivo? Já pensaram, por acaso, no aproveitamento ridículo que tem sido dado aos inúmeros lençóis de água e albufeiras deste país, por exemplo, na modernização da nossa atrofiada agricultura? Já pensaram que construir dez ou doze novas pequenas barragens apenas aumentará em 3% a produção da energia eléctrica que consumimos anualmente? E que, por outro lado, tais fretes à EDP do Mexia, feitos em nome de um mercado de dívidas em colapso, arruína um precioso capital natural, não deslocável e insubstituível? Já ouviram falar de negaWatts, ou de conceitos como eficiência e produtividade energéticas? Se houver um plano de emergência que passe por recuperar 30% da energia mal consumida e em grande parte importada, e 40% da água potável que se perde na péssima eficiência dos sistemas de distribuição existentes, corrigimos dois problemas cruciais pela raiz, criando ao mesmo tempo conhecimento, emprego e riqueza material. Seria, por si só, uma formidável revolução. Ou se quiserem uma actualização inteligente das teorias de John Maynard Keynes.

Sobre a necessidade de novos aeroportos, novas autoestradas e novas travessias, basta olhar para os números!
  • As chegadas e partidas de aviões estão a cair consistentemente na Portela, onde sobram centenas de slots vazios (mas não no aeródromo de Tires, onde o corropio de Corporate Jets faria pensar e agir qualquer Estado vigilante e atento ao seu património);
  • O tráfego automóvel na Ponte 25 de Abril tem vindo a decair nos últimos cinco anos; em contrapartida, a capacidade de transporte ferroviário na mesma ponte, pela Fertagus, está esgotada, por falta de comboios...;
  • A Volvo viu as encomendas europeias de camiões para o quarto trimestre deste ano decair de 41 970 para 115 unidades (BBC), e a Mercedes anuncia paragem da sua maior fábrica na Alemanha durante o mês de Natal! (Spiegel). Por cá, o número de dias sem produção em Palmela cresce mês a mês e nada garante que o pior não venha a ocorrer no cluster automóvel da Margem Sul;
  • Finalmente, o TGV: as ligações entre Madrid e Poceirão-Pinhal Novo, bem como entre Vigo e Porto, são os dois únicos investimentos públicos do embrulho GOP que fazem sentido, seja por causa dos compromissos entre Estados, seja sobretudo devido à utilidade imediata de ligar Portugal à nova rede ibérica de Alta Velocidade e Velocidade Elevada assente em carris de "bitola europeia". As novas linhas deverão, porém, e ao contrário dos tresloucados Power Points governamentais, servir para o transporte de pessoas e mercadorias. Pois só assim se rentabilizarão eficazmente os investimentos.

    A reintrodução em força do transporte ferroviário de pessoas e bens na União Europeia faz parte da sua urgente agenda de combate ao Aquecimento Global e mitigação da dramática dependência energética da Europa face à Rússia, Médio Oriente e Magrebe. Portugal, um país extremamente dependente das importações de petróleo e gás natural, corre o sério risco de ficar no bolso dos novos sultanatos energéticos, como se tem visto na ascendência crescente de Angola, por exemplo, no nosso sistema bancário. Precisamos, pois, de diminuir dramaticamente a factura petrolífera, estabelecendo vias de transporte rápido e qualificado entre os nossos portos e o resto da Europa. Precisamos, por outro lado, de terminar de uma vez por todas a modernização da Linha do Norte, por forma a deixar o Alfa ligar as duas principais áreas metropolitanas do país em 2 horas; bem como modernizar (electrificar, etc.) as linhas do Oeste, Douro e Beira Alta.

    Tudo isto, pensado com pés e cabeça, numa lógica de máxima eficiência energética, seria um desafio suficientemente grande para empregar de forma duradoura e consistente milhares de pessoas neste país. Pelo contrário, aquilo que vemos na propaganda governamental é mais do mesmo: pronto-a-vestir tecnológico importado, importação de mão-de-obra estrangeira, trabalho ilegal e precário, e muita engenharia financeira para disfarçar o endividamento infinito da nossa economia. Como é sabido, este modelo de rapina está esgotado e não será financiado pelos esquemas clandestinos do costume, sobretudo se a Europa tiver (e terá) que incrementar rapidamente o rigor e a transparência das finanças públicas do seus 27 estados membros.
O ano que vem, 2009, vai ser ainda pior do que 2008. E o seguinte, pior ainda. Que mais novos dados serão necessários para dar razão a Manuela Ferreira Leite, quando ela afirma que todos os grandes investimentos devem ser, pura e simplesmente, postos entre parêntesis e submetidos a uma análise custo/benefício à luz da depressão económica mundial que se apresenta diante de todos nós? Acham, como o lunático Prof. da RTP, que a nova líder do PSD tem apenas um problema de linguagem ou de relações públicas? Por favor, digam lá!

Banca: Apesar de a taxa Euribor continuar a descer
Prestações sobem até Dezembro

22 Outubro 2008 (Correio da Manhã) -- ...Em Agosto o crédito malparado relativo aos empréstimos aos particulares atingiu os 2,8 mil milhões de euros – o que constitui um recorde absoluto ao nível do incumprimento. Os números do Banco de Portugal mostram que o incumprimento das famílias no pagamento das prestações mensais bateu um novo recorde, tendo crescido 586 milhões face a igual período de 2007. Na prática, o crédito malparado cresceu 1,6 milhões de euros por dia num ano, o que traduz uma subida homóloga de 26,46 por cento (...)

CAIXA JÁ TROCA PRESTAÇÃO POR RENDA NO IMOBILIÁRIO

Apesar de ainda estar a aguardar a publicação do diploma legal que regula o fundo habitacional de arrendamento, criado pelo Governo, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) já oferece como solução aos clientes incumpridores a possibilidade de trocar a prestação do crédito à habitação pela renda. 'Em determinados casos, isso já tem sido feito', admitiu ao CM Paulo Sousa, director de financiamento imobiliário da CGD, adiantando que os processos que estão já em execução 'podem a qualquer momento ser suspensos, se o executor assim o entender'.

A CGD é a primeira a avançar com o fundo. Segundo Paulo Sousa, a diminuição do encargo mensal com o arrendamento da casa 'é bastante superior [a 20%]'. n D.R. (...)

Na habitação, o crédito malparado aumentou 23,6 por cento face a 2007, totalizando agora 1,5 mil milhões de euros (...)

Em termos gerais, o peso do malparado no crédito total concedido pelos bancos continua em 2,1%, uma percentagem que se mantém inalterada desde o último mês de Julho.


A crise que não se deixa administrar


22-10-2008 (Rumores da Crise) -- Os sinais de recessão que assolam o mundo ainda são por conta do peso do setor financeiro no PIB. Apesar das demissões nesse setor, o impacto maior será sentido quando o consumo e os investimentos sentirem toda força da escassez do crédito. Os investimentos serão atingidos duplamente: pela escassez do crédito e pela redução do consumo. É nesse momento que o desemprego atingirá com força a economia real com a redução da produção e o fechamento de fábricas. Parte dos assalariados que continuarão empregados terão seus salários achatados e reduzirão o consumo inibindo mais ainda a produção. Os estados endividados terão dificuldade de executar programas keynesianos sem o risco de uma explosão de preços.


U.S. has plundered world wealth with dollar: China paper


Fri Oct 24, 2008 6:14am EDT -- BEIJING (Reuters) - The United States has plundered global wealth by exploiting the dollar's dominance, and the world urgently needs other currencies to take its place, a leading Chinese state newspaper said on Friday.

The front-page commentary in the overseas edition of the People's Daily said that Asian and European countries should banish the U.S. dollar from their direct trade relations for a start, relying only on their own currencies.

A meeting between Asian and European leaders, starting on Friday in Beijing, presented the perfect opportunity to begin building a new international financial order, the newspaper said.


We had to burn the village to save it


Friday, 17 October 2008 (London Banker) ... The $700 billion appropriated for the Paulson Plan and the $840 billion extended in parallel by the Federal Reserve last month are together more than three times the expenditure on US wars for the past five years. The federal borrowing requirement for 2008 is now in excess of $1.02 trillion, and for 2009 is now estimated between $1.5 and $2 trillion.

Such hyperbolic growth in the fiscal deficit and debt is unsustainable, even with such very tolerant creditors as the Japanese, Gulf Arabs, Russians and Chinese. They can see that each dollar added to the Fed’s balance sheet is tinder for burning those already held or denominated in their reserves. They can project the curve forward. At some point, they must react and restrain further debasement of their reserves and investments, either by collectively raising the prices charged for the resources and products they export, the interest charged on existing and future debt, or the forced exchange of debt for equity ownership of real economic assets. Or all three.

... In my experience, there is nothing so permanent as a temporary expedient. It is hard to see how partially nationlised banks will ever be more than the means of political redistribution of wealth and power, and so corrupt both the economy and political system.

Se o crédito mal-parado a particulares em Portugal, no segmento imobiliário (presume-se que abrangendo não apenas hipotecas de compradores, mas também empréstimos a construtores e promotores) anda pelos 1,5 mil milhões de euros, não chegando por isso a 10% do aval total que José Sócrates quer oferecer aos bancos sediados no nosso país (que já declararam em uníssono estar interessados no bolo!), fica a pergunta: que risco vai então ser coberto pelas restantes 90% do 20 mil milhões de euros? Bom, só pode ser o endividamento anual do país, estimado para 2009 nos tais 10% do PIB, e que a banca precisará de pedir emprestado e emprestar às empresas e sobretudo ao Estado. Mas se é assim, porque anda a imprensa a agitar o espantalho do cidadão que deixou de pagar as prestações da casa, em vez de expor a história dos grandes devedores? E porque há avales para estes e não há avales para os que deixaram de pagar as casas?

As medidas urgentes que foram tomadas em nome do salvamento da banca, e que abrangem, como se viu, o BCP, o BPI, o BES e a Caixa Geral de Depósitos (!), deveriam ter uma correspondência no tratamento do cidadão comum, em vez de atirarem este pobre indefeso às feras leiloeiras da Caixa Geral de Depósitos, por efeito de execuções hipotecarias assassinas! O senhor Sócrates, que enche a boca com declarações hipócritas sobre o bem-estar dos cidadãos e das PMEs, deveria estabelecer imediatamente uma moratória de 6 meses para todos os processos de execução em curso, dando assim aos particulares o mesmo benefício da dúvida que magnanimamente distribuiu pelos piratas da banca virtual.

Temos que exigir equidade ao Governo!

No mais, devemos esperar o pior e reagir, alterando sem hesitação os paradigmas que até agora nortearam as regras, os comportamentos e as expectativas dos diversos actores económicos e sociais. O crescimento dos grupos económicos à sombra do subsídio comunitário, da encomenda pública e dos sofisticados modelos de endividamento cumulativo, acabou e não vai voltar tão cedo. A estagnação, a recessão, a depressão e a morte do currency carry trade japonês (1), já iniciaram o seu cortejo de destruição sistémica das economias especulativas. Daí que esta conversa morna, entre um Governo atolado na implosão das suas mais íntimas convicções neoliberais, e uma Oposição emudecida diante de cenários tão ameaçadores, não leve a nada de bom. Precisamos de uma mudança rápida de paradigmas!

E o primeiro passo a dar é este: substituir a economia virtual especulativa dominante por uma economia real, com tudo o que isso implica de alterações radicais ao status quo. Precisamos, como do pão para a boca, de um desmantelamento criativo do actual impasse!


NOTAS
  1. Tóquio tem queda de 6,4% e menor nível em 26 anos
    27/10/2008 - 06h59 (Notícias IOL) -- Bolsa de Tóquio registrou mais uma forte queda e o índice Nikkei 225 fechou com a menor pontuação dos últimos 26 anos. O índice perdeu 486,18 pontos, ou 6,4%, e terminou aos 7.162,90 pontos, o menor nível desde o início de outubro de 1982. As vendas de ações foram impulsionadas pela valorização do iene e pelo desapontamento com o fato de que o governo japonês não anunciou medidas rápidas e agressivas para enfrentar a desaceleração econômica. As informações são da Dow Jones.
    Um dos pilares da economia virtual, assente na criação e empacotamento especulativos da dívida, foi o sistema inventado pelos japoneses para se manterem como uma economia protegida num mundo de livre concorrência internacional. Basta visitar o Japão para percebermos que 1) não vemos praticamente ocidentais e 2) tudo o que existe por lá é Made in Japan, à excepção dos produtos de luxo franceses e italianos (Prada, Armani, etc.) Para chegar a este resultado, a economia estatal japonesa (o capitalismo privado lá, como na China, Rússia, Médio Oriente, etc. é um disfarce) decidiu duas coisas simples: assentar a sua economia nas exportações, e dificultar burocraticamente (ao máximo!) todas as importações de produtos acabados. Para atingir este resultado, usou um truque financeiro sem precedentes: manter o valor da sua moeda ao mais baixo nível cambial possível face às demais moedas, e em particular face ao dólar. Resultado: um enorme superavit comercial, traduzido na acumulação daquelas que foram, até à chegada da China ao mesmo jogo, as maiores reservas cambiais do planeta! Mais tarde descobriu que se emprestasse dinheiro ao estrangeiro, a taxas de juro muito baixas (na realidade, entre 0 e 1 por cento!), este não só continuaria a comprar os seus produtos (foi assim que os Toyotas, Datsun e Hondas japoneses quase destruíram a indústria automóvel americana e europeia), como entraria numa espiral de dependência especulativa do crédito grátis japonês. Aquilo que realmente rebentou foi precisamente esta gigantesca bolha de endividamento euro-americano. O director da Caisse des Dépots francesa chamou-lhe, com ironia assassina, "Exodebt", para melhor entendermos como um milhão de pequenas, médias e grandes dívidas originadas um pouco por toda a parte pelos esquemas agressivos de compra e venda a crédito, se afastaram ultra-sonicamente das suas origens, transformando-se mais tarde do buraco negro das titularizações que actualmente engole a economia mundial.

    É por isso que, paradoxalmente, as bolsas japonesas afundam dramaticamente de cada vez que a sua moeda se valoriza face ao dólar! E é por isso que os anões do G7 (como lhes chama Elaine Supkis) -- que também gostariam de ver o Euro e o Dólar tão baratos quanto o Yen -- berram histericamente contra a "volatilidade" do Yen. É que meio mundo está endividado nesta moeda, embora não pareça!
OAM 463 27-10-2008 11:22

segunda-feira, setembro 22, 2008

Crise Global 23

O colapso da América IV

Morgan Stanley e Goldman Sachs deixam de ser bancos de investimento e acolhem-se à protecção do regime mais favorável da banca comercial e sobretudo dos planos sinistros de Henry Paulson e Ben Bernanke.


"Decisions by the Secretary pursuant to the authority of this Act are non-reviewable and committed to agency discretion, and may not be reviewed by any court of law or any administrative agency." -- in proposta do Secretário do Tesouro, Henry Paulson, ao Congresso norte-americano.

Depois da decisão do Supremo Tribunal dos Estados Unidos, do ano 2000, que suspendeu a contagem de votos que daria a vitória a Al Gore, entregando-a sem mais a George W. Bush; depois da instauração do Patriotic Act, que pela primeira vez na história dos Estados Unidos suspende o habeas corpus por tempo indeterminado e cria efectivamente o enquadramento jurídico necessário à aplicação de todo o tipo de medidas de excepção por parte do governo americano, contra pessoas, empresas e bens estrangeiros e nacionais; depois de o governo dos Estados Unidos se auto-declarar acima da lei internacional, sob o pretexto de uma guerra longa contra o terrorismo que ele próprio, em muitos casos, engendrou e engendra, atacando e ocupando ilegalmente países estrangeiros, surge agora a tentativa de fechar o quadrado mágico de um golpe de Estado que, a ter sucesso (26 de Setembro é o prazo limite), porá provavelmente fim à democracia americana, instaurando em seu lugar, ainda que disfarçado por doses descomunais de sofisticada propaganda, um regime de excepção só na aparência distinto das ditaduras europeias que antecederam a II Guerra Mundial.

Basicamente, o que Henry Paulson (antigo dirigente da Goldman Sachs e actual secretário de estado do tesouro) e Ben Bernanke (presidente máximo da Reserva Federal) querem, e para tal têm vindo a chantagear os órgãos eleitos da democracia americana, é o seguinte:
  1. levar o contribuinte americano a comprar por mais de 700 000 000 000 de dólares (aliás, muito mais!) todas as hipotecas e empréstimos em mau estado, que Paulson e Bernanke decidam resgatar, sem supervisão nem possibilidade de recurso por parte das instâncias legislativa, nem dos tribunais, o que implicará aumentar a dívida pública, grosso modo, em mais 1 bilião de dólares -- 10E12 --, sobrecarregando cada homem, mulher e criança dos Estados Unidos com uma dívida suplementar de 2000 dólares);
  2. renegociar posteriormente estes créditos mal-parados com os devedores, depois de previamente reavaliados os activos a que correspondem, recorrendo para tal às mesmas instituições financeiras que haviam despachado os créditos incobráveis para o bolso sem fundo (mas falido) do Estado americano, e a quem os clientes pedirão de novo dinheiro emprestado (entretanto recebido do saco sem fundo do Tesouro americano, i.e. dos bolsos dos contribuintes!) para conseguirem salvar os bens adquiridos, as empresas e os negócios ameaçados pela execução das hipotecas;
  3. como parte substancial dos investidores e especuladores com activos financeiros ameaçados (que não tiveram tempo para desviar a massa, nos últimos meses, para os paraísos fiscais, sediados nomeadamente nas ilhas soberanas da Rainha de Inglaterra) são literalmente estados estrangeiros como a China, o Japão, a Rússia, a Arábia Saudita e outros países da OPEP, o resgate das suas contas vai depender em muito dos poderes discricionários que Barak Obama e John McCain anunciaram estar dispostos a conferir, via Congresso, a duas criaturas sem vergonha (Paulosn e Bernanke), na realidade comandadas por velhos conhecidos da verdadeira mão invisível do Capitalismo: JP Morgan, Rockfeller e mais alguns comandos secretos do FED.
A situação é, no mínimo explosiva! Os chineses, que recusaram perder mais dinheiro a favor dos piratas americanos que a eles têm vindo a recorrer desesperadamente nos últimos meses e semanas, desencadearam um raid mundial de compras, sobretudo dirigido ao sistema financeiro americano, em manifesto colapso. Pode estar em curso uma verdadeira e antecipada deslocação do centro de gravidade da finança e da economia mundiais, de Nova Iorque e Londres, para Beijing e Xangai. Haverá, por causa deste descalabro, uma revolução nos Estados Unidos? Ou será que os reencarnados e rebaptizados Endtimers americanos, apoiados pelo Sionismo mundial, conseguirão mesmo desencadear uma grande guerra quente, termo-nuclear, isto é o Apocalipse, repetidamente visto nos seus alucinados transes religiosos e orgias sexuais?


REFERÊNCIAS

Run on the $10 Trillion 'Shadow Banking System': Regulators Allow Goldman, Morgan To Become Banks

* Sep 21: Fed approved applications by Goldman Sachs and Morgan Stanley to become Federal Reserve-regulated bank holding companies (BHCs).

* The move effectively spells the end of the investment banking industry as a separate sector, leaving behind only small boutique securities firms. In doing so it ends the decades old division of the US financial industry into two halves, which dates back to legislation passed after the Great Depression.

* It means that both Goldman Sachs and Morgan Stanley will be subject to bank capital requirements which will be phased in over a transition period. -- RGE Monitor.


Details Of Treasury's $700bn 'Bad Bank': Unchecked Authority to Buy a Wide Range of 'Toxic Waste'?

* U.S. Treasury Fact Sheet: "Treasury will have authority to issue up to $700 billion of Treasury securities to finance the purchase of troubled assets. The purchases are intended to be residential and commercial mortgage-related assets, which may include mortgage-backed securities and whole loans. The Secretary will have the discretion, in consultation with the Chairman of the Federal Reserve, to purchase other assets, as deemed necessary to effectively stabilize financial markets." Treasury's actions may also not be reviewed by any court of law or any administrative agency. -- RGE Monitor.


Bailout of the U.S. Housing and Financial Sector: Are Fiscal Costs and Risk for Taxpayers Getting Bigger?

* Treasury plans to use $700 bn to buy bad mortgages of financial institutions; also proposes to raise the ceiling on national debt from $10.6 trillion to $11.3 trillion (the limit was raised to $10.6tr earlier this year under the housing bill)

* Advocates of bailout: Cost of the bailout much less than the risk to financial sector, Main Street and U.S. workers from the credit crisis and govt inaction; Opponents: Risk to taxpayers exceeds any potential upside gain apart from leading to higher debt and credit costs in the future and posing risk to U.S. sovereign debt rating. -- RGE Monitor.


Chinese Banks Go Global: How Will Foreign Regulators Respond?

* Chinese financial institutions like CDB, ICBC, Mingsheng Bank and insurance companies like Ping An are increasing overseas acquisitions taking stakes in Barclays, Standard Bank, Fortis and others. Chinese banks remain flush with cash following IPOs, bond issues, are eyeing foreign purchases to increase their expertise of investment banking, market share but may be wary of investing in global banks given losses from previous investments. They may now be seeking out M&A opportunities that are joint ventures.

* First round of Chinese bank M&A took place in mid-90s to 2005, and was focused on greater China. Since 2006, outward M&A has involved bigger deals and a broader range of target countries (Boston Consulting Group) -- RGE Monitor.


Radical Shift for Goldman and Morgan

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By ANDREW ROSS SORKIN and VIKAS BAJAJ
Published: September 21, 2008

Goldman Sachs and Morgan Stanley, the last big independent investment banks on Wall Street, will transform themselves into bank holding companies subject to far greater regulation, the Federal Reserve said Sunday night, a move that fundamentally reshapes an era of high finance that defined the modern Gilded Age.

... By becoming bank holding companies, the firms are agreeing to significantly tighter regulations and much closer supervision by bank examiners from several government agencies rather than only the Securities and Exchange Commission. Now, the firms will look more like commercial banks, with more disclosure, higher capital reserves and less risk-taking.

... For decades, firms like Morgan Stanley and Goldman Sachs thrived by taking bold bets with their own money, often using enormous amounts of debt to increase their profits, with little outside oversight.

They were the envy of Wall Street, dominating the industry’s most lucrative businesses, landing headline-grabbing deals and advising companies and governments around the world on mergers, stock offerings and restructurings.

... In exchange for subjecting themselves to more regulation, the companies will have access to the full array of the Federal Reserve’s lending facilities. It should help them avoid the fate of Lehman Brothers, which filed for bankruptcy last week, and Bear Stearns and Merrill Lynch — both of which agreed to be acquired by big bank holding companies. -- New York Times.


Double Double Toil And Trouble
September 20, 2008
Elaine Meinel Supkis

The desires of the US/EU/UK empire to have eternal riches via NATO menacing, controlling and killing Muslims who have oil, has failed miserably. Now, we are going rapidly bankrupt. I remember very clearly the mood in America before the despicable invasion of Iraq: 'We are going to have cheaper oil!' Bush fired anyone who told him, this war would be very expensive. The belief was, we would rush into Bagdad, settle down and pump the oil for our own benefit. Instead, the Iraqis succeeded in costing us an extra trillion dollars. We lost money in this casino. The three witches are laughing in their Cave of Wealth and Death. Witch #2, Inflation, has toured the planet and destroyed great wealth. Witch #3, Depression, is ironing her dress in preparation of taking over the surviving wealth. And Witch #1, the top witch, is Libra. She is going to finally balance her scales and will be happy when this process is done. -- Culture of Life News.


The $1 trillion question: Will this gigantic bailout work?
Sean O’Grady, Economics Editor
Saturday, 20 September 2008

This is what we might call the $1trillion question. That's $1,000,000,000,000, by the way. It is a little like surgery. The US government has amputated the gangrenous leg of the banking system to save the patient. But it is now preparing to graft the infected limb on to the body politic of America. The US taxpayers will be lucky if they do not feel distinctly unwell as a result of this little experiment.

The truth is that simply buying the banks' worthless securities has been an option, if an unpalatable one, for the authorities since the credit crunch began a year ago. All the plans to lend against these assets, such as the Bank of England's Special Liquidity Scheme, and other "injections of liquidity", were temporary solutions, born out of a hope, if not an expectation, that the crisis would not be prolonged.

We know better now. What the American authorities have done is the only sure way to protect the banking system against further destabilisation. Short-selling or not, left to their own devices, the markets would sooner or later force more banks into the arms of the taxpayer anyhow. It is a sad day when hard-pressed citizens find themselves subsidising private banks for their stupid mistakes. But that is what's happening in the US, and it will surely be done here. The Bank of England hates the notion; but Gordon Brown may well feel that he has no choice.

So for the banks and their shareholders and staff, the US rescue plan is already working, and it will save the wider economy from yet more damage. It is less clear whether it will end the credit crisis or preserve America's fast disappearing economic hegemony.

Even taking a trillion dollars of crud out of the equation can't save the financial system from damage already done. Despite the Fed's efforts, many banks in America and around the world have severely enfeebled balance sheets. They cannot lend, even if they wanted to. With the developed world in recession – Japan, Britain, Germany and Spain are leading the way – the banks will soon be losing money on their conventional lines of business, as mortgages suffer defaults and companies go out of business. We will then see a vicious cycle of bad debts leading to less lending, more job losses, more defaults and so on. -- Independent.


Where, oh where, are the orthodox economists now?
Ann Pettifor
20th September, 2008.

What has happened under the dominance of orthodox economics and the de-regulation of finance, is that the finance sector now controls the movement of capital, the setting of interest rates and the creation of credit. And they do so in the interests of – you guessed it – Finance.

In the midst of all this tragedy and chaos, one has to savour the moment. The sight of all those free-market capitalists, trained by economists at the Chicago School of neo-liberalism, handing over to ‘big government’ the financial system of the biggest free market economy in the world.

And in the midst of what will prove to be a prolonged period of economic failure, one must be allowed to indulge just one feint sense of satisfaction. For only a couple of weeks ago (see below) Jim O’Neill chief economist at Goldman Sachs, advised me, and a BBC World Service audience that this financial catastrophe was no big deal, ‘just another periodic crisis’….. like five that he had already lived through. (He was referring, I believe, to crises such as that of the US stock market of 1987, the South East Asian crisis of 1998 and the Dot.com crash of 2001.)

It is now pretty clear that I, without the data, research back-up and infrastructure that supports Jim O’Neill’s analyses – already knew that this was not at all like the previous ‘periodic crises’. With my background in Keynesian monetary theory, I had a more sophisticated and accurate view of the gravity of this crisis than Goldman Sachs’s neo-liberal economists. Regrettably my foresight and wisdom did not extend to earning Goldman Sachs-like fees. More fool me. -- Debtonation.


OAM 439 22-09-2008 13:32