terça-feira, setembro 30, 2008

2008 Semana 40

Excitações da semana
29 setembro - 5 outubro


O Expresso mente e colabora em manobra de terror psicológico
Artistas por conta da Câmara
(in Expresso, 5 de Outubro 2008)

São 70 os ateliês cedidos a artistas plásticos contabilizados pela Câmara Municipal de Lisboa após um primeiro levantamento levado a cabo pelos serviços municipais, em Março passado. O documento, a que o EXPRESSO teve acesso

[leia-se: fornecido ao Expresso por alguém afecto à Câmara Municipal de Lisboa]

, revela que a maioria daqueles espaços estão atribuídos por um prazo indeterminado, sem existência de protocolos

[esta afirmação é redondamente falsa e tem como finalidade criar a ideia de que tanto é corrupto quem cede espaços camarários a artistas, como os artistas que aceitam tais benesses]

e, nalguns casos, a título gratuito. José Pedro Croft, Lagoa Henriques, Carlos Amado, Maria Helena Matos, António Cerveira Pinto, João Vieira e até a jornalista Dina Aguiar são alguns dos artistas contemplados

[Eu, António Cerveira Pinto, nunca pedi qualquer espaço camarário, seja para o que for, e muito menos fui "contemplado" com qualquer "ateliê" cedido gratuitamente; pelo que o envolvimento do meu nome neste artigo encomendado ao Expresso configura um acto consciente de má-fé e uma tentativa de assassínio de carácter. Vou pensar quanto é que este tipo de crime pode valer em tribunal.]

pela autarquia num processo de distribuição sem critérios definidos que teve início em 1970, com Fernando Santos e Castro à frente do município e fechado há pouco mais de um ano durante o mandato de Carmona Rodrigues

[a cedência de espaços a artistas, pagos ou não pagos, para aí realizarem o seu trabalho, não "teve início em 1970", mas há centenas de anos, e é prática comum em muitas cidades europeias; por exemplo, os antigos pavilhões da Exposição do Mundo Português (1940), foram cedidos gratuitamente ou a rendas simbólicas, após a Exposição Salazarista encerrar as suas portas, e ainda hoje lá operam várias actividades em condições especiais de cedência de espaço, como clubes náuticos e restaurantes.]

O maior complexo de ateliês camarários disponibilizados a pintores, escultores e ceramistas fica em Alvalade

[fruto de uma viagem do antigo edil da capital -- França Borges -- a Paris, a convite de André Malraux, após a qual decidiu construir o Centro de Artes Plásticas dos Coruchéus (CAPC), exclusivamente destinado aos artistas plásticos residentes ou a trabalhar em Lisboa (e não para colocar burocratas camarários, como hoje acontece já em meia dúzia de estúdios previamente excluídos da sua vocação estatutária!]

A ladear o Palácio dos Coruchéus, distribuem-se em dois prédios de três andares 50 espaços diferentes. Aí, as rendas rodam os 30 euros

[ali, desde 1972, não se pagam "rendas", mas sim taxas de ocupação de espaços camarários cedidos a título precário e com renovação periódica condicional; por outro lado, a não actualização das taxas é assunto que remete exclusivamente para as responsabilidades da CML, acrescendo que quando os estúdios foram inicialmente cedidos, as ditas rendas então pagas coincidiam com os valores comerciais praticados na zona de Alvalade-Roma, pelo que nenhum dos primitivos utentes do CAPC usufruiu de qualquer benesse]

e as áreas disponibilizadas equivalem a apartamentos T1

[a maioria dos estúdios têm áreas à volta dos 25m2, pelo que nunca poderiam ser equiparados a apartamentos T1, quanto muito a T0 -- mas o que importa aqui denunciar é a intenção maliciosa do jornalista, fazendo passar a imagem de que os referidos estúdios são ou podem ser apartamentos.]

Já nos Olivais, junto à Quinta Pedagógica, os ateliês são oficinas amplas, com escritório e pátio. Croft, que ocupa um desses espaços, justifica as dimensões com o tipo de trabalho que executa, esculturas de grande escala e fala em “troca de serviços” para explicar a ausência de qualquer pagamento da sua parte à CML. “Sempre que sou solicitado para colaborar com a autarquia, faço-o”, diz, salientando uma exposição no Museu da Cidade e vários projectos de esculturas para exteriores já por ele realizados. José Pedro Croft adianta que o contrato que assinou com João Soares em 1998 é renovável de quatro em quatro anos, tendo o município a possibilidade de o denunciar. “Como não o fez até agora e ainda faltam dois anos para poder optar por essa via, não creio que haja alterações ao protocolo. Até porque continuo disponível para colaborar com a Câmara”, diz.

[Há que distinguir para bem compreender, como insiste um amigo meu, quando lidamos com manobras de intoxicação pública -- em que, pelos vistos, também o Expresso, se vem esmerando. A visão mecenática que leva à cedência gratuita de estúdios a artistas (ou qualquer situação do género) por decisão personalizada e arbitrária do poder político, seja ele camarário ou governamental, não deve fazer parte das normas de responsabilidade e transparência de uma democracia, e como tal deve ser abandonada. O importante, no caso da contra-informação promovida pelo Expresso, é separar os estúdios alugados com toda a transparência daqueles que foram cedidos por deferência majestática do poder. Meter tudo no mesmo saco, mais do que falso jornalismo, é abuso do poder mediático em nome de guerras compradas a troco de garantias publicitárias (suponho.) Assim sendo, este é mais um caso exemplar a intervenção oportuna da Entidade Reguladora da Comunicação Social.

Já agora, uma pergunta: houve algum concurso para encomendar UM MILHÃO DE COMPUTADORES (O FAMOSO "MAGALHÃES") A UMA DADA EMPRESA PRIVADA? E HOUVE ALGUM CONCURSO PÚBLICO PARA ENTREGAR À MICROSOFT O MONOPÓLIO DE FORNECIMENTO DE SOFTWARE E PROGRAMAS INFORMÁTICOS AO ESTADO PORTUGUÊS? Porque não se dedica o Expresso a investigar coisas importantes, em vez de fazer fretes a uma turma de inúteis que vegeta nos corredores da CML?]


Cedência para sempre

Mesmo ao lado, de portas fechadas, fica o ateliê de Sam. O escultor morreu há 15 anos, mas para que o espaço possa ser ‘libertado’ pela família a autarquia “terá de comprar o espólio do artista”, conta fonte do Gabinete de Rosália Vargas, vereadora da Cultura. As negociações já estão em curso, garante a mesma fonte.

[As fontes deste artigo deveriam ser expostas e provavelmente metidas na prisão]

Com direito a “espaço de descanso, porque um artista trabalha a qualquer hora”, como diz o escultor Carlos Amado, existem meia dúzia de ateliês ainda mais espaçosos na Avenida da Índia, em Belém, atribuídos no final dos anos 70. Além de Amado, dispõem desses espaços, definidos pelo documento da CML como “armazéns convertidos”, Lagoa Henriques, Maria Helena Matos e António Cândido dos Reis. Pagam €35, “aquilo que a autarquia determina, mas sabemos que não somos donos dos ateliês”, explica o escultor. “Se eles entenderem que este meu espaço lhes falta para outro fim que se justifique, participar-me-ão e terão que arranjar-me outro ateliê”, prossegue. O escultor, que não executa qualquer trabalho há dois anos, considera ainda que esta é uma cedência “a título provisório ad aeternum”.

[Esta prosa de pasquim não é digna do Expresso! Ou é?]

“Zangado” com as condições de trabalho oferecidas pelos ateliês dos Coruchéus, onde trabalhou durante três décadas, João Vieira optou por “pedir um espaço maior” à autarquia. Alegou que não conseguia trabalhar “com as faltas de água constantes” e que a área que detinha “já nem dava para guardar metade das obras produzidas”. Há menos de dois anos, Carmona Rodrigues cedeu-lhe uma loja devoluta em Marvila. Em troca o pintor doou à Câmara uma peça composta por vários painéis alusivos ao célebre quadro de José Malhoa, ‘Fado’. “Foi uma doação valiosa”, adianta João Vieira, que garante ter gasto €10 mil na recuperação do espaço. De resto, só ele foge à regra, pagando à autarquia €250 por mês.

[A actualização das ditas rendas que são taxas é um atributo exclusivo da CML, e diz respeito a todo o património camarário -- que é muito -- cedido em circunstâncias similares, seja a título de arrendamento social, seja para cedências temporárias a pessoas, empresas e instituições. Mais uma vez, o que se exige, e muitos artistas há muito vêm exigindo é que essa transparência exista.]


Nos Coruchéus, já poucos consagrados trabalham actualmente e com um volume de trabalho significativo destacam-se apenas Soares Branco e Gracinda Candeias, ambos a dispor do espaço há quase quatro décadas.

[Esta afirmação além de imbecil e improcedente em matéria de juízo estético, não respeita a natureza dos contratos existentes entre os artistas mais velhos e a CML. De facto e "de jure", os artistas que no início da década de 1970 alugaram os estúdios do CAPC, pagaram então o preço justo pelos espaços, e assinaram contratos sem termo. Não têm pois que ser assediados pelo poder -- nem pelos media! -- como se fossem uma espécie de emigrantes do Leste. O facto de as vereações mais recentes alimentarem uma verdadeira obsessão relativamente aos CAPC, dando todos os indícios de querem expulsar os artistas das instalações construídas expressamente para deles, dá credibilidade à história que corre desde o tempo de Santana Lopes, que apontaria para a rápida desocupação dos Coruchéus, a pretexto de ali colocar funcionários camarários sem secretária, mas cuja finalidade última seria vender o terreno valioso dos Coruchéus na corrupta e hoje falida bolsa imobiliária, para deste modo financiar o desastroso e irrecuperável défice da CML. Mesmo que tal fosse verdade, o procedimento correcto seria expor tais intenções publicamente, em vez das manobras sórdidas que têm sido levadas a cabo contra os artistas.]

A mais nova inquilina é Dina Aguiar. O ateliê foi-lhe atribuído por João Soares em 1999. A jornalista é dos poucos artistas identificados pelo documento elaborado pelos serviços municipais cuja actividade artística não está classificada.

[Se o idiota que escreveu esta prosa fizesse o trabalho de casa, saberia que a definição de "artista", nomeadamente para efeitos fiscais, ou de acesso a programas de apoio e investimento público, comunitário, etc., é muita clara e abrange obviamente o caso da Dina Aguiar, que sendo locutora de televisão, como outros são médicos ou jornalistas, é também uma pintora merecedora de todo o respeito institucional e jornalístico.]


Mas o caso mais polémico em Alvalade tem como protagonista Cerveira Pinto.

[Porquê? Porque impedi em 2005 que os artistas do CAPC fossem desalojados? Porque tenho denunciado a conspiração burocrática da CML em volta do CAPC? Porque acho que a CML funcionaria bem melhor com metade dos actuais funcionários e contratados? Porque tenho criticado asperamente António Costa pelo incumprimento das suas promessas eleitorais? Mas também por o simpático edil querer trocar os terrenos da Portela por patacas (uma vez mais em nome do insalvável défice camarário) e destruir o Porto de Lisboa, tudo em nome de pressões que não controla por, basicamente, desconhecer os problemas do país e da capital? Porque bato muito no Sócrates?!]

O pintor transformou o seu ateliê no piso térreo em galeria comercial

[Esta afirmação é 100% falsa e revela até que ponto o autor da prosa do Expresso é uma de três coisas: completamente leviano, profissionalmente mentiroso ou corrupto. Eu não usufruo de nenhum atelier no piso térreo, e se o espaço a que ele se refere é a Quadrum Galeria de Arte, a mesma existe desde 1973, e deixou de operar há três anos, no momento em que a CML anunciou obras de reparação nos edifícios do CAPC, pretendendo então expulsar todos os artistas dos Coruchéus. Acrescente-se que as ditas obras continuam por terminar -- tanto quanto sei por falta de pagamento aos empreiteiros -- e sem projecto de electricidade aprovado!]


a autarquia não gostou. Com um processo instaurado pela CML

[Mais uma vez, não me foi instaurado nenhum processo! A mentira do pseudo-jornalista atesta assim a sua manifesta má-fé, ou idiotia]


e com as portas fechadas, Cerveira Pinto alega direitos adquiridos, mas não se mostrou disponível para falar com o EXPRESSO

[Como é óbvio, para quem me conhece, eu adoraria explicar ao Expresso tudo o que quisesse saber sobre o assunto. Mas a absoluta verdade é que nunca fui contactado pelo Expresso, nem pelo autor da peça em apreço. Quanto mais escusar-me a satisfazer a curiosidade de um semanário outrora famoso pela sua autoridade jornalística, probidade e criatividade.]

O Bairro do Rêgo alberga mais seis artistas, mas outros espaços dispersos pela cidade ainda estão por contabilizar. Rosália Vargas

[quem esta Senhora? Fala com autoridade delegada? Delegada por quem? Poderá ser imprescindível saber.]

afirma estar a trabalhar na matéria com a celeridade possível e classifica as cedências como uma prática “desadequada”. O novo regulamento está desenhado mas a discussão pública a que tem que obedecer não permitirá que entre em vigor antes de meados do próximo ano, afiança Rui Pereira, director municipal da Cultura, que levanta o véu sobre as novas regras.

[Quando António Costa prometia tirar os carros de cima dos passeios, eu enviei um escrito a uma sua sessão de propaganda, que viria a ser lido pela minha amiga e pintora Gracinda Candeias, no qual expunha a situação escandalosa dos estúdios do CAPC, a sua história e a transformação daquele lugar outrora paradigmático numa azinhaga de troca de seringas, estacionamento selvagem, serviços de restauração e bar indecorosos, defecação canina diária e confronto burocrático desmiolado com os pobres e pacíficos artistas que ali criam valor (no sentido estrito do PIB.)

Nessa proclamação desesperada insistia, uma vez mais, para que houvesse regras na cedência dos espaços camarários disponíveis: transparência, regulamentos ponderados, diversificação dos tempos de cedência, atenção aos mais jovens artistas, afectação de alguns estúdios a programas de intercâmbio, e respeito absoluto pelos contratos assumidos com os artistas mais velhos, que em nenhum caso merecem ser violentados por uma acção burocrática de contornos potencialmente criminosos -- pois é crime, encurralar, provocar e ameaçar pessoas hoje com mais de 70 e 80 anos, amantes da sua arte, que sempre cumpriram as obrigações estabelecidas com a cidade. O coração destas pessoas é como o coração dos passarinhos. Um trovejar injusto é suficiente para que parem de bater.]


O prazo máximo de ocupação será de três anos, prorrogável por mais dois em casos excepcionais

[Esta informação, que não passa duma balela tipicamente político-burocrática, revela até que ponto o Expresso, em vez de jornalismo, realizou uma operação de contra-informação e coacção psicológica sobre algumas dezenas de artistas que da actual política portuguesa pensarão talvez o que eu penso: não merecem votos!]


As candidaturas serão avaliadas por um júri independente, privilegiando-se os artistas mais jovens de acordo com a qualidade dos seus trabalhos. Os consagrados terão de concorrer com um projecto específico, bem justificado e limitado no tempo

[mais balelas que não resistem a um só desafio: façam o que prometem até ao fim desta ano, respeitando a transparência democrática que todos exigimsos!]


O texto original do Expresso, integralmeente citado, foi assinado por Alexandra Carita.

Os comentários a vermelho são meus (António Cerveira Pinto.)

Sobre o assunto levianamente tratado das cedências de casas camarárias, a que se pendurou a manobra de contra-informação dirigida à generalidade dos artistas da cidade, veiculada irresponsavelmente pelo Expresso, leiam-se abaixo mais dois posts por mim escritos sobre a matéria.

Creio que a minha proposta de reduzir para metade o número de funcionários da CML -- que é uma solução óbvia, se compararmos os rácios entre a população da cidade e a quantidade patentemente excedentária de funcionários e contratados que se atropelam, fazendo muito pouco, ou muito mal, nos departamentos disfuncionais da CML, com outros rácios europeus, nomeadamente Madrid -- pode explicar em parte o uso indevido de informação privada, por pessoal político-camarário, e ou burocrático-camarário, na manobra de contra-informação e coacção dissimulada que o artigo publicado pelo Expresso veicula. Aguardam-se cenas dos próximos capítulos. Eu, por exemplo, aguardo uma entrevista de duas páginas no Expresso!

Casas da Câmara de Lisboa
Costa diz que há distribuição sem critérios desde 1974

Publicação: 02-10-2008 22:23. Última actualização: 03-10-2008 00:46 (SIC)

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML) confirma que tem havido distribuição de casas camarárias sem critérios específicos, pelo menos desde o 25 de Abril. António Costa falava no Programa Quadratura do Círculo, da SIC Notícias.

... "Apuramento" de abusos permitidos

A presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, Paula Teixeira da Cruz (PSD), atribuiu hoje a eventual entrega discricionária de casas camarárias a uma "cultura de arbitrariedade" da autarquia, à qual vai pedir o "apuramento" dos casos detectados.

"Não há regras para nada naquela casa. Há uma cultura majestática, uma cultura de arbitrariedade", afirmou à Lusa Paula Teixeira da Cruz, salientando que "a Câmara de Lisboa funciona como uma espécie de grande família, entre aspas, e não no sentido positivo de família".
Comentário: João Soares está fora da próxima corrida autárquica, e o esforço de Santana Lopes borregou. Agora que a Portela vai continuar onde está por mais uma ou duas décadas, a viabilidade económica da capital volta à estaca zero. Eu proponho, entre outras, estas medidas:
  • reduzir os efectivos camarários para níveis europeus civilizados, comparando, por exemplo, os rácios de Lisboa, com os rácios de Madrid;
  • desburocratizar e responsabilizar directamente os serviços de licenciamento de obras de construção, remodelação e manutenção;
  • catalogar e vender parte substancial do património municipal edificado, sem valor histórico classificado;
  • tirar os carros de cima dos passeios -- uma promessa até agora vã de António Costa --, aumentando os lugares pagos de estacionamento;
  • aplicação de multas pesadas ao estacionamento ilegal;
  • agravar as coimas aplicáveis aos prédios abandonados e degradados;
  • lançar sistemas inovadores de crédito bonificado às obras de manutenção e recuperação de edifícios em mau estado, beneficiando de forma clara os pequenos e médios proprietários;
  • introduzir uma norma transitória no Plano Director Municipal, permitindo construir mais um ou dois pisos num conjunto vasto de zonas da cidade previamente consideradas elegíveis para tal, sem com tal decisão prejudicar os equilíbrios técnicos, históricos e culturais da cidade;
  • criar de uma vez por todas a Autoridade Metropolitana da Grande Lisboa, dotada de poderes supra-municipais, cuja composição e eficácia anuncie o figurino desejável de um futuro governo da cidade-região de Lisboa;
  • estimular o aparecimento de uma grande Organização Não Governamental, independente e sem qualquer influência partidária, dedicada ao desenvolvimento de ideias e estratégias pragmáticas aplicáveis à transformação de Lisboa numa das grandes cidades-região criativas e sustentáveis da Europa.

Geórgia: Russos apontam metralhadoras a José Lello !

O presidente da Assembleia Parlamentar da NATO, José Lello, insurgiu-se, na quarta-feira, depois de soldados russos lhe terem apontado metralhadoras quando visitava um posto de controlo na Geórgia.

O português José Lello chegou, na segunda-feira, à Geórgia para uma visita que terminou hoje.

"Tive um confronto num posto de controlo, os soldados russos apontaram as metralhadoras e fui obrigado a dar dois passos atrás, levando à intervenção da polícia local", declarou.

"Os russos estão muito bem armados e esta situação perfeitamente ridícula vai ser denunciada", garantiu. E assegurou: "Os russos continuam a progredir no terreno", numa "atitude provocadora, geradora de grande tensão e de desestabilização para a Geórgia".

José Lello não escondeu "incómodo" porque "os russos não estão a cumprir" o acordo de paz negociado sob auspícios da presidência francesa, montando "novos postos de controlo fora das antigas zonas de combate, sem aparente interesse estratégico".

"A estranheza é tanto maior quanto os russos mostram uma clara posição de força, expulsaram polícias georgianos de um posto de controlo e deixaram em grande ansiedade aldeões" que estavam por perto, recordou da visita feita a cenários onde de desenrolaram as maiores hostilidades, de Gori (Centro) até à fronteira com a Ossétia do Sul.

"Espero que se mantenha a unidade entre a NATO e a União Europeia (UE), porque posições como estas não são do interesse da Rússia", acentuou José Lello.

O presidente da Assembleia Parlamentar da NATO vincou ser imperativa uma "cooperação global" porque, de facto, "os observadores da UE não puderam entrar nas zonas tampão controladas pelas forças de manutenção de paz (PKO) da Rússia".

"Há uma situação flagrante de provocação", concluiu, no rescaldo de uma jornada iniciada por encontros com a oposição georgiana, embaixadores comunitários naquele país do sul do Cáucaso e, ainda, com representantes de organizações não-governamentais (ONG).

Do frente a frente com o Presidente Mikhail Saakachvili, José Lello realçou a "confiança depositada na NATO e na UE para convencerem Moscovo a cooperar sem reservas".

Em contradição total com o relato do presidente da Assembleia Parlamentar da NATO, o alto representante para a Política Externa e de Segurança Comum (PESC) da UE, Javier Solana, declarou na reunião informal dos ministros da Defesa dos 27 que tudo "começou muito bem" para os observadores comunitários na Geórgia.

"Tudo está a evoluir positivamente (…) e não há problemas a registar", sublinhou o dignitário espanhol, referindo-se à EUMM (European Union Monitoring Mission), integrada por 352 elementos.

José Lello respondeu à posição de Javier Solana: "A UE tem até ao dia 10 para entrar onde hoje não entrou e Solana deverá estar certamente a contar com os próximos nove dias", para ter dito o que disse.

O exército russo mantém cerca de 7.600 homens nas repúblicas independentistas da Abkhazia (noroeste) e da Ossétia do Sul (centro-norte), que proclamaram unilateralmente a sua plena soberania a 26 de Agosto.

Publicação: 02-10-2008 00:09 | Última actualização: 02-10-2008 00:20 | SIC/Lusa

Comentário: Mas quem é que teve a infeliz ideia de enviar este paquiderme para a NATO? O homem não é especialista em terrenos e estádios de futebol, que por sinal arruínam o país e as câmara municipais? Também percebe de coisas sérias, é? Não me parece! Antes do Verão vimos Carlos César a meter-se onde era chamado. Agora temos o Lello (o Lello!!) armado em herói anti-russo, espalhando-se ao comprido onde Luís Amado, pelo contrário, tem sabido defender um precioso nicho de intervenção no escasso mercado político que ainda nos resta: o nicho da mediação honesta e inteligente. Se houvesse primeiro ministro, ainda lhe pediria que exportasse o Lello para uma delegação do ICEP em Vladivostoque. Mas como não há, a situação é desesperada! Arriscamo-nos todos a que este paquiderme diplomático descontrolado quebre alguma porcelana sensível!

Pela amostra, ficámos todos a saber que o Lello não percebe nada de nada. Julga que está num desafio de futebol, e portanto dispara baboseira. Ó senhor Lello! Primeiro, aprenda uma coisa simples, que ainda lhe poderá servir de algo: a NATO morreu! E é por isso que é acolitada por múmias simpáticas, como o Javier Solana (el "Señor PESC"), e representada por idiotas, normalmente corruptos, que fazem de secretários-gerais (não sabia, confesso, que também albergava paquidermes parlamentares no seu seio.) Segundo: a NATO, que já morreu, não tem dentes, e é por isso que sempre que quer bombardear populações civis, pede emprestado helicópteros, aviões e mísseis ao Tio Sam e à Avó Isabel.

Meu caro socialista de trazer por casa, porque não se dedica a comentar apenas o futebol português, juntando-se ao autarca de Sintra, ao mano da Manuela e ao cineasta APV, em vez de fazer figuras tristes no estrangeiro. Eu não lhe pago para isso!


O António Maria recomenda:
Pactos de silêncio, por Mário Crespo

2008-09-29

No Outono de 1989 conduzi na RTP os debates entre os candidatos a Lisboa. O grande confronto foi PS/PSD. Duas candidaturas notáveis. Jorge Sampaio, secretário-geral, elevou a política autárquica em Portugal a um nível de importância sem precedentes ao declarar-se candidato quando os socialistas viviam um dos seus cíclicos períodos de lutas intestinas. O PSD escolheu Marcelo Rebelo de Sousa.

No debate da RTP confrontei-os com a fotocópia de documentos dos arquivos do executivo camarário do CDS de Nuno Abecassis. Um era o acordo entre os promotores de um enorme complexo habitacional na zona da Quinta do Lambert e a Câmara. Estipulava que a Câmara receberia como contrapartida pela cedência dos terrenos um dos prédios com os apartamentos completamente equipados. Era um edifício muito grande, seguramente vinte ou trinta apartamentos, numa zona que aos preços do mercado era (e é) valiosíssima. Outro documento tinha o rol das pessoas a quem a Câmara tinha entregue os apartamentos. Havia advogados, arquitectos, engenheiros, médicos, muitos políticos e jornalistas. Aqui aparecia o nome de personagem proeminente na altura que era chefe de redacção na RTP.

A lista discriminava os montantes irrisórios que pagavam pelo arrendamento dos apartamentos topo de gama na Quinta do Lambert. Confrontados com esta prova de ilicitude, os candidatos às autárquicas de 1989 prometeram, todos, pôr fim ao abuso. O desaparecido semanário Tal e Qual foi o único órgão de comunicação que deu seguimento à notícia. Identificou moradores, fotografou o prédio e referiu outras situações de cedência questionável de património camarário a indivíduos que não configuravam nenhum perfil de carência especial. E durante vinte anos não houve consequência desta denúncia pública.

O facto de haver jornalistas entre os beneficiários destas dádivas do poder político explica muito do apagamento da notícia nos órgãos de comunicação social, muitos deles na altura colonizados por pessoas cuja primeira credencial era um cartão de filiação partidária. Assim, o bodo aos ricos continuou pelas câmaras de Jorge Sampaio e de João Soares e, pelo que sabemos agora, pelas câmaras de outras forças partidárias. Quem tem estas casas gratuitas (é isso que elas são) é gente poderosa. Há assessores dispersos por várias forças políticas e a vários níveis do Estado, capazes de com uma palavra no momento certo construir ou destruir carreiras. Há jornalistas que com palavras adequadas favoreceram ou omitiram situações de gravidade porque isso era (é) parte da renda cobrada nos apartamentos da Quinta do Lambert e noutros lados. O silêncio foi quebrado agora que os media se multiplicaram e não é possível esconder por mais vinte anos a infâmia das sinecuras. Os prejuízos directos de décadas de venalidade política atingem muitos milhões.

Não se pode aceitar que esta comunidade de pedintes influentes se continue a acoitar no argumento de que habita as fracções de património público "legalmente". Em essência nada distingue os extorsionistas profissionais dos bairros sociais das Quintas da Fonte dos oportunistas políticos que de suplicância em suplicância chegaram às Quintas do Lambert. São a mesma gente. Só moram em quintas diferentes. Por esse país fora. in JN/SAPO.

Comentário: Comparar este desassombrado texto de Mário Crespo com o reflexo condicionado de João Soares, apelando ao comportamento maçónico da tribo,

"Lamento que o meu camarada António Costa diga que apenas responda pelo seu mandato. António Costa está em condições de garantir que, tanto nos meus mandatos como presidente da Câmara, como nos mandatos de Jorge Sampaio, não houve ilegalidades na atribuição de casas", declarou João Soares à agência Lusa. in Lusa/SAPO.

é toda uma visão do pântano em que chafurda a política nacional.

O escândalo das casas e dos tachos para os amigos, dependentes e camaradas de partido (ou melhor de nomenclatura), cuja careca alfacinha volta a ser exposta, é uma moeda falsa com duas caras feias: a dos favores que usurpam o erário público e corrompem as consciências (dar o que não é nosso); mas também uma outra, mais sinistra ainda, que se resume a isto: tirar o que não é nosso, em nome de nada, sem explicações, por mera exibição de estupidez funcional e luxúria do poder. Estão neste caso, por exemplo, muitas das acções de despejo desencadeadas pelo autarcas distraídos, ou imbecis, ou corruptos, deste país, e desta inenarrável câmara municipal de Lisboa.

Disse e repito: só começando por reduzir a metade os efectivos camarários saberemos atalhar o cancro que há 20 anos a vem destruindo, rebentando de caminho com a capital do país. Está na altura de exibir estas criaturas sem espinha no pelourinho da razão e da ética!


Endogamia político-partidária na CML
Vereadora que pagava 146 euros de renda à Câmara de Lisboa recebe reforma de 3350

Público - 30.09.2008, Ana Henriques. A vereadora do PS responsável Acção Social da Câmara de Lisboa, que até ao final do ano passado pagava 146 euros de renda à autarquia por uma casa de duas assoalhadas no centro da cidade, na Rua do Salitre, tem uma reforma de cerca de 3350 euros.

Ana Sara Brito deu ontem uma conferência de imprensa para explicar uma situação que durou 20 anos e que "nunca pôs em causa" os seus "valores éticos". É por isso que não se demite: "Continuarei, apesar de alguns não o desejarem, com a mesma determinação, a trabalhar de acordo com o programa eleitoral."

... Recordando que as autoridades estão na câmara a investigar vários destes processos, António Costa anunciou que pediu à Comissão Nacional de Protecção de Dados para divulgar a lista do património disperso do município, renda e nome do inquilino.

Comentário: Este caso, como o escândalo do despejo dissimulado dos ateliers do Centro de Artes Plásticas dos Coruchéus (CAPC), que vem sendo executado há vários anos pela teia burocrática da CML, como se de uma limpeza étnica se tratasse, devem ser investigados. Os seus responsáveis devem ser postos na rua e os políticos comprometidos com o abuso de poder e com a endogamia político-partidária devem ser chamados a inquérito.

Mas a solução efectiva deste problema é, repito, simples: eliminar os serviços inúteis ou redundantes da CML (e são muitas dezenas!), diminuir o gigantesco e ingovernável quadro de pessoal a soldo dos impostos nacionais e municipais, e criar imediatamente uma interface transparente de administração em todos os níveis de organização e actuação do Estado. Tal como os mercados, ou ainda mais do que os mercados, a Função Pública, por ser paga por todos nós, e no fundo custar a pobreza, falta de competitividade e grande ineficiência de Portugal, tem que ser TRANSPARENTE e objecto de uma firma REGULAÇÃO!!


Nomenclatura partidária, poder arbitrário e corrupção municipal
PSD exige que sejam retirados os pelouros à vereadora da Habitação

29-09-2008 (TSF) O vereador social-democrata na Câmara de Lisboa Fernando Negrão defendeu, esta segunda-feira, a retirada dos pelouros à vereadora da Habitação, a socialista Ana Sara Brito, que durante 20 anos morou numa casa atribuída pela autarquia.

Ana Sara Brito «não tem condições para continuar com a Habitação e Acção Social, e devem ser-lhe retirados os pelouros», disse Fernando Negrão.

Estas declarações surgiram depois da vereadora ter admitido que em 1987 foi morar para uma casa atribuída pela câmara de Lisboa, quando tinha o pelouro da Acção Social, frisando no entanto que a casa que ocupou não era habitação social.

A vereadora acrescentou que em 2007, quando passou a tutelar a Habitação e Acção Social, na maioria socialista de António Costa, entregou a chave do imóvel.

Comentário: enquanto a tropa político-partidária usufrui sem vergonha, mas discretamente, do património municipal, e transfere paulatinamente parte dos recursos públicos para os seus obscuros bolsos, a Câmara Municipal de Lisboa e os seus irresponsáveis responsáveis têm vindo a expulsar os artistas do Centro de Artes Plásticas dos Coruchéus (CAPC), criado expressamente para eles por iniciativa do antigo edil lisboeta, França Borges, no início da década de 1970. A finalidade desta expulsão indecorosa, estúpida e ilegítima, não é conhecida de ninguém, a não ser, porventura, dalguma rede Kafkiana da CML, alimentada pela insaciável gula dos Apparatchiks e protegidos da mesmíssima nomenclatura político-partidária cuja mentalidade e comportamentos corruptos sai agora a terreiro com a exposição mediática dos critérios clientelares e endogâmicos que têm permitido abusar do património de todos os munícipes, para conforto duma casta tão privilegiada, quanto improdutiva, como é de facto, a casta dos populistas que emagrecem e desfiguram a ilusão democrática de Abril. Dos 60 ateliers do CAPC, mais de 20 encontram-se vagos e à disposição do proclamado mas falso "interesse público", arbitrariamente gerido pelos abusos e prepotências do pequeno sultão e odaliscas municipais de turno. Espero ardentemente que o inquérito de Maria José Morgado chegue bem fundo na limpeza das covas lúgubres onde se alimentam as baratas que, sem sabermos, reduzem a nada tudo o que tocam!

Entretanto...
Lisboa: PCP diz que autoridade política de Ana Sara Brito está "danificada"

Lisboa, 29 Set (Lusa/RTP) - O vereador comunista na Câmara de Lisboa Ruben de Carvalho afirmou hoje que a autoridade política da vereadora da Habitação está "danificada" mas que não pede a demissão de Ana Sara Brito, que viveu vinte anos numa habitação municipal.

Comentário: Que tal reduzirem para metade o actual quadro de efectivos da CML? Chegariam e sobrariam. Basta observar o rácio de pessoal do município de Madrid face à população que serve, para percebermos todos que a simples dimensão da tribo que se acotovela nos vãos arquitectónicos da autarquia lisboeta é a principal causa estrutural da sua escandalosa inoperância e ingovernabilidade, a qual, por sua vez, é o melhor caldo possível para que as larvas da corrupção prosperem.

OAM 447 29-09-2008 23:18 (última actualização: 03-10-2008 02:05)

segunda-feira, setembro 29, 2008

Crise Global 28

O colapso da América IX

Num abismo perto de si: Plano Bush rejeitado! Quatro bancos europeus caem em dois dias! Banca portuguesa a caminho da falência?

29 SET 2008 | DOW 10,365,45 | -777.68

Congresso 'chumba' plano de salvamento financeiro de Wall Street

2008-09-29 18:55 (Diário Económico) O plano de salvamento foi rejeitado com 226 votos contra e 207 a favor.

Um total de 141 representantes democratas votaram favoravelmente e 66 representantes republicanos votaram no mesmo sentido.

Contra votaram 92 democratas e 132 republicanos. Um republicano absteve-se.

Esta votação coloca em dúvida a sobrevivência da maior parte das instituições financeiras norte-americanas. Recorde-se que o multimilionário Warren Buffett alertou ontem o Congresso para 'um derreter total' do sistema financeiro, caso a moção não fosse aprovada.

A reacção de Wall Street a esta notícia foi bastante negativa, tendo o índice Dow Jones chegado a cair mais de 600 pontos.

House votes down bail-out package


Monday, 29 September 2008 19:14 UK (BBC).The lower house of the US Congress has voted down a $700bn (£380bn) plan aimed at bailing out Wall Street.

The rescue plan - the result of tense negotiations between the government and lawmakers - was voted down by 226 votes to 207 votes.

Members of President George W Bush's Republican party were strongly opposed to it and many refused to back it.

Shares on Wall Street plunged within seconds of the announcement, following steep fall in earlier trading.

Fed Pumps Further $630 Billion Into Financial System

Sept. 29 (Bloomberg) -- The Federal Reserve will pump an additional $630 billion into the global financial system, flooding banks with cash to alleviate the worst banking crisis since the Great Depression.

Citigroup Agrees to Buy Wachovia's Banking Business

Sept. 29 (Bloomberg) -- Citigroup Inc., the biggest U.S. bank by assets, will acquire banking operations of Wachovia Corp. for about $2.16 billion after shares of the North Carolina lender collapsed under the weight of overdue mortgages.

Europe Sees Three Bank Bailouts in Two Days

Sept. 29 (Spiegel) The crisis sparked by the collapse of Wall Street investment banks continues to spread through Europe. Three major banks were bailed out by private banks or governments on Sunday and Monday, including Germany's Hypo Real Estate, the Dutch-Belgian Fortis and Britain's Bradford & Bingley.

A consortium of banks has stepped in to bailout Munich's Hypo Real Estate.

Overview: Europe bank failures trigger equities collapse

September 29 2008 18:48 (Finantial Times) ... Credit default swaps saw Iceland come under pressure as Glitnir, one of its leading banks, was nationalised. The country’s CDS, a kind of insurance against bonds defaulting, rose 23bp, or €2,300 for every €10m of debt, to 390bp. The spread is 130bp higher than at the start of the month.

Bancos portugueses são dos menos saudáveis da Europa

2008-07-17 00:05 (Diário Económico) Num ‘ranking’ com 62 bancos europeus, BCP, BPI e BES surgem entre as instituições com rácios de capital mais baixos.

Historicamente os bancos portugueses apresentam rácios de capital inferiores à média europeia. O problema é que, com a crise do ‘subprime’, as bases de capital do BCP e do BPI caíram abaixo dos níveis aconselhados pelo Banco de Portugal (BdP). O regulador recomenda que o ‘core tier I’, um dos indicadores mais utilizados para avaliar a saúde financeira de um banco, deva estar acima dos 5% e, no final do primeiro trimestre de 2008, o BCP e o BPI tinham este rácio nos 4% e 4,3%, respectivamente. Os dois bancos viram-se obrigados a pedir dinheiro aos seus accionistas mas, com a queda de 39% da bolsa portuguesa este ano, o mercado começou a questionar se estes aumentos de capital serão suficientes para manter o BPI e o BCP em níveis confortáveis.

Antes de mais há que perguntar: tem o Banco de Portugal, ou tem a CMVM, algo a dizer sobre a situação cada vez mais avermelhada dos bancos portugueses? Ou será que vamos continuar a aturar o optimismo idiota do ministro das finanças e do senhor Carlos Tavares sobre estes assuntos?
26-09-2008 (Jornal de Notícias). Em linha com as declarações de Teixeira dos Santos, o presidente da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Carlos Tavares, afirmou, numa visita à Bolsa de Nova Iorque, que em Portugal não há riscos de falências de instituições financeiras. "Não há nenhuma situação de alarme, nem os consumidores portugueses devem ter mais preocupações do que as que resultam" da situação internacional, referiu o presidente da CMVM.

Quanto ao resto, como aqui se vem escrevendo há pelo menos dois anos, as economias consumistas da América e da Europa, afogadas num mar de dívidas, estão literalmente à afundar. Os computadores piramidais do casino mundial de derivados vão sofrer dentro em breve um tenebroso RESET, seguido de CONTROL-ALT-DELETE e, finalmente, SHUT DOWN. Vamos ter que recomeçar de novo!


OAM 446 29-09-2008 19:45 (última actualização: 30-09-2008 01:30)

Crise Global 27

O colapso da América VIII

Valor nocional dos derivativos: 1.144 biliões de dólares (1)
Os banqueiros começaram suicidar-se. A grande depressão americana vem aí. E vai sobrar para Europa. Livrem-se das dívidas quanto antes!



Se o valor nocional do mercado de derivados (ou derivativos) fosse distribuído pelo 6,7 mil milhões de seres humanos existentes à face da Terra, daria qualquer coisa como 116 mil euros a cada um. Medido doutra forma: os derivativos, que ameaçam evaporar-se nos próximos meses, correspondem a 22,8 vezes o PIB mundial e mais de 15 vezes o valor de todo o imobiliário do planeta. Os bancos comerciais detêm, por si sós, mais de 12% deste valor nocional -- o que dá para imaginar as dezenas, centenas ou mesmo milhares de empresas que irão inevitavelmente falir até ao fim de 2009. Teríamos que multiplicar por 1634 os 700 mil milhões de dólares que os senhores Bush, Paulson, Bernanke, Pelosi e Obama querem arrancar aos bolsos dos contribuintes americanos, para chegarmos ao valor verdadeiramente astronómico do buraco negro gerado, sobretudo ao longo dos últimos dez anos, pela conjunção catastrófica entre o endividamento exponencial da América e o mar de liquidez gerado pelos superavites comerciais e financeiros dos principais produtores de petróleo e bens transaccionáveis (OPEC, China e Japão), e ainda pelos jogos cambiais (FOREX e currency carry-trade) oriundos sobretudo do Japão -- de que ninguém fala, à excepção de Elaine Meinel Supkis.

O empréstimo pedido pela Casa Banca aos americanos (2) é uma gota de água num oceano de dívidas assassinas. Talvez não haja, para já, outra solução que não passe por esta sucção da pouca poupança americana disponível. Os efeitos serão porém dramáticos, no imediato e ao longo dos próximos anos. Por um lado, a América dificilmente evitará um de dois cenários: ou uma inflação galopante (com o dólar a desaparecer), ou a depressão. Por outro lado, o futuro governo dos Estados Unidos, seja ele Democrata ou Republicano, será confrontado com sucessivos dilemas na ordem interna e na ordem internacional. O ano de 2009 será assim um ano de sustar a respiração. A recomendação que venho fazendo há dois anos é a mesma: nada de especulações bolsistas; fujam dos fundos de investimento e dos PPR como o diabo da cruz; saldem todas as vossas dívidas assim que puderem; comprem terra de boa qualidade e algum ouro fino (nada de ouro virtual!); mantenham algum dinheiro debaixo do colchão!

Europa: as falências seguidas de nacionalização, anunciadas este Domingo, do banco inglês Bradford & Bingley, e do banco holandês, Fortis (que precisou de três governos a fazer força), revelam que, ao contrário do optimismo patético de alguns, a crise já está a martelar com muita força o velho continente. Palpita-me que ouviremos em breve falar do Deutsche Bank.

Portugal: não se fiem na conversa dos políticos, sobretudo do actual governo, do imbecil escandalosamente bem pago do Banco de Portugal, e dos nossos caricatos reguladores. Os derivativos são, por definição, veículos sem controle! Da Caixa Geral de Depósitos ao BCP, passando pelo BPI, Santander-Totta e BES, há segredos que precisam de ser revelados quanto antes. Como irá o governo continuar a financiar as dívidas pública e orçamental? Haverá quem nos empreste dinheiro suficiente para acedermos aos fundos do QREN? O ciclo eleitoral que se avizinha não podia ser pior conselheiro para a malta irresponsável dos partidos. Vai ser uma procissão de perigosas baboseiras.


REFERÊNCIAS

The Invisible One Quadrillion Dollar Equation. Asymmetric Leverage and Systemic Risk
London, UK - 28th September 2008, 19:31 GMT

[...]

According to various distinguished sources including the Bank for International Settlements (BIS) in Basel, Switzerland -- the central bankers' bank -- the amount of outstanding derivatives worldwide as of December 2007 crossed USD 1.144 Quadrillion, ie, USD 1,144 Trillion. The main categories of the USD 1.144 Quadrillion derivatives market were the following:

1. Listed credit derivatives stood at USD 548 trillion;
2. The Over-The-Counter (OTC) derivatives stood in notional or face value at USD 596 trillion and included:

a. Interest Rate Derivatives at about USD 393+ trillion;
b. Credit Default Swaps at about USD 58+ trillion;
c. Foreign Exchange Derivatives at about USD 56+ trillion;
d. Commodity Derivatives at about USD 9 trillion;
e. Equity Linked Derivatives at about USD 8.5 trillion; and
f. Unallocated Derivatives at about USD 71+ trillion.

Quadrillion? That is a number only super computing engineers and astronomers used to use, not economists and bankers! For example, the North star is "just" a couple of quadrillion miles away, ie, a few thousand trillion miles. The new "Roadrunner" supercomputer built by IBM for the US Department of Energy's Los Alamos National Laboratory has achieved a peak performance of 1.026 Peta Flop per second -- becoming the first supercomputer ever to reach this milestone. One Quadrillion Floating Point Operations (Flops) per second is 1 Peta Flop/s, ie, 1,000 Trillion Flops per second. It is estimated that all the data found on all the websites and stored on computers across the world totals more than One Exa byte of memory, ie, 1,000 Quadrillion bytes of data.

Whilst outstanding derivatives are notional amounts until they are crystallised, actual exposure is measured by the net credit equivalent. This is normally a lower figure unless many variables plot a locus in the wrong direction simultaneously. This could be because of catastrophic unpredictable events, ie, "Black Swans", such as cascades of bankruptcies and nationalisations, when the net exposure can balloon and become considerably larger or indeed because some extremely dislocating geo-political or geo-physical events take place simultaneously. Also, the notional value becomes real value when either counterparty to the OTC derivative goes bankrupt. This means that no large OTC derivative house can be allowed to go broke without falling into the arms of another. Whatever funds within reason are required to rescue failing international investment banks, deposit banks and financial entities ought to be provided on a case by case basis. This is the asymmetric nature of derivatives and here lies the potential for systemic risk to the global economic system and financial markets if nothing is done.

Let us think about the invisible USD 1.144 quadrillion equation with black swan variables -- ie, 1,144 trillion dollars in terms of outstanding derivatives, global Gross Domestic Product (GDP), real estate, world stock and bond markets coupled with unknown unknowns or "Black Swans". What would be the relative positioning of USD 1.144 quadrillion for outstanding derivatives, ie, what is their scale:

1. The entire GDP of the US is about USD 14 trillion.

2. The entire US money supply is also about USD 15 trillion.

3. The GDP of the entire world is USD 50 trillion. USD 1,144 trillion is 22 times the GDP of the whole world.

4. The real estate of the entire world is valued at about USD 75 trillion.

5. The world stock and bond markets are valued at about USD 100 trillion.

6. The big banks alone own about USD 140 trillion in derivatives.

7. Bear Stearns had USD 13+ trillion in derivatives and went bankrupt in March. Freddie Mac, Fannie Mae, Lehman Brothers and AIG have all 'collapsed' because of complex securities and derivatives exposures in September.

8. The population of the whole planet is about 6 billion people. So the derivatives market alone represents about USD 190,000 per person on the planet.

The Impact of Derivatives

1. Derivatives are securities whose value depends on the underlying value of other basic securities and associated risks. Derivatives have exploded in use over the past two decades. We cannot even properly define many classes of derivatives because they are highly complex instruments and come in many shapes, sizes, colours and flavours and display different characteristics under different market conditions.

2. Derivatives are unregulated, not traded on any public exchange, without universal standards, dealt with by private agreement, not transparent, have no open bid/ask market, are unguaranteed, have no central clearing house, and are just not really tangible.

3. Derivatives include such well known instruments as futures and options which are actively traded on numerous exchanges as well as numerous over-the-counter instruments such as interest rate swaps, forward contracts in foreign exchange and interest rates, and various commodity and equity instruments.

4. Everyone from the large financial institutions, governments, corporations, mutual and pension funds, to hedge funds, and large and small speculators, uses derivatives. However, they have never existed in history with the overarching, exorbitant scale that they now do.

5. Derivatives are unravelling at a fast rate with the start of the "Great Unwind" of the global credit markets which began in July 2007 and particularly after the collapse of Freddie Mac and Fannie Mae in September this year.

6. When derivatives unravel significantly the entire world economy would be at peril, given the relatively smaller scale of the world economy by comparison.

7. The derivatives market collapse could make the housing and stock market collapses look incidental.

Three Historical Examples

1. The so-called rogue trader Nick Leeson who made a huge derivatives bet on the direction of the Japanese Nikkei index brought on the collapse of Barings Bank in 1995.

2. The collapse of Long Term Capital Management (LTCM), a hedge fund that had a former derivatives and bond dealer from Salomon Brothers and two Nobel Prize winners in Economics as principals, collapsed because of huge leveraged bets in currencies and bonds in 1998.

3. Finally, a lot of the problems of Enron in 2000 were brought on by leveraged derivatives and using derivatives to hide problems on the balance sheet.

The Pitfall

The single conceptual pitfall at the basis of the disorderly growth of the global derivatives market is the postulate of hedging and netting, which lies at the basis of each model and of the whole regulatory environment hyper structure. Perfect hedges and perfect netting require functioning markets. When one or more markets become dysfunctional, the whole deck of cards could collapse swiftly. To hope, as US Treasury Secretary Mr Henry Paulson does, that an accounting ruse such as transferring liabilities, however priced, from a private to a public agent will restore the functionality of markets implies a drastic jump in logic. Markets function only when:

1. There is a price level at which demand meets supply; and more importantly when
2. Both sides believe in each other's capacity to deliver.

Satisfying criterion 1. without satisfying criterion 2. which is essentially about trust, gets one nowhere in the long term, although in the short term, the markets may demonstrate momentary relief and euphoria.

Conclusion

In the context of the USD 700 billion rescue plan -- still being finalised in Washington, DC -- the following is worth considering step by step. Decision makers are rightly concerned about alleviating immediate pressure points in the global financial system, such as, the mortgage crisis, decline in consumer spending and the looming loss of confidence in financial institutions. However, whilst these problems are grave, they are acting as a catalyst to another more massive challenge which may have to be tackled across many nation states simultaneously. As money flows slow down sharply, confidence levels would decline across the globe, and trust would be broken asymmetrically, ie, the time taken to repair it would be much longer. Unless there is government action in concert, this could ignite a chain-reaction which would swiftly purge trillions and trillions of dollars in over-leveraged risky bets. Within the context of over-leverage, the biggest problem of all is to do with "Derivatives", of which CDSs are a minor subset. Warren Buffett has said the derivatives neutron bomb has the potential to destroy the entire world economy, and is a "disaster waiting to happen." He has also referred to derivatives as Weapons of Mass Destruction (WMD). Counting one dollar per second, it would take 32 million years to count to one Quadrillion. The numbers we are dealing with are absolutely astronomical and from the realms of super computing we have stepped into global economics. There is a sense of no sustainability and lack of longevity in the "Invisible One Quadrillion Dollar Equation" of the derivatives market especially with attendant Black Swan variables causing multiple implosions amongst financial institutions and counterparties! The only way out, albeit painful, is via discretionary case-by-case government intervention on an unprecedented scale. Securing the savings and assets of ordinary citizens ought to be the number one concern in directing such policy.

[ENDS]


NOTAS
  1. Isto é: 1.144.000.000.000.000 (1144E12) USD.

  2. Troubled Asset Relief Program (TARP): Congress Reaches Deal Outline

    Sep 28 Tentative deal includes the general but unspecified provision that the financial industry would pay for any outstanding cost for the programme after five years. Main components: 1) $700bn released in installments: $250bn right away, $100bn later if results positive and the option to block the remaining $350bn; 2) equity warrants in return for bad asset purchase to recapitalize institutions and retain upside for taxpayers; 3) The plan also would let the government buy troubled assets from pension plans, local governments and small banks; 4) restrictions on executive compensation; 5) independent oversight board. 6) "the government could use its power as the owner of mortgages and mortgage-backed securities to help more struggling homeowners modify the terms of their home loans" but Democrats jettisoned Bankruptcy reform to lower debt value of purchased mortgages (Reuters). Separately, second stimulus package is also in the making for Main Street next to bailout for Wall Street. -- RGE Monitor.

    Sweeping Bailout Bill Unveiled/ House Set to Vote Today, Senate to Follow

    Sep 28 After a week of political tumult and deepening economic anxiety, congressional leaders yesterday rallied support for an historic proposal that would grant the government vast new powers over Wall Street and offer fresh help to homeowners at risk of foreclosure. -- Washington Post.

OAM 445 29-09-2008 02:17

sábado, setembro 27, 2008

Venezuela

Triangulações inteligentes

Hugo Chávez: "comprar bacalhau, azeite e trigo e assinar contratos no domínio das pescas, para que possamos continuar a lutar contra a miséria e a pobreza".

27-09-2008, 09:49 (RTP). O presidente venezuelano, Hugo Chávez, está de novo em Portugal onde chegou ontem à noite ao aeroporto de Figo Maduro, em Lisboa. Chávez chegou à capital portuguesa e salientou a sua intenção de comprar um milhão de computadores Magalhães.

Esta viagem do meteorito de Caracas a Figo Maduro (Lisboa) traz água no bico.

Nós importamos trigo, azeite e bacalhau! E quanto ao célebre Magalhães, não passa de um computador portátil "barato" da Intel, versão Classmate (disponível na Amazon desde 2006), embrulhado em Portugal, mas cujo o miolo é inteiramente americano (Intel + Microsoft Windows XP Professional ou Linux). A venda anunciada de um milhão de unidades à Venezuela, que mereceu já protestos da comunidade venezuelana pró-software livre, exigirá um teclado novo, adaptado ao Castelhano, o que não deixa de ser uma mais-valia para os montadores e marketeers da Póvoa do Varzim (parabéns!) Há, porém, algumas trapalhadas neste processo que devem ser rapidamente corrigidas.

O "computador barato", cujo paradigma -- One Laptop per Child (OLPC) -- foi inicialmente desenvolvido pelo famoso tecnólogo Nicolas Negroponte, no MIT, que ambiciona colocar tais máquinas à disposição dos países pobres, a menos de 100 dólares, até 2010, está neste momento a sofrer uma gigantesca ofensiva comercial por parte da Intel, que descobriu o potencial quase inesgotável dos novos mercados emergentes para este género de produto. Pensemos em países como a Índia, a Nigéria, a Indonésia, a África do Sul ou a China! A ingenuidade de Negroponte (1) resume-se a ter pensado que os tubarões do seu país, incluindo Bill Gates, deixariam passar esta oportunidade em claro. Não deixaram!

A Intel teve entretanto o cuidado de não impor o sistema operativo da Microsoft, produzindo assim duas versões, uma equipada com um sistema operativo proprietário, cujas licenças, actualizações e pacotes de programas (Office, etc.) são o grande negócio de Bill Gates, e custam dinheiro, e uma segunda versão, com o sistema operativo não comercial e livre Linux, para o qual existem já centenas de aplicações gratuitas.

Não se percebe pois a submissão canina do Governo português e do Bloco Central que domina este país, à Microsoft. Eu creio que alguém tem lucrado muito com esta submissão comercial, injustificável, ilegal e sem qualquer cobertura democrática parlamentar.

A aquisição dos Magalhães (um produto em que 9/10 do seu conteúdo e componentes efectivos são directamente importados de dois quase monopólios globais), sem concurso público internacional, é não só um escândalo, como deveria ser impugnado em Bruxelas, como claro acto de favorecimento e quebra das regras de concorrência estabelecidas pela União Europeia, por parte do Estado português. O mínimo que se exigiria era um concurso público internacional, estimulante, competitivo e de onde pudessem resultar propostas inovadoras derivadas dos dois projectos seminais de "computadores baratos": a iniciativa One Laptop per Child (OLPC) e a resposta da Intel, Classmate. Estou seguro que os chineses da Lenovo (que adquiriram há tempos a unidade de computadores pessoais da IBM) teriam respondido ao desafio, e que o resultado final teria sido mais produtivo, menos polémico, mais pedagógico e sério, muito mais transparente, e sobretudo assinalaria um ponto a favor de Portugal nas novas triangulações estratégicas em curso.

Mas por muito importante que seja o Magalhães, podendo viajar, depois deste sucesso venezuelano, para o resto da Hispano-América, e ainda para Angola, Cabo-Verde, etc. (como responderá o Brasil a este desafio?), eu não creio que a lista de compras de Hugo Chávez se fique pelo anunciado.

Na lista de compras conhecida, não há quase nada que seja realmente produzido em Portugal. E assim sendo, não teremos com que pagar o petróleo a baixo custo por ele "oferecido" -- ainda não sabemos, se a Portugal, se à GALP! Restam então outras possibilidades: navios costeiros (pesqueiros, de carga e militares), congelados e conservas, vinho, maquinaria ligeira, material militar diverso (armas e munições, veículos blindados, equipamento de logística, etc.), treino militar especializado e formação profissional avançada.

Aqui sim, há lugar para consolidar um bom negócio entre os dois países. O fim do império americano, que se traduzirá por um declínio lento e acidentado do seu ainda imenso protagonismo e capacidade de interferência, desencadeou uma autêntica agitação browniana à escala mundial. Pensemos na surpreendente rapidez política de Sarkozy, na reconstituição quase instantânea do potencial estratégico da Rússia, na rede global de laços comerciais que tem vindo a ser tecida pela China, ou ainda nos contratos energéticos recentemente assinados entre este gigante e a Rússia, o Irão, o Brasil, a Venezuela e Angola. As aquisições de tecnologia militar por parte da Venezuela à Rússia, à China e a... Portugal (?) configuram o surgimento de novas triangulações atlânticas que há mais de dois anos anunciei, e das quais Portugal, não só não pode estar arredado, como deve absolutamente protagonizar, na sua esperada qualidade de mediador (honest broker). Lucrando alguma coisa isso, claro!

Este é um novo e escaldante dossier, cuja abordagem exige olho de lince, subtileza diplomática e sabedoria política. O actual governo, a velha diplomacia lusitana, e sobretudo o excelente ministro de negócios estrangeiros escolhido por Sócrates, Luís Amado, têm feito um bom trabalho e sabido aproveitar todas as oportunidades que a rica e perigosa conjuntura actual tem vindo a oferecer a um pequeno mas estratégico país como Portugal. Tenho-o dito, e repito. Para quem pensa que tenho algo de pessoal contra o socratintas, aqui fica o contraponto.


NOTAS
  1. A Laptop For Everyone
    One Laptop Per Child--Version 2.0
    Andy Greenberg, 05.20.08, 3:05 PM ET (Forbes)

    Intel (nasdaq: INTC - news - people ), which broke off its partnership with OLPC in January to focus on promoting its competing low-cost laptop, the Classmate, also received a jab from Negroponte. "McDonald's doesn't compete with the World Food Program," he said. "So I don't know why Intel thinks they're competing with us." (See: "Intel's Laptop Flap.")

    OLPC's machines may, however, cut into sales of Intel's second-generation Classmate, which the chip maker released in partnership with Portland, Ore.-based Computer Technology Link last month. (See: "Intel Vs. The XO.") Negroponte said that OLPC will aim to cut the $188 price tag of existing machines to $100 even before the 2010 target date for the XO-2. The organization will also reinstate its "Give One, Get One" program in August or September, allowing Americans and Europeans to buy XOs if they also purchase a second machine for a child in the developing world.

OAM 444 27-09-2008 11:34 (última actualização 23:38)

sexta-feira, setembro 26, 2008

Crise Global 26

O colapso da América VII

Sexta feira negra
  1. Plano pirata da Casa Branca e de Wall Strett continua em águas de bacalhau. Vai ser uma batalha sangrenta até à madrugada de Domingo em Washington e Nova Iorque!
  2. JP Morgan soma e segue, devorando os rivais feridos que sucumbem. Depois de abosrver os depósitos e a rede de balcões comerciais do maior banco de retalho dos Estados Unidos, o Washington Mutual (WaMu), o JP Morgan trnasforma-se no maior banco comercial da América, como se não fosse já, e há muito tempo, um dos donos do FED, e portanto da América e boa parte deste planeta!
  3. UBS na corda bamba e bolsas europeias em queda livre.
  4. Fortis, banco e seguradora holandesa, de que o Millennium BCP é parceiro, está à beira do colapso, com as acções em queda imparável, tendo perdido 36% do valor entre ontem e a manhã de hoje!
  5. Tanto quanto pude apurar, o Millennium BCP, o BES e a Caixa Geral de Depósitos estiveram envolvidos em importantes operações de "securitização" de dívidas, nomeadamente imobiliárias. Os portugueses têm o direito de saber onde que param essas operações e qual o grau de contaminação tóxica dos pacotes financeiros irregulares então confeccionados e introduzidos no mercado euro-americano de especulação com "derivados", para segurar tais créditos. O Governo, a entidade de regulação e supervisão financeira, e as polícias têm o dever de actuar sem demora, nem hesitação!
  6. Se Paulson e Bernanke não conseguirem fazer passar o seu plano de isentar as decisões económico-financeiras da América do escrutínio democrático e judicial, impondo um estado de sítio financeiro de facto, por via dum golpe de Estado constitucional, teremos o anunciado Pearl Harbor aludido por Warren Buffett. Ou seja, o colapso do sistema financeiro americano e uma hecatombe mundial. Se tal acontecer, a economia virtual será submetida a uma espécie de hara-kiri digital. Há 62 biliões de dólares (62 000 000 000 000) no buraco negro chamado "mercado de derivados", à espera que algum grande pirata prima a tecla DELETE. Depois deste catastrófico RESET, com sorte, isto é, se não ocorrer uma Guerra Mundial, o jogo recomeçará no meio duma terrível e prolongada turbulência planetária.
  7. Se não houver luz branca até às 5-6 da manhã (UTC/GMT) para o roubo de 700 mil milhões de dólares aos contribuintes americanos, e portanto falhar o golpe de Estado financeiro em curso no Congresso dos Estados Unidos, haverá uma corrida aos bancos em todo o mundo na próxima Segunda-Feira. Oxalá esteja completamente equivocado!

REFERÊNCIAS
  • Bush: 'nós precisamos de um plano de resgate dos bancos'
    26/09/2008 15h09

    WASHINGTON (AFP) - O presidente americano, George W. Bush, insistiu nesta sexta-feira, em pronunciamento na Casa Branca, que o país precisa urgentemente de um plano de resgate dos bancos.

    "Nós precisamos de um acordo de resgate do setor financeiro. Nós devemos agir rapidamente", declarou o presidente Bush.

    "Temos um enorme problema", disse Bush, falando da crise financeira que os Estados Unidos estão atravessando.

    "Há desacordos sobre alguns aspectos do plano de resgate, mas não há desacordo sobre o fato de que alguma coisa importante deve ser feita", afirmou, um dia depois do fracasso de uma reunião inédita na Casa Branca sobre a crise financeira, com os dois candidatos à presidencial, Barack Obama e John McCain, e os líderes dos partidos democrata e republicano.

    "Minha administração continua trabalhando com o Congresso. É uma tarefa pesada, nossa proposta é uma importante proposta", destacou o presidente Bush. "E cada vez que você tem um plano desta dimensão, onde as coisas acontecem assim tão rapidamente, que requer uma lei, isso gera debates. Os membros do Congresso querem ser ouvidos", declarou Bush.

    Depois da maior falência da história dos EUA, a do banco Washington Mutual, fechado pelas autoridades americanas na noite de quinta-feira, a pressão aumenta mais do que nunca nesta sexta-feira para a conclusão rápida das discussões sobre este plano de resgate do secretário do Tesouro, Henry Paulson, que prevê a injeção de 700 bilhões de dólares no sistema bancário americano.

    Os democratas acusam os republicanos de serem os responsáveis do impasse atual para a adoção do plano. O candidato republicano à Casa Branca, John McCain, particularmente, segundo os democratas, sabotou o consenso que parecia estar se desenhando no Congresso na manhã de quinta-feira sobre este plano.

  • Fortis afirma que tem situação financeira "sólida"
    26-09-2009 (Jornal de Negócios). Os responsáveis do Fortis afirmaram hoje que o banco está "sólido" apesar das dúvidas dos investidores quanto à situação económica da instituição, e de ter sido noticiado hoje que os clientes do banco estão a recorrer a outras instituições.

    ... Os títulos do banco têm negociado em forte queda, tendo ontem estado a desvalorizar mais de 21%. Na sessão de hoje, as acções já perderam quase 15% e seguem agora a recuar 8,87%.

    O Fortis é parceiro do BCP nos seguros, tendo abandonado o capital do banco português em Setembro do ano passado, depois da venda de 3,9% do capital por 140 milhões de euros. Apesar desta operação, que serviu para financiar a aquisição de activos do ABN, o Fortis o BCP asseguraram na altura o “forte empenho” na parceria que tinham no sector segurador em Portugal.

    O BCP e o Fortis controlam em conjunto o Millennium bcp Fortis Grupo Segurador, companhia que detém várias seguradoras, como a Ocidental Vida e a Ocidental Seguros.

  • Washington Mutual "resgatado" pelos reguladores
    26-09-2008 (Jornal de Negócios). A última vítima da crise financeira é o Washington Mutual (WaMu) que teve que ser "resgatado" pelos reguladores, naquela que é considerada a maior falência bancária da história americana, depois de ter visto a notação financeira revista em baixa para "junk" (o nível mais baixo) e a cotação das acções ter afundado.

  • JPMorgan Buys WaMu Deposits as Regulators Seize Failed Thrift
    Sept. 26 (Bloomberg) -- JPMorgan Chase & Co. became the biggest U.S. bank by deposits, acquiring Washington Mutual Inc.'s branch network for $1.9 billion after the thrift was seized in the largest U.S. bank failure in history.

    Customers of WaMu withdrew $16.7 billion from accounts since Sept. 16, leaving the Seattle-based bank ``unsound,'' the Office of Thrift Supervision said late yesterday. WaMu's branches will open today and depositors will have full access to all their accounts, Sheila Bair, chairman of the Federal Deposit Insurance Corp., said on a conference call.

    WaMu is the latest casualty of a financial crisis that drove Lehman Brothers Holdings Inc. and IndyMac Bancorp out of business and led to the hastily arranged rescues of Merrill Lynch & Co. and Bear Stearns Cos., which was itself absorbed by JPMorgan. WaMu in March rejected a takeover offer from JPMorgan Chief Executive Officer Jamie Dimon that the savings and loan valued at $4 a share.

  • Sept. 26 (Bloomberg) -- House Republicans Undercut Bush on Rescue, Slow Talks
    Republicans splintered over the proposed $700 billion rescue of the U.S. financial system, imperilling an agreement hours after a bipartisan group of negotiators and the White House said one was near.

    Lawmakers were to meet again today in Washington after some House Republicans, led by Virginia's Eric Cantor, said they wouldn't back a plan based on Treasury Secretary Henry Paulson's approach. The stalemate came after an unprecedented meeting of the two presidential candidates, President George W. Bush, congressional leaders and Cabinet officers.

    ``We are sitting down where we were at the end of day one,'' Senator Bob Corker, a Tennessee Republican, said as he headed into a late-night meeting with Paulson and lawmakers.

  • Stocks in Europe, Asia, U.S. Futures Decline on Bailout Delay

    Sept. 26 (Bloomberg) --Stocks in Europe and Asia and U.S. index futures sank after negotiations on the $700 billion financial bailout plan stalled and Washington Mutual Inc. was seized in the biggest U.S. bank failure in history.

    UBS AG, the European bank hardest hit by subprime-related losses, slid 2.8 percent and Woori Finance Holdings Co. tumbled 7.5 percent after Republicans said they wouldn't support the proposed rescue plan. WaMu plunged 77 percent as JPMorgan Chase & Co. acquired its branch network for $1.9 billion. Vestas Wind Systems A/S retreated 4.9 percent after Morgan Stanley cut its recommendation for the world's biggest wind-turbine producer.

    ...

    ``With the bankruptcy of Washington Mutual, the systemic risk has returned,'' said Benoit de Broissia, an equity analyst at Richelieu Finance in Paris, which oversees about $6.2 billion. ``One of the links in the chain has broken so we wonder if the chain is threatened,'' he said in a Bloomberg Television interview.

  • Fundos portugueses perdem 8 milhões com Lehman e AIG
    Colapso financeiro 2008-09-17 00:05 (Diário Económico)
    Há 13 fundos com exposição às duas entidades. Só na última semana e meia perderam 2,6 milhões de dólares.

    ... São pelo menos 13 os fundos portugueses expostos a estes activos, de acordo com a análise feita pelo Diário Económico no ‘site’ da CMVM.

    Excluindo o montante dos títulos de dívida, as perdas acumuladas em 2008 pelos fundos portugueses através da exposição a AIG e Lehman ascendem a 7,7 milhões de dólares. Desde o início da semana passada, quando começaram a ser mais evidentes os graves problemas do banco de investimento norte-americano, as perdas são de 2,6 milhões de dólares.

    O BPI Reforma Investimento PPR é o fundo com maior exposição a acções da AIG, 95.814 títulos, e também com mais acções da Lehman Brothers em carteira, 4.328.

    Outros fundos com acções da AIG em carteira são o BPN Optimização, BPN Valorização, BPN Acções Global, Santander Acções América, Santander Acções USA e Millennium Acções América. Apenas dois fundos têm dívida da AIG, o BPI Global (12,5 milhões) e o Popular Valor (200 mil).

  • O naufrágio dos PPR e dos fundos de investimento em geral
    Sexta-feira, 26 de Setembro de 2008 (Esquerda Desalinhada).

    ...retirámos do Semanário Económico de 22/8 o seguinte ilustrativo título – “77% dos fundos PPR têm retornos negativos”. E, como subtítulo uma frase mais clarividente – “quem investiu em PPR para construir um pé-de-meia para a reforma tem razões para se mostrar apreensivo…”.

    Mais detalhadamente ficamos a saber que os PPR mais prudentes, com menor cobertura em acções de empresas obtiveram uma rendabilidade de 0,28% nos 12 meses terminados em Julho último; e que os mais ambiciosos com mais de 35% de investimento em acções, perderam 8,9%.

    Alguém poderá dizer que foi culpa do “subprime”, género de peste que tudo pretende justificar. Nada disso. Nos últimos três anos, a média anual da rendabilidade, para o conjunto dos PPR, fixa-se em 1,59%, que passa a 2,6% se se considerarem os últimos cinco anos. Em suma, os PPR não valorizam coisa nenhuma pois nem sequer a inflação compensam, Assim, os mais avisados e os mais enrascados retiraram 460 M euros de PPR nos primeiros sete meses do ano.

    De acordo com notícia do Diário Económico de 22/7 e também no que respeita a fundos de pensões, o BCP perdeu 558 M euros, o BPI 250 M euros e o BES 234 M euros no primeiro semestre, devido à desvalorização dos activos que cobriam as suas responsabilidades. Quando as cotações sobem, eles valorizam os activos e aceitam responsabilidades mas, quando elas baixam, surge a desvalorização dos activos, não se reduzindo, naturalmente as responsabilidades; então, os bancos afectam novos activos para manter a cobertura e… quando eles se esgotarem vão à falência ou o paizinho Estado dá uma ajuda, pagando os desvarios dos capitalistas que tanto protege.

    Mas não são só os fundos geridos pelo sistema financeiro, nomeadamente pelos bancos que colocam os valores entregues pelas pessoas no “mercado”. O Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social, existente como forma de assegurar o pagamento de pensões em caso de crise grave, tem cerca de 20% do seu pecúlio, equivalente a 1600 M euros, aplicado em títulos e submetido aos riscos que se vêm revelando.

    Os fundos de investimento em geral

    O panorama atrás referido emana da situação que se observa para o conjunto dos fundos de investimento. No ano terminado em Junho último a “indústria” europeia da especulação havia perdido 800 000 M de euros na valorização dos seus activos e, se o desporto especulativo estivesse num campeonato europeu, as medalhas pelas perdas teriam sido assim distribuídas:

    Medalha de ouro – Portugal (- 30,79%)

    (neste momento solene sugerimos que cantem o hino!!)

    Medalha de prata – Lituânia ( - 30,16%)

    Medalha de bronze – Polónia (-27,40%)

    Em finais de Agosto, a melhor marca europeia nas perdas continuava a pertencer a Portugal (-33,62%) só ultrapassada, a nível mundial pela Coreia (-37,52%). Afinal o “sólido” sistema financeiro português não é só bom a aumentar os juros, a inventar comissões e pequenas falcatruas, como na questão dos arredondamentos.

OAM 443 26-09-2008 12:51 (última actualização 27-09-2008 00:00)

quinta-feira, setembro 25, 2008

Crise Global 25

O colapso da América VI
George W. Bush: «Toda a nossa economia está em risco» (25 de Setembro de 2008, 02:42)

Elaine Meinel Supkis: Everyone can have lots of fun! This is because there is no such thing as ‘allies’ in the world of business. There are sharks and there is fish bait. Any shark that ends up bleeding in the water is attacked by the others.

To dominate Europe, all Russia has to do is get China’s cooperation in denying international lending to the US government. Let the Arabs and Europeans and Japanese pay for everything themselves!

Unlike many third world nations, the US public is very heavily armed.

Um novo "Pearl Harbor"?


O ultimato dirigido aos americanos por George W. Bush (1) em nome dos ladrões de Wall Street e do cartel bancário que dá pelo nome de FED (Reserva Federal), resume-se ao seguinte: ou vocês (mensagem de Bush ao povo americano) pagam o buraco negro do Subprime, dos CDS (Credit Default Swaps) e dos demais produtos tóxicos do mercado de Derivados, com execuções hipotecárias, subidas consecutivas nas prestações das vossas casas hipotecadas, destruição em larga escala do trabalho existente, estagnação do emprego, centenas de milhar de empresas falidas, e muito menos Estado no ensino, na segurança social e na assistência médica, ou, se o Congresso rejeitar este pacote de emergência, destinado a passar um cheque em branco aos piratas-mor Paulson e Bernanke, para que de alguma forma mitiguem os sérios problemas da América, haverá uma implosão de todo o sistema financeiro do país, cujo efeito será multiplicar por um factor indeterminado o drama acima descrito, com implicações internacionais, de ordem económica, financeira, política e militar imprevisíveis! É sobre este dilema que G.W. Bush espera uma resposta favorável ao golpe de Estado financeiro em curso.

Warren Buffett lançou um aviso encriptado sobre a actual precipitação do colapso económico-financeiro da América: estamos na presença de um "Pearl Harbor Económico" (2).

Toda a gente hoje sabe que a destruição da esquadra americana -- fundeada no Havai -- pela aviação japonesa foi uma armadilha montada pelos americanos, com conhecimento do presidente Franklin Delano Roosevelt (FDR), para justificar a entrada em força da América na II Guerra Mundial. Sobram razões para pensar que o 11 de Setembro tenha sido algo parecido. A pergunta que agora se põe, depois das derrotas militares em curso nas aventuras criminosas desencadeadas contra o Iraque, o Afeganistão e as regiões autónomas (hoje independentes) da Geórgia, e do incremento exponencial das dívidas externa, pública e orçamental dos Estados Unidos, é esta: como ocultar a teia de corrupção e mentira (3) que engendrou tudo isto? Como escondê-la, em particular se os actores deste filme da verdadeira Máfia americana pertencerem à elite WASP e financeira (JP Morgan, Chase, etc.) que gere o complexo industrial-militar da América, e o enredo estiver ancorado numa rede de cumplicidades profundamente infiltrada no aparelho de Estado americano?

O problema é, além do mais, extraordinariamente grave se ponderarmos o facto de boa parte dos activos acumulados pelos gigantes agora falidos pertencerem à China, à Rússia, aos árabes do petróleo e ainda a algumas grandes instituições e fundos de investimento (fundos de pensões, etc.) europeus (4). A não aprovação do pacote armadilha de Bush, Paulson e Bernanke, até ao dia de amanhã (26 de Setembro de 2008), poderá fazer cair o sistema financeiro americano, tornando virtualmente irrecuperáveis as dívidas acumuladas pela América, reduzindo ainda a zeros os biliões de dólares de activos adquiridos por Estados riquíssimos e detentores, quase todos eles, de sofisticado armamento nuclear, com factores demográficos muito favoráveis em hipótese de guerra, e uma altíssima moral anti-americana. Por outro lado, a aprovação, ainda que mitigada, de um cheque em branco aos gatunos de Wall Street, poderá apenas prolongar por mais algum tempo a agonia do império americano. Em ambos os casos, o perigo de uma nova guerra civil na federação de 50 estados que formam a União é real. Não existe nenhum país no mundo com uma população civil tão bem armada como a dos Estados Unidos. Haverá, depois de amanhã, uma ordem de recolha do armamento em posse dos cidadãos americanos? Haverá, por outro lado, uma nova proibição de compra e detenção privada de ouro fino?

Os dias de hoje e de amanhã poderão transformar-se no terceiro e último capítulo de uma reedição fatídica da provocação de Pearl Harbor, colocando o planeta à beira duma III Guerra Mundial. Primeiro, foi o 11 de Setembro; depois, a Guerra ao Terrorismo e o Patriotic Act (ambos conducentes à transformação dos Estados Unidos numa ditadura imperial sob estado permanente de excepção); e finalmente, a votação no Congresso, amanhã, do pacote legislativo que autoriza a maior expropriação de riqueza americana individualmente acumulada por parte dos donos daquela que foi outrora a maior e mais inspiradora democracia do mundo. Repare-se que este roubo será executado por uma horda de ladrões e assassinos com total carta branca. Vão ser horas de brasa até ao fim do dia de amanhã. O mundo está suspenso do desenrolar destes acontecimentos. Pela nossa parte, iremos acompanhar o filme hora a hora.


NOTAS
  1. Crise financeira: «Toda a nossa economia está em risco» - George W. Bush
    25 de Setembro de 2008, 02:42
    Washington, 25 Set (Lusa) - George W. Bush fez na quarta-feira uma dramática comunicação televisiva sobre a actual crise financeira, afirmando que toda a economia norte-americana "está em risco" e apelou a um consenso bipartidário para a solução. (SAPO/ Lusa).

  2. Did Buffett Just Give Us A Coded Warning?
    Wednesday, 24 September 2008
    Warren Buffett, new stakeholder in the megalithic survivor-biased Goldman Sachs, has referred to recent upheavals in the financial markets as "an economic Pearl Harbour". He is a very smart man who knows his history, having lived it and seen it up close. He will know better than most that Pearl Harbour is now understood in well informed circles to not only have been foreseen by FDR, but provoked by FDR in an orchestrated campaign to engineer a war with Japan dating from a plan adopted in 1940. -- London Banker.

    acrumb (comentário):

    ...financial markets are in much worse shape than reported. The Fed is not just printing oodles of dollars, but 'printing gold' by selling 'gold certificates' not backed by any gold. And the GNMA mortgage bonds are fraudulently using the same mortgage 10 times to back 10 different bonds. What has been reported is the tip of the iceberg. Value of the dollar must collapse.

    Buffett Buys Goldman Stake in 'Economic Pearl Harbor'

  3. The Housing and Economic Recovery Act of 2008: An Analysis by Catherine Austin Fitts
    Solari Real Channel, August 11, 2008

    "I would never come to your house. Your house is bigger than my house. I would find it castrating." -- Jack Kemp to Catherine Austin Fitts.

    You can attack and take over a country. Or you can simply let it borrow itself to death in a financial coup d'etat. Recent history suggests that the second is infinitely more profitable for the victor.

    "In 1994, after the first Federal Housing Administration (FHA)/Housing and Urban Development (HUD) financial audit was published, a mortgage banker came to see me. He was a serious engineering type who clearly worked hard and had mastered the details of his business. He was distressed, he said. For decades he had been keeping a tally of total outstanding FHA/HUD mortgage insurance credit. He had brought printouts of his database for me. It turned out that the government’s published financial statements showed the amount outstanding was substantially less than the actual amount outstanding. He was sure. I assumed that the guy was crazy. If what he said were true, then the U.S. Treasury and the Federal Reserve would have to be complicit in significant fraud, including securities fraud."

    ...

    The average person could not believe that the largest, most prestigious Wall Street banks and investment houses were engaged with Washington in managing the largest capital market in the world—the U.S. mortgage markets—on a criminal basis.

    That was too much to swallow.

    Until now.

    The real model has come out of the closet. Whereas the last year of Wall Street bailouts were making things clearer, the Housing and Economic Recovery Act of 2008 now leaves no room for doubt. The Act could not be more blunt about infinite government subsidy funded with infinite debt benefiting the private few. The Tapeworm corporation is fully engorged.

    The American taxpayers are, in essence, guaranteeing $5 trillion of Fannie Mae and Freddie Mac debt. The Federal Reserve stands by to subsidize Fannie's and Freddie's stock in the stock market. Fannie and Freddie continue to pay dividends to their shareholders. All the profit goes to the shareholders and management. The taxpayers get no compensation or payback for saving all of Fannie and Freddie’s equity and essentially guaranteeing their income. The management of Fannie and Freddie get to keep all their compensation and bonuses. They get to spend as much as they want on more lobbyists and law firms. They and their foundations can continue to hand out money to universities and not-for-profits.

    This all ensures that Fannie Mae and Freddie Mac can continue to use the federal credit to centralize and control the U.S. mortgage market.

    ...

    The housing bill has put forward the most explicit description yet of the true corporate model prevailing in America—congressionally legislated businesses with central-bank-determined stock prices.

    It is a fascinating combination of friendly fascism and multiple personality disorder. Now that the fundamental nature of the Tapeworm corporation is out of the closet and clear, keeping it afloat will require a mind-numbing combination of global force to maintain financial liquidity, plus global propaganda and payola to preserve its brand.

    ...

    Thanks to a handful of courageous people and reporters, you can understand why it took 232 years for America to accumulate almost $10 trillion in national debt but only one new bill bailing out Freddie Mac and Fannie Mae to clean up more housing bubble mess to add another $5 trillion overnight.

    Andrew Cuomo and Fannie and Freddie
    How the youngest Housing and Urban Development secretary in history gave birth to the mortgage crisis
    By Wayne Barrett
    Village Voice. published: August 05, 2008

    There are as many starting points for the mortgage meltdown as there are fears about how far it has yet to go, but one decisive point of departure is the final years of the Clinton administration, when a kid from Queens without any real banking or real-estate experience was the only man in Washington with the power to regulate the giants of home finance, the Federal National Mortgage Association (FNMA) and the Federal Home Loan Mortgage Corporation (FHLMC), better known as Fannie Mae and Freddie Mac.

    Financial Bailout: America's Own Kleptocracy
    The largest transformation of America's Financial System since the Great Depression, by Michael Hudson
    Global Research, September 20, 2008

    Overnight, the U.S. Treasury and Federal Reserve have radically changed the character of American capitalism. It is nothing less than a coup d'Etat for the class that FDR called "banksters." What has happened in the past two weeks threatens to change the coming century - irreversibly, if they can get away with it. This is the largest and most inequitable transfer of wealth since the land giveaways to the railroad barons during the Civil War era.

  4. Crise Financeira
    2008-09-24 16:04 (Diário Económico). Bancos europeus poderão sofrer colapso ainda maior do que o dos seus congéneres nos EUA. As gigantescas dívidas e a falda de dinheiro poderão destruir vários dos maiores bancos europeus, alerta um estudo do Centro para os Estudos de Política Europeia.

    The week that changed everything
    Ann Pettifor in Open Democracy.

    The last week has changed everything. A series of extraordinary events in the United States - from the collapse of Lehman Brothers to the forced sale of Merrill Lynch, from the state takeover of insurance giant AIG to the Federal Reserve's emergency bailout plan - has transformed the crisis in the financial markets into an argument about the very foundations of the model of economic governance that rules the world.

    ... The world may be moving on its axis, but the change has not yet gone nearly far enough: for neo-liberal economists remain at the helm of the global economy, and continue to disseminate potent mis-diagnoses of what is happening. These economists include the world's major central bankers and finance ministers. It is vital that their economics and their three principal delusions are challenged if the global economy is to be steered safely out of this all-consuming storm.

    Another Anglo-American debacle. This time worse than Iraq.
    Ann Pettifor in Debtonation.

    European politicians, with the exception of Spain, declined to party at the Anglo-American-sponsored Credit Bubble saloon. It was Anglo-American financiers cheered on by politicians and regulators, that dined out on a ‘punch-bowl’ of de-regulatory excess. Europeans individuals and households are on the whole, far less indebted than than those in economies that emulated the Anglo-American model. Now that the party is well and truly over, there are pleas for help from Washington.

    Hank Paulson on Sunday signalled the need for a multilateral approach to the crisis, which thanks to a highly integrated, international financial system - threatens to become a global systemic crisis.

    But in one week the world has changed. The same politicians that Donald Rumsfeld mocked as ‘old Europe’ because they opposed the invasion of Iraq, are now refusing to play ball. The New York Times reports today that German Chancellor Mrs Angela Merkel “took the opportunity to criticize the United States and Britain for opposing German efforts to put greater regulation, or at least reviews, of the financial sector on the international agenda last year, when she was chairwoman of the Group of 7 industrialized nations.”

OAM 442 25-09-2008 14:14