segunda-feira, dezembro 01, 2008

Bombaim 2008


Estação CF de Mumbai depois do ataque 26 de Novembro.
Foto original (alterada): REUTERS/Stringer (India).

Dividir para reinar

"Pakistan is publicly complaining about U.S. air strikes. But the country's new chief of intelligence, Lt. Gen. Ahmed Shuja Pasha, visited Washington last week for talks with America's top military and spy chiefs, and everyone seemed to come away smiling." (David Ignatieff, A Quiet Deal With Pakistan, Washington Post, November 4, 2008).

Eu estou convencido que o ataque terrorista à antiga cidade de Bombaim (Mumbai, desde 1995) foi, como muitos outros, uma operação especial típica das várias guerras assimétricas actualmente em curso, orquestrada pelos serviços secretos paquistaneses, que não obedecem ao governo recentemente eleito, mas há muito colaboram com os serviços secretos americanos e ingleses. A ser verdade esta minha suposição fundamentada (1), fica revelado até onde pode ir a hipocrisia e o fanatismo de alguns Estados aparentemente acima de toda a suspeita. A grande estratégia ocidental, protagonizada pelos Estados Unidos, Reino Unido e Israel, é muito simples: garantir o domínio das principais fontes de petróleo e gás natural do planeta e impedir que outros ocupem o seu lugar.

Para se atingir este objectivo numa época em que as relações de forças entre os países iniciaram uma clara deslocação tectónica em direcção ao Oriente, é fundamental atingir dois outros desideratos estratégicos: bloquear a Rússia (obrigando-a a decidir-se por um dos seus dois aliados potenciais: a Europa, ou a China) e cercar a China. A desestabilização do Tibete, da Índia, do Paquistão, do Afeganistão , do Irão e do Iraque faz parte deste estratégia de sobrevivência da supremacia Ocidental. E a velha e eficaz maneira de dominar é dividir.

Com o actual Papa e a futura Secretária de Estado de Barak Obama, Hillary Clinton, que acaba de ser confirmada no cargo (BBC), vamos ter pela frente um duelo certamente cruento entre a linha dura muçulmana e a linha dura cristã. O perigo de uma fuga em frente na direcção de uma guerra em larga escala contra o Islão, nunca esteve tão perto de acontecer.

Ao longo da história dos povos poderosos mas falidos, sempre foi uma maneira de resolver os problemas.


NOTAS
  1. India's 9/11. Who was Behind the Mumbai Attacks?
    Washington is Fostering Political Divisions between India and Pakistan

    by Michel Chossudovsky

    The Timing of the Mumbai Attacks

    The US air strikes on the Tribal Areas resulting in countless civilians deaths have created a wave of anti-US sentiment throughout Pakistan. At the same token, this anti-American sentiment has also served, in the months preceding the Mumbai attacks, to promote a renewed atmosphere of cooperation between India and Pakistan.

    While US-Pakistan relations are at an all time low, there were significant efforts, in recent months, by the Islamabad and Delhi governments to foster bilateral relations.

    Barely a week prior to the attacks, Pakistan president Asif Ali Zardari "urged opening the Kashmir issue to public debate in India and Pakistan and letting the people decide the future of IHK."

    He also called for "taking bilateral relations to a new level" as well as forging an economic union between the two countries.
    Divide and Rule

    What interests are served by these attacks?

    Washington is intent on using the Mumbai attacks to:

    1) Foster divisions between Pakistan and India and shunt the process of bilateral cooperation and trade between the two countries;

    2) Promote internal social, ethnic and sectarian divisions in both India and Pakistan;

    3) Justify US military actions inside Pakistan including the killing of civilians in violation of the country's territorial sovereignty;

    4) Provide a justification for extending the US led "war on terrorism" into the Indian sub-continent and South East Asia.

    In 2006, the Pentagon had warned that "another [major 9/11 type terrorist] attack could create both a justification and an opportunity that is lacking today to retaliate against some known targets" (Statement by Pentagon official, leaked to the Washington Post, 23 April 2006). In the current context, the Mumbai attacks are considered "a justification" to go after "known targets" in the tribal areas of North Western Pakistan.
    ...

    What has added potency to the latest charges against Islamabad is the Bush administration's own assessment - leaked to the US media - that Pakistan's intelligence agency ISI was linked to the bombing of the Indian Embassy in Kabul some weeks back that killed nearly 60 people including a much-admired Indian diplomat and a respected senior defense official. (Times of India, November 27, 2008)
    ...

    Bali 2002 versus Mumbai 2008

    The Mumbai terrorist attacks bear certain similarities to the 2002 Bali attacks. In both cases, Western tourists were targets. The tourist resort of Kuta on the island of Bali, Indonesia, was the object of two separate attacks, which targeted mainly Australian tourists. (Ibid)
    ...

    A November 2002 report emanating from Indonesia’s top brass, pointed to the involvement of both the head of Indonesian intelligence General A. M. Hendropriyono as well as the CIA.
    ...

    With regard to the Bali 2002 bombings, the statements of two former presidents of Indonesia were casually dismissed in the trial procedures, both of which pointed to complicity of the Indonesian military and police. In 2002, president Megawati Sukarnoputri, accused the US of involvement in the attacks. — in Global Research.


OAM 484 01-12-2008 19:41

domingo, novembro 30, 2008

Portugal 53

Os dilemas da crise

As Jim Rohm observed, “Failure is not a single, cataclysmic event. You don't fail overnight. Instead, failure is a few errors in judgement, repeated every day.”

The crisis in debt markets has been rolling since the sub-prime collapse of August 2007. The increasing illiquidity of commercial paper, trade credit, municipal finance and other debt markets was foreseeable and inevitable. And yet the central banks and treasury authorities of the Western nations have done nothing to shield these essential sectors from the ill effects of the financial sector implosion while giving virtually unlimited funds to the banks authoring the collapse. — in What We Value Is What We Save In a Crisis, 28-11-2008, by London Banker.


"The IEA report [...] warns strongly of the unsustainability of current global energy consumption trends, declaring that business as usual would take the world to a 6 degree Celsius rise in temperature – which would almost certainly mean the extinction of our species." — in The Oil Depletion Analysis Centre (ODAC) Newsletter - 14 November 2008, Guest Commentary by Dr. Richard Miller.

Com os juros e os preços das matérias primas em queda, parece irrecusável a boleia de liquidez prometida por Bruxelas, bem como a sua maior tolerância face ao Pacto de Estabilidade. Resta saber se os milhares de milhões de euros anunciados vão servir a economia real, ou se, pelo contrário, estão destinados apenas a tapar o buraco negro criado pela especulação financeira mundial ao longo dos últimos 20 anos.

Os portugueses já carregam aos ombros uma descomunal dívida pública, externa e orçamental. E pior do que isso, suportam uma classe política indolente, irresponsável e atacada pelo destrutivo bicho da corrupção sistémica. Tenho pois as maiores dúvidas sobre o acerto das medidas erráticas que serão adoptadas ao sabor dos pregões eleitorais e do reality show televisivo.

E no entanto, não poderíamos estar numa encruzilhada mais decisiva para o futuro do país.

Se não atacarmos a actual crise financeira e económica rapidamente, poderemos acabar por ficar sem recursos, sem economia e sem ânimo para ajudar a travar as alterações climáticas e a ruptura ecológica do planeta que actualmente ameaçam a espécie humana, entre outras. Se, por outro lado, os políticos continuarem atrelados ao modelo demagógico do rotativismo democrático e, pressionados pela ameaça de uma estagnação prolongada, decidirem abandonar a agenda da sustentabilidade, estão a humanidade dificilmente escapará ao colapso previsto pelo modelo matemático do célebre Relatório de Roma (1972), Limits to Growth.

O debate orçamental na Assembleia da República traduziu, uma vez mais, o vazio intelectual e político do actual sistema de poder. Aluados pelos jogos eleitorais que se aproximam, governantes e deputados já só "trabalham" para as eleições. A discussão sobre os equilíbrios a estabelecer entre a salvação do sistema financeiro e a economia real, foi substituída pela costumeira retórica parlamentar, entre risadas parvas e tiradas pueris.

Vale a pena comparar este vazio de ideias e ausência de vontade com as respostas de Hong-Kong e da República Popular da China à mesmíssima crise económico-financeira. O elenco de medidas aprovadas (que vale a pena consultar nos documentos a seguir mencionados) dão bem a ideia da crescente vantagem competitiva da China relativamente à indecisa Europa.
  • WINSTON & STRAWN Global Financial Markets Spotlight – Hong Kong
    Summary of Measures Implemented by the Hong Kong Special Adm(as of November 19, 2008) — PDF.
  • WINSTON & STRAWN Global Financial Markets Spotlight – People’s Republic of China
    Summary of Measures Implemented by the PRC Government (as of November 21, 2008) — PDF.
Como escrevi no post anterior, é preciso definir um novo quadro de prioridades. O alinhamento que proponho é este:
  • regular drástica e imediatamente os mercados financeiros;
  • dar prioridade absoluta à eficiência e produtividade energéticas;
  • restabelecer a prevalência do capital natural sobre o capital resultante da exploração;
  • reinventar os paradigmas de crescimento;
  • criar emprego produtivo.
Indo ao pormenor das linhas de acção imediata, creio que deveríamos apostar num mistura sábia de decisões capaz de minorar os impactos preocupantes da depressão anunciada:
  • limitar a atribuição de crédito bancário nas operações financeiras de risco;
  • criar linhas de crédito especiais para apoio às PMEs, sobretudo no sector da exportação;
  • implementar um plano de conservação e modernização de infraestruturas locais;
  • fazer uma selecção criteriosa dos grandes projectos de obras públicas, tendo em conta a sua utilidade estratégica, o custo-benefício dos mesmos e a respectiva sustentabilidade financeira;
  • assumir a Zona Económica Exclusiva como uma prioridade estratégica e redefinir com carácter de urgência todo o sector marítimo da nossa economia (portos, indústria naval, transportes marítimos, pescas, aquicultura, energias sustentáveis e exploração das plataformas continental e insulares);
  • apostar de forma mais ampla, descentralizada e atempada, na eficiência e produtividade energéticas, gerando a partir desta linha de acção uma fileira inteiramente nova de actividades económicas, investigação e desenvolvimento, e emprego especializado;
  • desenvolver um programa de cidades ecológicas, a implementar, numa primeira fase, em todas as 18 capitais de distrito;
  • proceder a uma reforma educativa radical, tendo em vista adaptar a sociedade portuguesa à mutação do paradigma energético, às alterações climáticas, a uma nova sustentabilidade económico-social, e à necessidade de fazer renascer as actividades económicas produtivas e participadas
  • apostar num Serviço Nacional de Saúde gratuito e universal, gerido com critérios de economia, transparência e demonstração de resultados.
O tempo de desastre corre contra nós (1). Não podemos esperar eternamente pelos políticos. Continuaremos a fazer avisos à navegação. Continuaremos a clamar contra a sua indolência e irresponsabilidade. Mas teremos também que nos ir preparando para instaurar novas formas de democracia (de democracia em rede), no caso de a democracia formal que hoje temos colapsar perante a descoberta inesperada da sua própria falência económica e moral.

NOTAS
  1. On Friday November 21, the world came within a hair’s breadth of the most colossal financial collapse in history according to bankers on the inside of events with whom we have contact. The trigger was the bank which only two years ago was America’s largest, Citigroup. The size of the US Government de facto nationalization of the $2 trillion banking institution is an indication of shocks yet to come in other major US and perhaps European banks thought to be ‘too big to fail.’
    ...

    The 2009 year will be one of titanic shocks and changes to the global order of a scale perhaps not experienced in the past five centuries. This is why we should speak of the end of the American Century and its Dollar System. — in Colossal Financial Collapse: The Truth behind the Citigroup Bank "Nationalization", by F. William Engdahl (Global Research).


OAM 483 01-12-2008 00:55

Crise Global 46

Liquidez total

Um longo Inverno
Metade do PIB de 2007 para salvar sistema financeiro americano

U.S. Pledges Top $7.7 Trillion to Ease Frozen Credit
By Mark Pittman and Bob Ivry

Nov. 24 (Bloomberg) -- The U.S. government is prepared to provide more than $7.76 trillion on behalf of American taxpayers after guaranteeing $306 billion of Citigroup Inc. debt yesterday. The pledges, amounting to half the value of everything produced in the nation last year, are intended to rescue the financial system after the credit markets seized up 15 months ago.

The unprecedented pledge of funds includes $3.18 trillion already tapped by financial institutions in the biggest response to an economic emergency since the New Deal of the 1930s, according to data compiled by Bloomberg. The commitment dwarfs the plan approved by lawmakers, the Treasury Department’s $700 billion Troubled Asset Relief Program. Federal Reserve lending last week was 1,900 times the weekly average for the three years before the crisis.

When Congress approved the TARP on Oct. 3, Fed Chairman Ben S. Bernanke and Treasury Secretary Henry Paulson acknowledged the need for transparency and oversight. Now, as regulators commit far more money while refusing to disclose loan recipients or reveal the collateral they are taking in return, some Congress members are calling for the Fed to be reined in.

As principais economias industriais do planeta caminham paulatinamente para uma prolongada deflação, com as respectivas taxas de juro a tender para zero. Entre Janeiro e Fevereiro de 2009 as taxas de juro de referência dos bancos centrais cairão para 2,5% na Eurolândia, 1% ou menos nos Estados Unidos, e 0,1-0,15% no Japão (1). Os países produtores de matérias primas, pelo contrário, verão os respectivos juros subir, fixando a liquidez própria e desviando grandes fluxos de capital na direcção das suas economias.

Ao contrário do que pensa a Esquerda leviana, aumentar as responsabilidades financeiras dos Estados, das empresas e das pessoas, na situação de endividamento estrutural em que se deixaram cair os Estados Unidos e a Europa, prolongando a ilusão de um crescimento à custa do consumo, não só não vai resolver os problemas, como irá agravá-los.

No quadro da imprevisibilidade extrema actual, a que se vêm somar os efeitos catastróficos das alterações climáticas, as prioridades devem ser outras:
  • regular drástica e imediatamente os mercados financeiros;
  • dar prioridade absoluta à eficiência energética;
  • restabelecer a prevalência do capital natural sobre o capital resultante da exploração
  • reinventar os paradigmas de crescimento;
  • criar emprego produtivo
As tentativas insistentes de tapar com dinheiros públicos o buraco negro dos Derivados confeccionados pelas Donas Brancas que dominaram a especulação mundial das últimas duas décadas, são não apenas imorais, mas também inúteis (2), colocando em risco a estabilidade política de inúmeros países, e a própria paz mundial.

O simples facto de Portugal inscrever no seu Orçamento de Estado a possibilidade de hipotecar mais de 10% do PIB no saneamento de instituições bancárias e financeiras à beira do colapso, em vez de apostar na destruição criativa dos especuladores, em linha com o tipo de recomendações que os neo-liberais gostam de sugerir aos sectores produtivos tradicionais, revela até que ponto podemos estar a cavar a nossa própria sepultura.

A proporção dos Derivados na Liquidez Total sugere claramente que a única saída possível é cortar as ligações existentes entre a economia real e o vórtice destrutivo da economia especulativa gerado pela bolha do Subprime. A primeira deve ser saneada e merecer novas estratégias e novos financiamentos. A segunda, por não passar duma ficção informática, deve ser apagada, pura e simplesmente, do sistema! O senhor Stanley Ho não salva da ruína os jogadores que apostam no seu casino. A mesma receita deve ser aplicada, naturalmente, aos especuladores de Wall Street e do Banco Privado.


NOTAS
  1. China downturn deepens, European rate cut sought

    Thu Nov 27, 2008 4:38pm EST (REUTERS) — By Keith Weir

    LONDON (Reuters) — China warned on Thursday that its economic downturn could threaten stability as pressure grew on the European Central Bank to make a big cut in interest rates to help contain the global financial crisis.
    ...

    "The euro zone is in a deep recession, upping the pressure on the ECB to cut interest rates further," said Christoph Weil, economist at Commerzbank. "We envisage a first move next week on a scale of 75 basis points to 2.5 percent."
    ...

    Central banks around the globe have slashed interest rates to try to ease the flow of credit and restart stalled economies.

    Economic sentiment in Europe's single currency zone hit 15-year lows in November and inflation expectations plunged, boosting the case for a big rate cut from the European Central Bank next week.


    Mizuno Opposed Bank of Japan’s October Rate Cut

    Nov. 27 (Bloomberg) -- Bank of Japan board member Atsushi Mizuno voted against the Oct. 31 decision to cut interest rates, saying the central bank should focus on measures to promote the flow of money through the financial system, minutes show.
    ...

    “Further deterioration in the economy will require more action, irrespective of Mizuno’s stance,” said Masamichi Adachi, senior economist at JPMorgan Chase & Co. in Tokyo. Adachi predicts the key rate will be lowered to 0.1 percent or 0.15 percent in February.

  2. Major US banks worse than Japan's zombies?
    Why aren't massive expansions of banking reserves by the Fed working this time?
    By FRED, iTulip Administrator, in iTulip (2008-12-02).

    Back in September 2008 posted this chart that shows the Fed vastly expanding reserves for member banks. We show the expansion as a percentage rather than an absolute change because the numbers are so large as to be meaningless. The real story is the proportion relative to past crisis -- real, as in the case of 9/11, or imagined, as in the case of Y2K:
    ...

    iTulip: What do you make of the extraordinary levels of bank reserves that the Federal Reserve is pumping into the Federal Reserve System, now at more than 600% higher than November 2007 levels?

    Dr. B: Think of the commercial banks that take loans from the Federal Reserve banking system as a person and the money that flows through them as the blood in a person's body. Now think of that person as injured. When he suffers a severe injury and loses blood, the Fed gives him an emergency money transfusion. You can see in your chart below the money transfusions in late 1999 just before the end of the year, due to the Y2K scare -- false, as it turns out -- and in 2001 after 9/11. Some believe that the withdrawal of reserves in mid 2000 caused the market decline that led to the recession of 2001.

    Dr. B: After the injury is operated on and healed and the patient is producing his own money again, the money that was added earlier by the Fed's transfusion is drained back out. As you can see from your chart above, the transfusions usually take two to six months and typically six months or after the crisis is over are gradually withdrawn over a period of several months to return total money in the system to pre-crisis levels.”

    iTulip: That makes sense. But why has the Fed this time had to continue to transfuse money? Why are the transfusions so huge and why do the transfusions seem to not be working? Is he still bleeding and the money is pouring through the system? If you try to compare previous expansions with this one on the same chart on the same scale, the differences are quite stark.

    Dr. B: My theory is, and I admit not everyone will agree with it, is this: the patient is dead.

    iTulip: Interesting. That does not bode well for the efficacy of future transfusions.

    Dr. B: No it does not. They can keep the intravenous tube hooked up to a pint bottle or a 100 gallon drum of blood but it doesn’t matter if the blood is not circulating through the patient so he can to take it in.

    iTulip: Controversial. I see why you are giving this to us on the sly. What evidence do you have to support this theory?

    Dr. B: Note that many smaller banks that do not operate as part of the Fed system are working just fine.

    iTulip: Go on.

    Dr. B: The reason: Credit Default Swaps. It is now well understood that CDS are at the root of today’s financial crisis. Your readers have known that risk since 1999 when you first posted Someone Please Turn on the Lights. Some have suggested the simple expedient of canceling them all, declared all of the CDS contracts null and void.

    iTulip: That will bring the dead patient back to life, assuming as you assert that he is dead?

    Dr. B: CDS certainly killed him but removing them is no cure.

    iTulip: Why not?

    Dr. B: Federal Reserve Bank of New York Staff Report no. 276 "Credit Derivatives and Bank Credit Supply" by Beverly Hirtle, February 2007 concluded that all of the nation’s largest banks used credit default swaps not to protect existing assets but to expand their balance sheets between 1997 and 2006.

OAM 482 29-11-2008 23:30 (última actualização; 02-12-2008)

sábado, novembro 29, 2008

Portugal 52

Banco Privado: demasiado pequeno para falir

2008-11-28 ( DN Sapo) — O investidor Joe Berardo pediu "bom senso" e frisou ao DN que "os accionistas e gestores do BPP deviam ter tido cuidado com o que estavam a fazer. Não amealharam no Verão para sobreviver ao Inverno". Por isso, "o dinheiro dos contribuintes não deve ser usado para salvar grandes investidores. Se não também tem de salvar os pequenos".

2008-11-28 (Agência Financeira) — Para o empresário Joe Berardo as garantias disponibilizadas pelo Banco de Portugal, no valor de 20 mil milhões de euros com vista a dar liquidez ao sistema financeiro, só deviam ser usadas para «salvar» os bancos de crédito, refere em declarações à Agência Financeira (AF).

O também accionista do BCP mostra-se desta forma contra o plano de salvamento do Banco Privado Português (BPP). «O banco de João Rendeiro é um banco de investimento e não um banco comercial. Se começam a ajudar os bancos de investimento então vão ter a começar a ajudar outras pessoas, como aquelas que investem na bolsa», revela à AF.

Quando todos pensávamos que os 20 mil milhões de euros inscritos no Orçamento de Estado 2009, a título de "Passivos contingentes: Avales Concedidos e Dívidas Garantidas", se destinavam a socorrer bancos em dificuldades, ficámos a saber que não, nomeadamente depois de o BES anunciar que recorreria a empréstimos garantidos pelo Estado português, apesar de não precisar, apenas para não ficar atrás da concorrência!

Entretanto, com o Banco de Portugal e o Ministério das Finanças embrulhados em mais uma aventura de duvidosa legalidade, desta vez para salvar o Banco Privado Português (BPP), promovendo um sindicato de banqueiros que usará as garantias de Estado a que o BPP, por si só, não tem acesso, fica todo o país a saber que o potencial aumento do défice orçamental para uns astronómicos 13,7% (1), o qual se traduzirá inevitavelmente numa exploração fiscal sem precedentes, já está à disposição de uma bolsa de ricos incapazes de assumir as contingências das suas próprias decisões financeiras.

A história recente do Banco Privado Português conta-se em quatro penadas de susto:

Junho de 2008, in BPP, Publicações Obrigatórias (0089-BTI-200806.pdf)
  • Capital = 125.000.000 (total do capital = 193.438.253)
  • Crédito a clientes = 954.095.194
  • Recursos de clientes e outros empréstimos = 740.253.375
  • Recursos de outras instituições de crédito = 707.118.883

Ou seja, uma sociedade gestora de fortunas de média dimensão (Capital = 125.000.000 euros) e risco moderado (2) descobriu no passado Verão que iria ter muitas dificuldades em recuperar boa parte dos seus investimentos especulativos, ou melhor dito, boa parte dos investimentos dos seus accionistas e demais clientes (~954.095.194 euros) realizados sob sua orientação técnica.

Presumo que a totalidade dos investimentos especulativos veiculados pelo Banco Privado foram realizados com dinheiro emprestado aos accionistas e outros clientes pelo próprio BPP (~954.095.194 euros), que para tal teve que se endividar, nomeadamente junto da banca comercial (707.118.883 euros). Quando finalmente a crise financeira atingiu a Europa em cheio, os accionistas e clientes, que detinham recursos depositados no BPP na ordem dos 740.253.375 euros, perceberam que a bolha de Derivados (3) rebentara, que os lucros especulativos esperados se tinham evaporado, e que, portanto, o melhor seria retirar quanto antes as "poupanças" à guarda do Private Banker. E assim foi: os accionistas e outros clientes retiraram nas últimas semanas mais de 500 milhões de euros da sociedade chefiada por João Rendeiro e de que são accionistas de referência e/ou membros dos corpos sociais, entre outros, Francisco Pinto Balsemão (presidente do Conselho Consultivo), João Vaz Guedes (vice presidente do Conselho Consultivo), Stefano Saviotti (vice presidente), José Miguel Júdice (presidente da Assembleia Geral), Fundação Luso-Americana (representada por Rui Machete, também presidente do Conselho Superior da Sociedade Lusa de Negócios), João de Deus Pinheiro (vogal do Conselho Consultivo), Álvaro Barreto (vogal do Conselho Consultivo), António Viana Baptista (vogal do Conselho Consultivo), Jorge Braga de Macedo (vogal do Conselho Consultivo) e João Cravinho (vogal do Conselho Consultivo).

A corrida foi de tal modo radical que o BPP acabaria por bloquear as operações de levantamento no fim desta semana. Quem soube e teve oportunidade, rapou o tacho do BPP até ao ponto em que este, exangue, teve que suspender os pagamentos. Ao que se sabe agora, os bancos comerciais estarão ainda a arder em 350 milhões de euros, e um número desconhecido de clientes ficou impedido de levantar os 200 milhões de euros que lá depositou na esperança de bons negócios e juros acima dos oferecidos pela banca comercial.

Os accionistas e grandes clientes, depois de perderem as apostas especulativas realizadas com dinheiro emprestado, que pelos vistos não tencionam devolver (!), retiraram a quase totalidade dos seus depósitos no BPP, deixando esta sociedade virtualmente falida nas mãos dos credores e de alguns clientes mais lentos, fracos ou distraídos. Se isto não é uma vigarice gigantesca, então não sei o que é!

O volte-face do BPI tem pois uma moral: os bancos, se quiserem recuperar o dinheiro que emprestaram aos especuladores do BPP, para que estes comprassem as sofisticadas fichas do grande casino mundial de Derivados, terão que voltar a soltar mais crédito ao BPP. Doutro modo, não voltarão a ver a cor do dinheiro emprestado.

Dois dos bancos disponíveis para salvar o BPP — a Caixa Geral de Depósitos e o BES — já anunciaram pedidos de aval pessoal ao Estado português no montante de 3.500 milhões de euros. Ou seja, o buraco do BPP (550 milhões) multiplicado por seis. Perceberam?


REFERÊNCIAS

Queixas contra João Rendeiro no Banco de Portugal

30-11-2008 - 00h30 (Correio da Manhã). Várias denúncias de clientes do Banco Privado Português (BPP) contra João Rendeiro estão a ser analisadas pelo Banco de Portugal. As queixas, que são anteriores às actuais dificuldades financeiras do banco, têm por base diversos actos de gestão da administração de Rendeiro à frente do BPP. Estas denúncias terão precipitado a renúncia do banqueiro, que foi conhecida na sexta-feira à noite após reunião dos principais accionistas.

Bancos nacionais têm 350 milhões reféns do BPP

2008-11-29 (DN.Sapo) — O encontro de ontem à noite entre os principais accionistas do Banco Privado Português (BPP) terminou com a renúncia de João Rendeiro à presidência da instituição e com a disponibilidade dos accionistas - nomeadamente Rendeiro, que permanece como tal - para acompanhar um provável aumento de capital, fundamental no plano de salvação da instituição. Isto porque mantêm-se as dúvidas sobre a qualidade das garantias a dar ao Estado para que este assuma o risco das injecções de liquidez no BPP que os seis bancos envolvidos na operação irão disponibilizar.

O montante destas injecções deverá ser ligeiramente superior a 500 milhões de euros. Este dinheiro servirá para o BPP cobrir insuficiências de liquidez, quer nas linhas de crédito que estão a vencer, quer para pagar aos clientes que estão à espera de uma solução para resgatar os seus investimentos (bloqueados desde o início desta semana).
...

Imbróglio jurídico

Neste momento, o plano está definido, mas falta dar-lhe um enquadramento legal. É que a lei das garantias do Estado só prevê 45 milhões de euros para o BPP, já que está indexado à quota de mercado de crédito. Embora seja ao abrigo dessa lei que os outros bancos vão financiar-se para contribuir para a solução do BPP, o Banco de Portugal terá de encontrar outra solução jurídica, já que o regime geral das instituições de crédito e sociedades financeiras não prevê que o Estado assuma os riscos de injecções de capital feitas por entidades privadas. Ou seja, no caso de o BPP falhar o pagamento dos 500 milhões injectados, será o Estado a assumir o risco de contraparte. O enquadramento jurídico desta operação pode mesmo, segundo apurou o DN, obrigar o Governo a legislar, provavelmente através de portaria.

Os activos a dar como garantia são outro problema. É que, tendo em conta que o banco perdeu 500 milhões de euros em depósitos nas últimas semanas (os restantes 200 milhões estão bloqueados) sobra, como activos, o capital (daí a necessidade de o aumentar) e os veículos de investimento com participações no BCP, Brisa, Cimpor e Mota-Engil. Só que estes veículos perderam muito valor nos últimos meses, colocando uma dificuldade adicional ao Estado. Refira-se que, com a saída de Rendeiro, entrarão novos gestores na instituição. A Lusa avançava ontem que um deles pode ser Manuel Alves Monteiro, membro do conselho consultivo.

Berardo pede "bom senso"

Uma das questões que tem levantado algumas dúvidas prende-se com a eventualidade de o Estado assumir riscos para "salvar" más decisões de investimento dos gestores do BPP. Segundo apurou o DN, o banco conquistou clientes este ano com produtos de juros mais altos que a concorrência, a qual já procurava protecção da crise financeira em curso.

O investidor Joe Berardo pediu "bom senso" e frisou ao DN que "os accionistas e gestores do BPP deviam ter tido cuidado com o que estavam a fazer. Não amealharam no Verão para sobreviver ao Inverno". Por isso, "o dinheiro dos contribuintes não deve ser usado para salvar grandes investidores. Se não também tem de salvar os pequenos".


Banca: Futuro do Banco Privado Português poderá ser decidido hoje
28 de Novembro de 2008, 06:51 (Notícias.Sapo/Lusa)

Lisboa, 28 Nov (Lusa) - O futuro do Banco Privado Português (BPP) poderá ser decidido hoje, com o Banco de Portugal a coordenar uma operação de salvamento que pretende impedir o colapso da instituição liderada por João Rendeiro.

Tendo-lhe sido vedado acesso às garantias do Estado para poder obter um empréstimo de 750 milhões de euros no Citigroup - devido ao seu reduzido peso no financiamento às empresas e às famílias - o BPP poderá agora ser salvo da falência por um grupo de seis outros bancos: a Caixa Geral de Depósitos (CGD), o Millennium BCP, o BPI, o Santander Totta, o Banco Espírito Santo (BES) e o Crédito Agrícola.

Estes bancos estão a negociar com o Banco de Portugal e com o BPP as condições de um empréstimo, entre os 500 e 600 milhões de euros, de modo a que a instituição possa resolver os problemas de liquidez causados pela crise internacional.

No entanto, o Estado vai servir de fiador do BPP neste empréstimo, recebendo como penhor vários activos detidos pelo banco liderado por João Rendeiro, que opera no segmento da gestão de fortunas.

Fontes do sector, contactadas pela Lusa, afirmaram que o principal objectivo da operação de salvamento é impedir que o colapso do BPP afecte os financiamentos dos restantes bancos portugueses junto da banca internacional.

Se um banco português falir, ainda que seja de reduzida dimensão, como é o caso do BPP, o risco do sistema bancário nacional aumentará, tornando mais difícil às restantes instituições obterem financiamentos.

Para prevenir este cenário, os advogados dos seis bancos estiveram reunidos quinta-feira ao final do dia com responsáveis do Banco de Portugal e do Banco Privado Português, com vista a definir as condições da operação de salvamento, não tendo sido anunciado um acordo.

Contactada pela Lusa na quinta-feira à noite, fonte oficial do Banco de Portugal não quis fazer comentários sobre as negociações em curso.

Por sua vez, fontes de bancos envolvidos na operação confirmaram à Lusa que as negociações poderão conduzir, entre outras mudanças, à saída de João Rendeiro da liderança do BPP, tal como o jornal Público noticiou na quinta-feira.

Certo é que, independentemente do futuro de João Rendeiro, a administração da instituição vai passar a contar com dois administradores do Banco de Portugal, ao abrigo da lei que regulamenta as operações de saneamento e recuperação de instituições bancárias.

Já a estrutura accionista vai manter-se inalterada, uma vez que não se trata de uma nacionalização, como sucedeu recentemente com o BPN.

O BPP tem como principais accionistas o próprio João Rendeiro, através da Joma Advisers (com 12,5 por cento do capital), bem como Francisco Pinto Balsemão (com 6,02 por cento), Stefano Saviotti (com 5,83 por cento) e a família Vaz Guedes (com 5,81 por cento).

O banco conta ainda com investidores como Joaquim Coimbra e a Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento (FLAD), com 2 e 2,19 por cento, respectivamente, que têm em comum o facto de serem também ambos accionistas da Sociedade Lusa de Negócios, a 'holding' que era proprietária do BPN.

Segundo o Relatório e Contas de 2007, os capitais próprios do BPP ascendiam no final do ano passado a 250 milhões de euros, ao passo que os activos sob gestão somavam 2 mil milhões de euros.

Além destes activos, o BPP possui vários veículos de investimento - tendo alguns clientes como investidores - que controlam posições em empresas cotadas como o BCP, a Brisa e a Mota Engil, entre outras.

A desvalorização de alguns destes activos, nos últimos meses, contribuiu para as dificuldades de liquidez vividas pelo banco liderado por João Rendeiro.

No ano passado, o resultado líquido do banco ascendeu a 24 milhões de euros, tendo sido distribuídos pelos accionistas dividendos no valor de 12 milhões de euros.

FAL
Lusa/Fim.

NOTAS
  1. Aos anunciados 2,2% do PIB, de défice orçamental, assumidos por José Sócrates, há o risco de um acréscimo até 11,5% do PIB, no dito défice, caso o "passivo contingente" de 20 mil milhões de euros se transforme num passivo efectivo. No cenário previsível para 2009, 2010, 2011 e 2012, esta hipótese, apesar de improvável, e sobretudo indesejável, não é de todo impossível, conhecendo-se como já se conhecem os elevados graus de exposição de praticamente todo o sector bancário português (CGD, BCP, BES, etc.) ao risco de incumprimento, nomeadamente por efeito dos montantes das dívidas por saldar e das crescentes dificuldades de sobre-endividamento.
  2. O BPP tinha em Junho de 2008 o seguintes ratings: BBB (Fitch Ratings) e Baa3 (Moody's), assim definidos:
    • BBB (Fitch Ratings) : medium class companies, which are satisfactory at the moment. (Wikipedia);
    • Baa3 (Moody's): Obligations rated Baa are subject to moderate credit risk. They are considered medium-grade and as such "protective elements may be lacking or may be characteristically unreliable". (Wikipedia)
  3. O colapso financeiro em curso, e que continuará durante todo o ano de 2009, não é apenas o rebentamento de uma bolha especulativa. Nas palavras do Prémio Nobel da Economia deste ano, Paul Krugman, trata-se mesmo da implosão escandalosa de uma das maiores vigarices financeiras em cadeia de que há memória. Os chamados Veículos Estruturados de Investimento (SIV), os Credit Default Swaps (CDS) e demais contratos de Derivados (Opções, Futuros e Swaps), não foram se não disfarces sofisticados de um gigantesco esquema Ponzi de investimento fraudulento.
    2008-11-27 (The New York Times). While the housing bubble was still inflating, lenders were making lots of money issuing mortgages to anyone who walked in the door; investment banks were making even more money repackaging those mortgages into shiny new securities; and money managers who booked big paper profits by buying those securities with borrowed funds looked like geniuses, and were paid accordingly. Who wanted to hear from dismal economists warning that the whole thing was, in effect, a giant Ponzi scheme? — in "Lest We Forget", by Paul Krugman (2008 Nobel Memorial Prize in Economic Sciences)

OAM 481 29-11-2008 19:09 (última actualização: 30-11-2008 17:25)

quinta-feira, novembro 27, 2008

Crise Global 45

Europa, sem direcção económica
Sócrates abandona finalmente a tagarelice em volta das Grandes Obras Públicas

Depois de ouvir hoje Durão Barroso, Joaquín Almunía e Angela Merkel fiquei com uma certeza: a Europa anda à deriva e não sabe o que fazer perante a tempestade que não amaina e ameaça lançar dezenas de países na bancarrota, elevando para níveis altíssimos a probabilidade de ocorrência de golpes de Estado, guerras civis e revoluções, e não apenas fora da Europa.

Enquanto o Reino Unido decide baixar o IVA para os 15% (menos do que é imposto aos açorianos e madeirenses), permitindo-se ao mesmo tempo elevar o défice orçamental para 8% (o da Irlanda chegará aos 6,8% em 2009), no resto da União a receita é basicamente esta: que cada um faça o que entender! Bruxelas será tolerante na questão dos procedimentos por défice excessivo e, por outro lado, disponibilizará uns míseros 30 mil milhões de euros para mitigar a grande seca monetária que persiste.

O pacote imaginário é de 200 mil milhões, mas compete aos membros da União buscarem a maioria da massa: 170 mil milhões de euros! Como? Aumentando o sobre-endividamento de países como Portugal, Reino Unido, Alemanha, França, Holanda, Irlanda, Bélgica, Espanha, Itália, Áustria, Suécia, Dinamarca, Noruega (ver ranking)? De que maneira? Emitindo Obrigações e Certificados de Aforro a torto e a direito? Ou pondo as rotativas do Euro a espirrar óleo pelos tambores, como fizeram americanos e japoneses, com os lindos resultados conhecidos? Ou ambos?! Aumentar as dívidas públicas da Europa para salvar bancos e fortunas temerárias não conduzirá a nada se não à salvação de alguns ricos e piratas. O colapso da economia real já começou e é este que tem que ser estancado em primeiro lugar!

A queda do Baltic Dry Index (94% desde o princípio de 2008) é provavelmente o mais recente e sério indicador da gravidade da actual crise de crédito mundial. A maioria do comércio internacional faz-se por barco. E para exportar/importar mercadorias, há séculos que se utilizam cartas de crédito. Os intermediários destas cartas de garantia são os bancos. No entanto, face à escalada da actual crise de liquidez, os bancos deixaram de emitir este tipo de documentos, ou emitem-nos a conta gotas. Resultado: o comércio mundial está literalmente a parar, como se fosse uma corrente sanguínea obstruída por uma válvula presa. As matérias primas e os alimentos-base deixam de circular, o aço escasseia, as fábricas de automóveis e têxteis param, o trigo com que se faz o pão chega cada vez mais devagar, ou deixa de chegar. Como consequência deste nó górdio, por exemplo, a construção de navios está a diminuir drasticamente na China e na Índia, fechando estaleiros e lançando milhares de operários no desemprego. A recente baixa das taxas de juro decretada pelas autoridades chinesas, como medida para estimular o consumo interno, é toda uma lição amarga sobre a dimensão da primeira crise económica global.

Criar mais dívida e alimentar a ilusão de que o desenvolvimento poderá continuar a depender do crescimento desmiolado do consumo é o caminho mais directo para o abismo. Socorrer apenas os banqueiros e os especuladores, como se daí viesse algo de bom, é acreditar que os cérebros do desastre em que nos encontramos (que deveriam ir direitinhos para a prisão sem passar pela casa de partida) podem salvar o que quer que seja. Claro que os bancos são necessários, mas é urgente proceder a uma grande vassourada. Sem uma desratização prévia, nenhum plano de salvamento terá efeitos práticos.

Falta obviamente discutir qual possa ser a melhor solução, visto e revisto o fracasso incluso no pacote de boas intenções hoje anunciado pelos burocratas de Bruxelas. A sugestão de Ann Pettifor (autora do célebre The Coming First World Debt Crisis, publicado em 2006) merece seguramente reflexão.

Propõe ela, em conjunto com outros economistas, o seguinte: um abaixamento do custo do dinheiro nos empréstimos de longo prazo, facilitado pela criação de um mercado obrigacionista cujos principais compradores seriam os bancos centrais. O efeito induzido no resto do sistema financeiro seria então a recuperação da confiança e o regresso da liquidez à economia.

Não estou em condições de me pronunciar sobre a receita. Mas sei uma coisa: o Ocidente tem que regressar à economia real e deixar de passar a vida dentro de automóveis, agarrado ao telemóvel.


REFERÊNCIAS
EU Proposes 200 Billion-Euro Stimulus Against Crisis

Nov. 26 (Bloomberg) -- The European Union is coordinating a 200 billion-euro ($259 billion) stimulus proposal for the 27- nation economy and said more may be needed to limit the impact of the global financial crisis.

The package, to which individual countries will contribute 170 billion euros, is equivalent to 1.5 percent of the 27-nation EU’s gross domestic product. “We may even need more,” European Commission President Jose Barroso said in unveiling the proposal in Brussels today, adding that the plan was an “exceptional response” to an “exceptional crisis.”


Credit, economic woes push sea freight to 9-year low
Wed Nov 5, 2008 12:59am IST

By Stefano Ambrogi

LONDON (Reuters) - The Baltic Exchange's dry sea freight index for global resources trade sank to a 9-year low on Tuesday, as fears of global recession and tight lines of credit suffocated trade, industry experts said.

The London-based index, which tracks prices for carrying commodities like iron ore, coal, grains and cement on top export routes, fell 12 points to 815, its lowest level since February 1999.

"Until we get some sanity back in the banking system, financial stability, the inter-bank lending rates narrowing, economic life in the world is going to continue to be stifled," said Nick Collins a director of dry commodities trade at Clarkson PLC ship consultancy in London.

"Nobody is lending, nobody is buying steel -- ArcelorMittal has cut ouput, most of the steel mills in the West are much the same, people arn't buying cars and that just feeds through," he said.

Collins said that a lack of trade finance -- crucial letters of credit -- that grease the wheels of commerce were also adversely affecting trade.

"Credit underpins the whole of the business world. There are even ships hanging outside China full of cargo waiting to get the banks' approval to discharge it," Collins said drawing on ancecdotal evidence.

The index, used by economists to help predict global growth cycles, is in sight of an all-time low of 554 points struck in July 1986 when bankruptcies plagued the industry.


Baltic Dry Index

By the end of 2008, shipping times had been already increased by reduced speeds to save fuel consumption, but lack of credit meant the disappearance of letters of credit, historically required to load cargoes for departure at ports. Debt load of future ship construction was also a problem for the companies, with several major bankruptcies and implications for shipyards. This, combined with the collapsing price of raw commodities created a perfect storm for the world's marine commerce. Cheaper fuel was no longer able to offset this situation and global letters of credit are beyond the powers of the Federal Reserve. -- in Wikipedia.


The crisis deepens and politicians still don’t get it

24th November 2008 (Debtonation)

Its extraordinary. The Credit Crunch ‘debtonated’ on 9th August, 2007. Today, fully fifteen months later politicians and policy-makers in both the US, the UK and Euroland are still facing crises at banks - and don’t appear to grasp the real nature of the crisis, addressing symptoms instead of causes.
...

Some economists treat the property bubble as the cause of the implosion; I disagree. The credit bubble fueled the property bubble, and all other asset bubbles, and it is the bursting of the credit bubble that has led to the bursting of the property bubble - not the other way around.
...

Governments have helped re-capitalise banks and nationalised a few - but little of this has addressed the cause: the insolvency of individual, household and corporate debtors. The weakness of the finance sector can be explained by the weakness of their debtors - homeowners and employers. Helping the banks, while ignoring homeowners and employers has, not surprisingly, meant no halt to falling house prices and rising job layoffs.
...

The bail-outs of banks have been costly - pushing up government borrowing. The more that government borrowing rises, the more that yields on long-term government bonds (e.g. US Treasuries) rise. . This rise in the cost of government debt pushes up the cost on long-term corporate debt and mortgages…making re-financing and borrowing for companies very expensive - at the height of the severest debt crisis in our history!
...

This is why a group of us - including Graham Turner of GFC Economics - argue that government spending alone will not address the crisis faced by homeowners and companies. Indeed too much government borrowing might make things far worse - because of the impact on long term borrowing costs.

The solution? Simple. Lower long-term borrowing costs.

This can be achieved by central banks buying up long-term government bonds and thereby lowering the yield on these bonds. This in turn will lead to a fall in the interest rates on long-term corporate bonds/loans.


Systemic Risk, Contagion and Trade Finance - Back to the Bad Old Days
Friday, 14 November 2008 (London Banker)

We are now starting to see the contagion effects of the current liquidity crisis feed through to the real economy. We are about to go back to the bad old days. Whether the zombie banks are kept on life support by the central banks and taxpayers of the world is highly relevant to whether the zombie bank executives pay themselves outsize bonuses and their zombie shareholders outsize dividends with taxpayer money. It appears sadly irrelevant to whether the banks perform their function of intermediating credit and commercial transactions in the real economy along the supply chain. The bailout cash and executive and shareholder priorities do not seem to reach so far.

The recent 93 percent collapse of the obscure Baltic Dry Index – an index of the cost of chartering bulk cargo vessels for goods like ore, cotton, grain or similar dry tonnage – has caused a bit of a stir among the financial cognoscenti. What is less discussed amidst the alarm is the reason for the collapse of the index – the collapse of trade credit based on the venerable letter of credit.

...

If cargo trade stops, a whole lot of supply chain disruption starts. If the ore doesn’t go to the refinery, there is no plate steel. If the plate steel doesn’t get shipped, there is nothing to fabricate into components. If there are no components, there is nothing to assemble in the factory. If the factory closes the assembly line, there are no finished goods. If there are no finished goods, there is nothing to restock the shelves of the shops. If there is nothing in the shops, the consumers don’t buy. If the consumers don’t buy, there is no Christmas.

Everyone along the supply chain should worry about their jobs. Many will lose their jobs sooner rather than later.

If cargo trade stops, the wheat doesn’t get exported. If the wheat doesn’t get exported, the mill has nothing to grind into flour. If there is no flour, the bakeries and food processors can’t produce bread and pasta and other foods. If there are no foods shipped from the bakeries and factories, there are no foods in the shops. If there are no foods in the shops, people go hungry. If people go hungry their children go hungry. When children go hungry, people riot and governments fall.

Everyone along the supply chain should worry about their children going hungry.

When that happens, everyone in governments should worry about the riots.

Controlling access to trade finance determines who loses their jobs, whose children go hungry, who riots, which governments fall. Without dedicated focus on the issue of trade finance and liquidity from those in the emerging world most interested in sustaining the growth of recent years, little progress can be expected.Trade finance is rapidly communicating the stress on bank liquidity to the real economy. It presents a systemic risk much more frightening than the collapsing value of bits of paper traded electronically in London and New York. It could collapse the employment, the well being and the political stability of most of the world’s population.


Do our rulers know enough to avoid a 1930s replay?
By Ambrose Evans-Pritchard

20 Oct 2008 (Telegraph) The commodity and emerging market booms are breaking in unison, leaving no more bubbles left to burst. Almost every corner of the world is now being drawn into the vortex of debt deflation.

The freight rates for Capesize vessels used to ship grains, coal, and iron ore have fallen 95pc to $11,600 since May, hence the bankruptcy of Odessa’s Industrial Carriers last week with a fleet of 52 vessels. Cargo deliveries dropped 15.2pc at the US Port of Long Beach last month, but that is a lagging indicator.

From what I have been able to find out, shipping is slowing as fast as it did in the grim months of late 1931. “The crisis is now in full swing across the entire world,” said Giulio Tremonti, Italy’s finance minister. “It is hitting the real economy, the productive forces of industry. It’s global, it’s total, and it’s everywhere,” he said.



OAM 480 27-11-2008 01:56

terça-feira, novembro 25, 2008

The Black Hole



Phil and Olly / UK / 2008 A sleep-deprived office worker accidentally discovers a black hole - and then greed gets the better of him...

2008 semana 48

Excitações da semana
24-30 Novembro 2008

Bloco de Estalinistas

PS acusa BE de fazer purga e de perseguir Sá Fernandes

26-11-2008 10:23 (SIC) Bloquistas terminam "entendimento" com vereador da Câmara de Lisboa. O porta-voz do PS, Vitalino Canas, acusou hoje o Bloco de Esquerda de ter práticas anti-democráticas, de intolerância e de fazer purgas internas ao cortar com o seu vereador independente da Câmara de Lisboa José Sá Fernandes.

Eu sempre disse que o BE é uma plataforma oportunista de funcionários públicos estalinistas capitaneada por um trotskysta sem cafeína. O resultado está à vista!

Eu também estranho o comportamento do outrora agitador de cidadania José Sá Fernandes relativamente à presidência de António Costa. Contam-se as histórias mais incríveis sobre o assunto, uma delas, pelo menos, com contornos judiciários inacreditáveis (que obviamente não reproduzo). Admitamos, no entanto, a hipótese mais plausível: o vereador independente eleito pelo BE, tal como Helena Roseta, eleita pela lista Cidadãos por Lisboa, decidiram não infernizar a vida ao actual presidente, como fazem naturalmente o PSD e o CDS. Ou seja, Sá Fernandes, que tem a seu cargo um dos pelouros da CML, decidiu-se por uma colaboração crítica com o governo PS da capital. Não deixa de ser uma posição razoável, sobretudo se pensarmos que o regresso dos comandos da cidade aos esquadrões de Santana Lopes seria uma tremenda regressão no esforço de saneamento cívico da autarquia.

Mas o importante nesta notícia, depois de termos assistido ontem à amena cavaqueira entre Louçã e Pedroso em volta de um livro de Celso Cruzeiro sobre a necessidade uma política menos "light", é o modo tipicamente estalinista como o senhor Fazenda coligiu uma votação pseudo-democrática para retirar a confiança ao vereador eleito nas listas do Bloco.

Claro está que isto é a ilustração perfeita de duas evidências: que o Bloco de Esquerda continua a ser uma pequena seita, e que a estirpe dominante da seita é tipicamente estalinista.

É por isso que insisto: socialistas do PS retomem o controlo do vosso partido! Corram com os pedófilos e os piratas. Regressem à confiança de quem em vós tem votado e hoje desespera.


O conselheiro inimputável


2008-11-26. Pensando um pouco melhor, creio que todas as manobras mediáticas de Dias Loureiro nos últimos dias tiveram um único objectivo: envolver Cavaco Silva, actual Presidente da República, no affair BPN. E Cavaco deixou-se envolver inexplicavelmente, com uma aflitiva falta de jeito para improvisar respostas aos jornalistas.

Sem dever especiais explicações ao país a propósito de uma procissão que ainda vai no adro, o PR decidiu pôr as mãos no fogo por alguém cuja actividade empresarial inspira as maiores desconfianças a qualquer um que tenha lido a imprensa destes últimos dias (cuja síntese transcrevemos mais adiante), ou ouvido o ex-administrador da Sociedade Lusa de Negócios desmultiplicar-se em explicações bizarras sobre o modo sublime como gere a sua actividade empresarial.

Alguém entende? Eu não! A menos que haja rabos de palha nesta telenovela, envolvendo ainda que ao de leve Cavaco Silva e familiares seus. O Expresso de 22-11-2008 refere explicitamente o próprio Cavaco Silva e a sua filha Patrícia, como ex-accionistas do BPN. Já agora pergunto: teve ou tem o seu genro Luís Montez, dono da promotora de espectáculo Música no Coração, bem como de outras empresas (Radar, Oxigénio e Rádio Capital), qualquer relação com o banco caído em desgraça? O esclarecimento destas dúvidas desanuviaria de imediato quaisquer especulações sobre as ligações potencialmente perigosas entre a família presidencial e a bomba relógio em que se transformou o Banco Português de Negócios, mais a Sociedade Lusa de Negócios a que pertence.

De uma coisa estou convicto: o sincronismo das ocorrências relatadas por Camilo Lourenço e pelo ex-vice-governador do Banco de Portugal a propósito das pressões exercidas por Dias Loureiro sobre quem questionou ou levantou suspeitas relativamente ao comportamento irregular do BPN, demonstra à evidência que o inimputável conselheiro mente.

Dias Loureiro foi enganado...

«Dias Loureiro é crédulo e incompetente. Durante 30 minutos foi esta a sua explicação para a original participação que teve no BPN. Assinava as contas, mas nunca deu por nada porque "havia um administrador do banco em quem eu confiava completamente". Em quatro anos, o BPN mudou quatro vezes de auditores de contas, mas Dias Loureiro nem se apercebeu do facto. A mesma coisa com o Banco Insular. Igual ignorância no negócio do Siresp, do seu braço-direito Daniel Sanches, mas com quem Dias Loureiro nunca trocou uma palavra sobre o assunto. A vida do BPN era um mistério para o conselheiro de Estado. Afinal, ele só se preocupava com os cimentos. É verdade que as empresas que comprou em Porto Rico não apareceram nas contas, mas Oliveira e Costa explicou-lhe que era só até ser criada uma holding tecnológica que aguardava autorização do Banco de Portugal. Dias Loureiro nunca deu por nada, nunca soube de nada, ninguém lhe contava nada. Mas, pelo sim pelo não, vendeu todas as acções e tirou todo o dinheiro que tinha no banco. A credulidade tem limites, convenhamos. Dias Loureiro conhece-os bem.» — Pedro Sales in Os irreverentes têm destas crítica demolidoras.

BPN: memória curta

"Março de 2001. A revista "Exame", que na altura dirigia, dizia na capa que o Banco de Portugal tinha passado um cartão amarelo ao BPN. Dias depois recebi um telefonema de Pinto Balsemão. Assunto: Dias Loureiro tinha-lhe telefonado por causa do artigo e, na sequência dessa conversa, queria falar comigo. Acedi prontamente.

A conversa com o ex-ministro foi breve... mas elucidativa: Dias Loureiro estava desagradado com o tratamento dado ao BPN; o assunto tinha criado um problema imagem do banco; não havia qualquer problema com o BPN; Oliveira e Costa estava muito "incomodado" com a matéria de capa (para a qual tinha contribuído, com uma entrevista) e pensava processar a revista (como efectivamente aconteceu).

Depois da conversa comuniquei a Pinto Balsemão que não tinha ficado esclarecido com as explicações de Dias Loureiro e que, por mim, a "Exame" mantinha o que tinha escrito. O que aconteceu depois é conhecido...

Ao ouvir Dias Loureiro na RTP fiquei espantado. Porque o ex-ministro disse que ficara tão preocupado com o artigo que foi, de "motu propriu", ao Banco Central comunicar que a instituição devia estar atenta. Das duas uma: ou Dias Loureiro soube de algo desagradável entre a conversa comigo e a ida ao Banco de Portugal; ou fez "fanfarronice" nessa conversa para esconder os problemas do BPN. Há uma terceira hipótese... Feia. Mas depois do que vi no assunto BPN já nada me espanta!" — Camilo Lourenço.


António Marta diz que faz confusão ou mente

Ex-vice governador do Banco de Portugal desmente Dias Loureiro
22.11.2008 - 08h59 PÚBLICO

O ex-vice governador do Banco de Portugal António Marta nega que Manuel Dias Loureiro, actual conselheiro de Estado e ex-administrador da empresa que controlava o BPN, lhe tenha pedido para a supervisão bancária dar atenção a este banco recém-nacionalizado para não falir.

“Se o dr. Dias Loureiro anda a dizer isso [que informou o Banco de Portugal de problemas de gestão do BPN] ou está a fazer confusão com a pessoa, ou a mentir”, afirmou António Marta, em notícia publicada hoje pelo jornal “Expresso”.

O ex-vice governador do BdP diz ainda que Dias Loureiro, ex-ministro quando Cavaco Silva era chefe do Governo, saiu do banco central a dizer que as pessoas à frente do BPN “eram boa gente”, acrescentando que “se fosse uma coisa como ele diz” que a “teria transmitido” a Vítor Constâncio.

Segundo o relato de António Marta, Dias Loureiro até lhe terá perguntado porque é que a supervisão bancária não largava o BPN, conta a TSF.

Ontem à noite, numa entrevista na RTP1, Dias Loureiro disse que em Abril de 2002 teve uma reunião com António Marta, então vice-presidente do Banco de Portugal com o pelouro da supervisão bancária, onde alertou para a necessidade de o banco central dar atenção especial ao BPN.

“Disse-lhe o seguinte: não tenho conhecimento de nada nem qualquer desconfiança em relação à Sociedade Lusa de Negócios (SLN), mas a SLN tem um banco, tem accionistas e estou preocupado com isso. O que lhe queria pedir era que tivesse uma atenção especial ao BPN”, afirmou. “Não tinha nenhum facto concreto, apenas o que se ouvia cá de fora”, continuou, esclarecendo que não tinha qualquer controlo sobre a gestão do BPN.


Suspeitas de tráfico de influências foram arquivadas pelo MP em Março
Estado gastou 485 milhões em negócio que valia um quinto
02.06.2008 - 09h31 Mariana Oliveira PÚBLICO

O Estado está a pagar por uma rede de comunicações do Ministério da Administração Interna um total de 485,5 milhões de euros, cinco vezes mais do que poderia ter gasto se tivesse optado por outro modelo técnico e financeiro.

A conclusão vem num relatório escrito em Maio de 2001 pelo primeiro grupo de trabalho que estudou a estrutura desta rede de comunicações e a baptizou de Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP). Este sistema permitirá aos elementos das várias forças de segurança, dos serviços de informação, da emergência médica e da protecção civil comunicarem entre si.

O presidente desse grupo de trabalho, Almiro de Oliveira - um especialista em sistemas e tecnologias da informação com mais de 30 anos de docência universitária -, não consegue encontrar justificação para a discrepância de números, até porque o equipamento que foi adjudicado tem quase as mesmas funcionalidades do que aquele que idealizou.

"No nosso relatório prevíamos um investimento inicial entre 100 e 150 milhões de euros. A isso acrescentávamos dez por cento por ano, que corresponderia ao custo de exploração", precisa o professor universitário, que recorda que hoje, face à desvalorização da tecnologia, os valores do investimento inicial rondarão entre 70 e 105 milhões de euros. Quanto aos dez por cento de custos de exploração, Almiro de Oliveira sustenta que estes não estariam sempre a somar ao investimento inicial.

"Dever de cidadania"
"Tínhamos como princípio base o princípio do utilizador-pagador, ou seja, cada entidade utilizadora do sistema pagaria uma factura de acordo com o seu tráfego. No fim de cada período, a entidade gestora ou tinha prejuízo ou lucro: se tivesse prejuízo esse valor somava-se ao investimento adicional, se tivesse lucro abatia", justifica o perito, consultor de empresas e da administração pública.

Almiro de Oliveira explica que só agora decidiu falar sobre o SIRESP porque nunca foi ouvido no inquérito aberto pelo Ministério Público (MP) à polémica adjudicação do sistema - feita pelo ex-ministro da Administração Interna Daniel Sanches, já quando o Governo de Santana Lopes se encontrava em gestão corrente. "Esperei três anos pelos trabalhos e conclusões das autoridades judiciais num Estado de Direito... Entendi falar agora por este ser um dever de cidadania", diz.

Ligações perigosas
O inquérito, motivado por suspeitas de tráfico de influências e participação económica em negócio na adjudicação do SIRESP a um consórcio liderado pela Sociedade Lusa de Negócios (SLN), foi arquivado em Março deste ano. O relatório final do grupo de trabalho de Almiro de Oliveira também consta do "dossier", mas ninguém lhe deu importância. Nem os relatórios da Polícia Judiciária nem o despacho de arquivamento, assinado pelo inspector do MP Azevedo Maia, fazem qualquer referência ao documento. Nenhum dos membros que fizeram parte do grupo foi ouvido.

No despacho de arquivamento, Azevedo Maia admite que não se esgotou a produção de prova, mas considerou que mais não seria necessário para a sua decisão. Quanto ao comportamento do ex-ministro Daniel Sanches, o inspector descreve os vários cargos que este tinha no grupo SLN antes de entrar para o Governo, mas remata dizendo: "Não resulta porém dos autos que, ao proferir o despacho de adjudicação do concurso para a criação e implementação do SIRESP já durante o Governo de gestão, isso tivesse algo a ver com as suas ligações àquelas empresas do grupo SLN", a quem o sistema seria então adjudicado por 538,2 milhões de euros.

O ministro António Costa veio depois decretar a nulidade da adjudicação com base num parecer da Procuradoria-Geral da República, mas decidiu voltar a renegociar o contrato com o mesmo consórcio liderado pela SLN (onde também entraram a PT Venture, a Motorola e a Esegur). Retirando algumas funcionalidades ao sistema, Costa acabaria por adjudicá-lo por 485,5 milhões de euros.

Polícias usam a maioria dos 5000 terminais
Neste momento são elementos da GNR e da PSP que estão a usar a maioria dos 5000 terminais de comunicações do SIRESP, uma rede que também permitirá, por exemplo, que elementos da Judiciária falem através de um aparelho parecido com um telemóvel com membros dos bombeiros, do SIS, da PSP, dos serviços prisionais ou do INEM, entre outros.

Actualmente, cada instituição tem um sistema de comunicação próprio, normalmente incompatíveis entre si, o que impede que em casos de catástrofe ou grandes eventos se faça uma boa articulação dos meios no terreno.

Segundo nota escrita enviada pelo Ministério da Administração Interna (MAI), existem neste momento 5000 terminais a funcionar em Lisboa, Santarém, Coimbra, Portalegre e Leiria. Ainda este ano acrescerão os utilizadores do município de Lisboa, ou seja, a protecção civil e os bombeiros locais, além da polícia da autarquia. Apesar de serem públicas algumas queixas das polícias quanto à dificuldade de comunicarem com os terminais dentro de algumas esquadras, o MAI garante que não têm surgido queixas operacionais sobre o SIRESP.

Segundo o ministério, já foram pagos 24 milhões de euros à sociedade que ficou de receber os montantes a pagar pelos serviços do consórcio vencedor, a SIRESP, SA. Os valores em falta deverão ser pagos, duas vezes ao ano, até 2020. Nessa data ficarão saldados os 485,5 milhões de euros por que o SIRESP foi adjudicado ao consórcio liderado pela Sociedade Lusa de Negócios. Quanto à instalação total do sistema no terreno, ela deve terminar bem antes, no final de 2009.

Segundo o planeamento da rede, estão neste momento em instalação as estações base (antenas) de Beja, Viseu, Évora e Metro de Lisboa. Se tudo correr como previsto, seguem-se, no segundo semestre deste ano, Porto, Aveiro, Setúbal, Madeira e o Metro do Porto, ainda em estudo. Em 2009 deverão ser instaladas antenas em Castelo Branco, Braga, Guarda, Faro, Viana, Bragança e Vila Real.

Na passada quinta-feira, o Governo aprovou o procedimento que permitirá a aquisição de um mínimo de 18 mil e um máximo de 40 mil equipamentos. O montante máximo definido para cada terminal é de 850 euros, ou seja, 15,3 milhões de euros para os 18 mil terminais rádio. (...)

Manuel Dias Loureiro
Foi ministro da Administração Interna de Cavaco Silva, deputado do PSD e presidente da mesa do congresso, sendo um dos notáveis do partido. O seu nome aparece ligado desde o início ao negócio do sistema de comunicações do Estado, já que na altura em que Daniel Sanches adjudicou o SIRESP à SLN, Dias Loureiro era administrador não executivo do grupo. Fazendo questão de dizer que não tinha qualquer quota na "holding", nunca soube explicar que interesses defendia no grupo, já que não era um administrador de carreira. Por outro lado, foi, como Daniel Sanches, administrador da Pleiade e também esteve com este na Vsegur, antes de Sanches integrar o Governo de Santana Lopes.


Entre pedófilos e corruptos...
Pedroso e Louçã apresentam «manifesto contra a política light»
Por Manuel A. Magalhães, Sol.

2008-11-25. "O deputado socialista e o líder do BE reflectiram em conjunto sobre os caminhos de uma alternativa política, na apresentação do livro A Nova Esquerda, de Celso Cruzeiro [o advogado de Paulo Pedroso no caso Casa Pia]. «Um dos mais consistentes manifestos em Portugal contra a política light», chamou-lhe Paulo Pedroso"

Eu nem queria acreditar! No momento em que o caso judicial mais vergonhoso e mediático que o país conheceu em muitos anos chega à fase das alegações finais, um dos seus protagonistas, ainda que não tendo ido a julgamento —por efeito da incompetência do Ministério Público e força de todo o tipo de manobras jurídicas praticadas para o salvar do juízo—, o dirigente do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, junta-se-lhe em amena cavaqueira sobre as virtudes da "Esquerda". Este incrível evento ocorre por ocasião do lançamento dum livro do advogado que defendeu o mesmo Paulo Pedroso —Celso Cruzeiro— das denúncias de pedofilia que sobre ele existiam e continuam a ser reiteradas, não estando a opinião pública minimamente convencida da inocência do deputado PS.

Vale a pena ler os comentários à notícia do semanário Sol, para avaliar o sentimento geral do país sobre este escabroso caso.

Entre pedófilos e corruptos venha o diabo e escolha! Será esta a mensagem que o poder político quer fazer chegar aos Portugueses?

Post scriptum — tenho recebido vários e-mails de apoiantes do Bloco de Esquerda, simplesmente escandalizados com a atitude de Francisco Louçã. Tal como nos comentários enviados ao Sol, muitos deles testemunham a sua vontade de abandonar o Bloco.

Para mim, as coisas são claras há já muito tempo. Ou há força suficiente no interior do PS para afastar os pedófilos e a tríade de piratas que o colonizam, ou o Partido Socialista afundar-se-à paulatinamente, de escândalo sexual em escândalo económico-financeiro.

Quanto ao Bloco de Esquerda, não é nem nunca foi uma alternativa ao PS, e muito menos ao PCP. O BE não passa de uma frente oportunista, comandada por um quadriunvirato composto por um trotskysta sem cafeína e um trio de estalinistas sem emenda (ex-PCP, ex-UDP e ex-MRPP), cuja branda retórica enganou muito boa gente. Nenhum dos protagonistas pensou alguma vez governar. Não passam de lapas da burocracia político-partidária dominante e mais não querem que deliciar-se com os fios de ovos que decoram os orçamentos de Estado. Não têm, e isso basta para chumbá-los como putativa alternativa política, uma única ideia realizável na cabeça. Vivem, quase todos eles, no limbo informe das universidades e dos corredores da política. Não sabem nada da vida. Quanto mais fazer contas ou sonhar com o seu país.

Precisamos urgentemente de um novo partido político, antes que a situação se deteriore ao ponto de só uma intervenção militar poder interromper o descalabro e a fuga maciça de capitais em curso. O aeródromo de Tires não pára, sem qualquer fiscalização nem policiamento.

Alguém se referiu na RTP, ou na SIC, à reportagem da TVI sobre o processo Casa Pia, exibida no passado Domingo, uma vez mais para escândalo de todos nós? Os abusados voltaram a reiterar acusações e Catalina Pestana disse para quem quis ouvir que os testemunhos que guarda sobre o caso, e nomeadamente sobre todos os implicados ocultos nesta vergonha, serão um dia tornados públicos. Alguém protestou? Não ouvi.


Banco Privado ao fundo


Corrida aos depósitos no Banco Privado. Governo prepara-se para deixar cair o BPP.

2008-11-25 (Público) - O Governo não vai apoiar financeiramente o Banco Privado Português (BPP), preparando-se para deixar cair a instituição. Uma dificuldade que se soma à provável recusa do Banco de Portugal (BdP) ao pedido feito pelo BPP para um aval do Estado no valor de 750 milhões de euros.

Nesta situação, a única solução para evitar a falência do banco liderado por João Rendeiro é a de que, ao abrigo do regime geral que regula o sector, se avance para um plano de recuperação e saneamento junto do Banco de Portugal (BdP).

Ontem, o ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, já veio dizer, em declarações ao Jornal de Negócios, que a falência do BPP não provoca risco sistémico (ou seja, de propagação ao resto do sector), dando a entender que está fora de hipótese o banco ser nacionalizado como aconteceu com o Banco Português de Negócios (o BPP não é um banco comercial e não é "um caso de polícia"). O Governo também não estará disposto a injectar fundos na gestora de fortunas de forma a evitar a criação de um precedente que poderia ser usado, caso uma empresa de outro sector também declarasse falência. Por outro lado, não encontra justificação para nacionalizar prejuízos, quando os lucros são privatizados.

Corrida aos depósitos

Com um capital de 150 milhões de euros, e três mil clientes, o BPP foi alvo nas últimas duas semanas de uma corrida às contas que resultou num levantamento de fundos de 500 milhões de euros (no final de 2007 o BPP tinha em depósitos 584,8 milhões de euros). O movimento concentrado colocou a gestora de patrimónios em situação de quase insolvência, o que tem levado nos últimos dias os accionista e membros de órgãos sociais a desdobrarem-se em contactos junto das supervisores e do Governo no sentido de evitar a ruptura. Uma acção que se segue à tentativa falhada do Ministério das Finanças para encontrar um comprador para o BPP. A CGD, o BCP, BES e BPI recusaram o apelo do secretário de Estado, Costa Pina.

(Ler texto integral no Público).

É bom que o governo dê mostras de ter algum juízo relativamente ao desvairado gestor de fortunas cujas principais fontes de angariação se situavam, curiosamente, junto à fronteira com Espanha: Valença, Elvas e Vila Real de Santo António. Não basta, porém, deixar falir este shadow banker. É preciso investigar as prováveis irregularidades que o conduziram ao descalabro. Pois nem todo o dinheiro que por lá circulou seria negro!

Talvez não seja o momento certo para substituir Victor Constâncio. Mas ponha-se a Judiciária e a Procuradoria na rota do desmantelamento das lavandarias dedicadas ao branqueamento de capitais. Dêem-se-lhe, pois, todos os meios necessários.

Já que o Teixeira dos Santos vai mexer no défice orçamental, ajuste o necessário suporte financeiro para uma limpeza policial efectiva das zonas tenebrosas do nosso sistema financeiro. Vai ter que ser assim em todo o lado, pelo menos no falido Ocidente euro-americano!


Relvas lança ‘think-tank’ para preparar 2009


2008-11-25. "Alexandre Relvas apresenta, na próxima quinta-feira, o Instituto Sá Carneiro, o ‘think-tank’ do PSD para ajudar a lançar o um programa de Governo alternativo nas legislativas de 2009.

O co-CEO da Logoplaste promete revolucionar a forma de pensar e apresentar ideias políticas em Portugal recorrendo a uma plataforma na internet, através da qual um conjunto de 50 pessoas (entre gestores, professores universitários, especialistas e jovens) vão apresentar “projectos para o país, propostas para a vida nas cidades e debater os indicadores estruturais de Portugal ao longo desta legislatura”, explica Alexandre Relvas, presidente do instituto.

"Os objectivos do novo Instituto Sá Carneiro

Viver nas cidades - Discutir o dia-a-dia dos portugueses
Pegando num problema do quotidiano dos portugueses, o objectivo é colocá-lo em debate na internet, para que se possam discutir soluções alargadas. A estrutura é, neste caso, semelhante à de um fórum, interactivo e visual.

Acompanhar o país - Comentar os principais indicadores
Completa a primeira etapa do “think-tank” e anexa ao assunto em discussão um especialista da área em causa. Desta forma, os debates ganham em conhecimentos técnicos e assim também se adequam melhor as soluções.

Criar ideologia - Ajudar o PSD a preparar 2009
Por fim, através deste capítulo pretendem-se concretizar propostas específicas que respondam às necessidades do país e definam quais as prioridades por que o PSD se deve pautar durante a agenda que preparar para 2009." -- in Diárío Económico.

Hummmm...

Vamos ver se isto casa com o registo de Manuela Ferreira Leite. Ela bem precisa de uma tempestade mental, e de passar o Natal na Dinamarca, ou em qualquer outra democracia civilizada. Se as sondagens não descolarem em Janeiro, deveria mesmo demitir-se e dar lugar aos jovens turcos do partido. O Pedro Passos Coelho, se não tiver teias de aranha nos sótãos por onde andou, talvez seja a melhor alternativa do PSD nas presentes circunstâncias.

E sempre gostaria de saber se o PS se depura ou cinde em dois, entretanto. Como está, caminha para o suicídio político. Com a perda certa da maioria absoluta por parte do PS, a renovação do tecido partidário é inevitável. E quem chegar atrasado fica para trás.

A sensação de que o país está nas mãos de pedófilos e corruptos tem que mudar rapidamente, doa a quem doer.


OAM 479 25-11-2008 16:35