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segunda-feira, março 02, 2015

Linda Isabel trava assalto catalão

Isabel dos Santos

A angolana Isabel dos Santos defende a banca portuguesa do assalto catalão. 


Ainda dizem que foi uma descolonização mal feita. Foi a que foi possível. Obrigado Isabel ;)
Isabel dos Santos quer fusão entre BPI e BCP
É a resposta da empresária Isabel dos Santos à oferta pública de aquisição que o CaixaBank lançou sobre o BPI.
Expresso, 2 de março de 2015
Na realidade, é mais isto: angolanos defendem posição dominante que detêm no que resta da banca portuguesa (BCP e BPI), e defendem-na, neste caso, contra a invasão espanhola.

É diferente mas não deixa der simpático, num país onde o putativo candidato presidencial, maçon e cor-de-rosa, António Vitorino, presidiu, até 2013 (sintomático, não?) à Mesa da Assembleia Geral do braço do Banco Santander em Portugal, o Santander-Totta, repararmos que Angola está mais interessada na independência de Portugal do que alguns indígenas sem vergonha, mas que a imprensa indigente local insiste em transportar ao colo, como se fossem peluches.

Não tenho nada contra Espanha. Devíamos até cuidar com carinho das nossas relações com a Galiza, Salamanca, Mérida e Sevilha. Mas daí até ignorar quais são os interesses estratégicos de Madrid e Barcelona na praça lisboeta, vai um passo de estupidez que não dou e demonizo, no país, quem o dê.

Que raio de Maçonaria temos, afinal? Pelos vistos não passam de tabernas onde se congregam desgraçados sem pátria.

Mais...
Isabel dos Santos: "OPA é afastada dos interesses da banca portuguesa"
03/03/2015 | 15:36 |  Dinheiro Vivo

ISABEL DOS SANTOS: "Enquanto a OPA anunciada por Caixabank pressupõe uma integração ibérica, legítima à luz dos interesses de quem a faz mas afastada dos interesses do sistema financeiro português, a nossa proposta de fusão projeta um movimento de consolidação em Portugal", afirmou fonte oficial de Isabel dos Santos, ao Dinheiro Vivo.
Noutro tempos estas questões eram decididas por gente com algum conhecimento da história do país e noções firmes de estratégia. Hoje, pelo que vamos vendo, Portugal foi entregue a uma pandilha de ladrões e piratas de meia tijela que se babam diante de qualquer pratos de lentilhas, sejam elas chinesas ou espanholas.

Façam uma lista dos conselhos de administração das principais empresas deste país e verão onde pasta a corrupta elite parida por esta democracia demente.


POST SCRIPTUM

O La Caixa é um banco público, não é? Catalão, não é, Espanhol, não é?
As más línguas asseguram: La Caixa, numa possível fusão BCP-BPI, é a salvação da EDP.
Sobre a rendeira, sem vergonha, EDP: €17 mil milhões de dívida acumulada. Em breve as rendas excessivas serão decisivamente postas em causa, agrade ou não aos burocratas de Pequim. Foi isso mesmo que Merkel (através de Juncker), Hollande, Rajoy e Passos Coelho estiveram a decidir na mini-cimeira energática realizada em Madrid no dia 4 de março. Capiche?

Atualização: 4 mar 2015, 11:12


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sexta-feira, novembro 07, 2014

Toma Jerónimo!


O Fundo de Resolução é a machadada final na aliança entre os rendeiros indígenas e a partidocracia que rebentou o país. Ulrich recebeu os depósitos do es-BES, mas também vai receber a fatura


Ulrich: "Eu preferia a solução do Partido Comunista que era a nacionalização" do BES
Jornal de Negócios, 07 Novembro 2014, 08:36

O banqueiro avisou que os bancos podem vir a recorrer à justiça se o prejuízo com o resgate ao BES for elevado. "Provavelmente, se o problema for muito grande, os bancos não têm outro remédio senão litigar com o Estado e o Banco de Portugal".

O BES deveria ter sido nacionalizado quando foi resgatado por 4,9 mil milhões de euros. O Governo português devia ter escolhido esta via para o Banco Espírito Santo devido a ser a mais segura para a banca nacional por não implicar riscos de prejuízos, defende o presidente executivo do BPI.
Na realidade, o que o aflito do BPI está a dizer é simples: nacionalizando o BES, a fatura dos roubos e prejuízos passava toda para o lado do rebanho manso dos contribuintes indígenas. Os portugueses, como se sabe, aguentam tudo o que se lhe põe em cima da albarda — desde que venha do governo, do estado, dos senhores doutores!

Curiosamente os ingleses fizeram o que Ulrich quer que se faça relativamente ao buraco negro do ex-BES. Um dos seus maiores bancos, o famoso Lloyds, foi nacionalizado (temporariamente, claro!) para o que contrataram o nosso rapaz Osório. Sim, nacionalizaram o banco... até que os pacóvios ingleses, escoceses e galeses paguem a fatura dos banksters da City e das ilhas piratas de sua majestade. O povo de lá adora a monarquia...

PS: já perguntei, mas ninguém responde: que negócio fez o secretário-geral da UGT, e funcionário do ex-BES, com o governo, a propósito do emprego e pensões dos trabalhadores do ex-BES? Que paz podre negociaram? Será que ainda não perceberam que se vai saber tudo, e que depois de morto e enterrado o neocorporativismo que tivemos até agora, as contas serão pedidas aos responsáveis? No Triunfo dos Porcos os porcos eram todos iguais, mas havia uns mais iguais que outros. Na democracia populista portuguesa, pelos vistos, houve quem tivesse lido o livro!

sexta-feira, janeiro 31, 2014

Anunciados testes de stress a 124 bancos da UE em Maio | Dinheiro Digital

O Banif ficou de fora porquê?
Em cada um dos 22 países, os bancos escolhidos -- que, no caso de
Portugal, são BPI, BCP, Caixa Geral de Depósitos e Grupo Espírito Santo
-- devem representar pelo menos 50% do setor bancário.
Anunciados testes de stress a 124 bancos da UE em Maio | Banca & Seguros | Dinheiro Digital

quinta-feira, outubro 20, 2011

O colapso do PSI-20

Que tal esperar para renacionalizar?

A bolsa nacional encerrou em queda, numa sessão em que o BES desvalorizou mais de 7,8% e fixou um novo mínimo histórico — in Jornal de Negócios.

Em Setembro de 2011 uma rodela de limão já custava mais do que uma acção do BCP

Uma acção do BCP (0,16€) já não chega para pagar a rodela de limão da Coca Cola; uma acção do BPI (0,61€) já não dá para a bica; a do BES (1,57€) não paga um capuccino; e são precisas sete acções da EDP (2,38€) para comprar uma da E.ON.

Creio que o governo de Passos Coelho já não vai a tempo de ganhar o que quer que seja com as privatizações. Sugestão: espere que o PSI20 comece a pedir água, e então retome ou reforce o controlo dos sectores estratégicos da economia (energia, água, portos, aeroportos, ferrovia e banca). É o que vai acontecer no mundo!

Até lá suspenda e rejeite todos os contratos leoninos realizados contra o interesse público, ponha as empresas públicas em dieta para-militar, e despeça/encolha/substitua todos os CAs quanto antes!

Quando chegar o momento tome posições reforçadas nestes sectores, usufruindo das poupanças amealhadas com as renegociações e renúncias de PPP, CIEGs, e outros contos de vigário, e recorrendo a novos empréstimos europeus e obrigações K —os eurobonds aplicados prometidos por Durão Barroso (o K é meu, ou melhor, de Keynes ;)

De contrário, o cenário que se avizinha pode não diferir muito do da vizinha Espanha:

La privatización de AENA: en el aire tras el fracaso de Loterías. El Gobierno pide por sus dos 'joyas de la corona' hasta 18 veces el ebitda — 30/09/2011 - 08:49. Finanzas.com

La liberalización de Aena, que incluye la concesión de los aeropuertos de Barajas y El Pat y la venta a inversores privados de hasta el 49% de la matriz corre el riesgo de seguir el mismo camino que la de Loterías.

Las razones serían las mismas que han acabado con la que pretendía ser la mayor privatización de la historia de España. Esto es, un precio pretendido por el Estado demasiado caro y, sobre todo, un freno político por parte del primer partido de la oposición.
Mais sobre o que aí vem: “Fitch alerta: Bancos portugueses estão 'muito vulneráveis à evolução da dívida pública'” — Jornal de Negócios online (20-10-2011)

act. 20-10-2011 23:05

sábado, março 05, 2011

EDP sob a mira dos mercados

Este foi seguramente o primeiro canal de comunicação a chamar a atenção para o endividamento estúpido da EDP, e para as fragilidades e manobras de propaganda barata do seu cabotino líder.

O BPI, segundo o Negócios Online de 4 Março 2011, vem finalmente avisar que a “...EDP pode ser uma armadilha de valor”. Os especuladores, o estado português e os partidos, estão pois formalmente alertados para a bomba-relógio que o endividamento aventureiro da principal energética nacional representa, não só para a sua autonomia empresarial, mas mais importante, para a eficiência, sustentabilidade e preço da energia de que o país precisa como de pão para a boca.

O mundo pobre começou um levantamento à escala planetária sem precedentes, em larga medida provocado pela subida imparável do preço do pão e da alimentação básica em geral. O mundo "rico" não deixará de lhe seguir os passos, assim que o preço da energia ultrapassar um determinado limiar.

Ninguém sabe exactamente qual será esse limiar. Recomenda a prudência que façamos tudo o que for necessário para não chegar a saber.

Os três primeiros passos a dar, na minha opinião, são estes:
  1. assumir urgentemente o controlo político, democrático e transparente, do sistema energético nacional, renacionalizando a maioria do respectivo capital (independentemente do que pensam os imbecis neoliberais de Bruxelas e de Frankfurt);
  2. lançar imediatamente (i.e. no prazo máximo de seis meses) um plano de estratégia e eficiência energética para o nosso país, capaz de reduzir de forma abrupta os escandalosos desperdícios de energia da nossa economia, das nossas cidades e do Estado. Desde logo, toda a legislação sobre obras e edifícios públicos, em matéria de escala, sustentabilidade económica e eficiência energética terá que ser imediata e radicalmente alterada (pois a que existe foi pensada e escrita para suportar a aliança criminosa entre betão e Estado);
  3. alterar radicalmente o nosso sistema de mobilidade e transportes, dando prioridade absoluta ao transporte colectivo (nomeadamente sobre carris), à energia eléctrica, à sociedade electrónica (para reduzir a mobilidade física), e ao reforço e protecção das cinturas agrícolas em volta das cidades (para diminuir o preço do transporte incorporado nos custo dos alimentos).
O crescimento e o desenvolvimento económico não podem continuar a ser medidos pelo consumo.

Esta foi uma aberração que durou enquanto durou o petróleo barato, o colonialismo, e a capacidade de as economias americana, europeia e japonesa imporem ao mundo uma abundância financeira fictícia, que se veio a revelar cada vez mais virtual e destrutiva.

A economia de um país tem que ser medida, em primeiro lugar, pela sua robustez estratégica (demográfica, energética, alimentar), pela capacidade própria de produção de bens transaccionáveis, e pela sua balança de transacções comerciais com o resto do mundo.

O consumo, em vez de ser um factor de enviesamento das estatísticas, deve passar a medir o equilíbrio social e a eficiência económica de cada país. Quem consome mais do que tem, ou pior ainda, o que não tem, nem tem condições para vir a ter, caminha inexoravelmente para a escravidão, ou para o suicídio.

Portugal está cada vez mais próximo deste dilema existencial. Talvez por isto, ultimamente, um número crescente de políticos começou anunciar a necessidade de uma mudança de regime (Manuel Maria Carrilho, Rui Rio, Pedro Santana Lopes). Temo-lo defendido há anos a esta parte, prognosticando que o PS e o PSD não sobreviverão intactos à inevitável metamorfose da democracia degenerada para onde deixámos resvalar o enorme capital de esperança criado pela queda da ditadura, em 1974.

A hora é de coragem e criatividade. As gangrenas que não são estancadas a tempo levam à perda, a princípio espaçada, dos vários membros do corpo. Quando finalmente se percebe a dimensão da tragédia, é tarde demais.

POST SCRIPTUM — Publicidade paga? Li no Expresso desta semana uma entrevista a António Mexia. Se o tamanho e destaque dos lençóis impressos não são propaganda descarada, parece. Doutro modo, como se explica que no quadro onde Pedro Lima e Vítor Andrade escarrapacharam o que chamam "Principais Indicadores dos Últimos Cinco Anos", não conste, nem a subida imparável do endividamento da empresa, nem a descida contínua das acções, nomeadamente da EDP Renováveis? Há uma coisa no mundo dos média chamada publireportagem. Convém chamar os bois pelos nomes!

sexta-feira, abril 30, 2010

Portugal 186

I love this girl!

Actualmente, 74% da dívida pública portuguesa é detida por não-residentes; mas, nem sempre foi assim. Pergunta-se: se os portugueses (que podem) não compram dívida pública portuguesa, porque hão-de comprá-la os estrangeiros? — Cristina Casalinho, Jornal de Negócios Online.

Cristina Casalinho escreveu com a precisão e elegância que a caracteriza o que aqui temos escrito e rescrito há uns meses a esta parte. Parabéns!

Aqui vão os pontos de vista coincidentes:
  1. A dívida pública portuguesa deixou de ser controlada por nós, e quem detêm 75% ou mais da dita, não vai deixar de exigir o seu pagamento a tempo e horas, e com juros e prémios de risco ajustados a uma nova e mais minuciosa percepção do estado calamitoso da nossa economia e das nossas finanças públicas; a bolha das dívidas soberanas rebentou, reparar os imensos estragos vai ser tarefa árdua, para toda uma década, e os elos mais fracos da cadeia especulativa mundial serão os primeiros a partir;
  2. Finalmente começou a falar-se de Dívida Externa Bruta, em vez da ficção do Banco de Portugal
. A dita "posição externa líquida", ou "dívida externa", como costumam chamar-lhe erradamente os nossos sempre aluados economistas mediáticos, é uma falácia, pois se os angolanos não pagarem às nossas empresas, a nossa dívida aos alemães não desaparece por milagre! Alertámos vezes sem conta, nos últimos três anos, para o facto de as referências mediáticas que insistiam invariavelmente no défice público, esquecendo sempre o problema da Dívida Externa, ser o erro mais crasso da avaliação "profissional" e "política" da nossa real situação económico-financeira;
  3. A subida do IVA é inevitável e já deveria ter ocorrido. Os suecos pagam 25% —pagam mesmo—, e não se queixam; antes pelo contrário, gozam de uma excelente rede de segurança social, que precisamente revela todo o seu potencial positivo em crises agudas como a actual;
  4.  O nosso Estado engordou devido ao eleitoralismo, incompetência, endogamia e corrupção da nomenclatura partidária que há 35 anos despedaça a poupança portuguesa conseguida à paulada pela ditadura. E agora? Será que os idiotas da actual democracia ainda acreditam que esta pode sobreviver sem poupança interna? Ainda defenderão a aberração teórica (a la Keynes) do crescimento do PIB pela via prioritária e sem portagem do consumo? Acham os distintos professores de economia (que infelizmente não estudam História) que os portugueses podem continuar a encomendar Mercedes, BMWs e Audis, brincar nas praias de Cancun, e encher os Shoppings do Belmiro, à custa da poupança alheia, nomeadamente chinesa e alemã? Pois não — não podem!

    A solução aqui proposta há mais de dois meses, e agora elegantemente sugerida por Cristina Casalinho —transformar os subsídios de férias e de Natal dos funcionários públicos (ou pelo menos, parte destes subsídios) em certificados de aforro, durante alguns anos (até 2014, ou mesmo 2015)— seria uma medida justa e proporcionada, atendendo nomeadamente ao facto de que têm sido até agora os trabalhadores do sector privado que têm suportado o grosso da crise — seja porque perderam e perdem todos os dias os seus empregos (e casas!), seja porque vêm renegociadas as suas condições de trabalho de forma prepotente e humilhante (chegando a perder mais de metade dos honorários, ou em opção, permitindo que o seu posto vá parar a alguém mais jovem ou financeiramente desesperado, como sucedeu recentemente no Museu de Serralves — um exemplo que me foi relatado há algumas semanas atrás.)
Faltou a Cristina Casalinho acrescentar a importância de controlar também os prémios dos altos executivos das grandes empresas, e uma mais agressiva taxação dos dividendos e dos lucros. Os primeiros devem ser sujeitos a um plafond imposto pelo Estado, e a segunda deve ser imposta onde não exista, e aumentada onde já exista. Só assim haverá equidade na Política. Mas devo aceitar que seria exigir demais de uma jovem e distinta economista ao serviço do BPI.


POST SCRIPTUM — Não percebo porque nem o PCP, nem o Bloco, querem discutir a sério como vão os funcionários públicos portugueses partilhar parte do custo da actual crise financeira.

Transformar, por exemplo, 50% dos subsídios de férias e de Natal de 2010, 2011, 2012 e 2013 em certificados de aforro, com maturidades de 3 anos, seria ou não mais inteligente, mais solidário e menos gravoso, do que recusar toda e qualquer medida viável, em nome da mais sórdida demagogia eleitoralista, tendo como consequência inevitável a continuação do ataque actualmente em curso e irreversível aos benefícios sociais adquiridos?

O ataque sem precedentes que neste momento o governo de piratas do Bloco Central desencadeou contra os trabalhadores desempregados (que raramente são funcionários públicos) e contra os reformados é também da responsabilidade conivente do PCP e do dito Bloco de Esquerda. Não tentem, pois, fingir que não contribuem para este problema. Sois igualmente responsáveis!

Tal como os partidos do Bloco Central, também o PCP e o BE olham apenas para o peso eleitoral do funcionalismo público, do onde aliás, em boa medida, provêem!


OAM 693—30 Abril 2010 19:13

quinta-feira, dezembro 18, 2008

Portugal 64

A Itália e a Grécia vêm aí?

Fraude: Investimentos portugueses expostos à Madoff ascendem a 76ME
Lisboa, 17 Dez (Lusa) - Ascende a 76 milhões de euros a exposição das sociedades gestoras de fundos de investimento e de carteiras individuais portuguesas a activos da Madoff Investment, que faliu devido a fraude, anunciou hoje a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).


Banca: BCP vende participação no BPI a empresária angolana Isabel dos Santos

Lisboa, 17 Dez (Lusa/RTP) - O Millennium BCP vendeu a posição de 9,69 por cento que detinha no BPI a uma sociedade da empresária angolana Isabel dos Santos, por cerca de 164 milhões de euros, anunciou hoje o banco liderado por Carlos Santos Ferreira.
...
Desta forma, Isabel dos Santos reforça a sua presença no sector bancário português, juntando a participação no BPI à posição de 25 por cento que controla no capital do Banco BIC (liderado por Mira Amaral, antigo ministro da Indústria dos governos de Cavaco Silva).
...
O BPI torna-se, assim, o segundo grande banco nacional a contar com investimentos angolanos no seu capital, a par do Millennium BCP, que tem como principal accionista a petrolífera angolana Sonangol (com cerca de 10 por cento do capital).


Governo anuncia aumento do capital social da Caixa em mil milhões de euros
17.12.2008 - 16h27 Lusa — José Sócrates anunciou hoje que o Governo decidiu aumentar o capital social da Caixa Geral de Depósitos em mil milhões de euros, sublinhando que "nunca como agora o país precisou tanto do banco público".

17.12.2008 (Jornal de Negócios) — Este será o terceiro aumento de capital do banco público, no espaço de um ano. Através de dois aumentos de capital, um em Dezembro de 2007 e outro em Agosto deste ano, o Estado injectou 550 milhões de euros na CGD. No início de Outubro, a CGD vendeu 15% da REN e a mesma percentagem da Águas de Portugal à Parpública por 390 milhões.


Prejuízos de 2008 provocam falência técnica da TAP

16-12-2008 (Presstur) — Fernando Pinto começou (...) por comentar que a falência técnica é “aspecto contabilístico”, embora admitindo que “tem que ser visto” e, “principalmente”, à luz das obrigações do Artigo 35 do Código das Sociedades Comerciais, que determina que os administradores devem propor aos accionistas o reforço do Capital Social quando os Capitais Próprios já foram inferiores a dois terços desse montante.
...
Fontes financeiras disseram ao PressTUR que o facto de a TAP passar a estar em incumprimento do Artigo 35 do Código das Sociedades Comerciais coloca o risco de qualquer credor poder pedir a falência, mas, frisam, não tem sido essa a prática, desde logo por que os próprios credores querem é que a empresa continue a laborar para poder ressarcir as dívidas.

O que é que estas quatro notícias têm em comum? A sua previsibilidade!

De facto, a blogosfera não se cansou de alertar para os perigos que agora são desastres consumados, e sobre cuja gravidade os responsáveis governamentais tecem os mais delirantes comentários. Sócrates, ao anunciar a injecção de mais mil milhões de euros na CGD, mentiu sobre o real destino do dinheiro dos contribuintes. Ao dromedário das Obras Públicas, por sua vez, só faltou rir às gargalhadas à medida que a frase "falência técnica" era pronunciada pelos jornalistas a propósito do afundamento da TAP em consequência da "grande estratégia" da Ota, gizada, como hoje sabemos, única e exclusivamente, para alimentar o insaciável Bloco Central do Betão.

Como neste blogue fomos repetindo, a Caixa Geral de Depósitos, o BCP, o BPI e o BES, entre outros exemplares do nosso "moderno" sistema bancário, estão intoxicados até à medula com aplicações financeiras temerárias e especulativas, onde foram empacotados depósitos e pensões de reforma de muitos portugueses, sem que estes tivessem qualquer vislumbre dos perigos que as suas poupanças corriam.

Até agora, e ainda faltam um ou dois anos para que o buraco negro dos Derivados deixe de exercer o seu fatal poder de sucção, os contribuintes já injectaram ou vão injectar quase 2 mil milhões de euros na CGD, sob a forma de falências e despedimentos, perseguição fiscal e colapso parcial dos serviços públicos.

O BES impingiu, ainda antes do actual colapso, a Portugália Airlines à TAP, por 140 milhões de euros, sem que nenhum deputado pestanejasse!

O Millennium BCP, entre escândalos que não deixam de nos surpreender, vai vendendo tudo o que pode.

O "saudável" BPI escorrega visivelmente para dentro dos bolsos da plutocracia angolana. E a plutocracia angolana, mais precisamente a que emana do clã de José Eduardo dos Santos, vai tomando conta de fatias importantes da principal empresa petrolífera portuguesa (a GALP) e do nosso sistema bancário (Millennium BCP, BPI e Banco BIC.) Há mesmo quem augure uma espécie de salvação angolana da TAP, embora as maratonas de José Sócrates na baía de Luanda não tivessem tido os resultados esperados.

Como já se percebeu, os 20 mil milhões de euros de garantias aprovadas pela maioria governamental são insuficientes para acudir ao buraco financeiro do Estado, da Banca e do Bloco Central do Betão. Se as entidades bancárias que recorrerem a esta garantias falharem pagamentos, o Estado fiador terá que desembolsar imediatamente as verbas necessárias à satisfação dos contratos, sob pena de a sua respeitabilidade e credibilidade internacionais desaparecerem num abrir e fechar de olhos. As dificuldades extremas de acesso ao crédito internacional, no improvável caso de o Estado falhar os seus compromissos, colocariam a nossa independência económica seriamente em risco. Seja como for, o actual curso dos acontecimentos permite projectar o défice orçamental potencial do país para valores próximos dos 15% do PIB — 5 vezes mais do que os já consensuais 3% proclamados triunfalmente por José Sócrates.

É fácil perceber que com estas projecções, e tendo ainda presente o valor da dívida externa bruta acumulada (mais de 200% do PIB), a margem de manobra para o programa das tão discutidas grandes obras públicas anunciadas reiteradamente por este governo deixou de existir.

Nestas circunstâncias, qualquer excesso de voluntarismo pseudo-Keynesiano poderá pura e simplesmente lançar Portugal numa dramática e prolongada depressão. O tempo do corrupto que orienta a Política, o tempo da demagogia populista e o tempo do amadorismo acabaram. Precisamos urgentemente de transparência, de controlo democrático e de um programa económico-social ousado, inteligente, criterioso e justo.

O plano inclinado da TAP assemelha-se cada vez mais ao da Alitalia — pois em ambos os casos as Low Cost venceram gigantes com pés de barro. Na banca não somos, ao contrário do que foi propalado, nem mais originais, nem mais robustos que os demais. Por fim, as desigualdades e a crise institucional profunda do nosso país apresentam valores muito semelhantes aos parâmetros homólogos gregos. A tempestade vem a caminho. Não há tempo a perder.


OAM 497 18-12-2008 01:40

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Portugal 54

BPP: quem levou o Governo a mudar de opinião?

Há aqui qualquer coisa que não bate certo!

A primeira opinião de Teixeira dos Santos e a primeira opinião de Victor Constâncio sobre o risco de deixar falir a gestora de fortunas e especuladora financeira BPP confluíram para a tese de que não viria daí mal ao mundo, nem sobretudo nenhum risco sistémico para a "saudável" banca portuguesa. O pedido de 750 milhões de euros difundidos pelo Banco Privado seria, por causa desta confluência, liminarmente recusado. E no entanto, bastou uma reunião de emergência dos principais accionistas do BPP —onde pontificaram nomes como os de Francisco Pinto Balsemão (presidente do Conselho Consultivo), João Vaz Guedes (vice presidente do Conselho Consultivo), Stefano Saviotti (vice presidente), José Miguel Júdice (presidente da Assembleia Geral), entre outros— para que Governo e Banco de Portugal dessem o dito por não dito, lançando-se numa corrida aventureira e ilegal para salvar o mais notório exemplar de shadow banking (1) à portuguesa. Que se terá passado? Que terão ouvido os "socialistas" que tanto os assustou?

Os nossos obscuros economistas e analistas de serviço, mais a generalidade dos telejornais, vêm proclamando desde o Verão de 2007 que a banca portuguesa não só é uma das mais modernas do mundo, como teria colocado todos os preservativos para evitar o fatal Subprime e Derivados tóxicos semelhantes. Começamos a saber agora que não era verdade. A banca portuguesa está falida, como tenho vindo a alertar há mais de um ano. O desastre começou no Millennium BCP, continuou pelo BPN e acaba de estilhaçar a especialista lusitana em Derivados — a muito chic gestora de fortunas, João Rendeiro e C.ª. O problema é que a coisa não vai ficar por aqui!

Pensem apenas nestes números:
  1. Operação de salvamento do Banco Privado: 450 M€
    • Caixa Geral de Depósitos: 120 M€
    • Millennium BCP: 120 M€
    • BES: 80 M€
    • Banco Santander-Totta: 60M€
    • BPI: 50M€
    • Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo: 20 M€
  2. Avales da República ao sector financeiro (estimativas avançadas pelos OCS):
    • CGD: 2000 M€
    • BES: 1500 M€
    • BCP: 1000 a 5000 M€
    • BPI: 2000 M€
    • Santander-Totta: ?
Ou muito me engano, ou os mosqueteiros que decidiram subitamente salvar o BPP encontraram uma boa cobertura (e certamente um grande empurrão!) para recorrer rapidamente ao aval previsto no Orçamento de Estado. Fazem figura de banqueiros bons, quando na realidade estão a matar dois coelhos com uma cajadada: emprestam ao BPP para que este lhes pague os créditos actualmente mal parados e, sem que ninguém repare, obtêm uma autorização da República para se endividarem à grande, em troca de activos contaminados cujo valor não pára de decrescer. Teria sido uma jogada de mestre se todos se calassem (algo cada vez mais difícil no estado em que estamos). As denúncias de Francisco Louçã (BE) e de Paulo Rangel (PSD) prenunciam, pelo contrário, dias difíceis para o pior ministro europeu das finanças, bem como para os reguladores virtuais e cada vez mais nervosos do sector financeiro português. Ao que parece, até o Procurador-Geral da República anda com tonturas!

Mas volto à pergunta inicial: o que é que eles (os governantes) viram, ouviram e souberam da boca, por exemplo, do dono da Impresa, que lhes tirasse o sono, forçando-os a dar o dito por não dito e a lançar-se numa operação de resgate ruinosa e endossada à carteira vazia do contribuinte?

Eu só consigo imaginar uma hipótese: a da existência de muitos milhões de euros oriundos da Caixa Geral de Depósitos e do Fundo de Pensões da Segurança Social entalados na panóplia de produtos financeiros especulativos viabilizados através do BPP, do BCP, do BPN e do BES, entre outros. Se, como é previsível, Pinto Balsemão foi informado sobre coisas parecidas com as que eu estou a supor, podemos adivinhar o seu imenso poder negocial nas difíceis circunstâncias que certamente correm contra a sobrevivência do Banco Privado.

O grupo Impresa, como a generalidade das empresas de comunicação e média, ou estão mal e vão piorar, ou estão assim assim e vão entrar em grandes dificuldades nos próximos dois anos. Não são só as transportadoras aéreas que se vão fundir. É bem provável que a TVI engula um dia destes a SIC! Mas antes que isto aconteça, é mais do que natural e humano que o fundador do Expresso não desista e use de todo o seu poder de destruição mediática para segurar o seu grande sonho.

O Sócrates do PSD (Pedro Passos Coelho) transmitiu recentemente (à TSF) um preocupante recado dos bonecreiros que o animam (Ângelo Correia, Miguel Relvas, etc.): os 20 mil milhões prometidos pela maioria PS não chegam; precisam-se, pelo menos, 30 mil milhões de euros!

O buraco negro dos Derivados não se contenta com os bancos e as gestoras de fortunas. Enquanto mastiga estas iguarias, o seu magnete destruidor começará em breve a sugar gabinetes de consultoria e o resto da economia real. Os ingleses, por exemplo (2), continuam a pagar dívidas da Primeira Guerra Mundial. Portugal não terá a mesma sorte macabra, pela simples razão de que não tem força nem alianças para tal.

E assim sendo, a única coisa decente a fazer é exigir o rápido esclarecimento sobre o efectivo grau de contaminação das nossas finanças, da nossa economia, e das poupanças de cada um, pelo endividamento em cascata resultante das apostas no maior esquema Ponzi de sempre. O saudável e moderníssimo sistema financeiro português deve-nos explicações.


NOTAS
  1. Beware our shadow banking system
    We have a secret banking system built on derivatives and untouched by regulation, says Pimco's Bill Gross. Here's how to protect your pocketbook.
    By Bill Gross, founder and chief investment officer of Pimco
    November 28 2007: 10:58 AM EST (CNN Money)

    (Fortune Magazine) -- The tangled web of subprimes has claimed more than its share of victims in recent months: homeowners by the hundreds of thousands, to be sure, but also those who created, packaged, insured, distributed, and ultimately bought what should have been labeled "junk mortgages" but which by a masterstroke of marketing genius received a more respectable imprimatur.

    "Skim milk masquerades as cream," warned Gilbert and Sullivan over a century ago, and sure enough, today's subprimes, packaged into financial conduits with monikers such as SIVs and CDOs, pretended to be AAA-rated cubes of butter.

    Financial institutions fell for the ruse, and now we all suffer the consequences. Defaults are rising, the dollar's sinking, and -- good Lord! -- even Google's (Charts, Fortune 500) stock price is going down. Something must really be wrong.

  2. Hedge Fund Manager Hendry Bets on Deflation With U.K. War Loans

    By Tom Cahill

    Dec. 1 (Bloomberg) -- Hugh Hendry, who oversees about $500 million as co-founder of Eclectica Asset Management in London, said he’s buying World War I debt on the bet the U.K. is due for its worst round of deflation since the Great Depression.

    The gilts, known as perpetuals because they have no maturity date, have a coupon of 3.5 percent compared with the U.K.’s 4.5 percent inflation rate. Investors hold about 1.9 billion pounds ($2.9 billion) of the securities that still pay interest 90 years after the end of the Great War, according to the U.K.’s Debt Management Office.

    “If you have a deflationary shock, the only instrument that will perform will be government debt,” said Hendry, 39, whose Eclectica Fund returned 38 percent this year, putting it in the top 1 percent of 1,817 funds tracked by Bloomberg. “Inflation is going to be back some day. But forget the next 12 years; it’s the next 12 months that matter.”


OAM 485 03-12-2008 02:24 (última actualização: 20:30)

sábado, novembro 29, 2008

Portugal 52

Banco Privado: demasiado pequeno para falir

2008-11-28 ( DN Sapo) — O investidor Joe Berardo pediu "bom senso" e frisou ao DN que "os accionistas e gestores do BPP deviam ter tido cuidado com o que estavam a fazer. Não amealharam no Verão para sobreviver ao Inverno". Por isso, "o dinheiro dos contribuintes não deve ser usado para salvar grandes investidores. Se não também tem de salvar os pequenos".

2008-11-28 (Agência Financeira) — Para o empresário Joe Berardo as garantias disponibilizadas pelo Banco de Portugal, no valor de 20 mil milhões de euros com vista a dar liquidez ao sistema financeiro, só deviam ser usadas para «salvar» os bancos de crédito, refere em declarações à Agência Financeira (AF).

O também accionista do BCP mostra-se desta forma contra o plano de salvamento do Banco Privado Português (BPP). «O banco de João Rendeiro é um banco de investimento e não um banco comercial. Se começam a ajudar os bancos de investimento então vão ter a começar a ajudar outras pessoas, como aquelas que investem na bolsa», revela à AF.

Quando todos pensávamos que os 20 mil milhões de euros inscritos no Orçamento de Estado 2009, a título de "Passivos contingentes: Avales Concedidos e Dívidas Garantidas", se destinavam a socorrer bancos em dificuldades, ficámos a saber que não, nomeadamente depois de o BES anunciar que recorreria a empréstimos garantidos pelo Estado português, apesar de não precisar, apenas para não ficar atrás da concorrência!

Entretanto, com o Banco de Portugal e o Ministério das Finanças embrulhados em mais uma aventura de duvidosa legalidade, desta vez para salvar o Banco Privado Português (BPP), promovendo um sindicato de banqueiros que usará as garantias de Estado a que o BPP, por si só, não tem acesso, fica todo o país a saber que o potencial aumento do défice orçamental para uns astronómicos 13,7% (1), o qual se traduzirá inevitavelmente numa exploração fiscal sem precedentes, já está à disposição de uma bolsa de ricos incapazes de assumir as contingências das suas próprias decisões financeiras.

A história recente do Banco Privado Português conta-se em quatro penadas de susto:

Junho de 2008, in BPP, Publicações Obrigatórias (0089-BTI-200806.pdf)
  • Capital = 125.000.000 (total do capital = 193.438.253)
  • Crédito a clientes = 954.095.194
  • Recursos de clientes e outros empréstimos = 740.253.375
  • Recursos de outras instituições de crédito = 707.118.883

Ou seja, uma sociedade gestora de fortunas de média dimensão (Capital = 125.000.000 euros) e risco moderado (2) descobriu no passado Verão que iria ter muitas dificuldades em recuperar boa parte dos seus investimentos especulativos, ou melhor dito, boa parte dos investimentos dos seus accionistas e demais clientes (~954.095.194 euros) realizados sob sua orientação técnica.

Presumo que a totalidade dos investimentos especulativos veiculados pelo Banco Privado foram realizados com dinheiro emprestado aos accionistas e outros clientes pelo próprio BPP (~954.095.194 euros), que para tal teve que se endividar, nomeadamente junto da banca comercial (707.118.883 euros). Quando finalmente a crise financeira atingiu a Europa em cheio, os accionistas e clientes, que detinham recursos depositados no BPP na ordem dos 740.253.375 euros, perceberam que a bolha de Derivados (3) rebentara, que os lucros especulativos esperados se tinham evaporado, e que, portanto, o melhor seria retirar quanto antes as "poupanças" à guarda do Private Banker. E assim foi: os accionistas e outros clientes retiraram nas últimas semanas mais de 500 milhões de euros da sociedade chefiada por João Rendeiro e de que são accionistas de referência e/ou membros dos corpos sociais, entre outros, Francisco Pinto Balsemão (presidente do Conselho Consultivo), João Vaz Guedes (vice presidente do Conselho Consultivo), Stefano Saviotti (vice presidente), José Miguel Júdice (presidente da Assembleia Geral), Fundação Luso-Americana (representada por Rui Machete, também presidente do Conselho Superior da Sociedade Lusa de Negócios), João de Deus Pinheiro (vogal do Conselho Consultivo), Álvaro Barreto (vogal do Conselho Consultivo), António Viana Baptista (vogal do Conselho Consultivo), Jorge Braga de Macedo (vogal do Conselho Consultivo) e João Cravinho (vogal do Conselho Consultivo).

A corrida foi de tal modo radical que o BPP acabaria por bloquear as operações de levantamento no fim desta semana. Quem soube e teve oportunidade, rapou o tacho do BPP até ao ponto em que este, exangue, teve que suspender os pagamentos. Ao que se sabe agora, os bancos comerciais estarão ainda a arder em 350 milhões de euros, e um número desconhecido de clientes ficou impedido de levantar os 200 milhões de euros que lá depositou na esperança de bons negócios e juros acima dos oferecidos pela banca comercial.

Os accionistas e grandes clientes, depois de perderem as apostas especulativas realizadas com dinheiro emprestado, que pelos vistos não tencionam devolver (!), retiraram a quase totalidade dos seus depósitos no BPP, deixando esta sociedade virtualmente falida nas mãos dos credores e de alguns clientes mais lentos, fracos ou distraídos. Se isto não é uma vigarice gigantesca, então não sei o que é!

O volte-face do BPI tem pois uma moral: os bancos, se quiserem recuperar o dinheiro que emprestaram aos especuladores do BPP, para que estes comprassem as sofisticadas fichas do grande casino mundial de Derivados, terão que voltar a soltar mais crédito ao BPP. Doutro modo, não voltarão a ver a cor do dinheiro emprestado.

Dois dos bancos disponíveis para salvar o BPP — a Caixa Geral de Depósitos e o BES — já anunciaram pedidos de aval pessoal ao Estado português no montante de 3.500 milhões de euros. Ou seja, o buraco do BPP (550 milhões) multiplicado por seis. Perceberam?


REFERÊNCIAS

Queixas contra João Rendeiro no Banco de Portugal

30-11-2008 - 00h30 (Correio da Manhã). Várias denúncias de clientes do Banco Privado Português (BPP) contra João Rendeiro estão a ser analisadas pelo Banco de Portugal. As queixas, que são anteriores às actuais dificuldades financeiras do banco, têm por base diversos actos de gestão da administração de Rendeiro à frente do BPP. Estas denúncias terão precipitado a renúncia do banqueiro, que foi conhecida na sexta-feira à noite após reunião dos principais accionistas.

Bancos nacionais têm 350 milhões reféns do BPP

2008-11-29 (DN.Sapo) — O encontro de ontem à noite entre os principais accionistas do Banco Privado Português (BPP) terminou com a renúncia de João Rendeiro à presidência da instituição e com a disponibilidade dos accionistas - nomeadamente Rendeiro, que permanece como tal - para acompanhar um provável aumento de capital, fundamental no plano de salvação da instituição. Isto porque mantêm-se as dúvidas sobre a qualidade das garantias a dar ao Estado para que este assuma o risco das injecções de liquidez no BPP que os seis bancos envolvidos na operação irão disponibilizar.

O montante destas injecções deverá ser ligeiramente superior a 500 milhões de euros. Este dinheiro servirá para o BPP cobrir insuficiências de liquidez, quer nas linhas de crédito que estão a vencer, quer para pagar aos clientes que estão à espera de uma solução para resgatar os seus investimentos (bloqueados desde o início desta semana).
...

Imbróglio jurídico

Neste momento, o plano está definido, mas falta dar-lhe um enquadramento legal. É que a lei das garantias do Estado só prevê 45 milhões de euros para o BPP, já que está indexado à quota de mercado de crédito. Embora seja ao abrigo dessa lei que os outros bancos vão financiar-se para contribuir para a solução do BPP, o Banco de Portugal terá de encontrar outra solução jurídica, já que o regime geral das instituições de crédito e sociedades financeiras não prevê que o Estado assuma os riscos de injecções de capital feitas por entidades privadas. Ou seja, no caso de o BPP falhar o pagamento dos 500 milhões injectados, será o Estado a assumir o risco de contraparte. O enquadramento jurídico desta operação pode mesmo, segundo apurou o DN, obrigar o Governo a legislar, provavelmente através de portaria.

Os activos a dar como garantia são outro problema. É que, tendo em conta que o banco perdeu 500 milhões de euros em depósitos nas últimas semanas (os restantes 200 milhões estão bloqueados) sobra, como activos, o capital (daí a necessidade de o aumentar) e os veículos de investimento com participações no BCP, Brisa, Cimpor e Mota-Engil. Só que estes veículos perderam muito valor nos últimos meses, colocando uma dificuldade adicional ao Estado. Refira-se que, com a saída de Rendeiro, entrarão novos gestores na instituição. A Lusa avançava ontem que um deles pode ser Manuel Alves Monteiro, membro do conselho consultivo.

Berardo pede "bom senso"

Uma das questões que tem levantado algumas dúvidas prende-se com a eventualidade de o Estado assumir riscos para "salvar" más decisões de investimento dos gestores do BPP. Segundo apurou o DN, o banco conquistou clientes este ano com produtos de juros mais altos que a concorrência, a qual já procurava protecção da crise financeira em curso.

O investidor Joe Berardo pediu "bom senso" e frisou ao DN que "os accionistas e gestores do BPP deviam ter tido cuidado com o que estavam a fazer. Não amealharam no Verão para sobreviver ao Inverno". Por isso, "o dinheiro dos contribuintes não deve ser usado para salvar grandes investidores. Se não também tem de salvar os pequenos".


Banca: Futuro do Banco Privado Português poderá ser decidido hoje
28 de Novembro de 2008, 06:51 (Notícias.Sapo/Lusa)

Lisboa, 28 Nov (Lusa) - O futuro do Banco Privado Português (BPP) poderá ser decidido hoje, com o Banco de Portugal a coordenar uma operação de salvamento que pretende impedir o colapso da instituição liderada por João Rendeiro.

Tendo-lhe sido vedado acesso às garantias do Estado para poder obter um empréstimo de 750 milhões de euros no Citigroup - devido ao seu reduzido peso no financiamento às empresas e às famílias - o BPP poderá agora ser salvo da falência por um grupo de seis outros bancos: a Caixa Geral de Depósitos (CGD), o Millennium BCP, o BPI, o Santander Totta, o Banco Espírito Santo (BES) e o Crédito Agrícola.

Estes bancos estão a negociar com o Banco de Portugal e com o BPP as condições de um empréstimo, entre os 500 e 600 milhões de euros, de modo a que a instituição possa resolver os problemas de liquidez causados pela crise internacional.

No entanto, o Estado vai servir de fiador do BPP neste empréstimo, recebendo como penhor vários activos detidos pelo banco liderado por João Rendeiro, que opera no segmento da gestão de fortunas.

Fontes do sector, contactadas pela Lusa, afirmaram que o principal objectivo da operação de salvamento é impedir que o colapso do BPP afecte os financiamentos dos restantes bancos portugueses junto da banca internacional.

Se um banco português falir, ainda que seja de reduzida dimensão, como é o caso do BPP, o risco do sistema bancário nacional aumentará, tornando mais difícil às restantes instituições obterem financiamentos.

Para prevenir este cenário, os advogados dos seis bancos estiveram reunidos quinta-feira ao final do dia com responsáveis do Banco de Portugal e do Banco Privado Português, com vista a definir as condições da operação de salvamento, não tendo sido anunciado um acordo.

Contactada pela Lusa na quinta-feira à noite, fonte oficial do Banco de Portugal não quis fazer comentários sobre as negociações em curso.

Por sua vez, fontes de bancos envolvidos na operação confirmaram à Lusa que as negociações poderão conduzir, entre outras mudanças, à saída de João Rendeiro da liderança do BPP, tal como o jornal Público noticiou na quinta-feira.

Certo é que, independentemente do futuro de João Rendeiro, a administração da instituição vai passar a contar com dois administradores do Banco de Portugal, ao abrigo da lei que regulamenta as operações de saneamento e recuperação de instituições bancárias.

Já a estrutura accionista vai manter-se inalterada, uma vez que não se trata de uma nacionalização, como sucedeu recentemente com o BPN.

O BPP tem como principais accionistas o próprio João Rendeiro, através da Joma Advisers (com 12,5 por cento do capital), bem como Francisco Pinto Balsemão (com 6,02 por cento), Stefano Saviotti (com 5,83 por cento) e a família Vaz Guedes (com 5,81 por cento).

O banco conta ainda com investidores como Joaquim Coimbra e a Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento (FLAD), com 2 e 2,19 por cento, respectivamente, que têm em comum o facto de serem também ambos accionistas da Sociedade Lusa de Negócios, a 'holding' que era proprietária do BPN.

Segundo o Relatório e Contas de 2007, os capitais próprios do BPP ascendiam no final do ano passado a 250 milhões de euros, ao passo que os activos sob gestão somavam 2 mil milhões de euros.

Além destes activos, o BPP possui vários veículos de investimento - tendo alguns clientes como investidores - que controlam posições em empresas cotadas como o BCP, a Brisa e a Mota Engil, entre outras.

A desvalorização de alguns destes activos, nos últimos meses, contribuiu para as dificuldades de liquidez vividas pelo banco liderado por João Rendeiro.

No ano passado, o resultado líquido do banco ascendeu a 24 milhões de euros, tendo sido distribuídos pelos accionistas dividendos no valor de 12 milhões de euros.

FAL
Lusa/Fim.

NOTAS
  1. Aos anunciados 2,2% do PIB, de défice orçamental, assumidos por José Sócrates, há o risco de um acréscimo até 11,5% do PIB, no dito défice, caso o "passivo contingente" de 20 mil milhões de euros se transforme num passivo efectivo. No cenário previsível para 2009, 2010, 2011 e 2012, esta hipótese, apesar de improvável, e sobretudo indesejável, não é de todo impossível, conhecendo-se como já se conhecem os elevados graus de exposição de praticamente todo o sector bancário português (CGD, BCP, BES, etc.) ao risco de incumprimento, nomeadamente por efeito dos montantes das dívidas por saldar e das crescentes dificuldades de sobre-endividamento.
  2. O BPP tinha em Junho de 2008 o seguintes ratings: BBB (Fitch Ratings) e Baa3 (Moody's), assim definidos:
    • BBB (Fitch Ratings) : medium class companies, which are satisfactory at the moment. (Wikipedia);
    • Baa3 (Moody's): Obligations rated Baa are subject to moderate credit risk. They are considered medium-grade and as such "protective elements may be lacking or may be characteristically unreliable". (Wikipedia)
  3. O colapso financeiro em curso, e que continuará durante todo o ano de 2009, não é apenas o rebentamento de uma bolha especulativa. Nas palavras do Prémio Nobel da Economia deste ano, Paul Krugman, trata-se mesmo da implosão escandalosa de uma das maiores vigarices financeiras em cadeia de que há memória. Os chamados Veículos Estruturados de Investimento (SIV), os Credit Default Swaps (CDS) e demais contratos de Derivados (Opções, Futuros e Swaps), não foram se não disfarces sofisticados de um gigantesco esquema Ponzi de investimento fraudulento.
    2008-11-27 (The New York Times). While the housing bubble was still inflating, lenders were making lots of money issuing mortgages to anyone who walked in the door; investment banks were making even more money repackaging those mortgages into shiny new securities; and money managers who booked big paper profits by buying those securities with borrowed funds looked like geniuses, and were paid accordingly. Who wanted to hear from dismal economists warning that the whole thing was, in effect, a giant Ponzi scheme? — in "Lest We Forget", by Paul Krugman (2008 Nobel Memorial Prize in Economic Sciences)

OAM 481 29-11-2008 19:09 (última actualização: 30-11-2008 17:25)

segunda-feira, outubro 27, 2008

Crise Global 41

A economia dos sábios


Synthetic CDO that fails in subprime securitization

We had to nationalise the banks “to preserve the free market.” -- George W. Bush

"It's very simple: we sink together or we swim together.

"I very much hope that China can make an important contribution to the solution to the financial crisis. It's a great opportunity for China to show a sense of responsibility." -- José Manuel Barroso.


João Cravinho veio de Londres explicar aos indígenas que há toda a conveniência em reunir uma comissão de sábios economistas para lidar com a gravíssima crise financeira e económica que abala o mundo. Falou até no antigo governador do Banco de Portugal e ministro, José da Silva Lopes, como um dos desejáveis protagonistas para liderar o sugerido clube de sábios consultores. Os economistas não se fizeram rogados, pondo-se a disparar pequenas teorias em todos os canais disponíveis, assestando as suas armas analíticas sobre os três pontos da discussão lançados há meses, curiosamente, por Manuela Ferreira Leite, actual líder do PSD que, pelos vistos, incomoda muita gente no Bloco Central.

Os pomos da discussão e da discórdia são estes:

  • qual a gravidade da crise actual e que impactos tem em Portugal?
  • deve-se ou não manter o plano de Grandes Obras Públicas (GOP) do PS?
  • se houver que eliminar ou adiar obras previstas, quais deveriam ficar no tinteiro dos vorazes gabinetes de consultoria e assessoria?
Ao contrário do proverbial e inconsciente optimismo do primeiro ministro, que só há quinze dias ouviu falar de uma crise financeira sistémica mundial, a generalidade dos temerosos economistas portugueses reconhecem que a mesma é muito grave, duradoura e que afectará gravemente as economias americana, europeia e mundial. Embora com inexplicável atraso crítico, lá foram percebendo que os efeitos letais da mesma serão potencialmente devastadores para a economia portuguesa.

É certo que Medina Carreira, Silva Lopes e mais recentemente Luís Campos e Cunha, têm alertado os portugueses para o endividamento do país, contínua perda de competitividade e divergência relativamente à média de desenvolvimento da União Europeia. Mas o que ainda não li de nenhum deles foi uma análise crítica sobre a mudança da qualidade das ameaças que poderão, de facto, empurrar Portugal para uma falência súbita, como as que ocorreram na Islândia e poderão ainda fazer ajoelhar a Ucrânia e o Reino Unido.

Falta de coragem? Não acreditam na hipótese, e preferem badalar a cantilena suicida da robustez do nosso sistema financeiro e bancário? Não sabem que ambos estão há muito falidos? Não temem que o obscuro aval dos 20 mil milhões de euros à banca se transforme a curto prazo num garrote à própria capacidade de endividamento de todo um país, a começar pelo irresponsável Estado?

Relativamente às GOP, defendidas em nome dum Keynesianismo colado com cuspo, por um Sócrates disfarçado de salvador da Pátria, sem pensar um minuto nas despesas sociais associadas, nem nos recursos imprescindíveis a semelhante devaneio populista, alguém leu alguma opinião dos sábios economistas sobre as virtudes dum Estado-betão, falido e sem recursos próprios? Eu só ouvi e li alguns lamentos sobre o preço da coisa! Que é caro. Que talvez seja difícil pedir dinheiro emprestado nas actuais circunstâncias. Ou que deveríamos ponderar com mais cuidado a ideia de atirar as dívidas do passado, do presente e do futuro para os nossos filhos e para os nossos netos. Alguém sabe qual vai ser o preço do dinheiro daqui a um, dois ou três anos?!

Quando chegamos à tesoura dos cortes nas grandes obras, a ignorância dos temas por parte dos economistas é em geral confrangedora.

Quase todos eles gostam de barragens. Porque será? Mero reflexo defensivo? Já pensaram, por acaso, no aproveitamento ridículo que tem sido dado aos inúmeros lençóis de água e albufeiras deste país, por exemplo, na modernização da nossa atrofiada agricultura? Já pensaram que construir dez ou doze novas pequenas barragens apenas aumentará em 3% a produção da energia eléctrica que consumimos anualmente? E que, por outro lado, tais fretes à EDP do Mexia, feitos em nome de um mercado de dívidas em colapso, arruína um precioso capital natural, não deslocável e insubstituível? Já ouviram falar de negaWatts, ou de conceitos como eficiência e produtividade energéticas? Se houver um plano de emergência que passe por recuperar 30% da energia mal consumida e em grande parte importada, e 40% da água potável que se perde na péssima eficiência dos sistemas de distribuição existentes, corrigimos dois problemas cruciais pela raiz, criando ao mesmo tempo conhecimento, emprego e riqueza material. Seria, por si só, uma formidável revolução. Ou se quiserem uma actualização inteligente das teorias de John Maynard Keynes.

Sobre a necessidade de novos aeroportos, novas autoestradas e novas travessias, basta olhar para os números!
  • As chegadas e partidas de aviões estão a cair consistentemente na Portela, onde sobram centenas de slots vazios (mas não no aeródromo de Tires, onde o corropio de Corporate Jets faria pensar e agir qualquer Estado vigilante e atento ao seu património);
  • O tráfego automóvel na Ponte 25 de Abril tem vindo a decair nos últimos cinco anos; em contrapartida, a capacidade de transporte ferroviário na mesma ponte, pela Fertagus, está esgotada, por falta de comboios...;
  • A Volvo viu as encomendas europeias de camiões para o quarto trimestre deste ano decair de 41 970 para 115 unidades (BBC), e a Mercedes anuncia paragem da sua maior fábrica na Alemanha durante o mês de Natal! (Spiegel). Por cá, o número de dias sem produção em Palmela cresce mês a mês e nada garante que o pior não venha a ocorrer no cluster automóvel da Margem Sul;
  • Finalmente, o TGV: as ligações entre Madrid e Poceirão-Pinhal Novo, bem como entre Vigo e Porto, são os dois únicos investimentos públicos do embrulho GOP que fazem sentido, seja por causa dos compromissos entre Estados, seja sobretudo devido à utilidade imediata de ligar Portugal à nova rede ibérica de Alta Velocidade e Velocidade Elevada assente em carris de "bitola europeia". As novas linhas deverão, porém, e ao contrário dos tresloucados Power Points governamentais, servir para o transporte de pessoas e mercadorias. Pois só assim se rentabilizarão eficazmente os investimentos.

    A reintrodução em força do transporte ferroviário de pessoas e bens na União Europeia faz parte da sua urgente agenda de combate ao Aquecimento Global e mitigação da dramática dependência energética da Europa face à Rússia, Médio Oriente e Magrebe. Portugal, um país extremamente dependente das importações de petróleo e gás natural, corre o sério risco de ficar no bolso dos novos sultanatos energéticos, como se tem visto na ascendência crescente de Angola, por exemplo, no nosso sistema bancário. Precisamos, pois, de diminuir dramaticamente a factura petrolífera, estabelecendo vias de transporte rápido e qualificado entre os nossos portos e o resto da Europa. Precisamos, por outro lado, de terminar de uma vez por todas a modernização da Linha do Norte, por forma a deixar o Alfa ligar as duas principais áreas metropolitanas do país em 2 horas; bem como modernizar (electrificar, etc.) as linhas do Oeste, Douro e Beira Alta.

    Tudo isto, pensado com pés e cabeça, numa lógica de máxima eficiência energética, seria um desafio suficientemente grande para empregar de forma duradoura e consistente milhares de pessoas neste país. Pelo contrário, aquilo que vemos na propaganda governamental é mais do mesmo: pronto-a-vestir tecnológico importado, importação de mão-de-obra estrangeira, trabalho ilegal e precário, e muita engenharia financeira para disfarçar o endividamento infinito da nossa economia. Como é sabido, este modelo de rapina está esgotado e não será financiado pelos esquemas clandestinos do costume, sobretudo se a Europa tiver (e terá) que incrementar rapidamente o rigor e a transparência das finanças públicas do seus 27 estados membros.
O ano que vem, 2009, vai ser ainda pior do que 2008. E o seguinte, pior ainda. Que mais novos dados serão necessários para dar razão a Manuela Ferreira Leite, quando ela afirma que todos os grandes investimentos devem ser, pura e simplesmente, postos entre parêntesis e submetidos a uma análise custo/benefício à luz da depressão económica mundial que se apresenta diante de todos nós? Acham, como o lunático Prof. da RTP, que a nova líder do PSD tem apenas um problema de linguagem ou de relações públicas? Por favor, digam lá!

Banca: Apesar de a taxa Euribor continuar a descer
Prestações sobem até Dezembro

22 Outubro 2008 (Correio da Manhã) -- ...Em Agosto o crédito malparado relativo aos empréstimos aos particulares atingiu os 2,8 mil milhões de euros – o que constitui um recorde absoluto ao nível do incumprimento. Os números do Banco de Portugal mostram que o incumprimento das famílias no pagamento das prestações mensais bateu um novo recorde, tendo crescido 586 milhões face a igual período de 2007. Na prática, o crédito malparado cresceu 1,6 milhões de euros por dia num ano, o que traduz uma subida homóloga de 26,46 por cento (...)

CAIXA JÁ TROCA PRESTAÇÃO POR RENDA NO IMOBILIÁRIO

Apesar de ainda estar a aguardar a publicação do diploma legal que regula o fundo habitacional de arrendamento, criado pelo Governo, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) já oferece como solução aos clientes incumpridores a possibilidade de trocar a prestação do crédito à habitação pela renda. 'Em determinados casos, isso já tem sido feito', admitiu ao CM Paulo Sousa, director de financiamento imobiliário da CGD, adiantando que os processos que estão já em execução 'podem a qualquer momento ser suspensos, se o executor assim o entender'.

A CGD é a primeira a avançar com o fundo. Segundo Paulo Sousa, a diminuição do encargo mensal com o arrendamento da casa 'é bastante superior [a 20%]'. n D.R. (...)

Na habitação, o crédito malparado aumentou 23,6 por cento face a 2007, totalizando agora 1,5 mil milhões de euros (...)

Em termos gerais, o peso do malparado no crédito total concedido pelos bancos continua em 2,1%, uma percentagem que se mantém inalterada desde o último mês de Julho.


A crise que não se deixa administrar


22-10-2008 (Rumores da Crise) -- Os sinais de recessão que assolam o mundo ainda são por conta do peso do setor financeiro no PIB. Apesar das demissões nesse setor, o impacto maior será sentido quando o consumo e os investimentos sentirem toda força da escassez do crédito. Os investimentos serão atingidos duplamente: pela escassez do crédito e pela redução do consumo. É nesse momento que o desemprego atingirá com força a economia real com a redução da produção e o fechamento de fábricas. Parte dos assalariados que continuarão empregados terão seus salários achatados e reduzirão o consumo inibindo mais ainda a produção. Os estados endividados terão dificuldade de executar programas keynesianos sem o risco de uma explosão de preços.


U.S. has plundered world wealth with dollar: China paper


Fri Oct 24, 2008 6:14am EDT -- BEIJING (Reuters) - The United States has plundered global wealth by exploiting the dollar's dominance, and the world urgently needs other currencies to take its place, a leading Chinese state newspaper said on Friday.

The front-page commentary in the overseas edition of the People's Daily said that Asian and European countries should banish the U.S. dollar from their direct trade relations for a start, relying only on their own currencies.

A meeting between Asian and European leaders, starting on Friday in Beijing, presented the perfect opportunity to begin building a new international financial order, the newspaper said.


We had to burn the village to save it


Friday, 17 October 2008 (London Banker) ... The $700 billion appropriated for the Paulson Plan and the $840 billion extended in parallel by the Federal Reserve last month are together more than three times the expenditure on US wars for the past five years. The federal borrowing requirement for 2008 is now in excess of $1.02 trillion, and for 2009 is now estimated between $1.5 and $2 trillion.

Such hyperbolic growth in the fiscal deficit and debt is unsustainable, even with such very tolerant creditors as the Japanese, Gulf Arabs, Russians and Chinese. They can see that each dollar added to the Fed’s balance sheet is tinder for burning those already held or denominated in their reserves. They can project the curve forward. At some point, they must react and restrain further debasement of their reserves and investments, either by collectively raising the prices charged for the resources and products they export, the interest charged on existing and future debt, or the forced exchange of debt for equity ownership of real economic assets. Or all three.

... In my experience, there is nothing so permanent as a temporary expedient. It is hard to see how partially nationlised banks will ever be more than the means of political redistribution of wealth and power, and so corrupt both the economy and political system.

Se o crédito mal-parado a particulares em Portugal, no segmento imobiliário (presume-se que abrangendo não apenas hipotecas de compradores, mas também empréstimos a construtores e promotores) anda pelos 1,5 mil milhões de euros, não chegando por isso a 10% do aval total que José Sócrates quer oferecer aos bancos sediados no nosso país (que já declararam em uníssono estar interessados no bolo!), fica a pergunta: que risco vai então ser coberto pelas restantes 90% do 20 mil milhões de euros? Bom, só pode ser o endividamento anual do país, estimado para 2009 nos tais 10% do PIB, e que a banca precisará de pedir emprestado e emprestar às empresas e sobretudo ao Estado. Mas se é assim, porque anda a imprensa a agitar o espantalho do cidadão que deixou de pagar as prestações da casa, em vez de expor a história dos grandes devedores? E porque há avales para estes e não há avales para os que deixaram de pagar as casas?

As medidas urgentes que foram tomadas em nome do salvamento da banca, e que abrangem, como se viu, o BCP, o BPI, o BES e a Caixa Geral de Depósitos (!), deveriam ter uma correspondência no tratamento do cidadão comum, em vez de atirarem este pobre indefeso às feras leiloeiras da Caixa Geral de Depósitos, por efeito de execuções hipotecarias assassinas! O senhor Sócrates, que enche a boca com declarações hipócritas sobre o bem-estar dos cidadãos e das PMEs, deveria estabelecer imediatamente uma moratória de 6 meses para todos os processos de execução em curso, dando assim aos particulares o mesmo benefício da dúvida que magnanimamente distribuiu pelos piratas da banca virtual.

Temos que exigir equidade ao Governo!

No mais, devemos esperar o pior e reagir, alterando sem hesitação os paradigmas que até agora nortearam as regras, os comportamentos e as expectativas dos diversos actores económicos e sociais. O crescimento dos grupos económicos à sombra do subsídio comunitário, da encomenda pública e dos sofisticados modelos de endividamento cumulativo, acabou e não vai voltar tão cedo. A estagnação, a recessão, a depressão e a morte do currency carry trade japonês (1), já iniciaram o seu cortejo de destruição sistémica das economias especulativas. Daí que esta conversa morna, entre um Governo atolado na implosão das suas mais íntimas convicções neoliberais, e uma Oposição emudecida diante de cenários tão ameaçadores, não leve a nada de bom. Precisamos de uma mudança rápida de paradigmas!

E o primeiro passo a dar é este: substituir a economia virtual especulativa dominante por uma economia real, com tudo o que isso implica de alterações radicais ao status quo. Precisamos, como do pão para a boca, de um desmantelamento criativo do actual impasse!


NOTAS
  1. Tóquio tem queda de 6,4% e menor nível em 26 anos
    27/10/2008 - 06h59 (Notícias IOL) -- Bolsa de Tóquio registrou mais uma forte queda e o índice Nikkei 225 fechou com a menor pontuação dos últimos 26 anos. O índice perdeu 486,18 pontos, ou 6,4%, e terminou aos 7.162,90 pontos, o menor nível desde o início de outubro de 1982. As vendas de ações foram impulsionadas pela valorização do iene e pelo desapontamento com o fato de que o governo japonês não anunciou medidas rápidas e agressivas para enfrentar a desaceleração econômica. As informações são da Dow Jones.
    Um dos pilares da economia virtual, assente na criação e empacotamento especulativos da dívida, foi o sistema inventado pelos japoneses para se manterem como uma economia protegida num mundo de livre concorrência internacional. Basta visitar o Japão para percebermos que 1) não vemos praticamente ocidentais e 2) tudo o que existe por lá é Made in Japan, à excepção dos produtos de luxo franceses e italianos (Prada, Armani, etc.) Para chegar a este resultado, a economia estatal japonesa (o capitalismo privado lá, como na China, Rússia, Médio Oriente, etc. é um disfarce) decidiu duas coisas simples: assentar a sua economia nas exportações, e dificultar burocraticamente (ao máximo!) todas as importações de produtos acabados. Para atingir este resultado, usou um truque financeiro sem precedentes: manter o valor da sua moeda ao mais baixo nível cambial possível face às demais moedas, e em particular face ao dólar. Resultado: um enorme superavit comercial, traduzido na acumulação daquelas que foram, até à chegada da China ao mesmo jogo, as maiores reservas cambiais do planeta! Mais tarde descobriu que se emprestasse dinheiro ao estrangeiro, a taxas de juro muito baixas (na realidade, entre 0 e 1 por cento!), este não só continuaria a comprar os seus produtos (foi assim que os Toyotas, Datsun e Hondas japoneses quase destruíram a indústria automóvel americana e europeia), como entraria numa espiral de dependência especulativa do crédito grátis japonês. Aquilo que realmente rebentou foi precisamente esta gigantesca bolha de endividamento euro-americano. O director da Caisse des Dépots francesa chamou-lhe, com ironia assassina, "Exodebt", para melhor entendermos como um milhão de pequenas, médias e grandes dívidas originadas um pouco por toda a parte pelos esquemas agressivos de compra e venda a crédito, se afastaram ultra-sonicamente das suas origens, transformando-se mais tarde do buraco negro das titularizações que actualmente engole a economia mundial.

    É por isso que, paradoxalmente, as bolsas japonesas afundam dramaticamente de cada vez que a sua moeda se valoriza face ao dólar! E é por isso que os anões do G7 (como lhes chama Elaine Supkis) -- que também gostariam de ver o Euro e o Dólar tão baratos quanto o Yen -- berram histericamente contra a "volatilidade" do Yen. É que meio mundo está endividado nesta moeda, embora não pareça!
OAM 463 27-10-2008 11:22