quinta-feira, julho 14, 2011

A bancarrota americana

Ron Paul, um congressista americano defensor do regresso ao ouro como garantia de valor das moedas, prediz a bancarrota da América num prazo não muito longo.



A China está cada vez mais preocupada com a velocidade do colapso do casino financeiro do Ocidente e em particular com a ameaça de calote que paira sobre as responsabilidades contraídas pelo tesouro americano. Um incumprimento, mesmo que superficial e temporário, da América, poderia desencadear um verdadeiro terramoto em todas as praças financeiras do planeta e a queda da economia mundial numa profunda e muito perigosa depressão.

O dilema da China face aos Estados Unidos é parecido ao do BCE relativamente aos bancos centrais dos países mais endividados ou já em pré-bancarrota da Eurolândia: se não quiserem aceitar uma tesourada nos juros prometidos pelos empréstimos que realizaram ao comprarem biliões de notas de crédito em troca de exportações, arriscam-se a ter que ficar com os papeis das dívidas soberanas ao colo, enquanto o dólar e o euro se precipitam para desvalorizações sem precedentes — arrasando em seguida as exportações da China (e em certa medida da Alemanha), ao mesmo tempo que deixam os respectivos cofres soberanos cheios de nada!

É um dilema dos diabos!

O problema das cedências, por parte da China, ou do BCE, é este:
  • se derem o mínimo sinal que seja de que estarão dispostos a aceitar uma comparticipação dos privados nos prejuízos oriundos do endividamento público sistémico, as nomenclaturas populistas que hoje governam as democracias ocidentais menos competitivas entenderão imediatamente tais sinais como ordens para voltar a gastar. A poupança e o rigor orçamentais seriam então outra vez adiados para as calendas gregas (nunca melhor dito!);
  • mas, por outro lado, se teimarem em deixar cair na insolvência os governos sobre endividados, nações inteiras serão instantaneamente conduzidas ao colapso financeiro, económico, social e político — com grande probabilidade de semelhante perda de controlo provocar tensões bélicas de proporções imprevisíveis.
O demónio da questão está no necessário ponto de equilíbrio entre austeridade, partilha de prejuízos e refundação do sistema financeiro mundial, que todavia falta imaginar. A pilhagem fiscal dos mais débeis poderá aliviar momentaneamente a situação, mas quanto mais injusta e injustificável esta for, maior será o custo social e político do reequilíbrio das economias e, em última instância, do sistema financeiro.

O regresso ao ouro, provavelmente misturado num cabaz de moedas de referência e direitos de saque, afastando assim a perturbação permanente que o dólar hoje causa no sistema financeiro mundial, talvez seja a solução. Não exactamente o que Ron Paul propõe, mas algo parecido.

quarta-feira, julho 13, 2011

Dagong contra-ataca!

Agência de notação chinesa ameaça baixar a notação da descomunal dívida americana!

Como anunciámos há meses, há de facto uma guerra financeira em curso entre o USD e o Euro.

Dagong contra-ataca manobras de sabotagem financeira americanas (China Daily)


Dagonga agência de rating chinesa— anuncia (China Daily) que irá baixar a notação da dívida norte-americana independentemente de Obama conseguir ou não aumentar o tecto da endividamento do seu país. É a resposta aos serviços que a Moody's tem vindo a prestar a Washington e Wall Street.

A Moody's além de ter iniciado uma série de acções de sabotagem financeira premeditadas e sincronizadas contra a moeda única europeia, atreveu-se a destapar a careca a 10% da dívida pública chinesa de má reputação que andava escondida nos municípios e regiões do país (lá como cá!)

A resposta chinesa não se fez esperar, tal como previmos há meses atrás. A China está farta do dólar, e aposta no euro — ponto final. Resta saber quando e se esta guerra financeira mundial dará lugar a uma nova moeda de reserva alternativa ao papel higiénico verde da América, e que tipo de moeda será...

Se ao menos a Europa tivesse um primeiro-ministro. Enquanto não saímos disto, porque não colocar em rede os bancos centrais da Eurolândia, com o BCE no topo, à semelhança da Reserva Federal? Sempre teríamos uma capacidade de resposta (e de controlo efectivo dos défices públicos) à altura da trapalhada em que estamos metidos e dos desafios enormes que temos pela frente.

Rating Agency Wars 2: The New Evil Empire Strikes Back - Dagong Says Likely To Downgrade US Even If Debt Limit Raised (

When on July 4 we reported the patriotic decision by Moody's to suddenly discover that up to 10% of China's GDP is concentrated in previously undisclosed bad debt, we suggest that "Dagong downgrades the US to junk status in 5, 4, 3..." Well, it's one and a half. China Daily has just reported that according to the notorious abovementioned Dagong rating agency, "The US' sovereign credit rating is likely to be downgraded regardless of whether the US Congress reaches an agreement on raising its statutory debt limit. "If the debt limit is raised and the public debt continues to grow, it will further damage the US' debt-paying ability, which is a key factor in Dagong's evaluation, and we will consider lowering its ratings accordingly," said Guan Jianzhong, chairman and CEO of Dagong. "If the raised limit fails to pass and the US faces default, the rating will be immediately and substantially downgraded," he said. According to Guan, the downgrading is really just "a matter of time and extent". And if Europe is suffering now, after Moody's has discovered religion and is slapping ratings downgrades at each and every PIIG, just wait until the global Nash equilibrium collapse in the rating agency Ponzi preservation prerogative goes trans-Pacific. Because following the imminent Dagong downgrade, Moody's and S&P will retaliate yet again, this time likely throwing Japan into the fray yet again, until such time as virtually the entire overleveraged world declares any and all rating agency employees persona non-grata —in ZeroHedge.

segunda-feira, julho 11, 2011

As novas barragens são um crime!

15 MIL MILHÕES DE EUROS para nada!




Exmo. Senhor Primeiro-Ministro (José Sócrates):

Vimos pedir-lhe os seguintes esclarecimentos:
  1. Em que se baseia para afirmar que as novas barragens vão poupar a importação de Petróleo, se as nossas centrais termo-eléctricas utilizam gás e carvão?
  2. Em que estudo fundamenta o cálculo de que Portugal poupará, com as novas barragens, a importação de 3,3 milhões de barris de Petróleo?
  3. Como comenta o facto de as dez novas barragens terem, em conjunto, um produtibilidade média média de 1672 GWh/ano, conforme informação retirada das propostas de adjudicação constantes do site do INAG, o que representa 3,2 por cento do consumo de energia em 2010 e 72% da variação do consumo 2010/2009?
Com os melhores cumprimentos,
Ass.

NOTA: O GABINETE DO 1º MINISTRO NÃO RESPONDEU A NENHUMA DAS PERGUNTAS

Números redondos, as novas barragens (do Mexia e Cª) vão custar aos consumidores-contribuintes quatro vezes o montante do investimento inicial (por causa dos lucros das eléctricas e juros bancários), e vão agravar os encargos mensais das famílias com electricidade em 10%, pelo menos... Para quê? Para obter um acréscimo marginal na produção energética nacional (3%). Uma bagatela, portanto, de 15 MIL MILHÕES DE EUROS, que somados aos milhares de milhões de euros que está previsto gastar com as PPP são uma canga cada vez mais insuportável e criminosa sobre o presente e o futuro do país.

Este cálculo foi realizado por gente que sabe, e se peca por alguma coisa, é por defeito. Basta ver onde estão as cotações da EDP, dos bancos portugueses e da República ao dia de hoje; imaginar o impacto duradouro da actual crise financeira; e ainda o que o petróleo a 200 dólares irá fazer daqui a dois anos à maioria dos project finance fantasistas como aqueles que a EDP, a Ibertrola (perdão, Iberdrola) e Endesa gostam de fabricar, para imaginar o destino trágico do Plano Nacional de Barragens desenhado à medida dos interesses especulativos da EDP.

De momento, a Propaganda intensiva do senhor Mexia, e da turma de jornalistas que traz no bolso, tem ofuscado o espectador distraído, os especuladores locais, os deputados e os governantes. Cá estaremos para lembrar este post quando mais esta vigarice monumental cair!

Já agora, mais uma informação importante: as albufeiras do país, graças à falta de manutenção adequada por parte dos concessionários, e à nova agricultura intensiva do olival e da vinha (duas imbecilidades como muitas outras), estão a evoluir para verdadeiros pântanos, de onde em breve não sairá, nem água para beber, nem água limpa para a agricultura, nem turismo —salvo talvez o da pesca de carpas! O aviso sobre a inutilidade turística de albufeiras eutróficas já foi dado pelo New York Times. Leram?

POST SCRIPTUM — como bem observou Marco Gomes, o "acréscimo marginal" da produção energética das novas barragens planeadas será mesmo nulo se a taxa de consumo se mantiver aos níveis actuais. Ou seja, 15 MIL MILHÕES para coisa nenhuma, salvo para salvar a pele do senhor Mexia.

Stop the Banksters!

Sem trela os banqueiros são um perigo!



Anunciámos, quando todos palravam sobre a solidez da nossa banca, que a dita estava a caminho da falência — explicitando os perigos que ameaçavam de morte o BCP e tornavam a situação da Caixa Geral de Depósitos altamente preocupante.

A CGD, se não me engano, ajudou os piratas da tríade de Macau (que após a fuga de Guterres consolidaram a sua captura do Partido Socialista para fins inconfessáveis) a tomarem de assalto o BCP. Mais recentemente, sempre que as acções deste banco caíam abaixo da barreira psicológica dos 50 cêntimos, a Caixa comprava a dose necessária para manter o papel do Millennium a fluturar (estou certo ou errado? alguém se deu ao trabalho de investigar? será que a nova ministra da justiça irá querer saber como foi?)

Até ao dia 5 de Junho foi assim. Depois do dia 6 de Junho deixou de ser assim, e o resultado está à vista: terminou a semana passada a valer 0,346€, que nem para uma cápsula de Nexpresso dá, e na que hoje começa temo bem que não resista à nova tempestade a caminho, com epicentro em Roma.

Mas pior do que o colapso iminente do BCP, que só o BCE poderá eventualmente impedir, e do crime chamado BPN, onde a mesma Caixa enterrou 5,3 mil milhões de euros (para onde foram estas cinco vírgula três pontes Vasco da Gama senhora ministra da justiça?!), é a própria falência escondida da Caixa Geral de Depósitos que pode estar à beira de revelações chocantes (não nos esqueçamos que a escandalosa sede central desta instituição já foi vendida ao fundo de pensões dos seus trabalhadores!).

A Caixa, ao que tudo indica, andou estes últimos dois ou três anos a financiar dois crimes: o do assalto mafioso ao BCP, e o do desfalque do BPN, cujo montante e rede de cleptocratas continuamos a desconhecer.

Não sou eu que posso investigar. Não sou eu que posso acusar. Não sou eu que posso julgar. Mas posso alertar e protestar sobre o que me parecem ser algumas das maiores fraudes da história portuguesa depois de Alves dos Reis, a saber, por ordem de magnitude: o BPN, o assalto ao BCP e o casino chamado BPP.

A Moody’s, no ataque desferido contra Portugal, está ao serviço, entre outros, da Capital Group Companies (uma velha empresa financeira norte-americana com activos no valor aproximado de um bilião de USD), e dos bancos europeus que recentemente receberam 600 mil milhões de dólares da Reserva Federal, isto é, do pobre contribuinte americano: BNP Paribas, Barclays*, Credit Suisse, Deutsche Bank*, HSBC*, UBS. Curiosamente, os bancos assinalados com asterisco são os mesmos que vão gerir a emissão de obrigações do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF), no valor de 5mM€, destinadas a angariar dinheiro para resgatar a dívida soberana portuguesa!

Credit Suisse: "Ficaremos chocados se Portugal não entrar em incumprimento"
Económico ; 06/07/11 10:30

Andrew Garthwaite, do Credit Suisse, conta com um ‘haircut' de 30% na dívida pública portuguesa.

"Teríamos ficado chocados se Portugal não tivesse sido reduzido para a classificação de lixo e ainda mais chocados se não entrar em incumprimento (sendo evidente que lhe chamaremos outra coisa)", escreveu Andrew Garthwaite, do Credit Suisse, numa nota citada no Financial Times.

Para este perito do banco suíço, as crises de Lisboa e Atenas só diferem "à superfície" porque o "excesso de alavancagem em Portugal está escondido no sector privado, enquanto na Grécia está no sector público".

"Os nossos modelos dizem que Portugal precisa de um ‘haircut' de 30% na dívida pública", escreve Andrew Garthwaite, justificando o número com o elevado endividamento do sector privado português, a perda de competitividade do país e a falta de crescimento da economia. "Os nossos cálculos sugerem que os salários precisam cair 5-10% e isso são más notícias para o PIB", conclui.

O nível de descaramento é insuperável. Depois do ataque provocatório desencadeado pela Moody's contra Portugal, usando o exemplo da Grécia, mas visando já a Itália, a resposta não se fez esperar da parte do BCE, do FMI, de Berlim e de Bruxelas. Resta saber se o vozeirão se irá ou não traduzir em decisões firmes e respostas claras aos ogres de Washington e de Wall Street.

Italy Orders Short Sellers to Disclose Positions
By Lorenzo Totaro - Jul 11, 2011 12:01 AM GMT+0100. Bloomberg.
Italy’s financial-market regulator moved to curb short selling after the country’s benchmark stock index fell the most in almost five months and bonds tumbled on investor concern Italy would be the next victim of the region’s debt crisis.

The regulator known as Consob ordered last night that short sellers must reveal their positions when they reach 0.2 percent or more of a company’s capital and then make additional filings for each additional 0.1 percent. The measure takes effect today and lasts until Sept. 9.

The decision came hours before Europe’s finance ministers gather for a regular meeting in Brussels today to seek ways to shore up Greece and defend the region’s other heavily indebted nations. The Italian ruling follows similar action taken in other European countries, including Germany, Rome-based Consob said in a statement posted on its website. 

A entrevista que Christine Lagarde deu este Domingo a Christiane Amampour (ABC), devolvendo aos americanos o alarme relativamente os países sobre endividados, e apontando claramente o dedo à descomunal dívida americana, deu bem o tom da guerra financeira objectivamente em curso entre o USD e o Euro.



A crise provocada por décadas de endividamento cumulativo e especulação financeira descarada, à escala planetária, não se circunscreve apenas, como se poderia supor, ao velho mundo ocidental em declínio, mas também, por exemplo, à China.

China’s Ticking Debt Bomb
by Minxin Pei
The Diplomat, July 5, 2011

Several interesting questions are raised by the revelation of local government debt in China.  First and foremost, it has shown that public finance in China is in much worse shape than previously thought.  On paper, China’s debt to GDP ratio is under 20 percent, making Beijing a paragon of fiscal virtue compared with profligate Western governments.  However, if we factor in various government obligations that are typically counted as public debt, the picture doesn’t look pretty for China. Once local government debts, costs of re-capitalizing state-owned banks, bonds issued by state-owned banks, and railway bonds are included, China’s total debt amounts to 70 to 80 percent of GDP, roughly the level of public debt in the United States and the United Kingdom. Since most of China’s debt has been borrowed in the last decade, China is on an unsustainable trajectory at the current rate of debt accumulation, particularly when economic growth slows down, as it’s expected to do in the coming decade. 

Com uma inflação acima dos 6,5% e níveis de corrupção, incompetência criminosa e desorientação interna inesperados, o novo gigante asiático parece ter afinal pés de barro. A ver vamos até onde irá a reacção euro-americana aos recentes escândalos que rodeiam os produtos e os serviços que a China exporta como nunca, à medida que a América e a Europa caminham para um espiral de perigosa imprevisibilidade e estagnação económica.

Ugly Highway Crash for Chinese Firm in Poland

By staff reporters Gu Yongqiang and Wang Xiaoqing, and London correspondent Ni Weifeng 07.07.2011 12:09. Caixin.

A Polish highway project that was supposed to crack open the lucrative European construction market for a Chinese engineering conglomerate has slammed doors instead.

On June 13, Poland's General Directorate for National Roads and Highways (GDDKiA) announced the decision to cancel its 1.3 billion zloty (US$ 472 million) construction contract with China Overseas Engineering Group Co. (Covec). Covec's consortium included Shanghai Construction (Group) General Co. and China Railway Tunnel Group Co. Ltd.

The Polish government agency also handed Covec a bill for 741 million zloty to cover compensation and fines following what it claims were the contractor's mishandlings of a project to build 49 kilometers of a 91-kilometer road between Warsaw and Berlin.

Officials at Covec, a subsidiary of China Railway Group (SSE: 601390), have yet to formally respond to GDDKiA's demands. But source at Covec told Caixin that the contractor had earlier requested but was denied more money from GDDKiA to cover unexpected cost increases.

[...] After terminating the contract with Covec in June, GDDKiA said it would re-open the bidding process and hire another firm. It also said Covec would be prohibited from bidding on public projects in Poland for three years.

Hospital Geral de Luanda pode desabar
Jornal O PAÍS/Angonotícias.

O Hospital Geral de Luanda está, desde a semana passada, a cair aos pedaços, quatro anos após a sua inauguração, o que obrigou a direcção da instituição a encerrar as enfermarias do Banco de Urgência e a transferir os doentes para alguns hospitais da capital, depois de orientados por técnicos do Ministério do Urbanismo e Construção que inspeccionaram as instalações.

sábado, julho 09, 2011

O fim de uma era

Verão 2011: depois do sonho, um pesadelo inesperado - I



A corrida espacial foi iniciada pelos russos e tudo leva a crer que serão os últimos a fechar a porta. Mais de 8000 despedimentos, directos e indirectos, são esperados na NASA. Até que a promessa de Obama, à laia de compensação, se cumpra —levar os americanos a Marte e a mais um asteróide qualquer— a América andará à boleia do vai-e-vem russo, fazendo ao mesmo tempo muitos votos para que o turismo espacial arranque!

É possível que os bilionários globais do futuro ganhem massa crítica suficiente para sustentar um tal negócio imbecil. Tenho, porém, sérias dúvidas de que tal venha a ocorrer. O que na realidade este último lançamento da nave espacial Atlantis assinala é o fim de uma era e o prenúncio de uma longa e desconhecida crise social à escala planetária, de que o colapso do sistema financeiro mundial, em curso desde 2007-2008, é o epifenómeno.

As causas deste colapso são de ordem sistémica, sendo por isso impossível travar semelhante derrocada. Ao longo dos últimos duzentos anos a humanidade cresceu demais, envelheceu e tornou-se uma espécie predadora perigosa para todas as demais formas de vida, à excepção das bactérias e dos vírus, além de assustadoramente autofágica. O empinar da sua longa curva de crescimento demográfico deveu-se principalmente ao descobrimento e aproveitamento tecnológico de três fontes de energia abundantes e baratas até meados da década de 1970: o carvão, o petróleo e o gás natural. Mas à medida que, por um lado, o consumo humano das reservas energéticas, dos recursos minerais e dos solos vivos da Terra crescia exponencialmente, acompanhando a explosão demográfica e o enriquecimento de uma parte da humanidade, por outro, estas mesma base finita do desenvolvimento desigual cedo começaria a dar sinais de esgotamento.

Lentamente, entre 1973 e 2007, até chegar ao pára-arranca actual da economia mundial, as previsões de Thomas Malthus, M. King Hubbert, Rachel Carson, do trio Donella Meadows, Jorgen Randers e Dennis L. Meadows, ou ainda do médico, ornitólogo e ambientalista Jared Diamond, ganharam uma actualidade crítica dificilmente disputável. As subidas dos custos da energia fóssil afectam imediatamente o crescimento, obrigando este a ajoelhar até à recessão; a recessão baixa temporariamente o preço do petróleo, até que a economia dá sinais de melhoria, mas à medida que estes sinais se traduzem em mais encomendas de matérias primas e consumo humano à escala global, a pressão da procura sobre as reservas energéticas acaba por reenviar as economias para taxas de crescimento anémicas e para a estagnação, provocando finalmente novas recessões. Mas ao contrário deste sobe-e-desce, o desemprego, a falta de emprego, a inflação real e a perda imparável do poder de compra da esmagadora maioria das pessoas, de que a destruição das classes médias no Ocidente é um sinal mais do que evidente e dramático, instalaram-se como os novos e reveladores invariantes do declínio cada vez mais evidente do paradigma de desenvolvimento humano decorrente do abuso sem precedentes das riquezas naturais disponíveis à face da Terra.

Sem este cenário de fundo corremos o risco de ir simplesmente atrás da espuma dos dias e das intrigas palacianas a que a propaganda mediática se entrega como sua própria condição de sobrevivência.

À medida que os salários e em geral os custos sociais do trabalho foram aumentando nos Estados Unidos e na Europa, sobretudo após a guerra mundial de 1939-1945, a par de uma subida paulatina dos preços da energia, das matérias-primas e dos alimentos oriundos das antigas colónias americanas, asiáticas, do Médio Oriente e africanas, as economias ocidentais, embora muito competitivas e produtivas no interior dos respectivos países e alianças de comércio livre, viram baixar drasticamente a competitividade das suas exportações para o resto do mundo. As mesmas moedas fortes —o dólar, a libra inglesa, o franco suíço e o marco alemão— que serviam para controlar os preços das importações de preciosos recursos oriundos dos países pobres, manipulando-os enquanto pareciam sem fim, impediam as nações mais fracas de aceder às manufacturas cada vez mais tecnológicas do Ocidente.

A opção dos Estados Unidos e da Europa foi então, sobretudo depois da longa crise económico-financeira que vai do colapso de 1929 até ao fim da Segunda Guerra Mundial, expandir a procura interna e o consumo popular nos seus grandes espaços económicos. Mas para atingir este desiderato, a principal medida de estratégia económica e financeira adoptada foi expandir consistentemente a oferta e a circulação monetárias, aumentando ao mesmo tempo para níveis sem precedentes em tempo de paz os tectos do endividamento público. O chamado deficit spending não nasceu, portanto, neste século, mas com o New Deal (1933-1936) de Roosevelt, e com o Plano Marshall (1948-1951).

O que aconteceu entretanto foi que esta estratégia deixou, sobretudo a partir da década de 1960 (por alturas da formação da OPEP), de assentar num certo equilíbrio entre produção e consumo, passando a estar ancorada cada vez mais na combinação fatal entre dois tipos de inflação inusitada: a inflação do consumo (elevada entretanto a uma verdadeira cultura do consumo conspícuo), e a inflação do crédito, conseguida através do abandono do padrão ouro e de uma imparável política de diminuição das taxas de juro. Mas os preços crescentes das matérias primas solicitadas por uma demografia planetária em crescimento explosivo, apoiada nos equilíbrios diplomáticos saídos da derrota da Alemanha (bipolarização EUA-Europa versus URSS, ou EUA-Europa versus URSS+China), começaram a erodir de forma grave as expectativas de lucro das empresas e dos investidores ocidentais, tornando-os cada vez mais sensíveis aos custos directos e indirectos do trabalho que dentro dos EUA e na Europa esmagavam de forma imparável as suas margens de lucro. Numa primeira fase, Washington, Londres e Berlim começaram a abrir as suas fronteiras aos produtos industriais —nomeadamente os automóveis, máquinas e material electrónico em geral— muito mais baratos, oriundos do Japão. Depois abriram-se aos produtos coreanos, e finalmente aos chineses. A fase seguinte, na realidade uma decisão fatal, foi a imposição estratégica do processo da globalização comercial e financeira, promovendo através desta destruição das barreiras alfandegárias à escala mundial, três processos destinados a atrasar o declínio social do Ocidente, sem atacar verdadeiramente as suas causas:
  1. transferência dos processos produtivos, tecnologias e marcas para os países de trabalho barato, ausência de regras e moedas subavaliadas;
  2. aumento exponencial da disponibilidade de liquidez no sistema financeiro, nomeadamente através da diminuição deslizante dos rácios de solvabilidade dos bancos e sociedades de investimento não reguladas —ver aqui a longa série (1975-2011) do stock de moeda da Reserva Federal, conhecido por M1;
  3. criação de produtos derivados financeiros cada vez mais complexos, com o objectivo inconfessável de expandir até limites inimagináveis a capacidade de endividamento das antigas potências coloniais: o valor nocional do mercado de derivados financeiros OTC era em Dezembro de 2010 de aproximadamente 10xPIB mundial (BIS).
Resumindo: a humanidade, liderada por um Ocidente irresponsável, atingiu o planalto insustentável de três curvas de exaustão: o Pico do Petróleo, o Pico Demográfico e o Pico da Liquidez Especulativa. Para sair daqui não bastam os Memorandos de Entendimento com o FMI, o BCE e a Comissão Europeia. É preciso muito mais!

(continua)

quinta-feira, julho 07, 2011

All's Well That Ends Well

Bitola europeia Lisboa-Madrid finalmente assegurada. Aeromoscas da Ota em Alcochete cai no dia em que a Moody's desferiu um ataque sem precedentes à integridade económica portuguesa. Que nos sirva de lição!


Reportagem de Carlos Enes com entrevista a António Brotas (TVI)

Já sabíamos, mas confirmou-se no Negócios da Semana desta noite. A última pergunta de José Gomes Ferreira ao actual dirigente da CIP, António Saraiva (um tipo que me cai bem), foi sobre o "TGV". Sim, é verdade: as confederações empresariais máximas de Portugal e Espanha levaram a Carta da Blogosfera a Garcia!

Uma nova linha ferroviária em bitola europeia, preparada para comboios de Velocidade Elevada e Alta Velocidade, e transporte de mercadorias e de passageiros, ligará a futura estação internacional do Caia ao Poceirão (a existente estação de mercadorias) e ao Pinhal Novo (a existente e nova estação de passageiros), com um apeadeiro em Évora. Quem quiser chegar até ao centro da cidade-região de Lisboa, vai pela Ponte 25A, no próprio "TGV", ou apanhando uma composição da Fertagus. E se quiser derivar para o Algarve, é só esperar pelo pendular, que o levará até Albufeira em hora e meia de conforto. Do Poceirão, as longas composições de 750 metros de comprimento farão o vai-e-vem entre os portos de Setúbal e Sines e o resto da Europa. Melhor era impossível :)

Álvaro Santos Pereira percebera já a razão da coisa. Passos de Coelho também, mas precisava de conforto, depois do encontrão de Madrid. Foi um parto difícil, mas não faltaram parteiras disponíveis! A Blogosfera de que este blogue é feito não cabe em si de contente e envia um grande abraço a todos os que sem qualquer interesse material e grande seriedade intelectual pugnaram desde 2005 por este desfecho. Chin-chin :)

A Takargo emendou a mão. José Gomes Ferreira emendou a mão. A CIP, com novo presidente, e a quem Luís Mira Amaral a tempo soube expor a saída para o impasse, aderiu à racionalidade meditada de uma solução. O novo ministro da economia foi precioso. E Passos de Coelho deu mais um passo na direcção certa. Até a Ana Paula Vitorino colocou uma cereja no topo do bolo da razoabilidade: o dinheiro disponibilizado por Bruxelas não só não pode ir para outros devaneios, como a taxa de juro associada é uma dádiva dos céus nos tempos de agonia que atravessamos. Desperdiçar tal maná seria um crime imperdoável!

Agora só falta pensar na completa reestruturação da Refer e da CP, na captação de uma parte do negócio —que Espanha domina e bem— para o nosso país, recuperando o que ainda restará da memória ferroviária e de um imaginário que Cavaco Silva trocou por betão, e construir por fim a Nova Estação Central de Entrecampos (com Metro directo para o Aeroporto de Lisboa, na Portela, claro), dando enfim uso estratégico ao buraco da Feira Popular.

O principal está assegurado: iniciar, com o pé direito, a ligação ferroviária contínua dos nossos portos e das nossas principais cidades a Espanha e ao resto da Europa.

POST SCRIPTUM — recebi de Joaquim Silva uma observação pertinente a propósito deste post:
“Só falta convencê-los de que cada novo metro de bitola de 1435 mm  a construir deve suportar 35 ton ao eixo, para assim permitir a circulação rápida de comboios com  vagões  de mais de 100 pés (30,48m) de comprimento e transporte em "doubleslack" (empilhamento duplo). Se os convencermos, todos os CAV também lá passarão....”


O QUE O ANTÓNIO MARIA PUBLICOU NO DIA 2 DE JULHO DE 2005

O Lobby da Ota e o velho eixo Norte-Sul

Parece que a solução preferida pelo actual Governo PS, incapaz de resistir aos argumentos do lobby Norte-Sul, passa por uma decisão em dois compassos: Primeiro, adaptar o aeroporto de Alverca, transformando-o numa espécie de extensão da Portela, até 2015. Com esta medida de recurso, anunciada frequentemente por oposição à Ota (que não é...), pretende-se garantir que o incremento previsto de tráfego aéreo de pessoas e mercadorias nos próximos 10 anos seja devidamente aproveitado pelo aeroporto de Lisboa, e não desviado para outras paragens. Segundo, construir o aeroporto da Ota, para inaugurar em 2015, 2020 ou 2030. Esta decisão, que é muito cara e apresenta problemas técnicos importantes (nebulosidade elevada e constante, níveis de ocupação urbana/industrial da área, obstáculos naturais à navegação aérea, proximidade do leito de cheias do Tejo, etc.) reflecte uma capitulação face aos interesses instalados naquela zona (capacidade de armazenagem e distribuição residente no eixo compreendido entre Vila Franca de Xira e Santarém) e sobretudo perante o lobby atávico do eixo Norte-Sul.

Sucede que o que precisaríamos era de uma viragem estratégica de fundo na definição da ossatura identitária do País.
A nossa independência esteve associada, durante 837 anos, ao eixo Norte-Sul (projecção constitutiva da nacionalidade) e à aliança anglo-portuguesa, nascida do casamento de Philippa of Lancaster, de Inglaterra, com João I, de Portugal (1387), e reforçada pelo Tratado de Metween (1703). Não creio que este eixo continue a fazer sentido. Pelo contrário, a sua manutenção forçada tem sido um obstáculo decisivo ao desemburramento do País. No quadro europeu actual - e que aí vem - Portugal precisa de reorientar corajosamente a sua ossatura identitária. E na minha opinião deverá fazê-lo redesenhado as suas unidades administrativas principais. Para tal, e para além das 2 Regiões Autónomas já existentes (Madeira e Açores), deveriam ser criadas mais duas: a de Lisboa e Vale do Tejo e a do Norte. No resto do País, proceder-se-ia a uma redução forçada e drástica do número de municípios, mantendo o actual esquema básico de administração (excepção feita dos chamados Governos Civis, que deveriam acabar antes da actual legislatura!)

Se virmos a coisa por este prisma perceber-se-à facilmente que o Porto deverá expandir-se para Norte e para Leste, reforçando estrategicamente os seus laços históricos e fraternais com a Galiza e Leão (Vigo, Santiago, Ourense, Corunha, Salamanca), mas buscando ao mesmo tempo uma via de acesso rápido ao resto da Europa), e que Lisboa tem que crescer em direcção ao Sul e também, obviamente, a Leste (Setúbal, Badajoz, Madrid, Barcelona). A nova Lisboa do século 21 deve cruzar o rio Tejo sem medo dos castelhanos! E para isso, um novo aeroporto deveria nascer na Margem Sul, no Montijo, em Rio Frio, em suma, entre os estuários do Tejo e do Sado.

A este novo eixo estratégico fundamental da ossatura identitária portuguesa costumo chamar o EIXO TRANS_IBERIANO. Ao velho eixo Porto-Galiza, deveríamos passar a chamar, como poeticamente lhe chamou José Rodrigues Miguéis, PORTUGALIZA. As novas nações europeias serão sobretudo nações em rede, sentimentais, no grande território do Atlântico aos.... De contrário, será o fim da Europa.

Em O Grande Estuário, projecto dinâmico e aberto de reflexão pública sobre Lisboa, a Grande Área Metropolitana de Lisboa e a Região de Lisboa e Vale do Tejo, continuamos a pensar que será possível manter o aeroporto da Portela, com duas extensões próximas (Montijo e Tires). Mas poderá realmente a Portela manter-se por muito mais tempo onde está? Poderiam as pistas do Montijo e de Tires, e novas obras na Portela, configurar uma solução sustentável até 2020-2030? As opiniões dividem-se... e os estudos técnicos também. Segundo Rui Rodrigues, a queda da taxa de crescimento do número de voos e de passageiros, em consequência de novas e mais rápidas ligações ferroviárias entre Lisboa e Madrid (AV e VE), afastaria, pelo menos para já, a necessidade imperiosa de equacionar a construção de uma nova infraestrutura de raiz. O argumento parece razoável, e ainda mais se lhe acrescentarmos os efeitos expectáveis de uma alta contínua do preço do petróleo (praticamente inevitável no actual quadro mundial de aproximação do chamado Peak of Oil Production). Em todo o caso, se um dia tivermos que avançar para um novo aeroporto internacional que altere radicalmente o actual estado de coisas, então a solução mais conforme com a inadiável actualização das nossas prioridades estratégicas no novo contexto europeu estará seguramente ao Sul do Tejo (Rio Frio...) e não no beco da Ota. Entretanto, esta discussão deve ser pública, e não um cozinhado de políticos levianos. O que não aceito é o autoritarismo governamental quando se apropia deste tema como coisa sua (não é!) Precisamos de esclarecimento cívico, sem filtros, nem ruído de despiste (media scrambing).


Actualização [10.07.05]

Recebi de Rui Rodrigues um conjunto de análises, estudos e opiniões sobre o binómio Rede Ferroviária/Novo Aeroporto de Lisboa, que vale a pena consultar. Mantenho porém a opinião de que Alverca não é alternativa à Ota. O novo aeroporto internacional de Lisboa deverá situar-se algures entre os rios Tejo e Sado. Rio Frio continua a ser uma hipótese lógica e interessante

ÚLTIMA ACTUALIZAÇÃO: 7 Jun 2011 11:26

quarta-feira, julho 06, 2011

O terrorismo da Moody's

Esta crise é uma oportunidade! MEXAM-SE!

Decisão da Moody's demonstra descredibilização da UE e FMI

Económico com Lusa  06/07/11 14:03

O presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), António de Sousa, afirmou hoje que a descida do 'rating' de Portugal demonstra a "descredibilização" da UE e do FMI.

A agência de notação financeira Moody's cortou na terça-feira em quatro níveis o 'rating' de Portugal de Baa1 para Ba2, colocando a dívida do país na categoria de 'lixo' (junk).

What?!

Se os bancos estão entregues a este senhor, está tudo dito!

Será que a criatura não percebeu ainda que as agências de notação financeira são os pelotões de sabotagem de Wall Street, na guerra em curso entre o dólar e o euro? E que quem está desesperado é Obama e a tripla de piratas ingleses —rainha, Cameron e Clegg (sobre-expostos a Washington)—, e não a senhora Merkel? Esta, e muito bem, cooptando o BCE e o FMI para o envolvimento dos privados (leia-se bancos e investidores) na tesourada que é imprescindível dar nas dívidas soberanas atacadas pelos especuladores aninhados nas ilhas piratas da rainha inglesa e de gente vil da mesma laia, está a fazer frente à real ameaça de um hiperinflação mundial causada pelas iminentes bancarrotas americana e inglesa e pelo poder destruidor sem precedentes do buraco negro dos derivados financeiros OTC. O senhor Sousa, em vez de perceber isto, e tomar partido por quem lhe tem pago as mordomias, rasteja perante o amigo americano, como um miserável!

Ainda não percebeu o douto Sousa que os chineses, japoneses e árabes deixaram de comprar as fichas do Monopólio americano, e passaram a investir na moeda de reserva mundial que se segue (o euro)?

Não é óbvio que o acto terrorista da Moody's foi uma ação desesperada e um tiro que lhes vai sair pela culatra?

Os EUA poderão entrar em default já em Agosto, porra!!!

MAS ATENÇÃO: a notação de lixo tem pelo menos um mérito: ajudar o Passos de Coelho a vencer as resistências dos lóbis e de toda a canalha que não quer largar o osso do endividamento soberano — como o famoso Sampaio, que em vez de estar a prestar contas, continua alegremente a assobiar o hino "Há vida além do défice!"

Emagreçam o Estado já!

18 municípios, para um país com menos população do que Londres, é mais do que suficiente!

  • Cidade-região de Lisboa : 1 município 
  • Cidade-região do Porto: 1 município 
  • Cidade região de Coimbra: 1 município 
  • Cidade-região de Aveiro: 1 município 
  • Cidade-região de Viseu: 1 município 
  • Cidade-região de Castelo Branco: 1 município

etc.. até um máximo de 18 municípios!

Acabem ao mesmo tempo com metade das Direcções-Gerais e todas as Direcções de Serviços. Valorizem as Divisões! Mas atenção: chefias de carreira, só com concurso público. Façam das Divisões o que estas devem ser: os pontos nodais da acção do Estado.

Acabem com todos os subsídios às centenas das fundações sem fundos que por aí vegetam a cata do Orçamento de Estado!

Reduzam o número de deputados em 30%, e estabeleça-se o limite de mandatos para todos os cargos e funções públicas eleitas para um máximo de dois — sem excepção!

FINALMENTE: Querido governo em frágil estado de graça, usa os referendos para avançar contra a burocracia, contra os lóbis, contra as confederações e contra os sindicatos. Estes são os verdadeiros PIGS que conduziram Portugal país à beira do abismo.

Se a Merkel nos abandonasse, se o euro se evaporasse, se a União Europeia fosse ao fundo, não tenham a mais pequena dúvida do que ocorreria no nosso país, em menos de uma década: teríamos uma nova ditadura. E a pergunta antecipada para este cenário hipotético é: de quem seria então a culpa?

Mas não, olhem para as estatísticas e vejam como a Europa é não só o maior mercado do planeta, a maior economia do mundo, o mais imponente cofre de reservas de ouro, o maior exportador, o maior íman turístico e a detentora da mais forte e promissora moeda mundial. Querem-nos fazer crer o contrário, mas não nos deixemos iludir!

Se tivermos de apertar o cinto 3 furos, ninguém vai ou deve morrer por isso. Os governos europeus têm o dever de velar pela dignidade europeia, e fá-lo-ão. Estaremos sempre muito melhores que o resto da humanidade. Precisamos apenas de uma cura de consumismo e de reconduzir as nossas vidas pela via da racionalidade, do equilíbrio e da solidariedade.

Esta crise é mesmo uma oportunidade. Talvez a última, mas mesmo assim, uma oportunidade!