Mostrar mensagens com a etiqueta banca. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta banca. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, março 30, 2018

Os criminosos

A banca transformou-se numa espécie de casino de criminosos


Os criminosos e as suas propriedades


Estado empresta 5,8 mil milhões para Banif, BES e Novo Banco 
DN, 30/3/ 2018, 01:33 
Os bancos portugueses contribuíram com mais de mil milhões de euros para o Fundo de Resolução em cinco anos. Mas o dinheiro colocado pelas instituições financeiras está longe de ser suficiente para assegurar as responsabilidades assumidas com os colapsos do BES, do Banif e com a venda do Novo Banco. E tem sido o Estado a entrar com a maior parte do dinheiro necessário para a entidade que paga os custos com resoluções. O Tesouro assumiu já compromissos de 5800 milhões, entre empréstimos, garantias e linhas de crédito.

Os criminosos e as suas propriedades é um título certeiro do saudoso pintor e escritor Álvaro Lapa, cuja retrospetiva comissariada por Miguel von Haffe Pérez no Museu de Serralves é de visita obrigatória.

A banca —70% da qual já não obedece a portugueses— e a partidocracia indígenas são uma associação de criminosos, cujo crime maior é a preparação do país para a sua entrega completa aos investidores/credores internacionais (1): China, Turquia, França, Espanha, USA, Irlanda, Qatar, etc. Em breve, porém, o problema da independência de Portugal regressará com um furioso e imparável bang! Só não consigo imaginar o que restará da próxima guerra civil portuguesa.

As empresas estratégicas, da energia (EDP/CHINA), incluindo a rede elétrica (REN/China), os aeroportos (Vinci/Qatar/França), todos os principais portos portugueses (Sines/China; Leixões/Turquia, Aveiro/Turquia, Figueira da Foz/Turquia, Lisboa/Turquia, Setúbal/ Turquia), autoestradas, seguradoras, hospitais, aviões (a falida TAP, só subsidiada consegue voar), e em breve a decadente e também falida ferrovia já não dependem da nossa vontade, nem dos nossos interesses.

Quando o Governo fala de resultados da economia nacional, fala realmente de quê e de quem? Quando a próxima bancarrota vier, que teremos para dar pelas dívidas que a canalha estimulou ou contraíu?

Mas se os principais setores estratégicos do país já não nos pertencem, outrotanto está agora a suceder ao pequeno capital e aos pequenos proprietários urbanos e rurais. Um século de congelamento das rendas urbanas conduziu à fragilidade económica e financeira extrema dos proprietários urbanos, tendo como resultado a completa impotência do país (proprietários, inquilinos e Estado!) face à gentrificação furiosa do eixo Lisboa-Cascais e do Porto. Algo semelhante ocorre também, e em breve atingirá velocidade de cruzeiro, nas propriedades rústicas, a começar, desde logo, pelo setor florestal. Sem qualquer estratégia para a propriedade rústica, salvo manter os privilégios de Lisboa aos latifundiários alentejanos do costume, e promover a usura da terra e da água com tecnologias agropecuárias e florestais intensivas, a expropriação progressiva dos pequenos e médios proprietários, e a expulsão das populações rurais que restam, está em curso. O país é cada vez mais apetecível, menos para os indígenas que o devoram e estragam.

Isto já não vai lá com partidos.

É praticamente impossível salvar a nossa paisagem partidária do seu rápido declínio, em grande medida causado pela estupidez oceânica dos seus protagonistas, e pela ganância e corrupção das elites burocráticas e rentistas que tomaram o regime de assalto.

Precisamos de pensar e desenvolver uma nova cartografia social e política, começando (é uma ideia que tenho vindo a desenvolver) por pensar, desenhar e escrever os algoritmos dos mapas democráticos que poderão ajudar ao renascimento da democracia e da liberdade, que neste momento mais não são que palavas. E palavras leva-as o vento!

POST SCRIPTUM — a falta de capital indígena é a principal causa do descalabro em curso. Falta indagar o que nos trouxe até aqui. Os investimentos da China e de Angola, ou ainda da Turquia, ou dos países árabes são bem-vindos desde que sirvam uma estratégia de real diversificação equilibrada da nossa dependência do capital global. Mas não é isto que tem vindo a ocorrer. Estamos a entregar setores estratégicos inteiros a governos que não sabemos se um dia destes não entrarão em guerra comercial com a Europa. Percebe-se que a China, a Rússia, a Turquia e o Irão estejam interessados em virar o sul da Europa contra o Norte. Mas será do nosso interesse cair nesta armadilha? O desespero nascido da indigência económica, financeira e orçamental, e da corrupção, nunca foi bom conselheiro.

NOTAS
  1. A promiscuidade entre políticos, banqueiros, franciscanos (!) e governos estrangeiros é completa e desavergonhada.
Observador: A negociação com os chineses da CEFC – China Energy Company Limited para investirem no Montepio Seguros começou na apresentação de uma proposta por parte do gabinete do primeiro-ministro, revela o Público na sua edição de hoje, a partir de informação que ficou registada em ata da Associação Mutualista Montepio Geral. 
A proposta chinesa encaminhada pelo gabinete de António Costa, com o objetivo de “encetar conversações” com vista “a desenvolver parcerias nas áreas dos seguros e da banca”. Uma intenção que acabou por se concretizar, após reunião da associação mutualista no passado mês de setembro, com o acordo de venda de 60% da Montepio Seguros ao grupo chinês. Está tudo na ata 187 da reunião do Conselho Geral do Montepio – Associação Mutualista. 
— in Montepio. Proposta de investidor chinês chegou via Governo, Observador
Entretanto, o Gabinete de António Costa desmentiu... a "manchete" do Público. Em que ficamos? Investigue-se! 

Atualizado em 6/4/2018 11:26

quarta-feira, abril 29, 2015

Euro-Area Bank Lending Increases for First Time Since 2012

Transmissão económica: bancos começam a emprestar à economia. Cuidado com os rentistas do costume!

Dinheiro começa a chegar, muito devagarinho, à economia. Se a tendência se mantiver, é muito provável que o investimento vindo do Oriente e das Américas dispare. Atenção, no entanto, ao uso a dar a estes fluxos! O rentismo predador continua por aí, mas é preciso combatê-lo sem dó nem piedade. O dinheiro é preciso para criar uma nova economia!

Lending by euro-area banks to companies and households rose for the first time in three years in a sign that record monetary stimulus is finally reaching the economy.

Bank lending increased 0.1 percent in March from a year earlier, the ECB said in a statement on Wednesday. Loans had posted annual declines in every month since May 2012. Lending climbed 0.2 percent from February.

The ECB has used an array of unconventional tools to encourage credit flows to bolster the region’s sluggish economic recovery. The central bank’s quarterly survey published this month showed the measures are spurring lending even as financial institutions feel the pinch of tighter margins.

“With its more aggressive stance, the ECB is finally bringing the euro zone back to at least trend growth,” said Holger Schmieding, chief economist at Berenberg Bank in London. “Money and credit point to a firming business cycle.”

Euro-Area Bank Lending Increases for First Time Since 2012 - Bloomberg Business

quinta-feira, abril 02, 2015

As empresas temem bancos e estado

Monty Python—The Meaning of Life (8/11) Movie CLIP - The Penis Song (1983)

O Hiper-Estado atual vive em simbiose com a Banca. Fujam dos dois!


Empresas querem mais mudanças no Estado e na banca
Negócios, 01 Abril 2015, 23:28 por Rui Peres Jorge

O FMI inquiriu as empresas sobre o impacto das reformas dos últimos anos e as prioridades. Resultados apontam para um balanço relativamente positivo no mercado de trabalho e muita preocupação com bancos, justiça e pagamentos do Estado.

As empresas estão naturalmente preocupadas com as alianças oportunistas e frequentemente criminosas entre o estado populista e neocorporativo que temos, onde os partidos políticos, os banqueiros e o resto dos rendeiros e devoristas se sentam diariamente à mesa do orçamento para repartirem entre si o que sugam aos indígenas através da protofascismo fiscal instalado. Na realidade, é fundamental reduzir esta corja de abutres e parasitas a uma dimensão ecológica sustentável, sob pena de o organismo social morrer exangue nas ruas, nos sótãos sem luz, nem água, nas fábricas e nos campos. Está na altura de promover uma mudança radical nas estruturas democráticas que temos. Digo 'revolução', porque os paninhos quentes secaram.

A decadência é um fenómeno lento e cumulativo, mas no fim, sempre explosivo. As duas sequências de The Meaning of Life, de Monty Python, aqui reproduzidas —The Penis Song e Mr. Creosote—, são uma ilustração hilariante e contundente do inevitável destino das bolhas arrogantes da especulação.


Se gostou do que leu apoie a continuidade deste blogue com uma pequena doação

sexta-feira, novembro 07, 2014

Toma Jerónimo!


O Fundo de Resolução é a machadada final na aliança entre os rendeiros indígenas e a partidocracia que rebentou o país. Ulrich recebeu os depósitos do es-BES, mas também vai receber a fatura


Ulrich: "Eu preferia a solução do Partido Comunista que era a nacionalização" do BES
Jornal de Negócios, 07 Novembro 2014, 08:36

O banqueiro avisou que os bancos podem vir a recorrer à justiça se o prejuízo com o resgate ao BES for elevado. "Provavelmente, se o problema for muito grande, os bancos não têm outro remédio senão litigar com o Estado e o Banco de Portugal".

O BES deveria ter sido nacionalizado quando foi resgatado por 4,9 mil milhões de euros. O Governo português devia ter escolhido esta via para o Banco Espírito Santo devido a ser a mais segura para a banca nacional por não implicar riscos de prejuízos, defende o presidente executivo do BPI.
Na realidade, o que o aflito do BPI está a dizer é simples: nacionalizando o BES, a fatura dos roubos e prejuízos passava toda para o lado do rebanho manso dos contribuintes indígenas. Os portugueses, como se sabe, aguentam tudo o que se lhe põe em cima da albarda — desde que venha do governo, do estado, dos senhores doutores!

Curiosamente os ingleses fizeram o que Ulrich quer que se faça relativamente ao buraco negro do ex-BES. Um dos seus maiores bancos, o famoso Lloyds, foi nacionalizado (temporariamente, claro!) para o que contrataram o nosso rapaz Osório. Sim, nacionalizaram o banco... até que os pacóvios ingleses, escoceses e galeses paguem a fatura dos banksters da City e das ilhas piratas de sua majestade. O povo de lá adora a monarquia...

PS: já perguntei, mas ninguém responde: que negócio fez o secretário-geral da UGT, e funcionário do ex-BES, com o governo, a propósito do emprego e pensões dos trabalhadores do ex-BES? Que paz podre negociaram? Será que ainda não perceberam que se vai saber tudo, e que depois de morto e enterrado o neocorporativismo que tivemos até agora, as contas serão pedidas aos responsáveis? No Triunfo dos Porcos os porcos eram todos iguais, mas havia uns mais iguais que outros. Na democracia populista portuguesa, pelos vistos, houve quem tivesse lido o livro!

segunda-feira, julho 11, 2011

Stop the Banksters!

Sem trela os banqueiros são um perigo!



Anunciámos, quando todos palravam sobre a solidez da nossa banca, que a dita estava a caminho da falência — explicitando os perigos que ameaçavam de morte o BCP e tornavam a situação da Caixa Geral de Depósitos altamente preocupante.

A CGD, se não me engano, ajudou os piratas da tríade de Macau (que após a fuga de Guterres consolidaram a sua captura do Partido Socialista para fins inconfessáveis) a tomarem de assalto o BCP. Mais recentemente, sempre que as acções deste banco caíam abaixo da barreira psicológica dos 50 cêntimos, a Caixa comprava a dose necessária para manter o papel do Millennium a fluturar (estou certo ou errado? alguém se deu ao trabalho de investigar? será que a nova ministra da justiça irá querer saber como foi?)

Até ao dia 5 de Junho foi assim. Depois do dia 6 de Junho deixou de ser assim, e o resultado está à vista: terminou a semana passada a valer 0,346€, que nem para uma cápsula de Nexpresso dá, e na que hoje começa temo bem que não resista à nova tempestade a caminho, com epicentro em Roma.

Mas pior do que o colapso iminente do BCP, que só o BCE poderá eventualmente impedir, e do crime chamado BPN, onde a mesma Caixa enterrou 5,3 mil milhões de euros (para onde foram estas cinco vírgula três pontes Vasco da Gama senhora ministra da justiça?!), é a própria falência escondida da Caixa Geral de Depósitos que pode estar à beira de revelações chocantes (não nos esqueçamos que a escandalosa sede central desta instituição já foi vendida ao fundo de pensões dos seus trabalhadores!).

A Caixa, ao que tudo indica, andou estes últimos dois ou três anos a financiar dois crimes: o do assalto mafioso ao BCP, e o do desfalque do BPN, cujo montante e rede de cleptocratas continuamos a desconhecer.

Não sou eu que posso investigar. Não sou eu que posso acusar. Não sou eu que posso julgar. Mas posso alertar e protestar sobre o que me parecem ser algumas das maiores fraudes da história portuguesa depois de Alves dos Reis, a saber, por ordem de magnitude: o BPN, o assalto ao BCP e o casino chamado BPP.

A Moody’s, no ataque desferido contra Portugal, está ao serviço, entre outros, da Capital Group Companies (uma velha empresa financeira norte-americana com activos no valor aproximado de um bilião de USD), e dos bancos europeus que recentemente receberam 600 mil milhões de dólares da Reserva Federal, isto é, do pobre contribuinte americano: BNP Paribas, Barclays*, Credit Suisse, Deutsche Bank*, HSBC*, UBS. Curiosamente, os bancos assinalados com asterisco são os mesmos que vão gerir a emissão de obrigações do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF), no valor de 5mM€, destinadas a angariar dinheiro para resgatar a dívida soberana portuguesa!

Credit Suisse: "Ficaremos chocados se Portugal não entrar em incumprimento"
Económico ; 06/07/11 10:30

Andrew Garthwaite, do Credit Suisse, conta com um ‘haircut' de 30% na dívida pública portuguesa.

"Teríamos ficado chocados se Portugal não tivesse sido reduzido para a classificação de lixo e ainda mais chocados se não entrar em incumprimento (sendo evidente que lhe chamaremos outra coisa)", escreveu Andrew Garthwaite, do Credit Suisse, numa nota citada no Financial Times.

Para este perito do banco suíço, as crises de Lisboa e Atenas só diferem "à superfície" porque o "excesso de alavancagem em Portugal está escondido no sector privado, enquanto na Grécia está no sector público".

"Os nossos modelos dizem que Portugal precisa de um ‘haircut' de 30% na dívida pública", escreve Andrew Garthwaite, justificando o número com o elevado endividamento do sector privado português, a perda de competitividade do país e a falta de crescimento da economia. "Os nossos cálculos sugerem que os salários precisam cair 5-10% e isso são más notícias para o PIB", conclui.

O nível de descaramento é insuperável. Depois do ataque provocatório desencadeado pela Moody's contra Portugal, usando o exemplo da Grécia, mas visando já a Itália, a resposta não se fez esperar da parte do BCE, do FMI, de Berlim e de Bruxelas. Resta saber se o vozeirão se irá ou não traduzir em decisões firmes e respostas claras aos ogres de Washington e de Wall Street.

Italy Orders Short Sellers to Disclose Positions
By Lorenzo Totaro - Jul 11, 2011 12:01 AM GMT+0100. Bloomberg.
Italy’s financial-market regulator moved to curb short selling after the country’s benchmark stock index fell the most in almost five months and bonds tumbled on investor concern Italy would be the next victim of the region’s debt crisis.

The regulator known as Consob ordered last night that short sellers must reveal their positions when they reach 0.2 percent or more of a company’s capital and then make additional filings for each additional 0.1 percent. The measure takes effect today and lasts until Sept. 9.

The decision came hours before Europe’s finance ministers gather for a regular meeting in Brussels today to seek ways to shore up Greece and defend the region’s other heavily indebted nations. The Italian ruling follows similar action taken in other European countries, including Germany, Rome-based Consob said in a statement posted on its website. 

A entrevista que Christine Lagarde deu este Domingo a Christiane Amampour (ABC), devolvendo aos americanos o alarme relativamente os países sobre endividados, e apontando claramente o dedo à descomunal dívida americana, deu bem o tom da guerra financeira objectivamente em curso entre o USD e o Euro.



A crise provocada por décadas de endividamento cumulativo e especulação financeira descarada, à escala planetária, não se circunscreve apenas, como se poderia supor, ao velho mundo ocidental em declínio, mas também, por exemplo, à China.

China’s Ticking Debt Bomb
by Minxin Pei
The Diplomat, July 5, 2011

Several interesting questions are raised by the revelation of local government debt in China.  First and foremost, it has shown that public finance in China is in much worse shape than previously thought.  On paper, China’s debt to GDP ratio is under 20 percent, making Beijing a paragon of fiscal virtue compared with profligate Western governments.  However, if we factor in various government obligations that are typically counted as public debt, the picture doesn’t look pretty for China. Once local government debts, costs of re-capitalizing state-owned banks, bonds issued by state-owned banks, and railway bonds are included, China’s total debt amounts to 70 to 80 percent of GDP, roughly the level of public debt in the United States and the United Kingdom. Since most of China’s debt has been borrowed in the last decade, China is on an unsustainable trajectory at the current rate of debt accumulation, particularly when economic growth slows down, as it’s expected to do in the coming decade. 

Com uma inflação acima dos 6,5% e níveis de corrupção, incompetência criminosa e desorientação interna inesperados, o novo gigante asiático parece ter afinal pés de barro. A ver vamos até onde irá a reacção euro-americana aos recentes escândalos que rodeiam os produtos e os serviços que a China exporta como nunca, à medida que a América e a Europa caminham para um espiral de perigosa imprevisibilidade e estagnação económica.

Ugly Highway Crash for Chinese Firm in Poland

By staff reporters Gu Yongqiang and Wang Xiaoqing, and London correspondent Ni Weifeng 07.07.2011 12:09. Caixin.

A Polish highway project that was supposed to crack open the lucrative European construction market for a Chinese engineering conglomerate has slammed doors instead.

On June 13, Poland's General Directorate for National Roads and Highways (GDDKiA) announced the decision to cancel its 1.3 billion zloty (US$ 472 million) construction contract with China Overseas Engineering Group Co. (Covec). Covec's consortium included Shanghai Construction (Group) General Co. and China Railway Tunnel Group Co. Ltd.

The Polish government agency also handed Covec a bill for 741 million zloty to cover compensation and fines following what it claims were the contractor's mishandlings of a project to build 49 kilometers of a 91-kilometer road between Warsaw and Berlin.

Officials at Covec, a subsidiary of China Railway Group (SSE: 601390), have yet to formally respond to GDDKiA's demands. But source at Covec told Caixin that the contractor had earlier requested but was denied more money from GDDKiA to cover unexpected cost increases.

[...] After terminating the contract with Covec in June, GDDKiA said it would re-open the bidding process and hire another firm. It also said Covec would be prohibited from bidding on public projects in Poland for three years.

Hospital Geral de Luanda pode desabar
Jornal O PAÍS/Angonotícias.

O Hospital Geral de Luanda está, desde a semana passada, a cair aos pedaços, quatro anos após a sua inauguração, o que obrigou a direcção da instituição a encerrar as enfermarias do Banco de Urgência e a transferir os doentes para alguns hospitais da capital, depois de orientados por técnicos do Ministério do Urbanismo e Construção que inspeccionaram as instalações.

segunda-feira, junho 27, 2011

Deixai vir a nós as Low Cost!

TAP paga para vender Groundforce — mas a quem?
Em 2006 a TAP comprou, por 140 milhões de euros, 99,81% da famosa Portugália Airlines, que a Espírito Santo Internacional já não queria para coisa nenhuma. Será que o festim vai continuar?

Groundforce: demasiado pequena para sobreviver.

TAP vai pagar para vender Groundforce

A TAP vai pagar para vender a Groundforce, a sua empresa de "handling". O Negócios sabe que o processo de venda está próximo do fim e pronto para a análise final pelo Governo. A TAP vai suportar os prejuízos dos primeiros anos e receber pelos lucros dos anos seguintes - se existirem. O mais importante para a TAP é cumprir a ordem da Autoridade da Concorrência, livrar-se de um prejuízo antes da privatização e garantir qualidade de serviço — in Negócios online 27 (Junho 2011 | 07:42).

E agora? A quem pretende a TAP vender os 49,9% do capital que tem na empresa? Às três sociedades financeiras que já detêm 50,1% da empresa: BIG, Invest (da construtora Alves Ribeiro) e Banif (do malogrado Horácio Roque, e hoje considerado "lixo" pela Moody's?

A espanhola Globalia ficou farta da politiquice lisboeta e dos sindicatos que à época montaram várias greves com o objectivo de fazer regressar a Grounforce ao Orçamento de Estado, colocando então a TAP entre a espada e a parede: ou compravam a posição da Globalia, ou teriam que procurar novos accionistas. A Groundforce já tinha dívidas que chegassem, mas mesmo assim Fernando Pinto conseguiu captar novos accionistas — ou melhor, os governos de Madrid e de Lisboa fizeram mais um arranjinho de Estado! O endividamento da empresa, e o mau serviço, esses continuaram alegremente, para desespero dos passageiros.

“Em Outubro de 2009, o Capital Próprio situou‐se em 68 405 milhares de euros negativos, decorrente do Resultado Líquido do Exercício de 28 223 milhares de euros negativos e dos Resultados Transitados de 49 275 milhares de euros negativos. As Dívidas a Instituições de Crédito situaram‐se nos 26 766 milhares de euros reflectindo o recurso às entidades bancárias”  — in Groundforce, Relatório de Gestão de 2009.

Tal como a PGA e tantas outras empresas inviáveis e/ou falidas do universo privado sob protecção governamental (EDP, BCP, etc.) o problema maior é este: quem quererá comprar uma empresa atolada de dívidas e com excesso de pessoal que, através do respectivos sindicatos, não hesita em colocar sistematicamente o Estado e os governos perante a chantagem do despedimento?

Tal como a TAP, a Grounforce deveria abrir falência, em vez de continuar a sangrar os bolsos dos contribuintes.

A solução é dolorosa, mas necessária: num dia fecham-se-lhes as portas. No outro, abrem-se novas empresas, ou spin-offs das mesmas — com visões actualizadas dos negócios, inteiramente privadas, com novas administrações, bem reguladas e salvando as máquinas e pessoas da empresa falida em condições de serem salvas. Menos do que isto, na actual situação de bancarrota nacional, é desafiar os demónios e garantir que em menos de três meses estaremos como a Grécia: sem governo possível, falidos e com o resto do planeta a olhar-nos de soslaio.

Mais de 80% dos voos na Portela ligam destinos europeus, em aviões chamados narrow bodies, percorrendo distâncias conhecidos por médio curso. Neste enquadramento deixou de fazer sentido serviços de bordo gastronómicos, ou bagagens pesadas. É a era Low Cost! Quem não percebeu ou não quis perceber o que a Blogosfera e este blogue se fartaram de anunciar, pelo menos desde 2006, ou preferiu prosperar à conta dos amigos no governo, está agora numa situação lamentável sem outra solução que não seja a reestruturação radical dos negócios.

terça-feira, novembro 09, 2010

Bancarrota-3

7,01% !

“Portugal continua a bater recordes na sua dívida a dez anos. Neste momento, estamos nos 7,01%, a taxa que o Estado iria pagar se se tivesse endividado hoje. Amanhã iremos fazer um leilão desta mesma dívida. Por isso, a não ser que haja uma recuperação forte, será à volta desta taxa que o Estado irá pagar”, indica Filipe Silva, gestor do mercado e dívida do Banco Carregosa. — Renascença.

Para termos uma ideia do que significa um juro de 7%, basta dizer que por cada mil milhões de endividamento teremos que pagar dois mil milhões daqui a dez anos, quando o empréstimo e respectivos juros estiverem finalmente saldados. Por cada euro, pagaremos dois, e assim sucessivamente.

Como as necessidades de endividamento anual do Estado estão na ordem dos 24 mil milhões de euros por ano, tal significa que daqui a 10 anos teremos que pagar o dobro destas quantias se os juros se mantiveram na casa dos 7%. É por causa deste simples cálculo, que na prática significa uma espiral de endividamento exponencial, que Portugal entrou inexoravelmente no precipício da bancarrota.

Nada nos salvará de uma intervenção drástica do Fundo de Estabilização Financeira Europeu e do FMI. Ou melhor, que venham o mais depressa possível, para evitar que os piratas que assaltaram o país continuem a roubar desalmadamente tudo o que podem e encontram pelo caminho!

O senhor constitucionalista Jorge de Miranda deveria reformar-se e deixar de dizer baboseiras. Os políticos que levam um país à bancarrota devem ser investigados, sim! E devem ser presos, se cometeram crimes, ainda que sob protecção de cargos ministeriais e públicos de diversa ordem, sim!!

Entretanto, recomendo a leitura de mais este artigo oportuno e bem meditado de Rui Rodrigues:
As infra-estruturas numa economia nova

Os únicos investimentos em infra-estruturas, em que se deveria apostar, seriam aqueles que poderiam tornar a economia mais competitiva e que possibilitassem o aumento das exportações, tais como numa nova rede ferroviária de bitola europeia e nos portos de mar. (Público)

domingo, setembro 26, 2010

O que nos espera

Banca revela finalmente que está a caminho da falência, como o Estado e o resto do país.

Fernando Ulrich, 13 de Setembro 2010 — "No curto prazo, e se os mercados de capitais continuarem fechados para os bancos portugueses, estes só têm duas vias para seguir a orientação do Banco de Portugal [diminuir a dependência do BCE]: vender activos (imóveis, acções, participações financeiras, obrigações); e reduzir a carteira de créditos [ou seja, a disponibilidade para emprestar dinheiro.]"

Com os bancos portugueses falidos, os especuladores a fugir da dívida soberana portuguesa, e a portinhola do BCE prometendo fechar já no início de 2011, não nos restam muitas alternativas. Ou melhor, só resta um pacote de medidas drásticas, que aliás será imposto pelo BCE e por Bruxelas (e não pelo igualmente falido FMI): aumentar o IVA para 23% (em 2011) e para 25% (em 2012), aumentar o IRS nos escalões médios e elevados; criar um imposto visível sobre as fortunas e os bens de luxo; criar um imposto adicional sobre o CO2 produzido pelos automóveis; e, ao mesmo tempo, reduzir os vencimentos da Função Pública; eliminar umas centenas de organismos e departamentos públicos duplicados, inúteis e que apenas foram criados para satisfazer as clientelas partidárias; privatizar 30-40% do ensino superior; privatizar 20-30% da saúde; privatizar a TAP, a ANA e a CP; reduzir no prazo de um ano 50% o orçamento da RTP; diminuir para o limite inferior o número de deputados à Assembleia da República, e parte significativa dos seus privilégios indecorosos e injustificados (almoços, viagens e telecomunicações praticamente à borla); reformar o mapa autárquico, com a diminuição drástica do número de câmaras municipais e diminuição do número de freguesias nas cidades com mais de 10 mil habitantes (mantendo embora o número de freguesias rurais); e, por fim, aumentar a idade da reforma para os 68 anos. Isto ou muito parecido será o preço a pagar por todos nós se quisermos evitar uma expropriação do país pelos nossos credores.

Quanto a Passos de Coelho, só pode fazer uma coisa se quiser sobreviver na corrida à próxima presidência do conselho de ministros: votar contra o orçamento do PS sem a menor hesitação, anunciando sem tibieza e desde já uma tal decisão. O PS, o Alegre, o Louçã e Jerónimo de Sousa que o aprovem! Pois não faz sentido fazerem o contrário, já que todos irão votar no poeta sonambulista.

sexta-feira, julho 23, 2010

Banca portuguesa suspira de alívio!

Bancos portugueses passaram a prova de esforço realizada por Bruxelas a 91 bancos europeus. Cuidado com os foguetes!

Os quatro bancos portugueses, que hoje conhecem os resultados dos testes de resistência efectuados pelo Comité Europeu de Supervisores da Banca, apresentam-se sem stress e com elevado optimismo. As quatro instituições não estão à espera de chumbar nem receber nota negativa e o Diário Económico diz mesmo, na sua edição desta manhã, que já teve acesso aos resultados e que a nota é mesmo positiva. — RTP
Stress tests: Banca lusa passa com «elevado grau de resistência»

A solidez dos quatro instituições financeiras portuguesas (BCP, BPI, CGD e Espírito Santo Financial Group) analisadas pelo Comité de Supervisores Bancários Europeu (CEBS) foi avaliada com nota positiva, revelou hoje o Banco de Portugal. — Diário Digital.

segunda-feira, abril 13, 2009

Crise Global 65

Nada de ilusões!


Elisabeth Warren apresenta o relatório de Abril do Congressional Oversight Panel (COP): "Assessing Treasury's Strategy: Six Months of TARP".

CGD: Empréstimo Obrigacionista EUR 1.250.000.000,00
Agente Pagador: Citibank, N.A.
Sindicato:
Bookrunners: Caixa BI, Dresdner Kleinwort, Morgan Stanley, Natixis e RBS
Co-Líderes: DZ Bank e Banco Espirito Santo de Investimento
(PDF)

Na véspera da Páscoa, de mansinho, para que nem o Público desse por tal, a Caixa Geral de Depósitos publicou o prospecto da dívida de mais de mil milhões de euros que vai contrair para repor os seus depauperados rácios de capital. Embora o facto fosse esperado desde Novembro de 2008 (Público), todos gostariam de saber como é que um banco cujo único accionista é o Estado e para o qual afluem milhares de milhões de euros provenientes da poupança portuguesa —e mais recentemente, dezenas de milhar de contas bancárias fechadas em bancos privados virtualmente falidos—, precisa de aumentar o grau de segurança contra riscos oriundos sobretudo de operações financeiras mal escrutinadas e nada transparentes, sobre as quais nem o Banco de Portugal, nem a CMVM, disseram até hoje fosse o que fosse. Aliás, creio que nada dirão enquanto a nomenclatura partidária da Assembleia da República continuar entretida com os seus cálculos eleitorais.

O problema com as reservas da CGD não reside nos activos não financeiros da instituição, i.e. não tem origem nos seus activos imobiliários, lucros e juros a que tem direito, nem muito menos no volume dos depósitos que os portugueses, residentes e emigrados, têm vindo a engrossar de forma fiel ao longo das décadas. Não, o problema é outro, e é grave. Os especialistas chamam-lhe Tier I capital.
A good definition of Tier I capital is that it includes equity capital and disclosed reserves, where equity capital includes instruments that can't be redeemed at the option of the holder (meaning that the owner of the shares cannot decide on his own that he wants to withdraw the money he invested and so cannot leave the bank without the risk coverage). Reserves are held by the bank, and are thus money that no one but the bank can have an influence on. (in Wikipedia)

Ou seja, tudo leva a crer que a Caixa Geral de Depósitos comprou e continua a comprar acções e veículos financeiros de duvidosa rentabilidade e retorno incerto! Creio até que parte do dinheiro que os portugueses têm vindo a retirar dos bancos zombies, depositando-o em seguida na CGD, está a regressar de forma encapotada e ilegítima aos mesmos covis financeiros de onde tem tentado escapar, pelos vistos sem êxito!

O Banco de Portugal deveria ser impedido de autorizar qualquer empréstimo obrigacionista, seja a que banco for, antes de realizar uma auditoria apropriada, divulgando publicamente as respectivas conclusões. Sobretudo depois do psicodrama encenado em Londres pelo G20, não há nenhuma justificação para tolerar a persistência da actual opacidade do sistema bancário. Pois como todos vamos começando a saber, tal falta de regras e de transparência apenas serve para alimentar os inúmeros esquemas de corrupção financeira que conduziram a economia mundial ao actual estado de colapso iminente.

O pico bolsista da semana passada, "liderado" pelo sector bancário, não reflecte mais do que o resultado episódico das gigantescas injecções de dívida pública aplicada ao sistema financeiro, cujo único efeito é voltar a atestar a carteira de quem passou as últimas duas décadas a engordar sem nada produzir, arruinando ao mesmo tempo boa parte das economias mundiais. Atrás de deflação, inflação virá...

Apesar da boa vontade de Elisabeth Warren para com o novo presidente americano, creio que o mais recente relatório vídeo da autora do decisivo estudo sobre a falência da classe média americana (The Two Income Trap — Why Middle-Class Parents Are Going Broke) aponta já, ainda que cirurgicamente, para os perigos que Barak Obama enfrenta ao ter-se deixado rodear por uma equipa de agentes descarados de Wall Street.

Vale a pena ler na íntegra, a propósito do muito que falta fazer para pôr na ordem o cripto-corrupto sistema financeiro mundial, a entrevista realizada pelo The Wall Street/ Barron's ao antigo vice-presidente do Federal Savings and Loan Insurance Corp., William Black, de que transcrevemos estas passagens reveladoras:
The current bank scandal dwarfs the 1980s savings-and-loan crisis -- and could destroy the Obama presidency.

Barron's: Just how serious is this credit crisis? What is at stake here for the American taxpayer?

William Black: Mopping up the savings-and-loan crisis cost $150 billion; this current crisis will probably cost a multiple of that. The scale of fraud is immense. This whole bank scandal makes Teapot Dome [of the 1920s] look like some kid's doll set. Unless the current administration changes course pretty drastically, the scandal will destroy Barack Obama's presidency. The Bush administration was even worse. But they are out of town. This will destroy Obama's administration, both economically and in terms of integrity.

B: Summarize the problem as best you can for Barron's readers.

WB: With most of America's biggest banks insolvent, you have, in essence, a multitrillion dollar cover-up by publicly traded entities, which amounts to felony securities fraud on a massive scale.

These firms will ultimately have to be forced into receivership, the management and boards stripped of office, title, and compensation. First there needs to be a clearing of the air -- a Pecora-style fact-finding mission conducted without fear or favor. [Ferdinand Pecora was an assistant district attorney from New York who investigated Wall Street practices in the 1930s.] Then, we need to gear up to pursue criminal cases. Two years after the market collapsed, the Federal Bureau of Investigation has one-fourth of the resources that the agency used during the savings-and-loan crisis. And the current crisis is 10 times as large.

There need to be major task forces set up, like there were in the thrift crisis. Right now, things don't look good. We are using taxpayer money via AIG to secretly bail out European banks like Société Générale, Deutsche Bank, and UBS -- and even our own Goldman Sachs. To me, the single most obscene act of this scandal has been providing billions in taxpayer money via AIG to secretly bail out UBS in Switzerland, while we were simultaneously prosecuting the bank for tax fraud. The second most obscene: Goldman receiving almost $13 billion in AIG counterparty payments after advising Geithner, president of the New York Fed, and then-Treasury Secretary Henry Paulson, former Goldman Sachs honcho, on the AIG government takeover -- and also receiving government bailout loans.

B: So you are saying Democrats as well as Republicans share the blame? No one can claim the high ground?

WB: We have failed bankers giving advice to failed regulators on how to deal with failed assets. How can it result in anything but failure? If they are going to get any truthful investigation, the Democrats picked the wrong financial team. Tim Geithner, the current Secretary of the Treasury, and Larry Summers, chairman of the National Economic Council, were important architects of the problems. Geithner especially represents a failed regulator, having presided over the bailouts of major New York banks.

B: You say the evidence of a breakdown in the regulatory structure comes from the fact that America avoided an earlier subprime crisis in the 1990s.

WB: Exactly. Why had no one heard of the subprime crisis back in 1991? Because America's regulators also faced down the crisis early. The same thing happened with bad credits being securitized in the secondary market. Remember the low-doc or no-doc mortgages done by Citibank? Well, the problem didn't spread -- because regulators intervened.

Obama, who is doing so well in so many other arenas, appears to be slipping because he trusts Democrats high in the party structure too much.

These Democrats want to maintain America's pre-eminence in global financial capitalism at any cost. They remain wedded to the bad idea of bigness, the so-called financial supermarket -- one-stop shopping for all customers -- that has allowed the American financial system to paper the world with subprime debt. Even the managers of these worldwide financial conglomerates testify that they have become so sprawling as to be unmanageable.

B: What needs to be done?

WB: Well, these international behemoths need to be broken down into smaller units that can be managed effectively. Maybe they can be broken up the way that the Standard Oil split up back in the early 1900s, through a simple share spinoff.

The big problem for the last decade is that we have had too much capacity in the finance sector -- too many banks have represented a drain on our talent and resources. All these mergers haven't taken capacity out of the system. They have created even bigger banks that concentrate risk to the taxpayer, and put off dealing with problems.

And a new seriousness must be put into regulation. We don't necessarily need new rules. We just need folks who can enforce the ones already on the books. — in "The Lessons of the Savings & Loan Crisis," Barron/ WSJ (April 12, 2009)


OAM 571 13-04-2009 01:10 (última actualização: 10:51)

sábado, março 07, 2009

Crise Global 64

Porquê não nacionalizar?

O colapso bolsista das grandes empresas e bancos portugueses é uma evidência estatística que diz muito mais sobre as reais perspectivas dos grandes investimentos anunciados pelo governo, do que as trocas de mimos entre universitários e entre jornalistas sobre a moralidade de uma iminente nacionalização de parte substancial da banca portuguesa. Por sua vez, as operações de propaganda governamental, pela sua crescente falta de credibilidade, começam a ser irrelevantes para a evolução da conjuntura, e sobretudo para a mitigação inteligente do impacto tremendo que a actual crise sistémica do Capitalismo está a ter no nosso país.

Tenho muitas dúvidas sobre as tentativas de salvar a dedo bancos, gestores de fortunas e grandes empresas "nacionais" — nomeadamente através das tropelias anti-mercado do governo socratintas, escandalosamente expostas na forma como rasgam a ética democrática e a própria lei, no seu afã de empolar artificialmente os activos nocionais de empresas à beira da falência.

Os casos recentes da aprovação parlamentar da bateria de barragens com que a EDP e a espanhola Iberdrola pretendem controlar o sistema energético, e sobretudo as principais reservas de água doce do país, ou ainda o caso da tentativa de colocar o negócio do solar térmico obrigatório ao colo da Martifer (grupo Mota-Engil) e da Vulcano, dão bem a medida do que são capazes os piratas que nos governam. Temo, porém, que nem assim se salvem do pior.

Para termos uma ideia da gravidade da situação, basta olhar para os números que rapidamente compilei a propósito da evolução dramaticamente negativa das cotações dos principais bancos e de algumas das empresas mais relevantes do país:
  • BCP — 12 meses: 2,15 - 0,56 (-74%) -- em 2001 chegou a valer mais de 5,8 euros)
  • BES — 12 meses: 12,62 - 4,48 (-64,5%) -- em 2007 chegou a valer mais de 18 euros)
  • BPI — 12 meses: 3,64 - 1,34 (-63,2%) -- em 2007 chegou a valer mais de 6,80 euros)
  • Altri — 12 meses: 4,75 - 1,48 (-68,8%) -- em 2007 chegou a valer mais de 7,30 euros)
  • Cimpor — 12 meses: 6,20 - 3,00 euros (-51,6%)
  • Martifer — 12 meses: 9,04 - 2,65 (-70,7%)
  • Mota-Engil — 12 meses: 5,94 - 2,10 (-64,65%)
  • Soares da Costa — 12 meses: 1,91 - 0,52 (72,78%) -- em 2007 chegou a valer mais de 2,8 euros
  • Teixeira Duarte — 12 meses: 1,77 - 0,41 (-76,8%) -- em 2007 chegou a valer mais de 4,1 euros; -- perde 349 milhões no BCP e na Cimpor.
  • EDP — 12 meses: 4,22 - 2,06 (-51,2%) -- em 2001 valia 3,55 euros
    EDP Renováveis — 8 meses: 6,30 - 5,81 (-7,78%)
A fraqueza destas empresas e bancos decorre sobretudo do montante de produtos derivados especulativos e tóxicos que foram adquirindo durante a orgia bolsista e de crédito fácil que varreu da atenção das pessoas o facto de o Ocidente se ter vindo a sobre endividar ao longo dos últimos vinte anos. Ninguém esteve interessado na avaliação dos riscos sistémicos que uma tal economia de casino — cheia de esquemas Ponzi por toda a parte — comportava. Agora é tarde para reparações de pormenor. Só mesmo a nacionalização, temporária ou definitiva, de bancos e empresas poderá impedir o colapso das economias ocidentais, sobretudo as mais frágeis, como é o caso da portuguesa.

Mesmo a euforia bacoca do senhor Mexia, a propósito dos seus extraordinários êxitos na expansão da EDP, são pouco menos do que falaciosos. As acções perderam valor (mais de 50% no caso da EDP, e quase 8% nos oito meses que é cotada a EDP Renováveis) e a dívida da empresa ascende a uns astronómicos 13 890 milhões de euros!

Para se ter uma ideia de quão gigantesca é esta dívida da EDP, basta pensar que chegaria para pagar o novo aeroporto de Lisboa e respectivas acessibilidades, a nova ponte sobre o Tejo, e ainda todas as linhas de TGV anunciadas: Porto-Vigo, Porto-Lisboa e Lisboa-Madrid.

Se considerarmos, por outro lado, que uma parte muito significativa dos investimentos da EDP foram realizados nos Estados Unidos, uma economia em fase acelerada de colapso, parece-me curial suspeitar do efusivo optimismo do senhor Mexia, actual CEO do grupo. Por mim, este optimismo, regado com alguns bons milhares de euros em P&R, serviu apenas para proteger com fogo fátuo a pilhagem dos rios e a destruição anunciada de parte do Douro Vinhateiro (que a UNESCO classificou Património Mundial da Humanidade) plasmada no criminoso Plano Nacional de Barragens aprovado pelo parlamento zombie que temos. Espero que o Manuel Maria Carrilho faça alguma coisa em Paris para contrariar este novo assalto à beleza e economia insubstituíveis da grande bacia do Rio Douro.

Ao contrário das dúvidas metafísicas manifestadas pelas cabecinhas confusas dos nossos economistas mais agarrados ao sistema, nacionalizar bancos e empresas não tem nada de extraordinário, como bem sublinha Joseph Stiglitz (1) no seu comentário acutilante às medidas titubeantes com que Barak Obama pretende atacar a crise de sobre endividamento e o colapso financeiro dos Estados Unidos.

Os argumentos favoráveis a uma inadiável nacionalização parcial do sistema financeiro e económico do país são basicamente dois:
  1. não podem ser os contribuintes a pagar as aventuras especulativas e os crimes praticados na e pela banca portuguesa — não só por óbvias razões de ética democrática, mas ainda pelo simples facto de que uma tal operação de salvamento dos piratas financeiros conduziria irremediavelmente o país para um colapso fiscal, económico, político e social, ainda este ano, ou em 2010...;
  2. as potências emergentes, com grandes fundos soberanos, ouro e superavit comerciais, credores, como a China e o Japão, do Ocidente, dispõem em geral de economias e sistemas financeiros razoavelmente nacionalizados, ainda que operando segundo as regras da chamada "livre concorrência" capitalista. O primeiro, o quarto e o quinto bancos do top 10 mundial são todos chineses: Industrial & Commercial Bank of China; China Construction Bank e Bank of China. Por sua vez os sectores económicos e financeiros da Rússia, do Irão, das petro monarquias do Médio Oriente, de Angola e até do Japão, ou são claramente públicos, ou pertencem às elites do poder económico-financeiro e político que clara ou disfarçadamente mantêm um estrito controlo de propriedade e acção sobre os sectores estratégicos dos respectivos países.
O argumento da superioridade da economia liberal de mercado sobre a economia social de mercado caíu pela base (2). E a necessidade, por outro lado, pode muito!



NOTAS
  1. Stiglitz: Obama Has Confused Saving the Banks with Saving the Bankers.

    AMY GOODMAN: Should the banks be nationalized?

    JOSEPH STIGLITZ: Many of the banks clearly should be put into, you might say, conservatorship. Americans don't like to use the word "nationalization." We do it all the time. We do it every week.

    AMY GOODMAN: Explain.

    JOSEPH STIGLITZ: Well, if banks don't have enough capital so that they can meet the commitments they've made to the depositors, at the end of every week the FDIC looks at the balance sheet, and it says, "You don't have enough capital. You're not allowed to continue." And then what they do is they either find some other bank to take it over and fill in the hole, or they take it into government control—it sounds terrible, to take it into government control—and then sell it.

    And that's what other countries have done when they faced this kind of problem—the countries that have done it well. One of the important lessons is this is the kind of thing can be done well, could be done badly. And the countries that have done badly have wound up paying to restructure the bank 20, 30, 40 percent, even 50 percent of GDP. We're on our way to that kind of debacle. But that shows you how bad things can be, how costly it can be, if you don't do it well.

    -- in "Nobel Prize-Winning Economist Joseph Stiglitz: Obama Has Confused Saving the Banks with Saving the Bankers". February 25, 2009 By Joseph Stiglitz. Democracy Now.

  2. Vale a pena ver e ouvir esta hilariante crónica de Jon Stewart no The Daily Show, sobre a histeria da CNBC contra as nacionalizações dos bad banks e contra a ajuda aos afectados pelas execuções de hipotecas.

OAM 550 08-03-2009 03:22