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Lucretia Mott (1793 - 1880), pioneira dos movimento pelos direitos das mulheres. Pintura de Joseph Kyle (1815 - 1863). - no Smithonian National Portrait Gallery |
8 de março, Dia da Mulher
Duas das maiores impulsionadoras do movimento pelos direitos das mulheres não eram propriamente anarquistas, nem militantes de esquerda.
Lucrecia Mott era uma sacerdotisa
Quaker e professora norte-americana. Quando descobriu que o seu salário era 1/3 daquele que qualquer colega seu homem auferia decidiu-se a lutar pela igualdade de géneros, ampliando assim o foco libertário de uma religião que desde a
Revolução Americana defendia a abolição da escravatura.
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Estátua de Emmeline Pankhurst inaugurada em 1930, Londres |
Por sua vez, a inglesa Emmeline Pankhurst, depois de ver frustrada a sua tentativa de entrada no Independent Labour Party (ILP), acabaria por filiar-se, em 1927, um ano antes da sua morte, no Partido Conservador, depois de ter fundado, entre um episódio e outro, o
Women's Social and Political Union (WSPU). Em 1928, menos de um mês após a sua morte, o Partido Conservador estendia o direito de voto às mulheres com mais de 21 anos.
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Fotografia do chamado Bra Burning; 'Freedmon Trash Can', 1968 |
A segunda grande vaga de feminismo deu-se nos anos 60 do século passado, sob o impulso do movimentos estudantil, anti-guerra (do Vietname) e
hippie. O livro de Betty Friedan,
The Feminine Mystique, publicado em 1963, foi o rastilho ideológico do qual saira, nomeadamente, o movimento NOW,
National Organization for Women.
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Madonna foi, nas décadas de 1980 e 1990, um dos marcantes fenómenos do pós-feminismo |
Nos anos 80 do século passado começou a falar-se da morte do feminismo, de pós-feminismo, e o que vimos foi, na realidade, uma espécie de explosão neoliberal, sexista e comercial do feminismo em formatos, por vezes, misóginos e hiper-narcisistas—com todas as angústias que um tal fenómeno não poderia deixar de provocar entre muitas raparigas e mulheres nos seus vários trânsitos geracionais.
Sobretudo na música e na moda as mulheres tomaram as rédeas da sua exposição erótica e do seu próprio negócio corporal. Num certo sentido, podemos dizer que o feminismo atingiu aqui o seu zénite, assumindo os direitos e o controlo da exposição do corpo, da intimidade e das narrativas, incluindo o universo e o negócio da pornografia.
Estamos no século 21. Um século mais implosivo do que explosivo, marcado pelo regresso futurista, em modo Twitter e Instagram, de fantasmas do passado. O sexismo parece começar a ceder a um pós-feminismo envolvido em causas sociais e morais agudas, umas feministas e outras mais abrangentes, ou focadas nas novas vítimas da violência e exploração sem limites: os conflitos geo-políticos que usam o ultraje e a violência medieval contra as mulheres como agenda de terror mediático, ou a pedofilia.
Um bom artigo sobre este tema:
Who's Afraid of Post-Feminism? What It Means To Be A Feminist Today
Jenna Goudreau, Forbes, 12/13/2011
Recently explored in New York magazine’s “The Rebirth Of The Feminist Manifesto,” the new-media feminists and “lady-centered blogosphere” have created a new vocabulary: Womanist, girrl, mujerista, women’s liberationist, anti-oppression activist.
“I consider myself a hip-hop feminist,” says Latoya Peterson, 28, editor of the blog Racialicious. “The term ‘feminist’ is complicated for me, largely for reasons of race and class.” But the underlying beliefs are ever present: “Ultimately, the idea is an equitable society–and everyone should be able to get behind that.”
“What women will sometimes do is say ‘I’m no feminist but…’ and then everything that comes out of her mouth is rip-roaring, furious feminism!” laughs longtime activist Morgan. “The bottom line: I don’t care if a woman wants to call herself ‘squirrel,’ as long as she fights for herself and other women.”
Atualização: 9 mar 2015 09:30
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