Um broche, entre dois homens? Isso não é marxista!
Eu se fosse um jovem desempoeirado, ou uma jovem desempoeirada do PCP mudava-me para o Bloco de Esquerda. Além de permitirem os charros, não atacam os gays e as lésbicas no decorrer dum ato amoroso.
Festa do “Avante!”: Uma das seis alegadas vítimas “estava a praticar sexo oral”, diz o PCP
Expresso, 14.09.2015 às 13h50
Segundo os comunistas, “a afirmação e sustentação da intervenção dos serviços de apoio da Festa do ‘Avante!’ porque duas pessoas do mesmo sexo se teriam beijado é, tão falsa, quanto ridícula. A verdadeira razão do incidente que conduziu à saída das pessoas do recinto da Festa teve origem num acto de sexo oral em pleno espaço”, refere o comunicado.
Esta síndroma da velha esquerda tem um nome: BROCIALISM. É uma espécie de Complexo de Édipo mal resolvido. A consequência deste atraso cultural, que atinge a maioria das famílias socialistas, comunistas e anarquistas, permanece um dos escolhos mais espinhosos à sua capacidade de atrair os mais jovens e as mais jovens. Também aqui os liberais democratas e até a direita tradicional estão mais adiantados.
Eu tenho um fascínio pela evolução recente do Bloco de Esquerda. Porquê, perguntarão. Porque mudaram de agenda ideológica? Não? Porque deixaram de ser populistas? Não. Porque tencionam ser governo nos próximos anos? Não. Então porquê? Por isto:
- porque há muito perceberam que sem a proximidade dos jovens e sobretudo das jovens que hoje ocupam cada vez mais lugares na administração do mundo, o pobre Trotsky morreria de vez;
- e porque, recentemente, pela primeira vez, um partido político com assento parlamentar é dirigido por mulheres, por duas jovens sedutoras mulheres. Fisicamente sedutoras, intelectualmente sedutoras. O olhar maroto com que Catarina Martins destruiu o sapo Costa e as suas aldrabices mal amanhadas e mal representadas, demonstrando que o PS, se for governo, tenciona infligir um rombo de 1.660 milhões de euros às pensões, só poderia ter sido tão fulminante quanto foi, porque a disciplina analítica e a perspicácia de Mariana Mortágua fez o necessário trabalho de casa.
Mais do que a gramática da economia e da política pura, é a este critério cultural que atribuo a maior importância na hora de avaliar o potencial histórico da ação democrática.
A liberdade não é negociável, nem deve ser adiada sob nenhum pretexto, por mais pragmático que seja.