sexta-feira, novembro 16, 2018

Tourada socialista



Surgiu a primeira linha vermelha na Geringonça


Já imaginaram uma revolta eleitoral anti-PS, de Santarém à Graciosa, passando por

Alcácer do Sal,
Alcochete,
Almeirim,
Barrancos
Beja,
Cartaxo,
Coruche,
Évora,
Lisboa,
Moita do Ribatejo,
Montijo,
Santarém,
Setúbal,
Vila Franca de Xira,

já para não falar dos aficionados açorianos da Terceira? É só consultar a lista de mais de 80 praças de toiros, e perceber o que levou Carlos César a liderar uma revolta parlamentar cujas consequências estão longe de serem conhecidas. Para já, pode dizer-se que depois de Costa não virá o vazio...



Em causa está uma afronta directa do grupo parlamentar ao Governo, mas em especial à ministra da Cultura, que defendeu a não descida do IVA para as touradas como uma "questão civilizacional", e ao próprio primeiro-ministro, que defendeu Graça Fonseca em toda a linha. Carlos César anunciou nesta quinta-feira que o partido vai propor uma alteração ao OE que baixa o IVA das touradas para os 6%, à semelhança do que propõe o Governo para espectáculos culturais. O líder parlamentar é, aliás, o primeiro subscritor.  
Público 


Há duas maneiras de salvar as faces rosadas de ambos (César e Costa):
  1. equalizar o IVA dos espetáculos culturais, não abrindo portanto uma exceção para as touradas;
  2. ou a demissão da ministra da cultura, pois os argumentos (civilizacionais!!!) que esta invocou para uma medida fiscal discriminatória negativa são inconstitucionais.
Com a Europa de Merkel em desagregação, há que estar bem atento ao que se passa por cá.

PS: foi delicioso observar ontem a atrapalhação de Mariana Mortágua na discussão deste tema com o sempre brilhante Adolfo Mesquita Nunes. A sombra de Salvaterra de Magos, mas sobretudo as nuvens negras que começam a pairar sobre a desejada coligação governamental com António Costa aumentaram sem remédio a gaguez sorridente da dirigente de topo do Bloco. 

terça-feira, novembro 13, 2018

Colombo e os novos talibãs

O que resta das tribos índias nos Estados Unidos é uma mole humana indigente

Quem exterminou e imbecilizou o que resta das tribos índias dos Estados Unidos?


A história politicamente correta é uma história de pernas para o ar, e sobretudo autoritária.

Não foi Cristóvão Colombo quem criou e manteve a escravatura dos negros até ao fim da guerra civil americana, e deu depois largas a um racismo institucional contra os negros—escravizados nos estados do sul, e sobre-explorados nos estados do norte durante a industrialização.

Não foi Cristóvão Colombo que iniciou ou promoveu o genocídio dos índios americanos dos EUA, mantendo os sobreviventes em 'reservas' antropológicas, como se fossem animais em jardins zoológicos.

Lembram-se dos talibãs a rebentarem com explosivos e marretas estátuas milenares? A barbárie regressou, sob o disfarce hipócrita da 'reparação histórica' e das ideologias politicamente corretas que mais não são que atos falhados de um sentimento de culpa coletivo não exorcizado.

Numa análise mais fina deste episódio caricato da remoção de uma estátua medíocre de Cristóvão Colombo na Ciudad de Los Angeles, cidade outrora espanhola, e depois mexicana, que os Yankees conquistaram, num vasto território chamado Califórnia, habitado por tribos índias que os mesmos ianques, e não Cristóvão Colombo, nem os espanhóis, nem sequer os mexicanos, dizimaram, celebrando posteriormente o genocídio de forma canibal na cinematografia de Hollywood, há quem sugira tratar-se de mais uma tentativa de apagar a memória hispânica da região.

Acontece, porém, que as famílias americanas de origem protestante e puritana, as mais ricas, estão em declínio demográfico, ao contrário das populações de origem hispânica, portuguesa e italiana que habitam toda a América, do México para sul, e continuam a crescer nos Estados Unidos. Instrumentalizar os pobres índios que restam para colaborarem em manobras de mistificação  histórica é um sinal mais da decadência de um império que durará, afinal, pouco mais de cem anos.

Nem o primeiro e único presidente negro americano, Barak Obama, conseguiu mudar o racismo empedernido de milhões de americanos brancos. Esta é a verdade nua e crua que importa reter quando observamos e analisamos episódios populistas como este.

A raiva aos judeus, outra vez...


A Jewish family pauses in front of a memorial for victims of the mass shooting that killed 11 people at the Tree of Life synagogue in Pittsburgh, Oct. 29, 2018. (Jeff Swensen/Getty Images) [cropped]

“Os missionários da Cristandade disseram: Vocês não têm o direito de viver entre nós como judeus; Os chefes laicos proclamaram: Vocês não têm o direito de viver entre nós; Os nazis alemães no fim decretaram: Vocês não têm o direito de viver.” 
A solidão crescente da Estátua da Liberdade
Esther Mucznik. Público, 12 de Novembro de 2018, 6:45

“President Trump, your words, your policies, and your party have emboldened a growing white nationalist movement,” the petition says. “The violence against Jews in Pittsburgh is the direct culmination of your influence.” 
How the Pittsburgh massacre is driving American Jews apart
By Ron Kampeas. Jewish Telegraphic Letter, October 30, 2018 5:22pm

A nova ascensão da xenofobia, do radicalismo religioso e do anti-semitismo é uma consequência direta de uma nova guerra global pelos recursos que fazem a diferença no bem-estar das nações.

Os perigos desta escalada são agora, porém, maiores do que nos anos 30 (ascensão do anti-semitismo nazi na Alemanha, Áustria e Polónia) do século passado, ou do que no primeiro quartel do século 20 (sobretudo na Rússia, Ucrânia e Polónia).

As razões deste perigo maior são fáceis de entender:

  1. a luta mundial pela energia e pelos recursos naturais imprescindíveis ao bem-estar criado ao longos dos últimos 200 anos não tem uma horizonte de propsperidade pela frente, mas sim de declínio geral da riqueza, empobrecimento das classes médias que suportam as democracias, envelhecimento das populações e recessão, seguida de depressão e depois declínio demográfico absoluto, a partir de 2100, se não antes;
  2. desta vez, os judeus têm em sua defesa um estado fortemente armado para uma mais do que provável guerra assimétrica global, onde a sofisticação tecnológica ditará as primeiras vitórias e um novo status quo... ou a aniquilação da civilização tal qual a conhecemos hoje. 
A chachina de Pittsburgh, antiga cidade industrial americana reconvertida às novas tecnologias durante a década de 80 do século pasado, é certamente mais um mau presságio do que nos espera. Entre outros motivos, porque ameaça dividir a comunidade judaica americana, a maior do mundo (5,7 milhões) depois do Estado de Israel (6,1 milhões).

:(


segunda-feira, novembro 12, 2018

A vice-primeira ministra Catarina Martins

Catarina Martins. Convenção do Bloco de Esquerda, 2018.
Foto: João Porfírio/Observador (recortada)

Sem direita que se veja, Costa não tem alternativa


Catarina Martins anunciou a próxima entrada do Bloco de Esquerda no governo da Geringonça. Se tiver votos para tal, é o que vai ocorrer, tal como previ no programa Política Sueca em 2015. Não creio que o Rui Rio arraste votos suficientes para o PS. O desvio dos votos do centro-direita irá repartir-se entre o PS, o partido dos santanistas, o CDS e o Chega!

Até lá, Catarina Martins irá ter a gigantesca tarefa de domesticar a retórica populista do Bloco, e apostar num programa social-democrata de esquerda, ambientalista, de causas urbanas, e orientado para o eleitorado com menos de 40 anos. No resto, continuará a ser tão populista e estatista quanto o PS, e o PCP.

Quanto ao fenómeno da corrupção, estamos conversados: há merda que chega em todos os partidos.

Numa palavra, esta geringonça é melhor que a balbúrdia espanhola, e sem dúvida preferível às derivas populistas de direita que percorrem a Europa. Quanto ao futuro governo de coligação, o tempo dirá.

Para já, recomendo um voto em Catarina nas próximas europeias, pois daqui virá, ou não, o tiro de partida para a futura coligação.

quarta-feira, outubro 24, 2018

Hong Kong-Zhuhai-Macau

The 55km crossing links Hong Kong’s Lantau island to Zhuhai and the gambling enclave of Macau, across the waters of the Pearl River Estuary. PHOTO: REUTERS

E nós?!


Depois de umas dezenas de mortos acidentais, a esperada derrapagem orçamental, e muita corrupção, o líder chinês inaugurou uma ligação rodoviária histórica entre Hong-Kong e Macau, a terra onde nasci e da qual guardo uma mítica memória.
A ponte é um marco do projeto de integração regional da Grande Baía, que visa criar uma metrópole mundial a partir dos territórios de Hong Kong, Macau e nove localidades da província chinesa de Guangdong (Cantão, Shenzhen, Zhuhai, Foshan, Huizhou, Dongguan, Zhongshan, Jiangmen e Zhaoqing).
[...]
Vários observadores consideraram que o objetivo desta ponte, assim como uma nova linha ferroviária de alta velocidade para o interior da China inaugurada a 22 de setembro, é aumentar o controlo da China sobre Hong Kong, que tal como Macau, goza de autonomia alargada de liberdade de expressão e poder judicial independente.
A nova linha ferroviária de alta velocidade para o interior da China vai reduzir consideravelmente o tempo de viagem entre os dois territórios, sendo que parte da estação, situada em Hong Kong, fica sob jurisdição chinesa.
[...] O comboio vai de Hong Kong para Shenzhen em apenas 14 minutos, sendo que o anterior demorava quase uma hora a percorrer os 26 quilómetros que separam os dois territórios. Já para a capital de Guangdong, Cantão, os passageiros vão demorar pouco mais de meia hora, cerca de 90 minutos mais rápido que o anterior.
JN 23.10.2018

Já agora, já que o Governo Chinês anda a beneficiar das rendas excessivas que pagamos à EDP, podia ajudar o indigente governo português a ligar o país a Espanha e ao resto da Europa com combóios de Alta Velocidade.

Por odem de prioridade, assim: Lisboa-Caia; Lisboa-Porto-Vigo; Aveiro-Salamanca.

Só as comunidades de Madrid e da Região de Lisboa somam mais de 10 milhões de habitantes, e 18 milhões de turistas. A região do Norte de portugal e galiza somam 5 milhões de almas que sempre gostaram de trabalhar e ganhar dinheiro. Será assim tão difícil de entender a rentabilidade destes investimentos? Só prejudicaria mesmo o PCP e o Bloco!

quarta-feira, outubro 17, 2018

O que o Leslie nos mostrou

Furacão Leslie. Foto-galeira: Nelson Garrido/Público

Leslie. Lei prevê que consumidores paguem prejuízos mas EDP garante que vai tentar não imputar esses custos
 
A principal elétrica nacional está ainda a contabilizar a dimensão dos prejuízos, sendo estimado que cerca de 70 mil habitações não tenham acesso a eletricidade na região Centro do país. 
Observador, 15/10/2018, 22:04

O furacão deu cabo de umas centenas de postos de alta tensão. Resultado? A falha elétrica interrompeu as telecomunicações (rádio, televisão, telefones, internet e telemóveis!)

Mas mais: interrompeu o fornecimento de água!!! E porquê? A razão é simples, mas porventura invisível para a maioria de nós até à chegada do Leslie: a distribuição de água já não funciona por gravidade nos principais aglomerados urbanos do país, mas à força da energia elétrica...

Imaginem, agora, que as viaturas dos bombeiros, da proteção civil, do exército, e os nossos próprios carros eram já, na sua maioria, elétricos!!!

Tempestade Leslie provocou prejuízos superiores a 32 milhões de euros na Figueira da Foz
Observador, 17/10/2018, 0:23

terça-feira, outubro 09, 2018

Vox e Vox - suspensos da propaganda

Santiago Abascal, líder do novo partido populista da direita espanhola, Vox

Andamos muito distraídos!


Do país de sucesso e do pelotão da frente, da 14ª economia na UE15 nos anos gloriosos do cavaquismo (que apostava em ultrapassar o Reino Unido), da liderança na sociedade de informação do guterrismo, dos milagres económicos sucessivos, aterraremos como um dos países mais pobres de uma UE27 ou UE28 em 2025.
Nuno Garoupa. Público, 5 julho 2018

Há dois erros que liquidam a credibilidade deste texto:

1) a expressão 'mais pobre' é errada, pois deveria ser, em rigor, 'menos rico', já que não podemos deixar de comparar a economia portuguesa/europeia com o resto do mundo; 

2) por outro lado, o empobrecimento cada vez mais perigoso das classes médias, e a precariedade dos contratos de trabalho, são fenómenos globais, próprios do fim de uma era baseada em energia abundante e barata, num contexto em que a redistribuição da mesma deixou de estar concentrada nos Estados Unidos, Canadá e Europa ocidental. Basta ver as notícias sobre o populismo nos Estados Unidos, Venezuela, Brasil, ou sobre o crescente populismo, de direita e de esquerda, na Europa (há um partido populista de direita em Espanha que vai arrumar as botas populistas de esquerda do Podemos num ápice...), para perceber que não podemos confundir as causas endógenas do nosso desenvolvimento assimétrico, com as tendências mundiais a que estamos particularmente abertos. Basta contar o número de SO-MNE (State Owned Multinacional Entreprises) portuguesas (mais do que em Espanha!), ou o número de representações de SO-MNE em Portugal (World Investment Report, 2017, das Nações Unidas), para percebermos a paisagem que nos rodeia e determina.

—FDI (Foreign Direct Investment) INFLOWS (millions of dollars)

Portugal

2011: 7428
2012: 8858
2013: 2702
2014: 2976
2015: 6993
2016: 6065

—FDI stock

2000: 34 224
2010: 114 994
2016: 118 213.

—SO-MNEs (15% of the 100 largest MNEs): Distribution by major home economy, 2017 (Number of companies) 

Portugal: 26
Spain: 19. 

—Foreign affiliates of SO-MNEs: Distribution by major host economy, 2017 (Number of affiliates) 

Portugal: 784
Spain: 1760.

Apostar na propaganda do copo vazio não é a estratégia mais inteligente.

Oportunidades de negócio pela frente: privatização dos caminhos de ferro, investigação&desenvolvimento, formação de elites intermédias e de topo, e África!

Perigos: deixar a Geringonça +1 (o Comandante Supremo da Selfie Idiotia) à solta. 

Precisamos urgentemente dum Macron, sob pena de termos em breve um qualquer Trump, Bolsonaro, ou novo Conde de Abranhos lusitano (o de Espanha já nasceu e chama-se Santiago Abascal Conde!) a governar o país com maioria absoluta.