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quinta-feira, janeiro 28, 2010

Portugal 157

Orçamento vigiado - 3, aspirina não chega!


Investimento de Iniciativa Pública e Crescimento
... As novas infra-estruturas criam a possibilidade de novos negócios por reduzirem custos de transporte, facilitarem o acesso a produtos e pessoas, ou reduzirem outros custos de contexto relevantes para as empresas.

... os investimentos públicos podem também contribuir para aumentar a competitividade e a internacionalização da economia, contribuindo, dessa forma, para aumentar a eficiência e combater o défice externo. As reduções de custos de transporte e a mais fácil circulação de pessoas, bens, energia e informação, permitem reduzir os custos das actividades exportadoras, alargam a possibilidade de atracção de clientes e turistas e geram um efeito de alargamento da escala de operação das empresas que resulta em ganhos de eficiência.

... Atendendo aos diferentes tipos de infra-estruturas, conclui-se que em casos como o das auto-estradas, Portugal apresentou uma evolução tão positiva nos últimos anos que está já próximo de níveis de stock óptimos, o que aconselha a que, nestas áreas, o ritmo de investimento seja menos acentuado no futuro. No entanto, Portugal apresenta ainda um forte atraso face aos países da UE no que se refere à qualidade e quantidade de infra-estruturas portuárias e aeroportuárias, contexto tanto mais agravado quanto o País apresenta um forte crescimento da procura de serviços de transporte aéreo e de cargas e passageiros nos portos. — in Orçamento de Estado 2010.

Se a um doente que treme por todos os lados, com 40 graus de febre, lhe é detectada uma pneumonia, e um médico decide receitar-lhe fleumaticamente uma caixa de placebos, em vez da quarentena rigorosa da praxe e uma combinação adequada de antibióticos e vitaminas, o mais provável é que o doente, se for velho, morra, e se for novo e saudável, piore de forma imprevisível o seu estado de saúde e acabe por contrair alguma doença crónica grave. A um médico que assim trate um doente deve obviamente retirar-se-lhe a carteira profissional e levá-lo a tribunal pela sua inadmissível má prática. Ora é isto que, mudando o que há a mudar, ocorre no romance de cordel a que o sem-vergonha e cada vez mais inoperante governo Sócrates chama Orçamento de Estado 2010. O merceeiro desonesto que o redigiu deveria ser obviamente expulso da Ordem!

A falta de rigor nos números (1) e de coragem nas decisões deu lugar a uma caricata tesina de economia e finanças públicas pseudo-keynesianas. É penoso lê-la. A ignorância crassa sobre o transporte ferroviário; as falácias estafadas com que as agências de comunicação ao serviço do governo, e sobretudo ao serviço das tríades financeiras que há mais de 20 anos capturaram a democracia portuguesa e ameaçam levá-la à ruína, voltam a insistir no novo aeroporto de Lisboa, i.e. o mesmo negócio da Ota, agora em Alcochete (2); a vigarice das Parcerias Público Privadas (mais autoestradas); a teimosia olímpica em construir barragens inúteis (Tua, Sabor) ou assassinas (Fridão) para ajudar a inchar a bolha da EDP —entre outras calamidades—, levam-me a uma conclusão simples: este governo não é para durar. Mais, devemos todos fazer a necessária pressão que caia o mais depressa possível!

O erro suicida do OE2010, que reflecte o figurino esgotado da nossa democracia burocrática e o grau de captura do actual regime político-partidário pela historicamente decadente, néscia e inviável burguesia latifundiária e rentista portuguesa, é que confunde PIB com endividamento! Ou seja, quando o Estado se endivida no mercado externo de capitais —pois a poupança interna há décadas que se esfumou— para estimular artificialmente a formação do PIB, nomeadamente através de Parcerias Público Privadas ou do investimento público directo em obras que o consumo interno não suporta (como está demonstrado à saciedade nos casos de polícia que são as SCUT e o aeromoscas de Beja), o que ocorre é tão somente o agravamento simultâneo do défice orçamental, da dívida pública e do serviço desta mesma dívida. Basta atentar na evolução do défice, da dívida e do serviço da dívida ao longo dos últimos 20 anos para concluir que assim é, e que portanto o exercício patético de teoria e mau jornalismo que confeccionou o romance de cordel chamado OE2010 não pode convencer ninguém. Não convenceu obviamente os mercados, nem convencerá Bruxelas, que em breve exigirá maior clareza e coragem aos Chico-espertos que insistem em levar Portugal à bancarrota.

A segunda grande falácia prende-se aos proclamados méritos do endividamento interno e externo do país como via heróica para o equilíbrio da nossa eternamente deficitária balança comercial. Basta, uma vez mais, percorrer as estatísticas para percebermos que:
  1. o endividamento para o consumo e para financiamento e sustento da burguesia rentista, da burocracia e da nomenclatura político-partidária, associado a uma moeda excessivamente forte, destrói a capacidade produtiva instalada e o potencial de exportação a benefício das importações de bens materiais e de capital, deteriorando inevitavelmente a nossa moeda sob a forma de um agravamento imparável do endividamento geral do país e de uma progressiva alienação da riqueza patrimonial historicamente acumulada — cujo impacto negativo na economia de cada um é traduzido por um terrorismo fiscal tão discricionário, quanto pesado e ineficiente;
  2. as nossas exportações, por força da valorização da moeda que temos, têm-se vindo a restringir cada vez mais à zona euro, deixando progressivamente de fora os antigos mercados coloniais, hoje economias emergentes, o que, dada a fraca sofisticação tecnológica, comercial e cultural daquilo que produzimos, acaba por atacar duramente e em tenaz a nossa capacidade de compensar o muito que compramos, com o pouco que vendemos. Nem exportamos o suficiente para a China, Brasil ou Angola, por termos uma moeda forte, nem exportamos o suficiente para Espanha, República Checa, Reino Unido ou Alemanha, e para os mesmos países emergentes, por falta de escala, qualidade, novidade e sofisticação;
  3. a importação de investimento e o endividamento nos mercados financeiros internacionais só raramente se destina a estimular o fortalecimento quantitativo e qualitativo do tecido empresarial nos decisivos sectores da agricultura, recursos marítimos e fluviais, indústrias e investigação científica e tecnológica. A maior parte deste endividamento (95%!) tem sido reiteradamente desbaratado na hipertrofia burocrática do pais, na corrupção da nomenclatura político-partidária, no enchimento especulativo, para efeitos de internacionalização, de grandes operadores estratégicos nos sectores energético e de comunicações (que acabarão por sucumbir às suas próprias dívidas, ou então à concorrência global), na mama das obras públicas, e nos casinos da especulação bolsista. Foi nisto tudo, e não no auxílio à economia real, que em 2009 se desbarataram milhares de milhões de euros pedidos emprestados em nome do povo português!
O problema de mais este Desorçamento é que se recusa teimosamente a enfrentar a crise sistémica da nossa economia. Desde Aljubarrota que a economia portuguesa depende basicamente do Estado e dos seus grandes empreendimentos: a Costa do Ouro, Malaca, Índia e China, o Brasil, a emigração e, por fim, a chuva dourada de Berlim via Bruxelas. Castela foi sempre uma inimiga, os Países Baixos serviram sobretudo de porto de abrigo para as nossas exportações e do Reino Unido só tardiamente aprendemos alguns modos empresariais e a beber chá sem por os cotovelos em cima da mesa. O que havia em comum neste longuíssimo capitalismo de Estado deixou de existir, ou deixará definitivamente em 2013-2015. Refiro-me às Patacas coloniais e à exportação de mão-de-obra barata que ao longo de seis séculos permitiram gerar um país essencialmente endogâmico, indolente e profundamente injusto. O Chico-espertismo de José Sócrates e da tríade de piratas que o criou e ampara é tão só a face novo-riquista e aparvalhada da moeda rentista dominante. Que um simulacro de socialista como António Vitorino se tenha transfigurado num sacerdote da Brisa e do Santander, diz tudo sobre a persistência genética de uma sociedade que o fim dos impérios tornará em breve obsoleta.

O tempo das vacas gordas dos Fundos de Coesão chegou ao fim. Malbaratámos esta oportunidade única de organizar as nossas vidas? Os políticos passaram o tempo a tomar conta de si mesmos? Deixaram o País de tanga e sem ideias? Vem aí um ciclo irreversível de recessões e uma imparável curva ascendente nos custos da energia e do dinheiro? — in "Manuel Alegre: o pragmatismo das causas", O António Maria, 26-09-2004.

Segundo os valores estimados para 2005, dos 214 países considerados, mais de metade (110) crescia a valores do PIB entre 4% e 26,4%. Cresciam a 8% ao ano, ou mais, 24 destes países. A generalidade dos chamados países desenvolvidos crescia abaixo dos 4%. A União Europeia, por sua vez, crescia a uma média de 1,7% ao ano. Portugal, ocupando a posição 202 entre 214 países, crescia tão só a 0,30% ao ano...
Dizer que este país cresce abaixo da média da União Europeia é, como se vê, uma verdade piedosa sobre a crise que efectivamente atravessa. Piores que os lusitanos apenas há 12 países: Itália, Tanzânia, Niue, Dominica, Monserrate, Saint Kitts and Nevis, Guiana, Iraque, Malawi, Seychelles, Maldivas, Zimbabwe.

Não fora pertencer à União Europeia, Portugal estaria hoje à beira de convulsões sociais muito sérias. A prosperidade aparente de que goza deve-se, basicamente, a cinco causas principais: as remessas dos emigrantes portugueses residentes na União Europeia (que deixaram de ser contabilizadas como receitas de emigração...), os fundos comunitários, a economia informal e clandestina, o turismo e o endividamento imparável do Estado. A balança comercial tenderá, porém, a deteriorar-se no médio e longo prazo, por causas mais ou menos óbvias: valorização do Euro contra praticamente todas as outras moedas, deslocalização crescente dos investimentos dentro e fora da zona Euro, destruição interna das actividades alimentadas por trabalho intensivo, barato e de baixa produtividade e falta de competitividade dos custos de contexto: carga fiscal, preço da energia, excentricidade geográfica, falta de transparência estratégica do país e falta de qualidade do sistema judicial. — in "Os sete pecados mortais de um país", O António Maria, 5-08-2006.

Quando José Sócrates matraqueia os média, como um qualquer boneco de feira, com o sound bite "Pusemos as contas em dia!", não diz que essa proeza apenas durou o exercício orçamental de 2007 e foi conseguido à custa de um mega-empréstimo externo de 22,5 mil milhões de euros! Nem diz que Portugal paga hoje em juros anuais pela sua dívida pública qualquer coisa como 5 mil milhões de euros, ou que para este lindo OE2010 vai ter que pedir emprestado lá fora mais 17,5 mil milhões de euros. Vamos ver quem emprestará tamanha soma de dinheiro e a que juros, depois do episódio grego e da recusa da China em socorrer possíveis candidatos a Estados falidos no interior da poderosa zona euro.

Grécia atira risco da dívida pública dos países da Zona Euro para recorde

O seguro para os investidores se protegerem contra o incumprimento no pagamento de dívida pública dos países da Zona Euro atingiu hoje o nível mais elevado de sempre. A culpa é da Grécia, com a crise nas finanças públicas helénicas a contagiar outros países, sobretudo Portugal. in Jornal de Negócios, 27-01-2010.

Fitch ameaça cortar 'rating' de Portugal

A agência de notação manteve o 'outlook' negativo para Portugal mas avisa que é agora mais provável um corte do 'rating', face à estimativa de défice para 2009 revelada ontem por Teixeira dos Santos.

"O primeiro aspecto que nos surpreendeu foi a revisão em alta do défice de 2009, o que foi bastante decepcionante. Um défice de 9,3% do PIB é significativo. São mais três pontos percentuais do que quando colocámos o ‘outlook' para a dívida portuguesa em negativo, em Setembro de 2009", afirmou Douglas Renwick, responsável da Fitch, em entrevista à 'Reuters'. — in Diário Económico, 27-01-2010.

Joining the queue for China cash

The decision of Greece, and its bankers, to ask Beijing for cash to fund its yawning fiscal deficit should come as no surprise. The Chinese capital is the first port of call for countries and companies that need money.

China has a huge stock of surplus cash, with $2,400bn (€1,702bn, £1,486bn) in foreign exchange reserves, amassed by a decade of largely fixed-exchanges rates, swelling trade surpluses and capital inflows.

... The implosion of the western financial system over two years from 2007, along with an evaporation of confidence in the US, Europe and Japan, almost overnight pushed China’s global standing several notches higher.

... Such sums might give the impression that China has been throwing its money around with abandon. But after some early loss-making forays, mainly through investments in US and European financial companies, China has become more cautious about where it places its money.

... In the case of Greece, money is not a problem. Buying up to €25bn in Greek bonds is equal to about two weeks’ worth of accumulation of foreign exchange reserves in China.

Chinese thinking is that Brussels could not let Greece fail, because the implications for the euro’s credibility are too dire. If that line of argument prevails in Beijing, then China may well be a buyer of Greek bonds. In the process, the Chinese may well be buying invaluable political capital in Brussels as well. — in Financial Times, January 26 2010.

O Financial Times sugere num artigo muito provocatório e inteligente uma solução que não anda longe da que em 2005 sugeri, ainda que sob a forma de um banco de horas. Em 2005, numa proposta desenvolvida e apresentada conjuntamente com uma equipa de arquitectos (o Grande Estuário), levantei a hipótese de se criar um banco de horas no nosso país, cujo efeito prático seria o surgimento de uma moeda de troca justa e solidária local. Em Novembro de 2009 voltei ao tema, desta vez explicitando a possibilidade se criar uma União de Crédito Solidário como instância financeira alternativa aos avarentos bancos cuja acção durante a recessão mundial tem sido basicamente a de obter empréstimos dos bancos centrais a custo zero (enfim, entre 0,5% e 1,5%) para depois mal emprestar a 2,9%, 11% ou 26%, ou não emprestar mesmo!

Em Portugal seria perfeitamente possível lançar uma rede de 50 Bancos de Crédito Solidário —abrangendo todas as capitais de distrito e concelhos das cidades-regiões de Lisboa e Porto, especializada, entre outros, nos seguintes ramos: habitação, comércio local, transportes e mobilidade, educação, saúde, solidariedade e redes profissionais. Cada um destes Bancos de Crédito Solidário teria, por exemplo, um capital público social de 5M€, e funcionariam em rede, federados por uma Organização de Comércio Social, a qual garantiria a necessária transparência e qualidade dos processos de implementação, gestão e sustentabilidade. Estamos a falar de 250M€ de investimento público inicial, a que se somaria um capital social solidário da mesma ordem, constituído por bens e serviços contabilizados numa moeda solidária de circulação restrita. Uma gota de água, quando comparada com os buracos financeiros e dívidas criadas pela máfias instaladas no sistema económico-financeiro e político-partidário português! — in Por uma União de Crédito Solidário!, O António Maria, 25-11- 2009.

No artigo de Charles Goodhart and Dimitrios Tsomocos, o ponto polémico é mesmo o da possibilidade de países como a Grécia, Portugal e Espanha escorregarem inexoravelmente para a bancarrota, por exemplo, no contexto de uma greve generalizada dos compradores de dívida soberana, como ocorreu precisamente durante as negociações gregas para salvar as finanças do país. A China rejeitou a hipótese de financiar os gregos, tal como terá já deixado saber a Victor Constâncio, ou Teixeira dos Santos, que fará o mesmo a Portugal. Se este cenário se vier a verificar, o que os colunistas do Financial Times propõem não é, nem a saída dos PIGS da zona euro, nem uma operação de resgate em larga escala por parte do Banco Central Europeu (a qual provocaria certamente uma tremenda instabilidade no Euro.) A proposta deste inteligente artigo é o do regresso temporário à moeda pré-euro, no caso português, o regresso Escudo. Pelo período de quatro anos co-existiriam no nosso país o Euro, para os pagamentos externos, e um novo Escudo, valendo menos 25% do que Euro, para os pagamentos internos.

Greece and Portugal have two severe economic problems. These are, first, a fiscal position, deficit and debt ratio verging on the unsustainable, and, second, a serious lack of competitiveness (a real exchange rate which is much too high). Italy and Spain may also soon face a similar precarious situation. These countries’ membership of the eurozone constrains the solution to this joint problem.

For example, neither Greece nor any other country in a similar position could sensibly leave the eurozone, (indeed any sniff of thinking about that would cause an immediate banking crisis). Apart from the immediate effects on wages, prices and interest rates, existing debts are denominated in euros and any attempt to renege on that would, very likely, result in seizure of Greek assets abroad and expulsion from the eurozone, in addition to a cessation of European Union net transfers.

In this respect Greece is far more constrained than Argentina was.

... When a subordinate state in a federal monetary union has severe fiscal problems and runs out of money, what does it do? It issues IOUs. Think California or the Argentine provinces before 2000. For example, in Portugal, we could coin a phrase and call such IOUs escudo. Essentially the government passes a decree that states that such escudo IOUs would be acceptable for all internal payments, except tax payments, between Portuguese residents, but not for any external payments between Portuguese residents and foreign residents. All public sector and private sector wage payments shift on to an escudo basis as do interest payments by a Portuguese resident to another resident. Portuguese residents’ deposits and borrowing with Portuguese banks shift to an escudo basis; others remain in euros. — in The Californian solution for the Club Med, By Charles Goodhart and Dimitrios Tsomocos, Financial Times, January 24 2010 20:35 | Last updated: January 24 2010 20:35.

Estou a imaginar o incómodo e mesmo o sorriso de desdém da blogosfera próxima ao ler estas palavras! Recomendo-lhe, porém, que medite seriamente no problema. Quem virá socorrer um cocainómano com mais cocaína? O OE2010 nada mais é do que o discurso spidado de um viciado em dívidas, incapaz de parar, contando histórias da Carochinha na esperança de que algum distraído o ouça. Só que nesta fase de endividamento e recessão globais, não há distraídos.

Greece’s debt crisis returned to financial markets with a vengeance as agitated investors demanded the highest premiums to buy its government bonds since the launch of European monetary union over a decade ago.

The yield spread between 10-year Greek bonds and benchmark German Bunds widened dramatically on Wednesday, by almost 0.7 percentage points at one point, in what one trader called a “capitulation” to sellers worried about Greece’s ability to refinance its debt. — in "Chinese whispers drive up Greek yields", By Tony Barber in Brussels, David Oakley in London and Kerin Hope in Athens, Published: January 26 2010 22:59 | Last updated: January 27 2010 19:43.

Há pelo menos cinco possibilidades no que toca à saída da presente crise orçamental:
  1. O governo português vê aprovada a sua estratégia de avestruz por parte da burocracia de Bruxelas e pelo BCE;
  2. BCE e Bruxelas obrigam a revisão das metas orçamentais do OE2010 e a um claro corte na despesa pública;
  3. Face à segunda hipótese, o Governo cede, arrastando atrás de si parte da Oposição (PSD e CDS), mas provoca uma grave crise no interior do Partido Socialista, ou até a cisão do mesmo;
  4. Face à segunda hipótese, o Governo não cede e prossegue a estratégia de endividamento, sobretudo a favor da burguesia palaciana de que se tornou serviçal, arriscando-se fortemente a ver bloqueados os empréstimos externos, daí resultando a rápida implosão do governo;
  5. No caso da primeira hipótese ocorrer, existirá então uma forte probabilidade até 2012 de as crises de endividamento da Grécia, Espanha e Portugal se sincronizarem, causando um colapso do Euro, do qual poderá resultar a exclusão temporária destes países da moeda única, invocando-se então que tal não será uma tragédia comunitária, pois também a Libra Esterlina, a Coroa Sueca, etc. continuam fora do Euro.
Em qualquer caso prevejo a queda para breve do governo de José Sócrates. E no seu lugar poderá vir a estar um governo de grande coligação entre o PS, PSD e CDS, com Paulo Portas a chefiar.



NOTAS
  1.  Vale a pena consultar um recente estudo do Instituto Sá Carneiro (Reflexões, PDF) sobre as contas indisfarçáveis da nossa realidade pública. Destaco apenas alguns números de arrepiar:


    • Endividamento em % do PIB (2009) = ±111,8
    • Crescimento potencial do PIB na última década = ±1% ao ano
    • Na década de 60, crescemos em média 5,8%; na de 70, 5%; na de 80, 3,7%; na de 90, 3%; e na de 2000 0,5%.
    • Peso da Exportações de Bens e Serviços no PIB (%) entre 1990 e 2009: 30,7; 28,6; 29,8; 28,5; 27,7.
    • Défice externo em 2008: 10,5% do PIB.
    • Endividamento externo líquido (em % do PIB): em 1996, 10.4; em 2000, 41,1; em 2005, 64,0; em 2008, 97,2; em 2009, 105,0.
    • População residente (Set. 2009): 10 641 000
    • População empregada (Set. 2009): 5 017 500
    • População empregada excluindo funcionários públicos (Set. 2009): 4 321 106
    • Funcionários públicos (Set. 2009): 696 394
    • Beneficiários do Rendimento Social de Inserção (Set. 2009): 382 448
    • Pensionistas activos [invalidez, velhice, sobrevivência] (Set. 2009): 2 841 789
    • Beneficiários de Subsídio de Desemprego (Set. 2009): 346 899
    • Total de "dependentes" do Estado: 4 267 530
  2. Para desmontar o logro da argumentação do governo sobre a Portela e o NAL vale a pena ler este artigo de Rui Rodrigues recentemente republicado pelo Público, de que destacamos algumas passagens.
"O Governo pretende, em 2009, privatizar a empresa ANA-Aeroportos que, no ano de 2007, gerou lucros de 48 milhões de Euros. Explorar aeroportos é um negócio fácil enquanto que gerir companhias aéreas é um negócio arriscado devido à forte concorrência do mercado."

"... A ANA, nos últimos anos, efectuou investimentos avultados no Aeroporto da Madeira e no Porto e nos próximos anos o mesmo se passará na Portela e em Faro. No Funchal investiram-se cerca de 500 milhões de Euros (fundos comunitários + verbas da ANA e ANAM e do Governo regional). No Porto, já foram gastos mais de 300 milhões de Euros (no início só estava projectado investir-se 60 milhões) e, em Lisboa, estão previstos serem gastos 400 milhões de Euros que serão perdidos com o fecho da Portela. A Portela é rentável e, actualmente, os seus lucros financiam outros aeroportos nacionais que dão prejuízo.

... Um novo aeroporto só pode ser pago pelas taxas aeroportuárias ou pelos contribuintes

O modelo de financiamento do novo aeroporto de Lisboa, em parte, é semelhante ao modelo do actual aeroporto de Atenas, na Grécia. O pagamento da nova infra-estrutura vai depender do valor das taxas aeroportuárias. No caso grego, as taxas do novo aeroporto são as mais caras da Europa, o que levou a “Olympic Airlines” à falência por ser o seu maior cliente. Recentemente, a administração desta empresa exigiu do Governo grego uma compensação financeira de 803 milhões de Euros pela "mudança obrigatória" da companhia, em 2001, para o novo aeroporto internacional de Atenas. Mais grave ainda, as ‘Low Cost’ não querem utilizar uma infra-estrutura com taxas de alto custo, o que está a obrigar à utilização de aeroportos secundários para “salvar” o turismo grego. O novo aeroporto de Atenas cobra cerca de 70 Euros de taxas a cada passageiro. São as taxas mais caras da Europa.

Em Portugal, a TAP é responsável por cerca de 50% dos voos em Lisboa, sendo as taxas aeroportuárias despesas fixas que têm um peso muito importante no seu orçamento, o que significa que, se um dia a TAP se mudar para Alcochete, onde as taxas serão elevadíssimas, vai acontecer exactamente o mesmo que ocorreu à “Olympic Airlines” e as ‘Low Cost’ irão abandonar Lisboa, o que levará ao colapso do turismo da Capital." — in Os aeroportos, a privatização da ANA e os terrenos da Portela, por Rui Rodrigues, Público online.


OAM 679 — 28 Jan 2010 16:56 (última actualização: 29 Jan 2010 00:26)

sábado, fevereiro 26, 2011

O lóbi desesperado da EDP

Camilo Lourenço: “Portugal precisa, rapidamente, de reduzir a dependência dos combustíveis fósseis.” Negócios online, 25-02-2011.


Inocentemente ou não, Camilo Lourenço está a fazer um frete mediático a António Mexia, por duas razões principais:
  1. porque a nossa principal dependência energética não é suprível pela energia eléctrica (as barragens assassinas de Sócrates-Mexia não substituem nem nunca substituirão de forma significativa o petróleo, nem o gás natural — mas aumentarão a eutrofização das albufeiras, afastarão os turistas dos vales do Douro, Tua, Sabor, e Côa, ameaçarão a segurança da cidade de Amarante e, antes de mais, custarão uma pipa de massa aos consumidores indefesos, precisamente, em barris de petróleo!)
  2. porque aquilo que o cabotino Mexia quer é aumentar, ainda que seja para accionista burro e investidor incauto verem, os activos de uma empresa sobre endividada, da qual faz parte uma famosa EDP Renováveis, em queda catastrófica, que acaba de anunciar que já não distribui os dividendos de 2010, e cujas acções caminham a todo o gás para o preço da bica (1).
Tudo isto é grave, sobretudo se tivermos presente que o objectivo dissimulado do cabotino Mexia já só pode ser um: evitar o desaparecimento da empresa antes de a mesma poder ser tomada de assalto por uma grande energética espanhola, francesa, alemã, brasileira, angolana ou chinesa. É a síndroma TAP que move o cabotino Mexia, e as suas antenas mediáticas!


REFERÊNCIA

Para ajudar a compreender este problema, sobre o qual temos escrito frequentemente, transcrevo este elucidativo texto de João Joanaz de Melo.

Há século e meio que em Portugal as políticas de obras públicas megalómanas têm sido entendidas como paradigma de desenvolvimento.
Por João Joanaz de Melo, Professor de Engenharia do Ambiente na Universidade Nova de Lisboa.

No sector energético, apesar das belas intenções pela eficiência energética, o esforço é dirigido para os empreendimentos caros e de eficácia duvidosa: barragens, carro elétrico, micro-geração, TGV, com investimentos previstos na próxima década orçando em dezenas de milhar de milhões de euros – o investimento do Estado em eficiência energética mal chegará a 150 M€ no mesmo horizonte.

Os defensores do Programa Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroeléctrico (PNBEPH) tentam adquirir uma patina de respeitabilidade invocando motivações ambientais. Alegadamente, estes empreendimentos agressivamente promovidos pelo Governo e pelas grandes empresas eléctricas (EDP, Iberdrola e, em menor escala, Endesa) destinam-se a reduzir a dependência energética, diminuir a emissão de gases de efeito de estufa e permitir armazenagem de energia eólica recorrendo à bombagem. Objectivos meritórios, mas infelizmente falsos.

As motivações ambientais seriam para rir se não fossem para chorar. As 9 grandes barragens recentemente aprovadas (7 do PNBEPH, mais Baixo Sabor e Ribeiradio) são verdadeiros crimes ambientais, preparando-se para destruir as paisagens maravilhosas e habitats raros dos últimos grandes rios selvagens de Portugal. Será também destruída a identidade, a cultura e os meios de desenvolvimento local, de que a condenada linha do Tua é um exemplo desolador. O emprego gerado nas grandes barragens é na ordem de 2 a 10 vezes inferior, por euro investido, a alternativas como o turismo rural, a requalificação urbana ou a eficiência energética.

Em termos energéticos, estas 9 barragens representarão apenas 1% do consumo de energia do País, gerando 2 TWh/ano de electricidade. O investimento requerido será oficialmente de 3 600 M€. Somando a isto os lucros das grandes eléctricas e os encargos financeiros, os cidadãos portugueses irão pagar pelo menos o dobro, durante décadas, na tarifa ou nos impostos – uma dívida brutal sobre os nossos filhos e netos (as concessões vão até 75 anos).

A mesma quantidade de energia poderia ser poupada com investimentos na ordem de 360 M€ (10 vezes menores), em medidas de eficiência energética com retorno até 3 anos, com enorme potencial de receitas para as famílias e para as pequenas empresas de gestão da energia e de requalificação urbana; e com muito mais eficácia na redução da dependência externa e de emissões de GEE.

Quanto à bombagem hidroeléctrica, o PNBEPH diz que precisamos idealmente de 2000 MW. Ora, entre os sistemas já funcionais e os projectos em curso, só em barragens já existentes, teremos a curto prazo 2507 MW instalados.

Não se vislumbram objectivos ambientais ou sociais para a febre das barragens: apenas o favorecimento das grandes empresas eléctricas e construtoras, e a captação de receitas extraordinárias para o Orçamento de Estado, atirando com os custos para as gerações futuras. Já passámos a fase de vender os anéis – agora querem mesmo cortar-nos os dedos.

NOTAS
  1. Foi seguramente este o primeiro blogue a chamar a atenção para o endividamento estúpido da EDP, e para as fragilidades e manobras de propaganda barata do seu cabotino líder.

    O “BPI: ‘EDP pode ser uma armadilha de valor’” — Negócios Online, 04 Março 2011) vem finalmente alertar os especuladores, o estado português e os partidos, para a bomba-relógio que o endividamento aventureiro da principal energética nacional representa para a sua autonomia e para a eficiência, sustentabilidade e preço da energia de que precisamos como de pão para a boca.

sábado, março 13, 2010

Portugal 172

Quando se revoltará a classe média?

O enviado especial das Nações Unidas para a Luta Contra a Tuberculose, Jorge Sampaio, afirmou hoje, no Porto, que "faltam quatro milhões de profissionais de saúde no mundo", principalmente nos países que mais necessitam deles.

…Jorge Sampaio disse ainda que os portugueses devem "relativizar" os problemas que estão a viver com a actual crise, porque muitos outros povos estão a enfrentar situações bastante piores. — in Público (12.03.2010)

Só faltou ao antigo presidente da república acrescentar que os actuais e futuros desempregados do Serviço Nacional de Saúde português têm um emprego à sua espera no Malawi, na Etiópia, no Ruanda, no Zimbabwe, no Haiti, e noutras paragens semelhantes. O devaneio do "enviado especial" não poderia ser mais inoportuno e sujeito às piores interpretações. Se o "enviado" acredita que a receita de sempre —expulsar os portugueses da sua terra e dos seus empregos, pondo-os a render no ultramar ou nos aviários da Irlanda— voltará a dar patacas que cheguem para alimentar o bordel lusitano, desengane-se! A nomenclatura indecorosa que depois de 35 anos de democracia populista levou Portugal à ruína, colocando-o de novo à beira de um colapso de regime, tem que começar a contar pelos dedos —já que há muito perdeu a faculdade de usar o intelecto.

Aquilo a que estamos neste momento a assistir, com a colaboração dissimulada de todas as seitas do actual sistema partidário, é a um endividamento sem precedentes do Estado, ao roubo sem limites do património nacional, e à sangria assassina da escassa poupança acumulada de milhões de portugueses, pela via fiscal directa e indirecta. As receitas da emigração fazem ainda parte desta expropriação sem precedentes da riqueza produzida por muitos de nós.

"Porque é que o Banco de Portugal vende o ouro da República?" — pergunta Jorge J. Landeiro de Vaz, Professor do ISEG/UTL, num artigo publicado pelo Expresso em 5 de Junho de 2009.

Em 1971 as reservas de ouro do Banco de Portugal ascendiam a 818,3 toneladas; em 2001, ou seja 30 anos depois, ainda eram 606,7 tons. mas em Março de 2009 já só existem à guarda do Banco de Portugal 382,5 tons. Porquê?

Será que alguém explica aos Portugueses porque é que em 38 anos a democracia fez voar 435,8 tons de ouro, herdadas do "fascismo" e do "colonialismo", ou seja  53%  daquelas  reservas.

Alguém explica aos Portugueses porque é que nos últimos 8 anos foram vendidas 224,2 tons de ouro; ou seja nos últimos 8 anos, o Portugal da zona euro vende alegremente, em média 28 tons de ouro por ano. A  este ritmo, dentro de 14 anos não haverá ouro no Banco de Portugal.

... Num contexto de empobrecimento económico e endividamento público e privado, o ouro do Banco de Portugal não pode ser visto como activo de liquidação, mas como reserva de soberania. Há uma responsabilidade intergeracional que o exige. Deixemos esse património aos nossos filhos e teremos feito alguma coisa por eles, pelo menos como penhor dos passivos que airosamente lhes vamos legar.

Ainda que admitamos que valor total das reservas de ouro sejam ligeiramente mais elevadas —407,5 toneladas— o resultado assustador não deixa de ser este: aos preços de hoje (805,72 euros a onça troy), uma tal reserva de ouro, que valerá qualquer coisa como 10 556 082 233 euros, não chega a 7% da nossa dívida pública: 164 879 600 000 (OE2010).

Resumindo a grosso modo, a situação portuguesa, que nos aproxima efectivamente da Grécia, apesar dos protestos de quem quer sacudir a água do capote (Teixeira dos Santos, Sócrates, Cavaco Silva...), é esta:
  • PIB previsto para 2010 (OE2010) = 167 367 100 000
  • endividamento das famílias em % do rendimento disponível (2001) = ~96
  • défice externo (anual) em % do PIB (2008) = -10,6
  • divida externa líquida em % do PIB = >100
  • dívida externa bruta em % do PIB (2008) = >200
  • dívida pública em % do PIB (2008) = >108
  • divida pública + divida privada em % do PIB (2007) = ~300
  • dívida externa em % das exportações = ~700
  • taxa de crescimento do PIB (previsão para 2010-2013) = <1%
  • taxa de desemprego oficial (dez. 2009) = 10,2% (567,7 mil desempregados/ procura de emprego)
  • taxa efectiva de desemprego (dez. 2009) = 12,7% (716,9 mil desempregados/ procura de emprego)
  • emigração (1992-2003) = 330 741
Entretanto, o PEC prevê alienar bens públicos —TAP, ANA, CTT, REN, seguradora da CGD, e participações accionistas minoritárias na EDP, Galp e Cahora Bassa— no valor de 6 mil milhões de euros. Se a privatização de certas actividades de exploração (CTT, TAP, CP e Metro) são no limite toleráveis, o mesmo não sucede com a privatização de monopólios e quase monopólios estratégicos, como sejam a ANA, EDP e REN. Alienar o único banco de Estado, ainda que apenas e para já o seu ramo de seguros, é de uma irresponsabilidade bestial! O que está em curso, e não vai parar, a menos que a classe média resolva revoltar-se (e tem meios para tal), é o saque sistemático e inglório da riqueza nacional pública e privada — pela via das privatizações, pela via da punção fiscal, e ainda por via da inflação que não tardará a chegar. Que seja o Partido Socialista a dar este derradeiro passo no longo e fracassado programa neoliberal de privatização do Estado, inaugurado por Reagan e Thatcher, não deixa de ser um epílogo no mínimo obsceno.

O país está falido, é certo. Mas então façamos uma desvalorização criativa da moeda! Como? É simples: reduzamos em 10% os vencimentos da Função Pública e do sector empresarial do Estado, acima dos 1000 euros, até 2013. Os salários do sector empresarial seguiriam naturalmente uma tal medida. Aliás, se tivéssemos moeda própria, a alternativa seria inevitavelmente proceder à sua desvalorização, o que teria os mesmos resultados práticos. Porém, se nada fizermos, corremos o risco de passar por uma quarentena fora do euro, o que provavelmente implicaria uma queda abrupta instantânea do nosso poder de compra na ordem dos 30%. O problema é pois mais de linguagem e de persuasão criativa, do que de substância. Até porque as duvidosas receitas de privatizações inscritas no PEC —6 mil milhões de euros— apenas taparão, se forem integralmente obtidas (o que duvido muitíssimo), quatro meses do nosso endividamento público galopante, ao mesmo tempo que reduzem a nada os poucos anéis que ainda temos no dedo mindinho.

O Capitalismo falido do Ocidente, que desde meados da década de 70 resolveu apostar na destruição das suas capacidades produtivas, exportando os respectivos negócios para as antigas colónias, e inventando ao mesmo tempo uma fórmula de crescimento económico baseada no endividamento dos estados, das empresas e das pessoas, começou agora a roer as unhas, ou pior ainda, a comer os seus próprios filhos, como Urano! Em contraponto, o capitalismo de estado de países como a China, Japão, Rússia, Arábia Saudita, etc., faz exactamente o contrário: protege as riquezas nacionais da voragem ruinosa e assassina dos especuladores individuais.

O problema de Portugal é pois muito grave, ao contrário do que a propaganda do sistema pretende fazer crer. A nossa dívida global cresce a um ritmo exponencial, correndo o sério risco de se tornar incontrolável. Vender os anéis e os dedos é como ir a uma casa de penhores dirigida por sádicos, sabendo que não recuperaremos as jóias de família. Confiar na emigração, como o discurso inconsciente de Jorge Sampaio claramente induz a pensar, é uma ilusão pura, que não compreende um facto histórico essencial: as mesadas coloniais que começaram em 1415, com a conquista de Ceuta, morreram definitivamente!

A partir de agora teremos que começar a trabalhar. Mas para isso teremos primeiro que correr com a corja que se governa em nosso nome.


OAM 699—13 Mar 2010 4:03 (última actualização 17:30)

terça-feira, janeiro 27, 2015

Socialistas afundaram Grécia e Portugal

Sem fiança possível

BCE antecipou-se à vitória do Syriza (para não perder a face)


Como se escreveu neste blogue, o BCE, para não perder a face, já avançou para taxas de juro negativas (NIRP), mais radical ainda do que a proposta do recém empossado ministro grego das finanças, Yanis Varoufakis (1), que, em 2013, defendia taxas de juro zero, sem maturidade.
 

Hoje, 27 de janeiro de 2015, a Espanha foi aos mercados e obteve dinheiro a juros de 0,018% e 0,137%. Capiche?

A renegociação das dívidas europeias está em curso há vários anos, sobretudo através de programas de estímulo sucessivamente anunciados pelo BCE (2). É por esta razão que seria conveniente separar o ruído ideológico das inúteis cagarras partidárias, e as táticas negociais dos governos e bancos centrais, do sumo da questão. E o sumo da questão é este: a Alemanha e a França são os maiores credores na teia de endividamento europeu (ver gráfico publicado pelo The New York Times em 2010), mas todos devem algo a alguém. Ou seja, um incumprimento total por parte da Grécia, ou de Portugal, Chipre, Espanha, etc., é impraticável, e mesmo impensável, porque desencadearia um imparável efeito de dominó. Há, aliás, países da Eurolândia em situação potencialmente mais dramática do que a da Grécia. Basta olhar para os três gráficos seguintes (clique para ampliar).

O endividamento público relativamente ao PIB é uma coisa...

O endividamento privado é outra...

E o endividamento público, empresarial e das famílias, 'per capita', outra!


Corrupção é uma coisa, acusar os povos de preguiça, outra bem diferente! 


É certo que a corrupção instalada, nomeadamente na Grécia, Espanha, Itália, ou Portugal, pelos níveis e descaramento atingidos, acabou por contrariar e fazer implodir a esperada convergência entre os países menos desenvovlidos da União Económica Monetária (zona euro) e os seus parceiros mais ricos. Ou seja, houve claramente países que perderam, mais do que ganharam, com a moeda única, enquanto outros claramente ganharam em quase todas as frentes.

Esta realidade, que os seguintes gráficos demonstram, não desculpa, porém, as elites corruptas que decisivamente contribuiram para o colapso financeiro e económico-social dos PIIGS. É neste sentido que os povos do sul da Europa devem dar aos partidos que os afundaram o mesmo tratamento que as eleições gregas acabam de dar ao PASOK, o cabotino e corrupto partido socialista  grego.

Antes do euro, o crescimento da Grécia era claramente mais acelerado do que o da Alemanha

A Alemanha beneficiou claramente com a moeda única


EMAIL RECEBIDO

Acrescento, a propósito da discussão grega, um apanhado de notas de Rui Rodrigues sobre o caso português.

O BCE salvou Portugal do pior em junho e agosto de 2014

A decisão do BCE de comprar dívida pública em 2015 vai criar mais confiança na economia portuguesa, por uma razão simples: o nosso país já não irá passar por um novo resgate, em 2015. 
  • Foi o BCE que salvou Portugal do 2º resgate, que poderia ter ocorrido em Junho. 
  • Foi o BCE que permitiu que Portugal, Grécia, Espanha e Itália voltassem aos mercados. 
  • Foi o BCE que salvou Portugal do colapso financeiro no mês de Agosto (dia 4 Agosto) ao resolver o colapso do BES

BCE inova com resolução do BES

A resolução do BES foi adoptada na Europa pela 1ª vez.

A solução aplicada em Chipre correu muito mal, sobretudo por se ter optado por forçar os depositantes pagar a crise dos bancos. Clientes com mais de 100 mil euros ficaram sem 60% dos depósitos. Devido a este erro, muitas pessoas ricas passaram a colocar parte do seu dinheiro em cofres.

Assim, e por intervenção do BCE, o BES foi dividido em Banco Mau e Banco Bom (o Novo Banco—sem dívidas).
O BCE decidiu ainda que a lista de interessados na compra do Novo Banco teria que ser apresentada até 31 de Dezembro deste ano.

É muito provável que sejam os chineses a comprar o Novo Banco.
Se este problema ficar resolvido no 2º trimestre de 2015, será uma grande vitória para o BCE.

Objetivos do Quatitative Easing à moda do BCE

Antes de descrever esta nova realidade convém saber algumas noções de economia.
A economia pode estar em expansão (crescimento) e no oposto existem 3 fases de decrescimento: 
  • Recessão - oposto ao crescimento. 
  • Deflação - É uma fase perigosa em que os preços começam a cair. Os consumidores podem adiar ainda mais tempo nas suas compras  na esperança dos preços caírem ainda mais. Existe o sério risco dos produtores irem à falência por não conseguirem vender os seus produtos e por consequência o desemprego por disparar. 
  • Depressão - Esta é a fase mais grave de todas. Os Estados Unidos já viveram essa tragédia em 1929 quando tiveram a grande depressão económica que provocou a falência de grande parte dos bancos e de empresas e o desemprego foi o mais alto de sempre.
A Europa está em deflação—crescimento quase nulo e inflação próxima do zero.

O objectivo do BCE é claro: aumentar a inflação para um valor abaixo dos 2%, mas próximo deste valor. 
PAra provocar este efeito, o BCE irá comprar 60 mil milhões de euros de dívida pública por mês, de Março a Setembro. A intervenção pode prolongar-se, caso os valores da inflação não venham a ser atingidos. 
O BCE vai comprar títulos de dívida aos bancos com a intenção de colocar e fazer circular mais dinheiro na economia. 
A objectivo final é fazer crescer a economia e evitar o perigo de deflação.


Alemanha e França financiam os PIIGS

Em Portugal os maiores devedores são as empresas, depois o Estado, e por fim as famílias. 
A empresa com a maior dívida é a EDP: mais de 18 mil milhões de euros e juros de 600 milhões de euros por ano. 
Segundo opinião do Deutsche Bank, a Espanha, Irlanda e Itália vão resolver os problemas das suas dívidas.
A Irlanda tem a dívida empresarial mais elevada mas chegou a esta situação porque os seus bancos se "meteram de cabeça" nos derivados tóxicos.

Irlanda, Espanha e Itália têm economias mais fortes, o que ajudará estes países a pagarem as dívidas. 
Os casos de Portugal e Grécia são semelhantes. Crescimento baseado no endividamento.

O Deutsche Bank já sugeriu uma possível solução para a Grécia: ficar de quarentena durante uns anos até melhorar a sua economia. Nesse intervalo passariam a ter duas moedas:
  • o Drakma para operações internas 
  • o Euro para as trocas externas

Quem tivesse euros no banco mantê-los-ia e as poupanças seriam assim protegidas.


Consequências da decisão do BCE


Uma das consequências da decisão do BCE é a desvalorização o euro relativamente ao dólar

Esta opção poderá aumentar as exportações da Europa e consequentemente o emprego.

Os Estados Unidos, através da Fed, e a Inglaterra, através do Banco de Inglaterra, conseguiram aumentar o emprego e passaram a ter crescimento económico depois de terem optado pela compra maciça de dívida pública.

Aqueles que são contra a decisão do BCE dizem que o sucesso dos Estados Unidos e Inglaterra ocorreram em condições diferentes e em alturas diferentes das actuais. Nos EUA foi em Novembro de 2008. Em Inglaterra foi há 6 anos. Por estas razões julgam que o êxito do BCE pode ser bem mais limitado que nos EUA e Inglaterra.

NOTAS
  1. Yanis Varoufakis: 'We are going to destroy the Greek oligarchy system' (Channel 4—vídeo)

    Novo ministro das Finanças grego defendia em 2013 taxas de juro zero e empréstimos sem maturidade
    27 Janeiro 2015, 12:12 por Jornal de Negócios
  2. Draghi’s Introductory Remarks at ECB Press Conference: Text
    Bloomberg. Jan 22, 2015 1:52 PM GMT+0000

    Based on our regular economic and monetary analyses, we conducted a thorough reassessment of the outlook for price developments and of the monetary stimulus achieved. As a result, the Governing Council took the following decisions:

    First, it decided to launch an expanded asset purchase programme, encompassing the existing purchase programmes for asset-backed securities and covered bonds. Under this expanded programme, the combined monthly purchases of public and private sector securities will amount to €60 billion. They are intended to be carried out until end-September 2016 and will in any case be conducted until we see a sustained adjustment in the path of inflation which is consistent with our aim of achieving inflation rates below, but close to, 2% over the medium term. In March 2015 the Eurosystem will start to purchase euro-denominated investment-grade securities issued by euro area governments and agencies and European institutions in the secondary market. The purchases of securities issued by euro area governments and agencies will be based on the Eurosystem NCBs’ shares in the ECB’s capital key. Some additional eligibility criteria will be applied in the case of countries under an EU/IMF adjustment programme.

    Second, the Governing Council decided to change the pricing of the six remaining targeted longer-term refinancing operations (TLTROs). Accordingly , the interest rate applicable to future TLTRO operations will be equal to the rate on the Eurosystem’s main refinancing operations prevailing at the time when each TLTRO is conducted, thereby removing the 10 basis point spread over the MRO rate that applied to the first two TLTROs.

    Third, in line with our forward guidance, we decided to keep the key ECB interest rates unchanged. 
Atualização: 27/01/2015, 20:38 WET

quinta-feira, dezembro 31, 2009

2010

Um bom ano de luta!

Bom Ano! (OAM)
Herdade do Freixo do Meio — flores, Nov. 2009 (Foto OAM).

O poder desloca-se rapidamente para a Ásia e para o Pacífico, deixando para trás 600 anos (1) de predominância absoluta e frequentemente terrível e arrasadora da Europa e do seu mais proeminente filho bastardo, os Estados Unidos da América.
ASEAN, Japan, China sign US$120 bil. reserve deal

TOKYO -- The Association of Southeast Asian Nations, together with Japan, China, and South Korea, signed an agreement to create a US$120 billion foreign-currency reserve pool.

The fund, known as the Chiang Mai Initiative, will”strengthen the region's capacity to safeguard against increased risks and challenges in the global economy,” the nations said in a joint statement released today. The countries announced the initiative in May.

Member nations will be able to tap the pool, formed within an existing framework of bilateral currency swaps, in times of turmoil to defend their exchange rates.

The International Monetary Fund arranged more than US$100 billion of loans to Thailand, Indonesia and South Korea after their currencies collapsed during the 1997-98 crisis. In return, governments were forced to cut spending, raise interest rates and sell state-owned companies.

The countries agreed in May that Southeast Asian nations will contribute 20 percent to the pool; Japan will provide US$38.4 billion while China and Hong Kong together will add another US$38.4 billion. South Korea's contribution will be US$19.2 billion, the members said. - in The China Post.

A América está falida e Obama foi humilhado em Copenhaga quando tentava fazer passar o embuste de uma nova bolha de derivados em volta da especulação bolsista global com as emissões de CO2 equivalente.
'Carousel' frauds plague European carbon trading markets

Why are mysterious UK businesses registering to trade carbon in Europe?

By Rowena Mason, City Reporter
Published: 6:07PM GMT 30 Dec 2009

It is a building site, formerly a derelict car park, in a deprived part of West London, where the neon glow of curry houses and late-night grocery stores could not be further from the wealth and glamour of London's financial markets.

Described as a "consulting" business, this is the address of a UK company that has signed up to trade carbon permits under the European Emissions Trading Scheme in Copenhagen. But there is no trace of its existence on the Companies House database. — in Telegraph.

Hoje, último dia de 2009, no Afeganistão, a águia imperial americana perdeu de uma assentada sete agentes da CIA. A Grande Depressão II promete novos episódios em 2010, 2011 e 2012. O grau de degradação a que chegaram os sectores político-financeiros europeu e norte-americano não tem limites!
Drug money saved banks in global crisis, claims UN advisor

Antonio Maria Costa, head of the UN Office on Drugs and Crime, said he has seen evidence that the proceeds of organised crime were "the only liquid investment capital" available to some banks on the brink of collapse last year. He said that a majority of the $352bn (£216bn) of drugs profits was absorbed into the economic system as a result. - in The Observer.

A possibilidade de a Grécia entrar em bancarrota não depende apenas da vontade da Alemanha. Depende, isso sim, da capacidade desta de acudir a um dominó de falências prestes a rebentar, formado por um número crescente de países: Islândia, Irlanda, Reino Unido, Grécia, Itália, Espanha, Portugal, etc. O petróleo começou de novo a subir, o que pode ser a gota negra que faltava para precipitar a estagflação que inevitavelmente ocorrerá depois de abandonada a actual e artificial deflação induzida na economia pelo FED e pela BCE, com as suas políticas de juros nulos, copiando a receita desastrosa que quase destruiu a outrora imparável economia japonesa.

Algumas centenas de milhar de portugueses andam com mais dinheiro no bolso, apesar do desemprego que em breve chegará aos 15-20%. Isto deve-se a um só motivo: a baixa artificial das prestações hipotecárias (2). Quando a Euribor inverter a sua actual marcha niilista, e começar a garimpar com a ganância que já hoje caracteriza a política de usura dos bancos comerciais nas suas relações com a indústria, o comércio e o consumo, então veremos quem continuará a passar férias na Tailândia, República Dominicana, México e Brasil.

Quando os desempregados perderem os subsídios a que têm direito e o Estado se mostrar incapaz de acudir à situação, então teremos uma verdadeira crise de regime (3), que muito provavelmente varrerá do mapa o indesejável Sócrates e o imprestável Cavaco. Se bem entendi a obscura mente de Santana Lopes, ele prepara-se para afastar o senhor Aníbal da próxima corrida presidencial. Alegre, se já percebeu o que o espera —ser o próximo presidente da república— só tem mesmo que se distanciar do actual pântano político-partidário, preparando-se para o enorme desafio que vai ter pela frente. Desejo-lhe, a ele, a todos os meus leitores, e ao país, um ano de luta e clarividência!


NOTAS
  1. Os oito anos que medeiam entre a conquista de Ceuta pelos portugueses, em 1415, e 1433, ano da sétima e última expedição marítima da frota chinesa de mais de 400 navios, conhecidos pelo nome de Treasure ships, comandada pelo almirante Zheng He (ou Cheng Ho), marcam simultaneamente o início da grande expansão ultramarina europeia e do fechamento e longo período de decadência que levaria a China —o Império do Grande Ming (1368-1644)— a perder o seu lugar de maior e mais avançado país do mundo, que ocupou durante vários séculos. Seiscentos anos depois, em 2015, a nova China quer voltar a ser a primeira potência mundial: em população, em produção industrial e desenvolvimento tecnológico, em frota marítima e comércio externo, em eficiência energética e sustentabilidade, no sector financeiro e... na obtenção de uma paridade militar regional, a que se seguirá o desejo natural de alcançar uma clara superioridade militar estratégica face a um Ocidente que decai a olhos vistos. Se não acontecer até 2015, ocorrerá até 2033!

  2. Prestação média do crédito à habitação já caiu 113 euros em 2009

    30.12.2009 - 12h33 (Lusa) — A taxa de juro no crédito à habitação caiu em Novembro para novo mínimo histórico, 2,077 por cento, assim como a prestação média vencida, que se fixou em 256 euros, menos 113 euros que no início do ano. — in Público.

  3. Os factores da crise de endividamento acumulam-se rapidamente, e os sinais sintomáticos são já evidentes. Alguns casos recentes: Leiria não consegue pagar o estádio de futebol que irresponsavelmente mandou construir sob o optimismo idiota do Bloco Central. Os autarcas descobriram agora que afinal não vão lucrar coisa alguma com a barragem do Tua, pois as contrapartidas da EDP vão direitinhas para o poço sem fundo do buraco orçamental do país inteiro (as receitas futuras já foram, aliás, inscritas como facto consumado no Orçamento de Estado e 2008!) A EDP desinveste na modernização e manutenção da rede eléctrica sob sua responsabilidade (média tensão), enquanto inunda a comunicação social de propaganda e espectáculo — os resultados desta gestão temerária ficaram a descoberto pelo recente temporal que atingiu o país, e em particular a região de Torres Vedras.


    Câmara de Leiria admite vender estádio construído para o Euro 2004

    29.12.2009 - 11:15 Lusa — Na sessão da Assembleia Municipal de Leiria e após ser interpelado por um membro do PSD que solicitou explicações sobre esta matéria, Raul Castro, independente eleito pelo PS, explicou que existem três hipóteses para o estádio.

    Manter a presente situação, sob a alçada da empresa municipal Leirisport, a venda a um investidor privado e passar a sua gestão para a União Desportiva de Leiria são, neste momento, as possibilidades em estudo.

    Raul Castro declarou hoje que entre serviço da dívida e despesas próprias de manutenção” o estádio está a custar “cerca de cinco mil euros dia”, reconhecendo que se as circunstâncias se mantiverem a autarquia vai continuar a ter naquela espaço “um sorvedouro de dinheiro que devia ser aplicado noutras obras”.

    Nesse sentido, através da venda deste equipamento, a autarquia pode “recuperar muito do investimento que ali está feito”.

    Quanto à possibilidade de transferir a manutenção e exploração do estádio para o clube, o presidente da Câmara Municipal de Leiria reconheceu ser, neste momento, a hipótese mais remota.


    Municípios não vão lucrar com barragem do Tua


    Os autarcas dos concelhos onde vai ser construída a barragem do Tua, Carrazeda de Ansiães e Alijó, reivindicam uma renda de 3% sobre a produção de energia. Uma compensação pelo aproveitamento dos recursos locais.

    A Câmara de Carrazeda de Ansiães já recebe anualmente cerca de 300 mil euros referentes a 3% líquidos sobre a produção energética da barragem da Valeira, instalada no rio Douro. E por isso também quer beneficiar de igual percentagem em relação ao que se vier a produzir na futura barragem do Tua. Só que o autarca, José Luís Correia, adianta, com base em informações recolhidas junto de responsáveis da EDP, que aquela verba, na ordem de um milhão e meio de euros, vai reverter a favor do Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB). in Jornal de Notícias.


    Investimento feito pela EDP em nova rede e na conservação da existente tem vindo a abrandar


    30.12.2009 - 07h36 -- A EDP Distribuição abrandou o ritmo de investimento nos últimos anos em nova rede e na conservação da existente e viu crescer, por outro lado, o valor das indemnizações pagas aos consumidores.

    Os dados fornecidos pela empresa indicam que o investimento em nova rede de distribuição cresceu entre 1999 e 2005, passando de 230 milhões para 404 milhões de euros, mas desde há quatro anos travou o esforço nesta área. Em 2008, ficou em 304 milhões de euros e a tendência é para prosseguir nesta linha: no próximo triénio, prevê um investimento anual de 230 milhões de euros.

    Quanto à conservação da rede existente, registou um pico em 2002, com 465 milhões de euros de investimento, um valor que não voltou a igualar. Em 2008, ficou em 137 milhões de euros, no ano anterior tinham sido 146 milhões.

    Também foi em 2008 que a EDP Distribuição contrariou o caminho percorrido na última década: o tempo de interrupção do serviço na média tensão aumentou em vez de descer, passando de 109 minutos/ano para 113,4 minutos. Em contrapartida, no ano passado, pagou mais de meio milhão de euros de compensações aos consumidores, o que representa um aumento de 68 por cento, ao arrepio de anos anteriores. in Público.


    Tribunal de Contas "chumba" contas públicas de 2008


    O relatório da Conta Geral do Estado de 2008, hoje entregue pelo Presidente do Tribunal de Contas, Guilherme de Oliveira Martins, apresenta, uma vez mais, um imenso rol de críticas à gestão dos dinheiros públicos. Mas adopta um tom ainda mais duro. Em resumo: não é possível confirmar com rigor nem o valor da receita, nem da despesa, nem o do património do Estado.

    ... O TC aponta ainda o dedo ao modo como foi contabilizada a receita “excepcional, não repetível e não inicialmente prevista no Orçamento” proveniente das concessões de barragens, pelo valor global de 1.382,5 milhões de euros, sendo que 521,2 milhões de euros “foram consignados pelo Governo a despesas não directamente relacionadas”. — in Jornal de Negócios.


OAM 667 31-12-2009 21:00 (última actualização: 01-01-2010 19:13)

quarta-feira, julho 01, 2009

Crise Global 68

Quem disse que a crise acabou?!

A Auto-Europa pode mesmo fechar, no Outono ou no Inverno deste ano. Por isso anda José Sócrates que nem uma barata a falar de carros eléctricos! A partir de Agosto vamos assistir a novos e preocupantes sinais de que a crise veio para durar — talvez uns vinte anos!!

A crise e as eleições

01/07/09 00:03 | Vital Moreira — Os recentes indícios, tanto lá fora como internamente, de que a crise económica global pode ter passado o seu pior e que o início da recuperação pode estar próximo, é um dado novo que vai ter seguramente impacto nas eleições parlamentares de Setembro. — in Económico.


Governo: Optimismo face a indicadores divulgados pelo INE
. Ministro decreta o fim da crise

"...como os indicadores têm vindo a acentuar, a crise está a atenuar-se" — Teixeira dos Santos, ministro das finanças de Portugal.

De acordo com os Inquéritos de Conjuntura às Empresas e aos Consumidores, ontem apresentados pelo INE, o indicador de clima económico aumentou nos últimos dois meses, interrompendo o acentuado movimento descendente que se registava desde Maio de 2008.

Segundo o INE, em Junho deste ano, os indicadores de confiança apresentaram uma evolução positiva na construção e obras públicas, comércio e serviços, e um 'ligeiro abrandamento' na indústria transformadora. O mesmo documento revela que o indicador de confiança dos consumidores 'continuou o movimento ascendente iniciado em Abril'. — in Correio da Manhã (30-06-2009).

Alguns bons artigos (1) vêm desmontando a euforia artificial dos analistas a soldo, governos e sobretudo especuladores que não só foram incapazes de prever a crise provocada pelo gigantesco esquema piramidal (Ponzi) da especulação bolsista —nos mercados imobiliários, nas moedas (FOREX) e sobretudo nesse monumental e longe de ser abafado buraco negro conhecido por Mercado de Derivados (Derivatives) (2)—, como se afundaram nela em grandes e espectaculares mergulhos suicidas! Os casos dramáticos abundam e vão continuar a brotar do lamaçal em que o Capitalismo neoliberal se transformou.

A crise do até agora sub-avaliado endividamento excessivo norte-americano, japonês e europeu, que deu lugar a uma economia criminosa de casino —onde o declínio da produção material e a deterioração das balanças comerciais pariram uma economia virtual de liquidez aparente e globalização do crime económico—, está longe de ter chegado ao fim. De facto, apenas começou a revelar as suas ameaçadoras entranhas! O que aí vem será bem pior, e atormentará os países ocidentais pelo menos até 2020, ou mesmo 2030.

Endividados até ao tutano, os países desenvolvidos (EUA, União Europeia, Japão, etc.) dificilmente encontrarão o capital e as energias para proceder à —por sua vez inadiável— mudança dos paradigmas energético e social das suas economias. Foi este simples facto, e não as divergências manifestas entre as araras do governo debilmente socialista de José Sócrates e a actual liderança do PSD, que acabou com o TGV, o NAL da Ota em Alcochete e a Terceira Travessia sobre o Tejo. Mais, duvido até que as anunciadas novas autoestradas e as barragens assassinas da EDP (capitaneada pelo fátuo Mexia) cheguem a ver a luz do dia nas próximas décadas.

Dentro em breve os cofres do Estado português estarão vazios, e nenhum banqueiro, por mais corrupto que seja, ou serviçal a soldo da maioria de momento, se atreverá a emprestar um euro que seja a um país falido. Os spreads entre os juros negativos do BCE e os juros punitivos que os PIGS já estão a pagar por qualquer novo euro que entre em Portugal, Itália, Grécia e Espanha, tornar-se-ão rapidamente insuportáveis. Ou seja, a hiper-inflação vem a caminho e desaguará em breve nas nossas economias — ainda que sob um disfarce até agora desconhecido.

Adeus, portanto, grandes investimentos públicos cujo impacto dominante seja aumentar apenas e mais o nosso já descomunal endividamento. Adeus empresários chulos, adeus burguesia burocrática, adeus construtoras preguiçosas e cada vez mais inúteis ao futuro da economia portuguesa. Adeus José Sócrates. Cuidado PS!

Há dois ou três anos que insisto nesta tecla, mas só agora a prova provada começou a ganhar forma. Mais vale tarde que nunca.

A próxima bomba da actual crise irá começar a deflagrar a partir de Agosto e ao longo de todo o ano de 2010. Trata-se da quase inevitável crise social que o fim dos prazos de vigência dos subsídios de desemprego causará à já pré-catastrófica situação de desemprego e falta de emprego na generalidade dos países europeus. O Welfare State que tantos admiradores criou em todo o mundo está gravemente doente. Sobreviverá a esta crise?

Uma medida que vem sendo proposta e poderá tornar-se inevitável no futuro —como meio expedito de aliviar os estados europeus da pressão política explosiva exercida pelo colapso económico-financeiro e social em curso— é a criação em toda a Europa (aliás, em todo o Mundo!) de um Rendimento Pessoal Garantido (Basic Income), abrangendo todas as pessoas maiores de idade, sem emprego, desempregadas ou condenadas ao regime intolerável do trabalho temporário. Ou seja, é preciso, primeiro, estancar a hemorragia social. E só depois lançar novas estratégias de reestruturação das economias, i.e. dos seus sistemas de produção, troca e consumo.


NOTAS

  1. O pior já passou? Um "sim" ecoa afoito no mundo dos negócios

    O endividamento em que vem se enredando os Estados Unidos e os outros países do centro e da periferia, na ilusão de assim driblarem a crise, é a bolha do momento. O que são as bolhas se não a geração de capital sem substância, seja pelo mercado, pelo Estado ou simultaneamente pelos dois pólos da sociedade da mercadoria? Isso mostra a impossibilidade do capitalismo em crise terminal desde os anos 80, sustentar-se sem produzir montanha de capital fictício. A expansão monetária global que ora assistimos para segurar a economia, à custa do endividamento dos estados e sem precedente na história do capitalismo, jamais será paga com parcelas de mais valia futura transformada em impostos.

    ...Quando o peso da dívida aumentar o risco de colapso dos estados sem condições fiscais de resolverem o problema do déficit orçamentário, as emissões fiduciárias continuam e a inflação surgirá galopante para infringir a sociedade, principalmente às populações desprotegidas, a fúria do "terceiro cavaleiro do apocalipse". Por enquanto este se mantém a espreita, esperando o momento oportuno para cavalgar cuspindo fogo em todas as direções. — in Rumores da Crise.


    Global systemic crisis in summer 2009 — the cumulative impact of three «rogue waves»


    As anticipated by LEAP/E2020 as early as October 2008, on the eve of summer 2009, the question of the US and UK capacity to finance their unbridled public deficits has become the central question of international debates, thus paving the way for these two countries to default on their debt by the end of this summer.

    At this stage of the global systemic crisis’ process of development, contrary to the dominant political and media stance today, the LEAP/E2020 team does not foresee any economic upsurge after summer 2009 (nor in the following 12 months). On the contrary, because the origins of the crisis remain unaddressed, we estimate that the summer 2009 will be marked by the converging of three very destructive « rogue waves », illustrating the aggravation of the crisis and entailing major upheaval by September/October 2009. As always since this crisis started, each region of the world will be affected neither at the same moment, nor in the same way. However, according to our researchers, all of them will be concerned by a significant deterioration in their situation by the end of summer 20094.

    This evolution is likely to catch large numbers of economic and financial players on the wrong foot who decided to believe in today’s mainstream media operation of “euphorisation”.

    LEAP/E2020 believes that, instead of « green shoots » (those which international media, experts and the politicians who listen to them kept perceiving in every statistical chart6 in the past two months), what will appear on the horizon is a group of three destructive waves of the social and economic fabric expected to converge in the course of summer 2009, illustrating the aggravation of the crisis and entailing major changes by the end of summer 2009... more specifically, debt default events in the US and UK, both countries at the centre of the global system in crisis. These waves appear as follows: 1. Wave of massive unemployment: Three different dates of impact according to the countries in America, Europe, Asia, the Middle East and Africa 2. Wave of serial corporate bankruptcies: companies, banks, housing, states, counties, towns 3. Wave of terminal crisis for the US Dollar, US T-Bond and GBP, and the return of inflation. — in Global European Anticipation Bulletin/ GEAB.


    John Mauldin's Outside the Box on The Casey Report's "A 20-Year Bear Market?"

    A roughly 80 year cycle has been repeating itself for centuries in the Anglophile world, broken up into four generations or turnings. We have begun what Howe called many years ago The Fourth Turning. — John Maulding.


    A 20-Year Bear Market?
    By David Galland, Casey Research

    In November of 1997, my partner and co-editor of The Casey Report, Doug Casey, wrote an article titled "Foundations of Crisis," which leaned heavily on the research of Neil Howe and the late William Strauss.

    Howe and Strauss have written many books on how generations determine the course of history and how they will shape America's future. Their forecasts on a wide variety of indicators have turned out to be amazingly accurate. They were among the first to predict (back in the late 1980s) the rise of Boomer-driven culture wars and the simultaneous rise of Gen-X-driven free agency and distrust of government. And they were completely alone back then in predicting, for the post-X "Millennial Generation" (a label they coined), a decline in youth crime and risk taking and an increase in youth civic engagement that would first become apparent around the year 2000. Guess what? For the last ten years, everyone has been noticing exactly these trends among teens and 20somethings.

    Howe and Strauss also made extensive predictions, based on generational aging, on how America's entire social mood would likely change, in dramatic fashion, during our current 2000-2010 decade. To quote Doug's prescient 1997 article, which was reprinted in Outside the Box late last year...

    "... an excellent case can be made the U.S. is approaching another time of secular crisis, a Fourth Turning, with an expected due date of 2005 – seven years from now – plus or minus a few years in either direction.

    The Stamp Acts catalyzed the American Revolution, the election of Lincoln catalyzed the Civil War, the Crash of '29 catalyzed the Depression/WW II era. What might precipitate the elements now floating in solution? The answer is practically any random event that's sufficiently traumatic. Any of the theses of current disaster/action novels and movies will do nicely. Perhaps the accidental or intentional release of a super plague vector. The crashing of an airliner into the Capitol during a joint session. An all-out assault on the IRS computers by an armed group – or perhaps the computers just melting down due to the Year 2000 Problem. Perhaps a financial disaster that cascades into the Greater Depression. In any of these, or a hundred other scenarios, the federal government would almost certainly act precipitously and with a heavy hand, which would bring on a whole other set of consequences.

    There's no way of telling where the Crisis will lead, or how it will end. That's going to depend not only on exactly who's in control, but what they do, who they're up against, and a hundred other variables we can't even anticipate.

    One thing that seems certain is that real crisis brings out strong leadership. Because of its age and size, it will come from the Boomer generation, and it will be in the mold of Roosevelt or Lincoln – both very dangerous precedents. The boomers in elderhood will be dogmatic, harsh, puritanical, and quite willing to burn down the barn in order to destroy whatever rats they see. Admix that attitude to a time resembling the Revolution, the Civil War, or WW II, overlain with today's ethnic strife, urbanization, financial overextension, and powerful, compact new weaponry in the hands of foreign fanatics out to teach the Great Satan a lesson and it's a real witch's brew.

    As eye-opening as Doug's predictions were, they brought us only to the onset of the current crisis. Consequently, we thought it both timely and important to check back with the source of much of the research he relied on. And so it was that I spent several hours talking with Neil Howe, co-author of the seminal work on generational cycles, The Fourth Turning, and, just recently, the subject of the DVD "The Winter of History." Howe is not just an historian, but also a Washington DC-based economist and demographer. While our conversation covered a great many topics, the overriding focus was on how things are likely to unfold from here.

    Many bullish readers won't be thrilled to hear Howe's latest findings about the future, but given his predictive track record, dismissing them out of hand could be a costly mistake.

    The summary outlook, according to Howe, is that we are in the very early stages of a 20-year period of economic and institutional upheaval – an era denominated by a crisis during which we'll likely witness the tearing down and reconstruction of many aspects of society as we know it. — in John Mauldin's Outside the Box.


    Green Shoots or Green Observers?
    By Ann Pettifor.

    (...) The latest cliché off the economic jargon production line is “Green Shoots of Recovery”. With governments having laid liberal amounts of fertiliser – in the forms of handouts, budget deficits, slashed interest rates and “quantitative easing” (another new piece of jargon for giving good money to bad lenders in return for bad assets) – they now report signs of economic recovery sprouting like alfalfa everywhere. — in Debtonation.


    No, the Recession is Not Over
    . By Ann Pettifor - 11th June 2009 - For the Guardian Online.

    A banker, Alan Clarke of BNP Paribas, citing a NIESR report, confidently tells the Guardian that the recession is over. Should we take the word of any banker – especially one that claims to be an economist – seriously?

    Given that the economics profession was blind-sided by the ‘debtonation’ of 9th August, 2007, I am deeply sceptical. Second, given that this is a banker-induced recession; that reckless and often fraudulent behaviour by bankers led to a loss of $60 trillion of yours and my wealth (in the form of pensions, equities, lost interest on savings, and lost income from job losses) last year, should we believe a banker’s particular spin on the crisis?

    (...) So, while it must be accepted that the economy seems to have slowed its freefall into the abyss; that there are now fewer jobs to lose and fewer businesses to go bust – there is no real cause for confidence in sustained, or even halting recovery. The real economic outlook remains grim.

    All G-7 economies will report negative growth in 2009 for the first time in 100 years, according to the Economist Intelligence Unit’s Senior Vice-president, Dr. Daniel Thorniley in a report to the EIU’s corporate network.

    (...) Foreign direct investment could fall globally by 45% this year, according to the same report, and corporate profits will decline by 20-25%. Global trade is down 25%, and the EIU predicts trade will be down by 10-15% by year end – the worst figure since 1945. — in Debtonation.


    Ignore the scaremongers... Watch out for the truly scary. By Ann Pettifor — 9th June 2009.

    (...) First: 23.6 million Americans out of work, or forced into part-time work. That is truly scary. 23.6 million Americans short of cash, unable to pay off debts; and unable to finance mortgages. 23.6 million Americans citizens that do not participate in the nation’s economic life, and are disillusioned and angry. Many will be devastated, prepared to self-medicate with alcohol or drugs, and many thousands will act out their rage and humiliation. These citizens do not pose a threat just to themselves, to their families and to society. They also pose a threat to the finance sector — because they will default on debts. The Mortgage Bankers Association’s report of record increases in delinquencies and foreclosures by those with prime mortgages is but one example of the impact of unemployment on the banks. To all those bankers celebrating their taxpayer-funded profits that must be truly scary.

    Second: a 40% rise in business bankruptcy filings in May. Small, medium and large businesses destroyed, economic capacity wasted, hopes destroyed, jobs lost. That’s scary.

    Third: a collapse in investment in the first quarter of 2009. According to Global Insight “real spending on equipment and software plummeted 33.8%, the largest percentage drop since the first quarter of 1958.” Green shoots when investment plummets furthest in 50 years? Without investment, there is no future for new economic activity, for green technology, for an end to job losses — for economic hope. — in Debtonation.


    Talk to the Fabian Forum: The Global Financial Crisis: How bad will it get? By Steve Keen. Debtwatch, Money dynamics, RBA. Published in April 13th, 2009.


    Eurozone Meltdown - Eight Scenarios how the unthinkable might happen. Euro Intelligence
    , Briefing Note Nº1, 3, April 2009.

    We have long dismissed the probability of a breakup of the euro area as idle talk among the chattering classes and speculators. Anyone who would have placed a bet on this proposition would have lost heavily during the first ten years of the euro’s existence. The financial crisis and the way European governments responded to it have changed the odds in our view. We still believe a breakup of the euro area to be unlikely, but the probability is no longer trivial. This is still true after the stock market rally in March 2009 and the ensuing temporary fall in risk aversion among investors. The danger is not over. The aim of this briefing note is to assess this probability in some detail.


    A Tale of Two Depressions

    ... the world is currently undergoing an economic shock every bit as big as the Great Depression shock of 1929-30. Looking just at the US leads one to overlook how alarming the current situation is even in comparison with 1929-30. — in Voxeau.


  2. The $700 trillion elephant. By Thomas Kostigen. MarketWatch. Published in March 6, 2009.

    SANTA MONICA, Calif. (MarketWatch) -- There's a $700 trillion elephant in the room and it's time we found out how much it really weighs on the economy.

    Derivative contracts total about three-quarters of a quadrillion dollars in "notional" amounts, according to the Bank for International Settlements. These contracts are tallied in notional values because no one really can say how much they are worth.


    Banks brace for derivatives 'big bang'
    Credit default swap dealers are cleaning up a dark corner of the derivatives market, but the risk of a blowup remains. By Colin Barr, senior writer. Last Updated: April 8, 2009: 3:45 AM ET (CNNMoney.com)

    U.S. commercial banks' net current credit exposure -- a measure used by regulators to estimate possible losses on outstanding derivatives contracts -- more than doubled last year, to $800 billion, the Office of the Comptroller of the Currency said last month. Total credit exposure, which reflects how derivatives exposure could rise over time, hit $1.58 trillion - up 50% from 2007 levels and in line with the 2006 all-time high.

OAM 596 01-07-2009 18:00

segunda-feira, fevereiro 21, 2011

FMI

Geração à Rasca têm melhores antecedentes do que Vicente Jorge Silva pensa...



Vale a pena ouvir este extraordinário libelo de um artista contra a miséria democrática e o pântano cultural a que uma certa corja financeira e partidária conduziu o país. José Mário Branco está muito mais próximo das gerações “rasca” (X) e “à rasca” (Y) do que muita gente do tempo de Vicente Jorge Silva e da minha (um pouco mais nova) geração — cujo conforto herdado sem esforço de uma ditadura podre, mas poupada e com poupanças, se vê agora exposto como um acto de dilapidação histórica de recursos e oportunidades. Andámos distraídos. Confiámos demasiado em economistas de bolso e penduras de toda a espécie. O resultado está à vista. Muitos de nós fizemos asneira sem intenção dolosa, e até sem proveito próprio, mas a verdade é que deixámos o país caminhar para a ruína. Mais vale acordar agora deste pesadelo, e fazer o que tem que ser feito, do que permanecermos na cobardia porreira, irresponsável e oportunista.

A entrada do Fundo Europeu de Estabilização Financeira, do BCE e do FMI em Portugal é não só inevitável, como necessária, pois doutro modo, o saque actualmente em curso por parte das ratazanas que correm pelos corredores, prateleiras e fundos ainda fornecidos deste moribundo regime demo-burocrático, será mais catastrófico para todos nós e para os nossos filhos, netos e bisnetos. Teremos pela frente, no mínimo, cem anos de vergonha e solidão.

Ainda hoje li no Expresso um alarve da EDP ameaçar o país a propósito dos devaneios eólicos da empresa que o cabotino Mexia conduziu ao sobre endividamento (um passivo de mais de 29 mil milhões de euros).

A EDP, apesar deste descomunal endividamento, ainda vale alguma coisa, ao contrário da TAP, e é por isso que cairá um dia destes no papo de uma grande energética espanhola, alemã ou chinesa. É o preço de ter embarcado num processo de expansão encostado à especulação bolsista e a uma das várias tetas, hoje secas, do orçamento do Estado português. É o preço de se ter atravessado numa tecnologia que vive à conta dos impostos de dois países igualmente falidos: Portugal e os Estados Unidos. É o preço de não ter percebido a tempo que o mercado de emissões de CO2 equivalente não passou afinal de uma tentativa falhada de criar uma nova bolha especulativa que sucedesse à bolha imobiliária mundial e de alguma forma atenuasse o efeito devastador, e de duração desconhecida, do buraco negro dos derivados financeiros (cujo valor nocional supera em mais de dez vezes o PIB mundial).

Pois bem, a EDP, tal como a Mota-Engil, o BES e o Grupo Mello, entre outros, continuam a berrar pelas tetas orçamentais, mais do que todos os sindicatos juntos. Querem dinheiro! E os sindicatos? E nós? Vamos deixar que o capitalismo imbecil e clientelar, que não há meio de aprender que o colonialismo e a chulice autoritária acabaram, prossiga a sua tarefa assassina e suicida de liquidar Portugal?!