A apresentar mensagens correspondentes à consulta Grécia quarentena ordenadas por relevância. Ordenar por data Mostrar todas as mensagens
A apresentar mensagens correspondentes à consulta Grécia quarentena ordenadas por relevância. Ordenar por data Mostrar todas as mensagens

sábado, março 13, 2010

Portugal 172

Quando se revoltará a classe média?

O enviado especial das Nações Unidas para a Luta Contra a Tuberculose, Jorge Sampaio, afirmou hoje, no Porto, que "faltam quatro milhões de profissionais de saúde no mundo", principalmente nos países que mais necessitam deles.

…Jorge Sampaio disse ainda que os portugueses devem "relativizar" os problemas que estão a viver com a actual crise, porque muitos outros povos estão a enfrentar situações bastante piores. — in Público (12.03.2010)

Só faltou ao antigo presidente da república acrescentar que os actuais e futuros desempregados do Serviço Nacional de Saúde português têm um emprego à sua espera no Malawi, na Etiópia, no Ruanda, no Zimbabwe, no Haiti, e noutras paragens semelhantes. O devaneio do "enviado especial" não poderia ser mais inoportuno e sujeito às piores interpretações. Se o "enviado" acredita que a receita de sempre —expulsar os portugueses da sua terra e dos seus empregos, pondo-os a render no ultramar ou nos aviários da Irlanda— voltará a dar patacas que cheguem para alimentar o bordel lusitano, desengane-se! A nomenclatura indecorosa que depois de 35 anos de democracia populista levou Portugal à ruína, colocando-o de novo à beira de um colapso de regime, tem que começar a contar pelos dedos —já que há muito perdeu a faculdade de usar o intelecto.

Aquilo a que estamos neste momento a assistir, com a colaboração dissimulada de todas as seitas do actual sistema partidário, é a um endividamento sem precedentes do Estado, ao roubo sem limites do património nacional, e à sangria assassina da escassa poupança acumulada de milhões de portugueses, pela via fiscal directa e indirecta. As receitas da emigração fazem ainda parte desta expropriação sem precedentes da riqueza produzida por muitos de nós.

"Porque é que o Banco de Portugal vende o ouro da República?" — pergunta Jorge J. Landeiro de Vaz, Professor do ISEG/UTL, num artigo publicado pelo Expresso em 5 de Junho de 2009.

Em 1971 as reservas de ouro do Banco de Portugal ascendiam a 818,3 toneladas; em 2001, ou seja 30 anos depois, ainda eram 606,7 tons. mas em Março de 2009 já só existem à guarda do Banco de Portugal 382,5 tons. Porquê?

Será que alguém explica aos Portugueses porque é que em 38 anos a democracia fez voar 435,8 tons de ouro, herdadas do "fascismo" e do "colonialismo", ou seja  53%  daquelas  reservas.

Alguém explica aos Portugueses porque é que nos últimos 8 anos foram vendidas 224,2 tons de ouro; ou seja nos últimos 8 anos, o Portugal da zona euro vende alegremente, em média 28 tons de ouro por ano. A  este ritmo, dentro de 14 anos não haverá ouro no Banco de Portugal.

... Num contexto de empobrecimento económico e endividamento público e privado, o ouro do Banco de Portugal não pode ser visto como activo de liquidação, mas como reserva de soberania. Há uma responsabilidade intergeracional que o exige. Deixemos esse património aos nossos filhos e teremos feito alguma coisa por eles, pelo menos como penhor dos passivos que airosamente lhes vamos legar.

Ainda que admitamos que valor total das reservas de ouro sejam ligeiramente mais elevadas —407,5 toneladas— o resultado assustador não deixa de ser este: aos preços de hoje (805,72 euros a onça troy), uma tal reserva de ouro, que valerá qualquer coisa como 10 556 082 233 euros, não chega a 7% da nossa dívida pública: 164 879 600 000 (OE2010).

Resumindo a grosso modo, a situação portuguesa, que nos aproxima efectivamente da Grécia, apesar dos protestos de quem quer sacudir a água do capote (Teixeira dos Santos, Sócrates, Cavaco Silva...), é esta:
  • PIB previsto para 2010 (OE2010) = 167 367 100 000
  • endividamento das famílias em % do rendimento disponível (2001) = ~96
  • défice externo (anual) em % do PIB (2008) = -10,6
  • divida externa líquida em % do PIB = >100
  • dívida externa bruta em % do PIB (2008) = >200
  • dívida pública em % do PIB (2008) = >108
  • divida pública + divida privada em % do PIB (2007) = ~300
  • dívida externa em % das exportações = ~700
  • taxa de crescimento do PIB (previsão para 2010-2013) = <1%
  • taxa de desemprego oficial (dez. 2009) = 10,2% (567,7 mil desempregados/ procura de emprego)
  • taxa efectiva de desemprego (dez. 2009) = 12,7% (716,9 mil desempregados/ procura de emprego)
  • emigração (1992-2003) = 330 741
Entretanto, o PEC prevê alienar bens públicos —TAP, ANA, CTT, REN, seguradora da CGD, e participações accionistas minoritárias na EDP, Galp e Cahora Bassa— no valor de 6 mil milhões de euros. Se a privatização de certas actividades de exploração (CTT, TAP, CP e Metro) são no limite toleráveis, o mesmo não sucede com a privatização de monopólios e quase monopólios estratégicos, como sejam a ANA, EDP e REN. Alienar o único banco de Estado, ainda que apenas e para já o seu ramo de seguros, é de uma irresponsabilidade bestial! O que está em curso, e não vai parar, a menos que a classe média resolva revoltar-se (e tem meios para tal), é o saque sistemático e inglório da riqueza nacional pública e privada — pela via das privatizações, pela via da punção fiscal, e ainda por via da inflação que não tardará a chegar. Que seja o Partido Socialista a dar este derradeiro passo no longo e fracassado programa neoliberal de privatização do Estado, inaugurado por Reagan e Thatcher, não deixa de ser um epílogo no mínimo obsceno.

O país está falido, é certo. Mas então façamos uma desvalorização criativa da moeda! Como? É simples: reduzamos em 10% os vencimentos da Função Pública e do sector empresarial do Estado, acima dos 1000 euros, até 2013. Os salários do sector empresarial seguiriam naturalmente uma tal medida. Aliás, se tivéssemos moeda própria, a alternativa seria inevitavelmente proceder à sua desvalorização, o que teria os mesmos resultados práticos. Porém, se nada fizermos, corremos o risco de passar por uma quarentena fora do euro, o que provavelmente implicaria uma queda abrupta instantânea do nosso poder de compra na ordem dos 30%. O problema é pois mais de linguagem e de persuasão criativa, do que de substância. Até porque as duvidosas receitas de privatizações inscritas no PEC —6 mil milhões de euros— apenas taparão, se forem integralmente obtidas (o que duvido muitíssimo), quatro meses do nosso endividamento público galopante, ao mesmo tempo que reduzem a nada os poucos anéis que ainda temos no dedo mindinho.

O Capitalismo falido do Ocidente, que desde meados da década de 70 resolveu apostar na destruição das suas capacidades produtivas, exportando os respectivos negócios para as antigas colónias, e inventando ao mesmo tempo uma fórmula de crescimento económico baseada no endividamento dos estados, das empresas e das pessoas, começou agora a roer as unhas, ou pior ainda, a comer os seus próprios filhos, como Urano! Em contraponto, o capitalismo de estado de países como a China, Japão, Rússia, Arábia Saudita, etc., faz exactamente o contrário: protege as riquezas nacionais da voragem ruinosa e assassina dos especuladores individuais.

O problema de Portugal é pois muito grave, ao contrário do que a propaganda do sistema pretende fazer crer. A nossa dívida global cresce a um ritmo exponencial, correndo o sério risco de se tornar incontrolável. Vender os anéis e os dedos é como ir a uma casa de penhores dirigida por sádicos, sabendo que não recuperaremos as jóias de família. Confiar na emigração, como o discurso inconsciente de Jorge Sampaio claramente induz a pensar, é uma ilusão pura, que não compreende um facto histórico essencial: as mesadas coloniais que começaram em 1415, com a conquista de Ceuta, morreram definitivamente!

A partir de agora teremos que começar a trabalhar. Mas para isso teremos primeiro que correr com a corja que se governa em nosso nome.


OAM 699—13 Mar 2010 4:03 (última actualização 17:30)

sexta-feira, janeiro 06, 2012

A morte prematura do euro?

Imagem retirada do sítio The Ignorant Fishermen
2012 poderá ser o ano do Armagedão, e até o ano do fim do mundo, mas não o ano da morte do euro!

O euro permanece “muito forte” e uma queda maior ajudaria as exportações, defendeu o governador do Banco de França, Christian Noyer — in Jornal de Negócios online, 6 jan 2012.

Através da desvalorização deslizante do dólar, Washington procura diminuir o preço da sua descomunal dívida externa, refreando ao mesmo tempo o consumismo interno, uma vez que a parte das importações na economia dos EUA é cada vez mais pesada, a começar no petróleo importado, até quase tudo o que é mercadoria manufaturada: carros, computadores, telemóveis, mobiliário, roupa e calçado, brinquedos, etc.

Esta desvalorização da moeda americana (que é uma moeda de reserva mundial), a par de um política de destruição sem precedentes das taxas de juro interbancárias e do crédito a retalho, principais agentes da própria desvalorização do dólar, visa sobretudo equilibrar a balança comercial americana com a China, Japão e com os seus principais fornecedores de petróleo: Canadá, Arábia Saudita e México.

A desvalorização da moeda americana induziu, por sua vez, uma valorização excessiva do euro, segunda moeda de reserva mundial. E a consequência desta apreciação foi a perda acentuada de competitividade das economias europeias, sobretudo daquelas com menor produtividade tecnológica e menor sofisticação de produtos. Esta apreciação tornou as importações muito competitivas e atraentes, pelo seu baixo preço. O Forex especulativo com as subavaliadas moedas japonesa e americana (yen carry-trade e dollar carry-trade), por sua vez, forçou uma queda progressiva do preço do dinheiro na própria Europa, tornando o acesso ao crédito cada vez mais irresistível, e o trabalho produtivo local cada vez mais caro e desinteressante por comparação com as novas economias financeiras assentes no endividamento barato, na especulação bolsista e sobretudo cambial, e na importação de bens e serviços faturados em moedas sub-avaliadas: iene, yuan e sobretudo a moeda em que são cotadas as principais matérias primas energéticas, minerais e alimentares: o US Dollar.

O endividamento europeu não é apenas, nem sobretudo, público.

O endividamento privado é muito superior, e ambos confluíram para a presente e gravíssima crise de liquidez e de insolvência que aflige pessoas, empresas e governos. Os excessos terão que ser forçosamente corrigidos, assim como, e principalmente, o modelo de crescimento económico baseado na especulação financeira que tudo incha e depois liquida.

Neste contexto, uma desvalorização competitiva do euro, até aos 1,20 dólares, será provavelmente aconselhável, a par de uma revisão sábia do modelo social europeu, e de uma revolução no modo de produção tecnológico em curso, que terá que sofrer uma viragem de 180 graus — do consumismo desmiolado e da produção fictícia, para a sustentabilidade económica efectiva e uma nova cultura de criatividade e partilha social.

O ponto de partida para esta revolução não poderá deixar de corresponder a uma profunda alteração das atuais democracias representativas e seus sistemas de poder. A América caminha perigosamente para uma nova espécie de estado concentracionário, de exceção permanente e de ditadura, cada vez pior disfarçado pelo sofisticado sistema de propaganda desenvolvido desde 1914 (nomeadamente a partir das ideias do duplo sobrinho de Sigmund Freud, Edward Bernays). Não é este o caminho de que precisamos! A Europa tem, também por causa desta degradação cultural americana, uma grande responsabilidade na refundação democrática das sociedades globais e tecnológicas do futuro.

Uma solução militar para a actual crise global seria um desastre completo. No entanto, e infelizmente, é mais provável o fecho do Estreito de Ormuz do que a implosão do euro em 2012.

Por fim, esta previsão não significa que alguns países da zona euro, mais debilitados e prisioneiros de lógicas demo-populistas, consigam evitar um afastamento temporário da Eurolândia. Tal quarentena, porém, onde poderão cair a Grécia e Portugal, não implicará uma expulsão do Sistema Monetário Europeu, e muito menos da União Europeia. Faço figas, no entanto, para que a atual coligação que governa Portugal, e a Oposição, incluindo os sindicatos, percebam a tempo e horas os custos de uma aventura contra a inexorável correção dos nossos próprios desvarios. Isto é: a saída de Portugal do euro!


act.: 7-12-2012 19:09

domingo, abril 10, 2011

O grande tuga

Sócrates prepara Frente Populista

"Unidade não é unanimidade, porque isto não é o PC chinês e não é o partido da Coreia do Norte do Kim Jong II"— Ana Gomes (DN)


PR: É "crucial" que próximo Governo seja um executivo maioritário.
O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, congratulou-se hoje por os partidos já terem reconhecido que o próximo Governo terá ser de um executivo com apoio maioritário na Assembleia da República (DN).

Sócrates prepara com Ferro Rodrigues e Manuel Alegre uma Frente Populista para a eventualidade de ter que subir a parada das negociações do contrato de resgate da dívida pública portuguesa que começam na próxima terça-feira em Lisboa. Se for preciso travar o ímpeto usurário de alguns bárbaros europeus, Sócrates poderá dizer "não" às condições que comprometam irremediavelmente qualquer possibilidade de crescimento económico, de criação de emprego ou de manutenção de níveis de segurança social semelhantes aos dos demais estados da União. Para já, o xeque-mate às finanças públicas, lançado pelo BCE (1), será o grande alimento de toda a campanha eleitoral, e uma tremenda prova de esforço para a moeda única europeia. Mais do que a Grécia e a Irlanda, Portugal colocará verdadeiramente à prova a seriedade do projecto franco-alemão.

Sócrates e o congresso do PS

Ouvi e vi com irritação que baste as intervenções do teleponto de José Sócrates. O mitómano anunciou, com a prosápia, lata e cinismo que se lhe conhecem, a litania da campanha PS para as eleições antecipadas do próximo dia 5 de Junho. Falou sempre e só para o seu eleitorado, pretendendo ludibriar uma vez mais a sua potencial base eleitoral de apoio — com optimismo, mentiras piedosas e promessas vãs.

A unanimidade coreana demonstrada pelos 97,2% dos votos que o reelegeram, e o calculismo dos candidatos "socialistas" à sua sucessão, estampam sem vergonha a democracia que temos: endogâmica, irresponsável, partidocrata e ligada a meia dúzia de grupos económico-financeiros que não conseguem sobreviver fora do perímetro orçamental suportado pelos nossos impostos e pelos empréstimos externos. A saída do PS da esfera governativa significará o desemprego imediato para dezenas de milhar de "famílias socialistas" e respectivos clientes ou fornecedores. A origem da unanimidade é assim natural: medo de perder um emprego pouco exigente e bem pago.

A reforma da administração do Estado, que terá como consequência a diminuição inevitável do número de funcionários públicos e equiparados, e a eliminação pura e simples de centenas, ou mesmo milhares (a prazo mais longo) de organismos e burocracias inúteis, assusta uma zona ainda mais ampla do eleitorado, que o demagogo Sócrates convoca, uma vez mais, para o ajudar a sobreviver como pináculo de uma verdadeira rede de interesses ilegítimos, de temperamento claramente mafioso, predadora e, em última instância, como se viu, ruinosa para o país.

Ou seja, a estratégia eleitoral de Sócrates é evidente: salvar a rede de empregos partidários criada ao longo das últimas décadas, salvar a tríade de Macau, e prometer aos funcionários públicos o impossível: emprego durável e regalias, privilégios e vencimentos acima dos que existem no sector privado. Estas promessas contrastarão com as imagens negras que desenharão dos adversários: o PCP e o Bloco —porque são bota-abaixo; o PSD e o CDS, porque querem privatizar tudo, e despedir todos os funcionários públicos.

Sócrates e a União Europeia

Já aqui escrevemos sobre a possível vantagem negocial de, uma vez claramente falidos (situação em que efectivamente nos encontramos), negociarmos a bancarrota directamente com os nossos principais credores (Espanha, Alemanha, França e Reino Unido), em vez de negociar um resgate com o Fundo Europeu de Estabilização Financeira e o FMI. Na primeira opção, os nossos credores poderiam ser convencidos a aceitar um corte nas suas expectativas de lucro com a dívida portuguesa (o tal "hair cut"); mas na opção que Bruxelas e Frankfurt querem, Portugal fica fora dos mercados de financiamento externo enquanto durar a quarentena do resgate, e vê diminuir a margem de negociação à medida que a situação evolua num ou noutro sentido.

Em que ficamos? Quem irá esticar a corda? Sócrates? Se o fizer, terá que se socorrer de uma viragem bem nítida em direcção aos partidos à sua esquerda. O PCP já defende algo parecido com a negociação directa com os credores, fora da tutela do FMI (uma posição negocial de total realismo). Este golpe de asa, por incrível que pareça, poderia colocar toda a zona euro perante um enorme dilema: retirar a Portugal o euro, dando início a um inevitável Harakiri da moeda única; ou aceitar um grande debate político sobre o buraco negro do endividamento soberano europeu — de onde pudesse sair simultaneamente uma governação económica e financeira comunitária mais coerente e coesa, mas também mais solidária.

A bolha do euro

Rebentou a grande bolha imobiliária do Subprime, que começou nos EUA e bateu depois em força na Europa. Estamos no meio do rebentamento em dominó das gigantescas bolhas soberanas irlandesa, grega, portuguesa, espanhola, americana, inglesa... E muito em breve teremos pela frente a grande bolha do euro!

O capital especulativo correu e afocinhou na construção civil. Depois este mesmo capital especulativo correu e afocinhou nas grandes obras públicas e na voracidade orçamental de países cada vez menos produtivos e mais consumistas, envelhecidos e socialmente protegidos pelos respectivos governos.

O capital especulativo corre agora em direcção ao euro, na expectativa das inevitáveis operações de resgate das dívidas públicas e privadas dos países da moeda única virem a ser financiadas pela China, e pelos grandes produtores de petróleo, gás natural e recursos alimentares. Ou seja, chegou a vez de a União Europeia começar a fabricar dívida soberana à escala continental, oferecendo aos grandes detentores mundiais de reservas financeiras uma alternativa mais interessante do que as depauperadas moedas americana e inglesa. Se a Europa não mudar, ou se mudar mal, esta bolha irá rebentar com um estrondo absolutamente catastrófico. É portanto o momento certo para discutir a história do euro. E se Sócrates provocar este debate, adeus Passos de Coelho!

Os PIGS não são Bárbaros, Protestantes, nem sequer Calvinistas. Nunca foram, nunca o serão, e já por cá andam a civilizar-se há mais tempo do que os moralistas que agora querem humilhar-nos. Cautela, portanto.

Quem inventou o euro à pressa e à pressa encheu o saco da Eurolândia de países e mais países, com graus de desenvolvimento económico, social, técnico e cultural muito diversos, foi a Alemanha. E se assim fez foi porque precisava de aumentar rapidamente o "seu" mercado interno. Deu euros a quem tinha marcos (numa relação de 1/1) e deu euros a quem tinha escudos (numa relação de 1/200), tornando de um dia para o outro, portugueses, espanhóis, gregos e irlandeses, que antes se deslocavam em automóveis Renault 5 e Opel Corsa, à razão de 3 a 4 indígenas por carro, em compradores deslumbrados de automóveis BMW, Mercedes, Golf e Audi, à razão de 1 a 2 novos-ricos por automóvel!

A Alemanha financiou, com a sua poupança, o alargamento do mercado europeu, forçando a emergência em catadupa de uma Eurolândia ávida de consumo conspícuo e bem estar social. O PIB nesta zona do mundo cresceu, porém, mais pela via do consumo e do endividamento do que pela via da produção, das exportações para fora do espaço comunitário, e da poupança. Quando este mercado amadureceu, isto é quando Portugal, por exemplo, passou a ter uma casa para cada duas pessoas, e 5,7 milhões de automóveis para 10,6 milhões de pessoas, e autoestradas vazias, como a A17, onde ontem, uma vez mais, percorri centena e meia de quilómetros, entre Aveiro e Alcobaça, como se estivesse num autódromo alugado, a Alemanha procurou outros mercados, entretanto aptos para os seus produtos de qualidade, ao mesmo tempo que emprestava aos novos europeus de leste dinheiro para se desenvolverem e comprar tecnologia e marcas alemãs. Em Xangai, em 1999, quem tinha automóvel (sobretudo taxistas), conduzia invariavelmente um Volkswagen Santana de lata mal batida; agora, os novos e orgulhosos urbanoides de Pequim e Xangai enchem as ruas de Mercedes, Audis e BMW.

Para a Alemanha, é hora de os PIGS pagarem as suas dívidas, em boa parte porque nestes países os mercados amadureceram, o boom consumista chegou ao fim, e as explosões das bolhas imobiliária e das dívidas soberanas obrigam a suspender os fluxos especulativos das últimas duas décadas, sob pena de os fundos de investimentos alemães, muitos deles financiados com pensões de reforma, caminharem rapidamente para o colapso.

Eu entendo o problema. Mas também me parece evidente que as responsabilidades devem ser justamente partilhadas. Maior controlo orçamental na Eurolândia? Menos burocracia? Menos clientelismo? Menos corrupção comunitária e inter-governamental? Mais transparência? Maior coerência estratégica comunitária? Mais imaginação? Melhor iniciativa privada? Menos corrupção e menos desperdício na economia social? Sim a tudo isto— e já! Mas é preciso enfrentar primeiro e com coragem o principal problema desta Europa: sem outro modelo cultural de desenvolvimento, estaremos irremediavelmente condenados ao desastre.

NOTAS
  1. "Banco de Portugal e BCE não deram indicações à banca para não comprar dívida" (A Bola, 10-04.2011). Este desmentido segue-se ao de Jean-Claude Trichet sobre o mesmo assunto. Bem me parecia que o tema, aqui abordado na semana assada, e hoje reiterado, era sensível para o Sistema Monetário Europeu.  [11-04-2011 0:43]

sexta-feira, dezembro 03, 2010

Bancarrota-8

Pausa para respirar... e agir

A guerra financeira entre o dólar (pegado à libra) e o euro prossegue, com golpes baixos e muitos sorrisos. Os analistas anglo-saxónicos pintam diariamente quadros negros sobre o continente europeu, e Trichet lá vai respondendo de forma imprevisível e por vezes surpreendente ("Europe needs budgetary federation" — EUobserver"). O BCE andou e anda a comprar dívida soberana no mercado secundário. Bastou esta notícia não confirmada directamente pelo BCE, mas que quem comprou divulgou anonimamente, para os especuladores abrandarem os seus ataques aos flancos mais frágeis da dívida soberana europeia: Grécia, Irlanda, Portugal... e Espanha.

Jean-Claude Trichet disse hoje que o BCE continuará a comprar dívida pública dos países do euro e pediu sanções automáticas para os países que falhem compromissos orçamentais.

(…) O presidente da instituição escusou-se, no entanto, a pronunciar-se directamente sobre as informações publicadas pela imprensa sobre a compra em grande quantidade de títulos de dívida portugueses e irlandeses na quinta-feira.

(…) Na mesma conferência, o presidente do BCE pediu um sistema de sanções quase automáticas para os países que não cumpram os compromissos orçamentais, insistindo que os governos devem credibilizar os programas de ajustamento e reformas estruturais. — in "Trichet pede sanções automáticas e garante que BCE vai continuar a comprar dívida", 03 Dezembro 2010 | Jornal de Negócios com Lusa.

Este recuo dos especuladores é, porém, meramente táctico, pois o problema de fundo subsiste: a dívida soberana europeia é uma bolha especulativa gigantesca (ver este gráfico de maio —Europe's Web of Debt—do NYT) e vai acabar por rebentar. Daí que seja da mais elementar prudência pagar todas as nossas dívidas quanto antes, não contrair mais empréstimos, aplicar as poupanças em bens duradouros com uma grande valorização potencial (ouro, terra fértil, casas em segunda mão bem localizadas e a bom preço, e pouco mais), evitar investimentos especulativos em produtos financeiros e seguros mal explicados e de duvidosa proveniência (1).

A perspectiva sombria de um estouro da moeda única europeia não está —muito longe disso— afastada do horizonte mais próximo. Como não estão também afastadas as probabilidade reais de uma quarentena fora do euro para alguns dos leitões da Europa (PIGS), que nada devem à fama que os suínos sempre tiveram em matéria financeira — criar um porco foi, durante milénios, uma boa forma de investimento e de poupança.

Uma coisa é certa: espera-nos uma década de contínuo empobrecimento, pois os juros anuais da nossa dívida pública (6,5 mil milhões de euros em 2010, ou seja, qualquer coisa como 6,5 pontes Vasco da Gama) já ultrapassam tudo o que gastamos com a nossa alimentação! Se não pararmos imediatamente todas as Parcerias Público Privadas no sector da saúde e dos transportes, se não adiarmos a Alta Velocidade (à excepção da ligação para passageiros e mercadorias entre o Pinhal Novo e Caia) e não afastarmos para as calendas gregas o monstro aeroportuário da Ota em Alcochete, seremos inexoravelmente expulsos da Eurolândia. É uma aposta que faço com os meus leitores.

Há, porém, sinais de esperança. A venda do diário "i" pelo Grupo Lena é um sintoma claro de que as obras públicas já pararam, por falta de objectivos sensatos, por falta de financiamento e porque os projectos anunciados revelarem todos uma rentabilidade nula fora do regaço protector do agora obviamente falido cliente Estado. Se até Junho de 2011 (2), o défice e a dívida pública não recuarem para os valores exigidos pelo BCE e pela Alemanha, as penalizações serão a matar. Ou seja, a janela de oportunidade para se fazer o que é preciso fazer é de apenas um semestre. Será este o definitivo prazo de validade de José Sócrates?

Como se a situação portuguesa não fosse suficiente para nos afligir, temos aqui ao lado uma bomba relógio que pode explodir a qualquer momento. Chama-se Espanha (3) e a ela devemos qualquer coisa como 86 mil milhões de euros!

Vivi em Espanha alguns anos e tenho vários amigos do coração por lá. Num painel sobre as televisões autonómicas para o qual fui convidado, creio que no ano 2002 ou 2003, interroguei-me sobre a origem de tanto dinheiro, e sobre a viabilidade futura das autonomias, não pelo lado da sua legitimidade, mas tão simplesmente pelo lado da despesa. Quem pagava então, e quem pagaria no futuro semelhante gasto fiscal? Outro aspecto da sociedade espanhola que me causou sempre igual apreensão foi a dimensão e ineficiência de boa parte dos seus serviços públicos, bem como a presença ostensiva dos grandes oligopólios no quotidiano dos espanhóis. Lá como cá a democracia era e é um bem recente, degustado como uma iguaria deliciosa cujo preço ninguém perguntava, nem pergunta (ou só agora começa a perguntar...) Os resultados que eu temia estão à vista e, claro está, nada pude fazer para os evitar, apesar de ter falado e escrito sobre o tema vezes sem conta.

A situação em Espanha é tanto mais dramática quanto boa parte da população continua anestesiada pelos poderes político-partidários e mediáticos. Lá como cá, os comportamentos chegam a ser de uma irracionalidade impensável. Em Portugal, por exemplo, com o anúncio antecipado da subida do IVA em 2011 (certamente para estimular o crescimento do PIB ainda este ano...), a venda de automóveis aumentou mais de 50% relativamente a 2009. Em Espanha, felizmente para todos, as medidas governamentais têm sido mais sensatas. Mas chegarão? A imprensa anglo-saxónica tem as maiores dúvidas!

— As necessidade financeiras do Estado espanhol para 2011 ascendem a 21% do respectivo PIB, ou seja a 226 mil milhões de euros! Mas os bancos, por sua vez, também precisam de refinanciar as respectivas dívidas num montante de 220 mil milhões de euros!!

(…) Should the EU really impose a 6.7pc interest charge on Ireland’s bail-out loans, it should not be surprised if the new Irish government in January walks away from the whole stinking arrangement, and pulls the plug on Europe’s banking system.

(…) Has Mr Zapatero read the IMF’s devastating Article IV report on his own country? It states that the government’s “gross financing needs” for 2011 will be €226bn, or 21pc of GDP. “Spain’s financing requirements are large and, retaining market confidence will be critical. Spain has exhausted its fiscal space. Targets should be made more credible.”

Madrid must attract €226bn of good money from Spanish savers, German pension funds, French banks, Japanese life insurers, and China’s central bank, so that an incompetent government (this one happens to be socialist, but the Greek conservatives were worse) can continue to run budget deficits of 7pc to 8pc of GDP in 2011. Why should they lend a single pfennig, having already been told by EU leaders that they will face scalping if Spain ever needs a rescue?

(…) Furthermore, Spanish banks will need to roll over €220bn in 2011 and 2012, according to Enrique Goñi, head of Banca Cívica. “We’re in the antechamber of a new liquidity crisis. We’re living through a financial pre-collapse,” he said. — in "Germany faces its awful choice as Spain wobbles", by Ambrose Evans-Pritchard, The Telegraph (29 Nov 2010).

— A Eurolândia (e sobretudo a Alemanha) está metida numa camisa de sete varas. Não pode suportar indefinidamente todas as dívidas soberanas dos membros da união monetária, sob pena de rebentar com a poupança de quem a tem, e colocar a Europa à beira da ruína. E não pode inundar as economias de liquidez, sob pena de desvalorizar perigosamente o euro, criar uma inflação potencialmente incontrolável, e acabar por destruir a moeda única.

(…) Investors’ no-confidence vote in the aid package for Ireland may force European policy makers to expand their arsenal to fight the debt crisis threatening to tear the euro apart.

Options outlined by economists at Societe Generale SA and Barclays Capital include: Boosting the 750 billion-euro ($975 billion) temporary rescue fund or turning it into an asset- buying program; cutting interest rates on bailout loans; issuing joint bonds for the 16 euro nations or flooding the economy with cash from the European Central Bank.

(…) “As the crisis deepens and threatens core countries, the future of monetary union continues to be called into question,” said Chandler. “As the situation becomes more desperate, the unthinkable has to be thought. Quantitative easing by the ECB may be one of the few ways out.”  — in "Contagion May Force EU to Expand Arsenal to Fight Debt Crisis", By Simon Kennedy and James G. Neuger, Bloomberg - Dec 1, 2010.

NOTAS
  1.  Outra opção que começa a ser interessante, e que poderá ser objecto de grande concorrência em breve, são os depósitos a prazo. Consultar esta tabela comparativa de depósitos a prazo, publicada hoje pelo Money GPS.
  2. A portinhola do BCE onde se financiam a 1% os bancos comerciais, para logo comprarem dívida soberana com rendimentos acima dos 5% (6%, 7%, e 9%), ou realizar operações de empréstimos a particulares e empresas com TAEGs acima dos 20%, deveria fechar-se no próximo dia 31 de Janeiro. Mas a necessidade de um contra-ataque do BCE contra o cerco montado pelos estrategas financeiros de Wall Street e da City londrina contra o euro, manterá a dita portinhola do easy money aberta até Junho. É por isso que os próximos seis meses vão der decisivos. E é por isso que a cidadania deverá exercer toda a sua vigilância e pressão sobre a corja político-partidária — do governo, às oposições, passando pelo senhor Cavaco. Os candidatos presidenciais que se opõem ao actual presidente da república são irrelevantes. Por patriotismo, deveriam fazer uma coisa: desistir da farsa eleitoral que aí vem, colocando assim o regime perante as suas responsabilidades. [3-12-2010; 22:40]
  3. Li, já depois de publicado este post, o artigo de Paul Krugman, O Prisioneiro Espanhol, publicado no i [4-12-2010, 1:19]

sábado, abril 18, 2020

Do pânico social à desglobalização


@escif. Fallas, Valéncia 2020

Não há nenhuma explicação plausível para a velocidade de propagação da COVID-19, nem para o modo como o vírus surgiu nos locais mais díspares em mais de 200 países.

Nos três meses que a pandemia leva morreram no mundo 15 milhões de pessoas. Pela COVID-19, menos de 160 mil...


Quando toda esta farsa—entre uma singularidade geoestratégica, uma tempestade perfeita e um false flag—for finalmente desmontada, mais de um político, mais de um empresário globalista, e mais de um cientista, sairão chamuscados. Entretanto, os 'estados de exceção' habituam-nos a um inesperado fascismo em democracia!


Escrevi em 17 de março último, neste mesmo blogue, que sem testes não havia infectados. Mas também, sem autópsias (que não fazem a quem supostamente morre da COVID-19 em Portugal) não haverá certezas sobre as causas de quem morre nos hospitais. Por fim, sem compararmos a mortalidade média no nosso país nos meses de março e abril com as fatalidades assumidamente causada pelas complicações respiratórias com origem na COVID-19 (ou no vírus de Wuhan, como lhe prefere chamar Donal Trump) andamos simplesmente correr atrás do medo gerado entre centenas de milhões de pessoas em todo o mundo pelos algoritmos que operam nas redes socias, amplificado depois pelos mass media tradicionais que resvalaram, quase sem exceção, para o formato canino de jornalismo ilustrado por Federico Fellini no Dolce Vita.

Ao contrário do que ecoa a propaganda, é cada vez mais evidente que os estragos da COVID-19 em Portugal, quando avaliamos a única medição aproximada do fenómeno, isto é, o número de mortes por milhão de habitantes supostamente causadas pelo vírus, se encontra acima da média europeia. De facto, na posição 14 entre 41 países (1).

Continuamos sem saber se o novo corona vírus foi ou não fabricado num laborário biológico de segurança máxima (2) (3), própria de instalações militares, e se escapou acidentalmente para o exterior, ou se foi deliberadamente desespoletado como uma bomba biológica (terrorismo à escala planetária) em vários pontos do planeta, o que, a ser verdade, seria o primeiro ensaio de uma guerra biológica mundial, cujos protocolos e regras são completamente desconhecidos do comum dos mortais. Neste caso hipotético, fica também a dúvida sobre quem engendrou a levou a cabo uma tal operação, se a China, se os Estados Unidos. Mas uma coisa é certa, se foi um ato voluntário, o efeito boomerang da pandemia teria sido previamente avaliado (4).

Teremos, já agora, que nos interrogar sobre a motivação e o alcance da TED conference de março de 2015 proferida por Bill Gates, e também porque carga d'água o Johns Hopkins Center for Health Security, o World Economic Forum e a Bill & Melinda Gates Foundation levaram a cabo o exercício Event 201, a 14 de março de 2019, um mês antes do início do surto viral de Wuhan (5).

Entretanto, começa a ser evidente que o vírus é menos mortal do que parecia (6), que o surto ocorreu numa fase tardia das épocas virais e que morrerá com a primavera sob a ação do raios ultravioletas, do calor e da maior circulação das pessoas ao ar livre, sobretudo nas zonas de praias e sol. Aliás, o novo corona vírus chegou ao nosso país num momento em que as temperaturas médias e sobretudo a exposição solar carregada de ultravioletas era já bem maior do que no resto da Europa, e sobretudo do que nas mais frias (à época do surto) e muito poluídas (fraca penetração solar) cidades de Wuhan, Beijing, Madrid e do norte da Itália. É certo que os períodos de internamento relativamente prolongados dos infectados com sintomas graves (duas semanas) colocou alguns sistemas hospitalares sob grande pressão (Wuhan, Lombardia, Madrid e Manhattan), e neste ponto os países terão que se habituar a ter melhores sistemas de prevenção e defesa dos surtos gripais que atacam com grande virulência os sistemas respiratórios. Mas daqui a parar economias inteiras é o maior embuste em que a humanidade caiu desde o ascenso do fascismo na Europa nos anos 20 do século passado.

Resta, enfim, explicar como foi possível que o fator medo (fear factor) associado à pandemia viral, quando todos os anos existem epidemias virais que matam centenas de milhar, ou mesmo milhões de pessoas (7), normalmente as mais idosas e/ou com problemas respiratórios crónicos (como no caso da COVID-19), tivesse obrigado a economia mundial a cair de joelhos, prostrando-se sem qualquer lógica perante tamanho 'live exercise'!

Estaria Xi Jinping tão furioso com a nova geoestratégia americana, representada histrionicamente por Donald Trump, que preferiu lançar o mundo num teste à hegemonia americana, sob a forma de uma Inovadora Guerra Inteligente, sem Limites (Unrestricted Warfare), sabendo perfeitamente que a pandemia não mataria mais do que vinte ou trinta mil chineses? Teria, ao invés, o Deep State americano, que teleguia Donald Trump (ver a troca de palavras entre este e Mike Pompeo a propósito do Live Exercise), decidido fazer uma nova e assustadora prova de força na guerra assimétrica que parece ter iniciado contra a ascensão chinesa no mundo? Só os próximos meses nos irão esclarecer esta dúvida.

Que estamos a matar mosquitos, ou melhor, um micróbio provavelmente manipulado, com meios excessivos e medidas drásticas suicidas, estamos. Se isto é um grande exercício sobre a guerra que aí vem, antes de acabar com a globalização chinesa, e os Estados Unidos forçarem Xi Jinping a um novo Tratado de Torsesilhas fractal, também não sabemos. Mas seria uma hipótese melhor do que atirarem o mundo para uma Mutual Assured Destruction (MAD).

Entretanto, o Governo de António Costa e o Presidente da República deverim fazer marcha-atrás no seu manifesto, mas catastrófico, populismo, abstendo-se de mais insultos constitucionais à nossa democracia. Por rapidamente as nossas escolas e a nossa economia a funcionar é mesmo o único desiderato que deve ser exigido a estas duas criaturas neste momento.


NOTAS

1. COVID-19 (análise recebida de fonte confiável)



Europa

“Número de mortos por país” e rácio “mortos por milhão de habitantes” também por país (base Johns hopkins university)—situação em 14 de abril e 15 de abril de 2020 (2 colunas da direita)

i. Eis os dados reais de mortos e os únicos que interessam porque os infectados dependem dos testes efectuados. E para ter uma rasoira de nivelamento, os países estão ordenados por valor decrescente do rácio “mortos por milhão de habitantes “

ii. Claro que os mortos dependem da causa de morte (cause of death, cod). Por exemplo a Alemanha parece ter por hábito considerar “mortos covid” apenas os que fizeram testes antes de morrerem e que não tenham outras patologias anteriores associadas (cancros, diabetes, problemas cardio vasculares,  etc). Daí o número reduzido de mortes na Alemanha...

iii. Portugal está na 14ª posição nesta lista.

Os dois primeiros países mais gravosos da lista são minúsculos (menos de 80.000 pessoas).

Seguem-se na 3ª e 4ª posições, 2 dos países mais afectados de facto, com mais de 380 mortos por milhão de habitantes - a Espanha, e logo a seguir, a Bélgica.

Em 5ª, 6ª e 7ª posições estão os países mais populosos da União Europeia (com 60 a 68 milhões de habitantes). A Itália vem a frente destacada, depois vem a França e por fim o Reino Unido, mais em baixo. A Itália é o país da Europa com maior número de mortos (quase 22.000 mortos).

Em 9º lugar está a Holanda com um rácio quase idêntico ao do Reino Unido.

Em 10º e 11º lugares estão 2 países com população idêntica à portuguesa - Suíça e Suécia (onde não fizeram qualquer tipo de quarentena).

Na 12ª posição está o Luxemburgo, país pequeno (com pouco mais de 600.000 habitantes)
- Em 13º lugar está a Irlanda que tem cerca de 90 mortos por milhão de habitantes.

iv. Repare-se que a Dinamarca, a Áustria e a Alemanha vêm depois de Portugal nesta lista.

v. Das posições 18ª a 41ª estão todos os outros países que têm menos de 30 mortos por milhão de habitantes. Mesmo alguns países com população semelhante à portuguesa (marcados a amarelo)—por exemplo, a Grécia—estão muito melhor que nós.

Lombardia (Itália)




Evolução do número de mortos e duração da epidemia local

i. Valores reais e valores da minha previsão (a encarnado) de há dias atrás.

ii. Pode-se verificar que a tendência de descida está correcta mas os mortos não me fizeram a vontade e morreram em maior número do que eu previra.

iii. Contudo, a minha previsão mantém-se para a epidemia a entrar em fase residual no fim desta ou da próxima semana. E portanto, desde o primeiro morto (22 de fevereiro) até ao final aproximado, terão decorrido cerca de 2 meses, ou seja, 8 semanas. Vamos lá a ver se bate certo.

iv. A curva da minha nova previsão está indicada também no gráfico seguinte.


2. Nobel de Medicina francês causa polêmica ao dizer que coronavírus saiu de laboratório chinês
RFI. Publicado em: 17/04/2020 - 18:13. Modificado em: 17/04/2020 - 18:13

Recompensado em 2008 com o Prêmio Nobel de Medicina pela "descoberta" do vírus da Aids, o virologista francês Luc Montagnier divulgou na quinta-feira (16) uma hipótese sobre a origem do Covid-19 que causa polêmica na França. O coronavírus SARS-CoV-2, responsável pela pandemia de Covid-19, que já matou mais de 140.000 pessoas em todo o mundo, seria um vírus manipulado, acidentalmente liberado de um laboratório chinês em busca de uma vacina contra a Aids.



3. Judy Mikovits Interview (American Researcher) on Coronavirus
O vírus não foi ingerido, mas injectado, afrima esta cientista polémica (ou perseguida)



4. ‘Live Exercise’: Pompeo Lets Slip How He Sees the COVID-19 Pandemic

Pompeo made a speech on March 20 from the White House with Trump beside him. A google search reveals that this story was reported by AFP on March 20, making it perfectly clear that Pompeo was accusing China of some sort of cover-up in relation to the virus, and taking only that angle. For example, see US Secretary of State Mike Pompeo tells China to share virus details with the ‘whole world’.

Pompeo’s ‘live exercise’ mention made during this speech was picked up as a separate story by Shepard Ambellas at Intellihub on March 21, and reissued by Global Research.  Here, we are using Makia Freeman‘s version of the story of March 25, an independent author who follows all aspects of the One World crowd’s agenda pretty closely.


Crucially, Trump immediately interjects with this comment during Pompeo’s ‘we’re in a live exercise here’ remark: “You should have let us know.” Freeman offers the interpretation, no doubt plausible, that Trump was genuine in his statement, i.e. he didn’t know about the virus situation being a ‘live exercise’, and that the Deep State Swamp is certainly running the show. Or, did Pompeo reveal something Trump was indeed in on, and that he was hoping his remark would be picked up in order to distance himself? Notice in the videos below (we’ve added the second one) that Trump re-starts his comment when Pompeo takes a natural pause – in order to be heard? Either way, Trump jumping in reveals that Pompeo misspoke in some way, thus drawing attention to it. And MSM silence on it speaks volumes.

Makia Freeman picks up on Pompeo’s language being reminiscent of that used in relation to false flag operations.

5. Event 201Event 201, a Global pandemic Exercise

The Johns Hopkins Center for Health Security in partnership with the World Economic Forum and the Bill and Melinda Gates Foundation hosted Event 201, a high-level pandemic exercise on October 18, 2019, in New York, NY. The exercise illustrated areas where public/private partnerships will be necessary during the response to a severe pandemic in order to diminish large-scale economic and societal consequences.

[...]

Statement about nCoV and our pandemic exercise

In October 2019, the Johns Hopkins Center for Health Security hosted a pandemic tabletop exercise called Event 201 with partners, the World Economic Forum and the Bill & Melinda Gates Foundation. Recently, the Center for Health Security has received questions about whether that pandemic exercise predicted the current novel coronavirus outbreak in China. To be clear, the Center for Health Security and partners did not make a prediction during our tabletop exercise. For the scenario, we modeled a fictional coronavirus pandemic, but we explicitly stated that it was not a prediction. Instead, the exercise served to highlight preparedness and response challenges that would likely arise in a very severe pandemic. We are not now predicting that the nCoV-2019 outbreak will kill 65 million people. Although our tabletop exercise included a mock novel coronavirus, the inputs we used for modeling the potential impact of that fictional virus are not similar to nCoV-2019.


6. “Um século de epidemiologia diz-nos outra coisa”
André Dias, ECO, 10 de abril, 2020

Os dados iniciais de surtos infecciosos são essencialmente ruído, com muito pouco para tirar de sinal. Primeiro, porque durante algumas semanas não há agente identificado, depois, não há teste especifico para o agente, depois, só há testes virológicos (onde estamos agora) e, só bastante mais tarde, aparecem testes serológicos/ anticorpos.

[...]


Neste momento (escrito a 23 de Março), não há nenhuns dados fiáveis para estimar a letalidade da covid19, pode ser 0,001% ou 5%. Tudo isso é ruído. O número de infectados pode ser o que conhecemos ou dez mil vezes maior (sim, dez mil vezes).

Só com chegada de testes serológicos se começa a ter real imagem da doença na sociedade. A Holanda anunciou ter conseguido um teste marcador de anticorpos, mas são desconhecidos quaisquer resultados até agora.

Por exemplo, a gripe Suína começou com estimativas de 30% — literalmente extinção humana em poucos meses — e acabou abaixo de 1%, abaixo da gripe sazonal e não fez dano nenhum.

Este é o tipo de ruído com que estamos a lidar.

Os únicos dados minimamente fiáveis que temos de testes virológicos são do cruzeiro Diamond Princess, porque toda a gente foi testada num intervalo relativamente curto. Indicam 1% de letalidade numa população muito envelhecida, em ambiente confinado e a partilhar cantina. Podemos ter certeza estatística de que o mundo fora do cruzeiro terá taxas bem mais baixas. Adicionalmente, menos de 20% das pessoas foram infectadas e não há ainda explicação para tal.


7. A crise sanitária conhecida por COVID-19 é uma cortina de fumo... 

Importa perceber o que esconde (limpeza de balanços, reinflação financeira, hipermonetização dos défices públicos, e progressão da contenção da China por parte dos americanos e ingleses—um eixo atlântico que acabará por envolver o Brasil, Portugal e Angola.

Por mim, a conversa sobre máscaras, testes e quarentena deixou de ter interesse e tem que ser denunciada. Aprendi isto ao longo das últimas semanas... Temos que passar a ler todas as informações veiculadas pelos média e pelas redes sociais à lupa, pois a probabilidade de serem granadas de um dos protagonistas desta nova guerra assimétrica global é de 99,9%.

Apanhar sol na praia, passear no campo e jogar golfe são as melhoras prevenções contra qualquer gripe tardia, mesmo que provocada por um bicho que provoca mais severamente as vias respiratórias, como o novo Corona vírus.

Prender as pessoas com mais de 70 anos em casa é um ato de terrorismo de estado intolerável, pois não há qualquer justificação escrutinável para tamanha estupidez e demonstração de autoritarismo! Sobretudo quando se excetua de tamanha inconstitucionalidade os velhos do governo, do parlamento, e da presidência da república.

É tempo de os jovens e os velhos denunciarem este estado de exceção!


Dr. Rashid Buttar Blast Bill Gates and Dr. Fauci



Atualizado em 20 abril 2020, WET 13:34

quarta-feira, setembro 19, 2012

Em nome de Keynes?

Fausto de Goethe, no filme dirigido por F.W. Murnau: "Faust - Eine deutsche Volkssage", Alemanha, 1926.

Dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse Financeiro a uma Europa reforçada, e a tentação de Fausto

Beijing hints at bond attack on Japan
A senior advisor to the Chinese government has called for an attack on the Japanese bond market to precipitate a funding crisis and bring the country to its knees, unless Tokyo reverses its decision to nationalise the disputed Senkaku/Diaoyu islands in the East China Sea.

By Ambrose Evans-Pritchard. The Telegraph, 8:31PM BST 18 Sep 2012
Debt crisis: central bank action is work of the devil, says Germany's Jens Weidmann
Jens Weidmann said that efforts by central banks to pump money into the economy reminded him of the scene in Faust, when the devil Mephistopheles, “disguised as a fool”, convinces an emperor to issue large amounts of paper money. In Goethe’s classic, the money printing solves the kingdom’s financial problems but the tale ends badly with rampant inflation.

By Louise Armitstead, Chief Business Correspondent. Telegraph, 5:56PM BST 18 Sep 2012

O QUE MUDOU NAS ÚLTIMAS SEMANAS NA EUROPA... E EM PORTUGAL

BCE mais forte, mutualização parcial dos riscos soberanos sistémicos, maior coerência comunitária nas políticas fiscais e orçamentais e correspondente reforço dos mecanismos de supervisão e aprovação sucessiva, atuações de tipo keynesiano à escala europeia (ex: rede de mobilidade sustentável para pessoas e mercadorias, com prioridade já assumida pela ferrovia europeia interoperável e pelo transporte marítimo e fluvial) e ainda, criação dos primeiros corpos e comando estratégico de uma defesa militar europeia comum, agora que a América se afasta inexoravelmente do Reino Unido —nomeadamente pelo escândalo sem precedentes associado às falcatruas da City Londrina nas chamadas operações de "re-hypothecation"— e do resto da Europa, deixando a NATO num limbo de ineficácia crescente.

Consequência: não há mais lugar para a dupla Passos Coelho-Vítor Gaspar, nem para Paulo Portas. Ou seja, é necessário formar e dar posse a outro governo PSD-CDS.

Mário Soares tem a intuição certa sobre a presente crise governamental ao sugerir uma mudança de governo. O Presidente da República pode e deve promover a metamorfose da coligação.

 A AUSTERIDADE EUROPEIA E A TENTAÇÃO DE KEYNES

Custo da austeridade nos vários países europeus onde programas explícitos de austeridade constam das propostas para os orçamentos públicos para 2012 — segundo a AFP, baseada em cifras do Eurostat, Insee e OCDE. Clicar na quadro para ampliar. Ver mapa.

A expansão da massa monetária, do aparelho de estado, do emprego não produtivo, e sobretudo do paternalismo governamental, com base em investimentos públicos suportados por cargas fiscais crescentes e saldos orçamentais e das balanças de capital e de pagamentos negativos, não é uma agenda que John Maynard Keynes (1883-1946) pudesse subscrever inteiramente, na medida em que Keynes encarou o cenário da intervenção do Estado em países onde o potencial produtivo e de exportações e a dimensão interna das economias são suficientes para gerar a riqueza e a poupança necessárias à superação das depressões e recessões que ciclicamente ocorrem, nomeadamente por efeito da inovação tecnológica e das assimetrias de preços dos bens e serviços que circulam através do comércio mundial.

Acresce que a estes dois factores de desequilíbrio verificados ao longo das últimas duas décadas, fruto de uma fuga em frente face aos efeitos do abandono progressivo da produção industrial e consequente destruição de empregos produtivos, a par da perda de competitividade e desvalorização do emprego associado a uma massa crescente de desempregados de longa duração e empregos burocráticos, tanto nos EUA como na Europa, levou-se a cabo um processo selvagem de globalização comercial e financeira destinado sobretudo a obter, pela via da especulação financeira e da sobre-exploração do trabalho global, uma compensação pelos rendimentos decrescentes nas sociedades ricas e desenvolvidas, mas onde o instalado círculo vicioso do bem estar social, do consumismo desmiolado e da suposta educação permanente acabaria por empurrar-nos para uma situação de debilidade estrutural silenciosa, mas a longo prazo fatal.

A liquidez dos Estados Unidos e da Europa é uma liquidez cada vez mais rarefeita que os emergentes “criadores de riqueza” tendem a descontar nas suas transacções comerciais, usando a enorme acumulação de dólares, de euros, mas também de outras divisas (rublos, pesos argentinos, ienes…), a par do ouro, para adquirir ativos mais sólidos e recursos futuros, nomeadamente, direitos de exploração no campo da energia, dos transportes e dos recursos naturais, com especial destaque para os alimentares. Basta olhar para as compras externas da China, sobretudo na América do Sul e África, mas também já na Europa e nos Estados Unidos, para avaliarmos o alcance potencialmente destrutivo dos desequilíbrios mundiais, que não param de crescer.

Uma agenda keynesiana não é possível no quadro da globalização em curso, na medida em que esta é uma globalização assimétrica: os países ricos e desenvolvidos empobrecem pela via da destruição das suas classes médias, da destruição de milhões de empregos e pela redução abrupta do consumo, alimentado durante décadas por vantagens financeiras e monetárias especulativas, enquanto os ditos países emergentes, ao mesmo tempo que superam atrasos económicos, sociais e tecnológicos de décadas, sugam, por assim dizer, uma a uma, décadas, se não séculos, de acumulação de riqueza ocidental, comprometendo a viabilidade dos mercados de trabalho na Europa, nos Estados Unidos e até já nos próprios países emergentes —pela  mesma via tecnológica que eliminou milhões de postos de trabalho nos EUA e na Europa ao longo dos últimos quarenta anos, substituindo-os por uma nova massa assalariada com direitos sociais decrescentes, a que já se convencionou chamar precariado!

Está em curso, pois, uma tentativa inédita de levar as ideias de Keynes à economia global — mas com resultados que são opostos aos esperados!

Os exercícios em curso nos EUA e na União Europeia vão neste sentido, mas a sua originalidade é suicida. A liquidez gerada perde-se no buraco negro dos derivados financeiros especulativos (OTC), não chegando à economia, ao mesmo tempo que deixa os bancos em quarentena, coloca as empresas em situação cada vez mais complicada, e lança no desemprego vagas sucessivas de milhões de pessoas.

Assim, os países que foram caindo na armadilha do endividamento estão a ser tratados, por exemplo, no interior da União Europeia, não como partes efectivas de economias regionais com uma só moeda, mas como países estrangeiros! Desta forma, o nó que aperta hoje as economias grega, espanhola, irlandesa e portuguesa de forma intolerável é o oposto de uma receita keynesiana.

Os Estados Unidos acabam de anunciar o seu terceiro programa de expansão monetária (Quantitative Easing 3). A União Europeia, se quiser manter o euro, parece também não ter outra alternativa diversa desta espécie de redução do peso do endividamento pela via da inflação geral dos preços subsequente a uma tal forma de desvalorização da moeda. Vai pois pelo mesmo caminho dilemático.

O prolongamento das metas dos Memoranda da Troika, na Grécia, como em Portugal, assim como as facilidades mitigadas dadas até agora à Espanha, vão neste mesmo sentido.

O FMI e os Quatro Cavaleiros do Apocalipse Financeiro (JP Morgan, Bank of America, Citi, Goldman Sachs) apostam nesta forma de keynesianismo puramente financeiro, pretendendo assim reduzir administrativamente o valor das dívidas americana e europeia (haircut at large) aos credores e fornecedores internacionais, ao mesmo tempo que acreditam ser capazes de tapar com sucessivos maremotos de massa monetária o buraco negro dos Derivados. Veremos se o capitalismo de estado americano é mesmo keynesiano, ou apenas um estratagema destinado a salvar os Quatro Cavaleiros do Apocalipse residentes em Wall Street.

Quanto à União Europeia, terá que conseguir a quadratura do círculo, ou morrer na praia.

Ou seja, à medida que for forçada pelas circunstâncias a embarcar num programa keynesiano de expansão da massa monetária destinada a diminuir o peso das dívidas soberanas no interior da União, ou é ao mesmo capaz de implementar mecanismos de convergência orçamental, fiscal e de supervisão favoráveis a uma maior coerência económica, institucional e financeira em todo o espaço comunitário — ou o baralho do Euro ruirá com enorme estrondo.

PORTUGAL

Basta olhar atentamente para o quadro de austeridade europeia acima publicado [clicar na imagem para ampliar] para intuir a dor e o caos político e social que temos pela frente. Se não erguermos desde já barreiras de contenção ao terrorismo fiscal em curso, e que promete aumentar de intensidade, se não trabalharmos com coragem na emenda do regime degenerado que deixámos crescer à nossa volta como um campo de ervas daninhas, espera-nos o desastre — pela certa!

Mas também, sem um empurrão de fora, dificilmente conseguiremos derrotar os cleptocratas, os monopólios, as corporações e as burocracias privilegiadas pela captura que há muito realizaram do degenerado regime democrático que temos.

A reforma do nosso regime constitucional, absolutamente necessária e inadiável, exige sinais claros vindos de Bruxelas e de Frankfurt — para que o povo, as classes médias e uma parte das elites que não pertence à cleptocracia, possam reunir esforços suficientes para mudar de hábitos e de vida.

Precisamos de UMA NOVA CONSTITUINTE,  de OUTRA CONSTITUIÇÃO e de uma QUARTA REPÚBLICA !

sexta-feira, abril 02, 2010

Crise Global 74

Quem irá saldar as dívidas públicas?

Depois de os governos terem resgatado os bancos, emprestando-lhes dinheiro virtual (boa parte dele só existe nos computadores!) a custo zero, ou quase, para que depois estes estejam agora numa corrida às dívidas soberanas bem remuneradas de um número crescente de Estados falidos, com grande colaboração dos famigerados paraísos fiscais, quem irá resgatar os países atolados em contas por pagar depois deste Verão?

Irish Banks Need $43 Billion on ‘Appalling’ Lending (Update4)

March 31 (Bloomberg) -- Ireland’s banks  need $43 billion in new capital after “appalling” lending decisions left the country’s financial system on the brink of collapse.

The fund-raising requirement was announced after the National Asset Management Agency said it will apply an average discount of 47 percent on the first block of loans it is buying from lenders as part of a plan to revive the financial system. The central bank set new capital buffers for Allied Irish Banks Plc and Bank of Ireland Plc and gave them 30 days to say how they will raise the funds.

“Our worst fears have been surpassed,” Finance Minister Brian Lenihan said in the parliament in Dublin yesterday. “Irish banking made appalling lending decisions that will cost the taxpayer dearly for years to come.”

Post-Apocalyptic zombie finance

March 23 (ASIA Times Online) -- Governments averted a financial apocalypse in 2009 by bailing out the bankrupt banking system. But who will bail out the governments? The answer for the time being is that they will bail themselves out at the expense of the private economy. In the post-apocalyptic financial world, private banks have turned into flesh-eating zombies that cannibalize the private economy in order to finance government borrowing requirements not seen since World War II.

… The US Treasury has become dependent on global private banks. According to Treasury data, $108 billion of the $180 billion in net foreign purchases of US Treasury securities during the three months through January came from London and the Cayman Islands. — By Spengler


Lipsky Says Debt Challenges Face Advanced Economies (Update1)

March 21 (Bloomberg) -- Advanced economies face “acute” challenges in tackling high public debt, and unwinding existing stimulus measures will not come close to bringing deficits back to prudent levels, said John Lipsky, first deputy managing director of the International Monetary Fund.

All G7 countries, except Canada and Germany, will have debt-to-GDP ratios close to or exceeding 100 percent by 2014, Lipsky said in a speech today at the China Development Forum in Beijing. Already this year, the average ratio in advanced economies is expected to reach the levels seen in 1950, after World War II, he said. The government debt ratio in some emerging market nations had also reached a “worrisome level.” — By Joyce Koh.

O grande dilema é este:
  1. a China acaba de proibir a compra-e-venda de terrenos para construção no país, ao mesmo tempo que lança um vasto programa de habitação social nova e reparação de casas e infraestruturas degradadas (The Daily Bell). Por outro lado, diminui drasticamente as suas compras de moeda (1) e de dívida americana (2). Razões para estas duas decisões cruciais? Não pode continuar a financiar as suas exportações para o seu maior cliente, os Estados Unidos, pois de volta apenas recebe IOU sem garantias — i.e. dinheiro puramente virtual.
  2. a Alemanha ameaçou os PIIGS de expulsão da moeda única europeia (ou pelo menos de uma quarentena apertada), pois percebeu que não pode continuar a financiar as suas exportações para países que há muito esgotaram os respectivos recursos estratégicos e cujo endividamento público e privado entrou numa curva exponencial. Basta reparar no crescimento assustador do serviço da dívida em Portugal, Espanha, Irlanda, Grécia, mas também em França, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos (5 dos G7), para imaginar onde tudo isto vai acabar por levar a economia mundial.
Os maiores exportadores globais de bens transaccionáveis (União Europeia, China, Alemanha, Estados Unidos e Japão) estão numa situação potencialmente mais explosiva do que aquela em que encontram os detentores das principais reservas energéticas do planeta (Arábia Saudita, Irão, Iraque, Rússia, Brasil). Estes últimos continuarão sem grandes problemas, na medida em que o petróleo (3) e o gás natural escasseiam e a população mundial continua a expandir, precisando de quantidades crescentes de água potável e alimentos. Os exportadores de bens industriais, pelo contrário, precisam de vender bens de que não precisamos ou que não podemos comprar por estarmos demasiado endividados.

A recessão mundial está assim para durar. E a inflação galopante pode estar apenas ao virar de uma esquina. Na Irlanda, em Atenas, Madrid, Lisboa ou Londres!


NOTAS
  1. Reserves Shifting Away from the Dollar? — Mar 31, 2010 (Roubini) -- Global central banks, which managed over US$8 trillion in reserves at the end of 2009, according to IMF, estimates have been gradually diversifying their portfolios. The dollar share has inched down since 2000. The appreciation of the U.S. dollar and central bank participation in the global flight to safety slightly boosted the dollar share in 2008 to around 65% of the institutions that report their currency composition.
  2. China sells $34.2bn of US treasury bonds -- February 17, 2010 (Guardian) -- China sold $34bn (£21.5bn) worth of US government bonds in December, raising fears that ­Beijing is using its financial ­muscle to signal that it has lost confidence in American economic policy.

    US treasury figures for the period ending in December 2009 show that, following the sale, China is no longer the largest overseas holder of US treasury bonds. Beijing ended the year sitting on $755.4bn worth of US government debt, compared to Japan's $768.8bn.

    China Slows Purchases of U.S. and Other Bonds -- HONG KONG, April 12, 2009 (The New York Times) -- Reversing its role as the world’s fastest-growing buyer of United States Treasuries and other foreign bonds, the Chinese government actually sold bonds heavily in January and February before resuming purchases in March, according to data released during the weekend by China’s central bank.
  3. Energy prices rally on hopes for demand — SAN FRANCISCO, April 1, 2010(MarketWatch) -- Energy futures rallied Thursday, with oil rising for a fourth consecutive session to nearly $85 a barrel and natural gas prices rising after a smaller-than-expected increase in storage levels in the U.S.


OAM 678—2 Abril 2010 1:59 (última actualização: 11:56)

segunda-feira, fevereiro 06, 2012

Mais barragens?

As Redes Inteligentes e o Mercado Único Europeu da Energia apostam na eficiência!

Redes Inteligentes e o Mercado Único Europeu da Energia — uma solução à vista. © Hoje Macau.

Poll reveals wide support for EU grid action
EurActiv
Published 06 February 2012

A survey of European stakeholders has found overwhelming support for giving priority, funds and planning waivers to allow the speedy construction of European grid infrastructure.

In a survey of businesses, industrial associations, NGOs and think tanks, 81% of respondents said that creating a single European electricity market, and the needed grid infrastructure, should be an EU policy priority.

“We couldn’t agree more,” said Susanne Nies of Eurelectric, an association representing major European power generators.

Rede Inteligente de Energia Pode Ser Hipótese para Macau
Hoje Macau
15 Dez 2011

Está implementada em diversos locais do planeta. A China e os EUA, os principais adeptos do conceito, já desembolsaram muitos milhões de patacas em projectos pilotos. Macau pode ser a “cidade ideal” para a sua implementação. Estamos a falar de Smart Grid, a rede inteligente de energia

O plano de construção de novas barragens hidroeléctricas foi engendrado para melhorar a intermitente produtividade dos geradores eólicos, e pelo caminho aumentar também os ativos não virtuais de empresas sobre endividadas como a EDP. No entanto, as dúvidas técnicas e ambientais sobre o acerto da decisão crescem dia a dia. Os motivos são de vária ordem:
  • O Plano Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroeléctrico (PNBEPH) sofre da ausência ou de graves erros de avaliação, quer dos impactes ambientais e patrimoniais negativos das obras e barragens previstas, quer da rentabilidade a curto e médio prazo das mesmas. Esta, segundo alguns especialistas, não poderá deixar de ser nula, ou até negativa!
  • Findo o regime de monopólio partilhado pela EDP, Iberdrola e Endesa, e em particular depois de estabelecido o Mercado Comum Europeu da Energia, assente no conceito de redes energéticas inteligentes e democráticas (na medida em que a micro-geração, nomeadamente off-grid, se liberta das limitações legais conseguidas pelos cartéis energéticos), a falta de rentabilidade das barragens previstas no PNBEPH, sobretudo as dos rios Sabor, Tua e Tâmega, tornar-se-à um peso negativo no balanço geral das respetivas explorações, e uma perda de valor, nomeadamente em bolsa, para as empresas detentoras (Three Gorges, etc.) destes projetados elefantes brancos;
  • As empoladas reservas de gás natural, em África, Canadá e Estados Unidos, e as ainda mais empoladas reservas potenciais de petróleo e de gás de xisto, poderão no curto prazo tornar ruinosa, ou pouco rentável, boa parte dos investimentos em energias eólica e solar;
  • O Mercado Comum Energético Europeu, que acompanhará porventura o nascimento de uma União Europeia Fiscal e Orçamental mais equilibrada e competitiva, é uma ameaça óbvia ao cartel que hoje fornece energia cara ao país —às cidades, às empresas e às pessoas.
  • Sendo praticamente inevitável a renegociação das leoninas Parcerias Público Privadas (PPPs) que vêm arruinando de modo acelerado e catastrófico o país (1), cessará também, pelo menos em parte, a simbiose oportunista entre o cartel energético e o poder partidário instalado e, por esta via, o interesse empresarial e financeiro nas novas barragens.
  • Por fim, que fazer das renováveis já instaladas? À medida que a ilusão na imaginária abundância de gás natural e de gás de xisto se esbater contra a realidade de uma inflação crescente dos preços da energia e das matérias primas em geral, o que hoje dá prejuízo, talvez em 2015, ou 2020, comece a revelar-se uma fonte indispensável de produção própria de recursos.
Entretanto, a prioridade irá, mais cedo ou mais tarde, quer queiramos, quer não, para a adopção de políticas europeias comuns focadas na eficiência energética e na produção em rede, e fora dela, de velhas e novas formas de energia renovável que não destruam no seu caminho equilíbrios ecológicos e paisagísticos com milhões ou milhares de anos.


ÚLTIMA HORA

 6 Fev 2012, 16:15


NOTAS
  1. O grau de endividamento público de Portugal (DN, 6 fev 2012) é o segundo pior da União, logo depois da Grécia, se tivermos presente que aos 110% de dívida oficial, teremos que somar (para deixarmos de aldrabar a contabilidade) o endividamento programado e ou já contratado nas cento e vinte PPPs, cujo valor ascende a uns astronómicos 60 mil milhões de euros. Ou seja, a nossa dívida pública real é de, pelo menos, 145% do PIB! Pelo andar da bancarrota grega, a seguir seremos nós a entrar oficialmente em quarentena. Esta implicará, nomeadamente, uma dieta prolongada dos mercados de dívida soberana e o recurso condicionado ao BCE. Entre as condições que nos serão inevitavelmente impostas, e que constam aliás do Memorando da Troika, está, precisamente, a renegociação das PPPs, ou seja, a paragem e o adiamento inevitáveis de alguns projetos públicos lançados pelo anterior governo: novas autoestradas, novos aeroportos e novas barragens. Não por vontade da Troika, mas porventura por sabotagem dos piratas já infiltrados no governo do senhor Passos de Coelho, a ligação ferroviária em bitola europeia entre Lisboa e Madrid, que conta com 800 milhões de euros provenientes dos fundos comunitários, também poderá ficar no tinteiro, até novas núpcias :(