segunda-feira, abril 21, 2014

Benfica agradece a Jesus

Boneco bem disposto sobre a vitória do Benfica. Autor desconhecido.

O futebol é o circo de gladiadores dos tempos modernos. Nada mudou.


Sou benfiquista, mas não pedi fogos de artifício depois da meia-noite no centro da capital (foi o Costa que pediu?), nem me reconheço no hooliganismo futebolístico dominante e apaparicado pela generalidade da corja partidária e do betão. Quanto mais futebol, telenovelas e concursos desmiolados preenchem o tempo livre dos indígenas, maior a miséria, a desigualdade social e a falta de futuro. Mas os partidos desta democracia populista parecem adorar. E o povo também. Pois então não se queixem.

Sociologia da crise à parte, Viva o Benfica que há quatro anos que não comia!

domingo, abril 20, 2014

Carcavelos, a nova pérola da Linha?

Memória de uma presença civilizada

A Quinta dos Ingleses merece mais do que abandono e entulho a céu aberto


Vivo em Carcavelos há mais de quatro décadas. Vim de Macau, cresci alguns anos nos corredores do Convento de Mafra, vivi em Lisboa, no Porto, no Mindelo de São Vicente de Cabo Verde, parti várias vezes para outros lugares, vivi sob a chuva miudinha da Corunha, não resisto a ver o Porto e o mar da Foz do alto do Monte Cativo ao entardecer, pisar a terra que o meu avô deixou ao meu pai e o meu pai me deixou, em Cinfães do Douro, com o magnífico e temeroso rio sempre no mesmo lugar, é uma obrigação da memória. Mas depois, depois destas intermináveis andanças, acabo sempre por voltar à avenida dos meus passeios filosóficos e à praia que corre dentro de mim.

Vi arder por mais de uma vez os pinheiros, que já não existem, da metade poente da quinta, ao descer e subir a Avenida Jorge V. Ouvi por três ou quatro vezes a algazarra local dos partidos em volta da urbanização há muito prevista no lugar que os ingleses um dia compraram, porque quinta de vinho deixara de ser (1), e era então lugar propício para ali amarrar o cabo submarino de telecomunicações que ligaria em 1870 o Reino Unido à Índia, passando por Portugal, naturalmente!

Os ingleses nunca chegaram a deixar a Quinta dos Ingleses, nem o primeiro campo de football que Portugal teve. A antiga casa senhorial do século 18, que a Eastern Telegraph Company usara como centro de operações, transformar-se-ia mais tarde no St Julian's School, também conhecido como o colégio inglês, notável, caro quando tínhamos o escudo, caríssimo agora que temos o euro, pequeno para as encomendas que abrem espaço à concorrência para mais de uma réplica. A gente culta da era Salazarista, incluindo os intelectuais comunistas, só se não pudessem deixariam de colocar os seus filhos no Colégio Inglês. E continua a ser assim. Um lugar com tão notável passado foi, no entanto, queimado e abandonado à sua sorte. As guerras partidárias populistas contra os donos do terreno foram degradando paulatinamente aquela mancha verde, metade da qual foi reduzida a mato, a local de despejos ilegais de entulho, incluindo por parte de entidades públicas (!), e de parquemanto grátis para a malta. Grátis a que propósito?! Será poventura grátis estacionar junto à Câmara Municipal de Cascais, ou nas imediações da Junta de Freguesia de Carcavelos?

Antevisão do arquiteto José Adrião (ver proposta)



Antevisão do arquiteto José Adrião (ver proposta)

O Plano de Pormenor (PP)

Não tenho já qualquer paciência para partidos políticos, sobretudo quando as suas guerras intestinas e os seus torneios florais giram à volta do mesmo: comissões por baixo da mesa e empregos para dar e vender. E também tenho cada vez menos paciência para os penduras da partidocracia, ou para as corporações e sinecuras que de tempos a tempos agitam a populaça em nome dos direitos e da democracia, acenando sempre com alguns tremoços grátis. Será que este povo bronco, indolente e oportunista terá percebido desta vez que o que o Estado lhe dá é para ser pago, mais cedo ou mais tarde, pelo próprio ou pelos seus filhos e netos? Será que esta crise lhe ensinará alguma coisa nova, ou continuará alarvemente a abrir esplanadas ilegais a que os burocratas municipais e polícias fecham os olhos apesar das sucessivas queixas? Continuará estupidamente a estacionar nas curvas, em cima dos passeios, dos canteiros e diante das entradas de garagem, como se tudo fosse seu e de borla? Até quando? Até ficar sem carro, suponho.

A contestação ao novo plano de pormenor para a Quinta dos Ingleses, que li, é em geral superficial e oportunista. Da discussão pública que teve lugar, e que pode ser consultada de fio a pavio no sítio da Câmara Municipal de Cascais (pdf) percebe-se que houve regras e foram respeitadas as leis vigentes. Ou seja, os proprietários têm à sua disposição uma superfície de construção idêntica à área da sua propriedade e, por seu lado, a comunidade e a vila de Carcavelos disporão de mais de 50% do terreno para usos públicos, urbanos e sociais. Ninguém perde e todos ganham, suponho.

Salvo se houver uma coligação oportunista na Assembleia Municipal de Cascais que boicote, uma vez mais, a resolução deste problema, teremos em breve aprovado o Plano de Pormenor do Espaço de Reestruturação Urbanística de Carcavelos Sul (PPERUCS; abrev.: PP) Outra coisa, muito diferente, é saber o que farão os promotores com tal aprovação, e o grau de empenhamento e exigência posto no desenvolvimento da obra pela mesma Câmara Municipal que lhe deu luz verde.

A futura Quinta dos Ingleses urbanizada, acomodando um parque urbano e um magnífico espaço verde, a par de um estacionamento decente junto à praia (barato, mas pago, espero, pois há sempre a alternativa do comboio e outros transportes coletivos, e ainda a partilha do automóvel para diminuir a intensidade energética da nossa miserável economia), atraindo alguns milhares de novos residentes de classe média a Carcavelos, para aqui viver, ou estudar, trabalhar, montar negócio, ou tudo em um, é uma oportunidade que deve ser agarrada com todas as mãos e sobretudo com a cabeça.

Os índices de ocupação, corrigidos de 2001 para cá (de 1450 para 939 fogos) e as volumetrias parecem-me em geral razoáveis. Mais piso recuado, menos piso recuado (uma cedência da CMC às críticas sem fundamento e à demagogia populista que se traduzirá na obtenção das mesmas áreas noutros sítios), não vejo nada nesta proposta que possa assemelhar-se aos verdadeiros monstros urbanísticos que o famoso Judas deixou alegremente construir, nomeadamente em São Pedro do Estoril e à entrada de Cascais.

Tudo depende, isso sim, da qualidade dos arquitetos que vierem a ser chamados a desenhar em concreto todo aquele espaço, e todos os edifícios previstos. Nós temos hoje em Portugal arquitetos, paisagistas e designers de elevadíssima qualidade e mérito reconhecido dentro e fora de portas, e nem sequer é preciso recorrer aos de sempre, nem muito menos aos que marcam ponto nos corredores partidários do poder. Faça-se um concurso público, como se a Quinta dos Ingleses fosse, que o é, património municipal, e até património nacional. Dali se fez parte da rota das Índias das telecomunicações, em 1870. Ali continua, pronto a crescer, um dos mais prestigiados colégios do país. Em frente está a praia onde nasceu o Surf português. E ali se bateu a terra do primeiro campo de futebol que Portugal teve, caramba! Só neste ponto dou inteira razão a quem afirmou ao Público: ... o direito de propriedade “não se pode confundir com o direito de construir”— sem cultura (acrescento eu).

Os construtores da futura Quinta dos Ingleses têm perante si próprios e perante a comunidade um dever de qualidade e um dever de carinho pelo génio do lugar. A Câmara Municipal de Cascais, por sua vez, tem o dever de aproveitar com a máxima energia e sabedoria uma das poucas pérolas que lhe restam na frente marítima do concelho. Por fim, os carcavelenses, sabem que uma vila capaz de atrair no curto prazo vários milhares de residentes e fregueses à Quinta dos Ingleses, à requalificada Praia de Carcavelos, ao novo polo académico da Universidade Nova, ao futuro El Corte Inglés, e ao centro da vila, é um autêntico maná nos tempos dificílimos que temos e ainda teremos pela frente. A maioria dos carcavelenses que gostam da sua vila sem dela nada esperar salvo que continue pelos tempos fora, sabe também que os notáveis da sua rua nem sempre são os melhores conselheiros.

Precisamos de sarar esta ferida!

O populismo fala de uma mancha verde. Onde está? Imagem: José Adrião Arquitetos

FICHA PARA CONSULTAR O PROJETO E A DISCUSSÂO PÚBLICA

Cascais
Quinta dos Ingleses (proprietários: St Julian's School e Alves Ribeiro)
Plano de Pormenor do Espaço de Reestruturação Urbanística de Carcavelos Sul (PPERUCS; abrev.: PP)
Área de intervenção: 54,11ha
Área de Solos em domínio privado do Município e a integrar em domínio público: 31,00ha
Área de implantação (edifícios): 14,37ha
Impermeabilização de solos: 27,34ha (50,53%/ índice limpo: 47,51%)
Área Total de Construção (edifícios): 61,79ha (100,21%)
Número de fogos: 939 (1450 no plano rejeitado em 2001)

Documentos de consulta no sítio da CMC (pdf)
Planta de Implantação II - Modelo de Ocupação (pdf)

Relatório de ponderação do período de discussão pública das propostas de Plano de Pormenor do espaço de reestruturação urbanística de Carcavelos sul (pdf)

Discussão
  • 91 participações escritas: reclamações/ observações/ sugestões (Nota: há participações idênticas subscritas por mais de uma pessoa)
  • 35 opiniões favoráveis ao PP
  • 7 opiniões contrárias ao PP
  • 48 participações críticas objeto de ponderação
  • a participação 84, apresentada pelo Movimento Fórum por Carcavelos, é um abaixo-assinado com 3.723 subscritores.

Ponderação
  • Área de intervenção: 50 hectares
  • 25% da área de intervenção do PP é Parque Urbano (incluindo áreas verdes, ribeira, rede de mobilidade interna e equipamentos desportivos)
  • 40% da área é composta por Parque Urbano e outros espaços verdes, público e privados
  • A área verde nuclear do Parque Urbano, incluindo a ribeira abrande cerca de 10ha, correspondente a 1/5 da área de intervenção do PP
  • 50% da área total passa a domínio municipal

Entulho asfáltico vertido na Quinta dos Ingleses

RECORTES DE IMPRENSA
Moradores protestam no domingo contra mega-urbanização em Carcavelos - PÚBLICO e Lusa, 04/04/2014 - 15:51

A representante do grupo Forum de Carcavelos, que junta mais de 3000 pessoas, considera que os blocos de betão previstos - dois edifícios de seis pisos e outro de quatro pisos, um hotel de cinco pisos, um condomínio privado e espaços residenciais e comerciais - são “inadmissíveis”.

Urbanização em Carcavelos sem impactos no surf e na praia, diz estudo - PÚBLICO, Marisa Soares, 02/04/2014 - 07:50

Durante o período de discussão pública, que terminou a 17 de Fevereiro, a autarquia recebeu 91 contributos e aceitou algumas das alterações propostas: a urbanização não pode incluir condomínios fechados e três dos prédios mais próximos da Avenida Marginal terão seis e não sete pisos, retirando cerca de 30 fogos aos 939 previstos.

Mega-urbanização reacende polémica sob ameaça judicial de 264 milhões de euros - PÚBLICO, José António Cerejo, 14/02/2014 - 12:49

A discussão pública do novo plano de pormenor de Carcavelos Sul, que abrange uma área de 54 hectares no interior da qual se situa o colégio inglês (St. Julian’s), termina na segunda-feira. Ao longo de quase dois meses os argumentos dos defensores e dos críticos do projecto voltaram a ser esgrimidos sem grandes novidades em relação a 2001.
Entulho asfáltico vertido na Quinta dos Ingleses

NOTAS
  1. Quinta do Cabo Submarino em Carcavelos. José Morais
Entulho de obras vertido na Quinta dos Ingleses

Edifício degradadao com a inscrição "G S CARCAVELOS"




Atualizado: 21-03-2014 13:18 WET

sexta-feira, abril 18, 2014

Vegetal argelino eleito com 81,53% dos votos e uma abstenção de 48,3% (números oficiais)

Presidente argelino, Abdelaziz Bouteflika, vota na sua reeleição. Abril, 2014.

Um retrato fiel da decadência das democracias


Argélia: Bouteflika vota em cadeira de rodasEuronews, 18-03-2014.

Numa eleição onde a única incógnita parece mesmo ser a taxa de participação, Abdelaziz Bouteflika, o presidente cessante da Argélia – e presumível vencedor do escrutínio – compareceu na mesa de voto em cadeira de rodas.

Esta é a primeira aparição pública de Bouteflika desde que sofreu um acidente vascular-cerebral que lhe causou problemas de fala e de mobilidade.

Mourad Boukhelifa. Ancien candidat à la présidentielleAbdelaziz Bouteflika IV : les réactions — Écrit par  El Watan 2014, 18/04/2014 19:06.

« C'est juste une grande plaisanterie ! Il y a eu fraude, c'est ce qui nous fait douter des chiffres avancés. J'ai personnellement remarqué que les gens ne se sont pas rendus en masse pour aller voter, et on nous annonce des chiffres improbables qui nous laissent frustrés. J'ai moi-même remarqué des anomalies sur les bulletins de Benflis. C'est la raison pour laquelle que je dis que la fraude est incontestable ».

A criatura há quase um ano que não aparecia em público. Sofreu um AVC que lhe tolheu, nomeadamente, a fala. Esteve internado 80 dias. E no entanto, foi de novo candidato à presidência da república argelina e ganhou com 81,53% dos votos (os números oficiais são, no entanto postos em dúvida por vários candidatos, podendo a abstenção ter superado em muito os 50%). Ninguém contestou o que anunciou a comissão eleitoral deste país que apenas interessa ao Ocidente por causa das suas enormes reservas de gás natural. A nossa condescendência e hipocriaia estão, pois explicadas.




Este episódio degradante apenas nos deve levar a refletir sobre o que inquinou de forma tão miserável o projeto democrático que o Ocidente não se tem cansado de promover e abastardar.

Tal como nos casos vegetativos de Salazar e Franco, e antes destes, de muitos outros ditadores, o que mantém os seus cadáveres adiados no topo do poder não os corpos algaleados e amarrados às Unidades de Cuidados Intensivos, mas a corja que os rodeia e teme o colapso que sempre ocorre nos regimes aurocráticos incapazes de aceitar verdadeiramente a lógica democrática.

Podemos, no entanto, olhar para as democracias da Europa e da América neste findar de era como perversões institucionais análogas à de Salazar, Franco e Bouteflika. De democracia, têm ainda a forma e sobretudo a propaganda e os instrumentos legais fortemente controlados pelas partidocracias vigentes. Mas de miolo, já quase nada. Pior ainda: tal como Bouteflika, o estado vegetativo das democracias ocidentais é incapaz de mudar pelos seus prórpios.

A sorte destes regime falidos e sem moral, imagino qual seja. É tudo uma questão de tempo.

Atualizado: 18/04/2014 22:53 WET

Por uma democracia sem partidos - 1

Estado das obras da barragem do Tua em abril de 2014.


Com esta corja não vamos a parte alguma


Portugal não tem partidos de direita, de esquerda, de nada, tem um bando de salafrários que se reúnem para roubar juntos" (José Saramago)

Enquanto for assim, votar é legitimar a cleptocracia que temos e condenar Portugal à extinção. Não votar, pelo contrário, é uma condição necessária à preparação de um DEMOCRACIA SEM PARTIDOS — quer dizer, uma democracia onde os partidos tenham o seu lugar, mas não o execrável monopólio do país que uma vez mais nos conduziu à ruína, à emigração e à tristeza coletiva.

Peixes mortos na barragem (em construção) do rio Sabor, abril, 2014


Mais sobre este mesmo tema:

POST SCRIPTUM

Recebi este email, que vale a pena ler...

Caros
Por enquanto são os peixes, depois seremos nós!!!!
Para produzirem alguns euros, porque o contra embalse transfere e energia barata das eólicas para a hora de ponta com uma perda de 30%.
Para dizerem que têm energia, muita e barata, para fazer não se sabe o quê!!!
Destroem os recursos, solo, água, praias, para não falar da biodiversidade, para não falar da segurança alimentar etc.
Se não alterarmos o rumo (e não é por aumentarmos as pensões e reformas) os nossos netos vão ser uma cambada de velhos caquéticos, a viver em cidades fantasma, vazias de gente, a morrerem de fome e sede, no meio de catástrofes mas cheios de energias renováveis.
Já temos cerca de 1.800.000 casas vazias e somos 10.000.000. Como vêm no jornal estão todos contentes porqe o imobiliário está a renascer e quando formos só 6.000.000 quantas casas teremos.
Os Fluvissolos (para os ignorantes os solos de aluviões e coluviões) nas baixas, os Cambissolos profundos, os Luvissolos e Vertissolos ainda não degradados estão a ficar debaixo de água nas barragens e nas mini-hídricas, debaixo das estradas e das fábricas  (são menos de 5% do território) e depois os que ficarem, os velhos, vão comer voltes e wats???? E o que vão beber com a redução da chuva e a degradação das águas subterrâneas e com as chuvas cada vez menores e com mais intensidade?
E estas ... todas contentes
Um abraço de um velho farto desta gente
Eugénio

Atualizado: 19-03-2014 10:26 WET

quinta-feira, abril 17, 2014

Bruxelas põe Mexia e Passos em sentido. E nós?

Serra de Montemuro, terra queimada nas imediações de um grande parque eólico

 

Nunca se mentiu tanto sobre números e estatísticas


Bruxelas dita diminuição de subsídios às energias renováveis

Euronews, 09/04 19:16 CET

Quando está ao rubro a discussão sobre a dependência da União Europeia (UE) da importação de gás, carvão e petróleo; Bruxelas decide avançar com a diminuição gradual dos subsídios estatais às energias renováveis, tais como a eólica e a solar.
As eólicas e a biomassa
Luís Mira Amaral, Expresso dia 5 de Abril

Segundo a ERSE, em 2013, Portugal consumiu a mesma eletricidade que em 2006, enquanto que nesse ano os famosos Custos de Interesse Económico Geral (CIEG) eram apenas de 500 milhões de euros e em 2013 foram de 2500 milhões de euros! 

Se mais de 150 mil pessoas fogem do país, o desemprego logicamente cai. Se os portugueses diminuem o consumo de gasolina, de gasóleo e de eletricidade, a balança energética logicamente melhora. Não é, pois, por causa das ventoinhas e da propaganda da EDP, da Endesa ou da Iberdrola, que o país vê melhorar a sua autonomia energética. Pelo contrário, o que aconteceu nestes últimos anos foi que, apesar do consumo de energia ter caído e continuar a cair, a fatura elétrica que chega a casa das pessoas e das empresas aumentou, e aumentou acima da inflação!

As renováveis intermitentes (sobretudo as ventoinhas americanas impingidas pela Goldman Sachs ao Mexia a ao Pinóquio, e que nós pagamos em rendas excessivas e ilegítimas) não trouxeram nenhuma diminuição à nossa dependência energética face ao exterior. A melhoria da nossa balança energética só tem uma explicação: importámos menos petróleo e exportámos mais derivados do petróleo importado. As barragens são, pois, um embuste a que este governo indigente não deu ainda a necessária resposta. Se emigrarem mais 150 mil pessoas nos próximos dois a três anos, que tenciona Passos Coelho fazer aos piratas da energia? Continuar a deixá-los sugar a economia e as pessoas em nome das suas aventura financeiras? Permitir que a dívida descomunal da EDP, contraída no casino da bolha eólica americana, seja paga pelos portugueses? Que tal umas lições de História de Portugal no período que se seguiu à perda da teta brasileira... até à subida de Salazar ao poder?

Como um entendido na matéria escrevia hoje:

“A dependência energética de Portugal (saldo importador de energia —importações-exportações— a dividir pela soma do consumo total de energia primária + consumo de energia das bancas marítimas e aéreas) é das mais elevadas da Europa. Analisemos a sua evolução nos últimos anos, segundo a DGEG com valores em percentagem:

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Verificamos que a dependência energética tem variado desde 1998, atingindo um pico em 2005, decrescendo depois até 2012, último ano em que existem balanços energéticos disponíveis.

Analisemos então mais em detalhe estes três anos, para poder calcular quais as razões por detrás destas evoluções segundo os dados dos balanços energéticos disponíveis na DGEG, em toneladas equivalentes de petróleo (tep), e mais em particular a diferença entre 2005 e 2012, período em que decorreu o maior investimento nas renováveis intermitentes:

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O que resulta desta análise é que as afirmações de António Mexia:

“Ao desenvolver as energias renováveis, a dependência energética em Portugal desceu mais de dez pontos percentuais, de 85% para 75%, de 2005 a 2012”, e “Portugal deixou de importar 4,3 mil milhões de euros de combustíveis fósseis” (Jornal de Negócios-26.3.14)

são totalmente desprovidas de sentido e contrariadas pelos números do balanço energético.

O que acontece é que a diminuição da dependência energética verificada neste período se deve quase exclusivamente à drástica redução do consumo de combustíveis líquidos derivados de petróleo nos transportes, devido ao aumento dos preços, o qual teve uma quebra de 20,7%, conduzindo a uma redução das importações de ramas e derivados em 25,2 % conjugada com o aumento das exportações de produtos refinado em 80,3%, permitida pela margem deixada em capacidade de refinação não usada para o consumo interno.

Se olharmos agora para a fatura energética entre estes dois anos de referência usados pelo CEO da EDP, os números aparecem assim, em milhões de euros:

Clique para aumentar

Na queda da dependência energética de Portugal em 9,4 pontos percentuais, de 88,8% para 79,4%, entre 2005 e 2012, não se constata qualquer redução, nem em valor nem em volume, ligado ao apoio às energias renováveis dados naquele período. Houve sim uma redução substancial do consumo de gasóleo e gasolina devido ao aumento dos seus preços, e só isso justificou a melhoria da dependência energética e o espetacular aumento das exportações de energia.

Quanto aos combustíveis fósseis usados para a geração elétrica – o carvão e o gás natural – houve nesse período um aumento de importações em volume para o gás natural e uma pequena redução para o carvão. Também nesse período se verificou um aumento das importações de eletricidade.  Os 4 mil milhões de euros que Portugal deixou de importar naquele período nada têm que ver com as renováveis, mas sim com a diminuição de importação de ramas e derivados de petróleo para o sector dos transportes. Agora a política de apoio às renováveis intermitentes originou um sobrecusto dessa ordem que não foi absorvido pelos consumidores, e que se acumulou numa dívida tarifária a crescer em bola de neve.”

Bruxelas põe Mexia e Passos em sentido. E nós?

quarta-feira, abril 16, 2014

China prepara globalização do Renminbi




A China precisa de aumentar as suas reservas de ouro para poder lançar o Yuan como moeda de reserva mundial

Temos insistido regularmente nesta tecla. A questão é simples: a China tonou-se o maior importador de petróleo do planeta... Se e quando o dólar cair a pique, o Yuan irá surgir inevitavelmente como uma das principais moedas de reserva mundiais... O ouro é essencial como garantia de uma moeda chinesa de reserva.

Reservas de ouro, 2013 (ton.) - Wikipedia
  • Eurolândia (est. mínima): 10.990,4
  • EUA (supostamente): 8.972,6
  • China: 1.054,1
  • Rússia: 1.041,9 
ÚLTIMA HORA

BRICS countries to set up their own IMF
April 14, 2014 Olga Samofalova, Vzglyad

Very soon, the IMF will cease to be the world's only organization capable of rendering international financial assistance. The BRICS countries are setting up alternative institutions, including a currency reserve pool and a development bank.

Source: Russia Beyond the Headlines

Atualizado: 17/04/2014 01:21 WET

Instituto Camões

Portugal deveria fechar uma dúzia e meia de embaixadas na União Europeia, e potenciar a sério o Instituto Camões, abrindo institutos de língua e cultura portuguesas em Xangai, Pequim, Luanda, Maputo, Casablanca, Caracas, Boston, Londres e Berlim. 

Precisamos de gente com visão neste país!