Synthetic CDO that fails in subprime securitization
We had to nationalise the banks “to preserve the free market.” -- George W. Bush"It's very simple: we sink together or we swim together.
"I very much hope that China can make an important contribution to the solution to the financial crisis. It's a great opportunity for China to show a sense of responsibility." -- José Manuel Barroso.
João Cravinho veio de Londres explicar aos indígenas que há toda a conveniência em reunir uma comissão de sábios economistas para lidar com a gravíssima crise financeira e económica que abala o mundo. Falou até no antigo governador do Banco de Portugal e ministro, José da Silva Lopes, como um dos desejáveis protagonistas para liderar o sugerido clube de sábios consultores. Os economistas não se fizeram rogados, pondo-se a disparar pequenas teorias em todos os canais disponíveis, assestando as suas armas analíticas sobre os três pontos da discussão lançados há meses, curiosamente, por Manuela Ferreira Leite, actual líder do PSD que, pelos vistos, incomoda muita gente no Bloco Central.
Os pomos da discussão e da discórdia são estes:
- qual a gravidade da crise actual e que impactos tem em Portugal?
- deve-se ou não manter o plano de Grandes Obras Públicas (GOP) do PS?
- se houver que eliminar ou adiar obras previstas, quais deveriam ficar no tinteiro dos vorazes gabinetes de consultoria e assessoria?
É certo que Medina Carreira, Silva Lopes e mais recentemente Luís Campos e Cunha, têm alertado os portugueses para o endividamento do país, contínua perda de competitividade e divergência relativamente à média de desenvolvimento da União Europeia. Mas o que ainda não li de nenhum deles foi uma análise crítica sobre a mudança da qualidade das ameaças que poderão, de facto, empurrar Portugal para uma falência súbita, como as que ocorreram na Islândia e poderão ainda fazer ajoelhar a Ucrânia e o Reino Unido.
Falta de coragem? Não acreditam na hipótese, e preferem badalar a cantilena suicida da robustez do nosso sistema financeiro e bancário? Não sabem que ambos estão há muito falidos? Não temem que o obscuro aval dos 20 mil milhões de euros à banca se transforme a curto prazo num garrote à própria capacidade de endividamento de todo um país, a começar pelo irresponsável Estado?
Relativamente às GOP, defendidas em nome dum Keynesianismo colado com cuspo, por um Sócrates disfarçado de salvador da Pátria, sem pensar um minuto nas despesas sociais associadas, nem nos recursos imprescindíveis a semelhante devaneio populista, alguém leu alguma opinião dos sábios economistas sobre as virtudes dum Estado-betão, falido e sem recursos próprios? Eu só ouvi e li alguns lamentos sobre o preço da coisa! Que é caro. Que talvez seja difícil pedir dinheiro emprestado nas actuais circunstâncias. Ou que deveríamos ponderar com mais cuidado a ideia de atirar as dívidas do passado, do presente e do futuro para os nossos filhos e para os nossos netos. Alguém sabe qual vai ser o preço do dinheiro daqui a um, dois ou três anos?!
Quando chegamos à tesoura dos cortes nas grandes obras, a ignorância dos temas por parte dos economistas é em geral confrangedora.
Quase todos eles gostam de barragens. Porque será? Mero reflexo defensivo? Já pensaram, por acaso, no aproveitamento ridículo que tem sido dado aos inúmeros lençóis de água e albufeiras deste país, por exemplo, na modernização da nossa atrofiada agricultura? Já pensaram que construir dez ou doze novas pequenas barragens apenas aumentará em 3% a produção da energia eléctrica que consumimos anualmente? E que, por outro lado, tais fretes à EDP do Mexia, feitos em nome de um mercado de dívidas em colapso, arruína um precioso capital natural, não deslocável e insubstituível? Já ouviram falar de negaWatts, ou de conceitos como eficiência e produtividade energéticas? Se houver um plano de emergência que passe por recuperar 30% da energia mal consumida e em grande parte importada, e 40% da água potável que se perde na péssima eficiência dos sistemas de distribuição existentes, corrigimos dois problemas cruciais pela raiz, criando ao mesmo tempo conhecimento, emprego e riqueza material. Seria, por si só, uma formidável revolução. Ou se quiserem uma actualização inteligente das teorias de John Maynard Keynes.
Sobre a necessidade de novos aeroportos, novas autoestradas e novas travessias, basta olhar para os números!
- As chegadas e partidas de aviões estão a cair consistentemente na Portela, onde sobram centenas de slots vazios (mas não no aeródromo de Tires, onde o corropio de Corporate Jets faria pensar e agir qualquer Estado vigilante e atento ao seu património);
- O tráfego automóvel na Ponte 25 de Abril tem vindo a decair nos últimos cinco anos; em contrapartida, a capacidade de transporte ferroviário na mesma ponte, pela Fertagus, está esgotada, por falta de comboios...;
- A Volvo viu as encomendas europeias de camiões para o quarto trimestre deste ano decair de 41 970 para 115 unidades (BBC), e a Mercedes anuncia paragem da sua maior fábrica na Alemanha durante o mês de Natal! (Spiegel). Por cá, o número de dias sem produção em Palmela cresce mês a mês e nada garante que o pior não venha a ocorrer no cluster automóvel da Margem Sul;
- Finalmente, o TGV: as ligações entre Madrid e Poceirão-Pinhal Novo, bem como entre Vigo e Porto, são os dois únicos investimentos públicos do embrulho GOP que fazem sentido, seja por causa dos compromissos entre Estados, seja sobretudo devido à utilidade imediata de ligar Portugal à nova rede ibérica de Alta Velocidade e Velocidade Elevada assente em carris de "bitola europeia". As novas linhas deverão, porém, e ao contrário dos tresloucados Power Points governamentais, servir para o transporte de pessoas e mercadorias. Pois só assim se rentabilizarão eficazmente os investimentos.
A reintrodução em força do transporte ferroviário de pessoas e bens na União Europeia faz parte da sua urgente agenda de combate ao Aquecimento Global e mitigação da dramática dependência energética da Europa face à Rússia, Médio Oriente e Magrebe. Portugal, um país extremamente dependente das importações de petróleo e gás natural, corre o sério risco de ficar no bolso dos novos sultanatos energéticos, como se tem visto na ascendência crescente de Angola, por exemplo, no nosso sistema bancário. Precisamos, pois, de diminuir dramaticamente a factura petrolífera, estabelecendo vias de transporte rápido e qualificado entre os nossos portos e o resto da Europa. Precisamos, por outro lado, de terminar de uma vez por todas a modernização da Linha do Norte, por forma a deixar o Alfa ligar as duas principais áreas metropolitanas do país em 2 horas; bem como modernizar (electrificar, etc.) as linhas do Oeste, Douro e Beira Alta.
Tudo isto, pensado com pés e cabeça, numa lógica de máxima eficiência energética, seria um desafio suficientemente grande para empregar de forma duradoura e consistente milhares de pessoas neste país. Pelo contrário, aquilo que vemos na propaganda governamental é mais do mesmo: pronto-a-vestir tecnológico importado, importação de mão-de-obra estrangeira, trabalho ilegal e precário, e muita engenharia financeira para disfarçar o endividamento infinito da nossa economia. Como é sabido, este modelo de rapina está esgotado e não será financiado pelos esquemas clandestinos do costume, sobretudo se a Europa tiver (e terá) que incrementar rapidamente o rigor e a transparência das finanças públicas do seus 27 estados membros.
Banca: Apesar de a taxa Euribor continuar a descer
Prestações sobem até Dezembro
22 Outubro 2008 (Correio da Manhã) -- ...Em Agosto o crédito malparado relativo aos empréstimos aos particulares atingiu os 2,8 mil milhões de euros – o que constitui um recorde absoluto ao nível do incumprimento. Os números do Banco de Portugal mostram que o incumprimento das famílias no pagamento das prestações mensais bateu um novo recorde, tendo crescido 586 milhões face a igual período de 2007. Na prática, o crédito malparado cresceu 1,6 milhões de euros por dia num ano, o que traduz uma subida homóloga de 26,46 por cento (...)
CAIXA JÁ TROCA PRESTAÇÃO POR RENDA NO IMOBILIÁRIO
Apesar de ainda estar a aguardar a publicação do diploma legal que regula o fundo habitacional de arrendamento, criado pelo Governo, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) já oferece como solução aos clientes incumpridores a possibilidade de trocar a prestação do crédito à habitação pela renda. 'Em determinados casos, isso já tem sido feito', admitiu ao CM Paulo Sousa, director de financiamento imobiliário da CGD, adiantando que os processos que estão já em execução 'podem a qualquer momento ser suspensos, se o executor assim o entender'.
A CGD é a primeira a avançar com o fundo. Segundo Paulo Sousa, a diminuição do encargo mensal com o arrendamento da casa 'é bastante superior [a 20%]'. n D.R. (...)
Na habitação, o crédito malparado aumentou 23,6 por cento face a 2007, totalizando agora 1,5 mil milhões de euros (...)
Em termos gerais, o peso do malparado no crédito total concedido pelos bancos continua em 2,1%, uma percentagem que se mantém inalterada desde o último mês de Julho.
A crise que não se deixa administrar
22-10-2008 (Rumores da Crise) -- Os sinais de recessão que assolam o mundo ainda são por conta do peso do setor financeiro no PIB. Apesar das demissões nesse setor, o impacto maior será sentido quando o consumo e os investimentos sentirem toda força da escassez do crédito. Os investimentos serão atingidos duplamente: pela escassez do crédito e pela redução do consumo. É nesse momento que o desemprego atingirá com força a economia real com a redução da produção e o fechamento de fábricas. Parte dos assalariados que continuarão empregados terão seus salários achatados e reduzirão o consumo inibindo mais ainda a produção. Os estados endividados terão dificuldade de executar programas keynesianos sem o risco de uma explosão de preços.
U.S. has plundered world wealth with dollar: China paper
Fri Oct 24, 2008 6:14am EDT -- BEIJING (Reuters) - The United States has plundered global wealth by exploiting the dollar's dominance, and the world urgently needs other currencies to take its place, a leading Chinese state newspaper said on Friday.
The front-page commentary in the overseas edition of the People's Daily said that Asian and European countries should banish the U.S. dollar from their direct trade relations for a start, relying only on their own currencies.
A meeting between Asian and European leaders, starting on Friday in Beijing, presented the perfect opportunity to begin building a new international financial order, the newspaper said.
We had to burn the village to save it
Friday, 17 October 2008 (London Banker) ... The $700 billion appropriated for the Paulson Plan and the $840 billion extended in parallel by the Federal Reserve last month are together more than three times the expenditure on US wars for the past five years. The federal borrowing requirement for 2008 is now in excess of $1.02 trillion, and for 2009 is now estimated between $1.5 and $2 trillion.
Such hyperbolic growth in the fiscal deficit and debt is unsustainable, even with such very tolerant creditors as the Japanese, Gulf Arabs, Russians and Chinese. They can see that each dollar added to the Fed’s balance sheet is tinder for burning those already held or denominated in their reserves. They can project the curve forward. At some point, they must react and restrain further debasement of their reserves and investments, either by collectively raising the prices charged for the resources and products they export, the interest charged on existing and future debt, or the forced exchange of debt for equity ownership of real economic assets. Or all three.
... In my experience, there is nothing so permanent as a temporary expedient. It is hard to see how partially nationlised banks will ever be more than the means of political redistribution of wealth and power, and so corrupt both the economy and political system.
Se o crédito mal-parado a particulares em Portugal, no segmento imobiliário (presume-se que abrangendo não apenas hipotecas de compradores, mas também empréstimos a construtores e promotores) anda pelos 1,5 mil milhões de euros, não chegando por isso a 10% do aval total que José Sócrates quer oferecer aos bancos sediados no nosso país (que já declararam em uníssono estar interessados no bolo!), fica a pergunta: que risco vai então ser coberto pelas restantes 90% do 20 mil milhões de euros? Bom, só pode ser o endividamento anual do país, estimado para 2009 nos tais 10% do PIB, e que a banca precisará de pedir emprestado e emprestar às empresas e sobretudo ao Estado. Mas se é assim, porque anda a imprensa a agitar o espantalho do cidadão que deixou de pagar as prestações da casa, em vez de expor a história dos grandes devedores? E porque há avales para estes e não há avales para os que deixaram de pagar as casas?
As medidas urgentes que foram tomadas em nome do salvamento da banca, e que abrangem, como se viu, o BCP, o BPI, o BES e a Caixa Geral de Depósitos (!), deveriam ter uma correspondência no tratamento do cidadão comum, em vez de atirarem este pobre indefeso às feras leiloeiras da Caixa Geral de Depósitos, por efeito de execuções hipotecarias assassinas! O senhor Sócrates, que enche a boca com declarações hipócritas sobre o bem-estar dos cidadãos e das PMEs, deveria estabelecer imediatamente uma moratória de 6 meses para todos os processos de execução em curso, dando assim aos particulares o mesmo benefício da dúvida que magnanimamente distribuiu pelos piratas da banca virtual.
Temos que exigir equidade ao Governo!
No mais, devemos esperar o pior e reagir, alterando sem hesitação os paradigmas que até agora nortearam as regras, os comportamentos e as expectativas dos diversos actores económicos e sociais. O crescimento dos grupos económicos à sombra do subsídio comunitário, da encomenda pública e dos sofisticados modelos de endividamento cumulativo, acabou e não vai voltar tão cedo. A estagnação, a recessão, a depressão e a morte do currency carry trade japonês (1), já iniciaram o seu cortejo de destruição sistémica das economias especulativas. Daí que esta conversa morna, entre um Governo atolado na implosão das suas mais íntimas convicções neoliberais, e uma Oposição emudecida diante de cenários tão ameaçadores, não leve a nada de bom. Precisamos de uma mudança rápida de paradigmas!
E o primeiro passo a dar é este: substituir a economia virtual especulativa dominante por uma economia real, com tudo o que isso implica de alterações radicais ao status quo. Precisamos, como do pão para a boca, de um desmantelamento criativo do actual impasse!
NOTAS
- Tóquio tem queda de 6,4% e menor nível em 26 anos
27/10/2008 - 06h59 (Notícias IOL) -- Bolsa de Tóquio registrou mais uma forte queda e o índice Nikkei 225 fechou com a menor pontuação dos últimos 26 anos. O índice perdeu 486,18 pontos, ou 6,4%, e terminou aos 7.162,90 pontos, o menor nível desde o início de outubro de 1982. As vendas de ações foram impulsionadas pela valorização do iene e pelo desapontamento com o fato de que o governo japonês não anunciou medidas rápidas e agressivas para enfrentar a desaceleração econômica. As informações são da Dow Jones.
Um dos pilares da economia virtual, assente na criação e empacotamento especulativos da dívida, foi o sistema inventado pelos japoneses para se manterem como uma economia protegida num mundo de livre concorrência internacional. Basta visitar o Japão para percebermos que 1) não vemos praticamente ocidentais e 2) tudo o que existe por lá é Made in Japan, à excepção dos produtos de luxo franceses e italianos (Prada, Armani, etc.) Para chegar a este resultado, a economia estatal japonesa (o capitalismo privado lá, como na China, Rússia, Médio Oriente, etc. é um disfarce) decidiu duas coisas simples: assentar a sua economia nas exportações, e dificultar burocraticamente (ao máximo!) todas as importações de produtos acabados. Para atingir este resultado, usou um truque financeiro sem precedentes: manter o valor da sua moeda ao mais baixo nível cambial possível face às demais moedas, e em particular face ao dólar. Resultado: um enorme superavit comercial, traduzido na acumulação daquelas que foram, até à chegada da China ao mesmo jogo, as maiores reservas cambiais do planeta! Mais tarde descobriu que se emprestasse dinheiro ao estrangeiro, a taxas de juro muito baixas (na realidade, entre 0 e 1 por cento!), este não só continuaria a comprar os seus produtos (foi assim que os Toyotas, Datsun e Hondas japoneses quase destruíram a indústria automóvel americana e europeia), como entraria numa espiral de dependência especulativa do crédito grátis japonês. Aquilo que realmente rebentou foi precisamente esta gigantesca bolha de endividamento euro-americano. O director da Caisse des Dépots francesa chamou-lhe, com ironia assassina, "Exodebt", para melhor entendermos como um milhão de pequenas, médias e grandes dívidas originadas um pouco por toda a parte pelos esquemas agressivos de compra e venda a crédito, se afastaram ultra-sonicamente das suas origens, transformando-se mais tarde do buraco negro das titularizações que actualmente engole a economia mundial.
É por isso que, paradoxalmente, as bolsas japonesas afundam dramaticamente de cada vez que a sua moeda se valoriza face ao dólar! E é por isso que os anões do G7 (como lhes chama Elaine Supkis) -- que também gostariam de ver o Euro e o Dólar tão baratos quanto o Yen -- berram histericamente contra a "volatilidade" do Yen. É que meio mundo está endividado nesta moeda, embora não pareça!
1 comentário:
http://www.youtube.com/watch?v=nLFqx2sTpjk&feature=related
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