Mostrar mensagens com a etiqueta utopia. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta utopia. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, junho 12, 2020

Titanic-sur-Mer


A nossa 'posição líquida de investimento internacional' (investimento estrangeiro em Portugal versus investimento português no estrangeiro) é desastrosa. Revela que a economia portuguesa já só é marginalmente nacional. Energia, parte das redes de abastecimento de água, auto-estradas, portos, aeroportos, telecomunicações, indústria automóvel e aeronáutica, redes de distribuição alimentar (salvo redes do Pingo Doce e Continente), boa parte da banca comercial e de investimento, tudo isto já não nos pertence nem temos capacidade para recomprar... Como iremos ver no caso da TAP.

Enquanto isto se agrava dia a dia, os sindicatos pedem mais dinheiro para os funcionários e trabalhadores do Estado e da órbita deste, ao mesmo tempo que o desemprego e as falências pessoais e de empresas disparam, ao mesmo tempo que a classe política delira em completa dissonância cognitiva com a realidade, e a agitação cultural cresce, estimulada por agentes externos infiltrados nos partidos e organizações da esquerda e da extrema esquerda.

As revoluções socialistas e fascistas deram-me em períodos históricos de inovação e desenvolvimento acelerado (industrial) do sistema capitalista. Nada disto existe hoje. Atingimos, à escala global, vários picos inultrapassáveis: do crescimento da produção e consumo de energia, da taxa de crescimento demográfico, da degradação ambiental, e, por consequência, das taxas de crescimento real do produto interno mundial, bem como dos rendimentos, seja do trabalho, seja do capital. Só o endividamento geral continua a crescer, suportado pela criação artificial de dinheiro. Com este panorama estrutural instalado, o regresso às revoluções sociais, nomeadamente espicaçadas por uma fragmentação cultural agressiva e crescente não anuncia nada de bom...

O espectro partidário convencional não tem soluções. Tornou-se, aliás, um peso morto das economias. No resto da sociedade, por sua vez, voltam a crescer o medo e a superstições ancestrais.

Será possível desenvolver uma utopia democrática, desta vez, associada à resistência contra a precariedade geral que se avizinha? Talvez devêssemos estudar à lupa a história das Irmandades do Divino Espírito Santo açorianas, e o milenarismo de Joaquim de Fiore, onde Thomas More terá ido buscar inspiração para a sua famosa Utopia.



Los cinco gráficos que explican por qué la Europa 'despilfarradora' y la 'ahorradora' están condenadas a enfrentarse. elEconomista.es

Ahora, con la crisis del coronavirus los desequilibrios podrían acentuarse. Por un lado, los países del sur sufrirán una recesión económica más intensa, que generará nuevos desequilibrios fiscales y golpeará sin piedad al mercado laboral. Por otro, el superavit exterior que tanto ha costado alcanzar a España o Portugal podría peligrar si la pandemia afecta al turismo de una forma más prolongada e intensa, puesto que ese superávit dependen en gran parte de las rentas que entran del exterior con los turistas que llegan de todo el mundo. Estas diferencias podrían convertir las disputas entre norte y sur en algo permanente hasta que las economías de la zona euro converjan de una forma real o aprendan a vivir siendo un área monetaria formado por un mosaico economías heterogéneas.

terça-feira, setembro 23, 2014

Comunismo liberal ou outra coisa diferente?

Jean-Baptiste André Godin, "Familistère" (1848-1888)

Depois da grande crise do capitalismo global, que utopia?


EU Commission drags its feet on food waste
EurActiv. Published: 18/09/2014 - 17:29 | Updated: 22/09/2014 - 16:31

High-level decision makers at the European Commission are blocking its very own action plan to address food waste and to promote a sustainable food policy for Europe. Saying sorry will surely not be enough, writes MEP Bart Staes.

...

When it comes to food waste, there are many ethical, environmental and social arguments, but also economic reasons to counter this. Firstly, a more sustainable use of resources and energy means gains for every modern company and society at large. The EC estimates itself that every euro spent on fighting food waste, will prevent 250 kilo of food being wasted, with a value of €500.  That is what we call a good return on investment.  On top of this municipalities can save €9 (less waste to be treated) and indirectly we save €50 euro on environmental costs related to climate change.  As the food sector is one of the major contributors to greenhouse gas (GHG) emissions, it is crucial that the Commission has a clear strategy on sustainable food production and consumption in order to mitigate climate change. With recent reports citing that carbon dioxide in the atmosphere have grown at its fastest rate in three decades, it is clear that we must act now.

One of the nitty gritty details of the structural changes of the Commission, is that "food waste" was taken away from DG Environment and given to DG Sanco. This is no coincidence. It is clearly a political decision by the ones being busy with restructuring under the leadership of Catherine Day. The reason for this is that Mrs. Day and Barroso's cabinet – aka the neo- liberal orthodox church – did not like that Potočnik was in their eyes way too ambitious in proposing a very pragmatic and holistic approach to address the fundamental problems linked to Europe's food production and consumption.

Imaginem que havia um cabaz alimentar por pessoa a custo zero, como o ar que ainda respiramos sem pagar.  

Este cabaz calcularia através de sensores, códigos de barra e do peso, as proteínas, vitaminas e outros elementos essencias à vida. Este cabaz essencial seria, por outro lado, uma conta eletrónica unipessoal, disponível em qualquer dispositivo eletrónico de uso universal (cartão eletrónico, smarphone, etc.) Qualquer outro consumo de alimentos e bebidas que excedesse o teto quantitativo/qualitativo (e monetário) mensal previsto e conhecido de todos, seria pago com base nas leis convencionais do mercado (oferta/procura). 

Esta mesma lógica poderia ser aplicada ao consumo de água canalizada, energia elétrica, mobilidade e telecomunicações. Poderia haver ainda um regime de habitação de baixo custo seguindo princípios similares, guiado por critérios de superfície habitável per capita, qualidade dos materiais de construção e localização, pegada ecológica, etc. 

Por fim, cada cidadão teria direito a uma mesada para pequenos gastos. 

A educação e a saúde-medicina poderiam custar uma fração do que hoje custam a partir do momento que fossem parcialmente desmaterializadas e orientadas de acordo com as necessidades dos usuários, em vez de serem orientadas de acordo com os interesses dos mercados, das burocracias e das corporações profissionais. Tudo isto somado representaria uma fração adequada do rendimento per capita de cada país, redistribuída justamente através dos impostos e de um estado eficiente e leve, i.e., mais barato do que o atual, que é insuportavelmente caro e confiscatório.

Todo este setor social da economia seria financiado por uma economia comercial competitiva, cientificamente fundamentada e altamente tecnológica, assente sobretudo numa nuvem planetária de conhecimento intensivo e dinâmico, na automação, na robotização, na desmaterialização dos processos e serviços, em agentes computacionais inteligentes evolutivos, e numa espécie de rizoma social, forte e coeso no centro, capilar, diversificado e mutante nas suas infindáveis extremidades.

Num mundo assim, haveria estímulo à criatividade e à competição?

Sim, haveria compensações para o mérito, da mesma forma que existem nos dias de hoje. 

Há muito mais gente que gosta de ver televisão, do que gente que seja capaz, queira fazer, faça e goste de fazer televisão. Idem para o futebol, para as ciências, para as artes, etc.

Nada nos garante, entretanto, que saibamos fazer a transição de uma sociedade alienada pelo trabalho forçado e pela concentração pornográfica da riqueza e do poder, para uma sociedade mais livre, onde em vez de trabalhos forçados possamos desenvolver atividades voluntárias, vocacionais e sobretudo livres, por mais empenho, dedicação e esforço que estas exijam. As compensações extraordinárias para estes esforços voluntários de uma parte minoritária das populações seriam naturalmente reguladas pela necessidade, procura e disponibilidade relativas desses bens extraordinários. Ninguém seria obrigado a pagar a minha falta de voz musical, ou escrita literária medíocre, através de subsídios culturais burocráticos. Mas as grandes vozes líricas, ou de Jazz, tal como o mais recôndito génio da vanguarda artística por vir, esperado apenas por alguns, seriam recompensados diretamente pelo público que os quer ver, ouvir, ler e conhecer. Haveria criação, crítica da criação e do gosto, aplauso ou assobio, em suma uma comunidade responsável por uma espécie de luxo, ou consumo discricionário, em última instância precindível enquanto necessidade coletivamente assumida, mas com pleno direito a uma vida livre e partilhada, nomeadamente, entre minorias culturais.

Talvez tenhamos um dia que caminhar nesta direção. Se assim for, o grau de destruição dos velhos hábitos de criação e partilha de valor, e de trabalho, produção e consumo, é ainda insuficiente.

Talvez seja o momento de reler e conhecer as utopias de Charles Fourier, Robert Owen e Jean-Baptiste André Godin depois de ver e ouvir a palestra de Charles Hall sobre a grande transformação em curso na principal fonte energética do nosso paradigma de civilização e cultura. Este é certamente um acontecimento cuja importância está a anos-luz das legítimas irritações de cada um em volta dos medíocres e corruptos governantes que temos. 

Charles A. S. Hall, o criador do conceito EROI (Energy Return On Investment), demonstrou de uma forma simples que os elevados patamares de produção de riqueza e consumo atingidos pela humanidade ao longo do século 20 se ficaram a dever à disponibilidade de uma fonte de energia poderosa, abundante e barata: o petróleo — além da referência citada, ver o vídeo abaixo e ler também a entrevista dada ao Scientific American). 

Para termos uma ideia do poder do petróleo, imaginemos o que é empurrar o nosso automóvel, cujo depósito deixámos estupidamente chegar ao fim, durante ns 500 metros, até avistarmos a próxima estação de serviço, a cerca de 1Km do avistamento (que sorte!) Dois quilómetros depois, com um garrafão de 5 litros cheio de gasolina, passamos o precioso líquido para o depósito do carro. Se tivermos um Fiat 500 dos novos, aqueles miraculoso 5 litros de gasolina poderão transportar-nos —quer dizer, mover um peso superior a mil quilos— durante 100 Km! Que outro líquido transportável num garrafão de água vazio, pode conseguir algo sequer aproximado desta proeza?

O maior problema com os econometristas que temos é que nunca pensaram como seria a economia se, de repente, os carros começassem a ficar nas estradas. E a maioria de nós também não.




Para aqueles que temem o comunismo, porque o confundem com as ditaduras estalinista e maoista, estabelecidas precisamente para aproveitarem os impulsos poderosos do carvão industrial e do petróleo, sem os quais nunca teriam saído das tiranias agrárias em que viviam, talvez fosse útil começarem a pensar de novo no ideal comunista como uma economia democrática e descentralizada capaz de lidar com o decrescimento, com o desemprego estrutural (2) e com a ameaça de desorganização social, de uma maneira racional e humana, e em alternativa ao fascismo fiscal que poderá lançar o mundo numa espiral de empobrecimento geral, destruição acelerada das classes médias, desigualdades crescentes, opressão e brutalidade policial-militar sem precedentes.

O socialismo utópico merece nesta época, pelo menos, uma revisitação atenta.

NOTAS
  1. Slavoj Žižek. The Liberal Communists of Porto Davos." In These Times. Vol. 30, No. 4, p. 41-43,pril 2006. (English). The European Graduate School

    In the last decade, Davos and Porto Alegre have emerged as the twin cities of globalization. In Davos, the exclusive Swiss ski resort, the global elite of managers, statesmen and media personalities meets under heavy police protection, trying to convince us (and themselves) that globalization is its own best remedy. In the sub-tropical, Brazilian city of Porto Alegre, the counter-elite of the anti-globalization movement convenes, trying to convince us (and themselves) that capitalist globalization is not our fate, that, as their official slogan has it, “another world is possible.” Lately, however, the Porto Alegre reunions seem to have lost their impetus. Where did the bright stars of Porto Alegre go?

    Some of them, at least, moved to Davos itself! That is to say, more and more, the predominant tone of the Davos meetings comes from the group of entrepreneurs who French journalist Olivier Malnuit ironically refers to as “liberal communists” (that is “liberal” in the pro-market, European sense) who no longer accept the opposition between “Davos” (global capitalism) and “Porto Alegre” (the new social movements’ alternative to global capitalism). They claim that we can have the global capitalist cake (thrive as profitable entrepreneurs) and eat it too (endorse the anti-capitalist causes of social responsibility, ecological concerns, etc.). No need for Porto Alegre, they say, since Davos itself can become Porto Davos. +
  2. THE FUTURE OF EMPLOYMENT: HOW SUSCEPTIBLE ARE JOBS TO COMPUTERISATION?
    Carl Benedikt Frey and Michael A. Osborne
    September 17, 2013.

    Abstract

    We examine how susceptible jobs are to computerisation. To assess this, we begin by implementing a novel methodology to estimate the probability of computerisation for 702 detailed occupations, using a Gaussian process classifier. Based on these estimates, we examine expected impacts of future computerisation on US labour market outcomes, with the primary objective of analysing the number of jobs at risk and the relationship between an occupation’s probability of computerisation, wages and educational attainment. According to our estimates, about 47 percent of total US employment is at risk. We further provide evidence that wages and educational attainment exhibit a strong negative relationship with an occupation’s probability of computerisation. +
Atualização: 23/9/2014, 12:27

terça-feira, maio 13, 2014

Tamera: uma utopia concreta

Tamera. Numa herdade morta nasceu um pequeno paraíso ecológico.

Tamera — um biótopo de cura e um centro internacional de pesquisa para a paz
13 maio | 19:00-21:00 | Galeria Luis Serpa Projectos, Lisboa

Primeira apresentação em Lisboa desta importante e inovadora comunidade sediada no Alentejo, onde se experimentam soluções sociais, culturais e tecnológicas para o futuro da humanidade.

Oradores: Benjamin von Mendelssohn | Juliette Baigler | Martin Winiecki
Apresentação: António Cerveira Pinto

Regressei a Marx, Hegel, Kant e Kierkegaard através de um notável e atualíssimo livro de Kojin Karatani —The Structure of World History. A sensação de inspiração profunda e ar puro que resulta da leitura deste livro num tempo de mentira e criminosos à solta só é comparável à visita que fiz a Tamera no inverno que passou, um laboratório social, ideológico e tecnológico dos mais avançados que a Europa neste momento conhece. Os seus criadores, Sabine Lichtentels, Dieter Duhm e Charly Rainer Ehrempreis, cientes de que o mundo industrializado e financeiro parece incapaz de sair do ciclo infernal da prosperidade versus miséria e guerra, marcados, como milhares de outros europeus, pelos pesadelos recentes da irracionalidade, da intolerância e da ganância, decidiram converter experiência e saberes —os saberes das longas discussões ideológicas que é possível ter nos cafés de Berlin, ou num ferry cruzando o Lago Constança a caminho de Zurique— no que chamam acertadamente uma utopia concreta, lugar de experimentação, discussão, partilha e meditação sobre como encontrar o caminho da felicidade produtiva e adulta. Físicos, arquitetos, engenheiros, inventores, fotógrafos, realizadores de cinema, antropólogos, teólogos e artistas, entre outros especialistas típicos da nossa civilização tecnologicamente avançada, elegeram um ponto aparentemente perdido no quase litoral alentejano (Colos, Odemira) para aí experimentarem e viverem modelos de futuro, certamente inspirados pela tempestade poética e filosófica nietzschiana, por Teilhard de Chardin, van Gogh, Rudolf Steiner, Willem Reich, Jesus Cristo ou Lao Tze, referências caras, nomeadamente, a Dieter Duhm — o ideólogo seminal desta aventura.

Como escreve Sabine Lichtenfels no esclarecedor livro Tamera—Um Modelo Para o Futuro,
“No contexto da Europa, Portugal é o ‘rosto do continente’ em direção ao oceano. A longa história de colonização confirma isso. Portugal sempre recebeu refugiados, minorias e pessoas que pensam de modo diferente. O trabalho global em rede e a tolerância têm aqui uma longa tradição.”
Neste laboratório vivo, onde se interrogam de novo, sem preconceitos, os Elementos e a ação humana, ocorre-me a pedagogia humanista do desaparecido artista alemão Joseph Beuys, porventura um dos grandes inpiradores dos movimentos ecologistas europeus. O animismo e o paganismo que um dia deitámos ao lixo, exibindo alegremente a nossa arrogância apressadamente racionalista, regressam paulatinamente à consciência coletiva, à medida que vamos tomando conhecimento e consciência das nossas limitações científicas, tecnológicas e sobretudo morais. O grande círculo de pedras erguido em Tamera, alinhado com o Cromeleque dos Almendres, é um símbolo claro de um regresso ao futuro, neste momento ameaçado, e um sinal de que precisamos de uma nova transdisciplinaridade cognitiva, sensorial e metafísica para lograrmos sair do aperto em que nos deixámos cair pelo excesso de obesidade civilizacional.

O sistema humano está demasiado doente. Sofre de uma espécie de sarna financeira e social cuja comichão volta a ser infernal. Precisamos de um retiro cognitivo e espiritual, de ver as estrelas, respirar ar puro e ouvir os nossos irmãos e irmãs cavalo, abetarda, porco espinho, camaleão, esteva, oliveira, água, pedra! Ler e reler De Rerum Natura, ouvir a voz longínqua de Lucrécio, que ecoa ainda, apertar a terra seca com as mãos, perceber os grãos da realidade, acordar com os melros enamorados e sentir o ar pela narinas acima. Regressarei a Tamera!

Os cavalos soltos de Tamera, vivem a sua vida.


Tamera segundo os seus criadores

Tamera é um Centro de Educação e de Investigação para a ‘Utopia Concreta’

O projecto foi fundado na Alemanha em 1978. Em 1995 este deslocou-se para Portugal. Actualmente, 170 pessoas vivem e trabalham nesta propriedade de 140 hectares. O pensamento basilar foi o de desenvolver um modelo para uma vida sem violência entre seres humanos, animais e natureza. Rapidamente, tornou-se claro que a cura do amor e da comunidade humana teria de ser colocada no centro deste trabalho. A sexualidade, o amor e as parcerias precisam de ser libertadas do medo e da mentira, pois não poderá haver paz na Terra enquanto houver guerra no amor.

As questões de investigação ecológicas e tecnológicas de Tamera incluem a implementação de uma Paisagem de Retenção de Água – para o restabelecimento do ciclo hidrológico e dos ecossistemas – assim como um modelo para a auto-suficiência regional ao nível do abastecimento energético e da nutrição.

Através do Campus Global e da Escola Terra Nova trabalhamos, integrados numa rede global, nas fundações sociais, éticas e ecológicas de uma nova Terra – Terra Nova.

sábado, fevereiro 27, 2010

Portugal 166



Mudar de paradigma

Financial Crisis: What if Carnage Is Structural, Not Cyclical?
February 21, 2010
Michael Panzner

Throughout the financial crisis, policymakers have focused on keeping things afloat until the storm passes. They've spent vast sums of taxpayer funds trying to jumpstart growth until the economy is back on track. They've encouraged people to keep the faith until businesses start hiring again.

But what happens if all those "untils" turn out to be wide of the mark? What if the carnage we've experienced so far is structural, not cyclical? If that's the case, then Americans are going to find that instead of experiencing better times ahead, they are going to be much worse off than they were -- or are. — in Seeking Alpha.

A Revolução Industrial tirou e continua a tirar dos campos (agora sobretudo na Ásia) milhares de milhões de agricultores e camponeses, provocando o aparecimento de uma malha cada vez mais densa de sociedades urbanas por todo o planeta. A invenção dos aparelhos mecânicos e electromecânicos, movidos a água, vapor, electricidade, ou por efeito da explosão de gases comprimidos, alimentado-se todos eles de energia maioritariamente oriunda do carvão, petróleo, gás natural, barragens (e mais recentemente, do álcool, do biogás, do vento e do Sol) conduziu a um aumento exponencial da produtividade, nomeadamente no crítico sector da produção e segurança alimentares. O regresso a uma agricultura baseada no esforço físico humano e em animais de transporte, carga e tracção, parece-nos hoje impensável. Só mesmo no quadro de um esgotamento irremediável das fontes energéticas abundantes que o homem vem utilizando intensamente e transformando desde finais do século 18, poderíamos antever a perspectiva enigmática de um tal retrocesso.

Mas este mesmo avanço tecnológico, com os sempre almejados ganhos de produtividade que marcaram simultaneamente a evolução das máquinas e das formas de organização do trabalho industrial, a par da procura de uma maior proximidade das matérias primas e de contingentes de mão-de-obra assalariada socialmente menos exigente e mais barata, conduziu-nos, porém, a uma nova vaga de desertificação profissional — desta vez, nas cidades, e sobretudo nas imensas cinturas industriais que foram crescendo como cogumelos e rizomas em toda a Europa, nos Estados Unidos e em outras partes do mundo. A crise social daqui resultante provocou, a partir do início da década de 70 do século passado, o crescimento de uma vasta burocracia letrada, associada a um crescimento exponencial do sector de serviços, por sua vez envolvido na expansão e diversificação do consumo. O consumo cultural e os sistemas de bem-estar social, onde predominam as áreas da educação, saúde e protecção social (na doença, no desemprego e na velhice), fizeram dos serviços públicos e privados o grande herdeiro, em termos de emprego e crescimento, das economias camponesa e industrial.

The Long-Term Employment Bust
Feb 18, 2010
David P. Goldman

High levels of unemployment may last indefinitely. A number of economists (including this writer) have been warning about permanent joblessness, and the idea is now seeping into popular magazines.

More than 8 million American jobs were lost since 2007, based on the most recent revision of the overall job count of U.S. establishments. But that is not the worst of it, because the establishment survey fails to capture smaller businesses and the self-employed. By the Bureau of Labor Statistics’ broadest measure of unemployment, including the forced part-time workers and so-called discouraged workers, the unemployment rate rose to 17 percent from 8 percent before the recession. — in First Things.

Os agricultores, camponeses e pescadores transformaram-se em patrões de indústria e operários, e estes, no ciclo seguinte, em especuladores financeiros, burocratas (funcionários públicos e operadores de serviços), e consumidores (cinéfilos, turistas, etc.) A transformação subsequente, que começou na década de 1980 e atinge agora uma fase de aceleração dramática, levou já a um novo e espectacular aumento da produtividade tecnológica do trabalho, com a consequente libertação de energia humana.

Até agora, este tipo de libertação social do trabalho deu origem a períodos dramáticos de desemprego, a que se seguiram períodos de criação em larga escala de novas formas de trabalho humano tecnologicamente assistido, e melhores condições de vida. A prova disto mesmo é o crescimento demográfico e o aumento da esperança de vida dos humanos ao longo de todo o século 20, apesar das mortíferas guerras que, por outro lado, caracterizaram a economia industrial ao longo dos últimos 200 anos — na sequência das revoluções políticas, sociais e tecnológicas desencadeadas pela criação dos Estados Unidos da América (1776), pela Revolução Francesa (1789) e pela invenção da máquina a vapor (1790.)

Até ao aparecimento e disseminação do computador pessoal (início da década de 1980) e da Internet (início da década de 1990) a humanidade concentrou-se sobretudo na evolução e expansão das suas capacidades físicas de transformação material da realidade, de mobilidade e de projecção de forças. As tecnologias resultantes da imaginação científica e da criatividade narrativa e formal serviram pois para modelar um super-homem essencialmente metálico. Esta evolução teve, porém, várias consequências desastrosas: exaustão de recursos naturais não renováveis; destruição progressiva de ecossistemas essenciais à manutenção da vida terrestre (que, sabemos hoje, é em si mesma um grande organismo simbiótico); e transformação do animal humano num consumidor insaciável de bens que cada vez menos produz directamente e sobre os quais foi perdendo o direito de propriedade (o crédito universal tornou-se no mais invasivo, pernicioso e eficaz estratagema de expropriação maciça dos povos.)

Os cenários sombrios que prevêem o prolongamento da civilização humana através de um paradigma radicalmente novo e inesperado —a eliminação programada de uma parte substancial da humanidade— derivam das próprias projecções económicas do esgotamento dos modelos de sociedade baseados no trabalho humano. Uma debulhadora mecânica expulsa o camponês dos campos, tal como o robô expulsa o operário da fábrica, tal como os computadores em rede dispensarão progressivamente boa parte dos burocratas, médicos e enfermeiros, professores e investigadores actuais.

Ao exteriorizarmos em máquinas e redes interactivas crescentemente sofisticadas a realização dos movimentos físicos, transformações e operações mentais necessários aos sistemas de suporte de vida adequados à nossa espécie e ao respectivo estado cultural, ficamos basicamente com tempo livre que, no Capitalismo conhecido, ninguém quer comprar! Dito doutro modo: um número reduzido de humanos poderá, num futuro próximo (30 a 100 anos), concentrar nas suas mãos o controlo neural, à escala planetária, da totalidade dos meios de produção e das regras de sociedade.

Que se fará então do tempo humano disponível, mesmo tendo em conta que a seguir ao actual pico demográfico se seguirá uma contração brutal do número de humanos à face da Terra? O ajustamento demográfico, nomeadamente em nome de novos e radicais patamares de sustentabilidade  —como prevê a chamada Teoria de Olduvai— que preço terá?

 
Dados referentes aos EUA.

Enquanto a lógica do Capitalismo assentou no crescimento do PIB mundial —para o que foi necessário inventar a globalização e virtualização dos mercados financeiros, e a liberalização do comércio mundial—, ocorreu um fenómeno curioso: os países mais ricos começaram a crescer sobretudo pelo lado do consumo (e do endividamento), à medida que os países mais pobres cresciam por importação dos modelos produtivos e de exploração do trabalho humano entretanto esgotados nos países mais desenvolvidos, fazendo a sua própria transição económica (da agricultura para indústria, e desta para os serviços...) A deterioração das balanças comerciais entre consumidores e produtores foi crescendo silenciosamente ao longo dos últimos 40 anos, até atingir o actual ponto de ruptura. Quando a China exige —como acaba de exigir— a transferência de patentes, de marcas, de conhecimento e da própria investigação, para o seu território, em troca do prolongamento da aquisição maciça da dívida americana, e assistimos, por outro lado, ao esvaziamento da gigantesca bolha de endividamento privado e público dos Estados Unidos, Canadá e Europa, percebe-se facilmente que, muito possivelmente, a civilização humana se encontra à beira de uma dramática mudança de paradigma.

US Companies Required to move Research Centers to China
Feb 18, 2010 01:14 AM
Howard Richman

On January 29, nineteen trade groups including the U.S. Chamber of Commerce and the National Association of Manufacturers sent a letter to U.S. Government officials about China's new requirement that they move their research and development centers to China as a condition for doing business with the Chinese government. — in Seeking Alpha.

A expansão do conhecimento, combinada com uma desmaterialização progressiva dos processos de felicidade e a concentração/expropriação radical da propriedade privada, permite antever uma redução em massa dos activos humanos improdutivos e economicamente insuportáveis — não necessariamente através do extermínio violento das populações, mas antes recorrendo a processos indirectos e suaves de redução demográfica selectiva. A automação inteligente dos processos produtivos levada ao extremo dispensará boa parte da mão de obra humana actual. Mantê-la apenas como destino final da produção foi o modelo experimentado ao longo dos últimos 40 anos. Os limites deste modelo, chamado erradamente pós-industrial, estão agora à vista, sobretudo pela evidência da destruição de recursos e alterações nocivas aos equilíbrios ambientais do planeta que causou.

The End of Work

In 1995, Rifkin contended that worldwide unemployment would increase as information technology eliminates tens of millions of jobs in the manufacturing, agricultural and service sectors. He traced the devastating impact of automation on blue-collar, retail and wholesale employees. While a small elite of corporate managers and knowledge workers reap the benefits of the high-tech world economy, the American middle class continues to shrink and the workplace becomes ever more stressful. — in Wikipedia.

A indecisão que actualmente paralisa governos, partidos políticos e decisores em geral —bem à vista, por exemplo, na incapacidade revelada pelos directórios da União Europeia na resolução do problema do endividamento soberano de países como a Grécia, Irlanda, Espanha e Portugal — é a prova provada de que o que está em causa não é uma qualquer crise cíclica do Capitalismo, mas uma verdadeira avaria sistémica deste modo de exploração. O simples facto de a 26 de Fevereiro não termos ainda em Portugal um Orçamento de Estado aprovado, nem se vislumbrar o que vai ser o famoso Programa de Estabilidade e Crescimento, mostra até que ponto vai a impotência e o medo populista dos principais protagonistas do exausto regime político que temos desde 1975. Os decisores financeiros e políticos meteram, pura e simplesmente, a cabeça debaixo da areia, e esperam que a crise passe. Mas não vai passar. Ou não vai passar sem a adopção de medidas extremas. Ou irá levar duas décadas a atenuar o impacto destruidor do buraco negro criado pelo mercado de derivados financeiros — o qual tem um valor nocional equivalente a 4x a riqueza total produzida no mundo, e 9x o PIB mundial. Quando esta e a próxima década tiverem passado, o mundo será certamente outro.

Em 1516 Tomás Moro escreveu a Utopia, num mundo que iniciava então profundas mudanças tecnológicas, económicas, sociais e culturais. Todos sabemos o que lhe custou o silêncio perante as dúvidas e interrogações insistentes de Henrique VIII. Mas pouco saberão, ou se lembrarão, que o personagem chave de um dos principais tratados da modernidade (a par da Divina Comédia, de Dante, e do Elogio da Loucura, de Erasmo de Roterdão) é um viajante lusitano, de nome Raphael Hythlodaeus. Como era costume à época (1), os sub-textos eram frequentemente tão ou mais importantes do que os textos. No caso, Utopia significa simultaneamente um não-lugar (Οὐτοπία) e um lugar afortunado (Εὐτοπία), ao passo que o nome do viajante português —culto no Latim, mas excelso na língua Grega—, por sua vez, mistura o apelido Hythlodaeus —que em grego [Υθλοδαιος] significa pessoa que diz coisas sem sentido (2)— com o nome Raphael, que na tradição hebraica é o mensageiro de Deus, e significa literalmente "Deus cura". Esta ambiguidade permite uma multiplicidade de derivas e interpretações de uma obra que é sobretudo uma crítica da Política, na sua dupla face, pragmática e populista. "Deus fala por linhas tortas" é uma maneira de afirmar que a Razão, para tê-la, necessita de contraditório, de risco e de uma ponta de imaginação e loucura! Em especial quando as metamorfoses se aproximam, é preciso mostrar o que pode existir para lá da realidade gasta dos dias. Um passo no desconhecido? Sim.

A evocação da Utopia de Tomás Moro tem aqui uma dupla intenção: recordar a nossa velha condição de emigrantes e aventureiros —que a crise profunda actual voltará a incentivar—, e retomar, ainda que de passagem, dois pontos especialmente interessantes e actuais na perspectiva da gestão da crise social que se aproxima como verdadeira tempestade, mas também da necessidade de fundar e promover uma aproximação criativa a mais uma metamorfose cultural da espécie humana, que já começou, mas que ainda não encontrou um novo paradigma de futuro.

As duas citações da edição de Harvard da Utopia, que a seguir transcrevo, correspondem sucessivamente à descrição do personagem Raphael e da sua breve aventura, e a uma parte do discurso deste contra a pena de morte por delitos menores (no caso o roubo a que os pobres e miseráveis se dedicam quando lhes falta o pão.)

Sir Thomas More (1478–1535).  Utopia.
The Harvard Classics.  1909–14.

The First Book

The First Book of the Communication of Raphael Hythloday, Concerning the Best State of a Commonwealth

Upon a certain day when I had heard the divine service in our Lady’s church, which is the fairest, the most gorgeous and curious church of building in all the city and also most frequented of people, and, the service being done, was ready to go home to my lodging, I chanced to espy this foresaid Peter talking with a certain stranger, a man well stricken in age, with a black sunburned face, a long beard, and a cloak cast homely about his shoulders, whom by his favour and apparel forthwith I judged to be a mariner. But when this Peter saw me, he cometh to me and saluteth me.

He should have been very welcome to me, said I, for your sake.
Nay (quoth he) for his own sake, if you knew him: for there is no man this day living, that can tell you of so many strange and unknown peoples, and countries, as this man can. And I know well that you be very desirous to hear of such news.

Then I conjectured not far amiss (quoth I) for even at the first sight I judged him to be a mariner.

Nay (quoth he) there ye were greatly deceived: he hath sailed indeed, not as the mariner Palinure, but as the expert and prudent prince Ulysses: yea, rather as the ancient and sage philosopher Plato. For this same Raphael Hythloday (for this is his name) is very well learned in the Latin tongue: but profound and excellent in the Greek tongue. Wherein he ever bestowed more study than in the Latin, because he had given himself wholly to the study of philosophy. Whereof he knew that there is nothing extant in the Latin tongue that is to any purpose, saving a few of Seneca’s, and Cicero’s doings. His patrimony that he was born unto, he left to his brethren (for he is a Portugal born) and for the desire that he had to see, and know the far countries of the world, he joined himself in company with Amerigo Vespucci, and in the three last voyages of those four that be now in print and abroad in every man’s hands, he continued still in his company, saving that in the last voyage he came not home again with him. For he made such means and shift, what by entreatance, and what by importune suit, that he got licence of master Amerigo (though it were sore against his will) to be one of the twenty-four which in the end of the last voyage were left in the country of Gulike. He was therefore left behind for his mind sake, as one that took more thought and care for travelling than dying: having customably in his mouth these sayings: he that hath no grave, is covered with the sky: and, the way to heaven out of all places is of like length and distance. Which fantasy of his (if God had not been his better friend) he had surely bought full dear. But after the departing of master Vespucci, when he had travelled through and about many countries with five of his companions Gulikians, at the last by marvellous chance he arrived in Taprobane, from whence he went to Caliquit, where he chanced to find certain of his country ships, wherein he returned again into his country, nothing less than looked for.

...

It chanced on a certain day, when I sat at his table, there was also a certain layman cunning in the laws of your realm. Which, I cannot tell whereof taking occasion, began diligently and busily to praise that strait and rigorous justice, which at that time was there executed upon felons, who, as he said, were for the most part twenty hanged together upon one gallows. And, seeing so few escaped punishment, he said he could not choose, but greatly wonder and marvel, how and by what evil luck it should so come to pass, that thieves nevertheless were in every place so rife and rank. Nay, sir, quoth I (for I durst boldly speak my mind before the Cardinal), marvel nothing hereat: for this punishment of thieves passeth the limits [of] justice, and is also very hurtful to the weal public. For it is too extreme and cruel a punishment for theft, and yet not sufficient to refrain men from theft. For simple theft is not so great an offence, that it ought to be punished with death. Neither there is any punishment so horrible, that it can keep them from stealing, which have no other craft, whereby to get their living. Therefore in this point, not you only, but also the most part of the world, be like evil schoolmasters, which be readier to beat, than to teach their scholars. For great and horrible punishments be appointed for thieves, whereas much rather provision should have been made, that there were some means, whereby they might get their living, so that no man should be driven to this extreme necessity, first to steal, and then to die.

Edição de 1909-14 - The Harvard classics, edited by Charles W. Eliot. Published by New York: P.F. Collier & Son, 1909–14. (Link) Edição em Latim aqui.

Reler este clássico, cruzando as suas ideias impensáveis com, por exemplo, as propostas e estudos recentes em volta da criação e generalização de um Rendimento Básico Universal (Basic Income), bem mais avançadas do que as versões tímidas e sem visão dos nossos Rendimento Mínimo Garantido e Rendimento de Reinserção Social, será certamente um bom exercício de preparação para uma abordagem visionária e estruturante dos inúmeros bloqueios que agora mesmo afligem todos os decisores políticos responsáveis, e uma boa parte dos intelectuais mais atentos.

Termino pelo ponto de partida deste artigo, que só agora exponho, e que foi este: imaginar o que sucederia se todas os 10 627 250 pessoas que constituem a população portuguesa (INE 2008) recebessem um Rendimento Básico Universal, independentemente da sua idade, sexo, situação laboral e nível de riqueza, na ordem dos 150 euros/mês — ou seja, 5 euros/dia. A despesa orçamental seria de 15.940.875.000 euros, ou seja, qualquer coisa como 1/5 da despesa total prevista para este ano (81.216.000.000/ OE2010), quase 3 mil milhões de euros menos do que a despesa prevista com o pessoal das Administrações Públicas (18.680.000.000), e menos de metade do dinheiro que o Estado português tenciona pedir emprestado este ano ao estrangeiro (sob a forma de emissões de títulos de dívida altamente onerados) para financiar o descontrolado endividamento do país (3). Que sucederia?

É certo que um cenário como este iria colocar inúmeros problemas. Mas será que tais problemas seriam menos virtuosos e estrategicamente menos interessantes do que os movimentos browniano das baratas tontas que actualmente deveriam dar respostas credíveis aos problemas —e não dão


Post scriptum — A brilhante palestra de Ken Robinson vem na linha do pensamento lateral que temos que por em marcha se quisermos atacar frontalmente e com alguma probabilidade de êxito o impasse sistémico a que chegámos. Por maior que seja a blasfémia, a verdade é que o edifício educativo ocidental está a ruir por dentro e vai ser preciso reformar profundamente o conceito de educação, começando por um novo entendimento da sua natureza e aplicação nas sociedades tecnologicamente avançadas. Ao contrário do que afirma Medina Carreira, o problema da Educação não é de disciplina, mas de excesso de despesa e estatização bolchevique.


NOTAS
  1. Recorri a esta transcrição de C.A. Patrides para melhor situar as características da personagem central da Utopia, cuja traduções apressadas por vezes simplificam em demasia:
    "Raphael Hytlhloday" is among the most elaborate scholarly jokes of the Renaissance. The Hebraic "Raphael" represents the messenger of God and literally means "God heals", while "Hythloday" transliterates the Greek [Υθλοδαιος] or "speaker of nonsense". In effect, then, the full name could be said to suggest one who is meant to heal but, incapable of doing so, dispenses nonsense instead. But an even more remarkable pun, this time trilingual, would reverse the judgment in Hythloday's favor: "God heals [Hebr., Raphael] through the nonsense [Gr., hythlos] of God [Lat., dei]". Whether actual or presumed, etymological expertise of this order underlines that we are to credit the existence of No-place as related by a man essentially called No-sense. But it underlines More's achievement too, in that w are soon embroiled in the nonexistent political and social structure of No-place, and allow more sense to No-sense than even common sense aloows we should. in "The ills of the body politic", Figures in a Renaissance context, By C.A. Patrides.
  2. Ou vendedor de sonhos, contador de rábulas, vendedor ambulante, mexeriqueiro, bufarinheiro, mascate.
  3. Uma contração instantânea da despesa pública nos sectores das Finanças e Administração Pública (OE2010/ 1.282.800.000), Educação (OE2010/ 7.344.000.000) e Saúde (OE2010/ 9.183.000.000) na ordem dos 30% permitiria libertar 8.806.500.000 de euros para o Rendimento Básico Universal (RBU). Levar a cabo um verdadeiro e urgente programa de eficiência energética à escala nacional, não só criaria emprego durante uma década e meia, como permitiria uma poupança de 30% da nossa factura energética, que foi em 2008 (DGEG) de 6.484.000.000 de euros, parte substancial da qual poderia ser aplicada no RBU. E assim por diante. Será sempre um exercício orçamental, e sobretudo político, complexo, mas não impossível. Como propõe Lester R. Brown, o ponto de partida é aplicar à actual emergência económica. financeira e social, regras semelhantes às de uma economia de guerra.


 OAM 691 — 26 Fev 201002:18 (última actualização: 01 Mar 2001 01:38)