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quinta-feira, abril 30, 2015

Quem enterrou a TAP?


Os pilotos podem voltar o feitiço contra os feiticeiros!


Cavaco anunciou hoje o fim da TAP ao recusar-se a emitir um último apelo aos pilotos para que suspendam a greve.

Esta era a sua obrigação institucional estrita, na iminência do colapso de uma das principais empresas do país, ainda por cima uma empresa pública. Antes de Cavaco, António Costa veio atribuir a ruína da TAP, causada em grande parte pelos governos do PS, aos pilotos e a esta greve. E o governo, finalmente, recusou a Requisição Civil quando a mesma seria mais justificada do que em qualquer outra situação imaginável, porque sabe que não tem compradores para a TAP, e porque aposta na culpabilização dos pilotos como forma de gerar uma enorme poeira cor-de-laranja, cor-de-rosa e azul que tape os olhos da opinião pública e não deixe ver quem foram os destruidores da TAP.

Não foram seguramente os pilotos que arruinaram TAP, ou lucraram com mais de uma década de mentiras e negócios corruptos. Se tiverem um rasgo de sabedoria, estes anunciarão ao fim da tarde a suspensão da greve, atirando assim com todo o ónus da ruína da TAP para o colo de quem foi realmente responsável pelo seu fim, e não tem nem palavra, nem vergonha.

Quem foi então que arruinou a TAP?
  • Foi o governo 'socialista' que há dezasseis anos abriu o processo de privatização da TAP, e nunca o fechou.
  • Foi João Cravinho (1), ex-ministro 'socialista' do governo PS, que prometeu aos pilotos da TAP uma participação no capital social de uma futura empresa parcialmente privatizada.
    O facto de os demais trabalhadores da TAP poderem também participar no processo de privatização não está aqui em causa, nem muito menos justifica a posterior fuga ao compromisso por parte do estado português, protagonizada desde 2012 pelo Secretário de Estado Sérgio Monteiro, e esta semana corroborada indecorosamente por João Cravinho no programa de televisão Prós e Contras. O galo cantou três vezes, de facto, para esta criatura!
  • Foram as forças escondidas com rabo de fora do Bloco Central da Corrupção (com âncoras financeiras fundeadas no BPN, BCP, BES-Crédit Suisse e CGD) que desde 1998 (2) se lançaram na corrida para a construção de um novo aeroporto na região de Lisboa, quando era e é certo que a Portela estava e continua a estar às moscas boa parte das horas de cada dia (clicar nos gráficos), tendo por isso uma enorme folga de crescimento que, aliás, jamais será esgotada (3).
    Esta corrida tinha várias grandes cenouras na frente:
    1) a venda dos terrenos para conclusão da projetada Alta de Lisboa (um negócio do senhor Ho com ligações orgânicas aos poderes fáticos do Partido Socialista, nomeadamente a António Almeida Santos);
    2) especulação com terrenos na futura zona de implantação do NAL (ocorreu na Ota e voltaria a ocorrer no triângulo Rio Frio-Canha-Alcochete);
    3) a construção do aeroporto, claro; e, por fim,
    4) o famoso crescimento da TAP, sem o qual, a operação não teria justificação! Quando a TAP encomendou doze, com opção para mais três, aviões Airbus A350-900, e oito Airbus A320, estava a dar cumprimento a instruções que nada tinham que ver com a reais possibilidades da empresa, numa altura, aliás, em que o fenómeno Low Cost era já mais do que visível, mas sim com os fins dissimulados da corja corrupta que capturou o sistema partidário e o chamado 'arco da governação'.
  • Foi Cavaco Silva, que amparou todo este processo até ao dia de hoje, o dia em que abençoou publicamente, tal como o governo e o PS fizeram antes, o fim da TAP, recusando-se a cumprir a sua obrigação, isto é, fazer um apelo veemente ao fim da greve dos pilotos. Ou seja, o governo, o PS do imprestável Costa, e Cavaco Silva uniram-se na dissimulação dos verdadeiros causadores da bancarrota da TAP empurrando as responsabilidades para os anunciados dez dias de greve dos pilotos da TAP. Só um atrasado mental é que poderá papar este monumental embuste, que tudo diz da corja que arruinou o país.
  • Por fim, ainda que por omissão, quer o PCP, quer o Bloco falharam. Poderiam ter feito mais pela TAP!


Portela: a prova de um aeroporto longe de saturar

Gatwick: disponibilidade de Slots de um aeroporto semelhante à Portela

Hong-Kong: gráfico de um aeroporto com muito movimento


NOTAS
  1. Com o título «despacho» tem o seguinte conteúdo:

    «Apraz-me registar o desenvolvimento do processo negocial em curso, visando a celebração de novo Acordo de Empresa em condições de viabilizar a sustentabilidade da TAP. Nessa perspetiva, considero conveniente o prosseguimento das vias já abertas, incluindo a participação dos trabalhadores no capital social duma transportadora aérea com origem na TAP, tendo em conta o seguinte:
    «a) As experiências recentes de interessamento dos trabalhadores no capital de outras transportadoras aéreas deverão ser ponderadas;
    «b) Considerando a situação económico-fnanceira da TAP, em parte determinada pela conjuntura internacional penalizadora relativa à indústria de transporte aéreo, o Acordo de Empresa a celebrar com o SPAC deverá prever a sua revisibilidade no prazo de um ano, de modo a conformar-se às medidas de recuperação económico-financeira globais que venha a ser necessário prosseguir;
    «c) O Acordo deve prever a designação pelos trabalhadores de um administrador que não exerça funções executivas, em conformidade com o modelo previsto na parceria internacional.
    «Para além das condições acima referidas, o Ministério das Finanças deverá ser mantido ao corrente de todos os desenvolvimentos a fim de poder exercer em tempo oportuno a tutela dos interesses públicos que lhe estão confiados.
    «Lisboa, 18 de junho de 1999
    «o Ministro do Equipamento, do Planeamento e da Administração do Território,
    «(João Cravinho)»

    in Parecer  do Conselho Consultivo da PGR pedido por Sérgio Monteiro em 17-02-2012.
  2. Ver este suculento sítio da NAER. Em 2001, quando se discutia a Ota nas televisões e nos blogues, o NA (novo aeroporto) já tinha uma delimitação precisa na Margem Sul, mais precisamente entre “Herdade de Rio Frio, Poceirão e Algeruz”.
  3. Um aeroporto similar à Portela, Gatwick, que opera apenas com uma pista de cada vez, tal como a Portela, tem um movimento que é mais do dobro do da Portela: 38 milhões de passageiros, contra 18 milhões. Para bom entendedor...


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sexta-feira, abril 24, 2015

TAP—pilotos fazem 54 perguntas fatais ao lóbi do NAL

José Viegas, Secretário-Geral do Fórum Internacional de Transportes da OCDE

José Viegas escancarou a estratégia que conduziu ao colapso da TAP


Numa precipitada declaração à RTP o defensor de um novo aeroporto em Alcochete (1), reconhece que com uma TAP a 60% do tamanho que hoje tem, haverá Portela para mais 20 anos.

Viegas dixit (RTP):
"...não [digo] que seja fechar [a TAP] mas é capaz de ser reduzida para 60% do seu tamanho atual, e de repente o aeroporto de Lisboa tem capacidade para mais vinte anos..."
Ou seja, para que o embuste do NAL e a urbanização da Alta de Lisboa tivessem vingado como previsto, teria sido preciso saturar a Portela, e para isso inchou-se a TAP de má gestão, com a compra da PGA ao BES (via Millennium BCP), o que apenas serviu para manter Slots(2) abertos e fora do alcance da concorrência, encomendaram-se e fizeram-se reservas à Airbus de 23 novos aviões, com uma encomenda firme de doze A350, por mais de 2,5 mil milhões de euros, abriram-se novas rotas, manteve-se o buraco negro da ex-VEM a comer os lucros da TAP (um verdadeiro centro de custos inexplicável) e somaram-se dívidas atrás de dívidas, distribuíram-se prémios aos indecorosos gestores, intoxicou-se a opinião pública com mentiras, até que a TAP adoeceu gravemente e agora, seja qual for a solução, sairá muito cara aos seus trabalhadores e a todos nós que iremos, uma vez mais, pagar boa parte dos prejuízos.

Um dia, tal como aconteceu com o BES, a indigente comunicação social que temos acabará por contar a história deste crime. Espero que antes disso a PGR investigue este caso de polícia até ao fim e mande ampliar as instalações prisionais de Évora. E já agora espero que o ministro da economia perceba que vai ser responsabilizado pelo verdadeiro desastre que foi a política de transportes deste governo, cortesia do condottieri Sérgio Monteiro (que parece ter mandado sempre mais que o ministro).

Noutros momentos estive 100% contra as lutas dos pilotos da TAP. Desta vez, apoio-os a 100%!

Vale pois a pena ler e meditar nas perguntas que o Sindicato dos Pilotos (SPAC) acaba de dirigir ao governo e à administração da TAP.

“54 Perguntas para as quais os Pilotos ainda não obtiveram resposta nem do Governo, nem da TAP

1. Quanto custa anualmente à TAP a reposição dos 5 VS dos Pilotos, nos termos do AE que o Governo e a TAP se comprometeram a salvaguardar?

2. E a TAP vai à falência por causa do pagamento desta verba?

3. Em média, quanto perderia ao longo da sua vida cada Piloto, incluindo pensão de reforma, Jubileu e Complemento de Reforma, se estas diuturnidades não fossem repostas?

4. O ministro da Economia afirmou que se delapidaram na TAP 800 milhões nos últimos quinze anos. De quem é a responsabilidade por essa perda e quem sofre as consequências?

5. A Administração assumiu o arrependimento pelo desastre da VEM. Porque não se demitiu já?

6. Quanto perdeu a TAP em 2014 com swaps de jet fuel e quem foi o responsável?

7. Quanto perdeu a TAP na VEM e num fundo brasileiro, em 2014?

8. Qual o valor total dos créditos concedidos pela TAP à VEM e a dotação de capital e a probabilidade da respetiva recuperação?

9. Qual o valor dos aumentos salariais na VEM, em 2014, apesar dos seus prejuízos?

10. Quanto custou à TAP a decisão de abrir 11 novas rotas em 2014, sem que os aviões e as tripulações estivessem assegurados e de quem foi a responsabilidade?

11. Quanto perdeu a TAP na recuperação das vendas na Venezuela, em 2014, e qual o valor imobilizado nesse país que não se consegue repatriar?

12. Quanto perdeu a TAP em 2014 nos depósitos efetuados no banco da Guiné-Bissau?

13. Em que ponto do acordo de Dezembro de 2014 se diz que o cálculo das diuturnidades previsto no AE é alterado, consolidando perpetuamente no domínio privado os efeitos temporários da austeridade nas empresas públicas?

14. Em que ponto do Acordo de 2014 se diz que as folgas em atraso não serão repostas?

15. Em que ponto do Acordo de 2014 se afasta o cumprimento do Acordo de 1999?

16.  Se nada mais foi acordado do que aquilo que ficou escrito no Acordo de Dezembro, por que razão fala a TAP numa compensação financeira equivalente a uma diuturnidade na carta de 23 de Fevereiro enviada ao SPAC?

17. Não são a reposição dos 5 VS, das folgas e das ajudas de custo operacionais disputas interpretativas?

18. Então porque se diz que os Pilotos não honram um Acordo que nunca existiu neste domínio?

19. Se não houve acordo nas disputas interpretativas do AE dos Pilotos porque fala a TAP e o Governo em incumprimento?

20. Se as 5 VS só são repostas a partir da data da privatização e são calculadas nos termos do AE que o Governo e a TAP se comprometeram a salvaguardar então não há retroatividade, certo?

21. Por que razão o Governo baseia o seu incumprimento do Acordo de 1999 num mero parecer que não afasta a possibilidade de atribuir a participação de 20% aos Pilotos?

22. E se não cumpre o Acordo de 1999, porque não repõe os salários que lhe deram origem, isto é, repristinar o Acordo?

23. Fala em trigger do Acordo de 1999, mas o Acordo prevê um mínimo de 10% de participação por conta da renúncia das importantes concessões salariais da arbitragem que foram efetuadas pelos Pilotos à TAP em 1999. Portanto, não existe trigger, certo?

24. Quais as consequências para os eventuais investidores se violarem o Acordo de 2014 e promoverem despedimentos coletivos ou revogarem prematuramente os Acordos de Empresa?

25. O custo do capital privado é mais caro ou barato do que o custo do capital público?

26. Sendo o custo do capital privado mais elevado, o número de rotas que serão encerradas não será maior do que mantendo a TAP na esfera pública?

27. O investidor privado vai manter rotas deficitárias e não despedir pessoal, assumindo os inerentes prejuízos?

28. Se o capital da TAP vai ser vendido por um valor quase nulo, porque não se atribui a participação aos Pilotos?

29. E porque se vendeu a ANA a uma empresa controlada pelos seus trabalhadores franceses e não se faz o mesmo na TAP?

30. A TAP dispõe do capital necessário para efetuar o despedimento coletivo que o Primeiro-Ministro ameaçou?

31. Qual o custo de liquidação da TAP, em dívida assumida pelo Estado, impostos não cobrados, subsídios de desemprego pagos, receitas turísticas perdidas, receitas perdidas da ANA e perda de quota de mercado irrecuperável?

32. Qual o custo de manter a TAP?

33. Qual o custo anual da RTP em taxas de audiovisual e subsídios à exploração?

34. Qual o custo público de resgate do banco privado fraudulento BPN?

35. Qual o custo para o contribuinte da resolução do banco privado BES, através da CGD?

36. Quer dizer, o Governo socializa as perdas privadas e privatiza as perdas públicas da TAP, para os seus trabalhadores através dos investidores privados, dado que agora não pretendem capitalizar a TAP dos erros que foram cometidos na esfera pública?

37. Se 10 dias de greve dão um prejuízo de 70 milhões, não será melhor satisfazer os compromissos com os Pilotos?

38. Após a realização dos 10 dias de greve acreditam [a Administração e o Governo] que este conflito fica saneado?

39. Estas greves prolongadas são um exclusivo dos Pilotos da TAP porque é uma empresa pública?

40. Na Iberia também prometeram aos Pilotos que a privatização não teria impactos negativos. Depois verificou-se que não foi assim. Não veem [a Administração e o Governo] o mesmo cenário na TAP?

41. Vai [a Administração] continuar a trabalhar contra o SPAC e os Pilotos, como foi no caso das reformas, ou já percebeu que não vai longe sem o apoio dos Pilotos? Acha [a Administração] que vai prolongar-se a agitação dos Pilotos senão for razoável?

42. Como e quando pretende [a Administração] recompensar os Pilotos pelos sacrifícios e renúncias que concederam à TAP nos últimos 15 anos?

43. [A Administração] Não sente que os Pilotos estão cansados dos infindáveis sacrifícios que lhes pede, sem nenhuma contrapartida? Não acha que chegou a altura de retribuir estes esforços?

44. Se a TAP fechar será por culpa dos trabalhadores ou da gestão e do Governo? Nesse caso, quais serão as consequências para o País, défice e dívida públicos, desemprego e na privatização da ANA?

45. Quais são os requisitos para o Estado injetar capital na empresa?

46. É verdade que os salários reais do PNT, salários nominais deduzidos da inflação, se reduziram em 22% desde 2001? Qual foi a aumento das tabelas dos vencimentos?

47. Por que razão vendeu o handling e depois o voltou a adquirir, depois de todos os prejuízos que acumulou? E quem suportou os prejuízos?

48. A TAP pagou 143 milhões pela PGA e agora a TAP+PGA vale quase 0, segundo o Governo. De quem é a culpa disto?

49. O custo do petróleo e as taxas de juro estão a descer. Isso não vai ser benéfico para a empresa?

50. Se arranjou dinheiro para estas aquisições (VEM, PGA, GroundForce), por que razão não actualizou os salários nominais dos Pilotos nestes 15 anos?

51. Por quanto vendeu a participação da TAP na Air Macau?

52. Porque saiu o investidor Stanley Ho da VEM? Era pouco inteligente?

53. [Esta Administração] Terminou o seu contrato de gestão com o Governo com um dos piores resultados de sempre da TAP. Quando é que se apuram as responsabilidades por este descalabro e se retiram as devidas consequências ao mais alto nível? Ou será que [a Administração e o Governo] pretendem acusar os Pilotos por mais este fracasso?

54. Onde está e quanto foi a indemnização da Swissair, que o indigitou para a TAP, pelos prejuízos que nos causou?”

NOTAS
  1. Resta saber em que qualidade José Viegas prestou estas declarações, se como representante do Fórum de Transportes da OCDE, se em nome pessoal e defendendo causa própria.
  2. Sobre a importância económica dos Slots leia este esclarecedor artigo de Rui Rodrigues (PDF).

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quarta-feira, abril 22, 2015

TAP: 14 anos de gestão ruinosa

Fernando Pinto deve explicações ao país

TAP sob investigação criminal?


A greve é para cumprir? Em que termos aceitam desconvocar?
A greve é desconvocada quando o Governo e TAP decidirem honrar os compromissos que assumiram com os pilotos. (Diário Económico, 22-04-2014)

“Matérias alegadas pelos pilotos não têm suporte legal”, diz Fernando Pinto (Negócios, 22-04-2015)

Presidente da SPAC acusa administração da TAP de “gestão ruinosa”. (Diário Económico, 22-04-2014)

“Acontece que as consequências dos actos de gestão ruinosa que subsistem ao longo dos últimos 14 anos tornaram-se intoleráveis.” — Manuel Santos Cardoso, presidente do SPAC. (Diário Económico, 22-04-2014)

Sindicato dos pilotos admite processar TAP por gestão ruinosa

Manuel dos Santos Cardoso, presidente do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) desde novembro, defende que o que tem prejudicado gravemente a TAP “é a gestão ruinosa desta administração, com a conivência e o beneplácito dos sucessivos governos”. DN, 22/04/2015


A Procuradora-Geral da República confirma existirem investigações em curso à TAP, alegando segredo de justiça para não dar mais informações.

A informação foi avançada à Renascença, na sequência da entrevista do presidente do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil ao “Diário Económico”. RR, 22-04-2015.

Em que ficamos? Eu diria que as afirmações do comandante da TAP e presidente do sindicato dos pilotos (SPAC), Manuel Santos Cardoso, não são bluff, e não sendo bluff, as orelhas de Fernando Pinto e do resto da obscura e completamente incompetente administração da TAP devem estar a arder. Vamos a factos:
  1. Vai para quinze anos que esta administração foi contratada para privatizar a TAP. Quinze anos!
  2. O passivo acumulado da empresa flutua nos relatórios ao sabor das conveniências, e é superior aos anunciados 1.062 milhões de euros reportados no Relatório e Contas de 2012. Nós pensamos que poderá chegar perto dos três mil milhões, mas o ministro que tão avidamente substituiu o Álvaro, Pires de Lima, já reconheceu publicamente que não sabe onde foram parar 800 milhões de euros. E os espanhóis da Globalia, que entretanto desistiram da TAP, mencionaram ao El País uma dívida acumulada de 2.400 milhões de euros—dando a entender que parte da mesma estaria a ser negociada por baixo da mesa da reprivatização.
  3. Poderão estar em curso investigações policiais sobre as relações entre a TAP e o BES, com dossiers específicos
    1. sobre a operação da venda da PGA à TAP (2007), durante o governo de José Sócrates e intermediada pelo Millennium BCP, à época gerida pelo camarada do grupo cor-de-rosa de Macau, Carlos Santos Ferreira,
    2. sobre a ex-VEM, um estranho buraco negro brasileiro, comprado à Varig pela TAP e pela GEO Capital, e conhecido hoje como TAP Maintenance & Engineering,
    3. e sobre a encomenda firme de 12 Airbus A350, com opção para mais três e reserva de compra de oito A320, um acto de gestão verdadeiramente suicida atendendo a que já à época (25/11/2007), o grau de endividamento da TAP era excessivo: 1.218 milhões de euros.
Perante estas evidências, os pilotos sabem que a TAP morreu, e que uma nova TAP, com ou sem sócios locais, mas certamente com necessidade de atrair sócios europeus do métier, precisará deles e do pessoal de manutenção no dia seguinte à morte/renascimento da TAP. Na TAP má, entretanto, ficarão a ex-VEM e muitos funcionários da empresa que não terão lugar numa empresa mais magra e preparada para competir com as Low Cost.

É por isto que os pilotos da TAP não abdicam de uma participação de 20% da próxima companhia.

O governo deve pensar bem no que vai fazer. Rejeitar os pilotos não é opção.

Atualização: 23-04-2014 12:09 WET


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