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quarta-feira, agosto 14, 2019

Mas que lindo socialismo!

Greve dos motoristas
Imagem (recortada): LUSA

O regime já percebeu que as suas instituições, nomeadamente os sindicatos dirigidos pelo PCP, falharam e estão a perder poder


Assim, o PS busca a maioria absoluta no eleitorado do PSD e do CDS, pois os eleitorados das esquerdas à sua esquerda já estão, por assim dizer, no bolso da Geringonça, quer dizer, do PS.

O PCP, por sua vez, tenta segurar as suas quintas sindicais ameaçadas, depois de ter dada por perdida boa parte do poder autárquico que controlou durante décadas.

O que está a decorrer neste agosto ventoso, sem sol e mar frio, não é uma greve, mas um notável episódio da luta pelas sucessões de António Costa e de Jerónimo de Sousa!

Silly season 

“O que se verifica no contrato coletivo é a barbaridade de retirarem aos trabalhadores dois direitos fundamentais: a remuneração pelo trabalho extraordinário prestado e o trabalho noturno”, critica Francisco São Bento. 
 “Haverá consequências para quem não cumprir requisição civil”, avisa ministro (Vieira da Silva).
 “Tivemos conhecimento do que a polícia foi a casa de um motorista, que estava de baixa, para o deter caso ele não aceitasse ir trabalhar. Só quando ele mostrou a baixa e foi validada por um procurador é que o deixaram em paz”, contou o responsável do SNMMP.
Pardal Henriques realça que os motoristas “estão a fazer greve, estão a trabalhar e a ser remunerados no final do mês e isto pode durar dez anos se for preciso”.
PCP diz que greve dos motoristas “procura atingir mais a população que o patronato”
A CGTP criticou a requisição civil contra a greve dos motoristas, considerando que a mesma é uma “escalada contra o direito à greve”. Também acusa o Governo de ser “cúmplice do patronato”.
“Uma coisa é uma greve contra os patrões e o Estado, outra é contra muitos portugueses” (Marcelo  Rebelo de Sousa).
Marcelo promulga lei que permite aumentos de 700 euros para os magistrados. 

domingo, setembro 03, 2017

A terceira ameaça à Geringonça

A Autoeuropa é da Volkswagen ou do PCP? A resposta é óbvia!

Ready to T-Roc?


Pode não ter passado duma guerra entre estalinistas e trotsquistas. Mas a verdade é que não falta espaço no mundo para acomodar a Autoeuropa. Em Espanha, ao contrário de Portugal, não há cadáveres comunistas adiados, e existirá em breve uma rede ferroviária para passageiros e mercadorias interoperável com o resto da Europa. Ou seja, ou o PS controla rapidamente os danos causados pelos senhores Jerónimo de Sousa e Arménio Carlos, ou os alemães, reforçados agora pelo espírito Macron, poderão de um momento para o outro perder a paciência e convidar os esquerdistas indígenas a comerem urtigas.

O pomo aparente da discórida que levou à inusitada greve na Autoeuropa foi o trabalho ao sábado.

Mas então os telefones, a rádio e televisão e a internet, ou os hospitais, ou as esquadras, museus, teatros, cinemas, casinos, restaurantes, bares, aeroportos, comboios, autocarros, táxis, elétricos, tuc-tucs, centenas de supermercados e milhares de lojas não trabalham aos sábados? Será que as dezenas de milhar de famílias das pessoas que trabalham nestas empresas e instituições sofrem o que as famílias aristocráticas da Autoeuropa não podem sofrer? Por onde anda a lógica da dirigente máxima do Bloco? Queimaram-se-lhe os neurónios durante o incendiário mês de agosto? Até os funcionários públicos, até os políticos, ou pelo menos alguns, trabalham aos sábados!

Num texto anterior —As duas ameaças à Geringonça— chamei a atenção do PS para dois dos perigos maiores que ameaçam a frente popular pós-moderna formada pelo PS, PCP e Bloco: o preço do petróleo, que tem vindo a subir paulatinamente, e o fim do conforto monetário proporcionado pelo BCE às democracias despesistas do sul da Europa, anunciado para 2018-2019. A conjunção destas duas tendências poderá, sobretudo se houver nova crise financeira global, pulverizar o cimento frágil da presente coligação disfarçada. Mas há um terceiro perigo!

O momento Hartz de Emmanuel Macron

A expansão monetarista levada a cabo pelo BCE está a chegar ao fim. Observando os resultados nos países que mais beneficiaram deste alívio —Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha— verificamos que foram, no mínimo, duvidosos. À exceção da Irlanda, nenhum dos restantes PIIGS conseguiu corrigir a trajetória da respetiva dívida pública, e a este grupo de países incapazes de controlar as suas contas somou-se entretanto a França.

Os valores das dívidas públicas em % do PIB nos anos 2008, 2012, e 2016 são os seguintes:

  • Portugal: 71,7—126,2—130,4
  • Irlanda: 42,4—119,5—75,4
  • Itália: 102,4—123,3—132,6
  • Grécia: 109,4—159,6—179
  • Espanha: 39,4—85,7—99,4.


É neste contexto que o modelo alemão (65,1—79,9—68,3), sobretudo após a anunciada saída do Reino Unido (50,2—85,1—89,3) da UE, e depois da derrota estrondosa dos socialistas em França, começa agora a ganhar um valor heurístico renovado junto das elites europeias mais atentas.

Macron anunciou uma reforma laboral radical em França. Insuportavelmente neoliberal? Não. O novo presidente francês, apoiado numa confortável maioria parlamentar, apenas quer implementar em França, em nome da competividade europeia ameaçada, a mesma reforma laboral que o social-democrata alemão Gerhrard Schröder, e os Verdes (imagine-se!), impuseram aos sindicatos alemães entre 2003 e 2005, através do célebre plano Hartz, e da Agenda 2010.

Alemães e franceses, livres do atrito permanente provocado pelos ingleses de sua Majestade, estão agora mais decididos que nunca a reforçar a União Europeia, criando um coração inteligente mais forte, isto é, uma verdadeira união bancária e fiscal, um sistema de segurança unificado, e uma verdadeira estratégia europeia de defesa. Quem aceitar as novas regras continua, quem não aceitar que se junte aos náufragos britânicos. A verdade é que a decadência de Washington exige este género de fórceps estratégico, e as crises no Médio Oriente e na Coreia também!

À luz desta análise vejo no incidente entre a Geringonça e a Autoeuropa o terceiro prenúncio do fim da estratégia oportunista de António Costa. O pacto que este propôs ao PSD e ao CDS não passa duma farsa populista. O único pacto lógico e necessário ao país é o que garantir simultaneamente uma reforma do estado e uma reforma laboral adequadas à sustentabilidade da nossa economia, sem o que assistiremos à emergência insidiosa de um populismo de estado apoiado numa espécie de fascismo fiscal. Mas para que este cenário se impusesse, assistiríamos primeiro a uma caça às bruxas da opinião livre. Já estivemos mais longe!


REFERÊNCIAS

The Brief: A ‘plan B’ for the grand bargain

By Jorge Valero | EURACTIV.com  1/09/2017 (updated:  1/09/2017)

Britain’s exit from the EU progressed this week in slow motion. But one collateral effect of Brexit is Angela Merkel’s resolution to push for further integration of the eurozone, as Juncker would say. Her 17-point lead in the polls ahead of the 24 September general election, and her rival Martin Schulz’ support on the issue, mean this is sure to be central to the campaign.

But Merkel is still the chancellor of Germany, where taxpayers are against giving money to profligate and uncompetitive southern member states, the argument says.

Mutti‘s brother in arms to complete the reform of the 19-member eurozone, French President Emmanuel Macron, presented yesterday his long-awaited labour market reforms.

France aims to have its ‘Hartz’ moment fifteen years after the plan was unveiled in Germany to unlock the potential of the EU’s powerhouse.

If Macron succeeds, the impact will go far beyond turning his country into Europe’s second power. It will be the stepping stone toward the ‘grand bargain’ the eurozone has been waiting for between the northern guardians of fiscal discipline and the southern champions of shared protection when the next turbulence comes.


German labour-market reform
Hartz and minds
A new and controversial law takes effect this weekend
The Economist, Dec 29th 2004 | BERLIN


TRY calling a German bureaucrat after 3pm and the chances are that you will get no answer. But the Berlin branch of the Federal Employment Agency has recently been open as late as 10pm, weekends included. A dozen employees, surrounded by brown folders, are busy typing data into computers. “We have no choice but to get this done by the end of the year,” says one. The scene is replicated in 180 job-centres across Germany: thousands of staff are working extra shifts to prepare the launch on January 1st of “Hartz IV”. This law, based on the work of a commission led by Peter Hartz, Volkswagen's personnel director, is Germany's most important labour-market reform since the war.

[...]

The stakes are high. If Hartz IV succeeds, Germany will have taken a big step towards helping its army of long-term unemployed off the dole and into work. If it fails, there will be pressure to break up the Federal Employment Agency, or privatise it. And the popularity of Chancellor Gerhard Schröder's government, which has risen, could plummet. That may be why Mr Schröder has said that, if anything goes wrong, it will be the fault of Wolfgang Clement, his economics minister.

segunda-feira, maio 11, 2015

TAP: quanto custou a greve?

Às receitas perdidas anunciadas pelo rapaz dos finos há que subtrair as despesas não realizadas com combustível e pilotos.




A poupança em combustível e pilotos deverá ter andado pelo 8 milhões de euros. Ou seja, o rombo pode não ter ultrapassado os 17 milhões de euros.

No estado a que isto chegou, ideias precisam-se! Tal como na Austrália, há que fazer pela vida ;)

sábado, maio 02, 2015

SPAC diz que pode acabar com a greve amanhã

Comandante Lino da Silva


Parece que o Lino deu um passo maior do que a perna! 


É tempo de o presidente e a direção do SPAC agirem de acordo com o seu mandato, em vez de continuarem a seguir um estratega que custa os olhos da cara e resolveu jogar à roleta russa com o Sérgio Monteiro, numa altura em que é pública a falta de interessados na privatização da TAP.

Sempre me interroguei porque motivo estariam os pilotos a deixar que o governo fizesse deles o bode expiatório da bancarrota da TAP, consequência da gestão criminosa da casta que capturou o país, os partidos e os governos nos últimos vinte anos.

Acabei por engolir a história do copo cheio, e do já não haver nada a perder. Mas a proximidade do prazo limite da reprivatização —15 de maio— fez-me sempre pensar que teria que haver algo mais e de muito estranho.

Lá estranho é!
Investigação da RTP revela origem do conflito entre pilotos da TAP

RTP, Diana Palma Duarte/Rui Cardoso/Liliana Claro
01 Mai, 2015, 14:59 / atualizado em 01 Mai, 2015, 18:19

A mais polémica greve da TAP está a colocar pilotos contra pilotos. Uma investigação da RTP apurou a origem deste conflito. O foco deste é o assessor financeiro do sindicato que é acusado de ser o grande estratega da paralisação.

A greve dá ao governo o pretexto ideal para, mentindo com todos os dentes dos seus governantes, e ainda os de António Costa, rasgar o caderno de encargos e vender sem mais chatices a empresa a quem ficar com o Novo Banco. Por um euro e uma garrafa de Champagne!

Entretanto, no final do Sexta às 11 (RTP), sobre a greve dos pilotos da TAP, o representante mandatado do SPAC anunciou que estariam dispostos a terminar a greve já amanhã.


Para tal seria apenas preciso que o governo acedesse a sentar-se de novo à mesa das negociações, pois a Gerência da TAP, como se sabe, não passa de uma figura de retórica e uma testa de ferro sabe-se lá de quem.
Hélder Santinhos (SPAC): "o SPAC está aberto a negociar, mas as portas estão fechadas por parte do Governo" — Expresso.
O Governo tem a obrigação de reunir-se com o SPAC amanhã de manhã, ou ainda esta noite, e ambos devem suspender a greve, reiniciando um período de negociação pública, à vista de todos, sobre os assuntos relevantes que preocupam os pilotos, os restantes trabalhadores da TAP, o governo e o país.

Menos que isto será a prova que o Governo teria agido de má fé em todo este processo, procurando fazer do SPAC um bode expiatório do fracasso patente da sua inexistente política de transportes, em particular no caso da TAP.

Mas há ainda uma hipótese sinistra

Uma greve de dez dias, em vésperas do anúncio do resultado do concurso de reprivatização, poderia servir para tornar mais digerível a venda da TAP por um valor irrisório, combinado debaixo da mesa, e precedida do encerramento da empresa e sua reabertura no dia seguinte, com menos 30% dos trabalhadores e nenhum compromisso laboral herdado, os quais cessariam automaticamente com o fecho da empresa. As indemnizações por cessação dos contratos de trabalho ficariam do lado dos contribuintes, a inscrever no orçamento do próximo ano.

Neste caso, em que só uma pequena parte dos pilotos será dispensada, a greve da TAP apareceria como o veículo de um enorme negócio de duvidosa legalidade. Senhora Procuradora-Geral da República, fica aqui o alerta.


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sexta-feira, maio 01, 2015

O fim da TAP e o senhor Creosote

Mr. Creosote - Monty Python's The Meaning of Life (videoclips 1 e 2)

A TAP tornou-se um dos abcessos da dívida pública e do regime


TAP leva Parpública para prejuízos de 367 milhões em 2014
Negócios, 30 Abril 2015, 22:24 por Carla Pedro

A Parpública - Participações Públicas, gestora de participações sociais de capitais exclusivamente públicos registou perdas de 367,1 milhões de euros em 2014, contra lucros de 792 milhões um ano antes.

E isto “em consequência dos resultados obtidos pela holding Parpública e pelo segmento ‘transporte aéreo e actividades relacionadas’ no grupo TAP”, justifica a empresa no comunicado sobre as contas divulgado esta quinta-feira na CMVM.

Confirma-se aquilo que já muitos desconfiavam: a TAP foi e continua a ser financiada pela Parpública. Ou seja, por todos nós, que agora sofremos o impacto de um resgate, no fundo, causado pelo assalto à riqueza e às poupanças, públicas e privadas, do país, levado a cabo por uma nomenclatura sem vergonha, nem neurónios.

Ou seja, a descapitalizada e arruinada TAP vivia de subsídios ilegais do estado (ao contrário do que têm dito os aldrabões do PS, PSD, CDS, e sucessivos governos, com o silêncio cúmplice do PCP e do Bloco de Esquerda). Ou seja, tal como o Metro, a CP e a Carris (onde centenas greves que atingem milhões de portugueses e a economia todos os anos não incomodam a nomenclatura, nem, pelos vistos, a consciência coletiva indígena capturada pela indigente imprensa que temos), contribuíram anos a fio para o sobre endividamento do país, enquanto muitos engordavam à conta do prejuízo. O caso da MM Brasil,já deveria estar nos tribunais criminais, mas não está....

Esqueceram-se, os rendeiros e os devoristas do regime, que um dia iriam estourar como estourou o senhor Creosote — a mais extraordinária antecipação dos tempos que correm. Obrigado, Monthy Python, pela vossa arte!





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Porque fazem greve os pilotos?

Foto © ANDRÉ KOSTERS/LUSA

Privatização da TAP adiada sine die


O ministro afirmou que ninguém da sociedade portuguesa está a favor da greve e lamentou “profundamente” a decisão “tão radical” do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC)

Pires de Lima: “Apelo aos pilotos”, que estão habituados a tomar decisões em muitas situações por vezes delicadas, para “irem trabalhar de 1 a 10 de maio”.

Pires de Lima disse ter ainda esperança de que os pilotos reconsiderem e que, por esse motivo, não quer fazer mais declaracões que possam dificultar essa decisão. Observador, 30/4/2015, 21:37

Alguém percebe porque motivo o governo deixou os pilotos avançarem para a greve sem nenhuma tentativa séria de ponderação dos argumentos do SPAC?

Alguém percebe porque motivo Passos Coelho, na Assembleia da República, deixou cair um cenário sobre o futuro da TAP em tudo semelhante àquele que antecedeu o programado colapso e resolução do GES/BES?

Pedro Passos Coelho reagiu com dramatismo à greve de 10 dias na TAP esta sexta-feira no debate quinzenal na Assembleia da República. Respondendo ao líder parlamentar do CDS, o primeiro-ministro alertou para o risco de se vir a ter “uma TAP em miniatura” que não servirá a quase ninguém e acenou com um despedimento coletivo.

“Não se percebe [esta greve]. O Governo estabeleceu um acordo e este acordo não foi cumprido. E é perverso porque uma greve destas pode pôr em risco a própria empresa no curto prazo”, diz o primeiro-ministro, acrescentando: “Quem julga que impedindo a privatização da empresa estará a empurrar com a barriga, está enganado porque está a criar um problema maior”.

Segundo Passos, a alternativa à privatização em curso “é o despedimento coletivo, venda de aviões, cancelamento de rotas, é ter uma TAP em miniatura que não servirá os interesses do país e dos trabalhadores”. Durante o debate, nenhum dos partidos da oposição se referiu a esta greve. Observador, 17/4/2015, 12:22.

Alguém entende porque Cavaco Silva, em vez de fazer um apelo sério aos pilotos e ao governo para que encontrassem maneira de evitar a paralização, praticamente anunciou a morte da empresa?

As razões são estas:

  1. A TAP está irremediavelmente falida e o Governo está entalado.
  2. As fontes de crédito —BCP, GES/BES, Crédit Suisse e Caixa Geral de Depósitos— secaram.
  3. A TAP não conseguiu atrair compradores credíveis, mesmo considerando que Sérgio Monteiro veio declamar, em público e em desespero de causa, na televisão, que a TAP vale hoje 300 milhões de euros, o valor mínimo da avaliação da TAP no tempo em que João Cravinho era ministro (1999): 60 milhões de contos!
  4. Entre os motivos que afugentaram os potenciais compradores há a dívida escondida da empresa, provavelmente nos balanços do Novo Banco, do Crédit Suisse e da Caixa Geral de Depósitos, a qual seria comprada pelo futuro dono da TAP, mas por debaixo da mesa, para evitar problemas com a Comissão Europeia. É pelo menos isto que se deduz das justificações da Globalia para a desistência de apresentar uma proposta de aquisição da maioria do capital da TAP.
  5. O Governo omitiu no Caderno de Encargos da privatização da TAP, dívida e compromissos estabelecidos com os pilotos, colocando o estado português numa posição inqualificável.
  6. O governo, nesta fase, só iria privatizar 66% da TAP (dos quais 5% estariam reservados para os trabalhadores da empresa). Assim sendo, a cedência aos pilotos de 10-20% dos 34% do capital da futura empresa reprivatizada que ficariam na posse do Estado, seria não só possível (apesar do parecer improcedente da PGR pedido por este governo em 2012), como mostra a artificialidade do conflito com os pilotos nesta questão particular.
  7. O governo procurou, pois, o conflito, para esconder o seu próprio fracasso nos dois processos de privatização que tentou levar a cabo, sem êxito. E para confundir a opinião pública.
  8. Os potenciais interessados na TAP sabem agora que, para além das dívidas escondidas, das limitações impostas aos futuros donos da empresa, teriam ainda que suportar sucessivas batalhas jurídicas com os trabalhadores, desde logo com o SPAC, sobre algo que certamente ignoravam, i.e. que um senhor chamado João Cravinho, antigo ministro de um governo 'socialista', se comprometeu em 1999 a vender entre 10 e 20% do capital da empresa aos pilotos da TAP — que aliás já pagaram esta fatia do capital social da TAP reprivatizada, por meio de cedências contratuais plasmadas num Acordo de Empresa assinado por Fernando Pinto com o assentimento do ministro responsável à época.
  9. Mas para agravar tudo isto sobra ainda o problema da venda do Novo Banco, onde estão certamente estacionados créditos da TAP no valor de várias centenas de milhões de euros. Em que ficamos? A TAP falida paga, ou o Novo Banco vai registar o buraco cuja existência os candidatos à compra do banco provavelmente ignoravam?
  10. O que está a emergir é pois um enorme estilhaço do colapso do BES. Tentar responsabilizar os pilotos por um crime cometido por outros, além de provar a má fé deste governo, demonstra a infantilidade inacreditável de quem geriu este processo de reprivatização.
  11. Perante tudo isto, os pilotos resolverem, e bem, proteger-se!

A menos que o grupo Fosun resolva comprar o Novo Banco e a TAP por atacado, o governo vai enterrar-se até às orelhas durante todo este mês de maio, e acabar por perder as próximas eleições legislativas.


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quinta-feira, abril 30, 2015

Quem enterrou a TAP?


Os pilotos podem voltar o feitiço contra os feiticeiros!


Cavaco anunciou hoje o fim da TAP ao recusar-se a emitir um último apelo aos pilotos para que suspendam a greve.

Esta era a sua obrigação institucional estrita, na iminência do colapso de uma das principais empresas do país, ainda por cima uma empresa pública. Antes de Cavaco, António Costa veio atribuir a ruína da TAP, causada em grande parte pelos governos do PS, aos pilotos e a esta greve. E o governo, finalmente, recusou a Requisição Civil quando a mesma seria mais justificada do que em qualquer outra situação imaginável, porque sabe que não tem compradores para a TAP, e porque aposta na culpabilização dos pilotos como forma de gerar uma enorme poeira cor-de-laranja, cor-de-rosa e azul que tape os olhos da opinião pública e não deixe ver quem foram os destruidores da TAP.

Não foram seguramente os pilotos que arruinaram TAP, ou lucraram com mais de uma década de mentiras e negócios corruptos. Se tiverem um rasgo de sabedoria, estes anunciarão ao fim da tarde a suspensão da greve, atirando assim com todo o ónus da ruína da TAP para o colo de quem foi realmente responsável pelo seu fim, e não tem nem palavra, nem vergonha.

Quem foi então que arruinou a TAP?
  • Foi o governo 'socialista' que há dezasseis anos abriu o processo de privatização da TAP, e nunca o fechou.
  • Foi João Cravinho (1), ex-ministro 'socialista' do governo PS, que prometeu aos pilotos da TAP uma participação no capital social de uma futura empresa parcialmente privatizada.
    O facto de os demais trabalhadores da TAP poderem também participar no processo de privatização não está aqui em causa, nem muito menos justifica a posterior fuga ao compromisso por parte do estado português, protagonizada desde 2012 pelo Secretário de Estado Sérgio Monteiro, e esta semana corroborada indecorosamente por João Cravinho no programa de televisão Prós e Contras. O galo cantou três vezes, de facto, para esta criatura!
  • Foram as forças escondidas com rabo de fora do Bloco Central da Corrupção (com âncoras financeiras fundeadas no BPN, BCP, BES-Crédit Suisse e CGD) que desde 1998 (2) se lançaram na corrida para a construção de um novo aeroporto na região de Lisboa, quando era e é certo que a Portela estava e continua a estar às moscas boa parte das horas de cada dia (clicar nos gráficos), tendo por isso uma enorme folga de crescimento que, aliás, jamais será esgotada (3).
    Esta corrida tinha várias grandes cenouras na frente:
    1) a venda dos terrenos para conclusão da projetada Alta de Lisboa (um negócio do senhor Ho com ligações orgânicas aos poderes fáticos do Partido Socialista, nomeadamente a António Almeida Santos);
    2) especulação com terrenos na futura zona de implantação do NAL (ocorreu na Ota e voltaria a ocorrer no triângulo Rio Frio-Canha-Alcochete);
    3) a construção do aeroporto, claro; e, por fim,
    4) o famoso crescimento da TAP, sem o qual, a operação não teria justificação! Quando a TAP encomendou doze, com opção para mais três, aviões Airbus A350-900, e oito Airbus A320, estava a dar cumprimento a instruções que nada tinham que ver com a reais possibilidades da empresa, numa altura, aliás, em que o fenómeno Low Cost era já mais do que visível, mas sim com os fins dissimulados da corja corrupta que capturou o sistema partidário e o chamado 'arco da governação'.
  • Foi Cavaco Silva, que amparou todo este processo até ao dia de hoje, o dia em que abençoou publicamente, tal como o governo e o PS fizeram antes, o fim da TAP, recusando-se a cumprir a sua obrigação, isto é, fazer um apelo veemente ao fim da greve dos pilotos. Ou seja, o governo, o PS do imprestável Costa, e Cavaco Silva uniram-se na dissimulação dos verdadeiros causadores da bancarrota da TAP empurrando as responsabilidades para os anunciados dez dias de greve dos pilotos da TAP. Só um atrasado mental é que poderá papar este monumental embuste, que tudo diz da corja que arruinou o país.
  • Por fim, ainda que por omissão, quer o PCP, quer o Bloco falharam. Poderiam ter feito mais pela TAP!


Portela: a prova de um aeroporto longe de saturar

Gatwick: disponibilidade de Slots de um aeroporto semelhante à Portela

Hong-Kong: gráfico de um aeroporto com muito movimento


NOTAS
  1. Com o título «despacho» tem o seguinte conteúdo:

    «Apraz-me registar o desenvolvimento do processo negocial em curso, visando a celebração de novo Acordo de Empresa em condições de viabilizar a sustentabilidade da TAP. Nessa perspetiva, considero conveniente o prosseguimento das vias já abertas, incluindo a participação dos trabalhadores no capital social duma transportadora aérea com origem na TAP, tendo em conta o seguinte:
    «a) As experiências recentes de interessamento dos trabalhadores no capital de outras transportadoras aéreas deverão ser ponderadas;
    «b) Considerando a situação económico-fnanceira da TAP, em parte determinada pela conjuntura internacional penalizadora relativa à indústria de transporte aéreo, o Acordo de Empresa a celebrar com o SPAC deverá prever a sua revisibilidade no prazo de um ano, de modo a conformar-se às medidas de recuperação económico-financeira globais que venha a ser necessário prosseguir;
    «c) O Acordo deve prever a designação pelos trabalhadores de um administrador que não exerça funções executivas, em conformidade com o modelo previsto na parceria internacional.
    «Para além das condições acima referidas, o Ministério das Finanças deverá ser mantido ao corrente de todos os desenvolvimentos a fim de poder exercer em tempo oportuno a tutela dos interesses públicos que lhe estão confiados.
    «Lisboa, 18 de junho de 1999
    «o Ministro do Equipamento, do Planeamento e da Administração do Território,
    «(João Cravinho)»

    in Parecer  do Conselho Consultivo da PGR pedido por Sérgio Monteiro em 17-02-2012.
  2. Ver este suculento sítio da NAER. Em 2001, quando se discutia a Ota nas televisões e nos blogues, o NA (novo aeroporto) já tinha uma delimitação precisa na Margem Sul, mais precisamente entre “Herdade de Rio Frio, Poceirão e Algeruz”.
  3. Um aeroporto similar à Portela, Gatwick, que opera apenas com uma pista de cada vez, tal como a Portela, tem um movimento que é mais do dobro do da Portela: 38 milhões de passageiros, contra 18 milhões. Para bom entendedor...


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António Costa defende capitalização da TAP em bolsa

Há 15 anos que o gaúcho Fernando Pinto foi contratado por um governo do PS, a peso de ouro, para privatizar a TAP. Lembram-se?


Agora a TAP está na bancarrota, e os políticos transformaram-se em baratas tontas passando culpas a quem se puser a jeito.

Andaram a brincar aos aeroportos, contaram com a Alta de Lisboa no cu da galinha (para especulação imobiliária, claro!), e agora descobriram que acabaram de rebentar com a TAP.

Quem deve sentar-se no banco dos réus não são os pilotos, mas o anterior governo, e este!

O Partido Socialista (PS) defende que a capitalização da TAP em bolsa
é uma alternativa viável ao processo de privatização em curso. O
secretário-geral socialista considera que é "imprudente privatizar a TAP
a 100%" e que este processo é uma "ameaça" para os "interesses" e a
"soberania nacional".

António Costa lamentou que a possibilidade de "reforçar o capital" da
TAP "via dispersão em bolsa", com uma posição maioritário do Estado
português, não tenha sido tida em conta pelo Governo de Passos Coelho. Esta possibilidade, lembrou, já foi aprovada pela Comissão Europeia em relação a outras transportadoras aéreas europeias.

Sobre a greve dos pilotos da TAP, o líder socialista atirou uma
posição formal do PS para mais tarde. Contudo, apontou que a greve é "um
retrocesso para a economia nacional" e que neste momento é preciso
"encontrar uma solução que evite a greve".

António Costa defende capitalização da TAP em bolsa - Aviação - Jornal de Negócios

terça-feira, abril 28, 2015

A TAP depois TAP (verão alucinante)

Michael O. Leary com uma hospedeira da Ryanair ao colo

“Hoje, nós é que estamos ameaçando as low-cost” (Fernando Pinto)


DINHEIRO – As chamadas companhias low-cost estão prosperando. Elas são uma ameaça às grandes?

FERNANDO PINTO – Não tanto. Eu diria que elas ajudaram as empresas tradicionais a serem mais competitivas. As empresas tradicionais já começam a absorver grande parte do contingente de passageiros das empresas menores. Estamos sabendo usar melhor a nossa rede de agências, que é maior e passa a ser mais interessante para o passageiro. Se ele, além de ter um serviço de bordo, ainda conta com tarifas competitivas, então não tem discussão: opta por nós. Eu diria mais. Hoje, nós é que estamos ameaçando as low-cost.

in ISTO É DINHEIRO, 16-02-2005

Numa resposta irónica, dada dez anos depois, Michael O. Leary fez passar um anúncio da Ryanair no intervalo do Prós e Contras (RTP 1) dedicado ao fim da TAP. Depois da greve dos pilotos que irá decorrer entre 1 e 10 de maio haverá uma nova companhia, ou um grande buraco negro.

Eis como imagino os próximos dias e semanas:
  1. A greve irá ter lugar, com 10% dos voos garantidos sob a designação de serviços mínimos.
  2. O governo anuncia que, face à situação da TAP, agravada pela greve dos pilotos, o processo de privatização é interrompido até que regressem condições favoráveis à reabertura do processo.
  3. A administração da TAP demite-se em bloco.
  4. O governo aceita a demissão e anuncia o início imediato e urgente de um processo de aumento de capital e reestruturação da TAP, da qual fará parte a manutenção do hub de longo e muito longo curso e ainda a criação de uma empresa Low Cost no seio do grupo TAP, para os voos de médio curso (sobretudo Europa e norte de África).
  5. O governo abre uma investigação oficial ao colapso da empresa.
  6. A PGR anuncia que está em curso uma investigação sobre eventuais ilícitos criminais praticados ao longo da gestão levada a cabo pela administração cessante.
  7. Entretanto, diligências intensas prosseguem nos Estados Unidos, Canadá, Médio Oriente e Oriente para encontrar um parceiro estratégico para a TAP. Não me importaria de ver a China Eastern Airlines como futuro parceiro estratégico da TAP.
  8. A reprivatização assegura maioria do capital em mãos nacionais: Estado, CGD, Novo Banco, Millennium BCP, BPI (no essencial, as dívidas da TAP são convertidas em capital acionista), Caetano Aeronautics, Grupo Fosun, etc.
  9. Todas estas decisões serão tomadas até ao fim do mês de maio.
  10. O essencial da reestruturação estará concluída até ao fim deste verão.
Se esta previsão se verificar, a coligação no governo renova a maioria absoluta.

Claro que tudo isto poderá dar para o torto, e aí adeus nova maioria.

Recomendação: afastem o Sérgio das PPP de tudo isto, quanto antes!

Atualização: 28-4-2015 13:47 WET


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sexta-feira, abril 24, 2015

TAP—pilotos fazem 54 perguntas fatais ao lóbi do NAL

José Viegas, Secretário-Geral do Fórum Internacional de Transportes da OCDE

José Viegas escancarou a estratégia que conduziu ao colapso da TAP


Numa precipitada declaração à RTP o defensor de um novo aeroporto em Alcochete (1), reconhece que com uma TAP a 60% do tamanho que hoje tem, haverá Portela para mais 20 anos.

Viegas dixit (RTP):
"...não [digo] que seja fechar [a TAP] mas é capaz de ser reduzida para 60% do seu tamanho atual, e de repente o aeroporto de Lisboa tem capacidade para mais vinte anos..."
Ou seja, para que o embuste do NAL e a urbanização da Alta de Lisboa tivessem vingado como previsto, teria sido preciso saturar a Portela, e para isso inchou-se a TAP de má gestão, com a compra da PGA ao BES (via Millennium BCP), o que apenas serviu para manter Slots(2) abertos e fora do alcance da concorrência, encomendaram-se e fizeram-se reservas à Airbus de 23 novos aviões, com uma encomenda firme de doze A350, por mais de 2,5 mil milhões de euros, abriram-se novas rotas, manteve-se o buraco negro da ex-VEM a comer os lucros da TAP (um verdadeiro centro de custos inexplicável) e somaram-se dívidas atrás de dívidas, distribuíram-se prémios aos indecorosos gestores, intoxicou-se a opinião pública com mentiras, até que a TAP adoeceu gravemente e agora, seja qual for a solução, sairá muito cara aos seus trabalhadores e a todos nós que iremos, uma vez mais, pagar boa parte dos prejuízos.

Um dia, tal como aconteceu com o BES, a indigente comunicação social que temos acabará por contar a história deste crime. Espero que antes disso a PGR investigue este caso de polícia até ao fim e mande ampliar as instalações prisionais de Évora. E já agora espero que o ministro da economia perceba que vai ser responsabilizado pelo verdadeiro desastre que foi a política de transportes deste governo, cortesia do condottieri Sérgio Monteiro (que parece ter mandado sempre mais que o ministro).

Noutros momentos estive 100% contra as lutas dos pilotos da TAP. Desta vez, apoio-os a 100%!

Vale pois a pena ler e meditar nas perguntas que o Sindicato dos Pilotos (SPAC) acaba de dirigir ao governo e à administração da TAP.

“54 Perguntas para as quais os Pilotos ainda não obtiveram resposta nem do Governo, nem da TAP

1. Quanto custa anualmente à TAP a reposição dos 5 VS dos Pilotos, nos termos do AE que o Governo e a TAP se comprometeram a salvaguardar?

2. E a TAP vai à falência por causa do pagamento desta verba?

3. Em média, quanto perderia ao longo da sua vida cada Piloto, incluindo pensão de reforma, Jubileu e Complemento de Reforma, se estas diuturnidades não fossem repostas?

4. O ministro da Economia afirmou que se delapidaram na TAP 800 milhões nos últimos quinze anos. De quem é a responsabilidade por essa perda e quem sofre as consequências?

5. A Administração assumiu o arrependimento pelo desastre da VEM. Porque não se demitiu já?

6. Quanto perdeu a TAP em 2014 com swaps de jet fuel e quem foi o responsável?

7. Quanto perdeu a TAP na VEM e num fundo brasileiro, em 2014?

8. Qual o valor total dos créditos concedidos pela TAP à VEM e a dotação de capital e a probabilidade da respetiva recuperação?

9. Qual o valor dos aumentos salariais na VEM, em 2014, apesar dos seus prejuízos?

10. Quanto custou à TAP a decisão de abrir 11 novas rotas em 2014, sem que os aviões e as tripulações estivessem assegurados e de quem foi a responsabilidade?

11. Quanto perdeu a TAP na recuperação das vendas na Venezuela, em 2014, e qual o valor imobilizado nesse país que não se consegue repatriar?

12. Quanto perdeu a TAP em 2014 nos depósitos efetuados no banco da Guiné-Bissau?

13. Em que ponto do acordo de Dezembro de 2014 se diz que o cálculo das diuturnidades previsto no AE é alterado, consolidando perpetuamente no domínio privado os efeitos temporários da austeridade nas empresas públicas?

14. Em que ponto do Acordo de 2014 se diz que as folgas em atraso não serão repostas?

15. Em que ponto do Acordo de 2014 se afasta o cumprimento do Acordo de 1999?

16.  Se nada mais foi acordado do que aquilo que ficou escrito no Acordo de Dezembro, por que razão fala a TAP numa compensação financeira equivalente a uma diuturnidade na carta de 23 de Fevereiro enviada ao SPAC?

17. Não são a reposição dos 5 VS, das folgas e das ajudas de custo operacionais disputas interpretativas?

18. Então porque se diz que os Pilotos não honram um Acordo que nunca existiu neste domínio?

19. Se não houve acordo nas disputas interpretativas do AE dos Pilotos porque fala a TAP e o Governo em incumprimento?

20. Se as 5 VS só são repostas a partir da data da privatização e são calculadas nos termos do AE que o Governo e a TAP se comprometeram a salvaguardar então não há retroatividade, certo?

21. Por que razão o Governo baseia o seu incumprimento do Acordo de 1999 num mero parecer que não afasta a possibilidade de atribuir a participação de 20% aos Pilotos?

22. E se não cumpre o Acordo de 1999, porque não repõe os salários que lhe deram origem, isto é, repristinar o Acordo?

23. Fala em trigger do Acordo de 1999, mas o Acordo prevê um mínimo de 10% de participação por conta da renúncia das importantes concessões salariais da arbitragem que foram efetuadas pelos Pilotos à TAP em 1999. Portanto, não existe trigger, certo?

24. Quais as consequências para os eventuais investidores se violarem o Acordo de 2014 e promoverem despedimentos coletivos ou revogarem prematuramente os Acordos de Empresa?

25. O custo do capital privado é mais caro ou barato do que o custo do capital público?

26. Sendo o custo do capital privado mais elevado, o número de rotas que serão encerradas não será maior do que mantendo a TAP na esfera pública?

27. O investidor privado vai manter rotas deficitárias e não despedir pessoal, assumindo os inerentes prejuízos?

28. Se o capital da TAP vai ser vendido por um valor quase nulo, porque não se atribui a participação aos Pilotos?

29. E porque se vendeu a ANA a uma empresa controlada pelos seus trabalhadores franceses e não se faz o mesmo na TAP?

30. A TAP dispõe do capital necessário para efetuar o despedimento coletivo que o Primeiro-Ministro ameaçou?

31. Qual o custo de liquidação da TAP, em dívida assumida pelo Estado, impostos não cobrados, subsídios de desemprego pagos, receitas turísticas perdidas, receitas perdidas da ANA e perda de quota de mercado irrecuperável?

32. Qual o custo de manter a TAP?

33. Qual o custo anual da RTP em taxas de audiovisual e subsídios à exploração?

34. Qual o custo público de resgate do banco privado fraudulento BPN?

35. Qual o custo para o contribuinte da resolução do banco privado BES, através da CGD?

36. Quer dizer, o Governo socializa as perdas privadas e privatiza as perdas públicas da TAP, para os seus trabalhadores através dos investidores privados, dado que agora não pretendem capitalizar a TAP dos erros que foram cometidos na esfera pública?

37. Se 10 dias de greve dão um prejuízo de 70 milhões, não será melhor satisfazer os compromissos com os Pilotos?

38. Após a realização dos 10 dias de greve acreditam [a Administração e o Governo] que este conflito fica saneado?

39. Estas greves prolongadas são um exclusivo dos Pilotos da TAP porque é uma empresa pública?

40. Na Iberia também prometeram aos Pilotos que a privatização não teria impactos negativos. Depois verificou-se que não foi assim. Não veem [a Administração e o Governo] o mesmo cenário na TAP?

41. Vai [a Administração] continuar a trabalhar contra o SPAC e os Pilotos, como foi no caso das reformas, ou já percebeu que não vai longe sem o apoio dos Pilotos? Acha [a Administração] que vai prolongar-se a agitação dos Pilotos senão for razoável?

42. Como e quando pretende [a Administração] recompensar os Pilotos pelos sacrifícios e renúncias que concederam à TAP nos últimos 15 anos?

43. [A Administração] Não sente que os Pilotos estão cansados dos infindáveis sacrifícios que lhes pede, sem nenhuma contrapartida? Não acha que chegou a altura de retribuir estes esforços?

44. Se a TAP fechar será por culpa dos trabalhadores ou da gestão e do Governo? Nesse caso, quais serão as consequências para o País, défice e dívida públicos, desemprego e na privatização da ANA?

45. Quais são os requisitos para o Estado injetar capital na empresa?

46. É verdade que os salários reais do PNT, salários nominais deduzidos da inflação, se reduziram em 22% desde 2001? Qual foi a aumento das tabelas dos vencimentos?

47. Por que razão vendeu o handling e depois o voltou a adquirir, depois de todos os prejuízos que acumulou? E quem suportou os prejuízos?

48. A TAP pagou 143 milhões pela PGA e agora a TAP+PGA vale quase 0, segundo o Governo. De quem é a culpa disto?

49. O custo do petróleo e as taxas de juro estão a descer. Isso não vai ser benéfico para a empresa?

50. Se arranjou dinheiro para estas aquisições (VEM, PGA, GroundForce), por que razão não actualizou os salários nominais dos Pilotos nestes 15 anos?

51. Por quanto vendeu a participação da TAP na Air Macau?

52. Porque saiu o investidor Stanley Ho da VEM? Era pouco inteligente?

53. [Esta Administração] Terminou o seu contrato de gestão com o Governo com um dos piores resultados de sempre da TAP. Quando é que se apuram as responsabilidades por este descalabro e se retiram as devidas consequências ao mais alto nível? Ou será que [a Administração e o Governo] pretendem acusar os Pilotos por mais este fracasso?

54. Onde está e quanto foi a indemnização da Swissair, que o indigitou para a TAP, pelos prejuízos que nos causou?”

NOTAS
  1. Resta saber em que qualidade José Viegas prestou estas declarações, se como representante do Fórum de Transportes da OCDE, se em nome pessoal e defendendo causa própria.
  2. Sobre a importância económica dos Slots leia este esclarecedor artigo de Rui Rodrigues (PDF).

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quarta-feira, dezembro 17, 2014

PCP, mais um DDT destinado a falir

O PCP é tão responsável pela falência do país quanto o PS e o Bloco Central


PCP afirma que se governo abandonar privatização "não há greve” na TAP


O parlamentar comunista lembrou que "comer e calar nunca foi boa solução"

O deputado do PCP Bruno Dias defendeu hoje que se o Governo abandonar o projecto de privatização da TAP "não há greve" na empresa, deplorando as "pressões, chantagens e provocações aos trabalhadores".

"Já chega de pressões, chantagens e provocações aos trabalhadores e aquilo que é preciso fazer, se o Governo não quer que haja greves, é ouvir os trabalhadores, mas ouvir e agir de forma responsável, travar a privatização. Se não há privatização, não há greve, é isto que está em cima da mesa", afirmou, no Parlamento.

Jornal i, 16 Dez 2014 - 17:56

Esta declaração do PCP prova bem a ideia que estes estalinistas de papelão têm da democracia!

Infelizmente só privatizando se poderá recuperar as empresas públicas que o PCP ajudou a destruir alegremente com esta mania de que é proprietária dos trabalhadores portugueses, mandando fazer greves como quem come perdizes na Assembleia da República, prejudicando com pontualidade e várias vezes ao ano milhões de utentes dos transportes públicos que os deputados do PCP, como o resto da corja partidária, não precisa de usar e não usa.


segunda-feira, dezembro 30, 2013

Lixeiras sindicais

Quando os sindicatos andavam à solta no reino do sua Majestade

Antes de Thatcher, a lixeira também cobria as ruas de Londres...

PSD quer esclarecimentos sobre lixo em Lisboa

Os cantoneiros do município de Lisboa estão em greve desde terça-feira. A paralisação, em protesto contra a transferência de competências da Câmara para as juntas de freguesia, prolonga-se até 5 de janeiro — in Jornal de Notícias, 30/12/2013, 14:51.

No Reino Unido, antes de Margaret Thatcher ter posto o país nos eixos e acabar com a chantagem sindical, também era assim... Não haverá nenhum candidato indígena a acabar com a lixeira? Em que situação fica o turismo de Lisboa depois desta pessegada? Os alfacinhas, pelos vistos, não se incomodam, nem protestam, por aí além. Sofrem bovinamente, como o resto país, os jogos de guerra entre os beneficiários oportunistas do regime :(

Before Thatcher Came To Power, The UK Was Literally Covered In Gigantic Piles Of Garbage
Margaret Thatcher came to lead the U.K. in 1979 after a series of disputes between the government and Britain's then-powerful trade unions.

The new British Prime Minister set out to wage war on what she saw was the "enemy within" the U.K., and many people supported her in this fight.

To understand why Thatcher had this support, check out these photos of central London from 1979s "Winter of Discontent", which show trash piling up on the streets after U.K.'s dustmen (a.k.a. garbage collectors) went on strike.

It's worth bearing in mind that Leicester Square is pretty much the epicenter of London's glamorous West End — a tourism hot spot where movie premieres are held.

These photos show the incredible effect the unions (and union strikes) had on the average citizen's life, and — amazingly — they occurred under Thatcher's predecessor, Labour Prime Minister James Callaghan, a left-wing leader who relied on the union's support!

Just a few months after these photos were taken, Callaghan lost a confidence vote in the House of Commons and was obliged to call an election. Thatcher was voted in to power in the U.K., and the Conservative Party enjoyed 18 years of government.

Read more: Business Insider.

sexta-feira, março 08, 2013

Greves egoístas

O sindicalismo português continua agarrado às agendas partidárias.

“Começa-me a irritar porque não um mínimo de solidariedade com todas as pessoas!”  (RTP)

Semana de greves nos transportes acaba com manifestação no sábado

Não vai ser uma semana fácil para quem utiliza os transportes públicos, particularmente na Grande Lisboa e Porto. A Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicaçõs (Fectrans) convocou uma semana de greves e plenários, que vai culminar numa manifestação no sábado, em Lisboa.

Nesta segunda-feira, o plenário dos trabalhadores da Soflusa vai afectar as ligações fluviais entre o Barreiro e Lisboa das 13h25 às 16h50. A empresa diz que “caso se verifique a paralisação das carreiras, o terminal do Terreiro do Paço será encerrado” naquele período, por motivos de segurança.

“Os trabalhadores vão realizar um plenário com paralisação da actividade. Em discussão vão estar a integração dos subsídios no vencimento base, defendida pelos trabalhadores, bem como o fim das concessões, que alguns trabalhadores que transitaram da CP tinham direito”, disse à Lusa Frederico Pereira, da Fectrans — in Público.

O direito à greve no setor dos transportes deveria ser, pura e simplesmente, limitado.

Os movimentos de comboios, metro, autocarros, barcos e aviões definem um verdadeiro sistema de circulação do trabalho, da produção e da comunicação entre pessoas. Bloquear este sistema circulatório da forma leviana, como fazem repetidamente os privilegiados funcionários das empresas públicas de transporte, é um crime económico e cultural que não dever ser mais tolerado com a habitual bonomia democrática que nos caracteriza.

Imaginem que os trabalhadores do setor elétrico cortavam a energia às nossas casas de cada vez que queriam negociar a revisão de um acordo de empresa, ou energia de borla para os familiares. Ou que o setor das águas interrompiam os fornecimentos do precioso líquido de cada vez que queriam um aumento de salários, ou defender a manutenção de certas regalias. Porque não o fazem? Porque são setores vitais da economia e da sociedade. Ora bem, o sistema circulatório dos transportes, nomeadamente públicos, deve ter a mesmíssima prioridade institucional.

Os partidos da democracia populista que temos nada fazem a este propósito, como em muitas outras matérias, apesar da algazarra parlamentar, porque, na realidade, foram eles que criaram a disfunção sistémica que nos conduziu à bancarrota. Mas mais: se não renovarmos com sangue novo a composição da estagnada representação parlamentar da nossa democracia, nada mudará, e iremos muito provavelmente a pique até à próxima ditadura.

O sindicalismo da guerra de classes, levado a cabo por partidos ultra-minoritários que nada aprenderam no último meio século, prejudica sobretudo os mais frágeis e os que mais dificuldades têm. Um dia a multidão acabará por dizer basta!

As pessoas, a quem a aristocracia dos transportes e os sindicatos corporativos roubam o direito ao trabalho e espezinham o dinheiro já pago nos passes, estão cada vez mais furiosas. No mínimo, o governo que tolera sem pestanejar estas greves-carrossel está obrigado a compensar os utentes com passe pelo dinheiro que já cobraram por um serviço que não receberam.

Há uma coligação, da esquerda à direita, entre os oligarcas —pequenos e grandes— que se apropriaram e distorceram a democracia que temos. É uma coligação egoísta e autoritária de rendeiros e burocratas, sem ideias, ignorante e sobretudo irresponsável. Temos que travar o dano que vêm causando a Portugal.

O colossal endividamento do setor público de transportes não se traduziu num serviço moderno, eficiente, produtivo e competitivo. Não. O resultado que têm a apresentar aos portugueses e aos contribuintes é um buraco de dívidas sem fim à vista, um serviço mau e intermitente, arrogância que baste, e material circulante a cair ao bocados. É criminosamente pouco!

E no entanto, os ferroviários têm pela frente uma enorme oportunidade de ganharem um renovado e sobretudo positivo protagonismo social, se aprenderem previamente a olhar para os utentes, os passageiros, as pessoas, como os seus queridos clientes e os seus mais fortes e potenciais aliados.


PS: perguntaram-me o que quis dizer com no último parágrafo deste post. Aqui vai:

Os pontos de entrada/saída da nova rede ferroviária ibérica/europeia foram acordados por Portugal, com Espanha e com a Comissão Europeia. Logo, não é qualquer idiota que pode pô-la em causa!

NOVAS BERLENGAS: Portugal caiu no saco do bloco central do betão, dos bancos e dos rendeiros. É preciso tirá-lo de lá quanto antes. A Espanha, por exemplo, prepara-se para ter uma alternativa de mobilidade para pessoas e mercadorias na era pós-petrolífera, uma era que está ao virar da esquina e na qual viajar de avião e de carro será tão caro que haverá restrições fortes ao uso destes meios de transporte e preços altíssimos!

A principal razão porque os piratas do governo e de boa parte da oposição, os rendeiros do regime e os especuladores têm vindo a boicotar a renovação da rede ferroviária portuguesa, além da especulação imobiliária em volta do NAL, é a imediata mas insustentável rentabilidade que retiram da venda de automóveis e impostos associados, da venda da gasolina, gasóleo e óleos de lubrificação e respetivos impostos e taxas (exceto no Jet-fuel da TAP, que é subsidiado e não paga impostos...), mais as receitas das portagens, e das taxas de circulação. É toda esta monumental receita de privados e governos que move os lóbis contra o maldito TGV.

O problema é que quando o petróleo subir do atual patamar dos 100 dólares para o patamar dos 120, e depois, para o patamar dos 150, 200 dólares, etc., toda a descrita arquitetura insustentável da nossa economia e sistema de impostos cairá como uma pedra no fundo de um poço muito negro. Aliás já está a cair — pelo simples motivo de o petróleo, em dezembro de 1998, ter chegado a ser negociado a 9,10 dólares o barril, e hoje custar mais de 100 (Europe Brent Spot Price).

A União Europeia lançou uma importantíssima linha de financiamento de redes europeias de eficiência energética e mobilidade pós-petrolífera: interoperabilidade ferroviária, redes energéticas integradas e banda larga nas comunicações eletrónicas.

Os piratas portugueses do Bloco Central da Estupidez e da Corrupção, no entanto, têm vindo a sabotar paulatinamente os acordos assinados, as decisões governamentais anteriores e a lógica e racionalidade do programa europeu de sustentabilidade.

Ouviram o basbaque de Belém emitir algum juízo sobre isto?

E as elites deste país, quando é que acordam? Ou preferem criar associações de indignados contra o fascismo fiscal que mais cedo do que tarde irá derreter as vossas gorduras? O imposto de solidariedade é só um aperitivo!

Não se fazem tortilhas sem ovos, como não há economia nem estado social sem gasolinas, a menos que a economia deixe de depender como depende dos combustíveis fósseis.

Robert Hirsch escreveu em 2005 um relatório a pedido do governo americano no qual se conclui que são precisos no mínimo 20 anos para proceder a uma transição não caótica do paradigma petrolífero para um paradigma sustentável. Estamos atrasados, pois daqui a menos de 20 anos (2030) a refinação de petróleo convencional (que atingiu o máximo de 73,4 milhões de barris/dia em 2007) cairá para menos de 57 Mb/d. Já repararam que sucessivos projetos de novas refinarias têm sido abandonados? Porque será?

A ocultação do Pico do Petróleo pela nomenclatura no poder, do presidente da república aos partidos representados no parlamento, com especiais responsabilidades para o PS, PSD, CDS e PCP, é um crime com consequências catastróficas para Portugal. E por isso é preciso denunciá-lo.

Última atualização: 9 mar 2013 12:43 WET

quarta-feira, junho 13, 2012

Proibir as greves egoístas

Santa Apolónia, Lisboa. ©Foto: Lusa

Numa democracia em estado de austeridade, e enquanto durar este estado de emergência social, o direito à greve deve ser suspenso em todos os serviços públicos

Luís Bravo, dirigente do Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial e Itinerante, uma das estruturas que convocaram a paralisação, disse à agência Lusa que a circulação de comboios nas linhas de Cascais, Sintra e Azambuja começou paulatinamente a parar a partir das 21 horas, deixando-se de fazer totalmente pouco depois das 23 — in Diário de Notícias.

A greve da CP que ontem e hoje deixou milhares de pessoas que festejaram o Santo António a dormir na calçada, bem como o plano de greves em curso nesta sobre endividada empresa do Estado, e em geral as interrupções de serviços públicos que têm vindo a ter lugar, são agendadas com o objetivo claro de ferir os mais débeis e os mais fracos da nossa sociedade.

A CP só não foi ainda declarada empresa falida e insolvente porque é uma empresa do Estado. Na realidade, os seus funcionários gozam de regalias e remunerações que lhe permitem um estilo de vida bem acima de quem trabalha em empresas privadas, tendo a democracia populista que temos levado ao extremo o paternalismo e as vantagens económicas tipicamente fascistas que o Estado Novo concedia, em troca de apoio político, claro, a quem dele dependia.

Hoje, face ao colapso evidente e irreversível do estado português, só há uma saída para a CP: privatizar imediatamente os serviços que mal presta e a preços caríssimos — pois além do preço que se paga pelos bilhetes e passes, há ainda que somar a ineficiência gritante do serviço, os dias de greve e, mais grave ainda, o seu gigantesco e criminoso passivo. Tudo isto deve ser contabilizado no preço final que pagamos pelo dito transporte público.

Está pois na altura de declarar o ESTADO DE EMERGÊNCIA SOCIAL nesta democracia populista insolvente. Faz-se em tempo de guerra, mas pode e deve fazer-se também em tempo de paz, proibindo todas as greves dos serviços públicos enquanto durar a brutal austeridade em curso. 

Se os deputados passassem a andar de transporte público, incluindo os do PCP e os do Bloco, perceberiam do que estou a falar!


POST SCRIPTUM

I. Em vez de uma proibição o ideal seria que houvesse uma negociação entre o estado-patrão e os sindicatos da função e das empresas públicas sobre um status quo temporário, onde fossem contempladas garantias profissionais e sociais mínimas aos funcionários, agentes e trabalhadores, e por outro lado estes últimos se comprometessem a uma auto-limitação no uso do direito à greve durante o período de grave austeridade e dificuldades financeiras do país. Este período de auto-limitação de direitos poderia ter uma duração modular de seis meses, ao fim dos quais, as partes se sentariam de novo à mesa de negociações para regressar ao status quo ante, ou prolongar o período de auto-limitação por mais seis meses. Na impossibilidade de chegar a bom porto, ou de sequer iniciar conversações para este fim, mantendo-se as ações de greve com a intensidade atual, o governo deveria promover um Referendo nacional sobre esta limitação temporária de direitos. A pergunta seria muito simples: 
  • ESTÁ DE ACORDO COM A SUSPENSÃO TEMPORÁRIA DO DIREITO À GREVE DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS, AGENTES DO ESTADO E TRABALHADORES DE EMPRESAS PÚBLICAS ENQUANTO DURAR O PERÍODO EXCECIONAL DE AUSTERIDADE E DIFICULDADES FINANCEIRAS QUE PORTUGAL ATRAVESSA NESTE MOMENTO?
    • SIM
    • NÃO 
II. E já agora: por que motivo o Governo não tem exigido o cumprimento dos serviços mínimos durante as recentes greves das empresas públicas?  Será porque não lhe interessa ?  Ou porque desconhece ?  Ou porque há responsáveis governamentais coniventes com este tipo de sindicalismo neo-corporativo ? 

No caso do Metro, foram invocadas "razões de segurança" para não serem exigidos os serviços mínimos.  Mas quem é que terá permitido que a definição de "serviços mínimos" resultasse de um conluio entre os sindicatos e as administrações das empresas públicas, tendo por únicos prejudicados o utente (que em geral não anda de carro o dia todo) e a dívida pública ? 

Última atualização: 13 jun 2012 15:50

terça-feira, outubro 18, 2011

Greve Geral?

A próxima greve geral não passa de uma variante da cobra Uroboros, mordendo a própria cauda!

A anunciada greve promovida pelo PCP, PS, CGTP e UGT, não passa de uma movimentação burocrática, protegida por uma lei da greve demasiado permissiva, sobretudo no que respeita aos servidores e agentes do Estado que, por definição, cumprem funções de interesse público.

O PCP continua a confundir a democracia com a instrumentalização sindical oportunista

O PCP, a Intersindical e a UGT são basicamente grupos de interesses formados por burocratas, que não produzem qualquer riqueza mas ajudam a destrui-la quando lhes convém. A greve de hoje da Transtejo e Soflusa, tal como a esmagadora maioria das greves que ocorrem em Portugal, são greves de funcionários públicos ou de trabalhadores de empresas públicas, ou seja, de cidadãos que dependem directamente do Orçamento de Estado, isto é, dos nossos impostos e do endividamento insustentável do país. Não vivem mal, conseguiram mesmo, ao longo de trinta anos, viver melhor que a média dos trabalhadores e profissionais seus compatriotas que produzem alguma coisa, mas acham-se no direito de atrapalhar a vida a milhões de portugueses todos os anos, em nome das suas regalias. É por isto mesmo que defendo a privatização imediata destas falsas empresas, que mais não são do que cavalos de Tróia de uma parte da nomenclatura que governa o país — e se governa!

Há uma precaução constitucional que se chama Requisição Civil, e outra chamada Requisição Militar. O país não está em condições de dispensar estes instrumentos, sobretudo se for para impedir a sua destruição por uma casta de burocratas oportunistas, aliás co-responsável pela bancarrota do país. O governo terá que perceber esta verdade singela, mais cedo ou mais tarde, e de preferência antes que as vaias de cidadania contra os piquetes de greve degenere em algo mais grave e irreversível!

Por mais reaccionário que pareça o que acabo de escrever, estou apenas a suscitar a necessidade de evitarmos a inércia ideológica dos nossos pensamentos politicamente correctos, cada vez mais imbecis e suicidas.

Os sindicalistas são tão responsáveis pela situação actual, como os amigalhaços que têm nos partidos, nos governos, nos ministérios, nos municípios e nas empresas públicas.

Seria bom começarmos a imaginar outro tipo de lutas políticas, sociais e culturais, deitando no caixote do lixo da História as receitas estafadas e meramente destrutivas da esquerda empalhada que pouco ou nada aporta de inovador às sociedades contemporâneas desde a década de 1960.

O enxame social que hoje atacou a página da EDP no Facebook, a propósito da censura de comentários sobre o Plano Nacional de Barragens, é um sinal genuíno de que é possível transformar a sociedade e resistir às suas iniquidades sem ceder ao maniqueísmo corrompido e em última análise traiçoeiro dos velhos partidos estalinistas, trotsquistas e dos seus sucedâneos sem cafeína, vagamente embrutecidos.

A gente desgraçada que vota como fantasmas em Alberto João Jardim não difere muito dos cadáveres adiados do comunismo estalinista e trotsquista, ou das almas penadas da social-democracia. No sua miséria quotidiana e na sua pequenez oportunista vão mendigando pão e férias até ao dia em que lhes disserem que acabou. Se outra resistência ao empobrecimento que aí vem não houver, mais lúcida e criativa, o fim desta história será trágico.

sábado, dezembro 04, 2010

España: estado de excepção

Quando menos se espera...

Como se a situação portuguesa não fosse suficiente para nos afligir, temos aqui ao lado uma bomba relógio que pode explodir a qualquer momento. — in O António Maria, 3-12-2010, 18:29.

Aeroporto de Barajas, Madrid.
Defensa asume el control del tráfico aéreo en España para frenar el caos

El Ejecutivo se ha visto obligado a la militarización del control aéreo ante el colapso generado por las "bajas masivas" del 70% de los controladores. Para poder tomar esta medida, que está prevista dentro de un decreto aprobado el mediodía del viernes por el Consejo de Ministros, el Ejecutivo ha publicado la norma de manera extraordinaria en el Boletín Oficial del Estado pasadas las 21.30. Además, el decreto especifica que también se permitirá realizar controles médicos a los controladores "de manera inmediata" para verificar que realmente no están en disposición de realizar sus funciones.

Los pasos de la intervención militar
  1. Ordenar a los controladores que acudan a sus puestos de trabajo. Si no cumplen la orden se enfrentan a graves delitos con penas, incluso penales. 
  2. Abrir al tráfico civil la decena de aeropuertos militares que hay en España. En Madrid se habilitarán el de Torrejón y el de Cuatro Vientos. 
  3. Desplazar a las torres de control de los aeropuertos civiles a coroneles que asuman el mando.
  4. El jefe del Estado Mayor del Ejército del Aire seleccionará y decidirá cuáles son los vuelos prioritarios.— in El País, 3/12/2010, esta noite.

Alguém me telefonara esta tarde (quando me preparava para publicar o post anterior) alertando-me para o facto de o primeiro ministro espanhol ter desistido à última hora de participar na Cimeira Ibero-Americana a decorrer em Mar del Plata, Argentina. Pensei que a situação financeira estaria a deteriorar-se rapidamente, apesar das medidas muito duras há dias anunciadas (privatização parcial da AENA e da centenária Lotaria Espanhola, etc.) Só hora e meia depois vi as as televisões abrirem os noticiários com a notícia do súbito abandono das torres dos aeroportos por parte dos controladores de tráfego aéreo e a paralisia imediata que tal situação gerou nos movimentos da aviação civil e aeroportos.

A greve instantânea, ou, como também se diz, selvagem, dos agulheiros dos céus espanhóis atingiu um ponto vital da mobilidade do país, paralisando todos os voos comerciais em Espanha, e lançando também o caos num série de aeroportos europeus.

Ao que parece esta decisão intempestiva foi uma resposta à decisão do governo de Zapatero de privatizar parcialmente a empresa pública de aeroportos e controlo do espaço aéreo espanhóis, usando de poderes que a boa democracia recomendaria que estivessem reservados, no mínimo, a decisão parlamentar por maioria absoluta. O desespero financeiro do país é tal, que o governo "socialista" parece ter esquecido os limites intrínsecos da acção política democrática. O resultado está à vista, e não é nada bonito, nem animador no que se refere à imagem civilista construída nos últimos 34 anos de democracia. De repente, ou seja, em menos de 12 horas, o governo cozinhou e decretou um Estado de Excepção, para resolver manu militari uma crise laboral extrema, mas não mais do que uma crise laboral. Que péssimo augúrio!

POST SCRIPTUM — para uma percepção correcta da greve dos controladores aéreos, vale a pena ler: Los internautas preguntan a César Cabo, Secretario de comunicación de Unión Sindical de Controladores Aéreos (El País) 

ACTUALIZAÇÕES
  • Fotogaleria do El País (5-12-2010)
  • Ao contrário das traduções trapalhonas dos nossos noticiários, o que se passou em Espanha não foi uma "requisição civil", mas sim a imposição da lei militar a centenas de civis por causa de uma "greve selvagem". O importante é realçar quão fina é a fronteira entre um estado democrático e o "estado de excepção" manu militari. Para quem tiver dúvidas, leia este filme dos acontecimentos pelo insuspeito (de antipatia pelo PSOE) El País. (5-12-2010)
  • As palavras de João Proença e de José Sócrates (Diário de Notícias), ambos "socialistas", são uma espécie de aviso à navegação de quem já está a pôr a barbas de molho pelo que aí vem, por exemplo, com o plano de privatização da ANA e de alienação de outros anéis preciosos, que a classe política instalada quer vender à pressa e ao desbarato, para continuar a gozar dos seus indecorosos privilégios. Não esperem, porém, que a pancada, e a revolta da classe média (praticamente inevitável), ocorram nos mesmos lugares e horas. E pensem duas vezes antes de usar os militares! (5-12-2010)