sábado, setembro 29, 2007

Tratado Europeu

Alga castanha
Alga castanha, excelente fonte de biodiesel e produtos sintéticos vários

Atenção às soberanias marítimas!

As algas são responsáveis por 73 a 87 por cento da produção global de oxigénio.

'Green fuel' from seaweed could help solve energy crisis
By Ofri Ilani

The dramatic increase in the price of fuel in recent years has succeeded where many environmental groups have failed: It convinced many firms around the world to seek alternative sources of energy. One of the cheapest alternatives, already commercially available, is the production of fuel from a variety of agricultural produce, mostly corn. However, the increase in the demand for corn has also caused a significant price hike and developing nations' populations are experiencing difficulties obtaining corn for consumption.

It is now possible that new technology may offer a solution to the problem, which Israeli firm Seambiotic Ltd. revealed earlier this week. The technology allows the production of commercial quantities of fuel from a surprising source, one that will not undermine global food sources: seaweed. -- in Haaretz.

A União Europeia não se constrói por decreto, nem em directórios ilegítimos. Foi essa a lição dos referendos francês e europeu!

A União Europeia só pode ganhar asas quando corresponder à vontade firme dos estados independentes que a formam, e para tal, esses estados têm que saber o que são e o que querem. Por exemplo, no texto do projecto de Tratado Constitucional Europeu que José Sócrates, José Manuel Durão Barroso e Aníbal Cavaco Silva querem aprovar por debaixo da mesa, o artigo I-13º diz o seguinte:
1. A União dispõe de competência exclusiva nos seguintes domínios:
a) União aduaneira;
b) Estabelecimento das regras de concorrência necessárias ao funcionamento do mercado interno;
c) Política monetária para os Estados-Membros cuja moeda seja o euro;
d) Conservação dos recursos biológicos do mar, no âmbito da política comum das pescas;
Isto significa uma cedência de soberania inqualificável por parte dos países marítimos aos burocratas e lóbis instalados em Bruxelas. Imaginemos, por um instante, que o putativo tratado estabelecia a mesma regra para os recursos mineralógicos ou aquíferos (nomeadamente no que respeita aos rios, lagos e lençóis freáticos da Europa), ou para os recursos biológicos das suas terras. Inimaginável, certo?

Sempre quero ver o que dizem os ingleses e os noruegueses a esta alínea sibilina do projecto do Tratado. É que o petróleo, tal como o gás natural, são recursos efectivamente biológicos! Tal como a água salgada e as algas! Estas últimas têm aliás um enorme e já comprovado potencial alimentar e energético!!

Este comentário surge na sequência de um alerta oportuno de António Brotas, que deve ser muito seriamente tomado em conta, nomeadamente pelos dirigentes do partido a que pertence e actualmente governa o país.

-- OAM 251, 29.09-2007, 19:01


Alerta de António Brotas

ARTICLE I - 13

Les domaines de competence exclusive

a) l'union douanière;
b) l'établissement des règles de concurrence nécessaires au fonctionnement du marché intérieur;
c) la politique monétaire pour les états membres dont la monnaie est l'euro;
d) la conservation des ressourses biologiques de la mer dans le cadre de la politique commune de la pêche;
e) la politique commerciale commune.

COMENTÁRIO

A alínea d), que em nada atinge estados como a Austria, no caso de ser aprovada, traduz-se para Portugal por uma efectiva perda de soberania sobre o seu território marítimo;

A medida que nem sequer é eficaz para efeitos de conservação dos recursos marítimos, que são muito mais bem defendidos pelos estados ribeirinhos (princípio da subsidariedade);

De facto, se esta medida for aprovada, os estados terão tendência para explorar ao máximo os recursos biológicos das águas dos outros, e Portugal nem sequer fica com competência para defender a sua pesca artezanal, em que a conservação dos recursos ficará da exclusiva competência dos distantes burocratas de Bruxelas.

É inteiramente legítimo e desejavel que a UE adopte normas de conservação dos recursos biológicos, que tenham de ser respeitados pelos estados, que devem ser pemslizados quando não cumprirem, mas estas normas devem ser na terra e no mar e não exclusivamente no mar, e na~devem traduzir-se por uma antecipada e prematura transferência de competência e soberania, como resultaria desta alínea d), se tivesse sido aprovada;

Esta alínea está manifestamente desencontrada das outras 4 alíneas do nº 1 do artigo I-13.

Admito que só por desatenção dos negociadores portugueses foi incluida neste artigo das competências exclusivas da União.

Uma vez que o projecto de Constituição Europeia vai ser repensado e certamente corrigido nalguns pontos, considero urgente que os negociadores portugueses estejam atentos a esta questão e exijam a supressão desta alínea d) neste artigo.

É algo que penso poderão conseguir, se tornarem claro que os cidadãos portugueses poderão votar contra um projecto de Constituição que prevê, sem quaisquer benefício visivel, uma tão grande perda de soberania imposta ao nosso país.

Penso que o encontro que neste momento decorre na Sociedade de Geografia de Lisboa é uma ocasião oportuna para chamar a atenção para este assunto.

António Brotas

Portugal 6

Luis Filipe Menezes
Luis Filipe Menezes, líder do PSD

O Partido do Norte?


Não sei, mas seria bom estudar qual o impacto da democracia electrónica --web, blogs, SMS (1)-- na vitória de Luís Filipe Menezes nas Directas que o levaram à direcção do PSD. Não tenho dados neste momento, mas suponho que o éter electrónico, a par do trabalho de sapa persistente do agora novo líder da Oposição, e da eficácia democrática das eleições directas, foram porventura decisivos para que o médico e presidente da Câmara de Gaia adquirisse de forma limpa e transparente as suas novas responsabilidades.

Os barões da Quinta da Marinha e algumas melgas que esvoaçam ao lado de Cavaco não gostaram. É caso para dizer: pois vão ter que adaptar-se, ou criar um novo partido. Até porque, ou muito me engano, ou vamos ter um PSD enérgico, assertivo e proponente na oposição ao governo Sócrates, colocando-se sucessivamente à esquerda deste em matérias sociais de primeiro plano (desemprego, saúde, equilíbrio regional, modelo energético, sustentabilidade e justiça), especialmente consciente da importância cada vez maior do poder local e regional para o equilíbrio e consistência da democracia portuguesa.

Colocando-se ao lado do povo (um populismo q.b.), das regiões e de uma defesa incisiva da integridade social do país, Menezes poderá fazer mossas imprevisíveis no Bloco Central. Se for por aqui, tem um futuro certo pela frente, sem precisar de entrar nas intrigas do Terreiro do Paço. Como um tipo do Norte que é, estará porventura melhor preparado para entender algumas questões estratégicas profundas que não entram, nem à força, nos neurónios de José Sócrates. Num certo sentido, é o grão de areia que faltava para fazer mover a roda encalhada do actual regime. Vamos esperar pelos efeitos. -- OAM 250, 29.09-2007, 01:25, 11:59

Ouvi o discurso de vitória. Pareceu-me arrancado a ferros. Mas é natural, se atendermos a que foi uma vitória suada contra um aparelho de notáveis bem instalados na vida, preguiçosos e oportunistas, boa parte dos quais passada ou à espera de passar-se para o vagão "socialista", atraída pelo canto cabotino de José Miguel Júdice. Bem vistas as coisas, a penetração social-oportunista profunda no PS começou há muito, e deu já como resultado palpável a subordinação deste partido ao ex-PSD José Sócrates. Num certo sentido, a alternativa de Menezes é uma e uma só: fazer reviver o PPD de Sá Carneiro (não a caricatura populista que dele faz Santana Lopes), i.e., um partido republicano enraizado, democrata radical e social-liberal, ou seja, uma forte organização partidária talhada para defender uma sociedade onde a muito pequena, pequena e média propriedade continuam a ser dominantes e resistem diariamente ao avanço demolidor e sem futuro da social-democracia plutocrata que tem hegemonizado o poder político europeu nas últimas décadas. Nunca como hoje, e no futuro que se aproxima, vertiginosamente, small is beautiful!

Defendo, como pão para a boca da democracia portuguesa, uma profunda alteração do actual panorama partidário. Precisamos de uma separação de águas no PS e no PSD, isto é, precisamos que estes partidos dêem lugar a quatro formações mais coerentes e programaticamente transparentes, todas elas com efectiva vocação governativa e aptas a formar coligações inteligentes. A existência de um joker, quer dizer, de um quinto partido, geneticamente europeu, no sentido de a sua geração ocorrer no quadro da formação em curso de um Partido Democrata à escala europeia, com directas europeias internas, um presidente europeu e 27 vice-presidentes nacionais, seria igualmente muito bem-vindo. Os partidos do táxi continuariam a andar de táxi e o PCP passaria também a andar de táxi.

Neste cenário, não creio que Luís Filipe Menezes deva perder um minuto sequer a estudar as contradições dos seus discursos passados. Estamos num tempo novo, e o que vale são as suas ideias para o futuro, agora que iniciou uma carambola monumental no sistema partidário português. Há questões de método e de estilo em que pode modernizar desde já o comportamento quotidiano dos actores políticos.

Por exemplo: estabelecer uma rotina inteiramente nova de comunicação com os média. Uma reunião semanal com os jornalistas, à americana, com jornalistas convidados e sem atropelo de vozes, faria toda a diferença.

Por exemplo: integrar de forma clara e clarividente a democracia electrónica no campo da sua acção política quotidiana.

Por exemplo, propor uma agenda política para o século 21, da qual conste um número limitado de grandes questões a enfrentar, e da qual decorreriam em cascata as políticas e os programas políticos conjunturais.

Por exemplo, contrapor ao actual governo uma agenda claramente alternativa, nomeadamente nas seguintes áreas:
  • política energética sustentável, baseada sobretudo num enorme esforço de eficiência energética, que será também uma excelente oportunidade de desenvolvimento, de muito emprego e de negócio;
  • política de transportes (que José Sócrates não tem), com o lançamento de um vasto programa de actualização/modernização/expansão da rede ferroviária urbana, interurbana, regional, nacional e internacional (pondo a ênfase na passagem completa da bitola ibérica para a bitola europeia, e na sincronização com Espanha da rede de Alta Velocidade e Velocidade Elevada), a qual traria desenvolvimento, muito emprego e grandes oportunidades de negócio à escala nacional, ibérica e europeia;
  • segurança alimentar, com especial ênfase numa política radical de precaução e controlo em matéria de biotecnologia;
  • saúde pública, recuperando a universalidade, nomeadamente territorial, do Serviço Nacional de Saúde, sem que para tal tenha que ir atrás de qualquer interesse corporativo instalado;
  • defesa criativa das vantagens da pequena escala num futuro de energias caras, promovendo o aumento do poder e das responsabilidades das autarquias, e a modernização social e tecnológica da pequena propriedade e da pequena empresa;
  • defesa intransigente do projecto europeu, nomeadamente no que se refere à consolidação da ideia de que uma Europa com peso pacificador no mundo precisa de ir, pelo menos, de Lisboa até Kiev e Istambul, e se possível, integrar no seu espaço privilegiado de democracia, Marrocos e Cabo Verde.
O PSD de Menezes é e continuará a ser um partido nacional. Mas isso não significa que deixe de ser um partido para quem uma visão estratégica completa do país é cada vez mais decisiva nas decisões do dia a dia. Portugal não pode continuar no "nim" sempre que fala com Espanha. Tem que saber o que quer e defender as suas posições. Portugal é o flanco extremo ocidental de um potência em ascensão chamada Europa, e tem que assumir essa responsabilidade. Em termos de geometria, há claramente uma letra grega que define a nossa estrutura óssea estratégica: é a letra π (Pi), quer dizer, um eixo litoral atlântico, de Valência a Sagres (que se prolonga a Norte, pela Galiza) e dois eixos transversais que seguem para Espanha e o resto da Europa: o eixo Lisboa-Madrid-Barcelona-França-resto da Europa e o eixo Porto-Aveiro-Salamanca-San Sebastián (Donostia)-França-resto da Europa. Por outro lado, o desenvolvimento da regiões transfronteiriças entre Portugal e as regiões da Galiza, León, Extremadura e Andaluzia é igualmente fundamental para o futuro estratégico do país, não se podendo permitir (como está fazendo o actual governo) que a fuga do Estado português às suas responsabilidades para com a longa faixa de contacto entre Portugal e Espanha acabe por fazer objectivamente regredir a fronteira das nossas responsabilidade colectivas como nação antiga e mais velho estado ibérico consolidado. Ser europeu não significa desistir da história. Creio que Menezes perceberá melhor o significado desta questão que o parvenu que hoje ocupa o cargo de primeiro ministro de Portugal.

-- OAM 250, 29.09-2007, 01:25, 13:15


Notas
1 - A falta de actualização (e o desenho pobre), tanto do sítio web como do blog de Luís Filipe Menezes, após a sua vitória nas eleições que o levaram à direcção do PSD é sinal de amadorismo que conviria ultrapassar quanto antes.

sexta-feira, setembro 28, 2007

Aeroportos 37

Funchal Low Cost
Funchal Low Cost, vai mudar a sua vida!

TAP faz autocrítica sobre Madeira e Açores

Fernando Pinto: "TAP está pronta para a liberalização do transporte aéreo"
Intervindo no seminário sobre Transporte Aéreo e Regiões Insulares, por ocasião das comemorações oficiais do Dia Mundial do Turismo que ontem decorreram no Funchal, o CEO da TAP, Fernando Pinto, afirmou que a companhia está pronta para a liberalização do transporte aéreo, mas pediu ao Governo para que seja garantida igualdade condições de concorrência entre os interessados.
Por "competição entende-se igualdade de condições e é isso que espero das nossas autoridades, igualdade de condições de concorrência, é isso que nós queremos, só isso", afirmou o responsável da TAP.
Aliás, Fernando Pinto afirmou mesmo aplaudir de pé a liberalização do transporte aéreo adiantando não temer a concorrência das companhias aéreas low cost. A propósito sublinhou que nas rotas onde companhias low cost entram em concorrência directa com a TAP, a transportadora aérea portuguesa tem conseguido "aumentar as suas vendas, participação em novos mercados e acesso a um novo tipo de mercado", afirmou.
O CEO da TAP afirmou ainda que as Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores constituem "mercados de importância fundamental para a TAP, significam hoje 17 por cento dos seus passageiros transportados". Considerando que a TAP sempre tem tido respeito por estes mercados, reconheceu, no entanto, que talvez nem sempre tenha conseguido "atendê-lo da forma como desejaria". -- 28/09/2007, Turisver.
No entanto...
Portugália (TAP) rompe convénio por 3 anos assinado em 2006 com o governo da Navarra e suspende voos entre Lisboa e Pamplona, alegadamente por falta de aviões e por a ocupação média dos voos não ultrapassar os 30% (embora o governo da Navarra tenha dados que apontam para uma taxa de ocupção de 70%). -- 28-09-2007, Diario de Navarra.
E entretanto... vamos outra vez a caminho dos 100 voos cancelados mensalmente, isto é, slots disponíveis (se não houver batota na Secretaria) para a easyJet e demais Low Cost responsáveis pelo acréscimo de passageiros na Portela, Sá Carneiro e Faro, e em geral pelos bons resultados turísticos do país em 2006 e 2007.

Hoje, por exemplo, foram cancelados 6 voos!
27/09 07:45 TP 190 TAP Portugal Porto T2 Cancelado
27/09 07:50 TP 834 TAP Portugal Rome T1 Cancelado
27/09 13:55 TP 784 TAP Portugal Pamplona T1 Cancelado
27/09 15:40 TP 3964 TAP Portugal Porto T1 Cancelado
27/09 22:00 TP 833 TAP Portugal Madeira T2 Cancelado
27/09 22:05 TP 768 TAP Portugal Sevilla T1 Cancelado
De tudo isto resultam algumas conclusões que o governo e o Estado portugueses têm muita dificuldade em entender, ou não fosse a ruinosa companhia uma vaquinha leiteira para muitos:

  1. sobram objectivamente slots na Portela e, por conseguinte, a Portela está longe de saturar, mesmo sem as reformas e ampliações possíveis e desejáveis, para deixar de ser a tal espelunca terceiro-mundista que actualmente é;
  2. se se corrigir o Taxiway, a Portela poderá aumentar tranquilamente o número de movimentos actuais em hora de ponta;
  3. a estatal TAP, tendo tantos trabalhadores ao seu cuidado quanto as três maiores Low Cost europeias juntas, está objectivamente condenada a morrer ao colo da easyJet (ou outra Low Cost qualquer), ou então, a uma completa revolução da sua filosofia, estratégia e procedimentos -- é isso mesmo que acontecerá assim que for privatizada;
  4. o Sr. Fernando Pinto não é pago para pensar no futuro da TAP -- muito menos para tergiversar sobre aeroportos! --, mas sim para gerir o que tem, o melhor que puder e souber;
  5. a política de transportes aéreos do país não pode depender do futuro da TAP, pois este é incerto e, em todo o caso, será sempre na direcção da sua privatização, a qual poderá acabar numa operação de saldos vergonhosa, se o país das obras públicas e dos transportes continuar a ser dirigido por dromedários de cachimbo;
  6. independentemente de se vir a construir um hub intercontinental em Alcochete -- a localização que melhor serve o Norte e o Sul do país -- deverá apostar-se claramente na operacionalização de pequenos aeroportos para as companhias Low Cost, dando liberdade de acção aos actores locais, seja no Montijo, em Évora, Beja, Portimão ou Fátima! Aliás, nos próximos dois a quatro anos, assistiremos à invasão dos voos intercontinentais pela lógica e pelas companhias de Low Cost.
  7. é do interesse geral que as autonomias regionais e as principais e mais dinâmicas regiões metropolitanas e turísticas do país reivindiquem, pressionem e consigam, à semelhança do que vem ocorrendo na Madeira (o autonomista-mor do arquipélago sabe o que faz), legitimidade de acção e poder de iniciativa e decisão em matéria de optimização das soluções de transportes que melhor lhes convêm (pois no caso, o que lhes convem, convem a todos.)
  8. o cínico da agricultura não deveria andar a fazer fretes ao lóbi da Ota, mas deveria, ao invés, preocupar-se com o gravíssimo problema dos transgénicos, propondo, por exemplo, agora que está a governar a Europa, uma moratória de salvaguarda e segurança relativamente à biotecnologia com o mesmo grau de precaução, vigilância e controlo atribuído ao uso da energia nuclear. Os potenciais criativos, mas também os perigos descomunais de ambas as tecno-ciências, são equivalentes!
  9. o petróleo acaba de bater o máximo de 83,59USD, chegará aos 85USD antes do fim do ano, e antes das próximas eleições legislativas talvez paire nos 95 ou mesmo 100USD. Onde estará a pobre TAP nessa altura?

-- OAM 249, 28.09-2007, 15:23

quinta-feira, setembro 27, 2007

Crise Global 4

Jardim Gonçalves, por Luis Rocha
Jardim Gonçalves, por Luis Rocha




Saldos BCP!


27-09-2007. "O banco belga-holandês Fortis está vender 140 milhões de acções do BCP, o que corresponde a 3,9% do capital. Após concretizar a venda, o parceiro dos seguros do BCP sai do capital da instituição liderada por Filipe Pinhal. O Fortis está a proceder à alienação através de um livro de ordens acelerado que está aberto desde segunda-feira, segundo apurou -- Jornal de Negócios online"






O governo Sócrates assobia para o ar, em vez de explicar aos portugueses o que já é uma evidência: o mundo acaba de mergulhar numa profundíssima crise financeira de consequências imprevisíveis. A economia é a vítima que se segue. Recomendação: converta o seu dinheiro virtual em algo palpável, útil e duradouro!

27-09-2007 20:32. Razão tem o Sr. Carlos Tavares, da CMVM, quando desmente os optimistas de serviço (Ministro das Finanças e Governador do Banco de Portugal), ao alertar: "Não podemos presumir que Portugal não é afectado pela crise, nem que não há risco de contágio por não haver exposição directa." (in Público 27-09-2007)

O António Maria há mais de seis meses que vem alertando, do alto da sua ignorância, para a profundidade sistémica da crise em curso. A derrocada portuguesa começou com o encerramento do Fundo BPI Renda Trimestral, continuou com a queda catastrófica do valor em bolsa do BCP, assiste hoje à venda massiva de acções BCP por parte do Fortis, e vai piorar nos próximos dias e meses. O petróleo acaba de bater mais máximo absoluto (82,93 USD) e o Euro está às portas dos 1,42 USD.

Como temos vindo a recomendar há meses, venda todo o papel virtual que comprou sem saber o que fazia, e se tem liquidez disponível, guarde-a parcialmente debaixo do colchão e invista algum do pilim na amortização de hipotecas pendentes (sobretudo as relativas a bens essenciais, como a casa ou viaturas de trabalho), compre algum ouro legítimo (cuidado com as falsificações!), quintas e quintinnhas produtivas, de preferência perto de vilas e cidades. Os apartamentos e casas próximos de interfaces de transportes também são uma boa aposta para quem dispõe de liquidez. Escape dos bancos e sobretudo dos fundos de investimento. Quanto antes!!

Nunca mais ouvi falar do comendador Berardo. Lá esperto é ele!

-- OAM 248

Portugal 5



Um país de doidos...

A história conta-se numa frase: Santana Lopes foi convidado pela SIC Notícias para comentar a actual situação política portuguesa e em particular o estado calamitoso do seu partido, provavelmente à beira de uma cisão Norte-Sul, mas decidiu abandonar o estúdio depois de ser interrompido, sem aviso público prévio de que tal poderia ocorrer, por causa da chegada ao aeroporto da Portela do mais bem pago treinador de futebol do mundo -- José Mourinho.

Então a SIC não sabe o que são rodapés?! Tinha mesmo que interromper (por ordem de Ricardo Costa) um convidado de um noticiário seu, para mostrar uma cambada de baratas tontas atrás dum treinador de futebol mudo, de costas e pago com o ouro roubado ao povo russo por um crápula doentio chamado Roman Abramovic?! Não chegam já as horas a fio que tem dedicado ao tema, como se fosse uma coisa importante para o país?

Pelo bar-amostra que tenho diante de minha casa, onde uma módica massa cinzenta por lá se junta diariamente, entre imperiais, atropelos gramaticais e gritos, o mundo é uma bola de ouro, pela qual vibra que nem uma igreja em êxtase. Nenhuma das criaturas psicologicamente aturdidas que frequentam aquele e outros bares deste país parece saber que o bezerro que move a bola é um bandido. E lá vão cantando, chorando e rindo...

O comentador desportivo Santana Lopes (espécie de Menem alfacinha) marcou, inesperadamente, um golo. Disse, na sua qualidade de putativo candidato à liderança de um novo partido populista-liberal, que o país está doido (o que é verdade), e mandou a Ana Lourenço (a profissional de comunicação mais sexy da TV) às urtigas.

Portanto, já não são só o Ricardo Salgado e o Luís Filipe Vieira quem mandam Pinto Balsemão - dono da Impresa e selecto convidado do poderoso Bilderberg Group - às urtigas. Sinal dos tempos... -- OAM 247

quarta-feira, setembro 26, 2007

Portugal 4

Palácio de Belém, Gabinete de Trabalho do Presidente
Palácio de Belém, Gabinete de Trabalho do Presidente

Poder: cenários futuristas

Não pertenço à classe de portugueses que inclui Manuel Maria Carrilho (MMC) entre os seus inimigos de estimação. Enquanto foi, foi um bom ministro da cultura, num país inculto, preguiçoso, ciumento e subsídio-dependente. Quem lhe sucedeu, ou foi gente cuja memória pura e simplesmente se apagou, ou são criaturas que confundem efusivamente dromedários, especuladores sem escrúpulos e a falta de ideias com política cultural.

Por outro lado, Carrilho denunciou a tempo e horas a balbúrdia da autarquia lisboeta e os seus desavergonhados protagonistas, sem que uma agulha bulisse na quieta melancolia dos apparatchiks do caminho, até que se incendiaram! A crise partidária, por outro lado, não parece ter remédio, nem no CDS/PP, nem no PSD, nem no Bloco, nem (ver-se-à muito em breve...) no Partido Socialista. Embora com pinças, o actual vice-presidente da bancada parlamentar do PS decidiu que era o momento certo para iniciar um debate público sobre os principais desafios que o país enfrenta:
-- o seu atraso económico (não confundir com crescimento do PIB), político e cultural;
-- a desorientação intelectual aflitiva que parece ter-se apoderado de todos nós, sobretudo quando é patente a crise sistémica global em que o mundo acaba de entrar em consequência da loucura imperial norte-americana e do cada vez mais irritante e perigoso anti-europeísmo das sombras rothchildianas que há muito comandam os destinos do Reino Unido;
-- a preocupante falta de visão estratégica, por parte de Portugal, face à Europa e ao seu flanco ocidental (Reino Unido, Espanha, Portugal);
-- em suma, a liquefacção do actual sistema politico-partidário.

Seleccionei as passagens que me pareceram mais sintomáticas das preocupações de MMC: a iminência de uma implosão do actual sistema partidário, face à qual as dissidências conhecidas parecem fraca alternativa (Manuel Alegre, Helena Roseta, Carmona Rodrigues); a necessidade de um "golpe de asa" na acção do governo de José Sócrates, com a suspensão de projectos inviáveis (como a Ota, digo eu), a correcção de mira noutros e sobretudo novas ideias e iniciativas (por exemplo, um plano ferroviário e aeroportuário urgente, com pés e cabeça, digo eu); e, por fim, a eleição de uma prioridade agregadora em volta dos adjectivos qualificação e qualidade, com direito a ministério próprio.

Sobre a crise partidária, um tema sobre o qual escrevi mais de uma vez e a que volto neste ensejo, insisto nesta ideia chave: ou o actual sistema partidário se reforma, ou teremos forçosamente pela frente um presidencialismo cada mais insidioso, de que o cavaquismo II pode muito bem ser (está a ser...) a rampa de lançamento, e que, no quadro de um crise sistémica (própria e importada), acabará por ser bem-vindo. A maioria de 2/3 para a necessária revisão constitucional não é sequer grande obstáculo a este cenário. Basta que uma maioria clara da opinião pública e parte importante dos empresários do país estejam em sintonia, para que tal "correcção" do sistema ocorra.

O cenário da alteração do quadro partidário, por sua vez, embora parecendo à partida improvável, nomeadamente por causa da debilidade dos protagonistas até agora expelidos do sistema pelas contracções inevitáveis dos actuais aparelhos de poder (corporativo, político e partidário), tem teoricamente pernas para andar. O sistema partidário divide-se basicamente entre duas tipologias de acção política: a situacionista, confundida quase exclusivamente com o Bloco Central (principal responsável das grandezas e misérias do regime); e a pseudo-oposicionista, na qual cabem, com o mesmo tipo de acção e de resultados, o CDS-PP, o PCP e o Bloco (principais responsáveis pela falta de soluções alternativas ao pântano do Bloco Central.)

Nenhum dos pequenos partidos exerce qualquer influência no curso dos acontecimentos, mas a ânsia de todos eles de subirem a sebenta escada da respeitabilidade parlamentar levou-os ao mais completo descrédito: não pensam nas coisas, não propõem soluções, não decidem nem mandam, mas dispõem-se a compromissos baratos mal lhes acenam com uma qualquer cenoura de respeitabilidade. Daí que, à excepção do PCP (um fóssil cada vez mais imprestável,) os demais corpúsculos partidários, embora impossibilitados de mover uma pedra, podem ser atraídos por forças renovadoras que eventualmente surjam do interior, seja do PS, seja do PSD.

Em tempos pareceu que Santana Lopes poderia atrair Paulo Portas para formarem um partido liberal capaz de partir ao meio o PSD. Noutro momento parecia que Manuel Alegre, e depois Helena Roseta, poderiam conjurar uma cisão oportuna no PS, atraindo para a nova formação parte do Bloco de Esquerda (coligação estagnada num emaranhado de contradições e oportunismo.) Nada disto veio a suceder, nem parece que possa ocorrer, desta maneira, no futuro. Mas uma coisa é certa, e nisto MMC tem plena razão, o actual sistema partidário entrou num ralo implosivo, de que nem o PCP se salvaguardará completamente. Por onde irá o mesmo quebrar e renovar-se, para evitar a implosão, eis o que resta adivinhar.

O ideal seria que o actual sistema parlamentar pudesse contar rapidamente com quatro ou cinco partidos de vocação governamental, isto é, formações ideologicamente diversas, mas analíticas, propositivas e pragmáticas. O velho PS deveria cindir-se em duas modalidades de social-democracia (uma mais socialista, no sentido estatizante da palavra, que incluiria gente descontente do Bloco; e outra mais social-democrata, que corresponderia à clique filo-macaense que domina o PS desde o saneamento de António Guterres.) Por sua vez, o exangue PSD deveria quebrar ao meio tão cedo quanto possível (o ideal é que fosse já, na sequência do fiasco proporcionado por Luis Menezes e Luis Marques Mendes), dando lugar a um partido liberal em Lisboa (com incorporação de parte significativa do actual CDS-PP) e a um partido social-populista no Porto, regionalista, centrado na defesa do Norte do país, que bem precisa! O quinto partido, provavelmente de inspiração presidencial, seria imaginado à imagem e semelhança dos partidos centristas e europeístas anunciados em França, na Itália e em Espanha, tendo por principal vector a ideia de que são necessários novos partidos geneticamente europeus, capazes de produzirem a tão almejada, necessária, mas longínqua unidade estratégica europeia. Neste quadro, o PCP, o BE e o CDS-PP, ou o que destes parques jurássicos sobrasse, dificilmente teriam possibilidades de regressar às áreas institucionais do exercício do poder. Seriam, de facto, as principais vítimas desta necessária metamorfose do sistema político-partidário português.

O momento é propício e exigente. A sociedade encontra-se à beira de um ataque de nervos, e a economia também. Nunca, nos últimos dois séculos, esteve a humanidade perante escolhas civilizacionais tão decisivas: onde começa e acaba a vida? onde começa e acaba o indivíduo? onde começa e acaba a família? onde começa e acaba a sociedade? onde começa e acaba a responsabilidade social? onde começa e acaba a política? onde começa e acaba a prevalência da inteligência humana sobre as demais inteligências e a inteligência global da Terra (Gaia)? Ainda iremos a tempo de evitar o grande colapso da humanidade? Poderemos evitar o aquecimento global? Seremos capazes de instaurar um sistema de eficiência energética à escala planetária? Seremos capazes de reduzir drasticamente as nossas expectativas consumistas? Seremos suficientemente humildes para regressar ao equilíbrio demográfico da nossa própria espécie, deixando espaço vital às demais formas de vida, de que dependemos absolutamente? Seremos capazes de aprender a morrer, deixando morrer a volúpia puritana e assassina do capitalismo? Ou será que iremos preferir o caminho do extermínio fratricida?

Os caminhos do futuro não estão traçados. A crise, se não se agravar subitamente, potenciará a diversidade dos pensamentos e das soluções. Portugal, se não quiser acabar os seus dias numa apagada e vil tristeza, tem aqui uma oportunidade para se renovar a sério. Assim haja coragem! -- OAM 246


Post Scriptum -- Cavaco Silva, por ocasião da segunda reunião do Conselho para a Globalização, uma sua iniciativa, lançada há cerca de um ano, e que terá segunda edição brevemente, sob o tema "Pensar Global, Agir Global", defende três eixos prioritários de reflexão e iniciativa: inovação, competência e flexibilidade. O primeiro, tem sobretudo que ver com estratégia e conhecimento intensivo; o segundo, prende-se com as ideias de Manuel Maria Carrilho sobre qualificação e qualidade; a flexibilidade, por fim, emana de um pragmatismo político associado à defesa de uma ética do capitalismo ("o crescimento económico fundado na destruição social é inaceitável" -- Cavaco dixit.)

Nada disto é fácil, ou dito doutro modo, para que qualquer destes objectivos possa ser alcançado, o caminho para lá chegar não passa por regar mais dinheiro público sobre os problemas e esperar que alguma coisa medre, mas por seleccionar criteriosamente os passos a dar, definindo um conjunto estratégico de unidades de missão e de projecto, um número limitado e muito exigente de parcerias público-privadas transparentes, sustentáveis e rigorosamente avaliadas, a simplificação e responsabilização da administração pública, e a extinção das escandalosas mordomias que ainda beneficiam um número incompreensível de burocratas e faunos de partido. Para aqui chegar, o primeiro que se pede aos políticos é que sejam políticos, em vez de falsos engenheiros ou inside traders, isto é, que definam publicamente o que pensam e que propostas têm para resolver os problemas mais agudos que afligem a nossa sociedade. O tempo escasseia.


ENCRUZILHADAS DO REFORMISMO
Manuel Maria Carrilho, ex-ministro da cultura e vice-presidente do grupo parlamentar do Partido Socialista

(extractos)

A IMPLOSÃO PARTIDÁRIA

"Poucos o pressentem ainda, mas estamos na concha de uma vaga que pode trazer muitas e assinaláveis surpresas nos próximos tempos.

Por isso, nesta "rentrée", e na perspectiva do que se poderá passar até ao Outono de 2009, gostaria de destacar três aspectos, que me parecem dos mais decisivos: as ameaças que pairam sobre o sistema partidário, que ficaram claras com as eleições intercalares de Lisboa; a tensão entre expectativas e impasses que marcam a acção governativa, e que podem afectar o actual ciclo reformista; e a necessidade de dar forma a um novo impulso estratégico, que robusteça o ânimo e o rumo do Governo e do País." (...)

"É certo que é fácil criticar os partidos – mas é imperioso reconhecer que isso acontece porque eles estão mesmo mal!" (...)

"Da gigantesca abstenção até aos valores obtidos pelos “dissidentes”, da desmotivação dos cidadãos até à fragmentação dos eleitos, tudo veio ajudar a empurrar o descrédito partidário para limiares que podem ser verdadeiramente implosivos.
Porque a implosão está perto: ela apenas depende do agravamento de dois factores: por um lado, da ilusão que os independentes podem representar de um modo mais genuíno a sociedade civil na vida democrática. E, por outro lado, do bloqueador vazio que se vive no interior dos partidos, que se tornaram cada vez mais em organizações de eleitos sobretudo preocupados com a eleição seguinte." (...)

"Portugal está assim, três décadas depois do 25 de Abril, refém de uma poderosa tenaz política, entalado entre partidos profundamente esclerosados e uns ocasionais ímpetos independentistas, sem verdadeira coerência ou consistência." (...)

"A situação exige assim que os partidos portugueses - e nomeadamente o PS, como maior partido português - encetem uma profunda transformação, se não querem que cada eleição os torne ainda mais frágeis, acossados entre o descrédito público, o ressentimento activo de alguns dissidentes e as ilusões de outros tantos independentes.
Ameaça que, no caso dos grandes partidos, os poderá condenar à gestão de maiorias relativas cada vez mais impotentes. Hipótese que se reforçará se – na linha de tantos sinais!… - os movimentos que estão em gestação “à esquerda” do PS e “à direita” do PSD, vierem a disputar as próximas eleições, em 2009. Para já não falar do novo «partido de Belém», ideia recentemente defendida por Villaverde Cabral e a fazer o seu caminho…" (...)

"A reconquista da credibilidade dos partidos e dos políticos passa hoje por uma porta estreita, que é a da coerência com que praticam aquilo que proclamam. O PS, talvez porque chegou inesperadamente ao poder em 2005, tem-se socorrido sobretudo de uma cultura, digamos, tecno-ministerial. Mas do que ele agora precisa, é de assumir a receita que prescreve para o país: ou seja, de se reformar a si próprio, dando esse exemplo e esse sinal ao país. (...)

"Reformar-se, dinamizando um - pelo menos um! - think-tank de referência e diversos blogs temáticos que promovam o conhecimento sério e estimulem o debate aberto e regular dos problemas do país e do mundo, criando para o efeito estruturas leves, dinâmicas, descentralizadas, lusófonas e internacionais."

EXPECTATIVAS E IMPASSES

"A meio do mandato, o que é preciso é apurar com o maior acerto possível o que é que se pode concluir, o que é aconselhável adiar, o que é urgente acelerar, o que é incontornável alterar. O país precisa desse balanço, bem como da clarificação de quais as opções que se mantêm para o futuro, e das que se modificaram fruto das circunstâncias e do debate público. E também daquelas em que é necessário improvisar e inovar." (...)

"Em suma, ninguém pode negar, honesta e realisticamente, a existência de tensões entre as expectativas dos portugueses e os diversos impasses que persistem. Tensões que são naturais nesta fase da legislatura, mas a que importa pôr cobro quanto antes, reforçando a confiança dos portugueses.
O que exige, para lá de determinação, um golpe de asa no sentido da renovação. Como afirmou G. Mulgan - que durante sete anos dirigiu o “gabinete de estratégia” de Blair - para um governo reformista, é vital que ele próprio se mantenha capaz de renovação. Joga-se aqui não só a sua credibilidade mas também, em geral, a sua duração. E este ponto é decisivo, porque nenhum reformismo triunfa sem um ciclo de duas ou três legislaturas."

O NOVO IMPULSO

"1 - que sejam afectados à qualificação dos portugueses pelo menos 50% dos recursos financeiros do QREN, e não apenas os 37 % que têm sido previstos. É certo que este valor é superior aos 26% anteriores, mas ainda é insuficiente para dar o salto que se ambiciona. Este salto impõe que se duplique aquela percentagem, bem como o empenho político neste objectivo.
2 - que o desígnio da qualificação dos portugueses se traduza num plano global, estruturado e coerente, para as áreas da educação (do pré-primário à Universidade), da formação, da comunicação, da ciência e da cultura.
Este plano deveria identificar-se com a ambição de transformar o país numa «Nova República», com um programa com que se deveria desde já preparar o próximo 1º Centenário da República em 2010, reinventando nas circunstâncias de hoje o que foi um dos grandes sonhos falhados de 1910.
3 - que se dê peso e força política a este desígnio nacional, institucionalizando um Conselho de Ministros para a Qualificação, sob a direcção de um Vice-Primeiro Ministro para a Qualificação."

Crise Global 3



É o Capitalismo, estúpido!

Os trabalhadores da General Motors, membros da UAW (International Union, United Automobile, Aerospace and Agricultural Implement Workers of America), entraram em greve nacional ontem, 24-09-2007, às 11 da manhã. Esta é primeira greve nacional promovida por aquele poderoso sindicato nos últimos 37 anos. Mais de 80 unidades de produção afectadas, em pelo menos 30 estados da União, é o resultado, para já, das duras negociações em curso.

A GM perdeu 70% dos seus trabalhadores nos últimos 12 anos.
Os donos da multinacional automóvel, abraços com uma crise sem precedentes desde 2005 (CNN), que quase levou a empresa à falência em Março de 2006 (Guardian), pretendem transferir 51 mil milhões de dólares de responsabilidade com as reformas e despesas de saúde dos seus trabalhadores e respectivas famílias para fundos controlados pelos próprios sindicatos (union-controlled trust funds.)

Para quem pensava que isto era apenas uma crise de crédito mal parado, é bom começar a tomar mais atenção à literatura económica especializada. Quanto ao ministro das finanças português e ao director do Banco de Portugal, talvez fosse bom falarem verdade aos portugueses, começando por falar verdade ao primeiro ministro. Ou estão à espera que o BCP e a TAP abram falência, e uma centena de Câmara Municipais se declarem insolventes?!

Tal como o desassossego na antiga Birmânia, que tanto parece preocupar o fundamentalista cristão George W. Bush, a crise automóvel que atinge e se agravará na América, ao longo dos próximos anos, deriva do mesmo mal: o fim de um paradigma energético. Veremos se o pregador conseguirá resolver as sucessivas crises sociais que atravessarão o seu país nos próximos tempos, sem recorrer aos caceteiros da Guarda Nacional. -- OAM 245