quinta-feira, novembro 12, 2009

TAP 8

Iberia e British Airways fundem-se!
E a TAP? Só se Berlim, Brasília e Luanda ajudarem.



Estacionamento às moscas na Portela, antes da crise!
Agora está saturada com aviões parados da... TAP!!

El Consejo de Iberia aprueba la fusión con British Airways · ELPAÍS.com

Iberia se dispara en bolsa tras anunciar su fusión con BA
Las acciones de la compañía suben un 11,78% al cierre de la sesión.- El acuerdo, adoptado en una reunión extraordinaria, fija la sede financiera de la nueva compañía en Londres.- El presidente será Antonio Vázquez.- Se espera la inminente ratificación de la aerolínea británica. -- LARA OTERO - Madrid - 12/11/2009
Aqui se escreveu mais de uma vez sobre esta possibilidade e de como a TAP estaria descalça perante tal desenvolvimento. A TAP está falida e ninguém aparentemente a quer...

As placas da Portela estão saturadas. Sim, senhor: estão saturadas de aviões da TAP vazios.

Para já, despeçam o inútil gaúcho e enviem os aviões sem destino nem passageiros, nomeadamente os que o governo corrupto de José Sócrates comprou ao BES, para o aeromoscas de Beja do genial Augusto Mateus.

E depois corram-me com a corja da tríade de Macau quanto antes. Antes que seja tarde demais!!

Ingleses e espanhóis tentam salvar os gigantes despesistas e cravejados de dívidas que são as respectivas companhias aéreas de bandeira. Para já, dividem o continente americano em dois, numa espécie de Tordesilhas "latitudinário". Depois logo se verá. Alemães e brasileiros vão reagir. No meio da tempestade pode ser que a falida TAP, depois de despedir metade do seu efectivo, acabe por acolher-se sob o chapéu protector da Lufhtansa (Star Alliance).


OAM 649 12-11-2009 20:25

quarta-feira, novembro 11, 2009

Portugal 138



A corrupção do Défice

Acabo de receber notícia do programa televisivo "Nós Por Cá" (SIC), onde é abordado o embuste que rodeia o Plano Nacional de Barragens, que permitiu ao governo de fantoches "socialistas" arrecadar 1 383 milhões de euros do buraco negro das contas da EDP, mesmo antes de os procedimentos legais prévios estarem concluídos. Do que nele é dito e do que eu sei, ficamos todos a saber o seguinte:

  1. o plano não é sustentável;
  2. atenta contra a qualidade dos rios e das águas;
  3. prejudica gravemente a fauna piscícola que se move entre os rios e o mar;
  4. bloqueia o envio de nutrientes essenciais em direcção às fozes dos rios, onde a reprodução das espécies aquáticas ocorre;
  5. traz um acréscimo de produção de energia hídrica desprezível no cômputo geral da produção eléctrica nacional (3%!);
  6. produz quantidades astronómicas de CO2, nomeadamente no betão e aço necessários à construção das mesmas, que não são nem de perto nem de longe compensadas pela produção eléctrica "limpa" previsível;
  7. cria emprego única e exclusivamente durante os períodos de construção, pois como qualquer deputado deveria saber, basta um encarregado local para vigiar em permanência qualquer barragem, sendo o resto da manutenção assegurado por piquetes móveis que se deslocam ao longo da rede em todo o país;
  8. expropria terrenos com valor agrícola e cinegético --no caso do Douro, destrói mesmo vastas áreas de vinhedo e entra ilegalmente em território classificado como Património Mundial da Humanidade!;
  9. monopoliza, em nome de dois oligopólios privados --a EDP e a Iberdrola espanhola--, as margens das albufeiras e o acesso às respectivas águas com grave prejuízo para o país e sobretudo para as populações locais;
  10. arrasa paisagens insubstituíveis cujo valor económico é seguramente superior ao valor económico dos Mega Watts produzidos;
  11. Em suma, delapida o património português, sem vantagens duradouras para ninguém, descontados os trocos que vão parar aos bolsos de alguns particulares indemnizados e aos bolsos de alguns políticos nacionais e locais corruptos;
  12. Em nome de quê? Pois da ganância da super endividada EDP do senhor Mexia (onde a nomenclatura partidária lusitana tem uma dita Golden Share!) e da falsificação das contas públicas!!!

Digo e repito: ou os deputados da presente Legislatura começam a trabalhar seriamente sobre os problemas reais do país (ataque frontal e fulminante à epidemia de corrupção que alastra escandalosamente no Estado, nas empresas públicas e nos partidos políticos com assento parlamentar; e controlo radical do endividamento galopante do Estado e em geral de todos nós), em vez de nos distrair com jogos pueris de retórica populista, ou veremos o actual regime político caminhar rapidamente para um colapso tumultuoso.

Olhem para os períodos que antecederam o assassínio da monarquia, e olhem para o período que antecedeu a queda da corrupta República Jacobina de 1910-1926!


Post scriptum
— Em conexão com este tema leia-se o Manifesto da Linha e Vale do Tua. E hoje às 19:00, na SIC, no programa Nós Por Cá, Jorge Pelicano será entrevistado sobre o seu premiado documentário Pare, Escute e Olhe. A não perder!


OAM 648 11-11-2009 10:55 (última actualização: 11:09)

terça-feira, novembro 10, 2009

Crise Global 72

Grandes obras para quê?!

Key oil figures were distorted by US pressure, says whistleblower

Exclusive: Watchdog's estimates of reserves inflated says top official

A report by the UK Energy Research Council (UKERC) last month said worldwide production of conventionally extracted oil could "peak" and go into terminal decline before 2020 – but that the government was not facing up to the risk. Steve Sorrell, chief author of the report, said forecasts suggesting oil production will not peak before 2030 were "at best optimistic and at worst implausible". — in guardian.co.uk (09 Nov 2009).

Go-ahead for 10 nuclear stations

The government has approved 10 sites in England and Wales for new nuclear power stations, most of them in locations where there are already plants. — in BBC (09 Nov 2009).

Estas notícias vindas do Reino Unido podem estar combinadas e fazer parte de uma manobra para amaciar a nova opção nuclear inglesa numa altura em que Obama telefona a Medvedev e Sarkozy para saber como impedir o Irão de ter centrais nucleares.

Mas eu inclino-me para algo mais soturno: o lento mas irreversível reconhecimento de que a era petrolífera tem os dias contados, que, em consequência, a subida explosiva dos preços da energia, a começar pelo petróleo e gás natural, vai acontecer muito em breve, e finalmente, que o tempo favorável a uma reconversão do actual paradigma energético já passou, pelo que não resta outra alternativa que não seja uma aterragem de emergência à escala global, com todos os imprevistos e dramatismo inevitável de um abalo civilizacional desta magnitude.

Os dados estão lançados.

Se o desgoverno corrupto de José Sócrates e da tríade de Macau insistir na construção das novas autoestradas, bem como do novo aeroporto da Ota em Alcochete, para o que não poderá deixar de ter a benção atávica e igualmente corrupta da Oposição (do Bloco de Esquerda ao CDS), tal significará que pouco ou nada poderemos esperar do actual regime político, e que outro terá que ser urgentemente congeminado — antes que a democracia colapse por efeito, nomeadamente, de outra mais radical e duradoura paragem energética do país.

O governo que temos é uma ilusão pura e dura. O presidente que temos encontra-se paralisado por meditações inúteis. O parlamento não passa de um bando de imbecis. Só resta o tumulto da multidão e... os militares.

Oxalá esteja redondamente enganado!


OAM 648 10-11-2009 03:30

domingo, novembro 08, 2009

Portugal 137

Um Quadrado Inconfortavel
"Um quadrado desconfortável"


Notas para uma revolução

Steffan Heuer: Are there any positive signs – new technologies or countries pursuing policies that might give you cause for hope?
Dennis L. Meadows -- There are, indeed: for example, the decision by the Spanish government from now on to invest more in the railroad network than in building new roads. The big question is whether these good examples will have a lasting impact. We don’t necessarily need additional technology to tackle our problems. More than likely, it would be enough if we were to use the technology we already have as wisely as possible.

(...)

Steffan Heuer: Can innovative technology – such as increased efficiency in our use of energy or resources, or more economical engines and greater recycling – also provide a solution?
Dennis L. Meadows: Enhanced technology can certainly help, but we need to be clear about the fact that it can’t solve the fundamental problem! Whatever model you base your projections on here, there’s no way we’re going to be able to increase efficiency and introduce new technology fast enough to offset the drastic fall in the availability of fossil fuels. And I’m not just talking about oil here but also natural gas and coal.

in The Expert's View. Dennis L. Meadows. Text: Steffan Heuer. Publisher: Daimler 360 Degrees - magazine on Sustainability, 2008.]

Já não sei onde obtive a versão inglesa do Uncomfortable Square que acima traduzi e redesenhei. Mas o importante agora é chamar a atenção de quem me lê para a produtividade conceptual do mesmo, nomeadamente se quisermos adoptar uma metodologia fundamentada e aberta de abordagem de alguns problemas actuais, incluindo a agonia da economia portuguesa e os perigos que espreitam o actual regime democrático, em grande medida perdido nos meandros de burocracias políticas e sindicais desmioladas e acomodadas, bem como nos corredores intermináveis de uma corrupção entranhada no sistema e pacificamente aceite por uma população envelhecida, ignorante e desamparada. Todos parecem ter telhados de vidro!

Não vou porém insistir na análise da cobardia política que ameaça condenar o país a novo meio século de tristeza e atraso. Prefiro reunir notas rápidas sobre o que deveríamos fazer para sair deste imbróglio —algo a que Medina Carreira deverá dar maior atenção no seu notável esforço de denúncia do reino corrompido da nossa democracia. A crise de que padecemos tem uma forte componente exógena —o colapso do comércio livre e da globalização, a deterioração global dos termos de troca entre o Ocidente e o Oriente, a alta probabilidade de a União Europeia sucumbir às suas gritantes assimetrias internacionais e regionais—, e uma não menos forte componente endógena, ou melhor dito, endogâmica. É frequente vermos estas duas componentes confundidas no debate político-mediático. A origem populista da confusão é óbvia: responsabilizar o mundo "lá fora" pelos erros cretinos de governação, em geral causados pelos efeitos de captura do Estado e dos principais partidos políticos e órgãos de comunicação de massas, pelos interesses económico-financeiros endógenos, que por sua vez mirram no buraco da depressão endogâmica que cavaram ao longo de gerações; ou então, exagerar as responsabilidades internas com imputações que, na realidade, devem ser focadas em quadros de análise e compreensão muito mais amplos.

O principal factor a ter em consideração em qualquer análise séria dos problemas actuais é o do esgotamento do modelo industrial fundado no uso intensivo dos recursos naturais e humanos disponíveis —dos primeiros, através da extracção e consumo/exaustão de recursos energéticos e minerais que a Terra alberga em quantidades limitadas (carvão, petróleo, gás natural, metais ferrosos e metais raros, solos ricos de nutrientes, etc.); e dos segundos, através da exploração salarial intensiva do trabalho humano, que levou à maior deslocação humana de sempre em direcção às cidades e à subsequente hipertrofia destas em nome do crescimento, do progresso e da modernidade. A inconsciência ecológica conduziu a humanidade à adopção de um paradigma energético sem precedentes cujo fim está inesperadamente à vista. A lógica do capitalismo, sobretudo financeiro, colocou-nos perante o cenário mais do que previsível de um suicídio tecnológico colectivo! Muitos milhões de pessoas estarão em breve desempregadas, envelhecidas, desesperadas, vagueando entre sucatas electrónicas inúteis e um tecido cancerígeno de revoltas, guerras civis, guerras militares convencionais e toda a espécie de conflitos assimétricos. Este é o panorama de fundo onde Portugal ocupará, talvez para sua protecção, o lugar de uma periferia insignificante —a menos que o reino de Espanha volte a colapsar em nova guerra civil...

Daqui decorre um corolário simples para a acção política: defendermos o país do que aí vem!

Denis L. Meadows, o coordenador do célebre relatório encomendado pelo Clube de Roma, The Limits to Growth (1972, 2004), na entrevista acima citada alude a duas metáforas empregues na pedagogia que acompanha o seu notável trabalho de análise e simulação de sistemas dinâmicos complexos: overshooting e no return. A primeira é uma metáfora automóvel, referindo-se ao ponto a partir do qual uma travagem, por tardia, já não é capaz de impedir uma colisão; a segunda, é uma metáfora aeronáutica e refere-se ao ponto de não regresso à base de uma aeronave cujo combustível nos depósitos é inferior ao que entretanto foi gasto. No caso do planeta Terra e dos Terráqueos, aplicam-se simultaneamente estas duas metáforas: o crescimento contínuo chegou ao fim e, como consequência, o ajustamento do paradigma energético conduzirá inexoravelmente a um despiste e a uma colisão civilizacional. O mais provável é que, a partir de 2020 ou 2030, estejamos sujeitos a um colapso muito rápido da civilização industrial tal qual a conhecemos. Numa fase intermédia, que já começou a contar, o modelo de crescimento zero ou próximo do zero impor-se-à abruptamente à escala global, decorrendo de tal ajustamento dramático uma mais do que provável diminuição drástica do PIB mundial (poderá cair 30% até 2020-30!) e uma redução trágica da população planetária. Quem observa atentamente estes problemas acredita que Gaia não exigirá menos do que isto pelos estragos causados. Por fim, voltar ao ponto de partida é impossível. Resta à humanidade a esperança de encontrar outro e muito diferente caldo de cultura!

Que fazer em Portugal nestas circunstâncias, que pesarão tanto mais sobre o nosso destino quanto mais frágeis forem as nossas defesas internas? O que sabemos da nossa tripla dívida —défice orçamental do Estado, dívida pública e dívida externa—; dos cada vez mais ameaçados e rarefeitos tecidos empresarial e financeiro locais; da insustentável intensidade energética do nosso modelo produtivo, de transportes e de sociedade; e por fim, da fragilidade social e moral do país, tem vindo a ser finalmente exibido ao país. O que neste blogue vimos escrevendo desde Outubro de 2004, começou lentamente a ganhar espaço de reflexão entre os nossos economistas e jornalistas: há uma crise de endividamento e esta acabou por conduzir a uma debtonation (como escreve Ann Pettifor).

Prometer crescimento à custa de maior endividamento, nomeadamente prolongando a fraude das taxas de juro negativas (ZIRP) só poderá aproximar o muro onde as economias americana e europeia se irão estatelar em breve. Por fim, a causa subterrânea e cada vez mais profunda e inacessível desta crise sistémica é a indisponibilidade crescente de energia barata e a escassez galopante de recursos de todo o tipo, a começar pela água potável e o simples ar puro! Que fazer?

Que fazer em Portugal agora, sabendo-se que em menos de uma década tudo o que produzimos mal chegará para pagar o serviço de uma dívida colectiva que continuará a crescer exponencialmente se não agirmos desde já? Eu começaria por aqui:
  1. estabelecer um tecto máximo nas pensões de reforma;
  2. estabelecer um tecto máximo no esforço público dedicado à educação e formação, através de uma carta educativa onde cada pessoa passasse a ter um cheque-educação individual assumido pelo Estado e correspondente apenas a 12 anos de educação para a vida, devendo a formação complementar —nomeadamente universitária— passar a ser financiada exclusivamente pela poupança individual e familiar, pelas empresas e por organizações financeiras especializadas na promoção da qualidade profissional, intelectual, tecnológica e científica do país, sem encargos directos para o Estado;
  3. reformular o conceito de saúde pública no sentido de um equilíbrio activo entre prevenção, cura e cuidados paliativos;
  4. restringir drasticamente o peso do Estado às suas funções públicas primordiais, essenciais e inalienáveis: finanças, saúde, educação e formação profissional de base, justiça, segurança interna e defesa nacional;
  5. diminuir o número de cidades;
  6. criar as cidades-regiões autónomas de Lisboa e Porto;
  7. reforçar o poder administrativo e os meios de acção das Juntas de Freguesia em todo o país;
  8. criar uma câmara senatorial, com a missão de avaliar anualmente o estado da democracia, na qual tenham assento todos os ex-titulares vivos dos seguintes cargos: presidência da república, chefe do governo, presidência do parlamento, presidências dos tribunais superiores e procuradores-gerais;
  9. criar um observatório independente —i.e. sem participação dos partidos— para avaliar a qualidade da acção partidária;
  10. eliminar a publicidade e os programas comerciais dos serviços públicos de televisão e rádio, com redução drástica dos seus actuais efectivos humanos e operacionais;
  11. manter no sector público o que deve ser público (recursos materiais estratégicos e infraestruturas essenciais) —renacionalizando para tal o que for preciso—, devolvendo ao mesmo tempo ao sector privado o que deve ser privado —a exploração dos recursos materiais e infraestruturas, assim como a actividade económica, cívica e cultural em geral—, ainda que subordinando a propriedade privada aos princípios da lei, da transparência, da justa concorrência e da solidariedade;
  12. desenhar uma nova política fiscal inteligente, estrategicamente orientada para o uso eficiente dos recursos, para a poupança pública e privada, para a eficiência energética, social, industrial e tecnológica, e para o equilíbrio social.
E também poria imediatamente em prática algumas medidas de acção governativa, tais como:
  1. suspender imediatamente o programa de construção do novo aeroporto;
  2. dar máxima prioridade à electrificação do sistema de transportes;
  3. optimizar a rede ferroviária actual: mudando progressivamente a bitola, electrificando toda a rede, desenhando os percursos mais racionais, mais produtivos e mais baratos; ligando a primeira fase da rede portuguesa de bitola europeia aos portos, cidades e à rede espanhola no maior número de pontos possível;
  4. apostar nos veículos eléctricos tecnologicamente avançados, reconvertendo os actuais sectores automóvel e de máquinas nesta direcção;
  5. insistir nas novas energias renováveis -- sobretudo eólica, solar e das ondas -- e melhorar a eficiência e sustentação das energias renováveis mais antigas -- biomassa, hídrica e geo-térmica;
  6. apostar num regresso inteligente à agricultura e actividades marítimas (tecno e geo-marítimas);
  7. lançar um programa nacional de eficiência energética urbana e suburbana;
  8. promover a formação de agregados científicos, tecnológicos e de actividades complementares em volta dos eixos de desenvolvimento acima mencionados.
O erro fatal de Manuela Ferreira Leite foi ter apontado os males sem propor nada de coerente para enfrentar a crise. O que matará o segundo governo Sócrates é a sua incorrigível cupidez e escandalosa cegueira. Mas antes que o actual regime político caia de podre e corrupção, é preciso mobilizar a sociedade civil para que o poder não volte a cair na rua. A sociedade civil tem o direito e a obrigação de se auto-organizar sempre que o Estado e as instituições ameaçam colapsar por causas externas ou endógenas. É o caso!

E não há muito tempo...


OAM 647 09-11-2009 00:42

Revolution 9



This belongs to my modified genetic code

Twist and Shout
I Saw Her Standing There
Love Me Do
A Hard Day's Night
Help
Yesterday
Michelle
Girl
Eleanor Rigby
Yellow Submarine

Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band
With a Little Help From My Friends
Lucy in the Sky with Diamonds
Getting Better
Fixing a Hole
She's Leaving Home
Being for the Benefit of Mr. Kite!
When I'm Sixty-Four
Lovely Rita
Good Morning, Good Morning
Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (Reprise)
A Day in the Life

Magical Mystery Tour
The Fool On The Hill
Flying
I am the Walrus
Hello, Goodbye
Strawberry Fields Forever
Penny Lane
All You Need Is Love

While My Guitar Gently Weeps
Happiness is a Warm Gun
I'm so tired
Blackbird
Why don't we do it in the road
Birthday
Yer Blues
Helter Skelter
Revolution 1
Revolution 9



OAM 646 08-11-2009 03:00

sexta-feira, novembro 06, 2009

Crise Global 71

O colapso da era industrial



A produção mundial de petróleo convencional estagnou em 2004. Por sua vez os autores da Teoria de Olduvai (The Olduvai Theory -- Energy, Population, and Industrial Civilization, by Richard C. Duncan ) defendem que em 1970 terminou o período de crescimento exponencial da produção de energia à escala mundial, daí decorrendo uma estagnação do valor médio da produção de energia per capita, a qual se terá estendido até 2008, ano que marca o princípio do fim da era industrial, bem como do crescimento demográfico, alimentado desde 1830 pelo uso intensivo de energia barata. Esta teoria, secundada por várias previsões desde finais do século 19 (Henry Adams em 1893, Frederick Ackerman em 1932, e King Hubbert em 1949), estima uma quebra da população humana mundial, de 6,9 mil milhões em 2015, para 2,0 mil milhões em 2050.

Segundo a Teoria de Olduvai (1), mais cedo ou mais tarde as redes eléctricas irão colapsar sob a forma de uma cascata global de cortes de energia irreversíveis (2)(3).

Desde 2004 que a produção petrolífera não vai além dos 85 milhões de barris por dia (85 MM bpd). É o chamado "plateau" (planalto) que assinala o fim de um crescimento exponencial. Ao mesmo tempo, 54 dos 65 mais importantes países produtores de petróleo (ou seja, 83%) já ultrapassarem o pico de produção. Em breve (2011...) o planalto em que se encontra actualmente a oferta mundial de petróleo dará passo ao declínio contínuo da produção, a uma taxa estimada entre 4,5% e 8% ao ano (Robert Hirsch.)

Mas se a produção quiser responder à pressão estimada da procura mundial, e atingir em dez anos (2010-2020) os almejados 112 MM bpd, então será necessário compensar o declínio produtivo já instalado com a extracção de mais 75 MM bpd de jazidas que todavia não foram descobertas. Ou seja, seria necessário acrescentar às reservas conhecidas, no decurso da próxima década, novas reservas, por descobrir, equivalentes a 8 Arábias Sauditas — quer dizer, a oito vezes o petróleo explorado e existente em todas as jazidas daquele deserto de excêntricos. Seria pois preciso descobrir e explorar um novo poço gigante em cada 15 meses ao longo dos próximos dez anos. Uma missão claramente impossível! Entre 2000 e 2007 o ritmo de descobertas de poços gigantes decaiu para uma média de 9 poços por década, quando na década de 1980 foi de 24, e nos anos 60, de 120.

Mas o mais aterrador é que, ao contrário do que se pensa, as chamadas energias alternativas jamais poderão restabelecer os extraordinários níveis de produção de energia per capita (e) que permitiram a aceleração histórica da modernidade. De facto, o declínio exponencial da produção petrolífera que começará a sentir-se de forma catastrófica em todo mundo por volta de 2011-2012, arrastará consigo o colapso do paradigma eléctrico desenvolvido entre 1880 e 1930. Não há petróleo sem electricidade... e não haverá electricidade (4) sem petróleo!

De algum modo poderá dizer-se que todos os problemas de sobre-população humana, alterações climáticas e destruição de recursos naturais e formas de vida induzidas pelo homem, serão em breve atalhados por um regresso catastrófico à agricultura e à dispersão corpuscular da humanidade. O sobressalto, até chegar a nova Idade Média, será muito mais drástico, mortal e aterrador do que o que decorreu da queda do Império Romano.

A actual implosão dos sistemas político-partidários (com o respectivo cortejo de corrupção, traições e populismo geral), o ciclo de depressão económica duradoura em que o mundo acaba de entrar e as guerras regionais, mundiais e civis que espreitam no horizonte, quando não estão já em curso, permitem-nos confirmar que a hora da nossa querida e louca civilização de prazer e consumo chegou ao fim.

É possível pensar em cenários e estratégias de mitigação da tragédia. Mas quererá alguém pô-los em prática?


POST SCRIPTUM
  • A propósito do desmiolado debate parlamentar em volta do surrealista programa de governo de José Sócrates (ainda sob o império corrupto e obtuso da Tríade de Macau), duas observações:
    1. o lamentável espectáculo oferecido a todos nós pela Oposição (salvaguardando, diga-se em abono da verdade, a inflexibilidade lúcida de Manuela Ferreira Leite) é o exemplo acabado da exaustão do actual sistema partidário; desconhece o que se passa no mundo real, compraz-se com jogos florais populistas e não propõe uma única medida séria de mitigação para a actual crise sistémica;
    2. não se podendo esperar nada de bom do actual regime político, teremos que começar urgentemente a estimular uma reorganização social a partir do zero. Ou melhor, a partir dos agrupamentos sociais elementares: famílias genéticas, profissionais e culturais, bairros, freguesias, aldeias, vilas e redes electrónicas de cidadania e inteligência colectiva (as grandes cidades terão que ser reestruturadas em redes de freguesias e bairros, e em redes electrónicas, enquanto puderem...) O exercício proposto é este: que precisa Portugal para aguentar o impacto do colapso energético em curso; que infraestrutura técnica e que tipo de organização do território precisará o país num cenário demográfico reduzido a 6 milhões de habitantes, com um PIB equivalente a 40-50% dos actuais 170 mil milhões de euros, num contexto internacional marcado pelo colapso sucessivo da Globalização e da União Europeia, e de uma mais do que provável e violenta fragmentação do reino de Espanha. Se não formos capazes de realizar este exercício de prospectiva estaremos certamente condenados a um triste fim.


2009 Commemorative Lecture : Dr. Dennis L. Meadows



NOTAS
  1. A designação desta teoria provém da Garganta de Olduvai, uma região de desfiladeiros no Norte da Tanzânia, onde se crê que os primeiros hominídeos, antecedentes do homem actual, surgiram. Ver imagem da Olduvai Gorge.

  2. "Peak Cheap Oil Update - Part I: The glass is half empty" (iTulip)

    ...Gasoline and diesel, distillates of crude oil, are unique as a liquid fuel. The amount of work a gallon of these fuels can do when by volume burned simply defies imagination. Consider the most mundane act of the automobile owner, stopping off at a gasoline station to refuel. A mere ten gallons of gasoline propels a two-ton vehicle hundreds of miles up and down hills at speed in excess of 60 miles per hour. Try pushing your car ten feet on a flat driveway and you will begin to appreciate how much work the gasoline in your tank is doing. The amount of work a liquid fuel can do by volume is referred to as its energy density. Liquid hydrogen, by comparison, has less than one third of the energy density of gasoline. That means that you need three times as much by volume to travel the same distance, assuming both the gasoline and hydrogen powered engines deliver the same number of miles per gallon.

    You can pour the gasoline into your tank on a hot summer’s day or in winter when the temperature is well below zero. Crude oil can be shipped through pipes over long distances in a wide range of temperatures and climates.

    Crude oil, and its distillates, is the one and only substance like this. No other liquid that humans can dig out of the ground, refine, and pour into a tank at any climate on earth even comes close. Every other liquid fuel, such as liquid hydrogen, has to be manufactured out of something else, then compressed, and if stored as a liquid kept at temperatures hundreds of degrees below zero. You cannot transport any other fuel through hundreds of miles of pipelines. Crude oil and its distillates can be piped over long distances at a wide range of naturally occurring temperatures, and stored cheaply in unpressurized tanks.

    We are using up this unique and irreplaceable liquid fuel source several million times faster than it was created by nature hundreds of millions of years ago. In a little more than two human life spans can we have used up half of all of the oil that took several million human life spans to accumulate.

    ... [Robert] Hirsh says that the only practical solutions [for oil depletion mitigation] are: conservation and rationing, wider use of heavy oils, more intensive oil recovery from existing fields, and conversion of natural gas to liquids and coal to liquids.

    Yet by Hirsh’s calculations, even if all of these methods of oil depletion mitigation are applied, assuming the optimistic 5% median annual global oil production decline rate, the world will still experience an oil shortage of 30% compared to current consumption rates.

    ...

    In economic terms, higher oil prices means that the global economy will shrink.

    Hirsh’s 2008 analysis of the impact of rising oil prices on economic growth revealed an approximate 1% decline in GDP per 1% decline in the oil supply. The 30% decline in oil supply in ten years following the end of the plateau in oil production at 5% per year, implies a 30% drop in GDP in a decade. During the first three years of The Great Depression, between 1930 and 1934, U.S. GDP declined 24%. Peak Oil implies a per-capita economic decline even more severe than The Great Depression, although the economic decline may be more gradual. -- in Peak Cheap Oil Update - Part I: The glass is half empty.

  3. Hirsch (2008) quantified how historic declines in world oil supply caused proportionate declines in world GDP. He provides a framework for mitigation planning including:

    "(1) a Best Case where maximum world oil production is followed by a multi-year plateau before the onset of a monatomic decline rate of 2-5% per year; (2) A Middling Case, where world oil production reaches a maximum, after which it drops into a long-term, 2-5% monotonic annual decline; and finally (3) a Worst Case, where the sharp peak of the Middling Case is degraded by oil exporter withholding, leading to world oil shortages growing potentially more rapidly than 2-5% per year, creating the most dire world economic impacts." -- in Wikipedia.

  4. The Olduvai Theory -- Energy, Population, and Industrial Civilization, by Richard C. Duncan (PDF)

    [...] The International Energy Agency (lEA, 2004) estimates that the cumulative worldwide energy investment funds required from 2003 to 2030 would be about $15.32 trillion (T, US 2000 $) allocated as follows: 1. Coal: $0.29T (1.9% of the total), 2. Oil: $2.69T (17.6%), 3. Gas: $2.69T (17.6%), 4. Electricity: $9.66T (63.1%). Thus the lEA projects that the worldwide investment funds essential for electricity will be 3.7 times the amount needed for oil alone, and much greater than all of that required for oil, gas, and coal combined. The OT says that the already debt-ridden nations, cities, and corporations will not be able to raise the $15.32 trillion in investment funds required by 2030 for world energy. (Not to mention the vastly greater investment funds required for agriculture, roads, streets, schools, railroads, water resources, sewer systems, and so forth.)

    --

    During the last two centuries we have known nothing but exponential growth and in parallel we have evolved what amounts to an exponential-growth culture, a culture so heavily dependent upon the continuance of exponential growth for its stability that it is incapable of reckoning with problems of no growth. (M. King Hubbert, 1976, p. 84)

    1. Coal grew exponentially for 209 years: 1700- 1909. 2. Oil grew exponentially for 137 years: 1833-1970. 3. Natural gas grew exponentially for 90 years: 1880-1970. 4. Hydroelectric energy grew exponentially for 82 years: 1890-1972. 5. Nuclear-electric energy grew exponentially for 20 years: 1955-1975. Note well that none of the five sources of primary energy production grew exponentially after 1975.

    World total energy production grew exponentially at about 4.6%/y from 1700 to 1909. Next it grew linearly at 2.2%/y from 1909 to 1930 and 1.5%/y from 1930 to 1945. Subsequently it surged exponentially at 5.5%/y from 1945 to 1970. This was followed by linear growth at 3.5%/y from 1970 to 1979. Thereafter world total energy production slowed to linear growth of about 1.5%/y from 1979 to 2003.

    World population grew linearly at an average of 0.5%/y from 1850 to 1909; 0.8%/y from 1909 to 1930; 1.0%/y from 1930 to 1945; 1.7%/y from 1945 to 1970; 1.8%/y from 1970 to 1979; and 1.5%/y from 1979 to 2003 (UN, 2004; USCB, 2004).

    Comparing the foregoing numbers: World total energy production easily outpaced world population growth from 1700 to 1979, but then from 1979 through 2003 total energy production and population growth went dead even at 1.5%/y each. World total energy production per capita, e, grew exponentially at 3.9%/y from 1700 to 1909. Thereafter it grew at linear rates of 1.4%/y from 1909 to 1930; 0.5%/y from 1930 to 1945; 3.7%/y from 1945 to 1970; 1.7%/y from 1970 to 1979; and 0.0%/y (i.e., zero net growth, called the ‘Plateau') from 1979 to 2003.

OAM 645 06-11-2009 01:22 (última actualização: 10:19)

sexta-feira, outubro 30, 2009

Portugal 136

O PSD precisa de sumo novo!



Pedro Passos Coelho (1964-) parece ter crescido que nem um feijão verde desde o ciclo eleitoral que arrasou (contra as minhas expectativas iniciais) o PSD. As duas últimas eleições atiraram de facto este partido para uma rampa declinante, por onde acabará por escorregar até à segunda divisão parlamentar se nada de novo acontecer depois da saída de Manuela Ferreira Leite. Se o opinativo Marcelo Rebelo de Sousa (1948-), político e governante manifestamente incapaz, por infelicidade, voltar à direcção máxima dos laranjas, nada de bom espera à segunda força partidária do país. Mas o pior é que, sem alternativa à máfia que tomou de assalto o PS (cuja procissão de escândalos não há meio de terminar), teremos um inevitável processo de mexicanizagem bolivariana do regime — ou o seu colapso violento!

Marcelo Rebelo de Sousa nem sequer um bom presidente da república dava. Quanto mais um primeiro-ministro! Além do mais, qual Elisa Ferreira de calças, pretende manter em aberto a possibilidade de ser candidato a primeiro ministro, mas também a inquilino do Palácio de Belém, caso o amante de tabus e recentemente mui desastrado, Aníbal Cavaco Silva, pretenda concorrer a mais um mandato. Que filme bera!

Vale a pena rever a entrevista, como sempre bem conduzida por José Gomes Ferreira, a Pedro Passos Coelho, na SIC. O rapaz de Vila Real perdeu as borbulhas — ipso facto. Já não é neoliberal, nem quer privatizar a Caixa. Pelo contrário, deseja um Estado eficiente e inteligente (onde é que eu já escrevi isto?!), e um regime onde se adopte a regra protestante —ao Estado o que é do Estado, aos Privados o que é dos Privados. Nem mais, nem menos!

Caso assinalável: Pedro Passos Coelho estudou razoavelmente bem o dossier dos grandes investimentos, sendo crítico em matéria de mais auto-estradas, crítico em matéria de Alta Velocidade (300Km/h) fora do corredor Lisboa-Madrid, defensor de uma rede de Velocidade Elevada (220Km/h) nas demais ligações previstas e sugerindo —bem!— que o dinheiro necessário ao deboche do TGV em 5 linhas de Alta Velocidade (defendidas com unhas, dentes e sacos de notas por debaixo da mesa, pela tríade de Macau) seja usado na implementação da bitola internacional (dita "europeia") para comboios de Velocidade Elevada entre todas as capitais de distrito.

O que vemos nesta entrevista são vários sinais importantes: um líder jovem para um partido súbita e dramaticamente envelhecido (1), que só poderá recuperar da sua já longa agonia se for capaz de se dirigir de forma séria e comprometida às novas gerações. Refiro-me em particular à Geração Milénio, nascida depois de 1980, e que começa agora a entrar em força na economia e na vida pública e cultural do país. Como referi em artigo anterior, a geração que fez o PSD está a morrer, e a que poderá salvá-lo da mesquinhez, da corrupção endémica, da inutilidade política e do colapso anunciado, só agora começou a despertar estrategicamente. Manuela Ferreira Leite, ao contrário do que cheguei a pensar e defender, foi um passo em falso, e sobretudo —vemo-lo agora claramente— um tampão à subida das novas gerações no interior do partido fundado por Sá Carneiro.

Mas será Passos Coelho a pessoa de que o PSD precisa? Não sei. Creio, porém, que os dados foram lançados e que o jogo já não está nas mãos dos barões da Linha onde moro, nem sequer dos autarcas que em breve terão que descalçar as botas. De uma maneira ou de outra a cadeira do poder laranja já está a caminho de um mais do que provável sucessor de Sócrates. Plantei há duas semanas um feijão verde no meu jardim. Não imaginam a velocidade a que cresce!

NOTAS
  1. Sobre o problema generativo, que afecta gravemente o futuro incerto do PSD —mais do que qualquer outro partido, incluindo o PCP—, ler o que escrevi a propósito neste blog. Marcelo Rebelo de Sousa (1948-) e José Pedro Aguiar Branco (1957-) são baby boomers de utilidade diminuta na grande viragem generativa de que o PSD precisa absolutamente para inverter o seu manifesto declínio demográfico. É na geração seguinte que este partido terá que encontrar a seiva necessária para uma renovação seminal do partido. Quer Pedro Passos Coelho (1964-), quer Paulo Rangel (1968-), e num plano mais recuado Marco António (1967-), são de facto os protagonistas certos para a necessária metamorfose do PSD. Paulo Rangel está bem onde está, ganhando experiência que lhe será fundamental num futuro próximo. Passos Coelho demonstrou nesta entrevista que está preparado para disputar o poder ao lamaçal criado pela tríade de Macau.


OAM 643 29-10-2009 01:34 (última actualização: 11:36)