segunda-feira, setembro 29, 2014

Nova crise global pode estar iminente



Se pensam que vai ser fácil deitar a mão aos 25mM€ do próximo QREN pensem duas vezes!


Há uma evidente conspiração em curso para despedir António José Seguro do PS e Pedro Passos Coelho do PSD. O primeiro caíu ontem. Quanto a PPC vamos ver se resiste à ofensiva combinada dos bonzos do PS e do PSD, protagonizada mediaticamente por Marcelo Rebelo de Sousa, Marques Mendes, Pacheco Pereira, Manuela Ferreira Leite, Morais Sarmento, Ângelo Correia, Mário Soares, José Sócrates, António Vitorino, Augusto Santos Silva, etc. O objetivo desta corja é só um: fazer regressar o Bloco Central da Corrupção e os principais cleptocratas e rendeiros do país (ex-Grupo BES, Grupo Mello, Mota-Engil, EDP, etc.) ao controlo pleno do regime. A desculpa piedosa será certamente religiosa, e deve chamar-se qualquer coisa como 'defender a todo o custo os centros de chulice indígena', perdão, queria escrever, 'centros de decisão nacionais'. Acontece, porém, que o tempo deixou de ser favorável a esta gente. E assim sendo conviria que os democratas deste país acordassem e se dispusessem a despachar a mencionada corja para o caixote do lixo da história.

Que tenciona fazer o sargento-ajudante Costa?

Vai renunciar à dívida do país? Não vai cumprir as recomendações que a Troika certamente dará ao governo dentro de dias? Vai mandar à fava o BCE quando forem realizados e conhecidos os próximos testes de esforço à banca portuguesa? Vai aumentar os salários? Vai investir — onde? Vai continuar o esforço de desendividamento público e privado — como? Vai sair da NATO e aliar-se ao Bloco de Esquerda? E se não, vai enviar tropas portuguesas para o Iraque e a Síria? Que pensa das manobras de desestabilização mundial em curso por parte dos Estados Unidos, Inglaterra, Israel e Arábia Saudita, contra a Rússia, contra a China e contra milhares de milhões de muçulmanos? Alinha, ou não?

Sabemos que o grande objetivo da corja rendeira e devorista é a caça ao último pacote de ajuda comunitária, no montante de 25mM€, para ser aplicado no período de 2014-2020. Que vai fazer António Costa, se porventura ganhar as próximas eleições, a este respeito? Quais são as suas prioridades, para além de favorecer quem o apoiou? Finanças públicas? Segurança Social? Saúde? Educação? Energia? Transportes —quais? Reforma do estado — como e por onde?

Uma coisa vai ser certamente difícil conseguir. Chama-se crescimento. E sem crescimento, ou com crescimento negativo, lá irá por água abaixo o bluff Costa.

IMF warns on rising debt levels
By Chris Giles and Robin Harding in Washington
FT. April 9, 2014 1:42 pm

Rising levels of debt prompted by five years of ultra-low interest rates could exacerbate the dangers of bringing monetary policy back to normal, the International Monetary Fund warned on Wednesday.

New Global Crisis Imminent Due To “Poisonous Combination Of Record Debt And Slowing Growth", CEPR Report Warns
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 09/29/2014 07:52 -0400

The world has not yet begun to deleverage its crisis-linked borrowing. Global debt-to-GDP is breaking new highs in ways that hinder recovery in mature economies and threaten new crisis in emerging nations – especially China. The latest Geneva Report on the World Economy argues that the policy path to less volatile debt dynamics is a narrow one, and it is already clear that developed economies must expect prolonged low growth or another crisis along the way.

[...]

It warns of a “poisonous combination of high and rising global debt and slowing nominal GDP [gross domestic product], driven by both slowing real growth and falling inflation”.

[...]

The total burden of world debt, private and public, has risen from 160 per cent of national income in 2001 to almost 200 per cent after the crisis struck in 2009 and 215 per cent in 2013.

“Contrary to widely held beliefs, the world has not yet begun to delever and the global debt to GDP ratio is still growing, breaking new highs,” the report said.

O velho coelho saíu da cartola

Novos Brasões de Portugal
©Toyze
, 2014

Chapelada eleitoral? 


Seguro apresenta queixa contra SMS de António Costa
António José Seguro apresentou uma queixa contra António Costa, por este último alegadamente ter enviado, em dia de eleições, um SMS aos militantes socialistas a apelar que votassem em si.

Maria João Bourbon, com Lusa | 15:56 Domingo, 28 de setembro de 2014

Às 02:11 de hoje, enquanto decorria ainda a contagem de votos, o sítio das Primárias do PS publicava o número de inscritos: 160.512. Mas às 02.15, ou seja, 4 mn depois, o mesmo sítio deixava de indicar o número de inscrito. Entretanto, os votos de António Costa, nestes mesmos 4mn, subiam de 73.020 para 118.454, e os de António José Seguro subiam de 38,851 para 55.239. Ou seja, as percentagens dos candidatos variavam então do par AC=64,80% - AJS=34,48% para AC=67,88% - AJS=31,65%, percentagem que se manteria até à consulta que fiz ao sítio esta manhã às 09:13:38. Na consulta de hoje volta a ser publicado o número de inscritos: 248.475.

Curiosamente, às 02:11 os resultados eleitorais eram apresentados de forma detalhada, incluindo o número de inscritos a nível nacional, distrital e por secção de voto. Às 02:15 deixou de haver informação sobre o número de inscritos e toda a informação detalhada. Finalmente, hoje de manhã, os números aparecem distrbuídos apenas por distritos, alguns deles originais: Açores, Madeira, Algarve e Baixo Alentejo.

É possível que esteja tudo certo, mas lá que a incongruência é manifesta, é. Não sei se os adeptos de António José Seguro abandonaram as mesas depois das miseráveis declarações do vencido e do vencedor. Mas sei uma coisa: o PS deve aos simpatizantes que votaram informação rigorosa sobre o ato eleitoral. Espero que a trapalhada dos seus quadros eletrónicos online (ver imagens abaixo) seja rapidamente esclarecida.

O regresso da Brigada do Reumático e da Geração X cor-de-rosa

Jorge Coelho, Almeida Santos, socratinos e soaristas estão de volta ao poder cor-de-rosa. O fraco seminarista António José Seguro, a quem foi concedido o prazer amargo de uma voltinha no poder, retirou-se humilhado, mas não esmagado: 31,65% é uma percentagem que deveria obrigá-lo a disputar as próximas Diretas do PS, marcando posição para a era pós-Costa, a qual será muito curta.

A verdade é que a vantagem de Costa o coloca numa posição de tudo ou nada. Não tem nenhuma desculpa para falhar (se perder as Legislativas, adeus Costa!), mas o seu notório vazio de ideias vai aflorar ainda este mês, no dia mesmo em que a Troika pisar de novo o chão da Portela, e depois disto, assim que começar a discussão do orçamento de 2015. Por outro lado, como há cada vez menos tachos partidários, os que acorreram à última da hora à sopa dos pobres de António Costa vão ter uma surpresa desagradável.

O Tozé, como aqui nos fartámos de repetir, é um político inseguro, e cometeu o erro fatal de não neutralizar a corja socratina assim que esta perdeu o poder. Este erro, como sentirá em breve, não será cometido pelo sargento-ajudante António Costa, a menos que Seguro, depois de duas semanas de descanso, aproveitando-as para ler o O Príncipe, de Maquiavel, anuncie que irá disputar as Diretas e reorganize as suas tropas, incutindo-lhes confiança e esperança.

As bandeiras que levantou, contra a corrupção, pela paridade de géneros, e pela diminuição do número de deputados da Assembleia da República deve-as manter bem altas, pois o seu sucessor fará tudo para apagá-las.

É possível que as causas que defendeu na derradeira fase do seu mandato precisem de um novo líder socialista para as prosseguir, mas isso não o desobriga de preparar o terreno para que tal venha a ocorrer assim que o bluff Costa comece a revelar-se.

As baterias da nomenclatura voltar-se-ão agora e em força contra Passos Coelho

Bastou ouvir ontem o Marcelo para percebermos que depois de abater Seguro, a nomenclatura deste país, em geral falida, precisa de derrubar Passos Coelho, para que o Bloco Central da Corrupção possa regressar em força. Para esta corja, a pobreza crescente do país não lhes tira o sono, nem o prazer dos linguados. O que querem é proteger-se da Justiça e sacar tudo o que puderem antes que seja, para eles, tarde demais.

Portugal corre o sério risco de ser completamente destruído pela corja de rendeiros, devoristas e partidocratas que assaltaram a democracia. Os ventos internacionais adversos são infelizmente favoráveis à emergência de novos fascismos disfarçados. Como a lógica corporativa do Salazarismo se manteve intacta, embora infestada de aventais brancos e novas batinas, a menos que Bruxelas e Frankfurt aumentem a sua influência e as exigências sobre o nosso país, o perigo de termos um Novo Estado Novo é hoje mais evidente que nunca.


IMPORTANTE

O reporte online dos resultados eleitorais tem sido uma trapalhada com mudança sucessiva dos critérios de apresentação, informação sobre o número de inscritos, e contagens surrealistas de votos.
  •  Os inscritos totais divulgados em 29/9/2014 foram estes:
    -- às 02:11: 160.512
    -- às 02:15: não há informação sobre os inscritos
    -- às 09:13: 248.475
    (não é suposto ser este um número constante uma vez que existiu um período prévio de inscrição dos eleitores?)
  •  Quanto às contagens, para além de terem suspendido a divulgação de resultados por secção algures depois da meia-note ou uma da manhã, António José Seguro, mas também António Costa aparecem com menos votos hoje, às 20:30, do que os reportados esta manhã, às 09:08! 
Vale a pena consultar estas estranhas e não justificadas incrongruências. Quem supervisionou ou supervisiona este processo eleitoral? Jorge Coelho apenas?




Informação às 02:11:16 do dia 29/9/2014


Informação às 02:15:26 do dia 29/9/2014


Informação às 09:13:38 do dia 29/9/2014


Informação às 20:31:28 do dia 29/9/2014


Informação às 09:08:40 do dia 29/9/2014


Informação às 20:30:54 do dia 29/9/2014


Última atualização: 29/9/2012 22:28

Catalunha marca referendo. E agora?

Francisco de Goya. “La Verdad, el Tiempo y la Historia” (ca. 1800)
Conhecida como Alegoria da Constituição de 1812.

E se os referendos separatistas tivessem que seguir a regra dos 2/3?

As questões nacionalistas, catalã, basca e galega, continuam por resolver no reino espanhol.

Há o nacionalismo da "Espanha", e há os nacionalismos das "Espanhas", bem mais antigos. Os portugueses —que não esquecem as sucessivas conspirações e tentativas castelhanas de conquistar Lisboa e o nosso país (1385, 1580-1640, 1807, 1913 e 1940)— são neutrais face a este problema e defendem a resolução pacífica deste diferendo entre povos espanhois que os Reis Católicos uniram sob uma mesma bandeira em nome de dois grandes prémios: Granada e a grande expansão marítima da Europa cujos primeiros protagonistas seriam naturalmente Portugal e o novo reino de Castela-Aragão — uma vez assinado o Tratado das Alcáçovas-Toledo (1479/1480) que estabeleceu, pela primeira vez, o reconhecimento mútuo de Portugal por parte de Castela, e de Castela por parte de Portugal. Após a conquista de Granada (1492), na antiga 'españa', ou Ibéria, passaram a existir dois estados: o reino de Portugal, que incluía territórios ultramarinos vários, e o reino de Castela, que incluía Aragão e outros territórios ibéricos, europeus e ultramarinos vários.

A convivência das nações e povos num mesmo estado promovido pelos Reis Católicos na transição do séc. XV para o séc. XVI nunca foi totalmente pacífica. Houve guerras civis desde então, periódicas e quase sempre em torno de questões nacionais, sobretudo de ordem estratégica, fiscal e monetária, frequentemente mascaradas por questões dinásticas e sucessórias.

Articulo CXVI — Las Aduanas interiores de partido a partido, y de provincia a provincia, quedan suprimidas en éspaña e Indias. Se trasladaran alas fronteras de tierra, ó de mar.

Articulo CXVII — él sistema de contribuciones será igual en todo el Reyno.
—in “Constitución original firmada por cuantos concurrierón a la Junta de Bayona”, conhecida como Estatuto de Bayona de 1808.

A unificação monetária e constitucional da Espanha é um evento tardio, que só viria a ocorrer depois das invasões francesas, e por determinação napoleónica. España enquanto designação jurídica das 'Espanhas' englobadas pela monarquia castelhana é um facto histórico posterior à Constituição espanhola proclamada em Bayona por Napoleão e Jose Bonaparte em 1808, e posterior à liberal Constitución Política de la Monarquía Española, de 1812, inspirada na anterior e em geral na nova filosofia política francesa sobre a separação de poderes. Nestes dois textos fala-se de território espanhol, de pátria espanhola, de nação espanhola, das Espanhas, mas 'espanha', no singular e escrita em minúscula, é um termo que aparece, talvez pela primeira vez, na proclamação constitucional napoleónica de Bayona, embora como substantivo, e não como definição de um estado que continua a ser definido como 'Reyno de las Españas y de las Índias', como 'Monarquía Española' e como (e aqui temos a novidade constitucional Montesquiana introduzida, pela primeira vez, no vocabulário cultural espanhol) 'Nación Española'

[La Nación Española es la reunion de todos los Españoles de ambos Hemisferios' e 'Son Españoles: Todos los Hombres libres nacidos y avecindados en los dominios de las Españas, y los hijos de estos.]

Antes da invasão napoleónica da Península Ibéria, a palavra Espanha, ou espanha ['efpaña'] aparece raramente impressa — por exemplo, no Cantar de mio Cid, um longo poema cujo autor se descnhece e que terá sido escrito entre 1195 e 1207. Trata-se, no entanto, de uma referência sobretudo geográfica à península ibérica. Espanha ou Ibéria são, desde os Gregos e antes deles, designações de um mesmo lugar: a península europeia que fica para cá dos Pirinéus. A transformação das Espanhas unidas pelo reino de Castela-Aragão numa estado-nação chamado Espanha é, pois, uma metamorfose conceptual iniciada por Napoleão, que ganha expressão no Estatuto Real de 1834, e que mais tarde será radicalizada pela exacerbação nacionalista castradora do ditador Francisco Franco.

As feridas continuam, nuns casos, recalcadas, noutros bem abertas. Talvez por isso a discussão sobre as 'espanhas' e sobre a natureza histórica da monarquia espanhola, incendiada pelo radicalismo sanguinário da ETA, e mais recentemente pelo nacionalismo referendário catalão, deva ser levada a sério e com a máxima prudência por todas as partes envolvidas.

POST SCRIPTUM — o recente referendo na Escócia, mas sobretudo o futuro dubitativo da integridade dos EUA, são fenómenos que mostram até que ponto a unidade dos estados em torno de um centro depende sempre da capacidade deste centro alimentar a prole e cuidar do território. Os estados, tal como os impérios, colapsam quando gastam mais do podem durante tempo suficiente para os levar a uma situação de ruína estrutural. Sempre foi assim.

One in four Americans want their state to secede from the U.S., but why?
Reuters. By Jim Gaines
September 19, 2014

For the past few weeks, as Scotland debated the wisdom of independence, Reuters has been asking Americans how they would feel about declaring independence today, not from the United Kingdom, but from the mother country they left England to create. The exact wording of the question was, “Do you support or oppose the idea of your state peacefully withdrawing from the United States of America and the federal government?”

REFERÊNCIAS
Última atualização: 29/09/2014 16:17 WET

domingo, setembro 28, 2014

Rússia destapa mil milhões de barris de petróleo no Ártico

The oil production platform at the Sakhalin-I field in Russia, partly owned by ONGC Videsh Ltd., Rosneft Oil Co., Exxon Mobil Corp. and Japan's Sakhalin Oil and Gas Development Co. on June 9, 2009.

As sanções de Obama e dos caniches europeus foram um tiro no pé


Rússia confirmou, a 27 de setembro, a descoberta no Ártico de uma nova reserva petrolífera que poderá chegar aos nove mil milhões de barris de crude. O furo entretanto aberto promete mil milhões de barris. O mundo, porém, produziu mais do triplo desta quantidade em 2013, algo parecido com: 27.740.000.000 barris. A estrutura geológica que alberga este novo e importante achado petrolífero, Universitetskaya, faz parte de uma região petrolífera ainda por explorar e que poderá, dizem, ser maior que a parte que os Estados Unidos detêm no Golfo do México. A Exxon, no entanto, corre o risco de perder os direitos ali negociados, por causa das sanções contra a Rússia impostas pelos falcões de Washington.

Russia Discovers Massive Arctic Oil Field Which May Be Larger Than Gulf Of Mexico
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 09/27/2014 16:52 -0400

In a dramatic stroke of luck for the Kremlin, this morning there is hardly a person in the world who is happier than Russian president Vladimir Putin because overnight state-run run OAO Rosneft announced it has discovered what may be a treasure trove of black oil, one which could boost Russia's coffers by hundreds of billions if not more, when a vast pool of crude was discovered in the Kara Sea region of the Arctic Ocean, showing the region has the potential to become one of the world’s most important crude-producing areas, arguably bigger than the Gulf Of Mexico. The announcement was made by Igor Sechin, Rosneft’s chief executive officer, who spent two days sailing on a Russian research ship to the drilling rig where the find was unveiled today.

Russia Says Arctic Well Drilled With Exxon Strikes Oil
By Ilya Arkhipov, Stephen Bierman and Ryan Chilcote Sep 27, 2014 8:02 PM GMT+0100 - Bloomberg

“The announcement was made by Igor Sechin, Rosneft’s chief executive officer, who spent two days sailing on a Russian research ship to the drilling rig where the find was unveiled today. The well found about 1 billion barrels of oil and similar geology nearby means the surrounding area may hold more than the U.S. part of the Gulf or Mexico, he said.”

[...]

“The Arctic well will be among the most expensive Exxon has ever drilled, costing at least $600 million. The spending is justified by the potential prize. Universitetskaya, the geological structure being drilled, is the size of the city of Moscow and large enough to contain more than 9 billion barrels, a trove worth more than $900 billion at today’s prices.”

Rosneft and ExxonMobil strike oil in Arctic well
By Jack Farchy in Moscow and Ed Crooks in New York. Financial Times.

“The $700m well has been one of the most closely watched projects in the oil industry, as geologists believe that the Arctic is the last great unexploited resource. The discovery of “liquids” – industry terminology for oil and condensed gas – is positive since there had been concerns that the drilling campaign may have hit only natural gas, a far less profitable find.”

[...]

“Mr Sechin said the field would be called Pobeda -- meaning Victory. He added that the estimated resource base of the “trap” that the drilling had discovered was over 100m tonnes (about 750m barrels) of high-quality light oil and 338bn cubic metres of gas.”

Basta, no entanto, olhar para o mapa do petróleo para percebermos a questão de fundo que está a agitar os grandes países produtores e os grandes países consumidores e explica em grande parte a emergência do Estado Islâmico na sequência da programada desestabilização militar e política do Médio Oriente: Iraque, Afeganistão, Irão, Líbia, Síria, Egito, Gaza, bem como de alguns dos países e regiões chave para a proteção estratégica da Rússia: Ucrânia, Cáucaso, por exemplo.

Resumindo, a situação é esta:
  • Os campos gigantes e super-gigantes da produção petrolífera, cerca de 1% de todos os poços existentes, mas que representam 65% das reservas recuperáveis, estão em declínio, com decréscimos anuais na ordem dos 4%, para as explorações em terra, e 9% para os campos offshore (1).
  • Estes grandes campos petrolíferos estão concentrados em três regiões: Golfo Pérsico, Rússia e Américas (Alasca, Golfo do México, Brasil e Venezuela). O Golfo da Guiné é também uma região importante, mas onde não existem campos petrolíferos gigantes.
  • O crescimento da China e da Índia, e em geral o crescimento relativamente acelerado de muitos países que foram deixados para trás ao longo de todo o século 20, colocam um problema praticamente insolúvel: o petróleo 'barato' acabou em 2005, e em dez a quinze anos deixará de haver petróleo 'abaixo dos 100, 120, 150 USD por barril) suficiente para alimentar a economia global, mesmo que os Estados Unidos, a Europa e o Japão consigam adaptar as suas economia a um novo paradigma de 'crescimento zero'. O gráfico abaixo mostra como sem o petróleo de xisto produzido nos Estados Unidos teria havido em 2013 um declínio da produção global semelhante ao de 2006/07, e uma subsequente alta de preços semelhante à de 2008 no ano que vem (2).
A geografia dos povos de religião muçulmana deve fazer-nos pensar. Crer que poderão ser deixados de lado ao mesmo tempo que são espoliados das suas reservas naturais é uma ilusão criminosa que começamos a pagar em sangue e lágrimas. Se não olharmos para o problema energético de frente e de uma forma integrada, tudo começará inevitavelmente a piorar entre os países, entre as religiões, e a humanidade acabará por mergulhar em mais um prolongado inferno.


NOTAS
  1. Aging oil fields can turn the Arabian Peninsula into a powder keg
    By Kjell Aleklett
    Posted on September 1, 2014

    The world’s largest conventional oil field is Ghawar in Saudi Arabia and there are also many other gigantic oilfields in the region. Since the 1950s it is mainly oil from the Arabian Peninsula that has been decisive for the economic growth of the global economy. The problem at the moment is that the fields are old and mature and production is beginning to decline in some of them. What will happen in the future with these fields? At the end of October I am invited to Dubai to give a presentation at the “Monetising Mature Fields 2014 Summit – How to enhance post-peak production assets whilst ensuring cost efficiency”. It will be quite a technical conference and it will be exciting to participate with the other speakers. Here is the title of my presentation and three bullet Points:

    “Production from Giant Oilfields in the Twenty-first Century”.

    • Around one percent of oilfields globally are giant, but these have around 65 percent of global URR, Ultimately Recoverable Resources.
    • Production from giant oilfields is around 40 million barrels per day and decline rates for land-based fields are around 4 percent per year while offshore fields decline by 9 percent per year.
    • Giant oilfields are mature and they will all soon be in their decline phase. With an average decline rate of 5 percent per year the world will, within 10 years, lose production from giant oilfields of the order of 20 million barrels per day.
  2. World crude production 2013 without shale oil is back to 2005 levels
    By Matt Mushalik, originally published by Crude Oil Peak  | Mar 13, 2014

    Unnoticed by the mainstream media, US shale oil covers up a recent decline of crude oil production of 1.5 mb/d in the rest of world (using data up to Oct 2013). This means that without US shale oil the world would be in a deep oil crisis similar to the decline phase 2006/07 when oil prices went up. The decline comes from many countries but is also caused by fights over oil and oil-related issues in Iran, Libya and other countries which can be seen on TV every day.
Última atualização: 4/10/2014, 18:21 WET

sábado, setembro 27, 2014

La cagaron

Novos Brasões de Portugal
©Toyze, 2014


A conspiração contra PPC fracassou. Houve acordo ou alguém foi obrigado a encolher as unhas...


Despesas de representação não precisam de ser declaradas no IRS
Jornal de Negócios. 26 Setembro 2014, 14:11 por Elisabete Miranda

Em síntese, diz Manuel Faustino, antigo director do IRS, e "no quadro da informação e dos dados fornecidos pelo primeiro-ministro", as despesas de representação auferidas não constituiram rendimento nem precisavam de ter sido declaradas. "Não estamos perante rendimentos do próprio", esclarece, acrescentando que "nunca houve no âmbito do IRS quaisquer limites para este tipo de despesas".

Afinal PPC estava bem assessorado e a Tecnoforma meteu a viola no saco. Ninguém quer perder os últimos faisões de Bruxelas. E assim se foi, ao longo do dia 26 de setembro, roendo a corda ao senhor Ricardo, ao senhor Mário, ao senhor Ângelo, e às cagarras do costume que infetam a Assembleia da República de inutildade pastosa.

Legislar sobre o enriquecimento ilícito, sobre conflitos de interesses, sobre grupos de pressão legítimos (lobbying), ou sobre a diminuição do número de deputados para o limiar mínimo previsto na própria lei do parlamento (180) sem prejudicar a representatividade democrática, isso é que não!

Esta democracia populista, corrupta e falida precisa de uma grande varridela. Que virá de uma maneira ou doutra, esperemos que dos mais novos e novas. O caminho menos espinhoso desta lavagem passa, convençam-se do que vos digo, pelo afastamento, dos centros de poder, de quem nos trouxe até à pobreza e vergonha de um país que desperdiçou milhares de milhões de euros a empanturrar cretinos de toda espécie, com caviar, perdizes, pérolas, charutos de Cuba e contas bancárias secretas, na Suíça e nas famosas ilhas piratas de Isabel II.

Por fim, e ainda a propósito da conspiração partidária-financeira para derrubar na secretaria o PM que foi capaz de afrontar o mais temido e pelos vistos mais corrupto grupo financeiro do país, é preciso deixar claro que António José Seguro perdeu uma grande oportunidade de estar calado, ou de mostrar que pode ser líder do que quer que seja. Poderia ter feito a diferença no interrogatório dirigido a Pedro Passos Coelho, mas ladrou como os demais radicais desmiolados, oportunistas e sobre representados das bancadas à sua esquerda (1).

Ainda assim, quem for votar no próximo Domingo não se esqueça que o pior que poderia ocorrer ao PS seria o regresso dos socratinos e dos soaristas ao poder. Já provaram que não prestam.

NOTAS
  1. Há quem afirme a pés juntos que o Cerejo e o resto da imprensa foram municiados com artilharia suficiente para destruir a carreira política de Pedro Passos Coelho nas próximas semanas e meses. Talvez seja assim, mas não estou nada convencido, e passo a explicar a minha conjetura:

    — o blitzkrieg contra o PM foi planeado ao pormenor e tinha como objetivo conseguir a sua demissão antes da chegada da nova missão da Troika e das próximas provas de esforço à indigente banca portuguesa, no próximo mês de outubro ;
    — os beneficiários potenciais deste golpe de estado vão desde Ricardo Salgado a Cavaco Silva, passando por Mário Soares e a corja socratina, pelos cadáveres adiados da dita 'esquerda à esquerda do PS' e até, pasme-se, por António José Seguro, que veria numa inesperada queda deste governo a oportunidade de ouro para atropelar o socratino Costa fosse qual fosse o resultados da eleições primárias de amanhã;
    — todos os principais interessados na destruição política de Passos Coelho, curiosamente ligados ao mais corrupto dos banqueiros indígenas, estão igualmente interessados na destruição política de António José Seguro, pois são ambos considerados cartas fora do baralho da oligarquia política, empresarial e financeira corrupta e incompetente que destruiu o país e quer continuar a fazê-lo;
    — se PPC se tivesse demitido, e se não conseguisse indicar um(a) sucessora) a Cavaco Silva, este entraria em cena recuperando provavelmente uma solução de emergência envolvendo o PS e o PSD, desejavelmente (na perspetiva de Cavaco e da oligarquia do regime) protagonizada por Rui Rio e António Costa. O PP de Portas tornar-se-ia obviamente dispensável e a pequena travessia do deserto até às próximas Legislativas seria eventualmente suficiente para fazer regressar os populares ao táxi.
    — que correu então mal aos conspiradores? Não sabemos, mas um dia se saberá. O episódio da conferência de imprensa da Tecnoforma, depois do debate parlamentar onde Pedro Passos Coelho foi severamente interrogado, é um mistério. Teria a Tecnoforma sido pressionada para realizar uma tarefa que acabou por não executar? Aproveitou esta empresa de vão-de-escada (exemplar típico do que é a economia clandestina dos partidos políticos portugueses) esta oportunidade para negociar com PPC o próximo bolo comunitário, em troca de um esvaziamento do processo desencadeado pela denúncia anónima do tal Vasco? Ou simplesmente teme esta empresa a continuação das investigações e do folhetim mediático? Não sabemos.
    — para um assunto sem relevância criminal alguma, e ainda por cima com provas circunstanciais que acabam de estatelar-se contra a parede das 'despesas de representação', a ambição dos conspiradores foi certamente exagerada, e agora, sobretudo se Seguro ganhar as primárias do PS, Passos Coelho poderá contra-atacar em profundidade até às eleições legislativas, operando a imprescindível limpeza de que o PSD precisa para não colapsar, como colapsou o BES...

quinta-feira, setembro 25, 2014

Soares, o golpista

PASSOS COELHO Esteve no Parlamento na década de 90. Hoje pediu à PGR para investigar esse passado FOTO ILÍDIO TEIXEIRA
 


Vou-me embora, ou dou cabo desta brigada do reumático?


Mário Soares em versão golpista está cada vez melhor. O bluff é redondinho: Ó senhor Passos Coelho saia daí! Ó Tozé, sai daí!

No entanto, das duas uma, ou Passos Coelho é mais frio e calculista do que parece, e a história da Tecnoforma não tem pernas para andar, e então o seguimento da telenovela será um contra-ataque fulminante do PM e do seu PSD contra a Nova Brigada do Reumático (laranja e cor-de-rosa), ou, pelo contrário, ficou estranhamente um rabo de fora que Passos não previu nem consegue agora gerir, e então, teremos mesmo queda do governo ou, em alternativa, a demissão do PM mas a continuação do governo, pois há maioria parlamentar, sendo Maria Luís Albuquerque a próxima primeira ministra.

Passos Coelho poderá sair do governo em nome da transparência e para defender a sua honra, ao mesmo tempo que, num cenário destes, reorganizaria as suas tropas dentro do PSD para uma verdadeira temporada de facas longas...

Este fim de semana vai ser decisivo para o PS e para o PSD, logo, para o regime!

No Barreiro, jamé!

Exemplar de um Post-Panamax

Já imaginaram um bicho destes enterrado nos lodos do Barreiro?


O porto de contentores no Barreiro recentemente propagandeado pelo SET Sérgio Monteiro vai ter a mesma sorte que o célebre novo aeroporto da Ota (NAL). Querem apostar?

No entanto, parece que água mole em pedra dura tanto dá até que fura, sobretudo quando há facas que voam pela calada da noite à procura de um ministro distraído ou mal informado sobre o grave problema dos transportes e da mobilidade de pessoas e carga no nosso país (1).

Ou seja, depois de ter anunciado que o Barreiro acolheria o futuro porto de contentores de Lisboa, o SET Sérgio Monteiro acaba de meter a viola no saco e diz que não tem pressa!
  
SET “sem pressa” para anunciar o terminal de contentores de Lisboa

Mais de um ano e meio sobre a apresentação da Trafaria, o secretário de Estado dos Transportes disse ontem estar sem pressa para anunciar a decisão sobre a localização do terminal de contentores da região de Lisboa, assegurando que não está ainda decidido se fica no Barreiro ou na Trafaria.

... e disse mais:

Sérgio Monteiro, secretário de Estado dos Transportes, adiantou que ainda não está definitivamente decidida a localização do novo terminal de contentores de Lisboa, admitindo porém estudos que apontam para as vantagens do Barreiro em relação às outras três localizações em análise.

"Aquilo que posso confirmar é que o trabalho que a Administração do Porto de Lisboa [APL] tem vindo a fazer com o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) aponta para um conjunto de vantagens da localização Barreiro, face às outras localizações que temos estudado", referiu Sérgio Monteiro. As outras três opções são a Trafaria (Almada), Mar da Palha (entre Vila Franca e Lisboa) e Algés.

De resto, o governante referiu mesmo que apesar do Barreiro ser "mais favorável", a Trafaria prevalece num dos critérios em análise, que o secretário de Estado se escusou a revelar.

"Os próximos meses nos dirão qual é o "timing" da decisão, mas nós não estamos com pressa. Estamos mais focados na geração do consenso do que propriamente num anúncio mais rápido desse investimento", salientou.

No estudo, a APL terá concluído que o Barreiro prevalece sobre a Trafaria em todos os critérios menos na questão ambiental - áreas de reserva florestal ou agrícola. O mesmo estudo mostra que o custo das dragagens no Barreiro é muito inferior ao das acessibilidades na Trafaria.

in T&N News

Escreveu-me quem sabe do assunto (RR): "estes tipos não vão fazer nada", querem apenas ganhar votos no Barreiro — e entalar o atual ministro, acrescento eu.

Fazer um porto no meio de um estuário assoreado, obrigando a escavar o rio Tejo desde a foz até ao Barreiro, nem dá para acreditar!

Lisboa, a região de Lisboa, precisa de cuidar do seu porto, aumentando a sua capacidade e agilidade, e precisa de atingir este objetivo sem atrapalhar o grande centro da cidade-região que é o polígono Lisboa-Almada-Barreiro-Montijo. A solução existe e foi estudada há décadas. Chama-se Fecho da Golada do Tejo, ou seja, a reposição da língua de areia entre a Trafaria e o Bugio, a qual criaria as condições ideais para a construção de um novo porto de águas profundas na Trafaria. Assim se travaria, sem dispendiosas e intermináveis recargas anuais de areia, as praias da Costa da Caparica.

Basta ler esta síntese —O Porto de Lisboa e a Golada do Tejo - 2010 (ou esta versão mais desenvolvida)— para se perceber que o senhor Sérgio das PPP andou até ontem a vender gato por lebre ao seu ministro.

Por fim, as últimas estatísticas da OCDE são muito claras quanto às tendências relativas ao petróleo e seus derivados (base essencial da economia rodoviária): a parte do petróleo no mix energético global tem vindo a decair desde 1973 (e continuará a cair!); por sua vez, a Europa é quem tem vindo a perder mais quota de mercado no novo equilíbrio energético global. Não é pois por acaso que a União Europeia decidiu, penalizar os camiões, e em breve também, os aviões, e apostar milhares de milhões de euros na interoperabilidade ferroviária à escala europeia e na ligação prioritária dos comboios de passageiros, e de mercadorias, às grandes cidades e portos marítimos da Europa (TEN-T Connecting Europe).

Passos Coelho meteu a cabeça na areia, influenciado pelos rendeiros e piratas indígenas. O preço de semelhante corrupção da Política será o escândalo que se seguirá ao do endividamento excessivo criminosamente promovido pela generalidade dos protagonistas da democracia populista falida que temos.



Key World Energy Statistics by OECD, 2014
OECD total primary energy supply (excludes electricity trade) from 1971 to 2013 by fuel (Mtoe)

Key World Energy Statistics by OECD, 2014
OECD total primary energy supply (excludes electricity trade) from 1971 to 2013 by fuel (Mtoe)


ATUALIZAÇÃO

A destruição recorrente da Praia da Caparica é consequência da retirada maciça de areia da golada entre o Farol do Bugio e a zona da Trafaira, Cova do Vapor e Costa da Caparica. Esta deslocação de areias para a margem esquerda do Tejo, entre Belém e Algés, ocorreu a década de 1940.


Só hoje, 13/10/2014, lemos este documento fundamental e corajoso, que publicamos sem mais comentários.

CARTA ABERTA
Exmº Senhor Dr. Sérgio Silva Monteiro
Secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações
Lisboa, 29 Setembro 2014

Assunto: UM POSSÍVEL (ou INADMISSÍVEL) TERMINAL DE CONTENTORES NO BARREIRO   

Um terminal marítimo novo deve ser construído (localizado) essencialmente de acordo com os navios que se pretendem nele acostar.

Não se implementa em função da localização das vias de comunicação (férreas e rodoviárias) ou de outras instalações já existentes, mas são estas que se deslocarão (construirão) para o local escolhido por opção dos navios.

No caso dum novo terminal de contentores, a construir no porto de Lisboa, põe-se igualmente a questão primordial: que navios se pretendem lá atracar?

Na actual política do transporte marítimo de contentores é por todos sabido que tal tipo de transporte tem procurado rentabilizar os custos da movimentação de contentores na base de grandes navios (com milhares de TEUS por unidade) que nos últimos anos alcançaram dimensões jamais vistas em navios mercantes. Não só por essas elevadas dimensões, como pelos grandes custos operacionais/hora.

O que resultou, por todo globo, na construção de novos terminais a eles destinados (segundo as directivas da MARADA  USA Administration e do CORNELL GROUP Inc. USA – note-se que o contentor nasceu neste país em 1956, o qual foi o primeiro a construir novos e amplos terminais fora das áreas dos grandes portos, em zonas amplas e livres de grande urbanismo) posicionados o mais próximo das entradas dos portos em águas profundas, se não mesmo nas fachadas oceânicas.

No estudo daquelas duas organizações recomenda-se que um terminal moderno deverá ser implementado num local onde possa ser possível permutar as cargas internacionais, (importações e exportações) por via de grandes navios oceânicos, com as cargas domésticas, com destinos internos ou em “transhipment”, por via de menores navios.                                                                                                                            

Nestas premissas, a escolha do Barreiro não parece ter:

1—Grandes profundidades (calados acima dos 14 metros) para o acesso e manobra dos grandes navios “Triple-E” ou até mesmo os “Post-Panamax”.

2—Possibilidade de grande movimento de “transhipement” entre aqueles navios e os menores.

3—A satisfação dos armadores, transitários e carregadores na rentabilização económica entre as cargas internacionais e nacionais.

4—Espaço de manobra para grandes e potentes rebocadores operarem em simultâneo com os grandes navios.

5—A possibilidade duma frente de cais mínima de 1.000 metros (atracação de dois grandes navios) que permita a instalação pelo menos de 6 pórticos.

6—As condições de segurança que teria um terminal próximo da barra evitando a navegação cruzada com todas as rotas de cacilheiros e ferries que se processa entre as duas margens do Tejo (nunca esquecer o desastre do cacilheiro “Tonecas” abalroado em 19 Dez 1938, no qual se registaram mais de 30 passageiros mortos).

7—As melhores condições para minimizar as emissões de gases nas áreas portuárias, provenientes dos navios (SOx,  NOx, ODS e VOC) e dar satisfação às normas aprovadas em Julho de 2011, apensas ao Anexo VI da Convenção MARPOR. Porque ao deslocar os navios das áreas de entrada do porto, para áreas interiores tais condições não são minimizadas mas maximizadas.

Condições já agravadas com a deslocação dos paquetes de Alcântara e Rocha para Santa Apolónia. (as directivas ambientais continuam “coisa” de 2ª classe…)

E por fim, a economia do transporte marítimo será agravada porque:

1—Quer o local quer os canais de acesso terão que sofrer não só grandes dragagens iniciais (largos milhares de m3 de lodo muito contaminado—e para onde removê-lo?) para aprofundar e alargar os acessos actuais, como continuas dragagens de manutenção dos fundos num rio de forte e constante assoreamento.

2—Os custos dessas grandes dragagens iniciais serão elevadíssimos—certamente superiores aos custos de 40 km de via férrea nova.

3—As dragagens constantes imporão taxas de dragagem sobre a navegação (noto que nos anos 50 a 70 o canal da Matinha, que dava acesso aos petroleiros, na preia mar, para Cabo Ruivo, era constantemente dragado, o que onerava os custos do petróleo ali desembarcado—fomos várias vezes pagadores desses custos em nome da SOPONATA)

4—Mesmo com os canais dragados a maior parte da navegação terá de ser feita com águas altas, sem grandes correntes atravessadas, o que implicará mais custos de estadia.

5—Os navios necessitarão, por via da limitação dos espaços, de mais rebocadores com maior potência e mais tempo na sua utilização.

6 —Haverá mais tempo de navegação entre a entrada da barra e o cais final (um grande navio custa cerca de 2 mil dólares/hora).

7—Haverá mais horas no serviço de Pilotagem.

CONCLUINDO: É nosso entender que, de acordo com os itens referenciados, a escolha do Barreiro será uma ruína para o transporte das mercadorias em contentores, originará uma navegação mais perigosa e onerosa, e não fará o país crescer, que necessita como de pão para a boca.

Em nossa opinião um novo terminal, no porto de Lisboa, deve trazer mais riqueza futura à economia do transporte marítimo, e não mais encargos, pelo que o local mais recomendável será implementá-lo sobre a Golada do Bugio reconstruída.

Solução—de há muito solicitada pelos técnicos no assunto— que, pensamos, não só eliminaria os riscos dos itens acima referenciados como resolveria cinco graves problemas duma vez:

1—Restaurar a Golada destruída pelas dragagens nos finais de 40.

2—Restaurar o estuário do Tejo às condições anteriores a essa época.

3—Travar a destruição da Caparica.

4—Travar o assoreamento da Barra Grande.

5—Travar a deslocação dos baixios – recentemente mais assoreados pelas areias levadas da Caparica— ao largo da Barra para sobre o eixo daquela.

Para lá destes graves problemas solucionados, a localização dum novo terminal na entrada do porto de Lisboa acrescia as vantagens:

1—Menos poluição atmosférica nas áreas interiores do porto, em especial nas margens mais urbanizadas.

2—Menor risco de acidentes por evitar o cruzamento da navegação local.

3—Com a vinda da ferrovia para costa da Caparica poderia transformar esta zona num nova “Linha de Cascais”.

4—Possibilitar uma extensão de cais superior a 2.000 metros (que poderá ir até 4.000 na direcção de Almada) e instalação de 16 pórticos a permitir atracação simultânea de 4 grandes navios.

5—No caso de acidente, que origine derrame de hidrocarbonetes, menos poluição nas águas interiores do estuário e mais facilidade aos meios de a combater e eliminar.

Mas por certo a decisão Governamental irá ser tomada após ouvidos pelo menos os Técnicos do Porto de Lisboa, os Engenheiros Construtores Portuários, os Pilotos da Barra, os Armadores, os Capitães dos Navios, os Transitários, os Engenheiros Hidrógrafos da Marinha e os Ambientalistas, e se estivermos errados pedimos desde já as nossas desculpas a Vª Exª pelo precioso “tempo que vos ocupámos”.

Com os nossos cumprimentos, atenciosamente,

Joaquim Ferreira da Silva
(Capitão da Marinha Mercante)

Membro da Secção Transportes da Sociedade de Geografia
Membro Emérito da Academia de Marinha
Membro da Confraria Marítima de Portugal
Membro dos Amigos do Museu de Marinha.
Presidente da Fundation TECNOSUB – Terragona.
Ex- Director da Escola Náutica.
Ex- Director de Projectos Formação Pessoal da Organização Marítima Internacional (ONU)
Ex- Secretário Geral do CILPAN

NOTAS

  1. Miguel Sousa Tavares fez ontem mais uma triste figura na SIC mostrando um desenho em que supostamente defendia que um porto tem que estar condicionado à rede ferroviária, quando é precisamente o contrário! O porto de Sines existe porque é um porto natural de águas profundas, e a ferrovia é que, obviamente, terá que adaptar-se à localização do porto. Neste caso, terá mesmo que colocar carris com bitola europeia se quiser que os contentores e os graneis viagem para lá de Badajoz sem a chamada rotura de carga, i.e. sem forçar as mercadorias a mudarem de comboio em Badajoz, para seguirem viagem até ao destino.

    E a propósito da cegueira oportunista deste governo em matéria de ferrovia (uma cegueira obviamente comprada pelo BES e pelos Mota, Coelhone e Outros Piratas Lda.) convém repetir que corremos o sério risco de em breve nos transformarmos numa ilha ferroviária.

    Senhor ministro da economia, fale com quem sabe e deixe de ouvir o condottieri Monteiro!

    Em breve todas as linhas ferroviárias, de passageiros, carga ou mistas, que se dirigem a Portugal serão apenas compostas de carris assentes com bitola UIC (vulgo europeia) e correspondentes sistemas de eletrificação, sinalização e prevenção de acidentes, o que tornará inviável o trânsito de comboios portugueses em Espanha. A ideia de que os 'nossos' comboios poderão usar eixos telescópicos é uma fantasia sem futuro e que, no caso do transprte de mercadorias, é pura e simplesmente impossível ou incomportavelmente caro.

    Não demorará sequer meia dúzia de anos para que o transporte ferroviário português de pessoas e mercadorias fique completamente isolado na sua rede de bitola ibérica, entretanto descontinuada em todas as ligações de fronteira entre Espanha e Portugal.

    A UE tem vindo a investir vultuosos fundos na ferrovia que Portugal deitou ao lixo. Ficaremos, pois, cada vez mais dependentes do novo sistema ferroviário espanhol, em Badajoz, Salamanca e Vigo, pois os nossos próprios portos perderão competitividade para os portos espanhois entretanto interoperáveis com a nova rede europeia de transporte ferroviário em bitola UIC. A rodovia, cada vez mais penalizada pela carestia dos combustíveis líquidos (ler o recém publicado Key World Energy Statistics by OECD, 2014) e por taxas anti-poluentes agravadas (ver o caso francês recente) tornarão as nossas exportações menos competitivas.

    Como escrevia recentemente quem sabe mais do que nós sobre ferrovia...

    “O único projecto compatível com as redes transeuropeias (CEF) e em condições de poder ser candidatável a estes fundos europeus, agora novamente anunciados pela UE, beneficiando de co-financiamento (fundo perdido) na ordem dos 85 % (os restantes 15 % podem ser financiados pelo BEI e rapidamente devolvidos pelo Estado Português—logo que cobre os impostos e taxas associados a esta obra) é o projecto da linha Poceirão-Caia e sua extensão até Sines, já considerado pela ELOS. Há que esclarecer que não se trata de uma “linha TGV”, mas sim de uma linha de bitola europeia ligando Lisboa e Sines directamente ao centro da Europa, concebida para tráfego misto de mercadorias e de passageiros, este último classificado no tipo 1 da alta velocidade (= ou > 250 km/h).

    Receio bem que, por desleixo deste e do anterior governo, já não haja tempo para preparar a candidatura de uma 2ª linha (Aveiro-Vilar Formoso), também incluída nas redes transeuropeias, logo com o mesmo nível de financiamento.
    E muito menos seremos capazes de apresentar um projecto credível, como regulamentarmente é exigido, relativamente à futura linha Lisboa-Porto, a 3ª componente do Corredor Atlântico, um dos 9 que compõem o “core” das redes ferroviárias transeuropeias.

    Lá se vai, pois, um bom contributo para a melhoria da competitividade nacional e seu efeito na economia, bem como uma excelente oportunidade para a redução da importação de combustíveis fósseis e da consequente emissão de gases indesejáveis.  Será que os autores (ou mentores) do “compromisso para o crescimento verde” pensaram nisto?  Ou ficam satisfeitos com a mera cobrança de impostos?” — LS
Última atualização: 13/10/2014, 19:22 WET