O New Deal chinês e o renascimento da Rota da Seda
Zeng, the guy who told me [in 1984], ‘I be bank!’ is one of the Shanghai gang, the guys who basically decided, after hanging out in Manhattan, they wanted to take Manhattan and Staten Island, too. And I expect, when the WTC II is finally finished, they will take over that, too. And not let anyone wreck it, too. Culture of Life News
Em 2015, seiscentos anos depois do início da expansão ultramarina da Europa (conquista de Ceuta pelos portugueses: 1415), a China é o Novo Banco Mundial, ou seja, o império americano acabou e vem aí uma espécie de globalização em rede, sem império. Pacificar o inferno que a velha ordem criou no Mediterrâneo e no Médio Oriente é a prioridade das prioridades para acelerar esta transição ainda cheia de perigos.
Os investimentos chineses em Portugal, como sempre defendemos, são um bom augúrio desta nova realidade. Portugal foi considerado como um dos pilares do acesso chinês à Europa e ao mundo lusófano. Na realidade, o seu compromisso histórico com esta praia à beira-mar plantada apenas está a dar os primeiros passos.
Pergunto: quando é que se abre uma escola de chinês (mandarim) em Carcavelos—a Babélia de areia e mar, entre Lisboa e Cascais, onde vivo há quarenta e dois anos?
Apesar dos destroços demasiado visíveis da crise resultante da pré-bancarrota 'socialista', a verdade é que a corrida para transformar Portugal numa plataforma comercial, turística e diplomática de primeira água, já começou.
Estarei mais otimista? Não. Apenas mais atento, como os nossos amigos do GEAB
Veja o mapa que desenhámos há já algum tempo, e entretanto atualizado, com a inclusão da Nova Rota da Seda.
O crash mundial não irá acontecer
Os nossos leitores sabem bem como nos
inquietámos no ano passado sobre a possibilidade do Ocidente se fechar
sobre si mesmo. Há 3 meses que retomámos o fio das nossas expectativas
sobre a emergência de um mundo multipolar, sobre os desafios colocados
pela sua organização, sobre os obstáculos à sua concretização e
desenvolvimento. Com o acordo iraniano, o mundo tornou-se de repente
emocionante… em que os problemas que se apresentam são sobretudo
desafios a ultrapassar e não ameaças de morte. As soluções existem.
E estes problemas são inúmeros : o desgaste provocado pela crise
sistémica global que deve ser reparado em conjunto como um problema
estrutural. Mas a máquina foi reiniciada e é global pela primeira vez na
história. Esta passagem de um mundo ocidental para um mundo global
confrontou finalmente os problemas de canalização : uma só moeda assente
sobre a pequena economia nacional dos Estados Unidos, mercados
financeiros desadequados ao tamanho dos seus fluxos, instituições
internacionais incapazes de integrar as novas realidades globais… Por
isso, os BRICS arregaçaram as mangas e criaram as condições para a
reinvenção de um sistema monetário internacional multidivisas, mercados
financeiros verdadeiramente globais (com inovações como a ligação das
duas praças financeiras, Xangai e Hong Kong[6],
sem falar da rede de transacções em yuans que se estende já pelo
mundo), bancos multipolares ou mundiais como o banco dos BRICS ou o
recente Banco Asiático de Investimentos em Infraestruturas, em relação
ao qual os países europeus, depois de terem desdenhado o Banco dos
BRICS, se apressam-se agora a aceitar o convite dos Chineses (primeiro
Londres, seguido de Paris, Roma e Berlim) [7]… ao ponto de os Estados Unidos, depois de terem repreendido os Europeus pelo seu entusiasmo[8], se terem visto obrigados a demonstrar alguma vontade de cooperar[9]. Mesmo Israel, que se fez cortejar pelo AIIB durante as negociações com o Irão, decidiu apresentar a sua candidatura[10].
Faltava a toda esta genialidade o terreno de aplicação. A Rota da Seda fornece a
primeira trama. O mundo multipolar está por construir, os biliões e
biliões que circulam pelos mercados financeiros ocidentais, vão de novo
ter onde pousar. Como vimos, é um verdadeiro New Deal o que nos propõem
os Chineses, mas desta vez mundial. O Ocidente inventou a globalização
mas é a China, e os BRICS que completam o processo e concretizam a
globalidade…
2015 – O crash mundial não irá acontecer | GEAB