sexta-feira, outubro 06, 2017

A morte do PCP

Há uma vertente obviamente religiosa no PCP

Passos Coelho soube gerir a favor do PSD a derrota eleitoral em Lisboa. Jerónimo e a gerontocracia comunista ainda não acordaram.


Na realidade, estas eleições autárquicas assinalam o primeiro dia do resto da vida do PCP, que nunca mais será a mesma.

O declínio sindical e autárquico dos herdeiros de Cunhal é visível há já alguns anos. Basta reparar nas percentagens eleitorais que deslizam de forma consistente, basta observar a perda de sindicalizados na CGTP, basta analisar a ilegitimidade e mesmo legalidade duvidosa crescentes das suas lutas e sobretudo provocações de rua. Basta avaliar, agora, as razões de desespero que em 2015 levaram Jerónimo de Sousa a entregar o partido a António Costa, acreditando ingenuamente que o líder do PS era um homem de esquerda.

A Geringonça vai durar enquanto houver crédito externo, mas passará a caminhar manca de comunistas e aos ziguezagues. Houve um verdadeiro assalto aos bastiões do PCP, e quem o corporizou foi António Costa. Depois de meter o PCP parlamentar no bolso, não resistiu a papar-lhe as autarquias históricas—Almada, Barreiro, Alcochete e Évora—, aumentando também a maioria que já obtivera em Beja, e diminuindo ainda drasticamente a diferença que separa o PS do PCP nas restantes autarquias comunistas. Pior era impossível. Foi aliás esta hecatombe que levou António Costa a inventar a farsa da grande derrota do PSD, que o líder laranja aproveitou, para sair de cena, deixando espaço ao seu partido para se recompor.

Ou seja, António Costa deu, como já escrevi, uma verdadeiro abraço de urso a Jerónimo de Sousa. Mas o pior é os comunistas não terem saída fácil do buraco onde cairam. Para já, terão que aprovar o Orçamento, contenha este o que contiver, pois caso não o façam, e como Costa quer, lá se vão os pelouros em dezenas de câmaras onde o PS domina. Ou seja, se não engolirem todos os sapos do Orçamento de 2018, a derrota autárquica será ainda maior! E se ocuparem as ruas, para esconder o óbvio, as próximas legislativas serão uma espécie de golpe de misericórdia numa agremiação pré-histórica e sem emenda.

quinta-feira, outubro 05, 2017

A vitória da farsa


Parar para pensar...


... PS não só perdeu a maioria na Câmara como teve menos 10% dos votos, metade dos quais terão ido para o BE enquanto o PCP ficou praticamente igual. No concelho de Lisboa, a «esquerda» junta teve 57% em 2017 quando tinha tido 61% em 2013.... 
in Manuel Villaverde Cabral, Observador, 5/10/2017)

PPC deixou a corja do seu partido e as esquerdas alegres a falarem sozinhas. É bem feita!
As esquerdas, endogâmicas e oportunistas, convém alertar os mais distraídos, ou mais medrosos, atingiram o seu pico eleitoral. Não conseguem mais, nem com trombetas e toda a imprensa indigente no bolso. Ou seja, a partir daqui, a prova dos nove do que afinal as esquerdas são capazes, e é quase nada, vai traduzir-se negativamente nos seus próximos resultados eleitorais. Basta olhar para o buraco onde o PCP já caiu, e a inexistência local dos bloquistas. Em breve, se os populistas quiserem continuar a endividar o país, já não terão, nem Draghi, nem Totta! A sua esperança de vida começa a encurtar-se rapidamente.

Vai ser preciso uma abordagem da Política radicalmente nova. Se tivermos sorte, uma parte do atual espetro partidário e sobretudo novas energias sociais acabarão por mudar um regime que já só vive para manter a sua burocracia e os cleptómanos que dele se apoderaram.

Confederação Ibérica



O problema já não é se..., mas quando...


...e se, para lá chegar, os espanhóis irão passar por mais uma tragédia, com as profundas cicatrizes que sempre deixam, ao longo de várias gerações, no subconsciente dos povos.

Uma União Espanhola, uma união voluntária das nações espanholas, como existiu desde os Reis Católicos até à invasão napoleónica, que impôs a primeira constituição aos espanhois estabelecendo o princípio de um só estado, uma só soberania, uma só nação, seria uma maneira perfeitamente pacífica e produtiva de sair do funil histórico para onde os dois principais partidos do país (populares e socialistas), por absoluta inabilidade, estão a levar milhões de pessoas, para quem a Espanha negra nunca existiu, ou era já uma recordação ténue.

Uma União Espanhola seria melhor do que uma federação, pois definiria o perfil soberano de  cada autonomnia que optasse pela independência.

Por fim, quando o processo espanhol estabelizasse, poderíamos pensar numa Confederação Ibérica, incluindo Portugal, ou seja, poderíamos caminhar paulatinamente para uma parceria de estados soberanos em nome de uma convergência regional e ultramarina com pergaminhos históricos evidentes.

Os tempos que se aproximam serão muito exigentes. Seja por efeito das alterações climáticas, seja por efeito dos picos demográfico e energético, as tensões sociais, económico-financeiras e políticas tenderão a avolumar-se exponencialmente. As crises migratórias, mas também as tendências nacionalistas e populistas (de direita e de esquerda) evidenciam por toda a parte a sua imparável emergência. Só o bom senso, e sobretudo o conhecimento efetivo das causas que realmente nos afligem, poderão evitar o pior.

Pelo que conheço da história europeia e pelos meus amigos espanhóis, formulo aqui um desejo sincero e veemente: que a crise catalã deixe de ser uma coisa má para todos, e se transforme numa coisa boa para todos!

Monarch falida


Numa economia virtual as Low Cost não teriam fim. Na economia real  têm!


Os aviões são um negócio que perde ou ganha pouco dinheiro. O negócio principal está nos aeroportos.

Por causa desta debilidade estrutural, o transporte aéreo de passageiros tem sido altamente subsidiado pelos governos, direta e indiretamente. Ou seja, os governos, e portanto os países, endividam-se por conta das suas ditas companhias de bandeira. Por outro lado, os governos praticamente isentaram as companhias aéreas de impostos sobre os consumos astronómicos de petróelo fino de que necessitam para voar.

A isto acrescem agora três novas causas da inviabilidade a prazo do transporte aéreo para todos:
  • o fim anunciado da expansão monetária promovida desde 2008 pelos bancos centrais americano, europeu e japonês, 
  • a mortalidade natural dos turistas reformados, que não são integralmente substituídos por novos idosos, porque estes últimos estão a ver as suas pensões a desaparecer. 
  • e, por fim, a destruição das classes médias, atualmente em curso.
O futuro pertencerá mais ao Skype, ao Facebook, e à Amazon, do que propriamente às companhias aéreas.

Já agora, acrescente-se: a TAP voltou a ter grandes prejuízos que se vão somar à sua tão gigantesca quanto dissimulada dívida (pública) acumulada.

Não é por acaso que se vislumbra uma nova guerra social no horizonte.

terça-feira, outubro 03, 2017

O António Maria e o PS




A quem me lê


O PS teve nestas Autárquicas 1.956.703 votos
O António Maria ultrapassou hoje 1.500.000 visualizações. Deixem-se sorrir por um dia!

Grão a grão, sem outra motivação que não seja pensar o meu país e o mundo de forma desinteressada, sem depender do dinheiro alheio, nem de ambições ou obsessões partidárias, sem subserviência diante seja de quem for, sem cartas escondidas, procurei e continuarei a procurar perceber o que se passa.

O mundo mudou. Os riscos e os perigos crescem por toda a parte. Decorrem, principalmente, do fim próximo das energias baratas, do pico demográfico mundial e do envelhecimento populacional, das alterações climáticas induzidas ou não pela ação humana, da queda tendencial da procura agregada mundial, dos novos equilíbrios fomentados pelo terror, da falência dos estados, da destruição das classes médias, dos autoritarismos populistas que, à direita e à esquerda, renascem como cogumelos numa madrugada de outono.

Portugal não está bem, mas está melhor que a esmagadora maioria dos países deste planeta. O nosso sistema político e constitucional, e o nosso sistema partidário, apesar de os fustigar quase diariamente com críticas e avisos, gozam de equilíbrios, quase naturais, invejáveis. As últimas eleições mostraram claramente que os eleitores portugueses são tolerantes e gostam da democracia que temos. Podemos e devemos melhorar a transparência das instituições e dos órgãos de poder, podemos e devemos ter uma administração pública mais eficiente, e sobretudo mais próxima dos cidadãos*, podemos e devemos ajudar quem produz e cria, podemos e devemos continuar a defender a Europa, podemos e devemos ajudar os nossos amigos espanhois a ultrapassar o regresso, muito grave, de uma crise de identidade velha de muitos séculos. Portugal está a perder população, a qual, por sua vez, tem vindo a envelhecer rapidamente. Em breve teremos que criar condições favoráveis a uma imigração criteriosa, oriunda sobretudo da Europa e dos países que falam a nossa língua e não ofendem a nossa religião dominante.

Estamos a iniciar uma metamorfose cultural profunda. É fundamental conhecê-la.

Obrigado por me lerem, E obrigado pelos comentários, quase sempre privados, que me impediram até hoje de terminar um projeto incialmente previsto para não durar mais de 500 posts. Esta é a mensagem 2316.




* Uma das propostas de António Costa que nunca critiquei e aplaudo é a de fortalecer o poder autárquico, dando-lhe mais poderes e mais meios. As câmaras municipais e as juntas de freguesia são o sal da nossa democracia. As Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto devem caminhar para verdadeiras cidades-região. Se preciso for, para atingir este desiderato, recorra-se ao referendo, para conhecer a vontade popular sobre este passo de coordenação e eficiência. É no entanto no reforço de poderes e meios das freguesias que reside, mesmo nas grandes cidades, o essencial desta pequena revolução institucional. Basta pensar nos incêndios deste verão em Portugal, ou nas tragédias climáticas que têm atingido o continente americano, mas também Àfrica, a Indonêsia, China, etc., para concluirmos que é fundamental e urgente transformar o poder democrático numa malha fina capaz de decidir de forma decidida e transparente sobre a multiplicação dos riscos imprevistos, sobretudo ecnómicos, financeiros e climáticos, que vieram para durar.

segunda-feira, outubro 02, 2017

As saudades que o PCP vai ter da direita!




Títulos para uma imprensa sem imaginação


António Costa deu um abraço de urso ao PCP

Avisei: PCP ou forçava uma coligação, ou morreria nos braços 'das esquerdas': PS e BE

Avisei: dividir o país entre esquerda e direita seria mau para a esquerda...

Se este PS durar no poder duas legislaturas, o PCP desaparece

O declínio em Beja, a perda de Loures e os coices de Almada e Barreiro ditam o crepúsculo do PCP

As perdas eleitorais do PCP são estruturais. Desenganem-se os beatos da ortodoxia!

Quem derrotou o PCP em Peniche foi o ex-PCP

O PCP morreu de velho

O PCP está a morrer nas cidades, mas no Alentejo também!

As saudades que o PCP vai ter da direita!

O problema dos jovens do PCP é que são velhos :(

Qual o preço da greve na Autoeuropa? Uma hecatombe autárquica no PCP

O PS não ganhou o Porto e perdeu a maioria em Lisboa. Vitória? Só se for sobre o PCP

Medina: menos 3 vereadores

Não é Passos Coelho que está mal, mas o PSD, que sofre do mesmo atavismo que o PCP

Cristas, a principal vencedora

Quatro vencedores com significados distintos: PS, Rui Moreira, e Isaltino de Morais

Independentes e partidos urbanos jovens alteram paisagem partidária

Nem a esquerda subiu tanto, nem a direita caíu a pique: ~51% vs ~45%

Em suma:

PS de Seguro, Lisboa, 2013: 50,91%
PS da Geringonça, Lisboa, 2017: 42,02%

AVISO: empresas de sondagens e agências de comunicação perdem credibilidade todos os dias

ATUALIZAÇÃO | RESULTADOS FINAIS (comentário)

Só o PCP levou um valente coice (eleitoral) do PS.
O PS subiu, mas poucochinho: 2013: 36,26% (923); 2017: 37,82% (929)
O Bloco começou a comer, também, o eleitorado do PCP.
Os independentes vieram para ficar, e crescer.
Costa meteu o PCP e a imprensa no bolso :(

2013 | 2017
PS: 36,26% (923) | 37,82% (929)
PSD: 16,70% (531) | 16,07% (493)
PCP: 11,06% (213) | 9,46% (171)
Independentes: 6,89% (112) | 6,79% (130)
CDS: 3,04% (47) | 2,6% (41)
BE: 2,42% (8) | 3,29% (12)
PS + coligações = 923 | 968
PSD + coligações: 817 | 733
CDS + coligações: 51 | 53
PCP: 213 | 171
Independentes: 112 | 130

Ver resultados finais, para afastar o lixo mediático dos últimos dias...
SGMAI

Atualizado em 4/10/2017 23:23 WET

sábado, setembro 30, 2017

Marcelo promove geringonça autárquica

Uma no cravo, outra na ferradura, quadratura do círculo, geringonça, Marcelo!


Uma nota presidencial escusada, para não dizer de apoio a António Costa


Nota da Presidência da República
Como é evidente, o Presidente da República não apoia nenhuma candidatura eleitoral e reprova qualquer tentativa de aproveitamento ou manipulação da sua posição.
Esta tarde, quando se dirigia da Igreja do Loreto para Belém, cruzou muitos lisboetas em diversas ações de campanha, de pelo menos três partidos, que saudou como sempre faz; quando estava no carro parado no trânsito, cruzou uma quarta candidatura, tendo a cabeça de lista atravessado a rua para o cumprimentar. Nada neste encontro autoriza qualquer interpretação de apoio específico.

Toda a gente sabe que o presidente da república, Marcelo Rebelo de Sousa, só presta o seu apoio diário à Geringonça, bem como a qualquer asneira que esta, ou os seus subscritores, façam: Pedrógão Grande, Tancos, Autoeuropa, Sindicato dos Enfermeiros, e o que aí vem.

Toda a gente sabe que Marcelo tem um fraquinho oportunista pelo pândego furioso António Costa, ou seja, que apoia sem a necessária e institucional distância o PS, o PCP e o Bloco de Esquerda, sendo que o PCP e o Bloco defendem a saída de Portugal da zona euro, e da NATO. E o PS, PCP, e Bloco, não se cansam de morder diariamente as canelas do regime angolano.

Os falidos e cada mais indigentes meios de comunicação social que temos, e as invisíveis agências de comunicação pagas a peso de ouro que os alimentam e dirigem, aproveitam qualquer coisa para fazer escândalo e assim exibir algum share aos anunciantes.

Acontece que esta estratégia desmiolada já transformou a velha comunicação social que temos numa espécie de pornografia sem graça, nem erotismo.

Do futebol obsessivo, aos 'reality shows' dementes, passando por concursos grotestos e a captura dos canais de debate político pela nomenclatura partidária, tudo vale para manter um sistema político institucionalmente esgotado.

A crise é tanta que deputados (nomeadamente europeus!) e autarcas, ex-deputados e ex-ministros, se esgadanham e multiplicam por jornais, revistas, rádios e televisões, na qualidade de comentadores (incrível, não é?), como se não fosse óbvio para qualquer chofer de táxi o peixe que invariavelmente servem.

Este é o verdadeiro estado de uma nação agarrada a riquexós motorizados a que chamam Tuk Tuk, procurando assim disfarçar a verdadeira natureza desta meia-escravatura: neoliberalismo dos pobres e endividados, dominado por um estado clientelar, corrupto, corporativo e autoritário que regressa subrepticiamente sob o manto diáfano das dita esquerda.

Enfim, é tudo isto que o atual presidente da república, Marcelo Rebelo de Sousa, acarinha em nome das suas próprias fantasias infantis realizadas.

Teresa Leal Coelho recusou ter falado em apoio, elencando que “aquilo que aconteceu foi uma troca de palavras simpáticas, afetuosas”. 
“Havia um meio de comunicação social presente e que interpretou como uma palavra de apoio. Aquilo que eu disse é que foi uma palavra amiga”, referiu a candidata, acrescentando que “a palavra apoio não foi referida”. 
JN

Mas vamos à falácia da nota presidencial:

—se desautoriza, como desautorizou, a candidata autárquica por Lisboa do principal partido português, ainda que na Oposição, qual é a única conclusão que se pode tirar, sabendo-se que a alternativa ao PSD em Lisboa se chama PS, ou PS+Bloco, ou PS+Bloco+PCP? Não é preciso apostar no Euromilhões para chegar a uma conclusão, ou é?

A incontinência verbal de Marcelo é mais aparente do que real, e é mais oportunista do que estratégica. Basta escutar cuidadosamente os seus silêncios, e os seus ses. Por exemplo, a propósito da greve que o PCP promoveu na Autoeuropa, ameaçando os investimentos alemães em Portugal, ou as reticências legalistas exibidas na abordagem da greve dos enfermeiros. Não defendeu a Geringonça, contra os austeritários da direita, o regresso das 35 horas à Função Pública? Então?

Para memória futura.