quarta-feira, abril 08, 2015

Espanha recupera, Portugal patina

O famoso touro da Osborne

Esquerda poderá ficar sem argumentos até às eleições


Economia da Zona Euro acelerou em Março impulsionada pela Espanha, Alemanha e Itália
07 Abril 2015, 11:54 por David Santiago — Negócios

Apesar de referir que ainda não é possível afiançar que a Europa se encaminha para uma recuperação económica robusta, a Markit nota que a região passa pelo melhor momento de recuperação em quatro anos.

Uma medição, também da Markit, para novas as encomendas feitas aos sectores dos serviços e indústria aos 19 membros da Zona Euro mostra que estas cresceram para o valor mais alto dos últimos quatro anos. O Guardian explica que o sector privado impulsionou a melhoria das condições económicas da Zona Euro em Março.

A liderar os contributos para o aceleramento do índice PMI esteve a Espanha, onde o PIB terá avançado entre 0,7% e 0,8% no primeiro trimestre deste ano segundo a Markit. O índice PMI espanhol avançou de 56,2 pontos em Fevereiro para 57,3 pontos no mês anterior.

Também as economias da Alemanha e da Itália aceleraram em Março, atingindo máximos de oito meses ambos os casos. Já a França foi mesmo a única das quatro maiores economias do euro a verificar um abrandamento em Março, isto apesar de os dados compilados pelo índice PMI sugerirem que o PIB gaulês cresça 0,2% no primeiro trimestre deste ano.

Ainda a ilha ferroviária como explicação para o mau desempenho da coligação

Espanha é o nosso maior cliente comercial (também no domínio do turismo), mas os fracos e sobretudo os piratas que nos governam (do PS, do PSD, do CDS e até do PCP) resolveram transformar o país numa ilha ferroviária para satisfazer os rendeiros e devoristas do novo aeroporto que afinal borregou com as consequências desastrosas que se conhecem, nomeadamente para a TAP e para a SATA.

É que convencer as audiências e o eleitorado da necessidade urgente dum NAL (Novo Aeroporto de Lisboa) passava por 'demonstrar', com o auxílio dos adiantados mentais que dominam a indústria de estudos no país, que a Portela estava a rebentar pelas costuras. Sem forjar esta prova não haveria argumentos suficientes, nem sobretudo as preciosas receitas dos terrenos da Portela para construir o NAL. Olhando para a Alta de Lisboa percebe-se claramente que fora essa a promessa que alguém do PS fez a Stanley Ho.

Para tornar a coisa verosímil foi necessário que a TAP aumentasse o número de rotas, encomendasse aviões à dúzia (12 Airbus, A350-900), deixasse correr a hemorragia da ex-VEM (entretanto rebatizada TAP Maintenance & Engineering), e mantivesse na empresa mais de 10 mil funcionários, trabalhadores e administradores, como se não houvesse no ar um fenómeno novo chamado Low Cost. O endividamento incomportável da empresa foi o preço desta operação clandestina.

Tendo este cenário presente é também evidente que um 'TGV', ou um 'AVE', a demorar 1h45mn entre Madrid e Lisboa, não convinha nada aos planos do Bloco Central do Betão e da Corrupção. Se já era difícil provar a saturação da Portela, no momento em que seis ligações ferroviárias de alta velocidade pusessem em rede as regiões de Lisboa, Madrid e Sevilha, o NAL cairia imediatamente. Caiu na mesma, mas a prova de que os seus conspiradores têm ainda muito poder reside no facto de terem conseguido impor a Pedro Passos Coelho o seu plano. Na ferrovia, como na energia, a coligação continua a reboque dos rendeiros e piratas do regime.

Os cálculos da cleptocracia indígena saíram, porém, furados.

A TAP está falida, e a SATA não se aguenta. As novas ligações ferroviárias acordadas com Madrid e Bruxelas aguardam melhores dias. Os sound bites de Sérgio Monteiro não passam de sucessivos números de prestidigitação de feira.

A Espanha tem hoje um importante 'cluster' ferroviário.

Portugal teria criado ou recriado a sua abandonada indústria ferroviária, se estivesse, como deveria, empenhado na construção da sua nova rede ferroviária de bitola europeia, para mercadorias e para passageiros. A economia de ambos os países somaria, em vez de, como neste lamentável caso, subtrair.

Quando é que percebemos que o crédito automóvel é mais uma bolha que irá explodir (em breve) nos saldos bancários?


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1 comentário:

Zephyrus disse...

Ora já nos idos anos 80 Espanha estava muito à frente de Portugal.

Os portugueses estão agora deslumbrados com o surto de turismo, dos últimos anos, em boa verdade muito motivado pelas low cost, mas já nos anos 80 Espanha dava cartas em todos os tipos de turismo, enquanto nós tínhamos apenas os mamarrachos do Algarve e a Madeira.

Recordo que no Sul nos anos 80 a agricultura espanhola já estava muito modernizada, e havia técnicas e variedades que só chegaram a Portugal em anos recentes. Os algarvios estão agora a voltar-se para as estufas de framboesa, mas os espanhóis já têm estufas em Almeria há décadas.

O meu avô foi produtor agricultura nos anos 80 e 90 e trabalhou com espanhóis, introduziu variedades e métodos que ainda hoje muitos produtores não têm. Os espanhóis tinham os herbicidas e os pesticidas muito mais baratos, pagavam muito mais pela fruta, e a tempo e horas, e tinham empresas com engenheiros agrícolas e técnicos, que se contratavam para cuidar dos pomares.

Por contraste, os portugueses pagavam muito mal, quando pagavam, e não havia empresas com técnicos agrícolas especializados.

A paisagem agrícola em Espanha continua hoje a ser muito diferente da portuguesa.

Os espanhóis também têm mais indústria, e produzem tudo mais barato que em Portugal.

Nota-se bem a diferença nas roupas ou nos cosméticos, nos carros, combustíveis, gás de garrafa. As moradias também são genericamente mais baratas.

Sempre foi assim.

Recuando no tempo, os pescadores algarvios preferiam vender o peixe em Castelo porque os impostos lá eram mais baixos. Em parte por isso foi fundada Vila Real de Santo António, para controlar esta «fuga ao fisco». As padeiras de VRSA, Castro Marim e Monte Gordo iam cozer o pão a Ayamonte, mesmo no início do século XX, porque a farinha espanhola era 50% mais barata, e não se pagava para usar o forno público.

Os impulsionadores da conserva em VRSA foram um andaluz e um italiano.

Em Espanha há mais tradição industrial, a agricultura e o turismo estão mais modernizados, as cidades não estão cheias de edifícios em ruínas, as juntas desenvolveram muito o turismo ambiental e outros nichos turísticos como o turismo naturista também estão muito desenvolvidos.

Os espanhóis pagam impostos mais baixos, têm salários mais altos, e se há desemprego é porque não querem trabalhar por menos de 1000 euros. A Andaluzia tem cerca de 500 mil imigrantes a fazer o que os espanhóis nem sempre querem fazer na agricultura, na pesca ou nas fábricas de conserva.

Apesar da corrupção e de alguns problemas históricos -distribuição da propriedade no Sul, excesso de poder da Igreja, abusos das elites, monopólios, falta de liberdade, nacionalismos- Espanha está décadas à frente de Portugal.