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terça-feira, outubro 15, 2013

Tempestade tropical

Angola cresce. Ainda bem!
in Africa Top Talents

Angola já não é só a família dos Santos

Apesar da extrema burrice do Jota Passos Coelho ao ter nomeado um dispendioso gagá para ministro dos negócios estrangeiros, não é menos verdade que José Eduardo dos Santos acabou de dar um tiro no seu próprio pé.

Em Portugal, o que há a fazer é claro: despedir sem indemnização o gaga Machete, e abreviar a vida desta imprestável coligação. Creio que é o que o PP começou a preparar hoje mesmo...

Quanto a Angola...
Oposição angolana critica anúncio de José Eduardo dos Santos

Os dois principais partidos da oposição angolana, UNITA e CASA-CE, criticaram, em declarações à Lusa, o anúncio feito hoje em Luanda pelo Presidente José Eduardo dos Santos, do fim da parceria estratégica com Portugal.

Vitorino Nhany, secretário-geral da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), disse a Lusa que o anúncio representa uma retaliação contra Portugal.

"Acredito que Portugal esteja a denunciar alguns atos de corrupção e para um Estado corrupto isto não cai bem, esta é a única conclusão que posso retirar da reação do Presidente", disse.

Nhany, que também é deputado, defendeu a realização da primeira cimeira bilateral, que chegou a ser inicialmente prevista para o último trimestre deste ano e foi agora adiada para fevereiro de 2014.

"Acho que sim (que se deve realizar a cimeira), porque temos laços históricos de amizade e cooperação", considerou.

O secretário-geral da UNITA defendeu que "o mais importante é que sejam dirimidos todos os problemas que afetem as duas partes para que de facto se faça uma cooperação positiva".

in Diário Digital, 15/10/2013, 15:06 WET

É evidente que num país dominado pela corrupção —Portugal— é de muito mau gosto atirar pedras e palavras contra a cleptocracia que em Angola desviou e desvia milhares de milhões de dólares das receitas que obtém do petróleo, explorado por terceiros (americanos e ingleses, principalmente), para a dúzia de famílias que venceram a guerra civil que deu lugar ao estado angolano que hoje conhecemos.

Estou farto de explicar que, ao contrário de Portugal, que é um país com quase nove séculos de vida, Angola tem desculpa para os níveis elevadíssimos de corrupção que afligem o país e retardam a reconstrução de um território devastado por 27 anos de guerra civil e quase 500 mil mortos, para além de centenas de milhar de estropiados. Na realidade —é dos livros— nenhum país se faz sem acumulação primitiva e sem a formação de uma classe dirigente. Tocou ao MPLA e à família dos Santos? Pois também podia ter tocado a Jonas Savimbi e à UNITA, o que não teria tornado este caminho de pedras menos longo, menos sanguíneo, e menos corrupto. Se o sangue dos angolanos corre nas nossas veias, como o nosso corre das veias angolanas, o que temos que demonstrar a este propósito é bom senso. Não se trata de pactuar com o crime, mas de manter firme uma perspetiva histórica e estratégica sobre os problemas inevitáveis de um país que é ainda um bebé.

Sobretudo hoje devemos ser prudentes nas verbalizações, pois até mesmo nos países antigos e supostamente vertebrados por sólidas democracias, a corrupção tem vindo a atingir níveis alarmantes. Quanto maior é a crise sistémica do capitalismo, e quando melhor se vêem os efeitos combinados do Pico do Petróleo e da Alterações Climáticas sobre as economias em todo o mundo, mais corrupção existe, mais a corrupção cresce descaradamente, mais inteligência e menos retórica é necessário aplicar ao problema.

A corrupção é crime, claro, e há quem vá compilando pacientemente os dossiês dos criminosos, sobretudo nas desenvolvidas democracias, onde existe, por exemplo, o Tribunal Penal Internacional, preparando as acusações e os estornos das pilhagens quando tal se verificar oportuno. Foi assim com Kadafi, foi assim com Saddam Hussein, será assim com Bashar Al Assad quando cair, e será assim...

Ou seja, os tempos não estão para brincadeiras!

Andar a investigar o Procurador Geral da República de Angola, em Portugal, é mesmo uma brincadeira de estado que ao Reino Unido, ou a Obama, jamais ocorreria salvo se houvesse a intenção de espoliar Angola, mudar-lhe o regime político, ou invadi-lo. Está bom de ver que a gestão política deste caso, em Portugal, por um sistema judicial que não consegue prender um único corrupto português dos grandes, nem que tenha morto 150 hemofílicos com sangue contaminado com HIV, é um desastre de tal dimensão que o senhor Passos de Coelho não tem outra coisa a fazer se não ir-se embora. É demasiado amador, inculto e marialva para estar onde está!

Angola não tem outra alternativa se não permanecer amigo de Portugal, e vice-versa. As alternativas russa e chinesa são ilusórias, e mesmo a Alemanha está demasiado longe do Atlântico...

Se os políticos e os piratas de ambos os países entenderem isto, que é simples de entender e os povos que há muito mal tratam já perceberam, a tempestade com epicentro no gagá Machete e que desabou na comunicação de José Eduardo dos Santos sobre o estado da nação angolana, não terá passado de um típico evento meteorológico tropical — com nuvens espessas e negras, trovões e chuva a potes, seguido dum esplêndido azul cerúleo e temperatura cálida, mesmo a tempo de um Whisky com Água de Castelo!

POST SCRIPTUM

A causa invisível desta crise diplomática chama-se BES, RTP e Paulo Portas!

Um leitor atento chamou-me a atenção para a mais do que provável causa eficiente do murro na mesa dado por José Eduardo dos Santos: a interferência do poder político português, por instrução do BES, no processo de privatização abortado da RTP!

Os governos de Lisboa e Luanda estão já envolvidos na disputa entre o BES (Banco Espírito Santo) e Angola, que terá impedido a entrada da Newshold na RTP, com a paragem do processo de privatização.

Segundo a “newsletter” Africa Monitor Intelligence, o ministro dos Negócios Estrangeiros Paulo Portas, foi a oposição dentro do governo português à privatização da RTP, evidenciando solidariedade e complacência para com o BES, e mesmo obstrução ao interesse da Newshold na operação. Na perspectiva de meios angolanos, Portas quer prevenir eventuais planos encabeçados pela Newshold com o objectivo de instrumentalizar a RTP para fragilizar o BES e, assim, propiciar o interesse angolano no mesmo.

O BES é um dos raros bancos portugueses em cujo capital não há conhecidos interesses angolanos. Depois da entrada de interesses relacionados com a Newshold no Jornal i, este passou a dedicar uma atenção constante a assuntos embaraçosos para o BES. Essa atenção é, de acordo com as referidas perspectivas, vista como “um precedente” para justificar precauções em relação à RTP.

Disputa entre BES e Angola chega a Governos e “media”
por LusoMonitor em Jan 31, 2013 • 11:15

sexta-feira, agosto 31, 2012

Outra vez Alcochete!

Os Donos de Portugal - ver documentário

O Bloco Central da Corrupção não desiste

Lisboa, 31 Ago 2012 (Económico) — Ravara II
Novo estudo, apoiado pelas Ordens dos Engenheiros e dos Economistas e pela associação de pilotos, defende investimento de 323 milhões de euros.
A construção de um mini-aeroporto em Alcochete para complementar a Portela, em Lisboa, é uma alternativa que volta a ganhar força junto de diversos meios empresariais e públicos, em comparação com a solução da base aérea do Montijo. O Governo já tem em mãos um estudo - apoiado pelas Ordens dos Engenheiros e dos Economistas e pela Associação dos Pilotos Profissionais de Linha Aérea (APPLA), e realizado por cinco consultoras de engenharia -, que conclui que a melhor solução para acompanhar o aumento previsto de tráfego na Portela é construir uma pista de cerca de 3.300 metros no Campo de Tiro de Alcochete. Um investimento avaliado em 230 milhões e que estaria concluído num prazo de cinco anos.
[... ] "A solução do ‘Portela+1' está limitada no tempo, porque a partir de uma certa altura não há perspectivas de crescimento. E isso terá influência nas empresas que estiverem interessadas na privatização da ANA e da TAP, porque essas empresas também precisam de perspectivas de expansão dos seus negócios", defende Artur Ravara, um dos autores do estudo e um dos mais conceituados especialistas aeroportuários de Portugal (Ler mais).

Lisboa, 06 Dez 2007 (Lusa) — Ravara I
Novo Aeroporto: Ex-presidente do LNEC diz que estudo da CIP não tem informação que permita comparar Ota e Alcochete
Lisboa, 06 Dez (Lusa) - O ex-presidente do LNEC Artur Ravara afirmou hoje que o estudo da CIP sobre o novo aeroporto de Lisboa "está muito longe" de ter informação que permita fazer a comparação da Ota com Alcochete, da mesma forma que foi feita com Rio Frio.
"Sobre a Ota, temos o estudo comparativo [entre a Ota e Rio Frio] que foi feito em 1997/1998 e que tem informação suficiente para se lançar o concurso. Sobre Alcochete, temos o estudo da CIP, com informação que justifica aprofundar o assunto, mas está muito longe de ter informação suficiente para se fazer uma comparação como a de 1998", afirmou Artur Ravara.
Neste sentido, durante a sua intervenção no seminário "Um Aeroporto para um Portugal Euro-Atlântico", o engenheiro apontou algumas das falhas do estudo patrocinado pela Confederação da Indústria Portuguesa (CIP).
"É surpreendente que na conversão de uma zona que é um campo de tiro há mais de 100 anos, não haja uma palavra sobre descontaminações", argumentou, acrescentando que o documento refere que o terreno disponível "é plano, mas não menciona que tipo de trabalho e que custos são necessários para a regularização hidráulica". 
Por isso, o ex-presidente do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) considera que "estamos muito longe de ter informação que permita comparar as duas localizações".
Expresso 6 dezembro 2007 (Ler mais)

O iminente Ravara, que agora perora por Alcochete, é a mesma criatura reformada e que de aeroportos percebe zero (não encontrei uma única referência a aeroportos no seu CV *), que em 2007 demonizava Alcochete, por causa da contaminação dos solos e outros problemas, e defendia a pés juntos a Ota. Ou seja, mais um empregado da Ota em Alcochete ao serviço do BES, da Mota-Engil e da Brisa. Não são estes que querem à viva força encomendas, obras, PPPs e promessas de novos ativos e campos de especulação imobiliária para salvar os respetivos coiros coçados de tanta renda excessiva?!!! Não são estes piratas que têm nas mãos as autoestradas, pontes e parte do serviço ferroviário do país, e ainda querem a ANA e retomar Alcântara e a ponte Chelas-Barreiro? Será que a Troika vai neste descarado conto do vigário? E o Álvaro, resistirá a mais esta investida impiedosa dos coveiros do país?

Esta manobra desesperada tem uma tradução:

— como a TAP só vale as dívidas que tem, a maneira de ganhar algum com a alienação conjunta da TAP+ANA regressa ao modelo de roubalheira inicial: quem comprar a ANA, por muito mais do que a TAP, diria a arara Borges, ficará com a promessa de um NAL da Ota em Alcochete, a começar devagarinho (por causa dos chatos da Blogosfera), mas que depois, sim, dará patacas como sempre deram os negócios cleptocratas neste país:

— ele vai ser a urbanização da Portela, ele vai ser a urbanização dos terrenos que a SLN, através do facilitador Fernando Fantasia comprou em Rio Frio (1), ele vai ser a urbanização dos terrenos que o fundo de investimento secreto do PS comprou também em Rio Frio, ou mais precisamente no Canha (não desmente, senhor Seguro?), ele vai ser a nova Ponte Chelas-Barreiro (até os camaradas do PC apoiam, caralho!), mas ele vai ser, no fim, se não travarmos mais este roubo organizado, um novo e gigantesco buraco, que depois terão que empandeirar a preço negativo a algum sócio chinês, angolano ou árabe.

Mas talvez seja possível, um dia destes, meter toda esta corja de ladrões na prisão. Como tem vindo a repetir Adriano Moreira, o norte de África está a um passo de atravessar o Mediterrâneo!


PS: em 2050 Portugal terá menos três milhões de pessoas do que hoje (leiam as previsões da ONU!), ou seja, terá sensivelmente a mesma população do que a Catalunha, cujo buraco orçamental e o poço de dívidas dá bem a medida do que pode acontecer aos países quando as elites rendeiras tomam o freio nos dentes. Claro que o famoso Ravara, de demografia também percebe zero. De economia e finanças, idem, presumo.


* O engenheiro, além de pré-esforçado e temas sísmicos, tem o CV típico de um alto funcionário da burocracia do Estado. Dos inúmeros cargos burocráticos que ocupou destaco o de "Membro do Conselho Consultivo da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, desde 1988." Presumo que conheça bem o senhor Rui Machete, sumidade do PSD, da FLAD e da SLN (a tal que investiu 250 milhões de euros na localidade conhecida por Canha, dias antes de Sócrates anunciar que a Ota passaria a ser em Alcochete). Só falta mesmo um Wikileaks lusitano para conhecermos os detalhes!

NOTAS
  1. Sim, o mesmíssimo Fernando Fantasia da trapalhada da compra da casa de Cavaco Silva na Aldeia da Coelha.