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sexta-feira, abril 10, 2015

Estados Unidos sem petróleo em 2033, ou antes

Petróleo americano: reservas reconhecidas (1993-2013)
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O fracking foi uma tentativa vã de esconder o fim do petróleo americano


Se os EUA dependessem apenas das suas reservas reconhecidas de crude (petróleo de xisto incluído), as mesmas, mantendo-se constante o consumo de 2014, durariam apenas 7 anos. Repito sete anos!

Percebe-se agora porque Washington empenha tanto dinheiro virtual em armamento e dispositivos bélicos espalhados por todas as regiões ricas em hidrocarbonetos deste planeta.

Vamos por partes

Todos os dados consultados são oficiais e estão publicados pela EIA—Energie Information Administration. Algumas das contas são da minha responsabilidade.

  • Reservas reconhecidas de crude em território dos EUA: 36.500.000.000 de barris.
  • Consumo anual de produtos petrolíferos em barris de crude equivalente (bce), descontados o GTL (gas-to-liquids) e os biodieseis da equação: 5.150.000.000 barris.
  • Importações de crude e produtos petrolíferos em 2014: 3.365.489.000 bce.
  • Exportações de crude em 2014: 126.290.000 barris.
  • Saldo entre exportações e importações de crude e produtos petrolíferos: -3.239.199.000 bce (est.)
  • Produção (excecional) de crude em 2014: 3.168.200.000 barris.
  • Consumo de reservas próprias em 2014: 1.910.901.000 barris (est.)

Os 100 principais reservatórios de petróleo americano
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Desta relação de dados conclui-se o seguinte:
  1. sem importação de crude e produtos petrolíferos, e permanecendo constante o consumo anual registado em 2014, as reservas comprovadas de crude americano durariam apenas sete anos.
  2. mantendo constantes a produção, o consumo, a exportação e as importações de 2014, as reservas comprovadas de crude esgotar-se-iam ao longo dos próximos dezanove anos, ou seja, por volta de 2033.
A gravidade deste panorama é de uma dimensão difícil de interiorizar. Tão assustadora que se torna extremamente difícil abordar o tema na praça pública. As alternativas ditas sustentáveis, baseadas nas chamadas energias renováveis, são risíveis perante a dimensão do fenómeno conhecido como Pico do Petróleo (Peak Oil). A aposta no regresso ao uso intensivo do carvão, que aliás nunca perdeu protagonismo, levada a cabo pela China, revelou-se um desastre ambiental de proporções dantescas. Resta-nos tentar mitigar estes impactos catastróficos recorrendo ao uso generalizado do gás natural. É em volta deste recurso energético relativamente abundante que a humanidade espera agora poder ganhar tempo para transitar de uma sociedade baseada no uso intensivo de energia barata para algo que ninguém consegue ainda imaginar o que seja, ou possa ser.

Entretanto, o circo macabro das guerras e das atrocidades sem nome já começou nas regiões onde as principais reservas de gás natural se situam.


POST SCRIPTUM


The downturn in US oil production?
By Kjell Aleklett. Posted on April 4, 2015

Since November the number of active drilling rigs in the USA has declined dramatically. Baker Hughes Rig Count has just reported that, in the last 6 days, a further 20 rigs have terminated their activity. Since the peak at 1,600 active rigs in November, the number has now dropped to only 802. (...)

Those of us who know that production from fracking wells declines quite rapidly have been waiting for a decline in the USA’s oil production and now the USA’s Energy Information Administration (EIA) has reported a production decline of 36,000 barrels in the last week of March.

Atualização: 11/4/2015, 01:05 WET


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quarta-feira, fevereiro 04, 2015

Guerra e Gás (IV)

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A corrida dos gasodutos—afinal o petróleo desce por causa do gás!


As guerras, as sanções, as tensões, as degolações espetaculares, em suma, o Inferno que temos visto no Médio Oriente desde as guerras no Afeganistão e no Iraque marcam o início do grande conflito estratégico do século 21: a luta pelo gás natural.

Estão em causa os acessos e o fornecimento de gás natural à Europa, mas também à China, à Índia e ao Paquistão. As maiores reservas encontram-se na Rússia, Irão, Qatar, Turquemenistão, EUA, Arábia Saudita, Iraque, Venezuela, Nigéria, Argélia, em suma, nos sítios do costume.

Neste momento a Rússia compete com os projetados gasodutos Árabe e Islâmico na primazia do fornecimento à Europa — pretendendo chegar à Europa através da Turquia e da Grécia. A guerra de secessão em curso na Ucrânia é imprevisível e poderá acabar na redução drástica da passagem de gás russo por aquele país.

Por outro lado, parece que a Arábia Saudita resolveu dar uma ajudinha à estratégia de Obama e dos caniches europeus, promovendo os interesses estratégicos do Qatar/Irão, mas também de Israel do Egito e os seus próprios na corrida dos gasodutos. O jogo é perigoso, pois Putin pode recordar aos alemães o que lhes sucedeu em Estalinegrado quando intentaram conquistar a Rússia.

Saudi Oil Is Seen as Lever to Pry Russian Support From Syria’s Assad
By MARK MAZZETTI, ERIC SCHMITT and DAVID D. KIRKPATRICKFEB. The New York Times, 3, 2015

WASHINGTON — Saudi Arabia has been trying to pressure President Vladimir V. Putin of Russia to abandon his support for President Bashar al-Assad of Syria, using its dominance of the global oil markets at a time when the Russian government is reeling from the effects of plummeting oil prices.

Saudi Arabia and Russia have had numerous discussions over the past several months that have yet to produce a significant breakthrough, according to American and Saudi officials. It is unclear how explicitly Saudi officials have linked oil to the issue of Syria during the talks, but Saudi officials say — and they have told the United States — that they think they have some leverage over Mr. Putin because of their ability to reduce the supply of oil and possibly drive up prices.

“If oil can serve to bring peace in Syria, I don’t see how Saudi Arabia would back away from trying to reach a deal,” a Saudi diplomat said. An array of diplomatic, intelligence and political officials from the United States and the Middle East spoke on the condition of anonymity to adhere to protocols of diplomacy.

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Sobre este mesmo tema n'O António Maria

sábado, janeiro 24, 2015

Petrobras: pré-sal ou lixo?

Dívida líquida da Petrobras supera os 100 mil milhões de dólares


Uma bolha que vai rebentar, mesmo antes de provar o famoso petroleo do pré-sal.

Muito cuidado com os negócios no Brasil, já para não mencionar a Venezuela, Angola e Moçambique, entre outros, com particular destaque para os contratos mediados pelos respetivos governos e empresas estatais. Todos estes países, exportadores de petróleo, gás natural e outras matérias primas, dependem criticamente de preços do barril de crude acima dos 80 ou mesmo acima dos 100 dólares. Dependem, também, da estabilidade cambial e de um dólar barato. Tudo, em suma, o que foram perdendo nos últimos meses. Os petrodólares regressam a casa, para acudir às necessidades de financiamento interno das economias, e para travar a contestação social que tenderá a crescer à medida em que os governos se endividam para além da sustentabilidade.

O preço do petróleo caiu 50% e não voltará aos >100 dólares (promessa de sua Alteza Real Bin Talal, da Arábia Saudita). Na opinião do grande exportador saudita, que considera haver mais de 100 milhões de barris de petróleo iraniano à espera de entrar no mercado, o preço do crude deverá estabilizar algures entre os 45-50 dólares e os <100 dólares. Por outro lado, preços na casa dos 45 dólares rebentarão com o fracking e com outras explorações anti-económicas (pré-sal, etc.) Para termos uma ideia, a produção do petróleo das areias betuminosas do Canadá custa sensivelmente 80 dólares o barril, mas o preço de venda chegou a cair até aos $38!

O grande problema que agravará a situação económica, política e social em muitos BRICS é que quase todos estes países são governados por cleptocracias, revestidas de regimes democráticos mais formais do que reais. A corrupção é pandémica e as decisões de comando raramente obedecem à racionalidade, nomeadamente à racionalidade capitalista liberal. O perigo de acumulação de dívidas impagáveis e de colapso financeiro nestes países tenderá, pois, a agravar-se.

Foi também por não conhecer esta realidade, nomeadamente em Angola, que o pirata-mor do BES arruinou o banco e o grupo financeiro. Menos mal que Pedro Queiroz Pereira (Semapa) viu-as vir e sacou a tempo as empresas produtivas do nosso Titanic financeiro.

Brazilian state-run oil giant Petrobras faces threat of default on US$54-billion in debt

RIO DE JANEIRO — Petrobras, Brazil’s state-run oil company, could be declared in technical default on some of its foreign debt as early as Tuesday if bondholders pursue efforts to force it to speed up its assessment of losses in a giant corruption scandal.

The push, led by New York-based Aurelius Capital, applies to US$54 billion of Petrobras bonds governed by U.S. law in New York state. Aurelius, a “distressed debt” fund, is asking investors to put the company into default as “a precautionary step,” according to a Dec. 29 letter from the firm reviewed by Reuters. 
Oil Dinosaurs Face Extinction: State Oil Companies and the Meteor-Strike of Low Oil Prices 
Charles Hugh Smith: State-owned oil companies that don't slash expenses to align with revenues and boost critical investment in the infrastructure needed to maintain production will suffer financial extinction.

Domestic and international energy companies are responding to the 50% decline in the price of oil by doing what's necessary to remain in business: they're slashing payroll, postponing capital investments, delaying new projects and soliciting price cuts from suppliers and subcontractors.

This is the discipline of profit-driven capitalism: if expenses exceed revenues, profits vanish, losses pile up, capital contracts and eventually the company runs out of cash (and access to credit) and closes down.

Unfortunately for state-owned oil companies, the feedback of expenses, losses and access to credit are superceded by the need to feed hordes of parasites: the state-owned company exists not to generate profits but to fund large payrolls and support state officials and cronies.

Stripped of the discipline of markets and profits, state-oil companies exist to serve the interests of the state's Elites and their cronies and favored constituents. As a result, critical infrastructure has fallen into obsolescence, capital investments have been hollowed out and the expertise needed to maintain production has eroded.

quinta-feira, dezembro 18, 2014

A bolha de xisto já rebentou!

A ilusão petrolífera americana foi mais uma bolha especulativa


A voz corrente confundiu, uma vez mais, o desejo com a realidade.

O desejo é que haja abundância eterna de petróleo fino na crosta terrestre. A realidade é que o petróleo só poderia continuar a servir a era de crescimento rápido que a Humanidade conheceu nos últimos duzentos anos se os custos da produção deste, bem como a produção do carvão e do petróleo de carvão, do GTL e de outras fontes móveis e imóveis (eólicas, paineis solares e barragens, por exemplo) de energia não tornar as operações comercialmente impossíveis, o que já está a ocorrer por toda a parte. Não se pode gastar mais na produção de um bem do que o preço máximo pelo qual o poderemos vender!

The Fracturing Energy Bubble Is the New Housing Crash
Submitted by Tyler Durden on 12/17/2014 18:10 -0500
Zero Hedge
The graph below which shows that every net job created in the US during the last seven years is attributable to the shale states will be one of the first to morph into a less happy shape.




But there is something else even more significant. The global oil price collapse now unfolding is not putting a single dime into the pockets of American households - the CNBC talking heads to the contrary notwithstanding.  What is happening is the vast flood of mispriced debt and capital, which flowed into the energy sector owning to the Fed’s lunatic ZIRP and QE policies, is now rapidly deflating.

That will reduce bubble spending and investment, not add to economic growth. It’s the housing bust all over again.
"It's A Huge Crisis" - The UK Oil Industry Is "Close To Collapse"
Submitted by Tyler Durden on 12/18/2014 23:21 -0500
Zero Hedge
"Almost no new projects in the North Sea are profitable with oil below $60 a barrel, he claims. 'Everyone is retreating'"

Comstock Suspends Drilling In Eagle Ford Due To Plunging Oil Prices
Submitted by Tyler Durden on 12/18/2014 16:26 -0500
Zero Hedge

Shale 0 - Saudi Arabia 1

Following one after another major and shale company announcing plans to trim capex (even as they miraculously still get to keep their revenue and EPS projections intact, for now), the latest victory handed to Saudi Arabia on a silver platter comes courtesy of Comstock Resources (Total Debt/EBITDA 2.4x, EBITDA $421MM, CapEx $674MM) Comstock Resources said earlier today that in response to low oil prices, plans to suspend oil directed drilling activity in its Eagle Ford shale properties and in Tuscaloosa Marine shale.

It was not immediately clear how many high-paying oilfield jobs would be promptly terminated as a result of this unambiguously good development.


Calculating The Breakeven Price For The Median Bakken Shale Well

Submitted by Tyler Durden on 12/19/2014 14:26 -0500
Zero Hedge

Authored by CEO of the SOFA,

A lot of data has been thrown around recently concerning the Bakken shale wells of North Dakota in an attempt to figure out the necessary oil price required to break even on the investment.  In order to get a clearer picture of the financial situation in Bakken, it is necessary to develop a financial model of the median Bakken well (attached). 

With a discount rate of 15%, the median well has a profitability index of 1.02 (after federal income tax) if $66 per barrel is used.   (A profitability index of 1.0 indicates a break even situation at the discount rate that was used in the model).  This means that at $66 per barrel, half the wells are uneconomic.  If oil prices settle out at this price it can be expected that the number of wells drilled should be reduced by about half.

If the current oil price of $55 per barrel is used, the initial production rate has to be increased to 800 BPD in order to break even.  According to the J.D. Hughes data, 25% of the wells have an initial production rate of 1000 BPD or more.  Accordingly, if oil prices settle out at the current price, the number of wells drilled will be about a quarter of the present number.


Oil Crash Exposes New Risks for U.S. Shale Drillers
By Asjylyn Loder Dec 19, 2014 8:19 PM GMT+0000
Bloomberg

Shares of oil companies are also dropping, with a 49 percent decline in the 76-member Bloomberg Intelligence North America E&P Valuation Peers index from this year’s peak in June. The drilling had been driven by high oil prices and low-cost financing. Companies spent $1.30 for every dollar earned selling oil and gas in the third quarter, according to data compiled by Bloomberg on 56 of the U.S.-listed companies in the E&P index.

Financing costs are now rising as prices sink. The average borrowing cost for energy companies in the U.S. high-yield debt market has almost doubled to 10.43 percent from an all-time low of 5.68 percent in June, Bank of America Merrill Lynch data show.

Atualização: 19 dez 2014 23:45 WET

terça-feira, dezembro 16, 2014

A quimera petrolífera da América

Estimativa da Chevron sobre as necessidades de petróleo em 2030

São precisos 200 mil milhões de barris de petróleo novo até 2030


Os Estados Unidos não conseguem produzir mais de 7,5 milhões de barris de petróleo por dia, e parecem não conseguir consumir menos de 18 milhões de barris de petróleo (+GTL e bio-combustíveis)/dia. Ou seja, a sua dependência energética do exterior tornou-se um constrangimento estrutural, ao contrário do que as balelas mediáticas sobre a "nova Arábia Saudita" e a autonomia energética americana quiseram fazer crer aos mais distraídos.

Produção de petróleo nos EUA desde 1860 — eia

Se repararmos com atenção neste mapa da produção petrolífera nos EUA, desde 1860, veremos com clareza que o pico foi atingido na década de 1970, e que desde 2008 houve um esforço extraordinário de produção (shale oil e shale gas) para compensar o peso insustentável das importações... que as ventoinhas que a Goldman Sach impingiu aos camaradas Mexia e Sócrates não conseguem compensar!

Ao contrário do que poderá parecer, todos os grandes produtores mundiais de crude e gás natural —americanos do fracking, canadianos das areias betuminosas, venezuelanos dos betumes, russos da Sibéria e do Ártico, e árabes do Médio Oriente— terão que continuar a produzir. Não podem sequer reduzir a produção em volumes significativos, sob pena de criarem gigantescos problemas para si e no resto do mundo. Acontece, porém, que quando o preço do barril desce abaixo dos 80 USD, salvo a Arábia Saudita, todos os demais produtores são atingidos duramente nas margens comerciais disponíveis, muitos deles arriscando falências inexoráveis. É o que sucederá a muitas empresas americanas que hoje exploram o petróleo e o gás de xisto se a presente quebra do preço do barril de petróleo se prolongar por mais um ou dois anos.

Petróleo acentua perdas com queda superior a 2% nos Estados Unidos
Jornal de Negócios. 15 Dezembro 2014, 16:01 por Rita Faria

Depois de ter estado a subir mais de 1,5% esta segunda-feira, 15 de Dezembro, o petróleo voltou para terreno negativo nos mercados internacionais, perante sinais de que a decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) de não ajustar a sua produção será mesmo mantida.

O West Texas Intermediate (WTI), de Nova Iorque, negoceia em mínimos de Maio de 2009, com um recuo de 2,21% para 56,53 dólares, enquanto o Brent, negociado em Londres e que serve de referência às importações europeias, cai 0,82% para 61,34 dólares, um valor próximo de mínimos de Julho de 2009.



So far no decline in drilling activities in the USA
Aleklett's Energy Mix.
Posted on November 17, 2014

The increased production of oil has occurred on land with 40,000 wells giving an increase in 1,200,000 barrels per day or 30 barrels per day per well. This means that most of the newly drilled wells are needed to maintain current production levels. A reduction in rig number similar to that in 2008 would rapidly reduce oil production in the USA. To repeat in another nation a fracking boom similar to that seen in the USA is far, far in the future. The question is whether it will ever occur.


200 billion barrels of new oil production is needed by 2030
Aleklett's Energy Mix.
Posted on November 22, 2014

In around 2008 the IEA and others began to discuss the decline in production from existing oilfields. By that time we at Global Energy Systems of Uppsala University had been researching in this area for some years and, in a scientific article, showed that the rate of decline in production from existing fields was 6% per year. Since then, this has become an accepted fact and even Chevron mentioned it in their recent presentation noting that production from existing fields will fall from 80 Mb/d to 30 Mb/d by 2030. Thus, new production equivalent to 50 Mb/d is needed by 2030 just to keep overall production constant. For the period 2013 to 2030 this is according to Chevron equivalent to approximately 200 billion barrels of oil.

[...]

At today’s oil price of around $80 per barrel it is only OPEC’s production that is currently completely profitable and onshore and shallow offshore production are borderline in terms of profitability.

[...]

It is not possible to predict the actions of the main players but it is easier to predict what the outcome may be of certain actions.

The 2014 Oil Price Crash Explained
Energy Matters. Posted on November 24, 2014
by Euan Mearns

  1. If demand for oil weakens by about a further 1 Mbpd this may send the price down below $60 / bbl.
  2. If OPEC cuts supply by about 1 Mbpd at constant demand this may send the price back up towards $100 / bbl. 
  3. Prolonged low price may see LTO production fall in N America and other non-OPEC projects shelved resulting in attrition of non-OPEC capacity. This may take one to two years to work through but with constant demand, this will inevitably send prices higher again. 
  4. Prolonged low price may see many specialist LTO producers default on loans, risking a new credit crunch and reduced LTO production. This would likely lead to a major consolidation of operators in the LTO patch where the larger companies (the IOCs) pick up the best assets at knock down prices. That is the way it has always been. 
  5. Black Swans and elephants in the room – with conflict escalation in Ukraine and / or Syria-Iraq and a new credit crunch, all bets will be off.

sexta-feira, novembro 07, 2014

Petróleo, gás, Síria e Estado Islâmico

Gasoduto do Nabucco: a resposta à chantagem de Putin

O dossier energético e a guerra na Síria: o caso do pipeline Irão-Iraque-Síria


Por José Manuel Castro Lousada

I - Primeiro as generalidades

De um lado temos o governo sírio, dirigido por um alauíta do partido Baath, xiitas, sunitas moderados, cristãos, ortodoxos, curdos e drusos. Assad é apoiado pela Rússia, Irão, Líbano, Hezbollah e palestinos. De outro lado, a oposição síria "livre" e grupos sunitas, alguns dos quais extremistas. EUA, Reino Unido, França, Arábia Saudita, Qatar e Turquia apoiam de alguma forma os rebeldes, fornecendo armas e dando cobertura política.

No Médio Oriente a política e a religião estão interligadas. A guerra mexe com toda a região e com a temperatura internacional. A Síria tem um governo autoritário. Não obstante, desde há duas décadas e até ao início da revolta na rua em 2011, Assad conseguiu manter a unidade nacional, proporcionando à população educação e saúde gratuitas, garantindo às diferentes comunidades étnicas uma convivência pacífica. Os cristãos não eram perseguidos, apesar de não serem a maioria, mas na Síria não há maiorias expressivas.

Os EUA e seus aliados são acusados de apoiar directa ou indirectamente a Jablat Al Nusra e outras organizações jihadistas por intermédio do Exercito Sírio Livre e de outros "moderados", para destruir a Síria laica e independente. Invocaram que Assad é um tirano e que usou armas químicas contra o seu povo, mas a Rússia e a imprensa internacional mostraram armas químicas na posse da Al Nusra que, segundo alegado, foram fornecidas pelos norte-americanos e estados do Golfo. Israel está de atalaia.

A rebelião popular de 2011 surgiu no quadro da Primavera Árabe. Para alguns analistas, especialmente iranianos e russos, houve um aproveitamento das primaveras árabes para orquestrar a queda de Assad. A revolução na rua terá sido incentivada pelos EUA, Reino Unido, Holanda e parceiros do clube Bilderberg. Argumentam que os operacionais da Al Nusra e organizações similares não falam siríaco mas sim árabe e que muitos rebeldes "moderados" não são sírios.

Em 2011 existiam dezenas de bancos na Síria, o que indiciava um razoável nível de liberdade económica. Haverá corrupção no governo ou em redor do governo, como em muitos outros países. Tem-se afirmado também que o regime não permite eleições livres, segundo um padrão ocidental. Mas qual é o país árabe onde existem eleições livres e democráticas? A Al Zajeera e a Al Arabia têm manipulado os media contra Assad e a comunidade internacional diabolizou-o a partir de 2003, quando recusou apoiar a guerra contra o Iraque. O que ainda mantém o regime são as instituições sírias, o povo e as forças armadas. E, evidentemente, o apoio da Rússia e do Irão.

É provável que se Assad cair a guerra civil sectária continue, numa senda de progressiva balcanização do território, sendo o poder ocupado por grupos islâmicos que não vão permitir a existência de outros credos. Cristãos, curdos, drusos, xiitas e alauítas, ou seja um total de 4 milhões de sírios, aguardarão o resultado da guerra para saber se podem continuar no país. Perspectivando soluções de governo: os sunitas são aproximadamente 65% da população e aspiraram exercer o poder. Olhando para o padrão da península arábica, o mais natural será o nascimento de um novo estado islâmico sob os auspícios da Irmandade Muçulmana. No que em particular interessa aos cristãos, a queda do regime de Damasco apressará o fim da história da Cristandade no Médio Oriente. Os maronitas do Líbano não conseguirão evitar a pressão dos islamitas sírios ou absorver a infindável chegada de refugiados.

O chamado Gasoduto Islâmico


II - A conexão entre a política energética e a guerra na Síria

O que estava errado num dos países mais democráticos e multi-culturais do Médio Oriente, a Síria, para chamar a atenção do Ocidente e concitar a oposição dos defensores da democracia, ao ponto de serem considerados "combatentes da liberdade" indivíduos que no Ocidente seriam tratados como terroristas?

Os problemas geopolíticos relacionados com a produção, transporte e uso do gás natural - eventualmente o principal combustível do século XXI - estão, talvez, mais do que qualquer outro tema, no radar dos estrategas ocidentais. F. William Engdahl, consultor em energia, diz que o gás natural é o ingrediente inflamável que alimenta a corrida à energia na região. A guerra em curso é sobre se os gasodutos que abastecerão a Europa, de leste para oeste, seguirão do Irão e do Iraque para a costa mediterrânea da Síria, ou se farão uma rota mais pelo norte, do Qatar e da Arábia Saudita, através da Síria e da Turquia. Tendo percebido que o fluxo do encalhado pipeline Nabucco (e de todo o Corredor Meridional) é abastecido apenas por reservas do Azerbaijão, e que não pode nunca igualar o fornecimento russo para a Europa ou impedir a construção do South Stream, o Ocidente está com pressa em recorrer ao Golfo Pérsico. A Síria, elo fundamental nesta cadeia, alinha com o Irão e a Rússia. Como tal, ter-se-á decidido nas capitais ocidentais que Assad tem de cair. A luta pela democracia é uma falsa bandeira exibida para encobrir objectivos não declarados.

Recorde-se que a rebelião na Síria teve início há três anos, quase ao mesmo tempo em que era assinado em Bushehr, no sul do Irão, em 25 de Junho de 2011, um memorando respeitante à construção de um novo gasoduto Irão-Iraque-Síria, para ligar 1.500 km desde Asaluyeh, no campo de gás natural de North Dome/South Pars (compartilhado pelo Qatar e pelo Irão), a Damasco. O gasoduto percorre 225 km em território iraniano, 500 km no iraquiano e 500-700 km em terra síria. Mais tarde, poderá prolongar-se pelo leito do Mediterrâneo até à Grécia. A possibilidade de fornecimento de gás liquefeito para a Europa através dos portos sírios no Mediterrâneo também está em cima da mesa. Os investimentos montam a 10 biliões de dólares.

O projecto, conhecido por "gasoduto islâmico", deveria entrar em operação entre 2014 e 2016. A capacidade projectada é de 110 milhões de metros cúbicos de gás por dia (40 biliões de m3/ano). Iraque, Síria e Líbano já assumiram que necessitam do gás iraniano (25-30 milhões de m3/dia para o Iraque, 20-25 milhões de m3 para a Síria e 5-7 milhões de m3 para o Líbano até 2020). Uma parte será fornecida através do sistema de transporte de gás árabe para a Jordânia. O projecto concorreria com o Nabucco, promovido pela União Europeia (capacidade estimada de 30 bilhões de m3 de gás/ano), que não tem reservas suficientes. Planeou-se o trajecto do Nabucco pelo Iraque, Azerbaijão, Turcomenistão e Turquia. Após a assinatura do memorando sobre o Pipeline Islâmico, o director da Companhia Nacional de Gás Iraniano (NIGC), Javad Oji, afirmou que o South Pars, com reservas de 16 triliões de m3, é uma "fonte confiável de gás e um pré-requisito para a construção de um gasoduto com uma capacidade que o Nabucco não tem". Cerca de 20 biliões de m3/ano seguiriam para a Europa, concorrendo com os 30 biliões do Nabucco, mas não com os 63 biliões do South Stream russo.

Um gasoduto do Irão seria altamente rentável para a Síria. A Europa também beneficiaria com a construção, mas no Ocidente há outras ideias. Os parceiros fornecedores de gás do Golfo Pérsico não estavam satisfeitos com a concorrência, nem era suposto estarem, nem sequer o transportador número um, a Turquia, que ficaria fora de jogo. A "Unholy Alliance" constituída para o negócio declarou ter por objectivo "proteger os valores democráticos" no Médio Oriente, ao arrepio da forma como as monarquias do Golfo lidam com tais valores.

Os estados sunitas percepcionam o Pipeline Islâmico segundo contradições interconfessionais, considerando-o um "gasoduto xiita do Irão xiita, através do território do Iraque com a sua maioria xiita e para o território do amigo xiita-alauíta Assad". Como refere F. William Engdahl, este drama geopolítico é intensificado pelo facto de o campo de Pars Sul se encontrar no Golfo Pérsico, directamente na fronteira entre o Irão xiita e o Qatar sunita que, não sendo adversário para o Irão, faz uso activo das suas ligações à presença militar dos EUA e britânica no Golfo Pérsico. No território do Qatar está um nó do “Pentagon’s Central Command of the U.S. Armed Forces”, o quartel-general do “Head Command of the U.S. Air Force”, o “N.º 83 Expeditionary Air Group of the British Air Force” e a “379th Air Expeditionary Wing of the U.S. Air Force”. O Qatar, escreve Engdahl, tem outros planos para o Pars Sul, é avesso a esforços conjuntos com o Irão, Síria e Iraque, e fará o possível para impedir a construção do pipeline, incluindo armar os "rebeldes", muitos deles sauditas, paquistaneses e líbios.

A determinação do Qatar é ainda alimentada pela descoberta, em 2011, de uma área de produção de gás na grande Síria, perto da fronteira com o Líbano, não muito longe do porto mediterrâneo de Tartus, arrendado à Rússia, e pela detecção de um importante campo de gás perto de Homs. Segundo estimativas preliminares, tais descobertas devem aumentar substancialmente as reservas de gás do país, que já ascendiam a 284 biliões m3. A perspectiva da exportação de gás sírio ou iraniano para a Europa através de Tartus joga contra os interesses do emirado e dos seus patronos ocidentais.

Segundo a Global Research, o jornal árabe Al-Akhbar revelou informações sobre um plano aprovado pela administração norte-americana destinado à construção de um gasoduto Qatar-Europa, envolvendo a Turquia e Israel. A capacidade não é mencionada, mas, considerando os recursos do Golfo Pérsico e do Mediterrâneo oriental, poderia ultrapassar tanto a do Pipeline Islâmico como a do Nabucco, fazendo frente ao South Stream russo. O principal encarregado do projecto é Frederick Hoff, "responsável pelas questões de gás no Levante" e membro do "Comité norte-americano para a crise síria". O pipeline teria origem no Qatar, atravessaria território saudita e jordano, contornando o Iraque xiita, até chegar à Síria. Perto de Homs, o gasoduto ramificar-se-ia em três: para Latakia, Trípoli, no norte do Líbano, e Turquia. Homs, onde existem reservas de hidrocarbonetos, é o "principal entroncamento do projecto". Nas proximidades da cidade e do ponto-chave Al-Qusayr travam-se algumas das batalhas mais ferozes e é o sector onde o futuro da Síria se joga: os locais onde os rebeldes operaram com o apoio dos EUA, Qatar e Turquia, ou seja a norte, Homs e arredores de Damasco, coincidem com a rota prevista para o gasoduto, em direcção ao Líbano e à Turquia. Um cotejo entre o mapa dos combates e o mapa da rota do pipeline Qatar-Europa indicia uma ligação entre a guerra e a necessidade de controle territorial. São três os objectivos a atingir: "quebrar o monopólio de gás natural da Rússia na Europa; libertar a Turquia da dependência do gás iraniano; e dar a Israel a oportunidade de exportar o seu gás para a Europa por terra, com menos custos". Pepe Escobar, analista do Asia Times, afirmou que o emir do Qatar fez, aparentemente, um acordo com a Irmandade Muçulmana, apoiando a sua expansão internacional em troca de um pacto de paz no Emirado. A Irmandade Muçulmana na Jordânia e na Síria alteraria abruptamente todo o mercado geopolítico mundial do gás natural - decididamente a favor do Emirado e em detrimento da Rússia, Síria, Irão e Iraque. Seria também um duro golpe para a China.

Entre outros objectivos, a guerra na Síria permitirá impulsionar o projecto do pipeline Qatar-Europa e desmantelar o acordo celebrado entre Teerão, Bagdad e Damasco. A implementação deste foi interrompida várias vezes devido à acção militar, mas em Fevereiro de 2013 o Iraque mostrou disponibilidade para assinar um acordo-quadro que permitiria a construção do gasoduto. Pouco depois, novos grupos xiitas iraquianos manifestaram-se em apoio de Assad. As participações no "jogo de eliminação" sobre o Pipeline Islâmico iniciadas na Síria pelo Ocidente continuarão a crescer. O fim do embargo da União Europeia ao armamento dos rebeldes sírios, que segundo a BBC mereceu a oposição inicial da maioria dos estados-membros, poderá não chegar para ajudar os rebeldes.

Quanto à civilização e à justiça, quando o lucro está em causa, os sentimentos não contam. O que importa é não jogar a carta errada neste jogo que cheira a sangue e a gás.

O pipelina que liga Síria ao Qatar

Fonte da parte II deste texto, correspondendo à sua quase tradução integral:

The Geopolitics of Gas and the Syrian Crisis: Syrian “Opposition” Armed to Thwart Construction of Iran-Iraq-Syria Gas Pipeline
By Dmitry Minin
Global Research, September 19, 2014/ Strategic Culture Foundation 31 May 2013 


NOTA (O António Maria)

Ainda a propósito dos contornos desta espécie de Cruzada pós-moderna contra países muçulmanos, cuja origam principal é, desde 1917, a decisão ocidental de controlar a principal região petrolífera do planeta, vale a pena ler este texto de Glenn Greenwald

Glenn Greenwald. ¿Cuántos países musulmanes ha bombardeado u ocupado EE.UU. desde 1980?

 Barack Obama, en su conferencia de ayer posterior a la elección, anunció que pedirá una Autorización para el Uso de Fuerza Militar (AUMF, por sus siglas en inglés) del nuevo Congreso, que autorice su campaña de bombardeo en Iraq y Siria – que comenzó hace tres meses. Si uno fuera generoso, diría que pedir autorización del Congreso para una guerra que comenzó hace meses es por lo menos mejor que librar una guerra incluso después que el Congreso rechazara explícitamente su autorización, como lo hizo Obama ilegalmente en el ahora colapsado país de Libia.

Cuando Obama comenzó a bombardear objetivos dentro de Siria en noviembre, señalé que era el séptimo país con preponderancia musulmana que había sido bombardeado por EE.UU. durante su presidencia (lo que no incluía el bombardeo por Obama de la minoría musulmana en las Filipinas). También señalé previamente que esta nueva campaña de bombardeo significa que Obama se ha convertido en el cuarto Presidente consecutivo de EE.UU. que ordenó que se lanzaran bombas sobre Iraq. Considerados por sí solos, ambos hechos son sorprendentemente reveladores. La violencia es tan corriente y continua que ya apenas nos damos cuenta. Precisamente esta semana, un drone estadounidense lanzó un misil que mató a 10 personas en Yemen, y los muertos fueron rápidamente calificados de “presuntos militantes” (lo que en realidad significa solo que son “varones en edad militar”); esos asesinatos apenas merecieron ser mencionados.

Para obtener una visión total de la violencia estadounidense en el mundo, vale la pena formular una pregunta más amplia: ¿cuántos países en el mundo islámico ha bombardeado u ocupado EE.UU. desde 1980? La respuesta fue suministrada en un reciente artículo de opinión en el Washington Post del historiador militar y ex coronel del ejército de EE.UU.,

Andrew Bacevich:

“Mientras los esfuerzos de EE.UU. por “degradar y finalmente destruir” a los combatientes del Estado Islámico se extienden a Siria, la III Guerra de Iraq se ha transformado discretamente en el Campo de Batalla XIV del Gran Medio Oriente. Es decir, Siria se ha convertido en por lo menos el 14º país en el mundo islámico que fuerzas estadounidenses han invadido, ocupado o bombardeado, y en los cuales soldados estadounidenses han matado o han sido muertos. Y eso es solo desde 1980.

Enumerémoslos: Irán (1980, 1987-1988), Libia (1981, 1986, 1989, 2011), Líbano (1983), Kuwait (1991), Iraq (1991-2011, 2014-), Somalia (1992-1993, 2007-), Bosnia (1995), Arabia Saudí(1991, 1996), Afganistán (1998, 2001-), Sudán (1998), Kosovo (1999), Yemen (2000, 2002-), Pakistán (2004-) y ahora Siria. ¡Vaya!.

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Atualização: 8 nov 2014, 16:28 WET

terça-feira, novembro 04, 2014

É preciso por os rendeiros petrolíferos na ordem, já!

Abaixo dos 80USD/ppb as economias petrolíferas afundam...

O ataque da GALP ao governo tem que ser denunciado! E não vai ser a indigente imprensa indígena a fazê-lo


Oops! Mais um problema para o cheque em branco chamado António Costa:
“...oil exporters are now pulling liquidity out of financial markets rather than putting money in. That could result in higher borrowing costs for governments, companies, and ultimately, consumers as money becomes scarcer.” (1)
Petróleo atinge mínimos de Outubro de 2011
04 Novembro 2014, 09:07 por Jornal de Negócios

Em Londres, o barril de Brent segue uma tendência semelhante, estando a perder 1,46% para 83,54 dólares. 
O preço do petróleo continua em queda e já atingiu novos mínimos. O West Texas Intermediate, negociado em Nova Iorque, e em queda há quatro sessões consecutivas, atingiu esta manhã o valor mais baixo desde 5 de Outubro de 2011, ao negociar nos 77,20 dólares por barril. O WTI segue agora a perder 1,57% para negociar nos 77,54 dólares por barril.

Independentemente dos jogos envolvidos nesta baixa do preço do crude, que a Arábia Saudita passará a vender mais barato nos EUA, e mais caro na Europa (!), a principal consequência, que terá efeitos significativos no sistema financeiro mundial, é o abrandamento da exportação de petrodólares para a especulação financeira (bolsas começam a cair por todo o lado) e para o financiamento necrófago dos governos e bancos sobreendividados. Ou seja, haverá menos dinheiro real e, provavelmente, mais dinheiro virtual, ou seja, mais dívida criada a partir dos bancos centrais...

Consequência desta queda do preço do crude para valores tendencialmente abaixo dos 80USD/ppb, ou seja, para o limiar da sustentabilidade financeira e política das monoculturas petrolíferas: menos petrodólares a circular nos mercados financeiros regulares e especulativos e um provável aumento das taxas de juro, ou seja, maiores dificuldades no acesso ao crédito. Os países com pesadas faturas de importação de petróleo e gás natural poderão, entretanto, beneficiar desta conjuntura, para a qual aliás contribuiram ao diminuirem a atividade económica e o consumo. Mas para isso terão que ter mão dura nos rendeiros e crápulas dos oligopólios da especulação energética. No caso português, o circo está aliás montado. Esperemos que Passos Coelho e Moreira da Silva não poupem o corticeiro e seus vassalos partidários e da comunicação social nesta guerra que vai durar mais de um semestre, ou até mais de um ano! Já agora, perguntem ao pascácio do PS o que pensa sobre este assunto.

Alguns governos, como o Japão, preparam-se para um hara-kiri soberano. Esperemos, ao menos, que sirva de vacina à pseudo esquerda europeia.

No fim de contas, a realidade é esta e é simples: o mundo está metido num ciclo recessivo prolongado, e o preço do petróleo —em geral o preço das matérias primas— vai continuar a oscilar abruptamente com as recessões sucessivas que temos pela frente.

Prioridades para Portugal: pagar as dívidas, mas mais devagar e com taxas de juro menos onerosas; reduzir as funções do estado ao que é essencial (nomeadamente reduzindo a metade o número de municípios); atacar os privilégios e os custos da partidocracia, do neocorporativismo e do capital rendeiro aninhados no Orçamento de Estado e na expropriação fiscal criminosa de 10 milhões de portugueses; liberalizar até à escala individual/familiar a produção/consmo de energias alternativas, nomeadamente biomassa, solar e eólica; impor administrativamente e pela via fiscal o transporte público movido a eletricidade nas cidades-região de Lisboa, Porto e Coimbra-Aveiro, com penalização agravada do transporte privado individual em veículos movidos a gasolina/gasóleo em todos os centros urbanos; estabelecimento de metas claras e próximas para a eficiência energética do país, a começar por todo o parque de edifícios públicos existente, bem como para a redução da intensidade energética da nossa economia; ampliar a economia digital e a telepresença social.

Poderemos travar a cleptocracia que nos arruinou? Poder, Podemos!


Notas
  1. How The Petrodollar Quietly Died, And Nobody Noticed
    Tyler Durden's @ ZeroHedge

    Two years ago, in hushed tones at first, then ever louder, the financial world began discussing that which shall never be discussed in polite company - the end of the system that according to many has framed and facilitated the US Dollar's reserve currency status: the Petrodollar, or the world in which oil export countries would recycle the dollars they received in exchange for their oil exports, by purchasing more USD-denominated assets, boosting the financial strength of the reserve currency, leading to even higher asset prices and even more USD-denominated purchases, and so forth, in a virtuous (especially if one held US-denominated assets and printed US currency) loop.

    The main thrust for this shift away from the USD, if primarily in the non-mainstream media, was that with Russia and China, as well as the rest of the BRIC nations, increasingly seeking to distance themselves from the US-led, "developed world" status quo spearheaded by the IMF, global trade would increasingly take place through bilateral arrangements which bypass the (Petro)dollar entirely. And sure enough, this has certainly been taking place, as first Russia and China, together with Iran, and ever more developing nations, have transacted among each other, bypassing the USD entirely, instead engaging in bilateral trade arrangements, leading to, among other thing, such discussions as, in today's FT, why China's Renminbi offshore market has gone from nothing to billions in a short space of time.

    And yet, few would have believed that the Petrodollar did indeed quietly die, although ironically, without much input from either Russia or China, and paradoxically, mostly as a result of the actions of none other than the Fed itself, with its strong dollar policy, and to a lesser extent Saudi Arabia too, which by glutting the world with crude, first intended to crush Putin, and subsequently, to take out the US crude cost-curve, may have Plaxico'ed both itself, and its closest Petrodollar trading partner, the US of A.

    As Reuters reports, for the first time in almost two decades, energy-exporting countries are set to pull their "petrodollars" out of world markets this year, citing a study by BNP Paribas (more details below). Basically, the Petrodollar, long serving as the US leverage to encourage and facilitate USD recycling, and a steady reinvestment in US-denominated assets by the Oil exporting nations, and thus a means to steadily increase the nominal price of all USD-priced assets, just drove itself into irrelevance.

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quarta-feira, outubro 29, 2014

Photos : Ryanair dévoile la cabine de ses futurs Boeing 737 MAX 200 | Air Info

Visualisation de l'intérieur du futur Boeing 737 MAX 200 de Ryanair - © Ryanair
Visualização da cabine do futuro B737-Max200 para a Ryanair



O paradigma da aviação comercial mudou. TAP,  alô?


O segredo da sobrevivência da aviação comercial está na eficiência e no preço. Só a TAP e as demais companhias de bandeira europeias continuam sem perceber o ABC da era pós-Pico do Petróleo — cortesia do Prof. Costa e Silva e de outros especialistas que encharcam as televisões de ilusões populistas sobre a abundância do petróleo existente nas famosas 'rochas mãe'.

O problema, porém, não está na quantidade de hidrocarboneto existente na Terra, mas sim nos danos ambientais e custo da sua produção, passada a era da abundância do petróleo doce e generoso que brotava à superfície do planeta. Há um fator objetivo, descoberto por Charles A. S. Hall, chamado EROEI, ou EROI — segundo o qual é possível demonstrar que o petróleo e gás de xisto americanos, por exemplo, estão a ser explorados dentro de uma bolha financeira constituída pelo acesso a dinheiro virtual do tesouro americano fornecido a custos negativos — sem o que toda a operação de obtenção de petróleo e gás natural da fraturação de rochas de xisto (fracking) seria economicamente inviável.

Leia-se a este propósito Chris Hamilton, “Daze of Peak Oil…or at least Peak Oil Production”, 2014, Oct 15. Biderman's Money Blog, e ainda a compilação de artigos que temos vindo a reunir em Collapse Link.

A mentira sobre a nova Arábia Saudita de Obama só poderá resultar, mais cedo ou mais tarde, em novo desastre financeiro e em próximas e mais profunda e duráveis recessões, que já estão a caminho.

Se há tanto petróleo porque carga de água foi necessário eliminar (com um limpa-neves!) os dois dirigentes máximos da Total? (1)

Mas voltando à Ryanair, à easyJet e às companhias low cost em geral, basta observar como estas empresas têm aproveitado a inércia ruinosa dos governos e partidocracias devoristas que têm vindo a proteger as Alitalia, Air France, British Airways-Iberia e TAP, entre outras companhais de bandeira cujos prejuízos são pagos anualmente pelos contribuintes sob a forma de impostos, taxas e imparidades disfarçados, para perceber que quanto mais tempo demorar a reestruturação drástica das empresas públicas de aviação maior será o preço a pagar por tanta ineficiência e corrupção.

O anúncio do avanço das low cost para o Montijo e para os Açores, depois de terem mordido fatalmente o mercado da TAP nos principais aeroportos do continente, sustentado, como sabemos, a Pão de Ló e corrupção por investigar, é uma prova mais de que o Prof. António Costa Silva só disse disparates no programa Negócios da Semana de 24 de outubro de 2014.

Pourtant, avec 197 sièges, le 737 MAX 200 emportera 8 passagers de plus que les 737-800 composant la flotte aujourd’hui, tout en conservant le même fuselage.

Alors comment s’y prendront Boeing et Ryanair pour caser les passagers supplémentaires?

Tout d’abord, l’espacement de 30 pouces est une moyenne, et celle-ci tient compte des sièges situés aux issues de secours, plus spacieux. Certaines rangées, notamment à l’arrière de l’appareil, pourraient disposer d’un espacement plus proche des 29 pouces que des 30.

Boeing et Ryanair utiliseront également certaines astuces, notamment en optimisant l’espace disponible à l’intérieur de la cabine.

Le 737 MAX 200 de la low-cost Irlandaise sera équipé de sièges ultra-fins non-inclinables de nouvelle génération, moins encombrants et plus légers. Ceux-ci permettront de gagner quelques centimètres, mais aussi d’économiser du poids et donc du carburant.

Photos : Ryanair dévoile la cabine de ses futurs Boeing 737 MAX 200 | Air Info


NOTAS

  1. If it weren’t for those short odds, a snowplow on the runway with an allegedly drunk driver would be the perfect crime. But who would benefit from his death?

    De Margerie was one of the few business leaders who spoke out against the isolation of Russia. On this last trip to Moscow, he railed against sanctions and the obstacles to Russian companies obtaining credit.

    He was also an outspoken supporter of Russia’s position in natural gas pricing and transportation disputes with Ukraine, telling Reuters in an interview in July that Europe should not cut its dependence on Russian gas but rather focus on making the supplies more secure.

    But what could have made de Margerie a total liability is Total’s involvement in plans to build a plant to liquefy natural gas on the Yamal Peninsula of Russia in partnership with Novatek. Its most ambitious project in Russia to date, it would facilitate the shipping of 800 million barrels of oil equivalent of LNG to China via the Arctic.

    Compounding this sin, Total had just announced that it’s seeking financing for a gas project in Russia in spite of the current sanctions against Russia. It planned to finance its share in the $27-billion Yamal project using euros, yuan, Russian rubles, and any other currency but US dollars.

    Did this direct threat to the petrodollar make this “true friend of Russia”—as Putin called de Margerie—some very powerful and dangerous enemies amongst the power that be, whether in the French government, the EU, or the US?

    —in Total War over the Petrodollar | Casey Research

quarta-feira, outubro 22, 2014

2005: game over

Os preços sobem, mas a produção só marginalmente

O ano em que o mundo mudou: 2005

Só há um caminho: livrarmo-nos das dívidas e mudar de vida


Uma década depois, é agora completamente visível o Pico do Petróleo como causa do colapso financeiro, económico e social global que atingiu em primeiro lugar e de forma irreversível o chamado primeiro mundo: América do norte e Europa ocidental.

Não há nada fazer: a energia barata, abundante e transportável morreu em 2005.

Por causa deste facto, que é na realidade a origem do crescimento demográfico, económico, tecnológico e cultural que a humanidade conheceu desde meados do século 19, e numa escala explosiva, sobretudo na America do norte e na Europa ocidental, ao longo das décadas de 1950 e 1960 do século passado, haverá menos economia, menos trabalho, menos rendimento, mais conflitualidade entre as pessoas, os grupos de interesses e as nações, e a prazo, senão tivermos juízo... menos democracia.

O post de Chris Hamilton publicado a 15 deste mês no blogue de Charles Biderman, “Daze of Peak Oil…or at least Peak Oil Production”, resume com uma série de excelentes gráficos atuais a situação prevista por M. King Hubbert em 1956, a que o relatório The Limits to Growth, de 1972, desenvolvido por  Donella H. Meadows, Dennis L. Meadows, Jørgen Randers, e William W. Behrens III, deu seguimento adequado.

O petróleo e o gás de xisto são uma mistificação que permitu aos Estados Unidos ganhar algum tempo, ainda que à custa de uma operação ruinosa sob todos os pontos de vista menos um: ter conseguido aumentar de forma excessivamente precária e cara a produção interna de um crude altamente volátil. A verdade, que os sucessivos gráficos que acompanham o post de Chris Hamilton demonstram, é que a produção de crude estagnou, apesar de ser cada vez mais cara, e de a pressão da procura continuar a aumentar na Ásia, Oceania, América do Sul e África.

Vamos ter que mudar quase tudo:
  • energia mais cara, novas energias e uma mudança radical nas exigências relativas à eficiência energética; 
  • desmaterialização acelerada dos processos produtivos e um peso crescente do consumo imaterial sobre o consumo material;
  • diminuição do tempo de trabalho remunerado, acompanhada de um regresso aos regimes de partilha e troca direta entre pessoas, famílias alargadas, comunidades, povos, países e regiões
  • eliminação de mais de 50% da burocracia pública e privada
  • desenvolvimento equilibrado e justo de uma economia de rendimentos e preços ponderados garantidos (em inglês chamar-lhe-ia flat rate economy)
  • descentralização radical dos regimes democráticos com implementação de sociedades baseadas em plataformas e redes de democracia semi-direta glocal.
  • fim dos sistemas partidários tais como os conhecemos hoje, e faliram.
  • reforço dos direitos de propriedade individual, familiar, comunitária, privada e pública, e das liberdades de iniciativa e expressão de ideias — embora as pressões autoritárias tendam no imediato a crescer, em parte como consequência das tensões geradas pela escandalosa expropriação capitalista especulativa dos rendimentos, bens e poupanças de milhares de milhões de pessoas, em benefício de uma elite que tende a ser menos de 1% da população mundial: 70 milhões depessoas.
Infelizmente, assim como a maioria dos governos, bancos, empresas e pessoas tentam retomar a todo o custo e defender as virtudes do BAU (business as usual), também a gritaria política permanece prisioneira das suas aporias ideológicas, do seu oportunismo burocrático e da sua ganância devorista. Esta deriva entrópica poderá implicar uma degradação ainda mais dramática da situação atual... até que as pessoas, desejavelmente, acordem!

O impacto do Pico do Petróleo no emprego nos EUA (não difere do resto do mundo)

“Daze of Peak Oil…or at least Peak Oil Production”
By Chris Hamilton
in Biderman’s Money Blog

The 750% increase in energy prices since ’98 have been financed by a simultaneous 98% decrease in the Federal Funds Rate (cost of debt). 


A bolha petrolífera é evidente a partir do momento em que o preço do crude e os juros do dinheiro divergem


[...]

2000 through 2013 oil production and consumption trends…

N. America – Production rising, consumption falling
Eurasia and Middle East – Production rising, consumption rising
Asia – Production flat, consumption rising
S. America – Production rise, consumption rise
Europe – Production collapsing, consumption falling
Africa – Production flat, consumption rising


A geoestratégia do petróleo é evidente...



[...]

In one year the top 127 oil and gas companies spent $110 billion more on capital expenditures than they received from operations.  So, they acquired $106 billion in additional debt (a large percentage through the Junk Bond Market) and sold assets to make up the difference.

This is not a sustainable business model, just like the same nonsense taking place in the broader stock markets as corporations buy back massive amounts of their stock to give the ILLUSION that everything is fine and BAU- Business As Usual will continue.

Not only are many of these oil and gas companies hiding the fact that their balance sheets are hemorrhaging debt, they also have a cozy situation with the Federal Government.  Basically, the Fed’s allowed them to defer more than half of their tax bill… and it’s a lot of money. In a nutshell, the top 20 oil and gas companies still owe $16.5 billion (more than 50%) to Uncle Sam in tax revenue. 

O aumento da produção de petróleo nos EUA é uma grande bolha especulativa


[...]

Conclusion –

It appears the world hit peak cheap, high quality oil sometime in ’05 and the fallout since has been spectacular financial chaos. Declining GDP “growth”, money printing gone wild, ZIRP and NIRP activated, all since adequate supplies of newly available cheap energy failed to offset the declining conventional production. And the US / Canada low quality, high cost, unsustainable shale “miracle” signals the death throes of a global economy entirely dependent on cheap energy for growth and service of peak debt.

And the current path of deceit, QE, and command economies will only further what ails us enriching ever fewer at the expense of ever more. Shale oil and oil in general is finite and should be priced accordingly…and we should adjust.

There are solutions to the problems which ail us…not easy solutions, but genuine solutions none-the-less. But prior to talk of solutions, a consensus that there is a problem is necessary. I don’t write any of this to prove we are doomed…to the contrary I write with the hope that an informed, aware citizenry reacquainted with reality can do what’s it’s done throughout history when faced with adversity; come together for a brighter future.

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POST SCRIPTUM

24 out 2014, 21:32 
Portugal, i.e. Jorge Moreira da Silva e Pedro Passos Coelho, parece ter saído da casca. Ainda bem!

A atual queda dos preços do petróleo e do gás é temporária. A Europa paga uma fatura gigantesca pelo petróleo e gás que compra. Deve aproveitar este alívio temporário dos preços, permitido pelo bluff do fracking do petróleo/gás de xisto (altamente deficitário e subsidiado pelo governo americano), e pelos jogos de poder da Arábia Saudita, para continuar o seu trabalho em prol das energias renováveis e sobretudo da eficiência energética que, por exemplo, deve apostar decididamente em novas redes ferroviárias, portos eficientes e sobretudo na interoperabilidade marítimo-ferroviária, a par da discriminação positiva dos transportes coletivos face ao transporte automóvel individual. A energia barata acabou, mas a transição tem que ser ferreamente supervisionada pelos governos, por forma a contrariar sem hesitações os aproveitamentos especulativos que espreitam em cada esquina do rentismo e do devorismo.

Financial Times: The emergence of Portugal as a major stumbling block took many by surprise. Going into the summit, Spain complained bitterly about France’s reticence to building new power lines over the Pyrenees to allow export of its surplus wind power. But Mariano Rajoy, Spanish prime minister, dropped out of the talks, leaving Portugal’s Pedro Passos Coelho to battle for the Iberians.

Ultimately, Portugal and Spain won their battle to ensure that Europe’s electrical grids should be better connected. The EU said that countries should be able to export 15 per cent of their generational capacity by 2030. This process would be closely monitored to ensure that France would open its border to transmission lines from Iberia.

PS: são lamentáveis as barbaridades que o Prof. António Costa e Silva (da Partex) difundiu sobre a suposta abundância de petróleo e gás natural no mundo, durante o programa Negócios da Semana de 23/10. As pessoas têm que declarar os seus interesses sempre que falam ao grande público!!!

Mais leituras para o Prof. António Costa e Silva e os restantes amantes do 'fracking':

Kjell Aleklett

segunda-feira, setembro 08, 2014

Colapso?


O petróleo barato chegou ao fim. O período de transição já começou.

Estaremos a tempo de evitar o pior?


O colapso já começou, como começa a ser evidente para todos nós, e se verá melhor ainda em 2015. Este colapso anunciado pode, no entanto, ser mais ou menos ordenado, mais ou menos catastrófico. Tudo depende das medidas que forem entretanto tomadas. Sugerimos algumas, necessárias e urgentes, nomeadamente em Portugal:
  1. Integrar a Rússia (e a Ucrânia) na União Europeia e na NATO.
  2. retirar os recursos estratégicos (água, redes energéticas, transportes e telecomunicações) do circuito rentista, comercial e especulativo do capitalismo, submetendo todos estes setores, numa fase intermédia, a um colete de supervisão e transparência reforçado.
  3. diminuir o consumo de petróleo, e aumentar a produção energética local OFF-THE-GRID.
  4. desmaterializar a economia e o consumo: mais serviços online e mais desporto, saúde, turismo e cultura locais; menos betão; menos automóveis, mais transporte aéreo Low Cost e mais comboios e transportes coletivos de qualidade.
  5. diminuir o peso orçamental, fiscal e humano das burocracias, nomeadamente públicas, em nome do bem-estar e felicidade das comunidades, e da preservação efetiva do chamado 'estado social'.
  6. reforçar as democracias, reformando drasticamente as suas instituições — diminuir o peso da partidocracia e das corporações nas decisões democráticas; instituição de referendos nacionais, regionais e locais para a tomada de decisões que afetem a vida presente e futura dos cidadãos;
  7. instituição de um Rendimento Básico Universal e Incondicional, como meio de atalhar vários problemas complexos próprios das sociedades de transição decorrentes, nomeadamente, do crescimento da produtividade tecnológica, do custo da concentração urbana, do aumento da esperança de vida das pessoas, e da globalização económica — a multiplicação de mecanismos improvisados de emergência social fora de qualquer escrutínio democrático é ineficiente, socialmente injusto e fonte de enorme corrupção.
  8. acabar com a relação perversa entre governos, bancos centrais e especulação financeira mundial, instituindo-se neste particular um conjunto de princípios e regras fiscais universais, justas e equilibradas.
  9. favorecer uma demografia saudável e equilibrada, onde as migrações sejam reguladas de forma transparente e não oportunista.
  10. apostar na desmaterialização progressiva dos processos de informação, ensino e aprendizagem, cuidados de saúde e justiça, com o consequente alívio das correspondentes pressões orçamentais.
  11. defender as liberdades individuais e o direito de propriedade dos indivíduos e das famílias, nomeadamente contra o peso avassalador, autoritário e ilegítimo das grandes corporações e das grandes burocracias.

Para Dennis Meadows, co-autor de The Limits to Growth, já não há nada a fazer, a não ser aumentar os níveis individuais e coletivos de resiliência




Os Limites do Crescimento vistos por uma universidade australiana

Um estudo da universidade australiana de Melbourne analisa o célebre relatório The Limits to Growth (1972) e conclui que as previsões deste relatório encomendado pelo Clube de Roma e pela Volkswagen foram acertadas: 2030 será mesmo um ano charneira, isto é, o início de um colapso sem precedentes, pré-anunciado, aliás, pela forte quebra global da produção industrial per capita que certamente veremos ocorrer em 2015.

Is Global Collapse Imminent?

The Limits to Growth “standard run” (or business-as-usual, BAU) scenario produced about forty years ago aligns well with historical data that has been updated in this paper. The BAU scenario results in collapse of the global economy and environment (where standards of living fall at rates faster than they have historically risen due to disruption of normal economic functions), subsequently forcing population down. Although the modelled fall in population occurs after about 2030—with death rates rising from 2020 onward, reversing contemporary trends—the general onset of collapse first appears at about 2015 when per capita industrial output begins a sharp decline. Given this imminent timing, a further issue this paper raises is whether the current economic difficulties of the global financial crisis are potentially related to mechanisms of breakdown in the Limits to Growth BAU scenario. In particular, contemporary peak oil issues and analysis of net energy, or energy return on (energy) invested, support the Limits to Growth modelling of resource constraints underlying the collapse.

in
Is Global Collapse Imminent?
An Updated Comparison of The Limits to Growth with Historical Data
Author: Dr Graham M. Turner
Research Paper No. 4 August 2014 (PDF)

segunda-feira, setembro 01, 2014

BP: para onde vai o petróleo

O mapa do petróleo desenhado pela BP diz tudo...

A guerra pelo último petróleo já começou, e ao contrário do atum, não se pode criar em cativeiro


Se o ritmo de produção e consumo se mantiver, teremos...
  • petróleo para mais 40 anos
  • gás para mais 160 anos
  • carvão para mais 400 anos 
As energias renováveis são responsáveis por menos de 23% da energia produzida/consumida pelo Homem.

Moral da história
Em 21 de agosto de 1415, i.e. há sensivelmente 600 anos, a conquista de Ceuta iniciou a única e verdadeira globalização que o mundo até hoje conheceu. Infelizmente, 2015 poderá ser a data simbólica de uma era longa da humanidade que termina. Ao contrário da crença entre alguns asiáticos, a China e a Índia, e os BRICS em geral, não poderão liderar uma nova era de crescimento económico, social e cultural como aquela que a humanidade conheceu desde 1415.
A prova de que isto é mesmo assim pode ver-se claramente no mapa acima, comparando-o com as principais zonas de conflito criadas pelos Estados Unidos no mundo. Em nossa opinião, mais cedo, ou mais tarde, será necessário um novo Tratado de Tordesilhas (2.0), ou teremos um colapso desordenado da economia e do sistema financeiro mundiais e uma mais do que provável diminuição criminosa da população mundial.

Quanto a crescimento, é mesmo conveniente começarmos a desenhar uma economia de crescimento zero, justa e sustentável.

Contador de estatísticas

Aliança estratégica Rússia-China precede Tratado de Tordesilhas 2.0

Ao contrário do que o nevoeiro sobre a Ucrânia poderá fazer crer, esta crise geoestratégica provocada pelos Estados Unidos, apenas acelerou a aliança energética e financeira entre a Rússia e a China, que acabam de oficializar um contrato para a construção da maior rede de gasodutos do planeta, assim como, e mais importante ainda, a garantia de fornecimento de 38 mil milhões de metros cúbicos (bcm) de gás natural à China, durante os próximos 30 anos, transacionados em yuans e rublos, certamente.

Russia will ship 38 billion cubic meters (bcm) of gas annually over a period of 30 years. The 3,968 km pipeline linking gas fields in eastern Siberia to China will be the world's largest fuel network in the world.  ZeroHedge, 1/9/2014.


Donella Meadows tinha, afinal, razão

Limits to Growth was right. New research shows we're nearing collapse
Four decades after the book was published, Limit to Growth’s forecasts have been vindicated by new Australian research. Expect the early stages of global collapse to start appearing soon

Graham Turner and Cathy Alexander  
theguardian.com, Tuesday 2 September 2014 02.15 BST   

Atualização: 2/9/2014 16:21 WET

segunda-feira, junho 09, 2014

A bolha de xisto já era!



As reservas dos cinco maiores campos petrolíferos mundiais chegariam apenas para oito anos de consumo caso fossem as únicas disponíveis


  1. Ghawar (Saudi Arabia): 70x10E9 barris
  2. Burgan (Kuwait): 72x10E9 barris
  3. Safaniya (Saudi Arabia): 50x10E9 barris
  4. Rumaila (Iraq): 17,8x10E9 barris
  5. West Qurna-2 (Iraq); 13x10E9 barris
Total: 222.800.000.000 barris

Produção diária segundo a EIA (2013): 76.053.500
Produção anual segundo a EIA (2013): 27.759.527.500
Duração das reservas caso fossem as únicas disponíveis: 8 anos

Este indicador é bem sintomático de uma outra constatação: o pico do petróleo ocorreu em 2005, e a fase de declínio da produção mundial poderá ocorrer a qualquer momento até 2030.

A produção não convencional servirá certamente para mitigar por algum tempo o impacto da escassez petrolífera no preço geral da energia. Mas as limitações já evidentes do fracking vem confimar as  previsões realizadas em 1956 (Hubbert) e 1972 (Meadows et al.) sobre o fim do ciclo do petróleo e sobre o colapso do crescimento exponencial que a humanidade conheceu desde 1887 para cá.

O que sempre escrevemos sobre o petróleo e gás de xisto —uma manobra americana de dilação— veio finalmente ao de cima: a festa do xisto acabou.

Percebe-se agora melhor como Angela Merkel terá conseguido convencer Putin e o novo líder da Ucrânia a terem juízo.

Ou seja, no que toca à Rússia, manter a Europa como seu fiel cliente e parceiro, como importador de gás e petróleo, e exportador de tecnologia, é a solução que mais lhe convém para não ficar dependente de um único cliente: a China. Quanto à Ucrânia, o melhor mesmo é este país à beira de uma guerra civil cessar imediatamente as hostilidades e preparar-se para entrar na UE, criando campo para um fortalecimento futuro das relações ente a União Europeia e a Rússia.

A linha do Tratado de Tordesilhas 2.0 deslocou-se um pouco mais para Oriente. Ainda bem!

The World’s Five Most Important Oil Fields
Submitted by Tyler Durden on 06/08/2014 13:38 -0400. ZeroHedge

Much has been made about the role that hydraulic fracturing – or fracking -- has played in revolutionizing the energy landscape, unlocking vast new reserves of oil trapped in shale rock. This “tight oil” is pouring into the global pool of oil supplies at a crucial time, preventing oil prices from spiking in an age of high demand and geopolitical turmoil.

But the world still relies overwhelmingly on conventional oil production from existing fields, many of which are in decline. The Middle East has dominated the world of oil for half a century and as the list below shows, it remains king. Here are the top five most important oil fields in the world.


US shale boom is over, energy revolution needed to avert blackouts
By Dr. Nafeez Ahmed, Earth Insight, hosted by The Guardian

I hate to say I told you so, but...

In 2012, the International Energy Agency (IEA) forecast that the US would outpace Saudi Arabia in oil production thanks to the shale boom by 2020, becoming a net exporter by 2030. The forecast was seen by many as decisive evidence of the renewal of the oil age, while informed detractors were at best ignored, at worst ridiculed. [...]

Now IEA chief economist Fatih Birol says:

"In Europe we are facing the risk of the lights going off. This is not a joke."

We need $48 trillion of new investment to keep the lights on - and it's far from clear that investing in increasingly expensive unconventional oil and gas is going to cut it, without serious impacts on the global economy.

Currently, already, the IEA report reveals that over 80% of oil company investment is going into making up for exhausted fields where production is in decline. The agency also calls to ramp up investments in renewables and increasing efficiency, along with regulatory reform to incentivise investments, as part of the package.

While the fossil fuel empire is crumbling, the renewable energy sector has received 60% of total investment in power plants from 2000 to 2012.


Scientists vindicate 'Limits to Growth' – urge investment in 'circular economy
By Dr. Nafeez Ahmed, Earth Insight, hosted by The Guardian
Its first report in 1972, The Limits to Growth, was conducted by a scientific team at the Massachusetts Institute for Technology (MIT), and warned that limited availability of natural resources relative to rising costs would undermine continued economic growth by around the second decade of the 21st century.

Although widely ridiculed, recent scientific reviews confirm that the original report's projections in its 'base scenario' remain robust. In 2008, Australia's federal government scientific research agency CSIRO concluded that The Limits to Growth forecast of potential "global ecological and economic collapse coming up in the middle of the 21st Century" due to convergence of "peak oil, climate change, and food and water security", is "on-track." Actual current trends in these areas "resonate strongly with the overshoot and collapse displayed in the book's 'business-as-usual scenario.'"