Ninguém gosta de más notíciasHerdade do Freixo do Meio — carroça, Nov. 2009 (Foto OAM).
The future of carbon trading is the death of all of Europe and the US. — Elaine Meinel Supkis in Culture of Life News.
Depois do
Subprime, Estados Unidos e Europa continuam desesperados atrás de uma nova Dona Branca que os salve do quase infinito buraco negro de endividamento público e privado que cresceu exponencialmente a partir do chamado
mercado de derivados, cujo instrumento de acção mais sofisticado e catastrófico foi inventado em 1997 pelo J.P.Morgan e dá pelo acrónimo de
Credit Default Swaps (CDS).
O inefável mercado de emissões de carbono e de carbono equivalente, bem como os esquemas de subsídio às energias renováveis congeminados pelos poderes públicos e oligopólios energéticos, foram nos últimos meses e dias expostos a um conjunto de fragilidades intrínsecas que ameaçam esvaziar a sua suposta bondade verde, revelando as maquinações especulativas que ou estão na sua origem, ou apareceram depois para aproveitar o inesperado potencial de especulação e fraude inerente às novas ideologias da sustentabilidade e da luta contra as alterações climáticas.
O buraco negro dos derivados culmina uma lógica com mais de 30 anos de desindustrialização e endividamento do "moderno" e "desenvolvido" Ocidente e aponta para o que Ann Pettifor considera ser:
The Coming First World Debt Crisis. A China, conhecendo o fundo desta questão, travou a armadilha gelada de Copenhaga, conduzindo a COP15 ao fracasso absoluto.
'Carousel' frauds plague European carbon trading markets (Telegraph.)
Just a few weeks ago, Europol, the cross-border police force, said that carbon trading fraudsters may have accounted for up to 90pc of all market activity in some European countries, with criminals mainly from Britain, France, Spain, Denmark and Holland pocketing an estimated €5bn (£4.5bn).
...
This organised criminal activity has even "endangered the credibility" of the current carbon trading system, according to Rob Wainwright, the director of Europol.
So why have fraudsters particularly targeted carbon trading? And what is being done to iron out problems in Europe before other areas – such as the US – start to trade carbon in the next few years?
Carousel fraud has been a known scam for years among mobile commodities, such as phones, computer chips and cigarettes.
But the attraction of carbon permits is their intangible nature, so there is no need physically to ship goods across borders. All is done at the click of a mouse.
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It now looks like Europe will start a so-called "reverse charge" mechanism, which would remove the need for VAT to change hands between carbon traders every time permits are sold.
But will this remove all problems from the system? It should certainly eradicate VAT fraud, but the very nature of carbon credits makes them "an incredibly lucrative target for criminals", Rafael Rondelez, who was involved with the Europol investigation, has warned.
His message is clear: other types of carbon fraud could soon spring up because there are "no strong regulations or checking principles as there is in banking to prevent such activities as money laundering."
Agora pergunta-se: como irão a América e a Europa lidar com as suas gigantescas dívidas públicas e privadas e sustar o impacto potencialmente arrasador do buraco negro dos
Credit Defalt Swaps (CDS) e em geral da chamada
derivatives beast? Até agora o FED, o Bank of England e o BCE gastaram qualquer coisa como 5% do PIB mundial para impedir o colapso do sistema. De quanto precisarão em 2010, 2011 e 2012 para continuar a salvar o dominante mas ameaçado
capitalismo fictício actual? Onde irão buscar as reservas financeiras? Limitar-se-ão a imprimir mais papel, como o Zimbabué fez?!
A China, numa clara jogada de antecipação, juntou o Japão, a Coreia do Sul e os demais países da
ASEAN (Association of Southeast Asian Nations), para deixar claro que não será à custa do Oriente que o Ocidente resolverá mais um episódio funesto do
capitalismo instável (
Hyman P. Minsky) saído da rejeição do padrão ouro pela moeda americana. O acordo assinado no passado dia 29 de Dezembro em Tóquio entre os países da ASEAN e a China, Japão e Coreia do Sul, sob a designação
Chiang Mai Initiative, levará à constituição de um fundo de 120 mil milhões de dólares destinado a proteger 13 nações asiáticas de futuras turbulências financeiras e monetárias com epicentro em Wall Street.
Um país pode aumentar o
défice orçamental durante algum tempo, seja para proteger-se de uma recessão, seja para estimular a economia, por exemplo, em nome de uma visão estratégica inovadora. Em qualquer caso, tal desequilíbrio nas contas públicas deve regressar em prazo razoável à normalidade, i.e. a uma situação de
superavit ou, em hipótese menos favorável, de
défice sustentável. A União Europeia estabeleceu que a sustentabilidade do
défice das contas públicas não deve ir além dos 3% do PIB.
Para regularizar este tipo de contas os estados apenas podem fazer uma de três coisas: desvalorizar a moeda, aumentar a receita fiscal e/ou cortar na despesa pública. Portugal, por ser membro da União Europeia e da Zona Euro, apenas poderá recorrer às duas últimas alternativas, já que a paridade do euro é uma coutada reservada da Banco Central Europeu. Ou seja, pode cobrar mais impostos ou gastar menos com a sua administração pública. Para cobrar mais impostos, sem provocar uma revolução social, tem basicamente que conseguir mais investimento e mais emprego —o que se afigura muito difícil na presente conjuntura mundial—; para gastar menos, terá necessariamente que diminuir a dimensão tentacular do aparelho de Estado, encerrando serviços inúteis ou redundantes, privatizando áreas de actividade onde a sua presença não é nem indispensável, nem sequer estrategicamente relevante, e finalmente estabelecendo parcerias não ruinosas com o sector privado —o que nas presentes circunstâncias acabará por ser, muito provavelmente, a única forma eficaz de garrotar uma gangrena financeira galopante que ameaça levar o país à bancarrota.
Precisamos de realizar uma viragem de 180 graus nas nossas prioridades estratégicas. Isto é, passar da dependência externa extrema nas áreas dos recursos financeiros, energéticos, industriais, tecnológicos e alimentares, para uma lógica de substituição estratégica, ainda que parcial e progressiva, de importações, com vista a restaurar os depauperados
stocks de capital, capacidade produtiva e emprego do país. A aposta numa economia de serviços e turismo falhou! O mundo está a mudar muito rapidamente, e a mudança exigirá certamente uma reinvenção da economia capaz de acomodar uma lógica de uso sustentável dos recursos disponíveis; capaz de superar as destrutivas ideologias da exploração do trabalho humano assentes na intensidade financeira do Capitalismo (a que eufemisticamente se chama
produtividade); capaz de substituir a actual divisão internacional do trabalho por uma cooperação internacional do trabalho. O capitalismo actual é uma gigantesca bolha especulativa que já não poderá esvaziar-se facilmente por meio da pilhagem colonial ou neo-colonial que dava acesso à energia barata (petróleo e gás natural), às matérias primas e recursos alimentares sem fim, ou ainda ao trabalho sobre-explorado e sem direitos sociais. Os endividamentos acumulados pelo Ocidente são cada vez mais indeléveis e de difícil exportação! Ou aprendemos a digeri-los, mudando de vida, ou cairemos, mais cedo ou mais tarde, num profundo e longo sono de decadência. Ninguém gosta de más notícias. Mas para evitá-las temos que despertar a tempo!
OAM 668 02-01-2010 03:51