sábado, agosto 20, 2011

A guerra do aeroporto

Defensores do novo aeroporto ameaçam desestabilizar o governo 

“Parallel taxiway is not recommended unless Portela remains operational beyond the year 2020 as the capital investment cannot be recovered” — Parsons (2004)





Os independentes do actual governo poderão bater com a porta se Pedro Passos Coelho não puser a tempo e horas ordem no galinheiro parlamentar. Não é possível que uma criatura qualquer leve recados ao país, disfarçado de deputado, e um ministro tome a provocação a sério — a menos que o primeiro ministro já tenha desistido de governar e pretenda abortar a legislatura antes de atingir a altitude de cruzeiro. Quanto ao corpo presente de Belém, sempre tão preocupado com a estabilidade, aposta agora no "turismo de qualidade" e dá gritos de Ipiranga inopinados e tardios. Mau sinal!

A sequência de contra-informação montada no quartel-general da Lusa (é por estas e por outras que há que privatizar esta espelunca) fez-se crer à opinião pública que o ministro Álvaro Santos Pereira iria a Madrid dizer aos espanhóis que o "TGV" era assunto arrumado, quando ele foi dizer precisamente o contrário, isto é, que a ligação em bitola europeia entre o Pinhal Novo-Poceirão-Setúbal-Sines e o Caia daria início a uma nova conectividade ferroviária estratégica entre Portugal, Espanha e o resto da Europa, servindo simultaneamente o transporte de mercadorias (sobretudo durante a noite) e o transporte de pessoas (sobretudo durante o dia). Quando se percebeu que em Madrid se reiterou, embora com ajustamentos de estratégia e de prazos, isto mesmo, a generalidade da mé(r)dia lusitana escondeu as conclusões e tergiversou em volta do assunto até que a mencionada criatura largasse o petardo encomendado.




Mas vamos ao blitzkrieg de contra-informação, e respectivas respostas

  1. Governo português defende quarta-feira em Espanha a suspensão da linha Lisboa-Madrid (act)

    Jornal de Negócios, 16 Agosto 2011 | 19:33 Lusa

    O ministro das Obras Públicas português encontra-se na quarta-feira, em Madrid, com o seu homólogo espanhol para defender a suspensão da ligação de alta velocidade ferroviária e propor "outras alternativas" ao transporte ferroviário entre os países.
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  2. Governo defende em Espanha suspensão do TGV

    Ministro vai propor «alternativas» à linha entre Lisboa e Madrid

    Agência Financeira, Redacção 2011-08-16 20:28

    O ministro das Obras Públicas português encontra-se na quarta-feira, em Madrid, com o seu homólogo espanhol para defender a suspensão da ligação de alta velocidade ferroviária e propor «outras alternativas» ao transporte ferroviário entre os países.

    Segundo fontes oficiais consultadas pela agência Efe, o ministro Santos Pereira explicará ao homólogo espanhol, José Blanco, que «a falta de dinheiro» resultante da crise que afecta Portugal impossibilita a concretização da linha de alta velocidade entre Lisboa e Madrid, projecto com abertura prevista para 2013 e impulsionado pelo anterior Governo.

    As mesmas fontes, citadas pela Efe, assinalaram que os dois ministros deverão abordar no encontro «alternativas mais rentáveis em tempos de crise», entre as quais figura a promoção do transporte ferroviário de mercadorias com a Europa para impulsionar as exportações.
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  3. Blanco reclamará hoy a Portugal que retome el AVE entre Lisboa y la frontera española

    Cinco Días, Javier F. Magariño - Madrid - 17/08/2011


    Cualquier cosa menos dejar que el AVE que llegará a Extremadura muera en la frontera con Portugal. Esta es la premisa que lleva el ministro de Fomento, José Blanco, a la reunión que mantendrá esta mañana en Madrid con el ministro de Economía luso, Álvaro Santos Pereira.
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  4. Espanha insiste com Portugal para TGV não ficar arrumado

    Ministro do Fomento espanhol vai propor alternativas a Álvaro Santos Pereira para que projecto não fique na gaveta

    Agência Financeira, Redacção  VC 2011-08-17 08:49

    «Qualquer coisa menos deixar que o TGV que chegará à Estremadura morra na fronteira com Portugal». É o que começa por dizer o jornal «Cinco Dias» sobre a posição do Governo espanhol em relação ao projecto da alta velocidade.

    O ministro da Economia e do Emprego, Álvaro Santos Pereira, vai estar esta quarta-feira em Madrid, para um encontro com o ministro do Fomento espanhol, onde vai defender a suspensão da alta velocidade. José Blanco vai insistir com Portugal para que o TGV não seja metido na gaveta.
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  5. TGV: Espanha aprova ligação Badajoz-Caia

    Luz verde foi dada um dia antes do encontro entre ministro da Economia português e homólogo espanhol para discutir futuro da alta velocidade

    Agência Financeira, Redacção 2011-08-17 11:47

    O ministério espanhol do Ambiente aprovou ainda na terça-feira a construção do troço ferroviário Badajoz-Caia que integra o projecto de alta velocidade (TGV) Lisboa - Madrid, um dia antes dos governos ibéricos se reunirem para discutir o futuro do projecto, um encontro que acontece esta quarta-feira.
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  6. Portugal e Espanha querem eixo ferroviário Sines-Madrid-França

    Linha ferroviária de mercadorias em bitola europeia

    Agência Financeira, Redacção  PGM 2011-08-17 12:48

    Portugal e Espanha vão criar, nos próximos dias, um grupo de trabalho que impulsione a vontade conjunta de criar um eixo ferroviário de mercadorias, em bitola europeia, entre Sines e a fronteira franco-espanhola, por Madrid.
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  7. Ministro da Economia diz que TGV permanece suspenso e que críticas foram "mal-entendido"

    Jornal de Negócios, 19 Agosto 2011 | 18:25, Lusa

    O ministro da Economia e do Emprego, Álvaro Santos Pereira, qualificou hoje como um "mal-entendido" as críticas suscitadas pelas suas afirmações sobre o TGV, garantindo que a opinião mantém-se e que o projecto continua suspenso.
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  8. Ministro quer construção de ferrovia em bitola europeia

    Álvaro Santos Pereira diz que ideia é gerar «maior competitividade» das exportações

    Agência Financeira, Redacção  CPS 2011-08-19 20:11

    O ministro da Economia e do Emprego, Álvaro Santos Pereira, defendeu esta sexta-feira que a construção da linha ferroviária de mercadorias em bitola europeia, entre Sines e a fronteira franco-espanhola, vai gerar «maior competitividade das exportações portuguesas».

    «A aposta prioritária deste Governo passa por uma maior competitividade das exportações portuguesas e para tal teremos que apostar na bitola europeia de mercadorias em conjugação, obviamente, com as autoridades espanholas», disse.
Basta ler esta sequência de relatos jornalísticos para se perceber três coisas simples:
  1. A Agência Financeira dá informações correctas e completas;
  2. A agência Lusa faz chegar informações incompletas ou enviesadas ao Jornal de Negócios;
  3. O Jornal de Negócios transmite de forma descerebrada, ou desonesta, manipuladora, comprada, etc., as informações da Lusa, transmitindo sistematicamente ideias erradas sobre a matéria noticiosa — prestando assim um péssimo serviço aos seus leitores.
Fica a dúvida: quem emprenhou a Lusa para um tão mau serviço, ou melhor dito, quem encomendou à Lusa a contra-informação? Miguel Relvas? Algum agente infiltrado do lóbi do aeroporto de Alcochete? Compete a Passos Coelho deslindar internamente este assunto e decidir se é ele o chefe de governo, ou qualquer sombra que o persegue.

Os compromissos assinados e reiterados entre Portugal e Espanha não se rasgam sem razões muito fortes e transparentes, tanto mais que a Espanha já tem em obra vários troços da linha, tendo aliás adjudicado um dia antes da reunião de Madrid, a obra de construção da linha entre Badajoz e a fronteira do Caia.

Quem iria indemnizar a Espanha pela obra construída e contratada, se a estupidez e a corrupção uma vez mais triunfassem entre nós?

E se a confirmação da construção do troço Caia-Poceirão, que deve ser complementada com prolongamentos até ao Pinhal Novo —para servir os passageiros— e ainda Palmela, Setúbal e Sines, para servir sectores industriais estratégicos como a Autoeuropa e os portos de Setúbal e Sines, não ocorrer até ao fim do mês de Setembro, quem assumirá a responsabilidade pelos fundos comunitários que deixarão de vir para o nosso país, e quem assumirá a responsabilidade pelos correspondentes fundos que a Espanha deixaria também de receber, parte dos quais teria, aliás, que devolver?!

Isto não é uma brincadeira de meninos! E os meninos do PSD, a começar pelo senhor Alexandre Patrício Gouveia, que não percebe patavina de ferrovia (aliás como a criatura encarregada de por a boca no trombone), não se podem arrogar o direito, ainda por cima escondidos detrás do biombo de uma fundação faz-de-conta, de colocar em causa de forma ilegítima compromissos de Estado e as decisões de um ministro legítimo.

Espero que o senhor Passos Coelho estude bem este dossier antes de dar prioridade aos boys da São Caetano à Lapa. O mundo, como disse o pobre Sócrates, mudou!

Os dois vídeos que acompanham este post muito irritado demonstram duas coisas:
  1. que os contentores não sabem voar, e que o "TGV" já os transporta de Espanha para França;
  2. e que as loucuras, fruto da corrupção, como as do novo aeroporto de Atenas, ou os aeromoscas de Ciudad Real e Beja, não têm qualquer hipótese de repetir-se até ao fim desta década. Logo...

NOTA FINAL: o aeroporto da Portela está longe de esgotar a sua operacionalidade e excepcional vantagem que continua a trazer à cidade de Lisboa, como provam claramente —pela negativa— as sucessivas notícias exageradas sobre a sua morte, e sobretudo como prova, se lido nas entrelinhas, o célebre estudo encomendado à consultora Parsons, publicado em 2004.

1ª mentira:
Capacidade do aeroporto da Portela vai esgotar-se até 2011, 09.05.2007 - 14:16 Por Lusa 

2ª mentira:
Aeroporto da Portela sem solução à vista esgota capacidade em 2018 - Jornal de Negócios, 17 Junho 2011 | 00:01

Entrelinha crucial do relatório da Parsons:

“Parallel taxiway is not recommended unless Portela remains operational beyond the year 2020 as the capital investment cannot be recovered.” — in Estratégia de Desenvolvimento da Capacidade do Aeroporto da Portela, Lisboa Apresentação de 8 de Abril de 2004 Parsons-FGG Consortium e ANA

Parallel taxiway (representação no Google maps/ OAM)


POST SCRIPTUM

Afinal, o Jornal de Negócios sempre deu fé do despacho da Lusa sobre a visita de ASP a Sines (às 20:52 de ontem). Uma correcção in extremis à gigantesca manobra de contra-informação montada (pelo lóbi de Alcochete) para entalar o ministro da economia.

Santos Pereira: Construção de ferrovia em bitola europeia vai gerar "maior competitividade" das exportações

Jornal de Negócios, 19 Agosto 2011 | 20:52, Lusa

RECORDANDO FACTOS

Fernando Fantasia, da SLN, comprou 4000 hectares em Alcochete, 15 dias antes de se saber que o embuste da Ota se mudaria para aquelas paragens. Está tudo dito, mas vale a pena recordar...




ÚLTIMA ACTUALIZAÇÃO: 06-09-2011 12:37

quarta-feira, agosto 17, 2011

Stop the banksters!

A capacidade do BCE é limitada, e a da Alemanha também

Esta alegoria, realizada a partir de uma pintura de Lucian Freud, não poderia sintetizar melhor o momento actual da Eurolândia.

A taxa Tobin, isto é, uma taxa sobre as transacções em bolsa, não chega — pois boa parte do buraco negro que vem sugando para o Nada as economias mundiais tem origem em transacções clandestinas, por baixo da mesa, Over The Counter (OTC), e por esta razão a Europa terá que começar por proibir os próprios Derivados Financeiros OTC, os Credit Default Swaps (CDS), as Credit Default Obligations (CDO), o Naked Short Selling e ainda o High-Frequency Trading, antes de qualquer imposição fiscal ingénua, se quiser mesmo vencer a guerra desencadeada pelo par dólar-libra contra o euro e o resto do mundo.

Só depois de forçar decisões como estas a União Europeia poderá reconstruir o seu sistema financeiro e a sua economia. Se, pelo contrário, continuar no caminho da cumplicidade que tem entretido com a cleptocracia mundial, e persistir na cobardia política, a desintegração europeia acabará por ser a realidade insistentemente anunciada. Se tal vier a ocorrer, os criminosos de Wall Street exultarão então como nunca do meio da sua descarada e insaciável orgia.

Polite looting vs. street looting



O Max Keiser Report que publicamos com este post, além de colocar questões decisivas sobre a crise suburbana que assolou Londres, publica ainda uma importante entrevista com William K. Black, advogado e antigo regulador financeiro americano que, na década de 1980, foi responsável por ter levado à barra dos tribunais mais de mil banksters. Espero que a actual ministra da justiça, Paula Teixeira da Cruz, veja esta entrevista e depois conclua correctamente o que terá fazer depois de se ver livre do cadáver esquisito e adiado que faz de Procurador Geral da República.

terça-feira, agosto 16, 2011

Arrecadas de Viana, protegam-nos!

Ainda vai a tempo de comprar ouro e prata!


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“Gold has gone up for 12 straight years in a stealth market. In the last ten years gold has had a compound annual growth of 20.5%.  This is an absolutely outstanding return but investors should not look at gold as an investment but as money. Gold reflects governments’ deceitful actions in totally destroying the value of paper money by printing unlimited amounts of it. With gold up 7 times since the bottom in 1999, is it too late to jump on the Goldwagon?

The answer to the above question is a categorical NO” — in Egon von Greyerz: “Too Late To Jump On The Goldwagon?” (ZeroHedge)

Eis mais um bom argumento para recomendar a compra de ouro (barras de ouro!) e prata nos próximos meses. A especulação financeira e os estados soberanos falidos só há pouco acordaram para o refúgio dos metais preciosos, e mesmo assim, mal! Ou seja, em vez de comprarem ouro, prata e platina, andam a especular com papeis de ouro, prata e platina! Ou seja, estão a criar mais uma bolha piramidal, a qual, quando rebentar, irá fazer disparar para valores sem precedentes o valor dos cordões, arrecadas, moedas e barras de ouro, prata e platina que os mais previdentes tiverem entretanto amealhado.

A compra de boas peças de filigrana portuguesa é uma excelente protecção contra a inflação camuflada (embora cada vez mais real e ameaçadora), contra a pilhagem fiscal em curso, contra a desvalorização agressiva do dinheiro (e portanto das reformas e dos fundos de pensões e saúde), e ainda contra o colapso financeiro iniciado em 2006-2007, cujo Bang 2 está prestes a ocorrer!

Arrecadas de Viana em ouro, prata dourada ou prata, são uma alternativa imbatível aos títulos de dívida pública portuguesa de longo prazo (10 anos/ Certificados do Tesouro), e mais ainda de médio prazo (5 anos/ Certificados de Aforro).

E para quem tiver 1, 10, 100 milhões de euros para investir, uma dica: aposte em força na ourivesaria portuguesa:
  • compre matéria prima! 
  • invista na protecção e qualificação da ourivesaria tradicional portuguesa, nomeadamente na arte da filigrana! 
  • promova e desenvolva um mercado global para a filigrana portuguesa!

Ao governo português, uma dica também: porque não resolve criar um Banco Público de Ouro, para além das Reservas de Ouro do Banco de Portugal? Teria dois grandes méritos: proteger o metal precioso dos seus cidadãos; e pedi-lo emprestado, em caso de força maior e só depois de aprovação em Referendo, como garantia de empréstimos externos.

A morte dos "grandes grupos"

O fim do regime não foi em 1974, vai ser em 2011!


A edificação criminosa de Obras de Arte como esta, e das anunciadas barragens da EDP, é a causa mais visível do colapso em curso. Mas a causa profunda foi o incesto entre uma burguesia palaciana inculta e uma classe partidária ávida de mordomias.
Família Mello dá património para garantir dívida do Grupo

Situação financeira do Grupo Mello está no limite. Garantias dos empréstimos estão a valer menos, família já entrou com património junto dos bancos. Grupo desvaloriza. Acções da Brisa também” — Jornal de Negócios, 16-08-2011.

Pergunta ao primeiro ministro Pedro Passos Coelho: foi para segurar os Mellos da Brisa e dos hospitais (que o contribuinte deixou de poder alimentar a Pão de Ló) que o senhor colocou o seu colega de partido e empregado da Brisa, António Nogueira Leite, na Caixa Geral de Depósitos? Não acha que é tempo de perceber que a Caixa está demasiado exposta e já não aguenta mais patifarias?

Um dia antes da notícia do Jornal de Negócios acima citada tínhamos escrito do Facebook d' O António Maria:

“As receitas têm vindo a cair a pique tanto na Ponte 25 de Abril, como nas autoestradas e SCUTS com portagem. Logo, a solução não é cobrar o que não deveria ser cobrado, mas sim parar imediatamente as PPP programadas para mais estradas e barragens inúteis, destinadas apenas a alimentar grupos económico-financeiros aventureiros e falidos. Mas atenção: não há quem corrompa se não houver corruptos, e neste caso os corruptos de serviço pertencem à nomenclatura partidária instalada.”

O Grupo Mello é um dos vários parasitas típicos da economia portuguesa, a par dos Espírito Santos, e outras sobrevivências renascidas do Antigo Regime. Ambos estão visivelmente falidos, pois têm mais dívidas que proventos numa conjuntura duradoura em que já não conseguirão sugar mais sangue fácil ao contribuinte português, nomeadamente através da corrupta nomenclatura partidária que colonizaram descaradamente, nem renovar os créditos que outrora conseguiram nos mercados financeiros. A especulação financeira joga agora contra eles!

Quanto à indigente nomenclatura partidária que temos, em breve perderá toda a confiança do eleitorado, e afundar-se-à tão redondamente quanto os bancos e famílias que serviu escondida atrás de um biombo de democracia.

Com o estouro que este Outono promete, não vejo como poderá o actual governo salvar o que quer que seja dos falidos grupos financeiros e empresariais portugueses sobre endividados. Se ao menos a Esquerda Empalhada que temos não fosse, in extremis, a sua mais inesperada e valiosa muleta!

BPNs, Mellos, Espíritos Santos, EDPs, Impresas (SICs, Expressos, Visões, etc.), Bloco Central do Betão, Berardos, Rendeiros, quem os salva?

Parece que a Esquerda Empalhada Portuguesa se tornou no mais diligente bombeiro voluntário desta turma do passado. Estes clérigos desmiolados e oportunistas (na realidade sem uma Roma que os guie) transformaram os partidos de esquerda em sindicatos, e como tal, para defender o emprego a todo o custo, acabaram por transformar-se nos melhores aliados do incesto entre quem pode e quem manda, mesmo se ambos falidos até ao tutano. Manda a gravidade geral do capitalismo que a sua renovação pressuponha a falência dos mais fracos, ou fora de tempo, para dar lugar aos mais produtivos, inovadores e até socialmente mais justos. Pois bem, os mais corruptos, os mais desorganizados, os menos competitivos, e os que mais especulam em vez de produzir, beneficiaram e gozam do apoio objectivo da Esquerda Empalhada Portuguesa, em nome, claro está, do emprego, aliás: do pleno emprego, do emprego para todos! O epílogo desta história não poderá deixar de ser uma tragédia.

E no entanto, vai acabar por ser inevitável renacionalizar a banca e alguns grupos económicos (ou parte deles), engavetando também os banksters e políticos piratas responsáveis pela bancarrota do país. Os países emergentes, se virmos bem, estão todos ancorados em empresas e instituições públicas estratégicas, ainda que, frequentemente, escondidas atrás de nuvens impenetráveis de marcas aparentemente privadas. São estas empresas (angolanas, brasileiras, chinesas, árabes, etc.) que se preparam para tomar o lugar da ignorante burguesia de São Bento. Mas será prudente, apesar da eventual importância das alianças que poderão vir a ganhar forma entre países amigos, deixar correr tal tendência sem uma reviravolta de objectivos, de estratégias e de poderes por parte das energias anímicas e seminais que há séculos garantem a independência do nosso país?

domingo, agosto 14, 2011

As balelas do gaúcho Pinto

Os aviões da TAP precisam de mudar de combustível!

Esta é a verdadeira causa da ruína da TAP, depois da má gestão, claro!

easyJet: lucros antes de impostos: 154 milhões de Libras (2010); 54,7M£ (2009)

TAP afunda por causa do petróleo? Balelas! As companhias que tiveram lucros, e são centenas, não voam a água, ou voam? O mais incrível é verificar que toda a indigente e desmiolada imprensa que temos comprou o argumento sem fazer sequer a pergunta sacramental: o combustível da TAP é diferente do utilizado pelas outras companhias? Se é, mudem de combustível — caramba!

Por outro lado, o petróleo não vai descer, nunca mais, abaixo dos 100 dólares o barril —esqueçam os valores fictícios do petróleo do Texas; o que conta é o petróleo de Brent e o demais petróleo, que se rege pelo preço de Brent. Logo, a TAP do senhor gaúcho, se aceitarmos a última desculpa para os seus maus resultados, deixou de ser viável. Logo, temos que remover o senhor Gaúcho e o resto da incompetente administração da TAP e proceder rapidamente a um spin off da companhia, se a quisermos salvar de uma humilhante entrega às coroas indesejáveis da Espanha e do Reino Unido. Na Espanha centralista da Zarzuela e da Moncloa, qualquer Galego ou Asturiano, Basco, etc., para voar até Londres, tem que passar por Madrid. É isso que queremos? Não sendo outro o serviço que o gaúcho Pinto está neste momento a prestar a Espanha, com a cumplicidade de alguns indígenas, analfabetos ou simplesmente baratos de convencer, haverá que o afastar da solução a dar à TAP que sair do estado de falência em que se encontra.

easyJet — Financial highlights (in Annual report and accounts 2010 — PDF)

Continued growth in total revenue per seat up 5.1% (3.3% at constant currency), following strong growth in the prior year (up 4.1% at constant currency) driven by the strength of the easyJet network and good underlying consumer demand.

Passenger numbers up 7.9% to 48.8 million and load factor increased by 1.5ppt to 87.0%.

Reported profit before tax of £154.0 million delivered ahead of our original guidance, this includes £27.3 million of costs resulting from volcanic ash disruption. Total impact of the volcano, including lost contribution, estimated to be £57 million.

Improvement in margins as underlying profit before tax1 increased by £144.6 million to £188.3 million, primarily driven by a unit fuel cost reduction equivalent to £122.7 million.

Disruption costs have had a significant impact on the financial results with a £97.9 million increase versus the prior year. £27.3 million volcano related, £20.8 million snow related and £49.8 million of costs (wet leasing and other costs, mainly EU2004/261 related), as a result of Air Traffic Control (ATC) strike action and easyJet’s operational difficulties over the summe.

Total underlying cost per seat1 (excluding fuel and currency movement) up 5.2% mainly driven by disruption costs. Excluding the impact of additional disruption costs, underlying cost per seat1 (excluding fuel and currency movement) rose 2.2%.

Continued strong cash generation, net cash flow from operations improved by £228.9 million to £363.4 million. Gearing fell from 37.6% to 31.8%.

Return on equity increased to 8.6% from 5.5% as easyJet delivered both capacity growth and margin improvement.

Espanha: dívida militar impagável?

Espanha militar não paga encomendas

Carro de combate Leopard, durante el desfile del Doce de Octubre de 2002, que fue prestado a España para esta parada. / RICARDO GUTIÉRREZ/ El País (foto modificada/ OAM)

Si el dueño de una casa deja de pagar la hipoteca, el banco no dudará en embargarla. Pero si el Ministerio de Defensa no abona las anualidades de un buque de guerra, un carro de combate o un cazabombardero, ¿quién se atreverá a embargarlos?

La situación puede parecer surrealista, pero es real. Las Fuerzas Armadas españolas han abordado en la última década un proceso de modernización sin precedentes. Aunque tienen algunas carencias clamorosas y parte de su material está obsoleto, disponen de algunos de los armamentos más avanzados del mundo: el caza EF-2000, el tanque Leopardo o la fragata F-100, cuyo sistema de combate es capaz de integrarse en el futuro escudo antimisiles — El País.

Alguém percebe para que quer a Espanha tamanho sistema de forças? Para invadir a França não será. Marrocos, também não. Para reforçar a NATO e consolidar a nova opção atlântica espanhola consagrada na Cimeira das Lajes que congregou a frente bélica contra o Iraque? Faz sentido. Mas eu tenho outra teoria: as criaturas da Moncloa e da Zarzuela estão apavoradas com a desintegração territorial da Espanha, num cenário pós Kosovo e pós colapso da monarquia belga. E ainda: alguns espanholistas, que não há meio de digerirem o colapso de 1898, continuam a ter sonhos húmidos com Lisboa. Menos mal que estão falidos até ao tutano!

quarta-feira, agosto 10, 2011

O fim da TAP?

Lá se vai o hub da Portela para Madrid :(

Airbus A330 da TAP (Foto: Airliners.net)
British Airways e a Ibéria confirmam interesse na privatização da TAP

O presidente executivo da International Consolidated Airlines Group (IAG), empresa que resultou da fusão entre a British Airways e a Ibéria, confirmou hoje que está interessado na privatização da transportadora aérea portuguesa TAP.

Em entrevista à Bloomberg, Willie Walsh, diz que o interessa na TAP deve-se sobretudo à rede que a empresa portuguesa tem no Brasil.

“Queremos assegurar que teremos uma forte posição naquela que será uma economia chave no futuro”, disse o CEO da IAG, numa entrevista concedida à agência de notícias em São Paulo.

A British Airways e a Ibéria voam actualmente para quatro cidades brasileiras, metade dos destinos da TAP, que é líder da rota entre o Brasil e a Europa — in Jornal de Negócios, 10-08-2011.

Depois da Lufthansa ter aparentemente desistido de entrar na privatização da TAP as opções para a privatização da companhia aérea de bandeira portuguesa reduziram-se drasticamente. Por motivos que falta esclarecer, mas que podem estar relacionados com a indecisão governamental portuguesa relativamente à dívida acumulada da empresa (a qual não estará completamente expressa nos relatórios e nas informações prestadas aos governos...), e ainda com o destino a dar às empresas não lucrativas do grupo, ao excesso óbvio de pessoal, e aos administradores a mais, a estratégia da Star Alliance falhou.

O que a notícia relatada pelo Jornal de Negócios, oportunamente plantada na Bloomberg, insinua, não é nada bom, ou seja, a iberização da TAP levará não só o centro de decisão da Portela para Barajas (talvez contratando o mesmo gaúcho que conduziu a TAP a este triste fim), como acabará com a fantasia do mini hub da Portela, e com todos os voos de ligação entre a Europa e o Brasil passando por Lisboa. Madrid será a nova placa giratória! Mais, não tardaremos a ter que passar pela capital espanhola sempre que quisermos voar para fora de Portugal —como aliás acontece a boa parte de nuestros hermanos, vivam eles em Ibiza, na Corunha, em Badajoz ou nas Canárias.

A Lufthansa tem, ao que parece, uma nova estratégia, assente sobretudo nos A380, especialmente indicados para ligar a sério os principais hubs aeroportuários do planeta entre si, lançando ainda pontes para cidades importantes. Frankfurt ligar-se-à assim a São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Brasília, Bombaim, Nova Dehli, Pequim, Xangai, Luanda, Sidney e Tóquio, entre outras, usando preferencialmente, senão exclusivamente, os chamados wide-bodies. Nesta estratégia, a endividada TAP deixou obviamente de ser particularmente atractiva.

Mas haverá ainda alguma alternativa à espanholização da TAP?

Sim, há! Temo-la defendido há meses: fazer um spin off bem feito da companhia, largando o seu lastro mais ruinoso (aqui o Estado teria que intervir, suportando custos de indemnizações por cessação de postos de trabalho) e criando três novas companhias dentro do grupo:
  • a TAP Europa, baseada no modelo Low Cost; 
  • a TAP Atlântica, destinada a segurar o mini hub das ligações Europa-Brasil-Angola, ampliando-o aos continentes americano e a África; 
  • e finalmente a TAP Oriente, destinada a conferir autonomia nas ligações aéreas de Portugal ao Médio Oriente (Turquia, Irão, emiratos Árabes, Iraque, etc.), repúblicas do Mar Cáspio, Índia, Indonésia, Austrália, China e Japão.

Para aqui chegar, no entanto, são precisas alianças estratégicas que, por assim dizer, dividam o Atlântico em dois: norte e sul. Os aliados potenciais para o Atlântico sul são óbvios: Brasil, Angola, China e, por exemplo, o Qatar.

Esta opção, além de revelar visão de futuro, permitiria não só manter a Portela, e se for o caso, daqui a uma década, um NAL algures na Margem Sul (1), como plataforma aeroportuária independente do incorrigível hegemonismo da Moncloa e da Zarzuela, mas também a entrada no negócio de grupos portugueses que têm que mudar rapidamente de vida. Refiro-me, entre outros, ao grupo Mello (da Brisa, etc.), e ao senhor da GALP e das cortiças.

Estive ontem a ler um relatório muito interessante sobre o modus operandi chinês na sua estratégia de alargamento de influências aos vários continentes, no caso particular, África e muito especialmente Angola e Tanzânia. Ao ver a cronologia publicada pelo documento Sonangol The 88 Queensway Group — A Case Study in Chinese Investors’ Operations in Angola and Beyond produzido pela U.S.-China Economic and Security Review Commission, encontrei estas ocorrências deveras interessantes e especialmente oportunas para a discussão em curso sobre o futuro da TAP:

[...]

Feb. 1, 2009—Tanzanian oil company grants China Sonangol 3 licenses for oil exploration after it purchases 49 percent of Aur Tanzania.
Feb. 16, 2009—Hu Jintao visits Tanzania
March 12, 2009—China Developmet bank offers Angola $1 billion non-oil backed loan for...
March 26, 2009—China Sonangol acquires $200 million stake in CEPU oil and gas field in Indonesia

[...]

China Sonangol’s purchase of airplanes has not been limited to Tanzania. In addition to these purchases and the services agreement with Sonair in Angola, the 88 Queensway Group has purchased airplanes from France’s Airbus and Brazil’s Embraer. In February 2007, China Sonangol ordered three Airbus Corporate Jetliners and, in August 2007, purchased two Legacy 600 Executive Jets from Brazilian aircraft manufacturer Embraer.99 These jets may have been purchased in order to facilitate the activities of China Sonangol and its executives.

ÚLTIMA HORA! (12-08-2011 19:13 ; da msg do António Maria no Facebook)

Fusão TAM+LAN. Já agora, irrrmãos Brazileiros (a minha avó Martina era de Belém do Pará ;) alinhem no spin off da TAP! Bom, o spin off da TAP é ideia da Blogosfera, e resume-se a manter a companhia centrada na Portela (Lisboa), com uma estratégia própria, concorrente da liga BA-Iberia-American Airlines. TAP Europa+TAP Oriente+TAP Atlântica é o spin off proposto.

Angola, Brasil, China e alguma monarquia petrolífera deveriam compor o consórcio com a Caixa Geral de Depósitos e algum grupo português em metamorfose (Brisa...). Entregar a TAP ao rei de Espanha e à rainha pirata Isabel II seria um acto de traição!

NOTAS
  1. O aeromoscas de Ciudad Real, com "TGV" à porta e tudo, está para Espanha como o aeromoscas de Beja, do genial Augusto Mateus, está para Portugal. Dois exemplos de  corrupção em dois países entretanto falidos. Ler esta reportagem do Le Monde: Ciudad Real, terminal fantôme (PDF). Não creio que alguém com juízo se atreva a lançar a primeira pedra do embuste da Ota em Alcochete tão cedo.


El aeropuerto fantasma from Markus Böhnisch on Vimeo.