terça-feira, janeiro 20, 2015

Portugal, uma ilha ferroviária

Este governo é responsável pelo isolamento ferroviário do país


La ministra de Fomento, Ana Pastor, destacó ayer en Orense que en el conjunto de la legislatura se invertirán 14.245 millones de euros en la alta velocidad. Asimismo, indicó que, desde su puesta en marcha en España, más de doscientos millones de pasajeros han viajado en alta velocidad.

in Vía Libre

Enquanto os corruptos políticos portugueses continuam a boicotar as ligações ferroviárias de alta velocidade, nomeadamente entre a região de Lisboa, e a região Norte (Porto-Braga-Aveiro), a Espanha e ao resto da Europa, Madrid vai fazendo o seu caminho, de acordo, aliás, com diretivas comunitárias altamente subsidiadas.

O governo Passos Coelho, sob influência de mãos ocultas e mentes sombrias, desperdiçou mais de MIL MILHÕES DE EUROS, entre subsídios perdidos, empréstimos do BEI que foram desviados para subsidiar empresas públicas falidas, indemnizações por contratos anulados pelo dito Tribunal de Contas, e investimentos inúteis em pseudo alternativas ao que foi reiteradamente acordado com Madrid e Bruxelas.

Quando Portugal se vir reduzido a uma ilha ferroviária, com todos os comboios a parar na fronteira com Espanha, para mudança de passageiros e mercadorias, então os nossos indecorosos e corruptos políticos (e as araras mediáticas avençadas do regime) dirão que não sabiam de nada...

O problema é que sabiam, sabiam muito bem, e foram avisados vezes sem conta, nomeadamente por este blogue. Espero que, então, já possamos enviar para Évora os culpados de administração política danosa do bem público. Sócrates terá, enfim, companhia para conversar!

Parece que a Comissão Europeia tem andado ultimamente a ser enganada por estudos encomendados a um dos nossos adiantados mentais. Desta espécie peculiar de estudos, como sabemos, resultam conclusões invariavelmente distorcidas pela vontade do cliente que paga, i.e., o Estado capturado pelos piratas de turno.

Talvez fosse oportuno confrontar os últimos documentos da CE sobre AV com algumas perguntas pertinentes.

EDP insolvente

Uma darling, em desgraça, chamada EDP


EDP vende edifício no Marquês de Pombal a seguradora francesa

O número 46 da Rua Camilo Castelo Branco, em Lisboa, tem novo dono. O Fundo de Pensões da EDP vendeu no final do ano passado o imóvel ao grupo segurador francês SMA, que opera em Portugal através da subsidiária Victoria Seguros.

Entre os termos do acordo está prevista a permanência da EDP no imóvel durante os próximos cinco anos, explicou a consultora imobiliária CBRE, que mediou o negócio. O edifício de 4.830 metros quadrados junta-se a outros quatro vendidos em Junho pela eléctrica portuguesa ao fundo americano Global Asset Capital.

in Jornal de Negócios

Eu não avisei? A EDP, que foi engolida pelo negócio das ventoinhas que lhe impingiu a Goldman Sachs, e que depois os chineses, mal aconselhados, compraram, encontra-se em estado de insolvência. Para cumprir o serviço da sua descomunal dívida (mais de 18 mil milhões de euros), já só tem uma hipótese: vender os aneis. E em breve, os dedos! Com a subida do dólar, e a queda do euro, presume-se que parte da dívida, a que estava denominada em moeda americana, disparou...

O embuste das novas barragens e o preço escandaloso da energia elétrica em Portugal, são o resultado direto desta pessegada, de que o Recluso 44 é também, obviamente, responsável. O dito recluso, o cabotino Mexia, e o compadre Catroga, claro!

O boom turístico

Governantes e autarcas, a mesma casta de oportunistas


"Os dados [...] revelados pelo INE [Instituto Nacional de Estatística] confirmam que 2014 foi o melhor ano de sempre do turismo em Portugal, com crescimentos superiores a 10% face ao ano recorde, quer se considere o número de dormidas, o número de hóspedes ou os proveitos da hotelaria. E confirmam que estamos a crescer mais do triplo de Espanha em termos de dormidas", afirmou Adolfo Mesquita Nunes à agência Lusa, numa declaração escrita.

in Diário de Notícias, 19 jan 2015

O 'boom' turístico, ao contrário da ridícula polémica entretanto estalada em volta dos números do INE, não é mérito, nem do governo, nem dos autarcas, pois ocorreu exatamente o mesmo em Portugal, Espanha e Grécia. 

O mérito da coisa tem antes origem na austeridade geral que atravessa a Europa (menos dinheiro para viajar para longe e menos dinheiro para gastar), na instabilidade política dos destinos atingidos pela Primavera Árabe, incluindo a Turquia, no 'value for money' proporcionado pelas viagens aéreas Low Cost, no custo de vida atrativo dos países atingidos mais duramente pela crise (Portugal, Espanha, Grécia,...) e, finalmente, no aumento muito acentuado das migrações no interior da Europa. 

Os mais de 800 mil portugueses que emigraram desde 2008, somados ao resto da diáspora portuguesa, fizeram obviamente uma grande diferença no trânsito de passageiros pelos aeroportos de Lisboa e Porto. Escusam, pois, os imprestáveis políticos que temos de tentar sacar votos à custa do mérito alheio, e sobretudo, à custa das dificuldades de centenas de milhar de compatriotas que fazem pela vida fora de um país há demasiado tempo dominado por corruptos, incompetentes e indigentes de toda a espécie!

sexta-feira, janeiro 16, 2015

Guerra e Gás (2)

O mapa geoestratégico do gás move-se rapidamente na Eurásia
(clicar para ampliar o mapa)

Syriza agradece a Obama e Putin!


A Guerra do Gás está ao rubro! A Rússia anunciou anteontem que desviará os gasodutos de abastecimento do seu gás à Europa para a Turquia, com entrada... pela Grécia!

O Syriza abriu ontem, seguramente, duas garrafas de Champagne — pois ganhou, de repente, dois aliados: Obama e Putin!

E agora? Quem irá pagar as despesas da Ucrânia?

A castanha rebentou ou vai rebentar em breve na boca da Alemanha. É o preço da gula e de não respeitar os interesses dos vizinhos: Rússia e Turquia, por um lado, o sul da União Europeia, por outro.

A Tratado de Tordesilhas 2.0 é a única alternativa a uma Terceira Guerra Mundial.

EurActiv: European Commission Vice President Maroš Šefčovič was told in Moscow Wednesday (14 January) that Russia would shift all its gas transit from Ukraine to Turkey, and that EU customers should buy this gas at the border with Greece.

According to press reports, Šefčovič, who visits Russia for the first time since he was appointed Commission Vice-President for the Energy Union, said he was “very surprised” by the Russian move.

Russia recently abandoned plans to build the South Stream gas pipeline via the Black Sea to Bulgaria, and blamed Sofia for having obstructed the project.

Uma das consequências da mudança de paradigma energético em curso é esta: dentro de poucos anos teremos os preços do petróleo indexados ao preço do gás natural, e não o inverso, como sempre sucedeu desde que o petróleo era a energia dominante. O barril do petróleo poderá muito bem estabilizar nos 40-60 dólares, ou até menos!

A produção de petróleo estagnou há muito, sendo que parte do aumento da produção registada se deve a outros produtos que não o crude (por exemplo, o GTL, e alguns refinados, etc.), bem como à incorporação de petróleo pesado e caro ao cômputo geral da produção. Se o preço do barril estabilizar abaixo dos 60 dólares, o mais provável é que muito do petróleo vendido no mercado de futuros jamais venha a ser produzido!

O tempo do gás natural e da eficiência chegaram. Tudo irá mudar, desde logo no mercados financeiros, onde a especulação generalizada das últimas décadas chegou ao fim.


POST SCRIPTUM

Green light for TAP, amber for hydrocarbon tenders.
ekathimerini, 3/2/2015 (23:08)


Atualização: 6/2/2015, 00:13 WET

quinta-feira, janeiro 15, 2015

Guerra e Gás

A corrida do gás está ao rubro!

A mudança de paradigma energético é o principal responsável pelas guerras e pelo terrorismo em curso na Europa.


A guerra pelo gás substituiu a guerra do petróleo(clicar para ampliar)

A bolha financeira do petróleo começou a desinchar. Quer dizer, o Pico do Petróleo é hoje um facto adquirido, e a migração para a principal alternativa, que irá dominar o século 21, ou seja o gás natural, está na origem dos principais conflitos geoestratégicos em curso.

A Rússia, que detém as maiores reservas comprovadas de gás natural do mundo (Wikipedia), quer proteger o seu monopólio no fornecimento à Europa, mas cometeu um erro ao desafiar, de forma brutal, a estratégia europeia de segurança energética. A Alemanha, por sua vez, também cometeu um erro, privilegiando a integração apressada da antiga Cortina de Ferro na União Europeia, nomeadamente em detrimento da Turquia, e uma vez mais praticando jogo duplo com a Rússia e com a Eurásia em geral, tendo por esta via provocado desnecessariamente os países do Mediterrâneo, onde predominam as religiões católica, ortodoxa e muçulmana. O trio Merkel, Hollande, Netanyahu, que vimos na linha da frente da manifestação de Paris, contra os ataques terroristas reivindicados pela Al-Qaida do Iémen, é todo um gráfico dos jogos de guerra em volta do Corredor Sul de abastecimento de gás à Europa. Não me admiraria nada que, neste momento, Obama esteja a apoiar discretamente o Syriza, e até o Podemos! (1)

A Grécia e a Itália tem uma carta na manga...
(clicar para ampliar)

Os principais produtores de petróleo começaram a fazer regressar em massa os petrodólares a casa, e a China estancou o ritmo especulativo e perigosamente tóxico do seu crescimento.

O crescimento mundial está a caminhar rapidamente para uma longa era de crescimento zero (0-1%), à medida que as bolhas especulativas e a financiarização da economia vão implodindo, e as dívidas públicas insustentáveis vão forçando os governos a abandonar o endividamento sistémico e a economia virtual.

A falta de liquidez proveniente dos petrodólares vai necessariamente rebentar com muitas empresas e bancos, sobre-endividados, e/ou sobre-expostos, nomeadamente, ao buraco negro dos derivados financeiros, e/ou ao negócio, cada vez menos rentável, das dívidas soberanas.

O fim do petrodólar é a principal origem da falta de liquidez(clicar para ampliar)

Os casos da PT e do BES estão aí. A EDP poderá ser a próxima vítima. Até porque é mais barato produzir energia elétrica com gás natural do que com ventoinhas e paineis solares dependentes do tempo e de bolsas de capital especulativo que estão a encolher, ou dos subsídios públicos indecorosos em países à beira da explosão social.

A proteção que os rendeiros até agora gozaram dos políticos desmiolados, ou corruptos, acabou.

A guerra pelo gás natural substitui as anteriores guerras do petróleo.

A procura excedentária e especulativa do ouro negro vai provavelmente deixar muito crude nas profundidades do pré-sal brasileiro, nas areias betuminosas do Canadá, e nas rochas de xisto por fraturar na América de Obama. Os países exportadores de petróleo, sobretudo os que dependem de petróleo pesado e muito caro (60-80 USD/bbl.), perante a queda da procura e a queda prolongada dos preços, serão forçados a diminuir a exportação de capital oriundo da venda do crude (petrodolares), e nalguns casos até, a importar capital. A seca nos mercados bolsistas não se fará esperar, e a falta global de liquidez, nomeadamente para investimentos produtivos, também não.

O Quantitative Easing, quer no Japão, quer nos Estados Unidos, chegou ao fim, com resultados miseráveis. O ensaio que Mario Dragi promete na União Europeia (2), e que servirá apenas para impedir o colapso das dívidas soberanas de países como a Grécia, Portugal, Espanha, Itália, França, ou Reino Unido, e que jamais chegará à economia, terá provavelmente a mesma má sorte.

A produção de petróleo estagnou, dando lugar a uma bolha financeira (clicar para ampliar)
A especulação terminou, por agora. Logo...(clicar para ampliar)


E no entanto, porque precisamente estamos no início de uma metamorfose energética da economia mundial, que implicará necessariamente mudanças de paradigma na economia (eficiência, eficiência, eficiência), nas tecnologias, nas sociedades, nas democracias e na cultura, as oportunidades começarão também a surgir, apesar do horror das guerras assimétricas em curso e da manipulação mediática permanente.


NOTAS
  1. ÚLTIMA HORA (16/1/2015 10:18): A Guerra do Gás está ao rubro!
    A Rússia anunciou anteontem que desviará o abastecimento do seu gás à Europa para a Turquia, com entrada... pela Grécia! O Syriza abre hoje uma garrafa de Champagne — pois ganhou, de repente, dois aliados: Obama e Putin!

    EurActiv: European Commission Vice President Maroš Šefčovič was told in Moscow Wednesday (14 January) that Russia would shift all its gas transit from Ukraine to Turkey, and that EU customers should buy this gas at the border with Greece.

    According to press reports, Šefčovič, who visits Russia for the first time since he was appointed Commission Vice-President for the Energy Union, said he was “very surprised” by the Russian move.
  2. ÚLTIMA HORA: Enquanto escrevíamos este post a Suíça (i.e. o SNB) anunciou que desligava a sua moeda do euro. E catapum! Na iminência de uma diarreia de euros destinada a salvar governos e bancos, a libra suíça bate com a porta; coloca a taxa de juro de referência nos -0,75%, e mostra que vai deixar de ser um fiel comprador de euros... depois de a moeda única ter decidido alinhar com os lémures japoneses e americanos... em direção ao precipício. Tempo de comprar francos suíços e ouro (se tiver francos suíços, claro!) 
REFERÊNCIAS
Russia Just Pulled Itself Out Of The Petrodollar
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 01/14/2015 12:45 -0500

Back in November, before most grasped just how serious the collapse in crude was (and would become, as well as its massive implications), we wrote “How The Petrodollar Quietly Died, And Nobody Noticed”, because for the first time in almost two decades, energy-exporting countries would pull their “petrodollars” out of world markets in 2015.

This empirical death of Petrodollar followed years of windfalls for oil exporters such as Russia, Angola, Saudi Arabia and Nigeria. Much of that money found its way into financial markets, helping to boost asset prices and keep the cost of borrowing down, through so-called petrodollar recycling.

We added that in 2014 “the oil producers will effectively import capital amounting to $7.6 billion. By comparison, they exported $60 billion in 2013 and $248 billion in 2012, according to the following graphic based on BNP Paribas calculations.”

“Oil May Drop To $25 On Chinese Demand Plunge, Supply Glut, Ageing Boomers”
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 12/17/2014 11:45 -0400

By Paul Hodges of International eChem via Russell Napier’s ERIC

We have forecast since mid-August that Brent oil prices would fall to “$70/bbl and probably lower”, and the US$ would see a strong rise. As Chart 1 shows, Brent has now reached our target, falling 40%, whilst the US$ has risen 10%. We believe this represents the first stage of the Great Unwinding of policymaker stimulus that has dominated markets since 2009. This Note now takes our oil price forecast forward into H1 2015.

Astonishingly, most commentators remain in a state of denial about the enormity of the price fall underway. Some, failing to understand the powerful forces now unleashed, even believe prices may quickly recover. Our view is that oil prices are likely to continue falling to $50/bbl and probably lower in H1 2015, in the absence of OPEC cutbacks or other supply disruption. Critically, China’s slowdown under President Xi’s New Normal economic policy means its demand growth will be a fraction of that seen in the past.

This will create a demand shock equivalent to the supply shock seen in 1973 during the Arab oil boycott. Then the strength of BabyBoomer demand, at a time of weak supply growth, led to a dramatic increase in inflation. By contrast, today’s ageing Boomers mean that demand is weakening at a time when the world faces an energy supply glut. This will effectively reverse the 1973 position and lead to the arrival of a deflationary mindset.
Petróleo, gás, Síria e Estado Islâmico
O dossier energético e a guerra na Síria: o caso do pipeline Irão-Iraque-Síria
O António Maria. Por José Manuel Castro Lousada

End of Nabucco – end of Southern Gas Corridor?

Energy Post. June 27, 2013 by Agata Loskot-Strachota and Janek Lasocki

TAP—Trans Adriatic Pipeline

The Geopolitics of Gas and the Syrian Crisis: Syrian “Opposition” Armed to Thwart Construction of Iran-Iraq-Syria Gas Pipeline
Global Research

quarta-feira, janeiro 14, 2015

Sérgio PPP



Fui eu, mas não fui eu!


Sérgio Monteiro assinou "swaps" mas garante que nunca foi responsável pela sua aprovação

Sérgio Monteiro foi um dos responsáveis, na Caixa Geral de Depósitos, por elaborar contratos de gestão do risco financeiro, nomeadamente os ligados ao projecto TGV. Sérgio Monteiro é o secretário de Estado dos Transportes, que tutela empresas públicas que poderiam ter sofrido perdas na sequência da assinatura de tais produtos. Uma dessas empresas é a Parpública, que recebeu de sociedades do Estado "swaps" com perdas potenciais.

Jornal de Negócios, 12 Janeiro 2015, 16:27 por Diogo Cavaleiro


Sérgio Monteiro: Não há qualquer contrato swap especulativo nas PPP

O secretário de Estado, Sérgio Monteiro, garantiu nesta sexta-feira no Parlamento que não há qualquer contrato swap especulativo nas Parcerias Público-Privadas (PPP).

Lusa/ Público, 03/05/2013 - 18:50

Sérgio Monteiro foi um dos operacionais das PPP que estão a arruinar o país. À época, ao serviço da Caixa, subscreveu contratos de proteção especulativa das taxas de juro (swaps) contra o interesse público, pois era já então mais do que evidente que as políticas monetárias expansionistas, nos Estados Unidos, no Japão e na Europa, estavam a destruir as taxas de juro, pelo que nada aconselharia a contratação de taxas de juro fixas.

Pois foi este mesmo senhor que Passos Coelho, afinal, foi buscar para o governo, onde tem desempanhado a função de que está certamente incumbido: travar a renegociação das rendas excessivas do embuste em que se transformou a maioria das 120 PPP existentes (sobretudo as que protegem os interesses especultivos dos rendeiros das autoestradas, das barragens e fornecimento de energia elétrica, dos hospitais PPP, ou do abastecimento público de água e saneamento).

Sérgio Monteiro foi ainda encarregue da missão suicida de proteger os sacos azuis do regime, nomeadamente esse buraco negro que é a Parpúbica, responsável pelo financiamento-sombra das insolventes TAP, Carris, etc. Recorde-se que a extinção destes sacos azuis foi exigida, até agora sem êxito, pela União Europeia e pela Troika. Os portugueses talvez devam saber que todas estas cangochas da nomenclatura indígena têm custos, e pesados! Segundo a UTAO (ler a notícia) o próximo Governo, isto é os portugueses, terão que pagar 62 mil milhões de euros aos credores entre outubro deste ano e outubro de 2019!

Sérgio Monteiro desconfia de análises custo/benefício aos grandes investimentos

Sérgio Monteiro considerou que os benefícios referidos nas análises de custo/benefício feitas aos grandes investimentos "são facilmente manipuláveis".

Lusa/DN, 13 jan 2015

Toda a gente já sabe que os famosos estudos, que serviram de aperitivo a Miguel Cadilhe e Sérgio Monteiro em mais um bate-papo pra inglês ver, são uma pequena indústria do regime, reservada aos economistas, engenheiros, juristas e outros galináceos que não têm outra vida para além de preverem o que o poder quer que eles prevejam.

Não acertam uma? Pois não!

Sérgio Monteiro é o exemplo típico de um 'condottieri' do regime corrupto que arruinou o país. Desenhou PPPs, blindou-as e agora é o secretário de estado que a corja rendeira e devorista colocou no governo de Pedro Passos Coelho-Paulo Portas para segurar a barra e impedir o fim das rendas excessivas, ilegítimas e imorais, que a própria Troika exigiu eliminar. Capiche?

José Sócrates é a ponta de um icebergue que precisa de ser revelado e despachado, inteirinho, para Évora.

terça-feira, janeiro 13, 2015

IRS e sacos de plástico



Jorge Moreira da Silva: “sem a fiscalidade verde não haveria descida do IRS”


Isto parece mais uma guerra entre o PSD e o CDS, do que argumentação séria.

O Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, Jorge Moreira da Silva, escreveu no seu Facebook (sublinhados nossos):
“Lidas as notícias, hoje, muitos se apressaram a festejar, e outros a elogiar, a descida do IRS, pelo efeito do novo quociente familiar, com efeitos imediatos na retenção mensal na fonte. Também eu me congratulo. Luto por isto há muito tempo. Com uma diferença: eu não esqueço, nem omito, aquilo que permitiu esta descida. É uma pena que, depois de tantas críticas, nos últimos meses, ao efeito da fiscalidade verde (na taxa de carbono, nos sacos plásticos, no ISV, na TGR e na TRH), se continue a omitir que é a fiscalidade verde e apenas a fiscalidade verde, com o montante de 150 M€, que financia integralmente a descida do IRS. Repito, sem a fiscalidade verde não haveria descida do IRS. Logo, não estamos a falar de descida de impostos, nem de tentações eleitoralistas – disso estamos vacinados. Pelo contrário, trata-se de uma reforma estrutural que configura uma mudança de paradigma (ou ainda acreditam que o nosso problema estrutural está apenas no défice orçamental e na dívida pública e não está na nossa dependência energética do exterior ou na ineficiência na utilização de recursos?) Assim, optámos por uma estratégia, hoje considerada exemplar à escala mundial, de tributar mais o que se polui e degrada, para tributar menos o rendimento das famílias. Sendo que, ao contrário do IRS ou IRC, que comportam uma certa rigidez, na fiscalidade verde os cidadãos e as empresas têm forma de, pela reorientação de práticas e de comportamentos, reduzir a sua carga fiscal. Por exemplo, quando se aplica a taxa dos sacos plásticos, o objetivo não é que os consumidores paguem pelos sacos que hoje utilizam, mas que deixem de utilizar esses sacos plásticos leves; isto é, queremos reduzir o consumo estimado de 466 sacos por habitante por ano, para apenas 50 em 2015 e 35 em 2016. Além disso, a fiscalidade verde, sendo neutral, dado que financia integralmente os incentivos à conservação da natureza, à mobilidade elétrica, à floresta sustentável e à descida do IRS das famílias, tem um efeito positivo, bem estudado no âmbito da Comissão de Reforma brilhantemente liderada pelo Eng Jorge Vasconcelos, na redução da dependência energética do exterior, na proteção ambiental, no crescimento económico e na criação de emprego (com um efeito multiplicador de 0,22). Assim, vale a pena perguntar: será intelectualmente honesto continuarmos a criticar a fiscalidade verde e elogiar a descida do IRS, quando é a primeira, e apenas esta, que financia a segunda?
Onde advoga o senhor ministro que coloquemos o lixo orgânico diário? Um saco por dia para armazenar o lixo doméstico corresponde a 365 sacos/ano (sem contar com os saquinhos mais pequenos que vão dentro do saco principal). Se usarmos apenas 1 saco, de dois em dois dias, e eliminarmos os tais saquinhos (que certamente fizeram parte da contagem engenhosa evocada pelo senhor ministro: “466 sacos por habitante por ano”), chegamos aos 182,5 sacos por família por ano. Como pensa, pois, chegar aos 35 sacos por pessoa por ano?

Admitindo que a dimensão média das famílias portuguesas é de 2,6 indivíduos, e que apenas passaremos a usar 1 saco por família de dois em dois dias, teremos 70 sacos por pessoa por ano. 50, ou 35 sacos/p/ano são cifras manifestamene otimistas, não acha, meu caro ministro?

Em Bruxelas, por exemplo, os sacos do lixo são normalizados e destinados exclusiamente a este fim. Não se pode colocar lixo à porta de casa em sacos de supermercado, ou em qualquer outro tipo de recipiente, sob pena de coimas pesadas. Esta medida, e a recolha separada dos quatro tipos de lixo, parametrizada para os diferentes tipos de bairros da cidade—orgânico, às segundas, quartas e sextas, os plásticos e lixo do jardim, às terças, e os vidros e metais às quintas, por exemplo, permitem racionalizar o problema, evitando, nomeadamente, que os lixos sistematicamente se misturem como ocorre em Portugal. Será que as nossas empresas privadas de resíduos se importam? E se não se importam, porque será? Será que deitam tudo no mesmo sítio? Não estou a vê-las a perderem dinheiro com a separação do lixo orgânico, do não orgânico, que enche diariamente os contentores verdes? Alguém supervisiona, senhor ministro? Gostaríamos todos de saber, antes de pagar mais uma taxa cega e de alinhar numa operação típica de green washing!

Na Bélgica, ou pelo menos em Bruxelas, existem sacos tecnicamente estudados para a separação do lixo, com as características materiais e dimensões apropriadas ao ciclo completo da triagem e reciclagem, e assim, o cidadão tende naturalmente a prestar uma atenção redobrada a este tema, quer pela via da consciencialização, quer pelo preço transparente da coisa, quer pelas penalizações previstas em caso de infração. Acresce que a gestão dos resíduos e a higiene urbana, crescentemente apoiada e potenciada pelas redes sociais, compete ao governo da cidade-região de Bruxelas, e não aos gabinetes ministeriais longínquos que, entre nós, continuam a pontificar no que não devem, e a nada ou pouco fazer nas áreas estratégicas que deveriam ser o seu território de ação política democraticamente delegada.

Assim, meu caro ministro, em vez de aplicar mais taxas e mais impostos, desta vez aos sacos de plástico, já pensou libertar os produtores familiares e as PMEs da obrigação de vender a energia solar e/ou eólica de produção própria aos oligopolistas da energia?

Já pensou, como fez a Espanha, em rasgar os contratos leoninos e anti-democráticos (até cláusulas secretas têm!!!) negociados por baixo da mesa entre o estado e a corja rendeira da EDP e quejandos?

Já pensou em parar o descalabro das novas barragens negociadas entre o cabotino Mexia e o suspeito Sócrates?

Já pensou em defender no Conselho de Ministros a prioridade à ferrovia de bitola europeia, em vez de deixar crescer a fatura do transporte rodoviário de média e longa distância?

Já pensou num plano público, discutido democraticamente, de diminuição drástica da intensidade energética da nossa desgraçada e exangue economia, começando pelos gastos desmiolados de eletricidade em edifícios públicos?

Já pensou em limitar o uso de viaturas oficiais, nomeadamente as de topo de gama, pelos funcionários e agentes do estado, pelos governantes e pelos administradores das empresas públicas?

Resumir o balanço da sua política a uma guerra entre sacos de plástico e o mérito da descida do IRS para as famílias com rendimentos inferiores a 800 euros/mês é manifestamente pouco :(

O virtualmente imperceptível alívio fiscal, que beneficia sobretudo as famílias com rendimentos miseráveis, representa uma diminuição de receitas de IRS (e não um custo orçamental, como reza a crónica cínica do governo) na ordem dos 150 milhões de euros, a qual será suportada por todos, pois até as famílias mais pobres vão ao supermercado e usam sacos de plástico para transporte de produtos de mercearia, e para o lixo.

Bastava acabar com a Taxa do Audiovisual, que alimenta a imprestável RTP, para que todos poupássemos 140 milhões de euros por ano, e mais! Só este governo já enterrou mais de MIL MILHÕES DE EUROS na inútil RTP!

Bastava rever os orçamentos e os gastos injustificados da presidência da república, do parlamento e do governo, para pouparmos muito, muito mais do que os 150 milhões de euros que o ministro do PSD saca por um lado, para o ministro do CDS 'gastar' por outro!