quinta-feira, abril 09, 2015

Ryanair ultrapassa Alitalia, em Itália


Aviação de bandeira perde para as Low Cost


Ryanair Soars Higher to Become Italy’s Largest Airline
Posted 7 April 2015 16:30 — Route

The airline transported 26.1 million domestic or international passengers in Italy last year, whereas flag carrier Alitalia carried 23.4 million.

Irish low-cost carrier, Ryanair has become the largest airline operating in Italy in terms of passenger numbers, according to new statistics released by aviation regulator Ente Nazionale per l'Aviazione Civile (ENAC) this week. Routes.

The airline transported 26.1 million domestic or international passengers in Italy last year, whereas flag carrier Alitalia carried 23.4 million.

Ryanair ultrapassa a Alitalia, passando a primeira transportadora aérea no país.

Este é o resultado da cegueira, do oportunismo devorista e da corrupção de uma empresa pública, a Alitalia, que acabaria por colapsar.

Em Portugal, o resultado só não será o mesmo se a futura dona da TAP fizer o que a TAP não fez, apesar de todas as nossas recomendações:
  • um 'spin-off'da companhia, em resultado do qual, sejam vendidas as unidades que não fazem parte do 'core business' da empresa; 
  • a reestruturação, venda ou encerramento das unidades que dão sistematicamente prejuízo e são verdadeiros cancros da empresa (exemplo: o buraco negro da manutenção da ex-VEM. hoje TAP Maintenance & Engineering); 
  • e a criação, no mesmo grupo, de duas companhias com filosofias diferentes: a TAP Intercontinental, com serviço semelhante ao que a TAP hoje presta, usando para tal alguns dos Airbus A350 encomendados, e a TAP Europa, preparada para concorrer com as empresas Low Cost, adaptando a frota existente para o efeito e adquirindo novos aviões da família Airbus A320.
Quanto à privatização, é bom que o Governo se despache e mostre mão dura ao oportunismo sindical.

Os funcionários dos serviços públicos não podem, por definição, ter como tática principal das suas estratégias sindicais prejudicar as populações que os financiam com impostos.

Quando é que as democracias aprendem a usar de forma justa as leis?


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quarta-feira, abril 08, 2015

Espanha recupera, Portugal patina

O famoso touro da Osborne

Esquerda poderá ficar sem argumentos até às eleições


Economia da Zona Euro acelerou em Março impulsionada pela Espanha, Alemanha e Itália
07 Abril 2015, 11:54 por David Santiago — Negócios

Apesar de referir que ainda não é possível afiançar que a Europa se encaminha para uma recuperação económica robusta, a Markit nota que a região passa pelo melhor momento de recuperação em quatro anos.

Uma medição, também da Markit, para novas as encomendas feitas aos sectores dos serviços e indústria aos 19 membros da Zona Euro mostra que estas cresceram para o valor mais alto dos últimos quatro anos. O Guardian explica que o sector privado impulsionou a melhoria das condições económicas da Zona Euro em Março.

A liderar os contributos para o aceleramento do índice PMI esteve a Espanha, onde o PIB terá avançado entre 0,7% e 0,8% no primeiro trimestre deste ano segundo a Markit. O índice PMI espanhol avançou de 56,2 pontos em Fevereiro para 57,3 pontos no mês anterior.

Também as economias da Alemanha e da Itália aceleraram em Março, atingindo máximos de oito meses ambos os casos. Já a França foi mesmo a única das quatro maiores economias do euro a verificar um abrandamento em Março, isto apesar de os dados compilados pelo índice PMI sugerirem que o PIB gaulês cresça 0,2% no primeiro trimestre deste ano.

Ainda a ilha ferroviária como explicação para o mau desempenho da coligação

Espanha é o nosso maior cliente comercial (também no domínio do turismo), mas os fracos e sobretudo os piratas que nos governam (do PS, do PSD, do CDS e até do PCP) resolveram transformar o país numa ilha ferroviária para satisfazer os rendeiros e devoristas do novo aeroporto que afinal borregou com as consequências desastrosas que se conhecem, nomeadamente para a TAP e para a SATA.

É que convencer as audiências e o eleitorado da necessidade urgente dum NAL (Novo Aeroporto de Lisboa) passava por 'demonstrar', com o auxílio dos adiantados mentais que dominam a indústria de estudos no país, que a Portela estava a rebentar pelas costuras. Sem forjar esta prova não haveria argumentos suficientes, nem sobretudo as preciosas receitas dos terrenos da Portela para construir o NAL. Olhando para a Alta de Lisboa percebe-se claramente que fora essa a promessa que alguém do PS fez a Stanley Ho.

Para tornar a coisa verosímil foi necessário que a TAP aumentasse o número de rotas, encomendasse aviões à dúzia (12 Airbus, A350-900), deixasse correr a hemorragia da ex-VEM (entretanto rebatizada TAP Maintenance & Engineering), e mantivesse na empresa mais de 10 mil funcionários, trabalhadores e administradores, como se não houvesse no ar um fenómeno novo chamado Low Cost. O endividamento incomportável da empresa foi o preço desta operação clandestina.

Tendo este cenário presente é também evidente que um 'TGV', ou um 'AVE', a demorar 1h45mn entre Madrid e Lisboa, não convinha nada aos planos do Bloco Central do Betão e da Corrupção. Se já era difícil provar a saturação da Portela, no momento em que seis ligações ferroviárias de alta velocidade pusessem em rede as regiões de Lisboa, Madrid e Sevilha, o NAL cairia imediatamente. Caiu na mesma, mas a prova de que os seus conspiradores têm ainda muito poder reside no facto de terem conseguido impor a Pedro Passos Coelho o seu plano. Na ferrovia, como na energia, a coligação continua a reboque dos rendeiros e piratas do regime.

Os cálculos da cleptocracia indígena saíram, porém, furados.

A TAP está falida, e a SATA não se aguenta. As novas ligações ferroviárias acordadas com Madrid e Bruxelas aguardam melhores dias. Os sound bites de Sérgio Monteiro não passam de sucessivos números de prestidigitação de feira.

A Espanha tem hoje um importante 'cluster' ferroviário.

Portugal teria criado ou recriado a sua abandonada indústria ferroviária, se estivesse, como deveria, empenhado na construção da sua nova rede ferroviária de bitola europeia, para mercadorias e para passageiros. A economia de ambos os países somaria, em vez de, como neste lamentável caso, subtrair.

Quando é que percebemos que o crédito automóvel é mais uma bolha que irá explodir (em breve) nos saldos bancários?


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O efeito Varoufalos

Instituição liderada por Christine Lagarde voltou a pedir mais investimento em infra-estruturas
Chip Somodevilla/Getty Images/AFP


Christina Lagarde perdeu a cabeça por um motard, foi?


FMI pede mais investimento público para reanimar investimento privado

Sérgio Aníbal, 07/04/2015 - 13:46 — Público

A forte queda do investimento na economias avançadas desde o início da crise financeira é fundamentalmente o resultado de uma actividade económica muito fraca, concluiu o Fundo Monetário Internacional, que diz que mais investimento público em infra-estruturas é necessário para convencer os investidores privados a voltarem a assumir riscos.

Ó minha senhora, mas então em que ficamos: paga-se a dívida pública, ou aumenta-se a dita?!

O problema das receitas keynesianas é que produzem retornos sucessivamente decrescentes, ou seja, quanto mais se abusa do abrir e tapar buracos, por exemplo, dos aeromoscas de Beja, menos estimulada a economia se sente, as expectativas de criação de emprego tornam-se ilusórias, e pelo caminho o Estado vai ficando cada vez mais endividado, os bancos deixam de pagar impostos e precisam de resgates sucessivos, os bancos centrais desfazem-se em diarreia monetária e assim, com muita retórica piedosa pelo meio, as elites políticas, empresariais e financeiras vão saqueando toda a poupança e toda a riqueza privada que conseguem. No fim deste caminho só resta uma saída: A DITADURA. É isso que a Senhora sugere?

Haverá certamente investimento público a fazer enquanto houver sociedade.

Por exemplo, em Portugal, o lançamento de um programa ferroviário de ligação à rede europeia de bitola UIC é mesmo uma prioridade que o governo de coligação PSD/CDS boicotou, mas que o próximo governo, seja ele qual for, terá que retomar, nem que seja necessário atropelar todos e cada um dos burocratas do Tribunal Constitucional.

Um programa europeu de eficiência e autonomia energéticas e o fim das rendas excessivas neste setor é outra prioridade que exigirá investimento público.

Reformar e adaptar o Estado Social ao envelhecimento demográfico, à desmaterialização tecnológica, à realidade aumentada, e à globalização, desenhar e implementar uma Renda Básica de Cidadania, por exemplo, são porventura os maiores desafios com que os governos terão que lidar num futuro relativamente próximo. Nenhuma destas transições se poderá realizar sem colossais investimentos públicos. Mas já que estamos na Europa conviria que tudo isto fosse pensado na escala devida e financiado por todos.

Mas o tom vago das suas palavras, Christine Lagarde, e a saliva que imediatamente cresce nas bocas vorazes dos devoristas, rendeiros e piratas do costume, auguram a pior das expectativas.

Portanto, Madame Lagarde, vamos lá a concretizar as ideias!


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O programa de António Costa

François Hollande

Hollande mandou traduzir o seu programa para oferecer a António Costa


OECD: France must reform labour market and cut spending

Labour market rigidity and excessive public spending are among the issues holding back France’s economic recovery, according to an OECD report. EurActiv France reports.

Life may be good in France, but in terms of economic reform, there is still a long way to go. This was the OECD's conclusion in its "Economic Survey of France 2015" published on 2 April.

EurActiv, 06/04/2015 - 08:20.

O que António Costa critica em Portugal é precisamente o que o seu camarada Hollande está a fazer em França: diminuir a segurança de emprego, com a promessa falsa do apoio aos desempregados (a treta da formação profissional), e abrir as portas à desorganização social que vemos na Grécia, ou em Portugal.

A Europa tem que repensar o embuste das chamadas reformas estruturais. Há certamente um longo caminho de transição a que o mundo já não pode fugir, mas devemos discutir abertamente os novos desafios e as alternativas que temos pela frente.

O candidato do PS não faz mais do que fugir dos jornalistas. Mas para sabermos rapidamente o que tenciona fazer se um dia chegar ao governo, basta ler a imprensa francesa!


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Jovens preparados para empregos em extinção

Protesto estudantil contra a lei do Primeiro Contrato de Emprego (CPEL). Lyon, 2006
[Ernest Morales/Flickr]

Fighting youth unemployment: an EU priority

Between 2007 and 2013, youth unemployment reached record highs across Europe, dramatically increasing from 15.7% to 23.4%, according to Eurostat. EU heads of state and government agreed in February 2013 to launch a €6 billion Youth Employment Initiative (YEI) to get more young people into work — EurActiv, 14/7/2014

É necessário combater a 'escravatura' disfarçada no falso voluntariado não remunerado e nos estágios sem direitos e sobre-explorados. Em Portugal há hoje uma verdadeira selva nesta matéria, em parte por causa de governantes, deputados e sindicatos que apenas cuidam dos eleitores dos partidos de que são extensões, e ainda porque a despolitização dos grupos sociais em geral, e dos jovens em particular, é desgraçadamente grande. Os partidos oportunistas da nossa corrompida e populista democracia nada ou quase nada têm feito por um verdadeiro e diálogo social e cultural, preferindo entreter os jovens com cursos universitários sem futuro, telemóveis, festivais rock e festas de caloiros.

Combater o desemprego juvenil implica criar novos empregos e redistribuir o tempo de trabalho disponível, em vez de explorar intensivamente (até à exaustão) os 'felizardos' que obtêm um contrato precário a troco de regimes frequentemente ilegais de trabalho, a que as autoridades fecham os olhos, e onde é frequente vermos pessoas sujeitas a 56 horas de trabalho semanal, sem fins-de-semana, sem feriados, e sem férias, por mil euros mensais brutos, aos quais o Estado, central e autárquico, e as burocracias várias ainda retiram impostos, taxas crescentes e um sem número de custos processuais.

Quando os burocratas anunciam que vão deitar dinheiro em cima do problema, investindo mais, dizem, na Educação e na Formação Profissional, temos que averiguar como o fazem...


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segunda-feira, abril 06, 2015

O Pico da Água

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Depois do petróleo, uma preocupação ainda maior: em 2030 haverá um défice mundial de água na ordem dos 40%


Os dois mapas publicados neste post mostram claramente que as zonas mais povoadas do planeta são também as mais ameaçadas por uma crise hidrográfica sem precedentes. Neste momento a agricultura e as cidades californianas estão a ser parcialmente abastecidas com água 'pré-histórica', quer dizer, armazenadas no subsolo profundo há 15.000 ou mais anos.

Tal como o petróleo, estas reservas, uma vez consumidas, não voltam a regenerar-se se não ao longo de muitos milhares de anos.

As alterações climáticas induzidas pelo homem, o esgotamento rápido de recursos energéticos, minerais e alimentares, outrora abundantes e relativamente baratos, e agora este estudo publicado pela revista NATURE, deixam antever um horizonte de médio e longo prazo muito preocupante.

O crescimento do PIB mundial acima dos 2% passará à História como um episódio único que apenas pôde ocorrer durante uma longa revolução industrial alimentada pelo carvão mineral, pelo petróleo e pelo gás natural. A energia a vapor, a eletricidade gerada sobretudo a partir do carvão, das barragens hidroelétricas e da reação nuclear, e os motores de explosão alimentados com combustíveis líquidos, formam um complexo tecnológico cuja sustentabilidade se encontra seriamente ameaçada.

Vamos precisar de nos adaptar ao fim anunciado deste paradigma. E ou nos perdemos, ou teremos que caminhar rapidamente para as chamadas sociedades de transição. Ainda ninguém sabe muito bem o que poderão ser estas novas sociedades mas aumenta, dia a dia, o número de pessoas que se apercebem de que algo estrutural começou a mover-se na história da civilização humana. Quando o Papa Francisco fala de uma Terceira Guerra Mundial que estará já em curso, embora não a sintamos ainda como tal, ele está, no fundo, a chamar a nossa atenção para uma metamorfose violenta que precisamos de conhecer para evitar o pior, ou seja, para evitarmos uma extinção parcial da raça humana que, se viesse a ocorrer, significaria a extinção total da civilização tal como hoje a conhecemos, isto é, um verdadeiro fim da História.

California Is Drilling for Water That Fell to Earth 20,000 Years Ago
We're using so much groundwater that it's contributing to sea level rise.

—By Tom Knudson | Fri Mar. 13, 2015 6:00 AM EDT, Mother Jones

As California farms and cities drill deeper for groundwater in an era of drought and climate change, they no longer are tapping reserves that percolated into the soil over recent centuries. They are pumping water that fell to Earth during a much wetter climatic regime—the ice age.

Such water is not just old. It's prehistoric. It is older than the earliest pyramids on the Nile, older than the world's oldest tree, the bristlecone pine. It was swirling down rivers and streams 15,000 to 20,000 years ago when humans were crossing the Bering Strait from Asia.

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GRACE surveys show, for instance, that the Northwestern India aquifer that straddles two antagonistic nations, India and Pakistan, has been depleted at a rate of 17.7 cubic kilometers a year since 2013. Another highly volatile region, the Northern Middle East aquifer, underlies Iran, Iraq, Syria, and Turkey. Those often warring countries pump 13 cubic kilometers a year from the aquifer. Two of the United States’ biggest groundwater reservoirs are the Central Valley aquifer in California and the Ogallala aquifer, which stretches from South Dakota to Texas. Farmers and cities are sucking up a combined 15.6 cubic kilometers of water annually from those reserves.

Artigo da revista NATURE que desencadeou o alerta mais recente sobre a crise da água:

The Global Grounwater Crisis
by J. S. Famiglietti
Nature Climate Change 4945–948 (2014)
doi:10.1038/nclimate2425
Published online 29 October 2014
in: Macmillan Science and Education, the parent group of Nature Publishing Group


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sábado, abril 04, 2015

Transição ou barbárie

Average annual GWP growth rate from 1,000,000 BCE to 2011. 2011 GWP adjusted with CPI data. Wikipedia
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Poderemos agir sem cair em novas ilusões?


Os diagnósticos da situação estão feitos. Falta saber o que fazer....

Falta-nos uma visão para futuro. E antes de a termos, subir ao poder não chega. Veja-se o caso francês, ou pior ainda, o grego. As receitas dos sucessivos revisionistas do marxismo não têm resolvido coisa nenhuma.

Há um islandês, Frosti Sigurjonsson, que quer proibir os bancos de criarem dinheiro (que efetivamente criam sob a forma de crédito), reservando esta tarefa exclusivamente aos bancos centrais (Monetary Reform). 

Na perspetiva de termos pela frente décadas sem criação significativa de novos empregos, e declínio do emprego existente, há quem proponha a criação de uma responsabilidade fiscal coletiva a que chama Rendimento Básico Incondicional, ou Renda Básica de Cidadania.

Thomas Piketty defende a criação de uma taxa sobre as grandes fortunas, embora o jovem Matthew Rognlie (Deciphering the fall and rise in the net capital share) tenha recentemente deitado alguma água na fervura do maniqueísmo esquerda-direita. Seja como for, a taxa sobre as fortunas não chegaria para tapar, nem o buraco do desemprego, nem o buraco do endividamento astronómico, público e privado, nem a exposição da economia global e do seu sistema financeiro ao buraco negro dos derivados especulativos (OTC), cujo potencial de destruição equivale a 10x o PIB mundial!

A verdade é que entrámos numa era nova caracterizada por:

— escassez de energia e matérias primas baratas
— excesso de capacidade produtiva e pseudo-inovação
— inflação dissimulada
— rendimentos do trabalho, mesmo qualificado, em queda imparável (1)
— elevados níveis de desemprego estrutural
— diminuição da procura agregada mundial por efeito da carestia escondida e do número crescente de pessoas desempregadas e à procura do primeiro emprego
— economia especulativa e endividamento excessivo por toda a parte
— sistema financeiro em processo de implosão

Em Portugal falta assistirmos ao colapso dos sistemas de proteção social, por enquanto protegidos pelos programas de resgate financeiro da Troika, para que as condições subjetivas de um terramoto social e político ocorram. Por enquanto, os milhares de milhões de euros que saem anualmente da dívida pública e da repressão fiscal em curso, para os mais necessitados, somados às receitas da emigração e do turismo têm conseguido impedir que a pressão social rebente com o regime. Resta saber até quando.

O ponto fulcral da rotura que se aproxima chama-se segurança social.

Não há dinheiro para manter o sistema de pensões e reformas atual, nem para acudir ao desemprego e falta de emprego que não param de crescer. Para evitar uma revolução, ou uma guerra civil, será preciso encontrar uma solução estrutural para estes dois problemas gravíssimos. Renegociar as predadoras PPP que os idiotas 'socialistas' introduziram irresponsavelmente no país, e de que a redução das criminosas rendas da energia é a primeira prioridade, terá que ser obrigatoriamente feito durante a próxima Legislatura, pois a atual já praticamente terminou. Estamos em plena campanha eleitoral.

Mas há outro ponto nevrálgico que precisa de sofrer uma transformação radical: o peso insustentável do Estado, esse monstro informe, incompetente, hipertrofiado, burocrático e corrompido até à medula que, a continuar a substituir-se à democracia, acabará por liquidá-la. A tendência para o fascismo fiscal é já uma das mais perigosas evidências da sua deriva autoritária.

Que fazer?


Não tem faltado discussão sobre as causas. Chegou o momento de discutir as soluções difíceis.

Sete pilares para uma estratégia reformista necessária
  1. Distribuição das responsabilidades da sociedade relativas à saúde, ao ensino, à solidariedade e à proteção social, por três setores dotados de autonomia efetiva e transparência obrigatória: o Estado e as suas autarquias; o setor privado (não subsidiado); e o setor associativo sem fins lucrativos (parcialmente subsidiado)
  2. Criação das cidades-região de Lisboa e do Porto, com fusão total das respetivas autarquias, e racionalização dos respetivos serviços.
  3. Introdução, por fases, de um sistema cuidadosamente estudado de Renda Básica de Cidadania, eliminando automaticamente todos os embustes associados atualmente à gestão do desemprego (pseudo formação profissional, etc.) e à gestão das carências familiares e individuais extremas.
  4. Redução em 30% dos custos com o pessoal político-partidário do regime (menos deputados nacionais, regionais e autárquicos, menos fnanciamento partidário, etc.)
  5. Definição de uma política de infraestruturas, mobilidade e transportes racional, onde o estado esteja presente apenas no financiamento/posse das infraestruturas, que são públicas, entregando à concorrência privada a exploração dos serviços, que deverão ser objeto de cláusulas estritas de salvaguarda do interesse público.
  6. Convergência financeira, fiscal, estatística e da competitividade com o resto da União Europeia.
  7. Manutenção de reservas de soberania em matéria de defesa, política externa e alianças, proteção do território continental, insular e marítimo, e proteção dos recursos estratégicos próprios (a poupança e a propriedade privada, a energia, a água, a diversidade biológica, a língua e a cultura).

Como fazer?


Será preciso um novo partido? Mais partidos? As próximas eleições irão demonstrar (ao contrário do que cheguei a crer) que um molho de novos partidos não será porventura a via mais realista para encetar o inadiável processo de transição para uma sociedade mais austera, mas também mais solidária, mais transparente, mais humana e mais genuinamente criativa.

Talvez seja possível forçar uma mudança do regime sem precisarmos de destruir os atores existentes. Bastaria para tal que estes fossem capazes de adaptar-se rapidamente aos novos tempos, começando por fazer a sua própria e necessária dieta mental e física.

Por outro lado, está a nascer uma Democracia Eletrónica, em rede, multipolar, heterogénea, mas genuína, cuja capacidade de mudar os acontecimentos é cada vez mais palpável. Falta apenas descobrir as articulações pragmáticas entre estes dois mundos existenciais, material um, imaterial o outro, para que o diálogo democrático dê lugar a verdadeiros processos metamórficos de transição civilizacional e cultural.

Temos que conservar, alimentar e usar com criatividade e entusiasmo a réstea de otimismo que há em cada um de nós.

NOTAS
  1. Gigantes das telecomunicações estão a contratar em Portugal licenciados a 1000 euros por 30 dias de trabalho e oito horas por dia, ou seja, 4,17 € por hora, 7 dias por semana, e nenhum descanso semanal! Outro exemplo: a Câmara Municipal de Lisboa, gerida por 'socialistas', tem nos seus variadíssimos tentáculos pseudo-empresariais dezenas de 'voluntários' a trabalhar para si sem lhes pagar um cêntimo que seja. Nem sequer lhes fornece uma refeição diária, ou paga um passe social de transportes... Não é escravatura, mas anda perto.


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