sexta-feira, julho 04, 2014

Renegociar as dívidas soberanas, disse ela...


A esquerda piedosa é uma esquerda de burocratas oportunistas


Nunca a 'esquerda' foi tão oportunista e objetivamente acólita do odiado FMI como hoje. Tudo o que Louçã, Jerónimo de Sousa, Seguro e Costa reclamam como medidas justas e populares faz parte do programa de ação em curso e protagonizado por Christine Lagarde. A expropriação dos fundos de pensões, da poupança, do fruto do trabalho e dos rendimentos do capital caminha alegremente para uma espécie de fascismo fiscal cujo fim será inevitavelmente trágico. O casulo do monstro e do novo fascismo por vir chama-se taxas de juro negativas e prolongamento perpétuo das maturidades das dívidas soberanas. O principal beneficiário deste holocausto financeiro é a burocracia e os seus partidos.

“Socialism is no longer to help the poor against the rich, but to help the government against the people”— Martin Amstrong.

A agenda comunista e socialista no que toca aos ataques à propriedade privada e às poupanças perdeu oportunidade para a própria lógica dos grandes monstros que são os estados. Estando estes falidos até ao tutano, a alternativa que têm é sempre a mesma, roubar um estado vizinho, e quando não conseguem fazê-lo, assaltar os próprios súbditos, comer os próprios filhos! Daí que Louçã, Jerónimo de Sousa e António José Seguro estejam, desta vez, um passo ou dois atrás da realidade.

É por isto mesmo que Victor Bento e Passos Coelho puderam ontem explicar aos restantes conselheiros de estado que a famosa reestruturação da dívida, reclamada pelo quadrado Louçã, pelo simpático Jerónimo e pelo atordoado Seguro, antes de ser uma reivindicação da esquerda populista indígena, é um dictat do FMI!

Já escrevemos várias vezes sobre isto, mas é preciso insistir...

“The distinction between external debt and domestic debt can be quite important. Domestic debt issued in domestic currency typically offers a far wider range of partial default options than does foreign currency–denominated external debt. Financial repression has already been mentioned; governments can stuff debt into local pension funds and insurance companies, forcing them through regulation to accept far lower rates of return than they might otherwise demand.”

id/Page 8 (IMF-Sovereign-Debt-Crisis)
[...]

In January 2014, the Bundesbank joined the IMF project focusing on a “wealth tax”. In its monthly report they had announced: “In the exceptional situation of an imminent state bankruptcy a one-time capital levy could but cheaper cut than the then still relevant options” if higher taxes or drastic limitations of government spending did not meet or could not be implemented.

In the latest June 2014 working paper of the IMF, they have set forth yet another scheme – extending maturity. So you bought a 2 year note? Well, the IMF possible solution would be to simply extend the maturity. Your 2 year note now become 20 year bond. They do not default, you just can never redeem.
Possible remedy. The preliminary ideas in this paper would introduce greater flexibility  into the 2002 framework by providing the Fund with a broader range of potential policy responses in the context of sovereign debt distress, while addressing the concerns that  motivated the 2002 framework. Specifically, in circumstances where a member has lost  market access and debt is considered sustainable, but not with high probability, the Fund would be able to provide exceptional access on the basis of a debt operation that involves an extension of maturities (normally without any reduction of principal or interest). Such a “reprofiling” operation, coupled with the implementation of a credible adjustment program, would be designed to improve the prospect of securing sustainability and regaining market access, without having to meet the criterion of restoring debt sustainability with high probability.

(THE FUND’S LENDING FRAMEWORK AND SOVEREIGN June 2014)

in “Christine Lagarde – The Most Dangerous Woman in the World – IMF Advocates Taking Pensions & Extending Maturities of Gov’t Debt to Prevent Redemption”.
By Martin Armstrong, June 28, 2014, Precious Metals.

A intenção incialmente declarada pela chefe do FMI visava sobretudo atacar o monstro dos derivados e a especulaçao financeira fora de controlo. Por isso apoiámos a sua candidatura ao cargo. Mas volvidos três anos de dura e interminável crise, registamos esta deriva burocrática extremamente perigosa por parte de sucessivos estudos da instituição.

Em Portugal a deriva autoritária do ministério das finanças —forçada em parte pelos partidos, pela burocracia de estado e pelo pseudo tribunal constitucional— já aponta na direção destes estudos do FMI. Enquanto houver um cinto de segurança chamado BCE, a coisa talvez se aguente, apesar das injustiças e do sofrimento causado. Mas quando o BCE se vir abraços com grandes problemas de insolvência, por exemplo, em França, ou numa cascata de falências de estado na banda oriental do UE, e deixar de poder atender ao caso português, a probabilidade de vermos irromper uma guerra civil no nosso país é maior do que muitos creem.

Post scriptum

O FMI recomendou sempre que Portugal renegociasse os ruinosos contratos PPP, e que reduzisse as rendas excessivas, nomeadmente dos piratas da EDP (que andaram a fazer inside trading com o Ricardinho do BES e os homens da mala do PSD!) Nisto, coincidimos sempre com a posição do FMI na Troika. Mas a crise das dívidas soberanas parece estar fora de controlo. Daí a ideia, ventilada pelos gabinetes de estudo do FMI, de uma taxa única de 10% sobre a riqueza das pessoas e empresas europeias (ou até de todo o mundo que faz parte da OMC e do FMI). Aparentemente é uma coisa boa e  justa, mas a verdade é que, a ser aplicada universalmente, em vez de outras especificamente dirigidas à especulação ociosa dos hedge funds, aos contratos de derivados especulativos OTC, e ao despesismo das burocracias alimenntadas por impostos, uma tal medida acabaria por transformar-se numa expropriação em massa das poupanças e rendimentos legítimos das pessoas e das empresas não escondidas em paraísos fiscais, a somar à expropriação fiscal fascista já em curso em vários países, beneficiando outra vez as burocracias partidárias instaladas e os 1% de sempre. A ideia é, como se vê, péssima! Em vez desta expropriação, que condenamos e contra a qual devemos lutar, é necessário e urgente estudar um mecanismo de eliminação recíproca das dívidas à escala global, condicionando porém esta espécie de Jubileu das dívidas a profundas reformas das administrações e orçamentos públicos, sistemas bancários e financeiros, e instaurando uma política de preços, rendimentos e concorrência justa e equilibrada, à escala regional e global. O mundo é só um. Os paradigmas da mentira sistémica deixaram de funcionar. Ou mudamos, ou entramos todos numa corrida de lémures em direção ao precipício.

Atualização: 5/6/2014, 10:39

quarta-feira, julho 02, 2014

O fascismo fiscal não passará!

O confisco realizado pelo estado em nome da Via Verde é um crime partilhado entre o estado pirata que temos e os rendeiros do regime—cortesia do governo socratino que arruinou o país

 
Fisco com acesso rápido à base de dados das contas bancárias
02 Julho 2014, 00:01, Jornal de Negócios

Dados de contribuintes investigados vão passar a ser transmitidos ao Fisco directamente e por um processo informático mais rápido do que o actual. Objectivo é acelerar inspecções e penhoras.

A Autoridade Tributária e Aduaneira vai passar a ter um acesso directo à informação constante na base de dados de contas do Banco de Portugal, passando a receber os dados "preferencialmente por via electrónica". ...

Mais rápido ainda?! O princípio 'primeiro paga, depois contesta, depois acerta, etc.' é ilegítimo. Ainda por cima quando é escandalosamente evidente que tal terrorismo (que dirão os sindicalistas do TC?) não se aplica a banksters, nem aos políticos de topo. Sarkozy foi ontem detido por suspeitas de financiamento ilegal das suas campanhas. Por cá, os piratas banqueiros pavoneiam-se pelas televisões, pelos jornais, pelas receções palacianas, e convocam Conselhos de Estado!

Portugal caminha rapidamente para o FASCISMO FISCAL, cortesia da irresponsável, populista e corrupta partidocracia que temos. Está em curso um assalto à propriedade e à poupança dos portugueses, em nome dos privilégios dos rendeiros (banksters e companhia), devoristas (as pandilhas do avental e das corporações salazaristas recauchutadas e expandidas) e partidocratas.

Esta corja ainda não entendeu que depois do colonialismo que felizmente acabou, e deppis do maná comunitário, vai mesmo ter que mudar de vida, pois o FASCISMO FISCAL NÃO PASSARÁ!

PS: ou muito me engano, ou vamos precisar de um novo resgate em 2016-2017. Até lá, se a partidocracia continuar na mesma, isto é, sem tocar em nada do que é essencial, e prosseguir a sua sanha fascista contra a propriedade privada e a poupança dos portugueses, subserviente como até agora, dos insolventes e criminosos banqueiros que temos, haverá mais do que espaço eleitoral e oportunidade para criar um grande partido político da decência democrática, da solidariedade efetiva e da liberdade. Marinho Pinto faz bem ao falar pouco e esperar para ver. Mas haverá certamente outros e imprevisíveis alternativas ao lodaçal do regime falido e clpetocrata em que se transformou Portugal.

António José Seguro, e quem o ajuda, têm uma excelente oportunidade para fazer do PS um partido diferente e apontar caminhos de salvação para esta democracia profundamente doente e corrompida. Se, no entanto, AJS perder tempo com retóricas maniqueístas e continuar colado aos banksters e rendeiros do regime, afogar-se-à com o resto da corja devorista. Mas, como se sabe, o poder tem horror ao vazio...

terça-feira, julho 01, 2014

Portugueses financiam a dívida da EDP

Lisboa tem a eletricidade mais cara da Europa depois de Berlim


Lisboa tem a eletricidade mais cara da Europa depois de Berlim, em paridade do poder de compra (PPS). Isto deve-se exclusivamente à desastrosa política energética do governo de José Sócrates, António Costa e similares, e à continuação da promiscuidade entre os governantes indígenas e os crápulas da EDP — uma empresa sobre endividada depois de ter engolido um negócio ruinoso que lhe foi impingido pela Goldman Sachs. Carlos Moedas, 'ex-empregado' da Goldman e assessore de pedro Pasos Coelho, e José Luís Arnaut, o novo boy indígena ao serviço da Goldman Sachs, são obviamente capachos desta expropriação ilegal da riqueza nacional. Não é uma questão de pintelhos!

segunda-feira, junho 30, 2014

Seguro desafia Conselho de Estado

António José Seguro publicou ontem, Domingo, no Facebook:


“A reunião do Conselho de Estado, esta quinta-feira, é oportuna e desejo que seja útil.
Recordo que eu próprio defendi a convocação do Conselho de Estado quando o Tribunal Constitucional decretou o chumbo de três normas do OE. Acrescem às inconstitucionalidades o aumento da dívida pública, a prossecução do programa de empobrecimento levado a cabo pelo Governo e a necessidade de o nosso país tomar decisões que terão consequências na próxima legislatura.
Desejo que a reunião seja útil. Entendo que é urgente estabelecer um consenso nacional em torno da renegociação das condições de pagamento da nossa dívida. Só o Governo se exclui deste consenso. Se na reunião do Conselho de Estado conseguirmos que o Primeiro Ministro compreenda a importância desta decisão para aliviarmos os sacrifícios dos portugueses então a reunião terá uma grande utilidade para o nosso futuro colectivo.”

Eu creio que o Conselho de Estado foi convocado pelo BES — ver o post mais lido dos últimos sete dias neste blogue. Mas depois do conclave veremos, se sim, ou se não, foi a crise do BES que precipitou Cavaco. Seja como for, é necessário renegociar as PPP, a melhor via e a mais pragmática para aliviar o fardo da dívida pública, de hoje e das próximas gerações!

domingo, junho 29, 2014

O monstro

O Leviatã de Hobbes ao virar da esquina desta crise?

Do monstro da dívida ao monstro Estado


O Leviatã de Hobbes é a imposição do estado totalitário a uma sociedade dividida e incapaz de autogovernar-se democraticamente. O famoso monstro da dívida de que falava Cavaco Silva quando os primeiros sinais de um processo de endividamento incontrolado foram conhecidos, poderá estar já em plena metamorfose kafkiana. Desta mudança de estado poderá resultar uma nova burocracia totalitária, ainda que disfarçada e protegida pela separação entre o mundo real —cada vez mais pobre e estagnado— e o mundo da nova cultura virtual em rápida ascensão —onde a ilusão de democracia, de riqueza e de satisfação será atingida a várias dimensões, com forte predominância dos estímulos visuais, sinestésicos e fantasmáticos.

Sob o pretexto de atacar os ricos e os banqueiros, certamente responsáveis por uma parte do desastre em curso, os governos e os seus bancos centrais, burocracias e forças pretorianas estão obviamente tentados, se não já totalmente comprometidos, com uma estratégia de diversão em massa cujo objetivo é a imposição de uma espécie de capitalismo de estado à escala global, totalitário, e em última análise destinado a controlar a transição das sociedades de crescimento inflacionista acelerado para um novo tipo de sociedades de crescimento moderado (2-3%), ou semi-estagnadas e pautadas por um crescimento material escasso e lento —entre 0,1 e 0,2% (D H Fischer (1996), Thomas Piketty (2014)—, acompanhadas eventualmente por uma espécie de realidade aumentada capaz de gerar novos géneros de satisfação individual e coletiva, globais e instantâneas. Bem vindos, finalmente, ao Admirável Mundo Novo!

Não será, pois, por acaso, que as lutas intestinas no seio dos partidos —de que a tentativa de remoção estalinista da atual direção do PS desencadeada por Mário Soares e pelas suas tropas de avental é um vergonhoso exemplo— tenderão a vir ao de cima nos tempos mais próximos, assim como a emergência de movimentos populistas anti-partidários. Todos pretendem, no fundo, o mesmo: cavalgar o longo período de empobrecimento e desigualdade que se aproxima.

Marinho e Pinto "O dinheiro que dão aos eurodeputados é chocante"

Marinho e Pinto, em conversa com o jornal i, denunciou o dinheiro que é dado aos eurodeputados, no Parlamento Europeu, chegando mesmo a afirmar que se vive uma situação "aberrante", pois está a gastar-se o dinheiro dos contribuintes.

O atual cabeça-de-lista do Partido da Terra (MPT) revela que é demasiado dinheiro e para “os deputados oriundos de países como o meu, onde parte do povo pede esmolas e pessoas não saem porque não têm onde trabalhar, chegar e ver as disponibilidades financeiras... há qualquer coisa de errado”, denuncia.

Por Notícias Ao Minuto | 08:32 - 28 de Junho de 2014
European deputies award themselves a generous Christmas bonus
By Stefan Steinberg
20 December 2010

European parliamentary deputies awarded themselves a handsome Christmas bonus earlier this month. Members of the European parliament (MEPs) voted in favour of a 2 percent pay rise backdated to the middle of last year. In addition MEPS also agreed a 2.3 percent increase in their allowances. This means that all of the 736 deputies in the European parliament will receive a New Year’s lump-sum gift of over £5,400 [US$8,378] in addition to their regular salaries and expenses.

The increase in pay and allowances raises the net personal income of each deputy in 2011 to more than £170,000. This total combines an annual salary for MEPs of £80,829, plus the sum of £90,876 in “daily subsistence” and “general expenditure” expenses. It means the daily allowance for MEPs will go up from €297 to €304. MEPS are not required to provide any receipts or proof of expenditure for their allowances. MEPs can of course earn far more than £170,000 and are entitled to draw additional wages from other sources of work such as consultancy, legal services, etc.

Published by the International Committee of the Fourth International (ICFI). World Socialist Web Site.

A regra: "38.5% of a European Court judge's salary" deu nisto: os deputados europeus ganham mais de 7300 euros x 14 meses = 103,580 euros/ano. Fora as ajudas de custo, que superam os 113 mil euros/ano. Fora a segunda pensão de reforma que muitos deputados auferem, a cargo de um fundo de pensões próprio, mas cujo financiamento recai em 2/3 sobre os cidadãos europeus. Fora a proteção fiscal inadmissível de que beneficiam relativamente aos demais cidadãos europeus que pagam impostos. Fora as mordomias, invisíveis na folha de pagamentos, mas quem têm impacto evidente no orçamento familiar. Fora a corrupção!

A realidade destas cifras não é demagogia, nem populismo. É simplesmente a prova de que as burocracias são uma espécie de cancro social que cresce sem controlo. A riqueza produzida já não chega para tanto Pão de Ló, nem em Portugal, nem na Europa, nem em nenhuma outra parte do planeta. A oferta agregada mundial já não consegue satisfazer a procura agregada mundial. Daí a inflação dos preços da energia e dos bens alimentares. Daí o endividamento público e privado crescente e catastrófico. Só a dívida total dos Estados Unidos é praticamente a mesma do PIB líquido mundial. Se isto não bastasse para nos tirar o sono, pense-se no que poderá advir do mercado financeiro especulativo, quando é sabido que o valor nocional dos contratos de derivados OTC equivale a quase 10x o PIB mundial.

Notional amounts increased substantially in the first half of 2013, up from $633 trillion at end-2012. The increase was driven in part by a further shift towards clearing through central counterparties (CCPs). When contracts are cleared through CCPs, notional amounts reported for the BIS's surveys increase because one contract becomes two.

OTC derivatives statistics as at end-June 2013
BIS,  November 2013

A austeridade e o austericídio tornaram-se porventura inevitáveis, pois na realidade são o resultado de as elites mundiais (financeiras, industriais, intelectuais e partidárias) terem enfiado a cabeça na areia durante as últimas três décadas, enquanto os rendeiros, piratas e devoristas de todo o mundo se dedicaram e continuam a dedicar a sacar o máximo que conseguiram e conseguem de um pote cada vez menos generoso para a generalidade dos cidadãos. O business as usual prossegue, não só entre os especuladores do costume, mas também, de forma cada vez menos aceitável por parte dos eleitorados, entre as burocracias sindicais e estados maiores partidários tradicionais. Admiram-se depois que o populismo cresça na Europa, e por esse mundo fora. Estas aristocracias e nomenclaturas nepotistas não percebem, porque não querem perceber, que o seu futuro está tão ameaçado como o daqueles milhões que, desde 2006-2008, começaram a ser literalmente expropriados dos seus haveres, das suas poupanças e do seu futuro.

Mas acabarão por perceber. É só uma questão de tempo...

Civil Unrest Is Rising Everywhere: "This Won't End Pretty"

The Guardian reported that some 50,000 people marched in London to protest against austerity. They cried: “Who is really responsible for the mess this country is in? Is it the Polish fruit pickers or the Nigerian nurses? Or is it the bankers who plunged it into economic disaster – or the tax avoiders? It is selective anger.”

The exploitation by the bankers has been really a disaster. They have been their own worst enemy and in the end, they have become the symbol that inspires class warfare if not revolution. They are not the representatives of those who produce jobs. They are merely those who wanted to trade with other people’s money for free. When they win, it is their’s, but any losses are passed to the taxpayers. Bankers should be bankers – not hedge fund managers who keep 100% of the profits using other people’s savings.

Martin Armstrong Warns Civil Unrest Is Rising Everywhere: "This Won't End Pretty". Submitted by Tyler Durden on 06/28/2014 14:40 -0400. ZeroHedge

sexta-feira, junho 27, 2014

BES convoca Conselho de Estado


Sistema partidário sem banca: o fim de um regime e o começo de outro


Tudo começou a rolar muito depressa no dia 22 de maio último, quando a Reuters divulgou que o Luxemburgo começara a investigar irregularidades graves do Grupo Espírito Santo (GES) numa das suas empresas no Luxemburgo, detetadas numa auditoria da KPMG realizada a pedido do Banco de Portugal e divulgada no dia 20 de maio passado.

Em causa estão irregularidades nas contas da Espírito Santo International, que foram detetadas numa auditoria realizada pela KPMG a pedido do Banco de Portugal, informação que foi divulgada na noite de terça-feira no prospeto de aumento de capital do Banco Espírito Santo. A ES International é uma holding de topo na estrutura do império Espírito Santo, que concentra as participações na área financeira (o BES) e na área não financeira (a Rio Forte) — Expresso, 22.05.2014
(Reuters, 27-06-2014) - Luxembourg justice authorities have launched an investigation into three holding companies of Portugal's Espirito Santo banking family, the biggest shareholder in Portugal's largest listed bank which bears their name, a spokesman for the authorities said on Friday.

The three companies - Espirito Santo International SA, Espirito Santo Control SA and Espirito Santo Financial Group SA - are all holding companies in a complicated, cascading ownership structure by the family.

Banco Espirito Santo (BES) warned last month of "material irregularities" at one of the companies, Espirito Santo International.

The spokesman for Luxembourg's justice authorities said the investigation was launched on May 22 over alleged breaches of company law. He declined to give any further details about the investigation.
Recorde-se, porém, que já em 29 de março deste ano o Expresso revelava que a auditoria do Banco de Portugal à ESI detetara insuficiências financeiras na ordem dos 2,5 mil milhões de euros.
Possível extinção da Bespar torna BES "opável"Expresso, 8:43 Sábado, 29 de março de 2014

A auditoria à ESI, com sede em Luxemburgo, revela que esta tem insuficiências financeiras que podem ascender a 2,5 mil milhões de euros. O relatório final da auditoria do Banco de Portugal encomendada à  KPMG será entregue a 1 de abril, apurou o Expresso. As conclusões desta poderão trazer novas exigências ao grupo.

A situação é hoje clara: o grupo financeiro Espírito Santo está numa clara situação de insolvência, e começou a ruir às claras diante de todo o mundo no dia em que Ricardo Salgado tentou sucessivamente e sem sucesso um financiamento de urgência, no valor de 2.500 milhões de euros, junto dos governos português e angolano.

A abébia que o Banco de Portugal lhe dera há cerca de um mês, autorizando um empréstimo do BES, no valor de 100 milhões de euros, ao insolvente Rio Forte, uma das holdings do GES, foi apenas uma tentativa desesperada de impedir que o dique GES desabasse em plena operação de aumento de capital do BES.

O dique, entretanto, cedeu depois de Maria Luís Albuquerque, Pedro Passos Coelho e José Eduardo dos Santos terem recusado atirar dinheiro para um buraco negro que, soube-se hoje por uma nota do BPI citada pela Reuters (ler notícia no Dinheiro Vivo), andará pelos 7.300 milhões de euros.

“...de acordo com fontes da imprensa, a ESI tem entre 2.000 e 2.500 milhões de euros de ‘book value’ negativo e a dívida total do GES está nos 7.300 milhões de euros”.

Para agravar este colapso irremediável soube-se ainda que a PT decidiu, sem consultar 90% dos seus acionistas, ajudar um dos seus sócios comprando 900 milhões de euros de papel comercial ao insolvente Rio Forte. Resultado: as ações do BES fecharam hoje a cair 11,43%, as do ESFG cairam 18,51%, as da Portugal Telecom, 5,64%, e o PSI20 1,65%.

Entretanto Cavaco Silva convocou ontem o Conselho de Estado para o dia 3 de julho. Até lá iremos assistir a uma verdadeira derrocada bolsista da Senhora Dona Branca Espírito Santo e Comercial de Lisboa


Apesar dos motivos oficialmente invocados, parece evidente que quem convocou de facto o Conselho de Estado foi o GES, ou melhor, a implosão acelerada do banqueiro do regime. Ninguém sabe que parte do BES poderá vir a ser engolida pela implosão do grupo. Ninguém sabe, aliás, muitas coisa, nomeadamente sobre os fundos de capitalização do grupo, sobre submarinos, herdades, aeroportos, campanhas eleitorais, e muito mais. Mas sabe-se, isso sim, que o sistema partidário indígena está neste momento em estado de choque, a começar pelo CDS, que tentou in extremis levar Pedro Passos Coelho a usar dinheiro da Troika, via CGD e BCP, para acudir à família Espírito Santo sem lhe exigir, como vem estabelecido nas regras da Troika, a abertura do baú das contas.

Como escrevemos a 20 de junho, o colapso do BES pode arrastar o regime para uma crise sem precedentes!

A promiscuidade entre alguns banqueiros indígenas e a partidocracia que capturou o regime foi a base de uma estabilidade democrática ilusória, sustentada por uma desastrosa alocação de recursos financeiros importados, pelo consequente processo de endividamento que nos levou até à pré-bancarrota, e pela corrupção pandémica do regime e do país.

No entanto, depois da implosão do BPN e do BPP, da redução a cêntimos do BCP e Banif, e do grande estouro em curso do BES-GES, a base oculta, mas até agora decisiva, do nosso sistema partidário e do nosso regime pseudo-constitucinal ruíu.

Os principais responsáveis políticos e financeiros da tragédia que se abateu sobre o país tentam ainda e desesperadamente agarrar-se aos destroços do navio Portugal, em nome dos vícios que não conseguem abandonar. Mas o mais provável é que tenham um dia destes que responder em tribunal pelo mal que fizeram.

Neste sentido, Pedro Passos Coelho e António José Seguro—e esperemos que António Guterres, ou até Rui Rio— são a porta estreita que se entreabre entre um passado que não consegue e sobretudo não pode voltar, e um futuro incerto, mas de rigor e esperança que falta e é urgente construir.

Quem nos trouxe até a este buraco merece a mão pesada da Justiça. Se a indígena por corrupta, se não servir, que venham os tribunais europeus recolocar este país nos carris!


PS: vale a pena ouvir o que disse José Gomes Ferreira na SIC sobre a crise no BES.

E ainda o que disse Ana Gomes sobre o BES-GES (Youtube):
Ana Gomes desanca o BES Caso BPN foi um sucesso, BES queria repetir a façanha.

No Conselho Superior da Antena 1 desta manhã, Ana Gomes diz compreender "o esforço de tantos comentadores, sabichões e economistas em tentar isolar e salvar do lamaçal o BES, o maior e um dos mais antigos bancos portugueses, que emprega muita gente e ninguém quer ver falido e nacionalizado, mas a verdade é que o GES está para o BES como a SLN para o BPN".
Segundo a eurodeputada socialista, o "banco foi e é instrumento da atividade criminosa do grupo". "Se o BES é demasiado grande para falir, ninguém, chame-se Salgado ou Espírito Santo, pode ser demasiado santo para não ir preso", sublinha.

"Nem os empregados do BES, nem as Donas Inércias, nem os Cristianos Ronaldos se safam se o Banco de Portugal, a CMVM, a PGR e o Governo continuarem a meter a cabeça na areia, não agindo contra o banqueiro Ricardo Salgado e seus acólitos, continuando a garantir impunidade à grande criminalidade financeira, e não só, à solta no Grupo Espírito Santo", alerta.

Ouvida pelo jornalista Luís Soares, Ana Gomes recorda como começaram a ser investigadas as contas do grupo e afirma que o líder do BES, Ricardo Salgado, dizia não querer financiamento do resgate "para não ter que abrir as contas do grupo à supervisão do Estado, esse Estado na mão de governantes tão atreitos a recorrer ao GES/BES para contratos ruinosos contra o próprio Estado".

Para além de acusar Ricardo Salgado de tentar "paralisar as tentativas de investigação judicial" em vários casos -- como o dos submarinos, Furacão ou Monte Branco --, Ana Gomes argumenta que a mudança das regras da supervisão bancária a nível europeu "obrigou o Banco de Portugal a analisar as contas do GES/BES a contragosto e com muito jeitinho".

A eurodeputada socialista critica a escolha da consultora PMG -- "uma empresa farta de ser condenada e multada nos Estados Unidos, no Reino Unido e noutros países por violação dos deveres de auditoria e outros crimes financeiros" e que "foi contratada pelo BES desde 2004, pelo menos, para lhe fazer auditoria" --, só que "a borrasca era tão grossa que nem a PMG se podia dar ao luxo de a encobrir".

Finalmente, mais estas três peças vídeo sobre o ainda maior banco privado português:
Octávio Teixeira analisa a situação no BES e a execução orçamental — SIC-N, 25/6/2014.
Editor de Economia da TVI explica importância do BES no sistema bancário português exibindo alguns gráficos sugestivos — Público/TVI, 20-06-2014

O fim da era Ricardo Salgado, cujo grupo deveu o seu rápido crescimento pós reprivatização à canalização de uma parte substancial dos fundos comunitários para as suas áreas de negócio, cortesia dos políticos que sempre soube trazer no bolso — Diário Económico, 20-06-2014

Última atualização: 29 jun 2014, 15:44

quarta-feira, junho 25, 2014

A resposta que Sócrates, Costa e os 'notáveis' do PS precisavam de ouvir

Luiz Carvalho: “Consta que este capanga a usar da força em Ermesinde trabalha na CML. É verdade Duarte Moral?”

Transcrição da resposta de quatro militantes do PS às preocupações de Jorge Sampaio, Manuel Alegre, Vera Jardim e Almeida Santos


Foi com alguma surpresa que na passada sexta-feira lemos em dois jornais, “Público” e i, que quatro notáveis militantes do Partido Socialista – Jorge Sampaio, Manuel Alegre, Vera Jardim e Almeida Santos – tomaram uma posição pública na actual contenda partidária do PS, pedindo urgência na solução do diferendo, posição que, intencionalmente ou não, é nas actuais circunstâncias favorável à candidatura de António Costa, mas dizendo, apesar de tudo, o que deveria ser para todos óbvio: “um partido não existe para si mesmo” e que “a prioridade é sempre Portugal”.

É esta frase óbvia que nos obriga a publicar este texto. Porque dificilmente haveria um outro tempo em que a frase tivesse tido maior oportunidade em ser usada do que durante os seis trágicos anos do descalabro económico, financeiro e social, que foi a governação de José Sócrates. Infelizmente, estas quatro relevantes personalidades do Partido Socialista mantiveram-se quase sempre caladas durante esse período, ou pior, colaboraram com as diatribes do então secretário-geral e primeiro-ministro, incluindo actos pouco democráticos, como alguns dos protagonizados pelo Dr. Almeida Santos. Nesse período sempre verificámos com angústia, como certamente muitos outros portugueses e socialistas, que o interesse nacional andou a reboque dos interesses partidários do grupo no poder, sem que isso tivesse conduzido a uma posição tão relevante como a que agora foi tornada pública.

Temos a plena consciência de que esta nossa tomada de posição é impopular em muitos sectores, fora e dentro do PS, na justa medida em que nos habituámos a venerar acriticamente os nossos maiores, aqueles que com maior ou menor razão e justiça se guindaram ao topo do poder político em Portugal. Fazemo-lo porque, como alguns outros socialistas, ganhámos esse direito durante esses seis anos, porque como militantes socialistas fomos ignorados nas nossas críticas, frequentemente vilipendiados, apenas por denunciar os erros, os jogos de interesses e os estragos que a governação do PS estava a infligir a Portugal. Escrevemos dezenas de textos, participámos em dezenas de programas de rádio e de televisão e, como alguns outros, sofremos o silêncio cúmplice de quem tinha a obrigação e o poder de evitar que o PS conduzisse Portugal para os braços da dependência internacional e para o sacrifício de milhões de portugueses.

Sejamos sérios, o actual governo de maioria PSD/CDS é um mau governo, que não sabe ou não quer evitar mais sacrifícios aos portugueses, mas não foi este Governo que preparou o terreno para os cortes salariais, para as privatizações feitas sem critério e para o descrédito das instituições. Fomos nós socialistas que o fizemos e quanto mais rapidamente o compreendermos melhor será para o PS e para Portugal. Inversamente, fazer voltar ao poder político os mesmos que no PS conduziram Portugal para o desastre, é um crime contra a Nação Portuguesa e um ultraje aos princípios e valores do Partido Socialista.

Lisboa, 24 de Junho de 2014

António Gomes Marques
Henrique Neto
Joaquim Ventura Leite
Rómulo Machado