quinta-feira, setembro 17, 2015

Síria, uma crise fabricada

Aylan Kurdi. Ilustração @ Antimedia

Quem engendrou e quem quer lucrar com a crise dos refugiados?


O mais deprimente mesmo foi ver como o presidente da União das Misericórdias Portuguesas, e o veterano Rui Marques, e mais não sei quantos espertos da solidariedade saltaram imediatamente para a frente televisiva, cheios de ideias e compaixão pelos refugiados. Na realidade, o que estas criaturas piedosas não deixaram de ver em primeiro lugar foram os milhões de euros que a UE (9.000 euros por refugiado acolhido) e o governo português (aqui o montante não foi ainda anunciado) terão que desembolsar por causa desta crise, criada, em primeiro lugar, pelos belicistas americanos e israelitas, mas com o apoio sonâmbulo, desde o início da guerra civil na Síria, dos indigentes políticos que pusemos à frente dos destinos desta desmiolada Europa.

Não temos 308 governos municipais? Não temos 3.092 freguesias? Não temos centenas de edifícios escolares vazios, abandonados ou à venda? Não contam as nossas Forças Armadas com mais de 3.000 efetivos, boa parte dos quais em estado de prontidão operacional? Não existem várias unidades hospitalares no recém concentrado Hospital das Forças Armadas? Não sai tudo isto dos impostos que pagamos, e da sobre dívida que suportamos? Não é precisamente nestas ocasiões que o estado deve cumprir a sua missão com eficácia e brilho? Então porque é que se levantou o indecoroso circo da desgraça alheia e se escancararam os microfones aos profissionais da piedade remunerada?

A União Europeia está cercada de fogos postos pelos Estados Unidos e por Israel

A colonização americana da Europa ocidental está em pleno curso, por via da tentativa sistemática de destruição do euro, através das guerras artificiais implantadas no Iraque, Afeganistão, Líbia, Ucrânia, Síria, etc., das sanções e tensões artificiais envolvendo o Irão, África mediterrânica, África subsariana, e ainda por meio do grande abraço de urso que é a famosa Parceria Transatlântica (TTIP), de que a frota de empresas globais já desembarcadas na Europa é uma antecipação clara do que nos espera: Standard & Poor's (S&P), Moody's, Fitch, Google, Facebook, Twitter, Microsoft, Apple, Fox, Disney, Remax, Era, Century 21, ou a mais recente e escandalosa Uber!

Na realidade, o que está em curso é a preparação de uma nova divisão do mundo em duas metades: uma metade ocidental liderada pelos Estados Unidos, que inclui todo o continente americano, a Europa ocidental, incluindo a Finlândia, Estónia, Letónia, Lituânia, Polónia, Moldávia, Roménia e Turquia, a península da Arábia e todo o continente africano; e uma metade oriental, com vértice na China e na Rússia, e abrangendo um número indeterminado de países, de que se excluem, para já, o Japão e a Austrália...

A morte de Aylan Kurdi, que na realidade fugia do auto-proclamado Estado Islâmico (ISIS), e não de Bashar al-Assad, tal como a morte de tantos outros meninos e meninas parece, pois, um dos altos preços a pagar por um novo Tratado de Tordesilhas.

Presidente sírio acusa Ocidente de usar dois pesos e duas medidas sobre migrantes
AFP - Agence France-Presse/ Diário Pernambuco, Publicação: 17/09/2015 09:09 
Bashar Al-Assad afirmou que os países ocidentais choram pelos refugiados sírios ao mesmo tempo em que alimentam a guerra que os expulsa para o exílio

"É como se o Ocidente chorasse com um olho pelos refugiados e com o segundo mirasse neles com uma arma", declarou o chefe de Estado sírio, durante uma entrevista à imprensa russa, divulgada nesta quarta-feira.

"O Ocidente (...) apoia os terroristas desde o início da crise e (aponta a responsabilidade do que acontece) para o regime ou o presidente sírio", ressaltou em sua primeira reação à tragédia dos migrantes.

O regime de Damasco chama de "terroristas" todo os seus opositores: dissidentes políticos que escolheram a luta pacífica, rebeldes que pegaram em armas e os jihadistas, incluindo os do grupo Estado Islâmico (EI).

"Se a Europa está tão concentrada no futuro dos refugiados, deveria parar de apoiar o terrorismo", insistiu Assad. Muitos países europeus apoiam a oposição "moderada" a Assad, mas que lutam contra os jihadistas do EI.

Mais de 500 mil migrantes atravessaram as fronteiras da União Europeia entre janeiro e agosto deste ano, contra 280 mil em 2014, segundo a agência europeia Frontex.

Read This Before the Media Uses a Drowned Refugee Boy to Start Another War
Antimedia, Dan Sanchez. September 8, 2015

Warmongers in government and the media are perversely but predictably trying to conscript Aylan’s corpse into their march to escalation. They are contending that Aylan died because the West has not intervened against Syria’s dictator Bashar al-Assad, and that it must do so now to spare other children the same fate.

Um, no, Aylan’s family were Kurdish refugees from Kobani who had to flee that city when it was besieged, not by Assad, but by Assad’s enemy: ISIS.

And ISIS is running rampant in that part of Syria only because the US-led West and its regional allies have given them cover by supporting and arming the jihadist-dominated uprising against Assad.

The West has been intervening in Syria heavily since at least 2012. Indeed, it is Western intervention that has exacerbated and prolonged the conflict, which has now claimed a quarter of a million lives.

terça-feira, setembro 15, 2015

Que tal comprar uns dólares?

Se eu fosse um Panda, e não um Atum, ficarias mais preocupado?

Whatever it takes? This time is different!


Não há nenhum bilião de euros que resolva o esgotamento de um recurso natural do dia para a noite. Nem nenhuma monetização maciça que segure uma guerra cambial global.

Talvez seja de comprar alguns dólares e apostar nas empresas portuguesas e espanholas que mais exportam para os Estados Unidos, além de manter uma boa parte da poupança em moedas de ouro (Libras inglesas, violinos austríacos, Krugerrand sul-africanos, etc.), imobiliário nos centros urbanos e quintas com água e boa terra (são precisos uns seis a dez anos para eliminar os pesticidas e adubos químicos acumulados numa terra sobre explorada), ou ainda em obras de arte com valor de mercado estável (ou apostas informadas nos jovens talentos...). Afastem-se das bolsas e dos bancos!!! A dívida em dólares da EDP (em euros, ultrapassa os 17 mil milhões) poderá disparar de um dia para o outro, afugentando os chineses. Os espanhóis já fugiram...

Charles Hugh Smith
Of Two Minds, Monday, September 14, 2015
The Next Financial Crisis Won't be Like the Last One

The ocean's fisheries will not magically come back from being stripmined if a central bank prints $1 trillion. If the $1 trillion is spent wisely, perhaps in a decade or two fisheries can recover. But neither employment or ecosystems can be "saved" by printing money and throwing it at the usual vested interests.

So what else is beyond the easy fix of a quick $1 trillion printing/bailout? How about the foreign exchange (FX) market? Many a government and central bank has attempted to fix the foreign exchange market, but they fail for the simple reason that the FX market is too large to control for long.

$1 trillion just isn't that much in a market that trades $3 or $4 trillion per day.

It's not that difficult to predict that the next global financial crisis will arise not in the banking sector but in a market that's beyond the reach of central banks.That is, printing $1 trillion and promising to "do whatever it takes" won't fix what's broken.

One reason I have been focusing on the potential of the U.S. dollar (USD) to strengthen for the past four years is the potential for this dynamic to fatally disrupt the central bank-managed global "recovery." 

Could the U.S. Dollar Rise 50%? (January 12, 2011)


IMPORTANTE: Não se esqueça de votar na nossa sondagem (topodireito  do blogue) para nos ajudar a adivinhar o resultado das eleições de 4 de outubro. Obrigado ;)

Blowjobs Not Allowed @ Ávante! Fest


Um broche, entre dois homens? Isso não é marxista!


Festa do “Avante!”: Uma das seis alegadas vítimas “estava a praticar sexo oral”, diz o PCP

Expresso, 14.09.2015 às 13h50

Segundo os comunistas, “a afirmação e sustentação da intervenção dos serviços de apoio da Festa do ‘Avante!’ porque duas pessoas do mesmo sexo se teriam beijado é, tão falsa, quanto ridícula. A verdadeira razão do incidente que conduziu à saída das pessoas do recinto da Festa teve origem num acto de sexo oral em pleno espaço”, refere o comunicado.
Eu se fosse um jovem desempoeirado, ou uma jovem desempoeirada do PCP mudava-me para o Bloco de Esquerda. Além de permitirem os charros, não atacam os gays e as lésbicas no decorrer dum ato amoroso.

Esta síndroma da velha esquerda tem um nome: BROCIALISM. É uma espécie de Complexo de Édipo mal resolvido. A consequência deste atraso cultural, que atinge a maioria das famílias socialistas, comunistas e anarquistas, permanece um dos escolhos mais espinhosos à sua capacidade de atrair os mais jovens e as mais jovens. Também aqui os liberais democratas e até a direita tradicional estão mais adiantados.

Eu tenho um fascínio pela evolução recente do Bloco de Esquerda. Porquê, perguntarão. Porque mudaram de agenda ideológica? Não? Porque deixaram de ser populistas? Não. Porque tencionam ser governo nos próximos anos? Não. Então porquê? Por isto:
  • porque há muito perceberam que sem a proximidade dos jovens e sobretudo das jovens que hoje ocupam cada vez mais lugares na administração do mundo, o pobre Trotsky morreria de vez;
  • e porque, recentemente, pela primeira vez, um partido político com assento parlamentar é dirigido por mulheres, por duas jovens sedutoras mulheres. Fisicamente sedutoras, intelectualmente sedutoras. O olhar maroto com que Catarina Martins destruiu o sapo Costa e as suas aldrabices mal amanhadas e mal representadas, demonstrando que o PS, se for governo, tenciona infligir um rombo de 1.660 milhões de euros às pensões, só poderia ter sido tão fulminante quanto foi, porque a disciplina analítica e a perspicácia de Mariana Mortágua fez o necessário trabalho de casa.
Ora bem, o PCP precisa deste tipo de energia, em vez de perpetuar uma cultura machista, na qual as mulheres vão sempre um passo atrás, e a libertinagem amorosa não tem lugar. No Partido Socialista, apesar da corrida desesperada de Isabel Moreira, o cinzentismo machista é idêntico.

Mais do que a gramática da economia e da política pura, é a este critério cultural que atribuo a maior importância na hora de avaliar o potencial histórico da ação democrática.

A liberdade não é negociável, nem deve ser adiada sob nenhum pretexto, por mais pragmático que seja.

segunda-feira, setembro 14, 2015

História de Angola num gráfico


Depois do petróleo, que Angola teremos?


Se Angola não melhorar rápida e eficazmente o perfil institucional da sua quase-democracia, a incerteza sobre o futuro e a instabilidade político-militar voltarão a atormentar o país.

Valeria certamente a pena gastar 1% do seu orçamento numa revolução pacífica pela educação, competitividade, sustentabilidade, transparência, democracia e liberdade do país.

O gráfico aqui publicado é completamente claro sobre a história recente de Angola.

1960-1974: guerra colonial (exploração inicial do petróleo de Cabinda)
1975-1991: guerra civil angolana (quebra inicial da produção seguida de crescimento rápido até superar os 500 mil b/d)
1991-1994: guerra civil angolana (subida sustentada da produção; abaixo do milhão b/d)
1998-2002: guerra civil angolana (subida sustentada da produção; abaixo do milhão b/d)
2002-2011: período de paz (produção acima do milhão b/d, até próximo dos 2 milhões b/d)
2011-2015: período de paz ('peak oil', 'plateau', fim do 'boom' petrolífero angolano)

Em Angola, depois de uma subida a pique na produção de petróleo, no período de paz que se seguiu ao fim da guerra civil, a que chegaria perto dos 2 milhões de barris/dia, em 2008, a produção estagnou numa espécie de planalto, algo acima dos 1,6 milhões b/d.

Mais recentemente, com a diminuição da procura agregada mundial e a queda abrupta dos preços resultante do abrandamento económico global, Angola procurou ganhar margem comercial suplementar na exploração do petróleo impondo custos administrativos aos concessionários. Mas os concessionários não gostaram, e acabam de avisar a casta dirigente do que poderá ocorrer em Angola se insistirem no aumento político das margens.

Total: Angola vai ficar sem indústria do petróleo se não reduzir os custos 
Jornal de Negócios, 13 Setembro 2015, 18:04 por Lusa

"Se não houver uma significativa redução dos custos, tudo vai parar", disse o director-geral da Total em Angola, Jean-Michel Lavergne, em declarações à agência financeira Bloomberg, nas quais explicou que caso as condições não melhorem, a indústria petrolífera angolana "vai desaparecer", partindo do princípio que o preço do barril de petróleo se mantém nos 60 dólares.

Em causa estão as várias medidas que o Governo angolano tem tomado nos últimos anos, que fizeram os custos de produção aumentar em 500 milhões de dólares por ano, disse Lavergne durante um fórum empresarial em Luanda, no qual anunciou que está pedida uma reunião com o Governo angolano para dar conta destas preocupações causadas pelos custos da regulação.

A China estará a crescer pouco acima dos 3% ao ano, mas os especuladores, incluindo os analfabetos indígenas, adoram repicar a litania dos 7%. A China cresceu, como Angola cresceu, acima dos 7%, duplicando o PIB de dez em dez anos, enquanto dispôs de petróleo próprio em quantidade e a bom preço. No caso da China, o maná começou a jorrar em 1965, acelerou depois da Revolução Cultural, com Deng Xiaoping (1978), e o pico chegaria em... 2015. No caso de Angola, o petróleo de Cabinda começou a jorrar em 1967, acelerou a partir de 1982, e disparou depois da guerra civil (2002) até atingir o 'plateau' do 'peak oil' angolano em 2011.

O grande problema, agora, é que os países emergentes (China, Angola, Nigéria, Brasil, África do Sul, Rússia, Índia, etc.) precisam de continuar a exportar a ritmos elevados para sobreviverem, ou seja, para impedirem um retrocesso violento das suas sociedades. Acontece, porém, que perderam, ou estão a perder, as suas duas principais vantagens competitivas: a energia petrolífera barata e trabalho humano 6x, 5x, 4x, 3x, 2x mais barato que nos países industrializados e pós-industriais: EUA, Canadá, Europa ocidental, Japão, ...)

O petróleo caro ameaça os países ricos e em geral quem depende dele, mas o petróleo barato compromete gravemente o ritmo de crescimento económico e o desenvolvimento social dos países emergentes; nuns casos, grandes produtores de energia e matérias primas, noutros, regiões demográficas densamente povoadas que são também reservatórios de trabalho humano barato.

A globalização acabou, não por desejo das esquerdas desmioladas, mas pela natureza própria do fenómeno económico que lhe deu origem. O empobrecimento dos países industriais desenvolvidos tem limites que chocam com o enriquecimento relativo dos chamados países emergentes. Só num mundo pós-capitalista avançado, a teoria dos vasos comunicantes entre países pobres e ricos (e entre pessoas ricas e pobres) poderá, eventualmente, reiniciar o seu caminho de esperança democrática.

Brocialists: o último fôlego do Labour

Jeremy Corbyn, líder trabalhista
Photo: WENN

Da pesada derrota de Ed Miliband ao populismo de Jeremy Corbyn


Finalmente um boné e um bom par de pimentos vermelhos à frente do British Labour Party. Depois do Syriza, este poderá ser o segundo fôlego que faltava a António Costa para esticar um bocadinho mais as suas cordas vocais e espalhar-se ao comprido no próximo dia 4 de outubro. Quanto mais depressa estes zombies do marxismo-leninismo se estatelarem na andropausa neo-esquerdista que os consome, melhor. A oportunidade eleitoral é-lhes apetecível: quem poderá votar nos austeritários, ou nos austericidas? Ninguém, obviamente! Ninguém?

O Capitalismo —pelo menos o Grande Moinho de Vento das Dicotomias Felizes contra o qual a esquerda ressuscitada combate— talvez já cá não esteja quando Corbyn disputar as eleições com Cameron. A urgência social, económica, financeira e político-militar é uma bolha pronta a explodir a qualquer momento. E a ironia desta urgência é que tem vindo a ser sentida por todos: os 99% atingidos pela globalização e pela austeridade, mas também os 1% sentados numa Pirâmide Ponzi invertida que inevitavelmente tombará para um dos lados.

Ouvindo o discurso de vitória do novo líder dos trabalhistas ingleses, cujos motes repetiu numa manifestação de boas vindas aos refugiados das guerras acendidas por americanos, ingleses e israelitas, sob o olhar bovino do resto dos europeus, observamos o mesmo padrão populista registado na Grécia, em Espanha, e em Portugal. Basicamente, ignoram a causa das coisas e, portanto, a realidade, preferindo prometer o paraíso e a decência que sabem não poder dar, nem respeitar — porque em nada depende deles. Continuam a pensar que, se a crise for vasta e profunda, como é, a demagogia e o oportunismo rendem sempre bons votos. Deixai vir a mim —Terra da Oportunidade— os Refugiados, pois serão eles o sangue novo das nossas economias e os votos agradecidos de que precisamos para chegar ao poder. Mas quando lá chegarem, o que farão?

E se já estivéssemos todos a viver em sociedades pós-capitalistas, como sugeriu Peter Drucker em 1993? E se a realidade humana global fosse já o resultado da ação de atores-rede, e não da velha luta de classes teorizada por Karl Marx, de que os partidos que ainda andam por aí são uma espécie de dentes do siso?

Um sintoma do atraso cibernético da fauna que ganhou a maioria do Labour é a sua aparente condição brocialista (1), denunciada num texto maravilhoso de Suzanne Moore, que recomendo.

As Jeremy Corbyn was anointed leader, not one female voice was heard
Suzanne Moore, The Guardian, Saturday 12 September 2015 14.27 BST

Those for whom Corbyn represents an unprecedented and radical part of the left pushing itself to the fore may feel comfortable enough in all-male company not to challenge this monoculture. For, indeed, it might mean that some guys – good guys – would have to step aside. The prize – socialism, any time soon – is so big that we cannot focus on single issues like “women”. Labour people have told me this repeatedly. I don’t see pay, education, caring, health, violence, and representation in all its forms, as a single issue, but then I am just a girl of course.

Not one woman’s voice was heard today. Not one. So congratulate yourselves, guys, on this new era, on this new way of doing politics. Some of us, unfortunately, are still waiting.

POST SCRIPTUM (15 sey 2015) — Ao ouvir o discurso de Jeremy Corbyn na TUC Conference, foi interessante verificar como respondeu imediatamente às críticas, nomeadamente de Suzanne Moore, sobre a sua falta de atenção a algumas agendas cruciais, como, por exemplo, a do lugar das mulheres na Política. Em resposta, Corbyn anunciou que o seu governo sombra será maioritariamente formado por mulheres. Esperemos que quando ganhar as eleições, em 2020, mantenha o mesmo espírito e flexibilidade tática!

NOTAS
  1.  Brocialism, Social Justicy Wiki

    Brocialism and manarchism are umbrella terms for sexists within the radical left. Specifically used for those who believe that the creation of a socialist, Marxist, or anarchist system will inevitably bring about gender equality and that therefore no measures need to be taken other than the destruction of the hierarchy imposed by class.

Atualização: 15 set 2015, 15:12

quinta-feira, setembro 10, 2015

Peak Debt: o pior ainda está por vir!

Mário Soares em quinta visita a José Sócrates. Correio da Manhã

Quem vai pagar e como 10 mil milhões de euros/ano, nos próximos quatro anos? É esta a fatura do serviço da dívida e das PPP que Sócrates nos deixou.


Não liguem às sereias populistas do regime. Preparem-se!

Ou seja, as empresas produtivas e as famílias deixaram de poder endividar-se, nem que seja a taxas negativas, dado o passivo acumulado ao longo das duas últimas décadas.

Portanto, a destruição das taxas de juro e a guerra cambial apenas servem para continuar a inchar a bolha das dívidas públicas e a especulação financeira (1) alimentada pela expansão da massa monetária, ou seja, pela transformação do dinheiro que não existe em fichas de casino.

O mais lamentável de tudo, em Portugal, é que são sobretudo o PS e o resto da esquerda que, de uma maneira ou doutra, têm praticado, defendido e continuam a defender esta corrida de lémures para o precipício.

Bastou ouvir ontem, uma vez mais, o realejo de António Costa, para percebermos que só tem uma ideia na sua disléxica caixa de neurónios: pedir mais liquidez virtual emprestada ao BCE e aos mercados da especulação financeira, para assim continuar a alimentar os rendeiros, os devoristas e a casta burocrática de que a nomenclatura partidária do arco parlamentar é a expressão mais irresponsável e potencialmente criminosa.

Nós podemos corrigir esta desastrosa deriva, desincentivando o consumo não produtivo, diminuindo drasticamente a dimensão e custo do estado (tudo o que não é estritamente necessário, deve fechar portas), desfazendo todos os negócios leoninos entre os rendeiros do regime e o estado, e ainda, promovendo (sem captura oportunista dos processos) o fortalecimento de todos os mecanismo de solidariedade e organização social na base da pirâmide social. (2)

Last but not least, devemos colocar as nossas vozes e forças ao lado de quem denuncia e combate a especulação financeira desenfreada que nos trouxe até aqui. Segundo a ONU, entre cem a cento e cinquenta milhões de pessoas foram atiradas para a pobreza em consequência do maremoto financeiro. Destas, dez a quinze milhões terão morrido de fome, ou de ansiedade extrema, muita da qual conduzindo ao suicídio.


NOTAS
  1. David Stockman Sums It All Up In 3 Minutes

    Stockman unleashes truthiness hell on Bloomberg TV: “Federal Reserve [actions] will have disastrous long-term consequences... when you deny price-discovery in the market for so long, it is a massive subsidy to speculation... In an era of peak debt, the only thing zero interest rates achieve is create an enormous incentive for Wall Street to gamble more and more recklessly...”

    Zero Hedge, Submitted by Tyler Durden on 09/09/2015 19:00 -0400
  2. Resposta a uma pergunta no Facebook

    Pergunta: “Pode especificar melhor isto: “desincentivando o consumo não produtivo” e isto: “tudo o que não é estritamente necessário”, para que não existam dúvidas e ainda comecem a queimar bibliotecas...”

    Resposta: Incentivar o consumo de telemóveis e automóveis é errado, sobretudo num país com a pior 'intensidade energética' (i.e. custo de energia por unidade de PIB) da Europa; continuar a obrigar os alunos do primário e do secundário a pagar anualmente milhões de euros em manuais escolares, ou manter a frota automóvel (camuflada) do estado, são três dos muitos exemplos do que está ainda por cortar e corrigir na despesa inútil, pública e privada, e que será cortado e corrigido, quer queiram os políticos e a nomenclatura burocrática, quer não.

Atualizado em 10 set 2015, 16:53

O Ocidente ainda não percebeu que deixou de ditar as regras

Chinese missiles are seen on trucks as they drive next to Tiananmen Square and the Great Hall of the People during a military parade on September 3, 2015 in Beijing, China.
(Original Photo: Kevin Frayer/Getty Images/ edited)

A guerra do gás continua a aumentar a parada belicista no Médio Oriente e no Mediterrâneo. A projeção da crise de refugiados em direção à Europa, e o colapso das exportações alimentares comunitárias para a Rússia, são o preço inicial que esta Europa desmiolada começa a pagar por causa dos idiotas que a dirigem, de cócoras para Washington.

Portugal deve tomar uma posição diplomática de distanciamento da deriva belicista euro-americana, e enveredar pela adoção imediata de uma posição de neutralidade no que começa a parecer-se cada vez mais com uma escalada bélica que pode revelar-se incontrolável.

Somos pequeninos? Somos. E por isso mesmo podemos e devemos assumir uma postura útil e pedagógica, nos antípodas das afirmações aventureiras do senhor do PS que hoje administra um banco falido chamado Banif!

Russia sends ships, aircraft and forces to Syria: U.S. officials
Reuters, Business | Wed Sep 9, 2015 11:49am EDT

Russia has sent two tank landing ships and additional aircraft to Syria in the past day or so and has deployed a small number of forces there, U.S. officials said on Wednesday, in the latest signs of a military buildup that has put Washington on edge.

The two U.S. officials, who spoke to Reuters on condition of anonymity, said the intent of Russia's military moves in Syria remained unclear.

Will China Invade Alaska, Canada? Will Russia?
The theory of 65-year cycles points to a critical moment in China's evolution
Observer, By Bernie Quigley | 09/03/15 1:02pm

Because the Chinese have been studying the cycles. From generational theorists William Strauss and Neil Howe, they have learned that political/cultural cycles last only 65 years, and then they collapse, cycles first observed by Taoist monks and Roman philosophers. And China is exactly 66 years advanced since the Chinese Communist Revolution of 1949. In terms of generational cycles, China is on the eve of destruction. (In terms of the Strauss/Howe theory, so are we.)

The Chinese have been studying Western theories and economic cycles like the Elliott Wave, which suggests that the life cycle of a dominant currency has its limitations, and the American dollar cycle has ended. They have been studying economist Harry Dent, investment gurus Jim Rogers, Marc Faber and libertarian Ron Paul, seen often here only in the shadows, and understand that America is at a full economic transition, potentially a catastrophic cultural turning.

They have been reading Nicholson Baker’s day-by-day account, Human Smoke: The beginnings of WWII, the End of Civilization. They understand fully without Western sentimentality or illusion what comes next at the end of the economic cycle: Total war.

One remark to Bernie's post: you should metric the 65 years cycle, not from 1949 on, but 1960 on, which would lead China strategic calculus to 2025. That is within a decade... The explanation for this suggestion is simples: before 1960 China had to import all the oil it needed, namely from Russia, after 1960 China became a self-sufficient oil producer... until 2015, when its Daqing oil peaked, like it peaked in USA in 1973...

So before 2030, as Donella Meadows and the team that worked with her on the The Limits to Growth predicted, the entire worl will be in big trouble.