sábado, abril 30, 2011

A Frente Populista

PCP, Bloco e... PS apostam na bancarrota de Portugal

Álvaro Santos Pereira: votar no actual Governo “é votar na bancarrota”

"Vão haver consequências muito graves se votarmos no Governo atual. Votar no Governo atual, quando a mim é votar na bancarrota, é votar para os nossos filhos emigrarem, é votar para ter a maior taxa de desemprego dos últimos 90 anos, votar neste Governo é votar na irresponsabilidades e certamente votar na bancarrota do país", afirmou o economista durante a sua apresentação no evento final do movimento "Mais Sociedade" — in Jornal de Negócios (29-04-2011).

Sócrates e a União Europeia

Já aqui escrevemos sobre a possível vantagem negocial de, uma vez claramente falidos (situação em que efectivamente nos encontramos), negociarmos a bancarrota directamente com os nossos principais credores (Espanha, Alemanha, França e Reino Unido), em vez de negociar um resgate com o Fundo Europeu de Estabilização Financeira e o FMI. Na primeira opção, os nossos credores poderiam ser convencidos a aceitar um corte nas suas expectativas de lucro com a dívida portuguesa (o tal "hair cut"); mas na opção que Bruxelas e Frankfurt querem, Portugal fica fora dos mercados de financiamento externo enquanto durar a quarentena do resgate, e vê diminuir a margem de negociação à medida que a situação evolua num ou noutro sentido.

Em que ficamos? Quem irá esticar a corda? Sócrates? Se o fizer, terá que se socorrer de uma viragem bem nítida em direcção aos partidos à sua esquerda. O PCP já defende algo parecido com a negociação directa com os credores, fora da tutela do FMI (uma posição negocial de total realismo). Este golpe de asa, por incrível que pareça, poderia colocar toda a zona euro perante um enorme dilema: retirar a Portugal o euro, dando início a um inevitável Harakiri da moeda única; ou aceitar um grande debate político sobre o buraco negro do endividamento soberano europeu — de onde pudesse sair simultaneamente uma governação económica e financeira comunitária mais coerente e coesa, mas também mais solidária — in “O grande tuga”, O António Maria (10-04-2011).

Lendo o Expresso de hoje, 30 de abril, verifiquei que o debate sobre as alternativas para tratar da falência do país, a que dez anos de estagnação e seis de roubalheira e manipulação de massas, ao compasso diário de um tele-ponto mentiroso e obsessivo-compulsivo, nos conduziram, já está ao rubro. Inspiradas pelo Economist, multiplicam-se as opiniões que defendem uma reestruturação da nossa dívida colectiva, i.e. a assunção da bancarrota.

Que é melhor para Portugal? Assinar um contrato de resgate financeiro com a troika da Comissão Europeia, BCE e FMI, ou preparar desde já o terreno para uma reestruturação da dívida com os principais credores: Espanha, Alemanha, França e Reino Unido? O PSD, o CDS e parte do PS inclinam-se claramente para a primeira alternativa. O PCP tem vindo a defender a segunda opção. O Bloco de Esquerda, ao excluir, como o PCP, qualquer contacto com a troika, inclinar-se-à em breve para o cenário da ruptura de pagamentos e subsequente reestruturação da dívida soberana.

No primeiro caso, ainda que temperado pelo aparente bom senso do FMI, que se tem oposto à fúria liberal do BCE e do senhor Barroso, seremos forçados a adoptar um conjunto de medidas de grande austeridade, em troca do dinheiro adiantado pela troika para pagamento das dívidas inadiáveis, ao longo dos próximos três anos. Neste período, a redução do endividamento será uma prioridade absoluta, ficando a entrada de euros no país dependente do cumprimento do acordo que os credores e fiadores da nossa dívida exigem ver assinado até meados de maio pelos principais partidos do arco da governação (PS, PSD e CDS-PP). Neste período, se o acordo for mesmo conseguido, como se espera, a democracia portuguesa e o seu imprestável sistema partidário e constitucional ficarão suspensos numa espécie de quarentena, ou sanatório — como em tempos, num acto falhado premonitório, Manuela Ferreira Leite sugeriu!

Na alternativa em que o Economist, o Financial Times e em geral a frente anglo-saxónica anti-euro apostaram, mais cedo ou mais tarde, mesmo havendo um resgate inicial (que falhará, dizem, como na Grécia já falhou) é inevitável uma reestruturação das dívidas soberanas dos PIGS e, como consequência, o colapso do euro — objectivo estratégico do dólar-libra na sua guerra pela manutenção da moeda americana como principal meio de pagamento internacional.

Esta segunda opção supõe, no essencial, o seguinte: os países altamente endividados, interna e externamente, como a Grécia, a Irlanda, Portugal e Espanha —elos fracos de uma crise de endividamento especulativo mundial—  irão acabar por anunciar ao mundo que não poderão pagar parte das suas dívidas, alegando impossibilidade prática de o fazer, mas também que a responsabilidade das mesmas deve ser justamente repartida entre quem pediu e não deveria ter pedido, e quem emprestou e não deveria ter emprestado.

Será este o jogo escondido de Sócrates? Se for, precisará de fazer uma frente populista com o Bloco e com o PCP, que o senhor Cavaco terá naturalmente que empossar!

A minha convicção, porém, é que o FMI estará atento a esta deriva populista e ao consequente descarrilamento do sistema monetário europeu. Não podemos, no entanto, deixar de contar com os imponderáveis em crises como a que atravessamos. Se um país da União Europeia rejeitar o auxílio a Portugal, que acontecerá em Lisboa, e depois em Bruxelas, Paris e Berlim?

Numa perspectiva mais ampla e a mais longo prazo, porém, Portugal terá sempre que pagar a sua dívida, ou boa parte dela. E mais do que isso: terá que aprender muito rapidamente a mudar de hábitos e atitudes. A nossa Constituição terá que mudar, o nosso Estado terá que encolher, os nossos partidos terão que ser refundados, a burguesia encostada ao orçamento terá que ir à vida, e o povo terá que ser menos bovino. O velho mundo colonial morreu … acordem!!

sexta-feira, abril 29, 2011

Precisamos de mudar!

O discurso de Passos Coelho começa a ganhar forma

Precisamos de um ministro das finanças fiável e íntegro — coisa que neste momento não temos. É extraordinário que Portugal esteja, nesta curva perigosa da sua história, sem ministro das finanças, e que este, em vez de já ter batido com a porta (acordando o PS da sua modorra oportunista), se veja transformado num tapete abjecto para Sócrates limpar os pés e esfregar as mãos, substituindo-o por um zé ninguém (como é que ele se chama, mesmo?) nas negociações em curso sobre a bancarrota a que o PS e a tríade de Macau conduziram o país.

Os meninos traquinas e a rapaziada de calças roçadas de tanto opinar já devem ter percebido que cada vez que espetam alfinetes nas costas do líder laranja que elegeram, apenas fortalecem o rapaz da Jota. Os passos de Coelho ganham rumo a cada dia que passa. Já não são de coelho, mas de quem fez uma aposta forte no futuro.

Tem razão Passos Coelho: nesta altura do campeonato, ceder é morrer. Se os portugueses não o elegerem agora, pior para todos nós, pois tal significaria deixar o país entregue a uma esquerda cada vez mais imbecil e irresponsável e ao bando de piratas que persiste em arruinar Portugal.

Já disse que votarei, pela primeira vez, no PSD. O meu coração bate à esquerda, mas não o voto. Quando o PS mudar, voltarei a comprar rosas. Até lá, limito-me a cuidar daquelas que tenho no meu jardim.

Passos Coelho: "Eu sei que o Governo vai mudar" 
O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, afirmou hoje que Portugal precisa de “restaurar a confiança”, de ter uma “verdadeira regulamentação da concorrência”, “investimentos reprodutivos” e disse saber que o “governo vai mudar”.

No discurso que fez no encerramento do Observatório para o Emprego da distrital do PSD em Vila Nova de Famalicão, o líder social-democrata deu conta do que o “país precisa”, destacando quatro pontos: “uma boa concorrência, simplificar as coisas, pôr as Finanças em ordem e de uma nova liderança”.

Segundo Passos Coelho “ainda há muita batota” e Portugal precisa de “uma verdadeira regulamentação da concorrência” pois o país não pode ter “um empreendedor que cumpra e um que não cumpra e seja beneficiado por isso”.

Para o líder do PSD “a aposta tem que ser na economia e isso não significa fazer TGV nem autoestradas”, mas sim “um investimento reprodutivo”.

Assim, adiantou, “o programa do PSD vai estar focado em fazer crescer Portugal” e isso passa por “exportar mais dando as mãos a países que falam português e que podem ajudar Portugal a chegar a novos mercados”.

Pedro Passos Coelho afirmou ainda que é preciso “restaurar a confiança na capacidade de Portugal” para cumprir o que é acordado.

“Precisamos que no final do dia se inverta o que se tem passado: uma incapacidade de cumprir o que acordámos”, pois, se tal acontecer com o acordo de ajuda externa, disse Passos Coelho, “o resultado será desastroso”.

Mas para que seja possível “varrer os maus resultados”, defendeu, “é preciso pôr as Finanças em ordem e de um Governo que dê o litro”.

O líder do PSD referiu ainda que “para que tudo isto aconteça o Governo tem que mudar”.

Pedro Passos Coelho acabou o discurso mostrando-se convicto que tal vai acontecer: “Eu sei que o Governo vai mudar”. — in i online.
Um aplauso e dois reparos apenas sobre um discurso que começa a ganhar forma, e uma boa forma:
  1. o reconhecimento implícito de que as PPP rodoviárias são um cancro mortal, é um grande passo político;
  2. a persistência das dúvidas sobre a rede ferroviária em bitola europeia (ligação Caia-Pinhal Novo), sobretudo depois de o governo espanhol ter anunciado que todos os troços entre Madrid e Badajoz (Caia) acabam de ser adjudicados, é um erro crasso (se quiser, explico-lhe porquê);
  3. o silêncio sobre o novo aeroporto de Alcochete, que a ser levado por diante implicaria a destruição do aeroporto da Portela, é deveras ensurdecedor; diga, ao menos, que com um novo governo só haverá novo aeroporto se os privados o quiserem construir suportando integralmente os respectivos custos, sem bombons, i.e. sem levarem em troca a ANA e os terrenos da Portela — como até Marcelo Rebelo de Sousa, que não sabe nada de aeroportos, chegou a promover na televisão.

quinta-feira, abril 28, 2011

Quem liquida, afinal, o Estado Social?

Não é o FMI, estúpido!

PPP - novo Hospital de Braga, Estado/GrupoMello

120 PPPs e concessões irão custar aos contribuintes 60 MIL MILHÕES DE EUROS! 

Este modelo de economia burocrática revela que Portugal continua, mais do que nunca, nas mãos de uma burguesia rendeira e de uma classe política  parasitária que protege a primeira contra os interesses da maioria.

Como diz Estela Barbot, quem rebentou e continua a rebentar com o Estado Social não é o FMI, mas esta corja indolente e oportunista, com as suas auto-estradas desertas e outras megalomanias (hospitais e fundações de luxo, estudos e mais estudos sobre cidades aeroportuárias que ninguém pediu, nem são economicamente viáveis, etc.)

Deve ser isto que os presidentes vivos querem preservar com a sua Nova União Nacional !

PPP - Parcerias Público-Privadas
Relatório 2010
Julho 2010
Direcção Geral do Tesouro e Finanças, de Julho de 2010
PDF-LINK

Artigo original de Rui Rodrigues, Público/Transportes (LINK)

Relato sobre as afirmações de Estela Barbot (Económico)

terça-feira, abril 26, 2011

Maioria silenciosa

Um partido que leva o país à bancarrota pode ganhar as próximas eleições!
...cerca de 1 milhão de eleitores beneficiam do CSI ou RSI, devem esse beneficio ao PS e a maioria tem consciência disso. Agora junte-se-lhes os boys que infestam os sectores administrativo ou empresarial do Estado e as empresas privadas que vivem à sombra do governo. É esta a almofada que suporta o PS e amortece o efeito dos erros cometidos pelo governo.

Se observarmos os resultados das eleições legislativas de 2009, vemos que o PS recebeu 36,6% com cerca de 2 milhões de votos. Donde concluímos que o governo PS pode levar o país à bancarrota sem que daí advenha, como consequência, a perda das eleições legislativas. Só um voto nulo maciço do restante eleitorado, um voto anulado com uma frase de protesto contra o PS, pode desalojar os socialistas do governo — in Cidade Lusa.
A maioria cor-de-rosa criou uma base populista de apoio formada pelo CSI (Complemento Solidário para Idosos), RSI (Rendimento Social de Inserção) e pela imensa rede de jobs for the boys-and-girls tecida pelo sistema partidário no seu conjunto, com especial destaque, ao longo da última década e meia, para o PS.

De leitura obrigatória, a análise da Cidade Lusa mostra como a tríade de Macau, de forma metódica e sibilina, montou a sua base de sustentação populista.

O PS poderá assim voltar a ganhar as eleições, colocando Portugal na senda dos novos regimes proto-fascistas que aí vêm. Há, porém, um limite objectivo que não conseguirá superar: para o nível catastrófico do nosso endividamento público e privado, nem que tivéssemos o petróleo de Chávez ou de Kadafi nos safaríamos do colapso, ou de uma correcção abrupta da  fantasia social em que vivemos. Se a Alemanha não quiser perder, uma vez mais, a Europa, é o que nos obrigará a fazer. Se a Espanha não quiser voltar ao terrível espectro de uma guerra civil, é o que nos obrigará a fazer. Ou seja, ambos os países, que são os nossos dois maiores credores (a que se segue a França), têm uma só escolha pela frente: ou deixar Portugal resvalar para um regime populista perigoso, com o efeito de boomerang que uma tal degenerescência da democracia pode causar, ou levantar imediatamente uma barreira financeira intransponível às tácticas oportunistas e corruptas que hoje imperam no espectro partidário lusitano.

Estive esta madrugada a reler um texto fundamental de Garret Hardin, publicado pela revista Science em 1968: The Tragedy of the Commons. Seria bom que os pessoas sérias e inteligentes deste país o relessem também.

domingo, abril 24, 2011

Portugal a descoberto

Ganhar com a falência de um país adormecido
A especulação é uma droga. Quem conhece os seus efeitos, não lhe resiste!

Um dos maiores vigaristas da nossa praça financeira é amigo íntimo (mesmo íntimo) de um dos maiores vigaristas que a política portuguesa alguma vez conheceu. Ambos apostam em lucrar como nunca com a falência de Portugal. Não os engavetem a tempo, e depois queixem-se!

Até Mário Soares se apercebeu do verdadeiro perigo que a democracia portuguesa corre se continuar entregue por mais alguns meses à turma de piratas que nos conduziu à beira do precipício.

Uma atitude firme do governador do Banco de Portugal, suspendendo por seis meses, ou ilegalizando mesmo, as operações a descoberto (short selling) com as obrigações e os títulos da dívida soberana —uma das clássicas e mais perigosas formas de especulação financeira (1) de que há memória— poderá, porém, fazer toda a diferença. Se Carlos Costa tiver coragem para avançar, e Pedro Passos Coelho antecipar o seu apoio a esta defesa in extremis do país, contra a grande pilhagem especulativa em preparação, ainda poderemos evitar que Portugal se transforme, como diz K. neste seu pertinente alerta, numa "colónia de escravos".

Começou o ataque a Portugal e à Grécia

POR FAVOR LEIAM ATÉ AO FIM:

As seguintes operações estão em andamento na Grécia, Portugal (e possivelmente em Espanha e Itália), com o objectivo de ganhar todo o dinheiro possível utilizando as dividas dos periféricos Europeus e os 400 mil do fundo de estabilização, instrumentalizando os stress tests dos bancos:

O objectivo é tirar partido da ineficiência criada pelo BCE, que emprestou dinheiro a juros reduzidos aos bancos portugueses para comprarem dívida pública portuguesa, o que duplicou o problema original.

A posterior subida dos juros no mercado secundário fez cair o valor das obrigações compradas pelos bancos portugueses. Esta queda do valor das obrigações fez cair os ratios de capital dos bancos. Quando os Stresstestes começaram, os bancos portugueses aperceberam-se da situação e levaram o Governo a um pedido de ajuda de cerca de 100 mil milhões.

Os 100 mil milhões destinavam-se inicialmente a comprar dívida pública portuguesa.

Assim, existem 100 mil milhões de Euros que poderão ser retirados do País com a seguinte

TÉCNICA:

A ideia é, vendendo obrigações a descoberto (short selling) criar a ilusão da existência de dois buracos que não existem, um na dívida e outro nos activos dos bancos, forçando o dinheiro da ajuda a tapar o buraco que seria criado nos bancos por uma reestruturação. Isto permite ganhos adicionais com short selling nos bancos.

Os juros são pressionados em alta no mercado secundário de obrigações portuguesas (fácil, pois é pouco líquido) no periodo em que é feito o stress test aos bancos.

Os ratios dos bancos descem fortemente obrigando o dinheiro da ajuda a ser usado para recapitalização dos bancos, de acordo com as exigências dos stress tests.

A dívida em si acaba por ser restruturada por pressões de agentes financeiros e meios de comunicação sobre o poder políticas e FMI (já o estão a fazer na Grécia). Ao não pagar o valor total da obrigação, estas vão proporcionar um ganho na maturidade às posições short, criando assim um buraco REAL nos activos dos bancos que assim substitui o anterior (que era VIRTUAL). Todo este dinheiro é discretamente ganho em posições curtas de Obrigações e de Bancos, sendo coberto pelo dinheiro do fundo de estabilização e FMI, deixando Portugal com uma dívida gigantesca. 
A única maneira de evitar este roubo é denunciar a situação e impedir a todo o custo a reestruturação da dívida publica. Receio que nem toda a gente esteja a ter a percepção disto. Quando comecei a ouvir as notícias sobre a reestruturação na Grécia, não vi ninguém a alertar para esta situação, por isso decidi partilha-la com o maior numero de pessoas antes que seja demasiado tarde, pois pode acontecer a situação de Portugal roubar-se a si prioprio sem se aperceber, dar o lucro a estrangeiros, criando assim um gigantesco buraco nas contas publicas, o que iria levar à crise que se tentou evitar e transformar o país numa colónia de escravos (tal como a Grécia).

Divulguem e comentem o mais possível. Manobras deste tipo já foram feitas com sucesso.

Se as obrigações maturarem (i.e. se a dívida não for reestruturada), os ratios dos bancos ficam normais e as posições short dos especuladores vão ter um prejuízo elevado, obrigando-os à compra de obrigações no mercado secundário, levando os juros a níveis normais, retirando-lhes os lucros e forçando os capitais a regressar ao país pela compra de acções dos bancos para short covering.

Os stress-tests serão assim instrumentalizados pelos especuladores. É esse o seu fim.

Vamos tentar evitar que isto de facto aconteça, informando o poder político e a opinião pública da situação.

K.
in Jornal de Negócios/Caldeirão de Bolsa

NOTAS
  1. Short selling (especular a descoberto) — Esta forma de especulação tem conduzido à ruína bancos e países ao longo da já longa história do Capitalismo. Basicamente, trata-se de ganhar, e de ganhar muito, com as dificuldades alheias. O especulador a descoberto snifa as presas feridas, por exemplo, como é o nosso caso, de sobre-endividamento, e aposta na sua desgraça. Como? Sempre da mesma maneira: compra e promete pagar mais tarde um dado lote de obrigações, moedas, terrenos, casas, obras de arte, flores, o que seja, desde que manifeste um claro potencial de especulação (no valor, por exemplo, de 1000 euros). Na data prevista o especulador terá que honrar o contrato de compra e venda, e pagar os 1000 euros, ou devolver as obrigações (em ambos os casos pagando uma comissão). Entretanto, o que se passou? É simples: o especulador vendeu no mesmo dia e pelo mesmo preço as obrigações —que ainda não pagou— a um comprador que naturalmente ignora os meandros da operação. Entretanto, o valor destas cai, em linha com a aposta do especulador. Quando tal ocorre, este volta a comprar um lote de obrigações, desta vez por menos dinheiro (por exemplo, por 800 euros) e devolve-as a quem lhas vendeu por mil.  Ganhou, portanto 200 euros (menos a comissão paga aos intermediários), sem produzir um único cêntimo de riqueza. Mas a riqueza terá que vir de algum lado! De onde? Invariavelmente, de quem produz, de quem poupa e de quem paga impostos. É por isso que estes processos de pilhagem legalizada acabam não raras vezes por conduzir a revoluções e guerras civis.

sexta-feira, abril 22, 2011

Italianos põem barbas de molho

União Europeia precisa de prova de esforço
Italy proposes new Treaty change

Italy's Finance Minister Giulio Tremonti called yesterday (19 April) for a new revision of the EU Treaties in order to equip the European Union with updated tools to face immigration, the economic crisis and energy challenges — EurActiv, 20-04-2011.

Itália antecipa um debate inevitável: a União Europeia pode não sobreviver à presente crise, que tem ainda pela frente cinco ou dez anos de doloroso empobrecimento, sem um debate radical sobre os seus efectivos desígnios. É preciso saber se o que está em causa é a criação de uma economia baseada numa nova moeda ajustada à diversidade europeia, ou se, pelo contrário, o que está em causa é a imposição a todos os povos europeus de uma economia baseada no euro-marco. Se for este o caso, o mais provável é que a Europa volte a dividir-se entre a estepe germânica e eslava, e a velha Europa ocidental, mediterrânica e atlântica, que então se voltará de novo para os continentes americano e africano em busca de uma nova base financeira de sustentação. Claro que teremos que pagar as nossas dívidas, mas não o dinheiro perdido pelos piratas, bancos aventureiros, especuladores e fundos de investimento imprudentes, no casino da especulação imobiliária e dos derivados.

O colapso português veio mostrar que, depois de nós, se continuar a proliferar o egoísmo nacional entre os vários estados europeus, a troika baterá às portas da Espanha e da Itália. No entanto, se estes dois gigantes europeus forem ao tapete, pouco ou nada sobrará do sonho europeu. Uma Europa a duas velocidades, com duas taxas de juro directoras, soçobrará antes de ver a luz do dia, pois tal cenário significaria a colonização inevitável dos PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia, Espanha) pela Alemanha, França, Holanda, Dinamarca e Áustria. Ora não é disto que rezam os tratados europeus!

Seria muito grave que as elites corruptas dos PIIGS aceitassem, numa primeira fase, expropriar pela via fiscal os respectivos cidadãos e empresas, para depois entregarem os bens de raiz e capitais espoliados, não apenas aos credores legítimos, mas também aos especuladores sem nome da actual crise financeira mundial. Seria o caminho mais curto para uma guerra civil europeia.

Do ponto de vista da teoria económica e das soluções técnicas que possam efectivamente ajudar a superar a trapalhada em que estamos todos metidos, há ainda muito trabalho por fazer, e seria bom que as negociações actualmente em curso com a troika encarregue de desenhar o resgate financeiro de Portugal, em vez de um mero palco de imbecilidades mediáticas para eleitor oportunista entender, permitissem verdadeiramente discutir e encontrar soluções pragmáticas, eficazes e equilibradas.

Li a carta de Eduardo Catroga ao homenzinho que substituiu o imprestável, demitido, arredado e desgraçado ministro das finanças de Sócrates, Teixeira dos Santos. Mais verdade e transparência nas estatísticas e nas contas públicas, menos Estado, menor captura deste pelo máfia palaciana e partidária das PPPs (é mesmo, Eduardo Catroga?), menos expropriação fiscal da riqueza criada e da poupança privada, privatizações integradas em objectivos de crescimento económico, um sistema bancário fortalecido e orientado mais para a economia real do que para o financiamento imparável da despesa pública — em suma, austeridade, sim; mas abrindo uma janela de oportunidade ao crescimento, sem o que, o objectivo do resgate não será conseguido.

Estou em geral de acordo com as intenções. O documento deveria ter sido, porém, mais concreto, explicitando sobretudo as grandes obras que não devem realizar-se, por mal pensadas e desnecessárias (autoestradas escandalosamente inúteis, aeroporto de Alcochete, ou as barragens do Sabor, Tua e Fridão, por exemplo), ou cuja concretização, embora estrategicamente justificada e até acordada com terceiros países, deve ser adiada até que o pior da presente crise passe (por exemplo, a ligação ferroviária em bitola europeia —para pessoas e mercadorias — entre o Pinhal Novo e Caia, ligando a grande Lisboa, Setúbal e Sines a Espanha e ao resto da Europa).

Por outro lado, falta uma proposta concreta dirigida à troika, sobre a modalidade concreta do resgate. Recomendo a este propósito uma discussão interessante iniciada por António S Mello e John E Parson em volta da proposta surpreendente do governador do banco nacional irlandês, Patrick Honohan, de indexar os pagamentos da dívida irlandesa ao crescimento do Produto Nacional Bruto do país.

Só com austeridade (receita da troika), não vamos lá (e nisso o PCP e o Bloco têm razão). Mas fazendo depender o grau da austeridade e o resgate da dívida apenas dos resultados do crescimento, também não, pois pode transformar-se rapidamente, e uma vez mais, numa ilusão contabilística à medida da criatividade dos melhores vigaristas. Antonio S Mello e John E Parson sugerem, pelo contrário, uma variante da regra de Taylor (1993) para disciplinar as finanças dos PIGS no contexto de uma moeda regional. A discussão só agora começou, mas promete! Espero que Eduardo Catroga leia Betting the Business, antes de fechar o programa do PSD — que o senhor dos Passos tem vindo a sangrar às pinguinhas!

A Eurolândia, para sobreviver, terá no essencial que prosseguir com determinação três objectivos estratégicos:

   1. criar um verdadeiro governo económico e financeiro comunitário, decorrente da composição partidária do parlamento europeu, solidário, transparente e com poderes de imposição executiva sobre os estados nacionais (os que não adaptarem as respectivas constituições às novas regras deverão assumir o preço da sua independência e abandonar o euro);
   2. defender a economia europeia no quadro de uma divisão internacional do trabalho mais equilibrada e justa, e de uma revisão urgente da organização do comércio mundial, evitando sobretudo cair na armadilha do endividamento indirecto (défice comercial) e directo (emissão de dívida europeia) a favor da China, país com uma agenda imperial evidente;
   3. promover o rejuvenescimento demográfico da Europa, seja pela via de uma discriminação fiscal positiva aplicada à natalidade, seja pela adopção de políticas de imigração selectivas e condicionadas à aceitação prévia das leis europeias (processos pró-activos de legalização; contrato de cidadania europeia, etc.)

Se os directórios partidários, capturados pelos interesses mesquinhos de cada nação e grémio, continuarem a assobiar para o lado, e não encararem com coragem os verdadeiros problemas da Europa, estaremos inexoravelmente condenados à decadência e mesmo a um empobrecimento inesperadamente rápido e muito acentuado.

sábado, abril 16, 2011

Expulsos do Paraíso?

Não, não podemos ser os chineses (pobres) da Europa!

A histeria anti-germânica do PS, partido acarinhado e financiado durante décadas pelos social-democratas alemães, é mais um tiro na testa dos portugueses dado pelas agora histéricas criaturas dependentes da tríade de piratas que assaltou o PS e Portugal e nos conduziu à bancarrota. Sim, se a Alemanha der ouvidos à retórica recente de Mário Soares, e à verborreia febril da funcionária cor-de-rosa Ana Gomes, acabando por nos deixar resvalar para fora da moeda única europeia, o nosso país perderá literalmente a face, tornando-se mais um estado pária dos muitos que preencherão a geopolítica do futuro. Eu só compreendo as palavras de Mário Soares como um táctica negocial — mas é tarde para isso, além de que foi esta mesma espécie de chantagem europeia o estratagema usado sem vergonha por Sócrates ao longo dos últimos três anos e meio.

É difícil passarmos a ser os chineses (pobres) da Europa, se formos expulsos do euro. E isto por quatro razões básicas:
  1. a nossa dívida tornar-se-ia muito mais pesada e porventura eterna...
  2. o que exportamos bem (têxteis, calçado e máquinas/utensílios) já o fazemos apesar da valorização do euro face às demais moedas mundiais; 
  3. mas como precisaremos sempre de divisas fortes para comprar a energia que move a nossa economia e o país em geral (petróleo, gás e matérias primas, nomeadamente alimentares), a saída de Portugal do sistema monetário europeu acabaria por destruir o sector exportador, tornando impagável a nossa gigantesca dívida colectiva;
  4. estamos a perder população e a envelhecer..., o que somado a uma desvalorização de 50% ou mais da nossa economia, e a não conversão automática da nossa futura moeda fraca, mergulharia o país numa espiral inflacionista, emigração em massa e possível guerra civil.
Só temos, pois, um caminho: emagrecer o Estado > aumentar a transparência > atacar a endogamia do regime > e aumentar dramaticamente a racionalidade e o pragmatismo de todo o sistema político.

Como no início desta emergência escrevi, não passaremos sem uma taxa de IVA de 25%, pelo menos durante dois ou três anos. Só depois deste aperto inicial, será possível e desejável aliviar progressivamente a carga fiscal, beneficiando os criadores de riqueza e recuperando assim parte do produto indevidamente apropriado por capatazes especados diante de quem bule, burocratas que arrastam os pés por esse país fora entre as onze e as cinco e meia, e pela virtualmente inútil nomenclatura partidária.

Emagrecer o Estado implicará também uma separação de águas radical nos sistemas públicos de educação, saúde, justiça e administração do território. O Estado Social terá que tranformar-se nos próximos três a cinco anos num Estado Essencial — o que não for urgente e estratégico (em suma, essencial) não deve continuar nas mãos do Estado, e deve passar tão rapidamente quanto possível aos domínios da iniciativa privada e das comunidades auto-organizadas (associações, cooperativas e organizações de cidadania). O estado autárquico, por exemplo, depois de uma diminuição drástica do número de municípios (sobretudo nas grandes áreas metropolitanas de Lisboa e Porto) terá que encontrar inevitavelmente novas formas de financiamento para além das transferências do Estado central e da cobrança de taxas e impostos locais; e para conseguir atingir tal objectivo terá que ganhar constitucionalmente (já na próxima revisão) uma muito maior autonomia administrativa e capacidade de negociação, seja com as comunidades de onde emanam, seja com as irmandades que conseguirem estabelecer pelo país e por esse mundo fora.

Entretanto, persiste a possibilidade de o euro colapsar, seja pela via do regresso das moedas europeias nacionais (uma hipótese, apesar de tudo, inverosímil); seja pela via da emergência de duas bandas no euro: uma banda forte e uma banda fraca. Neste caso, a moeda manter-se-ia a mesma, mas as taxas de juros do BCE seriam diferenciadas consoante o pedinte...., sem que, ao mesmo tempo, os bancos nacionais e os governos pudessem depois repercutir directamente o preço caro do dinheiro em taxas de juro nacionais, regionais ou locais.

Ou seja: se é verdade que a sobrevivência do euro está em causa, esta dependerá menos da diminuição do espaço euro, do que do seu alargamento (nisto a Alemanha teve e continua a ter razão) e, sobretudo, da aceitação por todos os países que quiserem permanecer nesta zona monetária, de um verdadeiro governo económico europeu — o qual passará a vigiar directamente as contas públicas de todos os seus membros, nomeadamente através dum mecanismo de aprovação/rejeição europeia dos orçamentos de estado. Por menos do que isto não vamos a parte alguma.

É verdade que a especulação tonou conta do mundo. É verdade que o buraco negro dos chamados derivados financeiros equivale a mais de dez vezes o PIB mundial. Mas nada disto diminui o fundamental: os Estados Unidos e a Europa vivem acima das suas possibilidades há pelo menos trinta anos. Nós, portugueses, vivemos acima das nossas possibilidades, pelo menos desde que a última árvore das patacas inundou o país de riqueza que não criámos, que outros criaram por nós e que agora, legitimamente, querem ver retribuída.

O discurso anti-germânico, sobretudo vindo dum partido que acaba de realizar um congresso proto-fascista, é preocupante.

quinta-feira, abril 14, 2011

Um FMI mais humano

Estela Barbot — uma tragédia contada aos pequeninos
Para recuperar a credibilidade, Portugal precisa de uma verdadeira dona de casa

A entrevista realizada por José Gomes Ferreira (na SIC) a Estela Barbot vale cada segundo da conversa. Estela Barbot, antiga empresária, membro da Comissão Trilateral do Clube de Roma, e actual conselheira do FMI, em palavras simples, muitas vezes cavalgadas pelo seu raciocínio agudo e ultra-rápido, deixou os desajeitados mas nem por isso menos arrogantes machos da política portuguesa num verdadeiro buraco de vergonha.

Depois de Manuela Ferreira Leite e Medina Carreira, esta celtibera de pelo claro e olhar de lince fez o mais compreensível e demolidor retrato do desastre a que o tele-ponto da tríade de Macau conduziu o país. O PS, capturado por um inacreditável polvo cor-de-rosa (sim, é mesmo uma rede mafiosa) atirou Portugal para a bancarrota, e não quer sair da toca de corrupção, manipulação e intriga que defende desesperadamente. Como qualquer ditador árabe ou africano, José Sócrates está agarrado ao poder como uma lapa depois de tocada pelo momento da verdade. Vai ter que ser arrancado de São Bento, como Mubarak, Kadafi e Laurent Gbagbo, e enviado à barra dos tribunais, se não acordar a tempo do paraíso alucinado onde se refugiou. Até nisto nos estamos a transformar rapidamente num país do terceiro mundo!

Os machos partidários deste país (do Bloco ao CDS) fizeram de Portugal um atoleiro de onde é cada mais difícil escapar sem enormes estragos e feridas duradouras. Venham pois as mulheres! Estela Barbot, Manuela Ferreira Leite, Paula Teixeira da Cruz, Maria João Rodrigues, Assunção Cristas, Manuela Arcanjo, tomem conta do meu país, já!

NOTA: José Gomes Ferreira questionou-se, pela primeira vez, sobre a inutilidade óbvia do novo aeroporto (até que enfim ;) E Estela Barbot demoliu numa frase de bom senso o desastre financeiro e técnico que foi a todavia incompleta modernização da linha ferroviária no norte, que liga Lisboa ao Porto e Braga. João Cravinho, hoje no BEI, bem poderia pedir desculpa a todos nós por este erro monumental, bem como pela lunática invenção das SCUTs — as quais, afinal, vão ter desastrosos custos para o utilizador! Esperemos que o Eduardo Catroga veja e medite seriamente nas palavras de Estela Barbot, e se deixe de fantasias aeroportuárias no programa que o PSD vai apresentar em breve o país.

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quarta-feira, abril 13, 2011

Populismo pós-moderno

O comício de Matosinhos fez-me lembrar outros tempos...

Carrilho diz que congresso do PS foi a cassete de Sócrates
No seu comentário semanal na TVI24, Carrilho voltou a repetir a ideia de José Sócrates “construiu uma história em que ele [Sócrates] é o herói” e que foi ao congresso “transformar a boa história numa cassete.”

“Não houve uma única ideia no congresso”, acrescentou Carrilho, que não foi à reunião socialista. “Foi como se todos os socialistas assumissem o teleponto de Sócrates.”

Carrilho salientou ainda que o PS “vai avançar para as eleições sem programa” e em que José Sócrates se apresenta “como um cartão de crédito” — in Público.

Manuel Maria Carrilho tem sido uma das poucas vozes avisadas do PS com a lucidez e coragem suficientes para denunciar o plano inclinado que Sócrates trouxe ao partido fundado por Mário Soares e a Portugal.

O ajuntamento partidário do último fim-de-semana fez-me pensar no que conduz realmente um povo ao fascismo. É só isto: a ameaça de miséria e o desemprego em regimes partidários parlamentares corrompidos. Sobretudo o desemprego urbano e suburbano, que num primeiro momento (uma ou duas décadas) o proteccionismo partidário e burocrático ainda disfarça com emprego público financiado por empréstimos e por uma fiscalidade cada vez mais agressiva.

Chega, porém, um momento em que deixa de ser possível esconder a realidade, e a ameaça de colapso social ameaça a continuidade dos próprios regimes. É aqui que a irracionalidade crescente pode levar os líderes outrora democratas à metamorfose e ao surgimento inesperado de caudilhos, cuja tropa de choque é formada, precisamente, pelo tipo de clientela que hoje vive e sobrevive apenas à custa dos partidos. A unanimidade do comício de Matosinhos, onde sintomaticamente nem Carrilho, nem Mário Soares estiveram, foi terrivelmente premonitório a este propósito. Aquela gente já é uma tropa de choque em movimento! A cassete do líder foi ali apresentada, saudada e unanimemente tomada como hóstia do desespero e agressividade que rapidamente irá tomar conta de milhões de portugueses.

O embate partidário em curso, da parte de todos os partidos que disputam assentos parlamentares, conselhos de administração, direcções-gerais, e toda a espécie de indecorosas mordomias, transpira cada vez mais estes perigosos odores populistas. O fascismo pós-moderno, que terá outra cor e dimensão mediáticas, pode estar, efectivamente, ao virar da esquina. Não digam, se o pior ocorrer, que não foram avisados.

Basta ler o excelente estudo editado por Daniele Albertazzi e Duncan McDonnell —Twenty-First Century Populism (2008) — para perceber claramente como novas formas de populismo estão a crescer rapidamente em toda a Europa e poderão eventualmente conduzir, antes de a presente década chegar ao fim, ao colapso da União Europeia, a uma nova guerra civil europeia ou, pelo contrário, mas só se tivermos juízo, à urgente paragem da globalização suicida das últimas três décadas.

Precisamos dum NOVO TRATADO DE TORDESILHAS! A América e a Europa devem proteger as respectivas economias. A China, o Japão e a Índia, mas  também a Alemanha e a Rússia, ou entendem rapidamente que é do seu interesse uma nova divisão internacional do trabalho, favorável ao equilíbrio, e não mais às deslocações tectónicas dos centros de produção, nem à especulação desenfreada, ou acabaremos numa guerra global que acabará com um parte substancial da humanidade.

O FMI até poderá ser uma bênção para o nosso país — sobretudo se conseguir rapidamente acantonar a parasitária, mole e indecorosa burguesia palaciana que temos. Sobretudo se conseguir rapidamente colocar os nossos deputados a andar de metro e autocarro. Sobretudo se conseguir limitar os danos à nossa independência e sustentabilidade provocados pelo terrorismo fiscal e pelos monopólios que há décadas têm vindo a destruir o nosso tecido económico e a discriminar os portugueses em duas grandes categorias: os que vivem à custa do Estado, nomeadamente pela via da cunha familiar e/ou partidária, e aqueles que emigram.

segunda-feira, abril 11, 2011

Nobre trava Alegre e Ferro

Fernando Nobre trava populismo de esquerda de Sócrates

O convite dirigido por Passos Coelho a Fernando Nobre e a aceitação deste é uma luz ao fundo do túnel. Serve para travar a demagogia populista de esquerda que aí vem — como se a "esquerda" não fosse também responsável pela bancarrota do país! Somos todos, quanto mais não seja pela nossa distracção...

Por outro lado, a entrada de Fernando Nobre pela porta do PSD na Assembleia da República servirá para instalar no conflituoso parlamento que sairá das próximas eleições uma voz independente, que será ouvida, não apenas pelos deputados, mas também por quem nele votou para as presidenciais e dele continua a esperar um protagonismo que ajude a inverter o curso autofágico da nossa degenerada democracia — capturada por uma partidocracia ignorante, irresponsável, egoísta e clientelar.

Finalmente, Fernando Nobre na AR poderá muito bem ser um futuro candidato presidencial capaz de suceder ao imprestável Cavaco Silva. A sociedade civil desorganizada pode pressionar a democracia, mas não pode mudá-la se não aceitar pelo menos algumas das suas regras. E a regra, em democracia, para eleger um presidente é que tenha o apoio de, pelo menos, um partido político.

O mitómano Sócrates transformou o congresso coreano que o reelegeu, com 97,2% de inúteis, num comício repetitivo de burocratas e aparachiques que, sem a benção nepotista e endogâmica do partido, morreriam à fome ou teriam que emigrar, como muitos de nós. Sócrates anunciou, por outro lado, que prepara uma fantasmagoria de esquerda, com o objectivo expresso de roubar os votos dos profissionais liberais desiludidos com os quadrados maoístas e trotsquistas do Bloco. Foi repescar os zombies Alegre e Ferro Rodrigues para servirem de martelos pesados contra o PSD, e prepara uma campanha de retórica assassina contra os perigosos liberais que aí vêm, como se liberais não fossem os funcionários do BCE e do FMI que chegam amanhã para ditar as regras do resgate de uma economia falida, ou como se liberal não fosse tudo o que o vigarista-mor da Tríade de Macau fez ao longo dos últimos seis anos enquanto primeiro-ministro de Portugal.

O PSD é um partido provinciano, ao contrário do cosmopolita PS. No entanto, o cosmopolitismo do PS transformou-se numa mancha de interesses e ganância sem limites que levou o país à ruína. A apoteose que rodeia Sócrates é a parte visível dessa mancha; mais do que isso: é uma gangrena que atirou o país para a bancarrota e que persiste, como um dependente de heroína desesperado, no assalto à farmácia chamada Estado, para acalmar a sua dependência suicida.

Fernando Nobre não é apenas o médico com provas dadas nos teatros desesperados de todo o mundo; é também o ex-candidato presidencial que convenceu quase 600 mil cidadãos a votar na sua atitude. Saberá como ninguém travar o discurso hipócrita de esquerda que os zombies Alegre e Ferro —acólitos devedores do pirata Sócrates e da Tríade de Macau— intentarão contra o PSD.

Tudo somado, o convite de Passos Coelho a Fernando Nobre foi o sinal de que a inteligência táctica começa a emergir do interior da nova direcção do PSD. O próximo passo seria talvez recomendar ao Marcelo Rebelo de Sousa que adira ao PS (pois ele lá sabe o que deve a Sócrates!)


POST SCRIPTUM — o reflexo instintivo de Passos Coelho foi a maneira, realmente rápida e inteligente, de travar a manobra populista de esquerda que o Sócrates lançou no congresso. Claro que o eleitorado do Bloco estará agora sob uma enorme pressão. Mas é, por outro lado, o momento ideal para proceder à clarificação interna de que este albergue espanhol precisa para sobreviver. O maoísmo cadavérico e o trotsquismo débil do Louçã bem podiam dispensar o aumento da idade da reforma, e sair de cena quanto antes!

domingo, abril 10, 2011

O grande tuga

Sócrates prepara Frente Populista

"Unidade não é unanimidade, porque isto não é o PC chinês e não é o partido da Coreia do Norte do Kim Jong II"— Ana Gomes (DN)


PR: É "crucial" que próximo Governo seja um executivo maioritário.
O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, congratulou-se hoje por os partidos já terem reconhecido que o próximo Governo terá ser de um executivo com apoio maioritário na Assembleia da República (DN).

Sócrates prepara com Ferro Rodrigues e Manuel Alegre uma Frente Populista para a eventualidade de ter que subir a parada das negociações do contrato de resgate da dívida pública portuguesa que começam na próxima terça-feira em Lisboa. Se for preciso travar o ímpeto usurário de alguns bárbaros europeus, Sócrates poderá dizer "não" às condições que comprometam irremediavelmente qualquer possibilidade de crescimento económico, de criação de emprego ou de manutenção de níveis de segurança social semelhantes aos dos demais estados da União. Para já, o xeque-mate às finanças públicas, lançado pelo BCE (1), será o grande alimento de toda a campanha eleitoral, e uma tremenda prova de esforço para a moeda única europeia. Mais do que a Grécia e a Irlanda, Portugal colocará verdadeiramente à prova a seriedade do projecto franco-alemão.

Sócrates e o congresso do PS

Ouvi e vi com irritação que baste as intervenções do teleponto de José Sócrates. O mitómano anunciou, com a prosápia, lata e cinismo que se lhe conhecem, a litania da campanha PS para as eleições antecipadas do próximo dia 5 de Junho. Falou sempre e só para o seu eleitorado, pretendendo ludibriar uma vez mais a sua potencial base eleitoral de apoio — com optimismo, mentiras piedosas e promessas vãs.

A unanimidade coreana demonstrada pelos 97,2% dos votos que o reelegeram, e o calculismo dos candidatos "socialistas" à sua sucessão, estampam sem vergonha a democracia que temos: endogâmica, irresponsável, partidocrata e ligada a meia dúzia de grupos económico-financeiros que não conseguem sobreviver fora do perímetro orçamental suportado pelos nossos impostos e pelos empréstimos externos. A saída do PS da esfera governativa significará o desemprego imediato para dezenas de milhar de "famílias socialistas" e respectivos clientes ou fornecedores. A origem da unanimidade é assim natural: medo de perder um emprego pouco exigente e bem pago.

A reforma da administração do Estado, que terá como consequência a diminuição inevitável do número de funcionários públicos e equiparados, e a eliminação pura e simples de centenas, ou mesmo milhares (a prazo mais longo) de organismos e burocracias inúteis, assusta uma zona ainda mais ampla do eleitorado, que o demagogo Sócrates convoca, uma vez mais, para o ajudar a sobreviver como pináculo de uma verdadeira rede de interesses ilegítimos, de temperamento claramente mafioso, predadora e, em última instância, como se viu, ruinosa para o país.

Ou seja, a estratégia eleitoral de Sócrates é evidente: salvar a rede de empregos partidários criada ao longo das últimas décadas, salvar a tríade de Macau, e prometer aos funcionários públicos o impossível: emprego durável e regalias, privilégios e vencimentos acima dos que existem no sector privado. Estas promessas contrastarão com as imagens negras que desenharão dos adversários: o PCP e o Bloco —porque são bota-abaixo; o PSD e o CDS, porque querem privatizar tudo, e despedir todos os funcionários públicos.

Sócrates e a União Europeia

Já aqui escrevemos sobre a possível vantagem negocial de, uma vez claramente falidos (situação em que efectivamente nos encontramos), negociarmos a bancarrota directamente com os nossos principais credores (Espanha, Alemanha, França e Reino Unido), em vez de negociar um resgate com o Fundo Europeu de Estabilização Financeira e o FMI. Na primeira opção, os nossos credores poderiam ser convencidos a aceitar um corte nas suas expectativas de lucro com a dívida portuguesa (o tal "hair cut"); mas na opção que Bruxelas e Frankfurt querem, Portugal fica fora dos mercados de financiamento externo enquanto durar a quarentena do resgate, e vê diminuir a margem de negociação à medida que a situação evolua num ou noutro sentido.

Em que ficamos? Quem irá esticar a corda? Sócrates? Se o fizer, terá que se socorrer de uma viragem bem nítida em direcção aos partidos à sua esquerda. O PCP já defende algo parecido com a negociação directa com os credores, fora da tutela do FMI (uma posição negocial de total realismo). Este golpe de asa, por incrível que pareça, poderia colocar toda a zona euro perante um enorme dilema: retirar a Portugal o euro, dando início a um inevitável Harakiri da moeda única; ou aceitar um grande debate político sobre o buraco negro do endividamento soberano europeu — de onde pudesse sair simultaneamente uma governação económica e financeira comunitária mais coerente e coesa, mas também mais solidária.

A bolha do euro

Rebentou a grande bolha imobiliária do Subprime, que começou nos EUA e bateu depois em força na Europa. Estamos no meio do rebentamento em dominó das gigantescas bolhas soberanas irlandesa, grega, portuguesa, espanhola, americana, inglesa... E muito em breve teremos pela frente a grande bolha do euro!

O capital especulativo correu e afocinhou na construção civil. Depois este mesmo capital especulativo correu e afocinhou nas grandes obras públicas e na voracidade orçamental de países cada vez menos produtivos e mais consumistas, envelhecidos e socialmente protegidos pelos respectivos governos.

O capital especulativo corre agora em direcção ao euro, na expectativa das inevitáveis operações de resgate das dívidas públicas e privadas dos países da moeda única virem a ser financiadas pela China, e pelos grandes produtores de petróleo, gás natural e recursos alimentares. Ou seja, chegou a vez de a União Europeia começar a fabricar dívida soberana à escala continental, oferecendo aos grandes detentores mundiais de reservas financeiras uma alternativa mais interessante do que as depauperadas moedas americana e inglesa. Se a Europa não mudar, ou se mudar mal, esta bolha irá rebentar com um estrondo absolutamente catastrófico. É portanto o momento certo para discutir a história do euro. E se Sócrates provocar este debate, adeus Passos de Coelho!

Os PIGS não são Bárbaros, Protestantes, nem sequer Calvinistas. Nunca foram, nunca o serão, e já por cá andam a civilizar-se há mais tempo do que os moralistas que agora querem humilhar-nos. Cautela, portanto.

Quem inventou o euro à pressa e à pressa encheu o saco da Eurolândia de países e mais países, com graus de desenvolvimento económico, social, técnico e cultural muito diversos, foi a Alemanha. E se assim fez foi porque precisava de aumentar rapidamente o "seu" mercado interno. Deu euros a quem tinha marcos (numa relação de 1/1) e deu euros a quem tinha escudos (numa relação de 1/200), tornando de um dia para o outro, portugueses, espanhóis, gregos e irlandeses, que antes se deslocavam em automóveis Renault 5 e Opel Corsa, à razão de 3 a 4 indígenas por carro, em compradores deslumbrados de automóveis BMW, Mercedes, Golf e Audi, à razão de 1 a 2 novos-ricos por automóvel!

A Alemanha financiou, com a sua poupança, o alargamento do mercado europeu, forçando a emergência em catadupa de uma Eurolândia ávida de consumo conspícuo e bem estar social. O PIB nesta zona do mundo cresceu, porém, mais pela via do consumo e do endividamento do que pela via da produção, das exportações para fora do espaço comunitário, e da poupança. Quando este mercado amadureceu, isto é quando Portugal, por exemplo, passou a ter uma casa para cada duas pessoas, e 5,7 milhões de automóveis para 10,6 milhões de pessoas, e autoestradas vazias, como a A17, onde ontem, uma vez mais, percorri centena e meia de quilómetros, entre Aveiro e Alcobaça, como se estivesse num autódromo alugado, a Alemanha procurou outros mercados, entretanto aptos para os seus produtos de qualidade, ao mesmo tempo que emprestava aos novos europeus de leste dinheiro para se desenvolverem e comprar tecnologia e marcas alemãs. Em Xangai, em 1999, quem tinha automóvel (sobretudo taxistas), conduzia invariavelmente um Volkswagen Santana de lata mal batida; agora, os novos e orgulhosos urbanoides de Pequim e Xangai enchem as ruas de Mercedes, Audis e BMW.

Para a Alemanha, é hora de os PIGS pagarem as suas dívidas, em boa parte porque nestes países os mercados amadureceram, o boom consumista chegou ao fim, e as explosões das bolhas imobiliária e das dívidas soberanas obrigam a suspender os fluxos especulativos das últimas duas décadas, sob pena de os fundos de investimentos alemães, muitos deles financiados com pensões de reforma, caminharem rapidamente para o colapso.

Eu entendo o problema. Mas também me parece evidente que as responsabilidades devem ser justamente partilhadas. Maior controlo orçamental na Eurolândia? Menos burocracia? Menos clientelismo? Menos corrupção comunitária e inter-governamental? Mais transparência? Maior coerência estratégica comunitária? Mais imaginação? Melhor iniciativa privada? Menos corrupção e menos desperdício na economia social? Sim a tudo isto— e já! Mas é preciso enfrentar primeiro e com coragem o principal problema desta Europa: sem outro modelo cultural de desenvolvimento, estaremos irremediavelmente condenados ao desastre.

NOTAS
  1. "Banco de Portugal e BCE não deram indicações à banca para não comprar dívida" (A Bola, 10-04.2011). Este desmentido segue-se ao de Jean-Claude Trichet sobre o mesmo assunto. Bem me parecia que o tema, aqui abordado na semana assada, e hoje reiterado, era sensível para o Sistema Monetário Europeu.  [11-04-2011 0:43]

quinta-feira, abril 07, 2011

Xeque-mate

José Sócrates, o homem “lixo”



A hipótese foi colocada e nunca saberemos a resposta: teria ou não sido preferível abrir oficialmente falência e reestruturar a nossa dívida —negociando com os credores um perdão parcial da mesma—, em vez de precipitarmos o país num abismo de austeridade durante os próximos dez, vinte ou mais anos? Poderia José Sócrates ter mantido este braço-de-ferro com o BCE por muito mais tempo?

Portugal, uma vez na Eurolândia, e ao contrário da Islândia, que não faz parte da zona euro, deixou muito provavelmente de poder declarar a bancarrota e de negociar a reestruturação das suas dívidas com os seus principais credores (Espanha, França, Alemanha e Reino Unido). Dito doutro modo, a Alemanha e a França não estão dispostas a perdoar dívidas a nenhum estado-membro da União.

O mitómano que deixámos à solta esticou a corda, mas o BCE acabou por instruir o Banco de Portugal e a banca privada para desencadearem a operação xeque-mate contra José Sócrates. Dois dias depois de este ter jurado, como um condenado inocente, que jamais entregaria Portugal ao FMI, ei-lo cabisbaixo confessando que, afinal, sempre teria que pedir socorro às instâncias comunitárias e ao FMI.

As empresas públicas, os bancos, as principais cidades e este governo têm, a partir de hoje, uma mesma notação financeira nos mercados internacionais: lixo! A partir de ontem, para todos os efeitos, Portugal tornou-se no terceiro estado pária da União Europeia. Seguir-se-à a Espanha? E depois quem? A França? E o euro —se formos por aqui, aguentar-se-à? Duvido.

quarta-feira, abril 06, 2011

A um passo do lixo

Os bancos, incluindo aquele que Sócrates ajudou a tomar de assalto (BCP), resolveram hoje retirar o tapete ao vendedor de cobertores da Beira. A ordem veio certamente do BCE, via Banco de Portugal.

Ou seja, o actual primeiro ministro acaba de ser declarado um empecilho indecoroso que é preciso evacuar urgentemente. Se não for a bem, irá a mal. Ouvem-se já as vozes graves do coro da tragédia lusitana. Com juros da dívida pública a 10%, e amanhã porventura a mais, o país e os bancos precipitam-se rapidamente para o lixo. Mas atenção: o homem deste lixo chama-se José Sócrates Pinto de Sousa. Será ele, em última instância, que teremos que sentar no banco dos réus depois de declarada oficialmente a segunda bancarrota do país dos últimos 120 anos. O PS não sairá, de maneira nenhuma, ileso!

É preciso confrontar os socialistas com as suas responsabilidades. Os seus dirigentes não terão atenuantes quando forem julgados pela cobardia, oportunismo rasteiro e falta de visão que exibiram desde 2007.

Portugal está na bancarrota. Negar esta evidência, agravar a situação, como têm feito Sócrates e a turma de ambiciosos irresponsáveis que o rodeia, é um comportamento anti-patriótico. Entregar Portugal à Alemanha, a Espanha e aos demais credores é um acto de traição! Das últimas vezes que tal aconteceu (invasões francesas, perda do Brasil, Ultimato inglês) Portugal ou entrou em guerra civil, ou viu desaparecer o regime monárquico, ou apanhou com uma ditadura em cima durante quarenta e oito anos...

Se o euro colapsar, e a União Europeia for à vida, ou seja, se a aliança EUA-Reino Unido vencer de novo a Alemanha —desta vez na guerra financeira fratricida que está em curso—, Portugal ficará, se não correr com José Sócrates agora, à beira de uma gravíssima crise que poderá levar-nos, outra vez, à guerra civil. Quem produz e paga impostos não tolerará continuar a ser vampirizado pelas burocracias, partidos e máfias do regime. Uma revolução liberal, no sentido de uma revolução das classes médias e das profissões liberais, poderá já estar, neste preciso momento, em pleno período de encubação. Como sempre, bastará uma faísca para incendiar a pradaria.

Para já, PSD e PS parecem ter partido o país ao meio. Os primeiros, prometem fazer melhor o seu próprio programa do que o clone cor-de-rosa que tem andado por aí a secar o país. Os segundos, querem agora fazer esquecer tudo o que de mal fizeram, invocando a fantasia de um Cavaleiro Andantes contra o FMI, protagonizado por um mitómano que presa mais os seus sapatos do que o país que tudo lhe deu.

A imprevisibilidade do país cresceu desmesuradamente ao longo das últimas semanas. A tríade de piratas protagonizada pelo mitómano que nos entra a toda a hora pela casa dentro (como num filme de horror de George Orwell) optou por uma estratégia de terra-queimada. Será oportunamente julgada por isso!