Pormenor da sede do nacionalizado Lloyds Bank na City de Londres |
Quem pagará no futuro os prejuízos dos bancos que colapsem?
Ao contrário do que por vezes se crê, não é dos lunáticos da ‘esquerda’ que vêm as soluções, nomeadamente sobre como evitar a socialização dos prejuízos bancários. Mark Carney, atual governador do Banco de Inglaterra e presidente da Financial Stability Board, um ex-Goldman Boy, é quem veio propor que os futuros resgates de bancos, e em particular dos 30 maiores instituições financeiras do mundo (too big to fail/ to big to save), sejam suportados pelos próprios, pelos seus acionistas e obrigacionistas, através de mecanismos de resolução interna dos problemas (bail-in).
A dita ‘esquerda’, porém, também não irá gostar disto, pois a consequência imediata do mecanismo agora proposto à discussão pública internacional será a retração de todo o setor financeiro ao financamento e refinanciamento das dívidas soberanas, que são, como sabemos, uma parte muito substancial das suas carteiras de crédito de curto, médio e longo prazo. Ou seja, impedir a socialização dos prejuízos bancários implicará uma rápida e radical inflexão das espirais de endividamento público das economias ocidentais agarradas compulsivamente ao endividamento, incluindo junto dos bancos centrais.
Sem cintos públicos de segurança, os bancos irão finalmente tornar-se conservadores na concessão de crédito aos governos, municípios e empresas públicas. Estes, sem crédito fácil, para não morrerem na praia, lá terão, por fim, que reformar-se e ajustar-se às novas realidades energéticas e demográficas, globais e locais.
Quem não caça com cão, caça com gato.
Há novas regras para impedir que os grandes bancos sejam resolvidos com ajuda pública
Jornal de Negócios. 10 Novembro 2014, 11:56
“As linhas mestras sobre como acabar com os bancos demasiado grandes para falir estão aqui”, comentou Mark Carney, o governador do Banco de Inglaterra que está à frente do Financial Stability Board (FSB), aos jornalistas. “Aqui” é um conjunto de novas regras à escala global, desenhadas pelo FSB, para que a resolução deste tipo de instituições de grande dimensão, sem que tenham impacto no sistema financeiro e sem que haja injecção de dinheiro dos contribuintes.
O documento com estas novas regras, que estará para consulta pública até Fevereiro de 2015, prevê padrões internacionais sobre a capacidade dos bancos com efeito sistémico em absorver perdas. Daí que uma das propostas do FSB seja que tal capacidade seja equivalente a um quarto (25%) dos activos ponderados pelo risco.
“Uma vez implementadas, estas normas irão desempenhar um papel importante ao permitir que os bancos com importância sistémica a nível global sejam alvo de medidas de resolução sem recurso a subsídios públicos e sem afectar todo o sistema financeiro”, indica a nota de imprensa, publicada esta segunda-feira, 10 de Novembro. O objectivo é que os bancos, por si só (com base nos accionistas e obrigacionistas), consigam fazer face aos riscos que enfrentam.
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