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sexta-feira, julho 13, 2018

O labrego americano


A América não passa hoje de um reality show


A Rússia está em recessão demográfica e envelhecimento acelerado. Além do mais, sem vender gás à Europa, e sem os investimentos alemães e europeus, estaria frita, na sertã chinesa. Logo, o perigo de uma invasão russa é um papão ressequido sem real valor propagandístico. Quanto à NATO, já não serve para coisa nenhuma! Do que precisamos é de um sistema de defesa estratégica europeu, com tecnologia e armamento europeus. Ou será que não dá para perceber o que alguns americanos há muito querem: destruir a Europa? Não nos esqueçamos que a América se tornou uma potência hegemónica sobretudo à custa das duas guerras mundiais iniciadas na Europa (1914-18, 1939-45). Eram, antes destas duas tragédias europeias (já então postas em marcha para travar a Alemanha...), uns labregos. Voltaram a sê-lo!


Trans-Europe Express – NATO is dead
By Georgi Gotev with Freya Kirk | EURACTIV.com

NATO held its first summit in its grandiose new buildings this week. This should have suggested a new beginning for the transatlantic alliance. But the impression from the discussions was quite the reverse.

As one reporter suggested, this was a sadomasochistic extravaganza: Donald Trump first horsewhipped his allies, and then had his happy moment, suddenly declaring victory and having made NATO “much stronger”.

Criminals should be treated with more respect than the way Trump treated his colleagues. A source told your correspondent that every time the US president heard messages he didn’t like, he just ignored the speaker and even turned his back on them to speak to his own delegation.

At one point, Emmanuel Macron had to pause his speech for almost a minute, waiting for Trump to finish his private conversation and refocus on the meeting.

Outside the meeting room, to a mixture of general dismay and disbelief, Trump said the “level of spirit” had been “incredible”, declared the summit a big success, and bragged that he had been able to squeeze an additional $33-$40 billion in defence spending from his allies.

This, however, is not true. NATO Secretary-General Jens Stoltenberg said this money had been committed in advance, and the figures were published in a paper two days ahead of the summit.

It was, therefore, a fudge: intended for an audience that is not interested in the details, which is more or less Trump’s electoral base.

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terça-feira, fevereiro 13, 2018

Originalidade zero


Comissão Europeia. Costa propõe taxas que já tinham votação agendada 

Transações financeiras, economia digital e economia verde são as três áreas relativamente às quais o Governo português pretende apresentar novas taxas em Bruxelas. Devem ser parte da solução para compensar o impacto financeiro do Brexit e os novos desafios da União Europeia em matéria de Defesa, Segurança e Migrações. Ora, as propostas que o primeiro-ministro pretende dar a conhecer no final do mês já são familiares às instituições europeias. Constam, aliás, de um projeto de resolução do Parlamento Europeu de janeiro deste ano, e já tinham sido debatidas – pelo menos, em parte – em setembro do ano passado pela Comissão Europeia. Até já têm votação agendada para o próximo mês. 
—in Pedro Raínho, 2018/02/12, Observador.

Originalidade zero. Além do mais, o importante é realçar que a burocracia europeia apresenta a mais previsível e a mais imbecil das respostas ao Brexit: aplicar impostos, taxas e taxinhas a tudo o que mexe. Chegará o dia em que os cidadãos dirão basta. Os impérios começam por perder a hegemonia, depois entram em decadência, seguem-se a desvalorização da moeda e a contrafação da mesma pelos próprios governos, e finalmente o fascismo fiscal, até que um belo dia, os povos resolvem libertar-se da tirania.

terça-feira, abril 11, 2017

Ninguém pergunta nada...



O próximo resgate


Se não travarmos a despesa pública e o estado partidário, se não pusermos na ordem as rendas excessivas da EDP e das PPP, um novo resgate é inevitável—especialmente se a diminuição dos estímulos do BCE conduzir a uma mais do que provável subida das taxas de juro, e se Trump continuar a provocar a Europa, atiçando o fogo e o terrorismo no Médio Oriente.

Até agora a transição democrática e a democracia que temos custaram 435,8 toneladas de ouro e três pré-bancarrotas seguidas de três resgates internacionais e três períodos de austeridade forçada.
  • Em 1971, o Banco de Portugal tinha 818,3 toneladas de ouro.
  • Queda da ditadura: 25 de abril 1974.
  • Situação pré-revolucionária: abril 1974-novembro 1975.
  • Vendas ouro entre 1976-1978: 172 toneladas.
  • Resgates: 1977 (Mário Soares), 1983 (Mários Soares), 2011 (José Sócrates) [video RTP]
  • Em 2001, o BdP tinha 606,7 toneladas.
  • Vendas de ouro entre 2001-2006: 224 toneladas.
  • Em Abril de 2012 o BdP tinha 382,5 toneladas.
  • O BdP não vendeu mais ouro desde 2006 porque, felizmente, está impedido de o fazer pelo BCE.
À grande destruição da poupança nacional e de capital somou-se um endividamento público e privado assustador.

A economia cresce mais devgar que o serviço da dívida pública, e o estado paquidérmico e corrupto que temos continua por reformar—pois é há muito a coutada da partidocracia instalada, da intelectualidade indigente e dos rendeiros do regime.

O Bloco Central Alargado (PS-PSD-CDS), mas também as esquerdas, falharam redondamente aos portugueses.

O futuro só não será mesmo negro se a a União Europeia sobreviver ao ataque americano, e reforçar as suas legítimas aspirações e desiderato.

Um buraco negro chamado Estado


Os governos são hoje grandes máquinas de lavagem automática de dinheiro de proveniência dissimulada. Dois casos bem conhecidos e de dimensão astronómica: a City de Londres e o Luxemburgo. Lavam tudo: dinheiro da droga, dos refugiados forçados a emigrar em direção à Europa, da exportação de armamento, explosivos e armas químicas, da Máfia, da Camorra, da rapaziada de Marselha, e dos políticos corruptos, da prostituição e do futebol.

Para esconder esta realidade os 'mass media' têm sido paulatinamente transformados em instrumentos de guerra psicológica. Veja-se o caso mais recente da operação Trump contra o estado sírio.

Brexit


O Brexit pode ter sido um tiro que vai sair pela culatra, reduzindo a uma espécie de náufrago os piratas de sua majestade. O império britânico morreu há muito, e a pantomima a que a pomposa elite britânica se dedica, em nada apagará o facto de a velha Albion ter dado um grande passo em direção à sua insignificância no dia em que resolveu apoiar-se na sua ralé e nos seus líderes populistas para defender a sua City e os seus paraísos fiscais, julgando que assim e uma vez mais dividiria o continente europeu. Este artigo mostra que a reação dos europeus, ingleses e não ingleses, vai na direção de um reforço da União Europeia e do seu espírito democrático e culturalmente aberto. Trump, Le Pen, Erdogan, Boris Johnson, e os indígenas do PCP e do Bloco, entre outros, acabam de dar um safanão à utopia europeia que, parece, acordou para a sua excecionalidade histórica.

A Espanha, que vai ocupar o lugar dos Ingleses no diretório europeu, força a Alemanha a olhar para a Península Ibérica com outros olhos.

A leste e no Médio Oriente a balbúrdia que convém à Internacional Terrorista promete continuar.

Enquanto durar a carnificina no Leste no Médio Oriente e norte de África muito dinheiro voará para Portugal e Espanha. Se ao menos os indígenas soubessem aproveitar positivamente a desgraça alheia...

quarta-feira, março 29, 2017

Brexit, a primeira vítima do novo populismo

Political Cartoon Gallery

A voz autoritária do senhor Schäuble e a rigidez alemã empurraram a Inglaterra para fora da União Europeia.


Até março de 2019 iremos perceber melhor as causas profundas do novo populismo que se tem vindo a impor no discurso, na ação política e na comunicação social, à esquerda (populismo vermelho), à direita (populismo racista) e ao centro (populismo gelatina). Hoje ficámos a saber que a arrogância alemã sofreu mais uma dura e prolongada derrota.

Portugal, como sempre, por estar onde está, deve tornar o inglês a sua segunda língua oficial, com aprendizagem da escola primária em diante, e uso obrigatório em todos os documentos oficiais e comerciais. Deve reforçar as suas relações diplomáticas, comerciais e culturais com os continentes americano e africano, e ainda com o resto do mundo, começando pela Rússia e a China. Até 2019 tem a gigantesca tarefa de ser um honest broker nas difíceis negociações que hoje começaram entre Londres, Bruxelas e Frankfurt. Seria bom que PSD e PS se unissem neste sensível dossier. Confio, apesar de tudo, em Augusto Santos Silva para dirigir tão empolgante missão.

Finalmente, há que desmascarar a corja nacionalista indígena, do senhor Louçã, ao senhor João Ferreira do Amaral. Se querem um referendo, peçam-no!

Quando a União Soviética implodiu era um império insolvente e desacreditado. Não podemos, pois, assumir como favas contadas a sobrevivência da União Europeia a este enorme tiro num dos seus porta-aviões. Em suma, temos que nos preparar para todas as eventualidades.



domingo, janeiro 29, 2017

Trump, dez dias que abalaram o mundo

Presidente eleito Donald Trump, de punho no ar, à chegada ao Capitólio em Washington no dia da tomada de posse como 58º presidente dos Estados Unidos da América, sexta-feira 20, 2017. (AP Foto/Andrew Harnik).

Estados Unidos da América - a grande divisão


Balbúrdia.

Demissões em massa na Administração americana, e um muro demasiado longo para construir. Só se forem os chineses a pagar e a fazê-lo! Sabem quem construiu uma boa parte dos caminhos de ferro americanos? Pois!

Que se passa na América? 

Uma Segunda Revolução Americana (a de Trump) contra a Revolução Púrpura de Soros, protagonizada pelos Obama e pelos Clinton? Seja o que for, mesmo descontando as teorias da conspiração, estes últimos dez dias, e os próximos noventa, vão ter uma tremenda influência na Europa. Repare-se como boa parte dos argumentos a favor da dita Segunda Revolução Americana (a dos 99% contra os 1%) poderia fazer parte de qualquer manifesto de esquerda, ou de extrema esquerda. Sem conhecer os dois lados da barricada que se formou, andaremos como cegos ao serviço de um dos extremos.

Protecionismo, isolacionismo e a questão migratória.

O problema da indústria de ponta americana é que não dispensa os imigrantes inteligentes, bem formados e com vontade de triunfar, e seria uma ilusão pensar que poderiam substitui-los no curto-médio prazo pela classe de indigentes subsidio-dependentes (da qual a maioria é mal instruída e tem empregos de baixa produtividade, mas a que também pertence uma sub-classe de estudantes eternos e uma burocracia educativa interminável) que a globalização iniciada na era Reagan, e prosseguida por todos os governos americanos desde então, desenhou e estimulou como forma de compensar a esperada projeção (1) de boa parte da economia americana produtiva para a China e outros países asiáticos. Ler a propósito Jeremy Rifkin e a obra The End of Work.

O grande debate sobre a imigração vai começar (ver este gráfico/ Statista). Quem quer mais imigração? Curiosamente, as elites que conhecem até que ponto os estados sociais na América, na Europa e no Japão faliram e precisam urgentemente de famílias com filhos e vontade de trabalhar, pois só por esta via (pelo menos nos próximos 20 anos) haverá quem pague as reformas e as pensões sem estourar de vez as empresas e as classes médias. O endividamento público dos EUA, da Europa e do Japão são bolhas que vão explodir, ou implodir, mais cedo ou mais tarde. Não há crescimento, e muito menos propaganda do crescimento, que remedeie esta realidade dramática que os governos enfrentam diariamente. A prosperidade hedonista do Capitalismo chegou ao fim. É uma má notícia? Para quem estava habituado, sim. (2)


Onde está o terrorismo?

Governos da Arábia Saudita e do Qatar financiaram ao mesmo tempo o Estado Islâmico e a Fundação Clinton quando Hillary Clinton era secretária de estado da defesa dos Estados Unidos. Não basta ser Politicamente Correto, é também necessário tirar os antolhos que nos impedem de olhar para a realidade. A pós-verdade não serve a ninguém, salvo aos que conspiram para nos escravizar, de forma explícita, ou dissimulada.

Trump, porém, esqueceu-se, na lista de países banidos, da Arábia Saudita, do Qatar, e da Turquia, de onde boa parte do dinheiro para o Estado Islâmico partiu e parte. A Arábia Saudita esteve comprovadamente envolvida no 11 de setembro... mas, ao que parece, Trump tem negócios em todos estes países!

Europa?


A terceira derrota alemã. Nem espaço vital a oriente, nem a ocidente.

A Alemanha deve estar a sentir os seus miolos a fritarem. De um lado, Putin, de outro, o Brexit, de outro ainda, Trump, e agora o Clube do Mediterrâneo (com a França dentro). Chiça!

Club Med.

A dita cimeira dos países do Clube do Mediterrâneo foi, objetivamente, um doce oferecido ao Brexit e a Donald Trump, e mais uma farpa espetada no dorso da Alemanha. Ou seja, os flancos atlântico e mediterrânico da Europa afastam-se de novo do sonho germânico, e colam-se aos Estados Unidos. E quanto à Rússia e ao inconsciente territoral alemão, Putin venceu claramente a mais recente tentativa anglo-saxónica e alemã de isolar o império dos czares (brancos e vermelhos). Porém, não deixa de ser extraordinário que esta deriva anti-alemã dos países do sul da Europa ocorra no preciso momento em que Donald Trump prognostica o fim da União Europeia e da sua moeda. Curiosamente também, é vermos o PSD de Pedro Passos Coelho demarcar-se dos atuais líderes dos PIGS, reafirmando o seu europeismo estratégico, que, como todos sabemos, não pode dispensar nem menorizar a Alemanha. Também nisto o nosso país começou a dividir-se gravemente. As apostas são elevadas. Os ganhos e as perdas também o serão.

Geringonça no fim?


Desculpem lá qualquer coisinha, terá pensado dizer António Costa. Como sabem, assim lhe vai o subconsciente, não mando nada; quem manda é o Supremo Soviete de São Bento, a quem devo este humilde cargo de servidor do povo. Mas voltando ao gado frio, ou frito, da Concertação Social, a António Costa só lhe terá ocirrido perguntar: como é que vamos dar a volta a isto?

Palavra de Fazenda.

Eu bem dizia (no apagado Política Sueca) que a ideia da coligação PS-Bloco, ou PS-Bloco-PCP, além de ser coerente e estimável (dado o cesarismo bicéfalo nascido das duas últimas eleições), estaria na cabecinha dos bloquistas desde que começaram a pensar no futuro do PS pós-Soares. A Geringonça simplificada, isto é, um governo minoritário do PS apoiado pelas esquerdas parlamentares, sem a muleta do PSD, não se aguenta. Logo, das duas uma: ou se desfaz e Costa vai à vida, ou Costa acabará por pedir a Marcelo um Governo da Geringonça (PS+Bloco+PCP/PEV), em nome da paz, ou mesmo da emergência social, e da estabilidade política. O Joker, entretanto, chama-se Pedro Passos Coelho, e dele dependerá a sorte da Geringonça, no sentido em que dele dependerá se a quer derrubar já, ou depois de a frente popular pós-moderna que ora nos governa conduzir o país a um novo resgate. A verdade é que só há uma alternativa à previsível coligação PS-Bloco-PCP: eleições em 2018, precedidas da defenestração congressual de António Costa. Neste cenário, que seria preferível após um mais claro e rotundo fracasso da Geringonça, ou da coligação que lhe suceder, Francisco Assis e Pedro Passos Coelho formariam uma Grande Coligação, e meteriam Marcelo no bolso, claro. Ou seja, seria o fim do tal cesarismo bicéfalo que ora existe. O braço-de-ferro vai ser longo e violento.

O Golpe de Coelho que Costa e Marcelo não previram.

O aviso a Marcelo está feito: quando não houver dinheiro, nem o Governo, nem Belém, poderão contar com o PSD. Ou seja, terá que haver eleições antecipadas. Se o terceiro e quarto trimestres deste ano forem o que alguns observadores atentos da conjuntura internacional e interna estimam, ou seja, recessão e subida incomportável dos juros da dívida pública, então nem nas Autárquicas o PS terá bons resultados, e a queda da Geringonça poderá contrariar as minhas previsões sobre a vida da mesma: uma legislatura, ou até duas.

A austeridade das esquerdas está a ter um preço escondido, chamado retenções orçamentais (definitvas) e ausência de investimento público, nomeadamente em serviços públicos essenciais: ferrovia, hospitais, escolas, etc. Mais um ponto percentual nos juros a dez anos e a Geringonça colapsará. O aviso foi dado pelo embuste da Concertação Social. A Grécia já esteve mais longe.

Não foi por acaso que Pedro Passos Coelho acordou da sua aparente hibernação no dia em que os rendimentos da dívida pública (yields) portuguesa ultrapassaram a barreira dos 4%, a 26 de janeiro último. Mais do que esta passagem do limiar considerado crítico pela DBRS (única agência de notação financeira que mantém a nossa dívida pública uma nesga acima de 'lixo'), é a tendência altista que se verifica desde 17 de janeiro [investing-com] que despertou o líder do PSD e colocou em cheque o malabarismo sectário de António Costa em volta da Concertação Social.

FMI

Mais um aviso a Portugal e à Geringonça das esquerdas a propósito do mais recente alerta do FMI à Grécia.

Os países vão virar-se para dentro (não é isso, aliás, que propõem o PCP e o Bloco?), os juros bancários vão começar a subir, e as 'yields' das dívidas públicas nos mercados secundários já começaram a agitar-se (Portugal que o diga!!!) Este é, aliás, o gatilho que desencadeou a crise, muito séria, instalada no regime depois do fiasco completo da subida do salário mínimo nacional e do chumbo parlamentar da descida discricionária da TSU. A Concertação Social está de rastos, e António Costa perdeu toda a sua credibilidade como primeiro ministro de Portugal. Depois dos boicotes do PCP, Bloco e PSD às manobras arrogantes (e depois mal criadas) do primeiro ministro que perdeu as últimas eleições, a Geringonça está ferida de morte. O golpe dado pelo líder da UGT ao bloquear a assinatura da adenda ao Acordo de Concertação Social foi uma resposta, não do socialista Carlos Silva, mas do furioso socialista António Costa! Em suma, a Geringonça irá arrastar-se até ao próximo resgate, e quando ele vier, cairá de podre. Ou então, PCP e Bloco, antevendo a sua rápida erosão eleitoral, provocarão a queda de Costa ainda este ano.

Almofada financeira, até quando?

Os juros pagos e a pagar por Portugal ao FMI são de 4,1%. Isto significa que subindo os rendimentos da dívida pública portuguesa a 10 anos acima 4,1% (estavam a 4,127% no dia 27 de janeiro), o chamado 'rollover' da dívida, i.e. trocar dívida cara por dívida barata deixa de funcionar. Neste sentido, a restruturação suave da dívida pública que vinha sendo realizada pelo governo anterior deu lugar a uma nova tendência perigosa de endividamento a taxas de juros incomportáveis por uma economia que cresce abaixo dos 1,6% (2015): 1,2% (2016), 1,4% (2017), 1,5% (2018) 1,5% (2019). Em suma, Marcelo foi mal informado, ou preferiu desvalorizar este perigoso boomerang. O alongamento de prazos que tem ocorrido e as baixas taxas de juro diretoras do BCE podem ser considerados uma forma mitigada, implícita, de restruturação da dívida. Porém o futuro, quer dizer 2017 e anos seguintes, parecem condenados a ver alterada esta bonomia financeira. Ou seja, as pré-condições para um nova derrapagem na próxima curva apertada do financiamento da nossa insustentável dívida total (pública e privada) regressaram.

O embuste da substituição da descida da TSU pela diminuição do PEC

Por apenas 40 milhões de euros António Costa perdeu a face, e vai passar a piar bem mais fininho do que até este fiasco evidente. Só mesmo a comunicação social indigente, perdão, rendida ao charme da Geringonça, consegue fazer retratos trumpianos do que sucedeu nestes últimos dias.

Uma coisa simples de perceber: a TSU é uma taxa paga por trabalhadores (11%) e empresas (23%) e serve, diz-se, para ajudar a manter a sustentabilidade da Segurança Social (acreditamos que sim). Ou seja, paga-se e está pago. Já o PEC é um adiantamento por conta do IRC a pagar pelas empresas no fim de cada ano fiscal. Ou seja, o Pagamento Especial por Conta é um empréstimo forçado ao Estado, que este depois deduz à coleta na hora de apurar o IRC que cada empresa tem que pagar ao Estado anualmente. Só as empresas que não têm lucros ou que declaram rendimentos coletáveis abaixo dos 850 euros (PEC em vigor) beneficiarão momentaneamente desta diminuição do PEC (para 750 euros, mas cujos detalhes ainda ninguém conhece). Ou seja, no caso da redução da TSU há uma poupança fiscal efetiva nas empresas, enquanto que no PEC não há qualquer poupança. É assim tão difícil de perceber? Lamentável é o lamaçal onde chafurdam hoje os atores pomposos da Concertação Social. E já agora: Bloco e PCP conseguiram o que queriam: aumentar o SMN sem baixar qualquer dos encargos das empresas. Mário Centeno agradece!

Simplificando, as empresas que não pagam IRC, por o seu volume de negócios e lucros serem muito baixos (ou até declararem prejuízo), passam a ter um desconto de 100 euros/ano no que têm vindo a adiantar ao Estado (PEC) por conta do tal IRC, e que, até 2016, eram 850 euros por ano e por empresa. Para as demais empresas, que declaram lucros e pagam IRC, a medida agora anunciada pelo irritado António Costa não representa qualquer poupança fiscal, apenas mais dinheiro em caixa e, eventualmente, os juros que os 100 euros do dinheiro adiantado ao Estado renderiam se estivesse aplicado ou a render juros (uma fortuna!) Em suma, a diminuição em 100 euros no Pagamento Especial por Conta não é nenhuma alternativa à diminuição da TSU, por mais que políticos do governo, os patrões troca-tintas, as comadres sindicalistas e a maioria dos jornalistas e analistas da pós-verdade digam o contrário, de cócoras para Costa.

IMI

Com o andar da carruagem —empobrecimento contínuo das pessoas, sobretudo das que possuem casa própria, ou estão a pagá-la— esta receita só poderá continuar a cair... até ao dia em que acabarem com as isenções, por manifesta insolvência do Estado. Quando não houver dinheiro para pensões, reformas e vencimentos da Administração Pública, o IMI subirá a pique. Ou seja, temos que nos preparar para viver apenas com aquilo que podemos pagar, nomeadamente evoluindo para novas formas de partilha social e associação mutualista defendidas da voragem fiscal da burocracia.

Mais um erro crasso do Governo em matéria ferroviária *.

A eletrificação anunciada vai ao arrepio da ligação da nossa rede ferroviária a Espanha/resto da Europa

  1. porque a Espanha tem vindo a migrar a sua rede ferroviária (bitola, eletrificação, sistema de sinalização) para a norma standard internacional (UIC), ao contrário dos governos que temos tido;
  2. mesmo que a bitola ibérica continuasse por mais alguns anos na linha que chega do resto de Espanha a Ayamonte, a ligação da linha algarvia a Espanha continuaria a ser inviável, nomeadamente porque um autarca espertalhão e amigo do imobiliário urbanizou a plataforma ferroviária entre Vila Real de Santo António e Vila Real de Santo António-Guadiana;
  3. tirando o facto de se mudar da tração diesel para a elétrica, vai ficar tudo na mesma, ou seja, a modernização anunciada não leva ninguém a lado nenhum, nem sequer às praias! No troço entre Tunes e Lagos, haveria a oportunidade de fazer passar a linha junto ao litoral (uma boa alternativa à EN 125 ou à A22 cujo uso e manutenção são cada vez mais caros...) mas, sobre isto, tire-se o cavalinho da chuva, pois o que está em causa é apenas a eletrificação dos troços anunciados;
  4. parece que só a Takargo beneficiará com esta ideia luminosa, aproveitando a eletrificação da linha para transportar Jetfuel para o Aeroporto de Faro.
* — Agradeço ao RMVS esta informação detalhada.


Parque Escolar de luxo e escolas inundadas e sem segurança, nem pessoal.

Onde pára a Parque Escolar engendrada pelo senhor José Sócrates Pinto de Sousa? Esvaíram-se milhares de milhões de euros neste embuste cor-de-rosa, mas continua a chover no interior de escolas vetustas como a Alexandre Herculano, e o Liceu Camões. A bolha das esquerdas continua a inchar e vai rebentar um dia destes.

Quem vai ganhar Lisboa?

João Ferreira (PCP) pode deitar a perder a eleição de Medina (patrocinada pelo PS e pelo Bloco). Este é um candidato a sério. Parabéns ao PCP, pois percebeu que tem finalmente que apostar na sua juventude qualificada. O instrumento Medina que se cuide.

Já agora, a linha de ataque de João Ferreira vai provavelmente melhorar e muito a votação na CDU. A linha é simples: denunciar, organizar e lutar contra a gentrificação de Lisboa, e em particular dos seus bairros históricos, que os vendilhões do templo procuram saldar a qualquer preço aos fundos especulativos de investimento imobiliário internacionais, mas também indígenas. Por exemplo, qual a posição da Caixa Geral de Depósitos nesta matéria?

Nota: Se o PCP souber renovar-se, e sobretudo se fizer a transição do estalinismo falido para um patriotismo de esquerda inteligente, e apostar claramente da renovação dos seus quadros, e também libertar-se em matéria de costumes (urbanizando-se!), o Bloco poderá acabar por ficar restringido ao papel de comadre do PS.

Os intermediários da fome

O Rendimento Básico Garantido é uma alternativa mais justa, decente e barata do que continuar a alimentar os intermediários da fome e da desgraça alheia.

Frenesim precoce

Não é o crescimento, estúpido! É a falta de procura (a falta de trabalho e a falta de dinheiro nos bolsos e nas expectativas) que gera o excesso de capacidade, ou vice-versa... O crescimento dos Estados Unidos em 2016 não foi nada do que alguns analistas apressados alegremente disseram, nomeadamente para contrapor Obama a Merkel, mas pouco mais de metade do que anunciaram: 1,9%.

Startups virtuais

Para já, são tudo castelos no ar. Nenhuma viragem como a da Indústria 4.0 se faz sem doses ciclópicas de capital e uma acumulação de conhecimento e de energia criativa colossal. Portanto, vamos lá a falar seriamente sobre estas questões. O governo português é o governo de um estado insolvente, falido e indigente, que vive da sopa dos pobres comunitária. Ou seja, sem fundos comunitários, nem dinheiro conseguem para os Power-Points. Se nos continuarmos a safar na indústria da maquinaria, calçado e têxteis, dos congressos, da praia e do surf, do peixe fresco, dos bons vinhos e azeites, e do Divino Sol, já não estaremos nada mal. Mas mesmo aqui é fundamental afastar dos negócios o estado predador que temos, pois, de contrário, para passar ao lado desta voragem fiscal e legislativa, só mesmo com empresas 4.0 (por definição, globais), para quem Portugal não passa de um nó da rede, sem qualquer capacidade económica, institucional e política de impor regras ou assaltar fiscalmente os protagonistas da revolução que o otimista secretário de estado diz querer trazer para o nosso país. Ou seja, se continuarmos a construir castelos no ar, acontecerá às boas indústrias que ainda temos o mesmo que aconteceu à banca que já não temos, e à burguesia clientelar (EDP, GALP, Mota-Engil, Soares da Costa, etc.) que tem vindo a ser engolida paulatinamente pelos peixes maiores que, como sabemos, não são indígenas :(

Esquerda/Direita

Que há de comum entre Trump, Marine Le Pen, Louçã e Jerónimo de Sousa? Resposta:

  • nenhum deles gosta da NATO
  • nenhum deles gosta da Alemanha
  • nenhum deles gosta do Euro
  • nenhum deles gosta da União Europeia
  • nenhum deles morre de amores pela China
  • e todos eles querem mais empregos

Acham que é preciso mais argumentos para vermos a importância desta convergência real?

Banksters e rendeiros falidos

A arrogância do senhor Faria de Oliveira é criminosa. Esperemos que o PSD obrigue a Caixa a revelar a lista dos seus 100 maiores clientes ruinosos, e que as operações duvidosas sejam investigadas. Só neste país é que os bancos ainda não foram sujeitos a pesadas multas pela vigarices praticadas. Pelo contrário, temos um Geringonça das esquerdas disposta a apaparicar tudo o que os 'banksters' indígenas exigem nos almoços do Ritz. Com uma esquerda destas, quem é que precisa da direita?!

Há dois pânicos que assaltam neste momento a Geringonça: a nacionalização do Novo Banco faria descarrilar o défice e, provavelmente, seria impedida pelo BCE; a falência do Novo Banco, por sua vez, colocaria o Fundo de Garantia de Depósitos sob uma enorme pressão. Como o Fundo de Garantia de Depósitos e o Fundo de Resolução são financiados pelos bancos residentes, podemos imaginar o grau de pressão que estes farão sobre António Costa para despachar o Novo Banco, nem que seja por um euro, a quem quiser tomar conta de semelhante tormenta. E ainda, já alguém perguntou pela massa do fundo de pensões do BES? Transitou para o Novo Banco? Duvido... Quem comprar por um euro o Novo Banco que encontrará, de facto, no cabaz das responsabilidades invisíveis do mesmo?

Santander e Bankinter com lucros recorde em 2016. Dois bancos espanhóis a sugarem o vazio deixado pelos insolventes banksters indígenas.

O regime engordou a sua nomenclatura financeira, empresarial e político-partidária até rebentar com o país, de má gestão, corrupção e dívidas. Resultado, o miolo económico, financeiro e laboral do país está a ser entregue de mão-beijada aos espanhois, franceses (árabes), chineses e angolanos. Ou seja, em vez de uma diversificação de investimentos e exportações, em vez do tão ansiado crescimento, temos uma rendição escandalosa (dos Banif, BES/Novo Banco, Ascendi, SDC e quejandos) aos credores e abutres que rodeiam uma ave ferida de morte chamada Portugal. E ninguém vai preso?! O presidente dos afetos vai começar a ouvir o que não pensava, e muito menos queria. Quando? lá para meados deste ano...

Portugal—EDP—China

A política de Donald Trump terá certamente consequências na EDP, dada a excessiva exposição desta à China, e aos parques eólicos americanos.

Nem tudo são tristezas


Barbie. ©Mattel

Monte da Peceguina tinto (2015) - uma pomada de beber e beber por mais ;) Taninos, fora! Sabores e aromas alternam numa tarde que a noite alentejana acaba por arredondar, em Beja, entre o luar e as luzes ténues da cidade. Cor linda. Frescura de coisa nova, como só as coisas novas sabem dar. Beber imoderadamente (aguenta ;), nunca acima dos 18 graus de temperatura.

E para por um ponto final nesta gazeta da semana que já vai longa, aqui vai uma notícia verdadeiramente cor-de-rosa: a Barbie tem uma nova chefe, vinda da Google, e vai voltar-se para a Indústria 4.0 ;)


NOTAS

1) Na realidade, a globalização equivale a uma projeção industrial e financeira dos países mais ricos para geografias onde o trabalho é mais barato e menos exigente em matéria de regulamentação. O objetivo principal da globalização iniciada pelos Estados Unidos e Europa ocidental é expandir os mercados, já não tanto pela via clássica das exportações de produtos acabados (que se tornaram menos competitivas, dada as assimetrias salariais e de externalidades entre países desenvolvidos e países emergentes), mas pela via da exportação das próprias indústrias e serviços financeiros que, por esta via, conquistam ao mesmo tempo, trabalho e mercado, encurtando ainda as distâncias entre produção e consumo. No caso dos Estados Unidos, apesar da dimensão do seu mercado interno, este tornou-se demasiado pequeno no quadro de uma competição comercial mundial que, a aprtir dos anos 60 do século passado, passou a incluir os chamados países emergenets da Ásia (China, Índia, Indonésia, Filipinas, ...), África (África do Sul, Nigéria, Angola,...) e América Latina (Brasil, México, ...).

2) Porque precisam os países ricos de imigração e/ou de prolongar a vida ativa até aos 70 anos?

RabbitOne 

Economics will go to hell in America because there are currently not enough taxpayers to support socialism in America. For 50 years our government has filled the law books with bills that give out pay outs. However in this Ponzi scheme they forgot that it requires new tax payers to keep the system afloat.

Socialism failed its own purposes. Once white people took up socialism they bought into its promises and they stopped having large families (who would have supported them if there was no government support). Add to this abortion and the pill and white people in America and Europe did not produce enough tax payers to support the socialist Ponzi scheme. There may be another explanation for this trend. The more affluent a society becomes, several factors unleash. The birthrate declines sharply, for as people become wealthier, women prefer not to have children. The poorest cultures have the greatest number of births because children take care of their parents. In our new age of socialism, government has replaced the family unit. Ask a girl under thirty in the United States if she wants to have children today and you are likely to get the answer, “No.”

The implications economically, financially, societally, etc. etc. of a collapsing population of young and soaring older population should be ringing alarm bells...but instead our politicians seem officially mindless (or intentionally misleading the populace) in the face of a cataclysmic shift. Without enough tax payers to pay for socialism’s promises western governments decided to import immigrants who still have large families (and produce lots of tax payers). Typical of those imported immigrants with large families are poor Muslim’s or poor Hispanics. So until they have the boat load to tax payers they need Western countries have large numbers of refugee’s to fill the tax payer void and will continue to run deficits and raise taxes to try to pay for the Ponzi scheme.

Connect the dots:

There were 76 million people born between the years 1946 and 1964, the traditional window for the baby boom generation. That means that they will retire over a 19-year period. Simple math shows that 76 divided by 19 is 4 million, or almost 11,000 people a day. Say 1,000 die a day. The biggest event in America today is we have l0,000 Baby Boomers retiring each day for years to come. The biggest problem in America is we cannot for the duration support these retiring Baby Boomers. The reason we cannot support these baby boomers is we have not produced a large enough group of supporting taxpayers.

Why are there not enough taxpayers to support retiring Boomers?  Government eliminated 60 million future tax payers with making abortion legal. Also it is estimated up to 30 million tax payers were prevented by the cheap birth control pill. And lastly the dissolution marriage as an institution in America has created much smaller family units than prior generations and single family moms have had 20 million fewer babies. This means 120 million tax payers are missing to pay for the retiring baby boomers.

How is our government replacing the missing revenue from lack of taxpayers? To replace these missing tax payer’s government has allowed 61 million immigrants plus into America to replace our missing tax payers to support the boomers (the total is estimated to be 94 million). These immigrants are fast tracked getting jobs our youth should have using subsidies from the government. Dems and Repubs are together on this.  Democrats want the immigrants as future party supporters. Republicans want the cheap labor.

Why are Muslims the primary people imported? Muslims don’t have abortions, take the pill and Muslim women are not single moms. It is not uncommon for Muslims to have the 6 to 10 children like white families used to have in America. Congress is counting on this group to generate the missing tax payers.

Why is America a bankrupt government? Revenue from current taxes is too low to pay for increasing entitlements and retirees. Deficits and debt plug the entitlement hole until immigrants produce enough taxes to fill the entitlement hole . Government is betting immigrants will produce the taxes to pay for retiring Baby Boomers before America goes belly up. Once the U.S. world reserve currency runs out and the government can no longer print bucket loads of money and debt they will strip the U.S. citizens cupboards bare to keep going. Need more proof on America’s bankruptcy? Look up Kotlikoff’s senate testimony last year.

Comentário/ OAM

Sharp observations. Historically, though, when aggregate demand starts a downward curve, and jobs fail, and well-paid jobs disappear, women defend their reproductive instinctual economy by having fewer children, and aborting if necessary. That's also the case with nomadic people since ancient times until today. We will probably have to develop intelligent machine slaves to produce the necessary quantum for individuals in the coming new nomadic societies. There are enough wealth and money to install a Basic Income system that would allow modern societies to evolve, and not go backward instead.

Timeline: U.S. Postwar Immigration Policy

Immigration has been an important element of U.S. economic and cultural vitality since the country's founding. This interactive timeline outlines the evolution of U.S. immigration policy after World War II. Council on Foreign Relations

segunda-feira, julho 18, 2016

Depois do Brexit, o quê?

Eugen Von Böhm-Bawerkon. Bawerk.net
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Eugen Von Böhm-Bawerkon. Bawerk.net
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Três gráficos que explicam quase tudo 


Brexit or not, the pound will crash  
By Eugen Von Böhm-Bawerkon July 15, 2016. Bawerk.net 
It is no secret that short-term portfolio investments fund a large part of Brits excesses. These are mere claims on UK future production or assets. The immediate withdrawal form UK real estate funds, which has since been gated, is the dying canary signalling what will come; the current account deficit will no longer be funded by complacent foreigners. The pound will collapse thus forcing the long overdue correction the UK economy desperately need for long-term sustainable prosperity.
Nunca o aumento dos salários reais do Reino Unido caiu tanto numa só década (2005-2015), e é preciso recuar 100 anos para encontrar uma produtividade tão baixa. O défice, por sua vez, está nos 6% (não, não é abaixo dos 3%, é mesmo 6%). Logo, depois do Brexit, que será uma realidade formal em 2017, mas que se tornou uma realidade efetiva assim que foram conhecidos os resultados do referendo, a desvalorização da Libra é, segundo Eugen von Böhm-Bawerk, inevitável. Por sua vez, como boa parte do investimento especulativo e de curto prazo, sobretudo no imobiliário, começa a retirar-se, o impacto do Brexit nas contas públicas britânicas acabará por revelar a dimensão verdadeira dos problemas orçamentais do país, e em particular, do seu Welfare State. A pressão sobre os imigrantes residentes e os novos imigrantes só poderá aumentar à medida que a xenofobia se for tornando cada vez mais ameaçadora, sob o peso de uma austeridade inevitável.

Aliás, as unidades de fusões e aquisições das grandes empresas e fundos de investimentos globais começam a dar sinais claros do seu interesse por uma nova presa chamada Reino Unido. Cá como lá, vão-se os anéis, ficam os dedos.

SoftBank compra britânica ARM na sua maior aquisição de sempre 
Alexandra Machado | Jornal de Negócios | 18 Julho 2016, 07:46 
O grupo japonês SoftBank chegou a acordo para comprar a britânica empresa de chips ARM Holdings por 24,3 mil milhões de libras (29 mil milhões de euros), anunciou o grupo esta segunda-feira, 18 de Julho. 
Qatar inicia vaga de aquisições na Europa e não só 
Ana Margarida Pinheiro - Dinheiro Vivo - 18.07.2016 / 12:00 
No final de junho, a Qatar Airways admitiu a possibilidade de reforçar a sua posição no Grupo IAG, do qual já é a maior acionista, aumentando a sua fatia na dona da British Airways e Iberia de 15% para 20%. 

Será que o Reino Unido, tal como Portugal, se prepara para voltar as costas à Alemanha, e mesmo à União Europeia, buscando nas amizades e nos interesses que ficaram do seu antigo império, uma alavanca para a restruturação das saus dívidas menos autoritária e humilhante da que os quadrados alemães são capazes de oferecer?

Uma coisa é certa, a Alemanha está a ficar outra vez isolada, a leste, e pelos vistos, também a oeste. Longe vá o agoiro!

terça-feira, julho 12, 2016

Brexit e o fim da energia barata


Berlin (AFP/Getty Images)

Uma rebelião sem Norte, de Caracas e Dallas a Paris e Berlim


A queda do preço do barril de petróleo é fatal para a Venezuela, Rússia, Angola, ou Canadá, mas para a Inglaterra e a União Europeia, só esta queda permite empurrar com a barriga a causa dos problemas, monetizando por mais algum tempo as suas insustentáveis dívidas.

Não podemos pagar a energia de que precisamos para continuar a crescer sem nos endividarmos.

A capacidade de nos endividarmos, por sua vez, foi ultrapassada—da China ao Japão, de Nova Iorque a Berlim, passando por Atenas, Londres, Paris, Amesterdão, Roma, Madrid ou Lisboa. A chamada intensidade creditícia (1) que procurou alavancar a incapacidade das famílias, empresas e países de suportarem os verdadeiros custos da energia essencial às suas economias e vidas, empurrou as economias para bolhas de crédito especulativo cujo rebentamento atira pessoas, empresas e países inteiros para a insolvência, forçando humilhantes programas de resgate financeiro.

Tem-se tentado esconder este problema nas carteiras aparentemente sem fundo dos bancos centrais, com receitas várias experimentadas no Japão desde 1991, nos Estados Unidos desde 2008, e na Europa desde 2012, recorrendo em todos estes casos às medidas excecionais mais extraordinárias, tais como a introdução de taxas de juro negativas, a compra de dívida pública aos bancos privados que a tinham comprado antes aos governos, e a ulterior transformação desta em obrigações perpétuas com remuneração zero, nalguns casos só parcialmente resgatáveis.

Toda esta alquimia serve um único propósito: restaurar a capacidade de endividamento das empresas e dos consumidores, sem o que não há meio de promover o crescimento. Por sua vez, sem crescimento, a redistribuição da riqueza estanca e a base da pirâmicee social alarga-se e empobrece ao mesmo tempo. Por fim, a pobreza urbana é mais desesperada e mais explosiva do que a pobreza nas aldeias e campos.

Os resultados da monetização das dívidas são cada vez menos efetivos. Não é possível restaurar a capacidade aquisitva de centenas de milhões de pessoas em todo o mundo depois de estas terem perdido os seus empregos, de as suas empresas terem falido, de os bancos colapsarem perante responsabilidades que deixaram de poder satisfazer, e de as dívidas soberanas dispararem perante a pressão crescente sobre os orçamentos públicos chamados ao mesmo tempo a financiarem os desempregados, os desesperados e os bancos demasiado grandes para falir.

O Brexit foi também um grito desesperado da imensa maioria encurralada por uma crise sistémica para a qual ninguém parece ter solução. As suas causas não tardarão a fazer-se sentir também por toda a Europa, e durante muitos anos.



Energy limits: Why we see rising wealth disparity and low pricesPosted on July 6, 2016 by Gail Tverberg @ Our Finite World

The Brexit vote may be related to falling energy per capita in the UK. Given that this problem occurs in many countries, it may be increasingly difficult to keep the Eurozone and other similar international organizations together.
[...]
The need for debt greatly increases when an economy begins using fossil fuels, because the use of fossil fuels allows a step-up in lifestyle.
[...]
Debt needs are low when the cost (really energy cost) of producing energy products is low. Much more debt is needed when the cost of energy extraction is high. The reason more debt is needed is because fossil fuels and other types of energy products tend to leverage human labor, making human labor more productive, as mentioned previously.
[...]
As the required price for energy-products rises, it takes ever-more debt to finance a similar amount of energy product, plus the higher cost of homes, cars, factories, and roads using the higher-cost energy. In fact, with higher energy costs, capital goods of all kinds will tend to be more expensive. This is a major reason why the ratio of debt to GDP tends to rise as the cost of producing energy products rises. At this point, in the United States it takes approximately $3 of additional debt to increase GDP by $1 (author’s calculation).
In a dissipative structure, both communication and stored information are important. Stored information, which is very close to technology, becomes very important when food is hard to find or energy is high cost to extract. When energy is low-cost to extract, practically anyone can find and make use of energy, so technology is less important.
Communication in an economy is done in various ways, including through the use of money and debt. Few people understand the extent to which debt can give false signals about future availability of energy flows. Thus, it is possible for an economy to build up to a very large size, with few realizing that this approach to building an economy is very similar to a Ponzi Scheme. It can continue only as long as energy costs are extremely low, or debt is being rapidly added.
The Brexit vote may be related to falling energy per capita in the UK. Given that this problem occurs in many countries, it may be increasingly difficult to keep the Eurozone and other similar international organizations together.
[...]
The need for debt greatly increases when an economy begins using fossil fuels, because the use of fossil fuels allows a step-up in lifestyle.
[...]
Once a dissipative structure is past its critical point, Roddier says that what is likely to bring it down is an avalanche of bifurcations. In the case of an economy, these might be debt defaults.
[...]
If the economy collapses, it will collapse down to a lower sustainable level. Much of the world’s infrastructure was built when oil could be extracted for $20 per barrel. That time is long gone. So, it looks like the world will need to collapse back to a level before fossil fuels–perhaps much before fossil fuels.
[...]

NOTAS

  1. Vague, Richard. The Next Economic Disaster (2014)

sábado, junho 25, 2016

Sorry, no more euros!

Matt Rooney no Twitter: "It's beginning already! We're in Greece, no cash exchange & no cash machine withdrawals for Brits.



DA DECLARAÇÃO CONJUNTA DOS LÍDERES EUROPEUS
Aguardamos agora que o governo do Reino Unido concretize esta decisão do povo britânico o mais rapidamente possível, por mais doloroso que esse processo se possa revelar. Qualquer atraso prolongaria desnecessariamente a incerteza. Temos regras para lidar com esta situação de uma forma ordenada. O artigo 50.º do Tratado da União Europeia define o procedimento a seguir caso um Estado-Membro decida sair da União Europeia. Estamos prontos para lançar rapidamente as negociações com o Reino Unido relativamente aos termos e às condições da sua saída da União Europeia. Até este processo negocial estar concluído, o Reino Unido continua a ser um membro da União Europeia com todos os direitos e obrigações que daí decorrem. De acordo com os Tratados que o Reino Unido ratificou, a legislação da UE continua a ser plenamente aplicável ao e no Reino Unido até que deixe de ser membro.

Que acontecerá ao uso do idioma de Shakespeare na União Europeia?

Reparei que hoje todos os eurocratas falavam nas suas línguas nativas. O inglês, de repente, desapareceu! E a Europa? Bom, a Europa regressa paulatinamemnte às suas ilusões nacionalistas, reacionárias e populistas de esquerda e de direita. Mau agoiro, por certo.

A próxima segunda-feira dir-nos-à o que hoje ocorreu. As facilidades acabaram há anos, mas só agora o padrão universal das perdas começará a ser reconhecido como um fenómeno global. A angústia, nomeadamente entre os mais fracos, e mais endividados, tenderá a crescer.


Até porque, como disse Alan Greenspan (ZeroHedge), o verdadeiro problema é mais geral e sobretudo de natureza fiscal, abrange grande parte dos países desenvolvidos, e diz respeito ao envelhecimento demográfico e às crescentes e insustentáveis responsabilidades sociais dos governos, fundos de pensões e sociedades financeiras, nomeadamente de seguros.
“Brexit is not the end of the set of problems, which I always thought were going to start with the euro because the euro is a very serious problem in that the southern part of the euro zone is being funded by the northern part and the European Central Bank,” Greenspan said.
He then repeated a point that has been widely accepted in recent months, namely that monetary policy - while still the only game in town - is now impotent. Greenspan said the ECB is limited in what it can do because these fundamental problems like the stagnation of real incomes don’t have easy solutions. “There’s a certain amount that monetary policy can do, but our problem is fundamentally fiscal,” he said, adding that this is true in the United States as well as “every major country in Europe.” Part of the problem is that the “developed countries are all aging very rapidly,” which is leading to a higher ratio of government spending in the form of entitlements, Greenspan said.

segunda-feira, maio 25, 2015

Uma borboleta chamada Costa

25 de maio 2015: dívida portuguesa afunda
(gráfico: Bloomberg/ clique p/ ampliar)

O que é que esta inversão negativa e muito preocupante do mercado da dívida soberana portuguesa tem que ver com António Costa?


Basta clicar neste LINK para saber a resposta. Repare-se bem nesta data: 15 de abril!
China Stocks Surge, Europe/US Purge, & Portuguese Bonds Are Crashing—Zero Hedge
Portuguese bonds are crashing... unwinding all the excited exuberance of Q€... Of course with The ECB hoovering up everything in sight, any selling pressure is exaggerated by the total lack of liquidity (see CYNK or Hanergy) but based on Bloomberg data it appears real and traded and is the benchmark 10Y bond for the nation!
Desde que o nosso Alexis Costa abriu a boca e começou a ser transportado no andor da esquerdizofrénica imprensa que temos, juntando-se ao pelotão dos acólitos e assessores os famosos econometristas desmiolados do manifesto Uma década para Portugal, que as evidências começaram de novo a apitar.

Por algum motivo a Maria Luís Albuquerque anda desesperadamente à procura de 600 milhões de euros. Mas a corja eleitoral quer lá saber disso!

Com a Caixa Geral de Depósitos no lixo, a Parpública no pré-lixo, o Novo Banco sem ninguém que lhe pegue enquanto não se souber quem paga a fatura da TAP, e porventura outras que ainda desconhecemos, e a própria TAP no limiar de ver a sua frota estacionada por esses aeroportos fora sem Jet Fuel, nem pilim para o pessoal de bordo, só faltava mesmo dispararem os yields da dívida pública e a falta de liquidez interessada nos nossos papeis soberanos!

A juntar a este descalabro provocado pela simples hipótese do PS socratino regressar ao poder, temos uma Grexit ao virar da esquina, a ascensão meteórica em Espanha de um desafio sem precedentes à estratégia alemã, e um cada vez mais provável Brexit. Ou seja, afinal, o colapso do euro poderá mesmo ser uma realidade antes de 2020. E neste caso, ou a Alemanha e o resto da eurocracia acordam, ou adeus Europa.

E quanto a nós, temos duas prioridades: não deixar aumentar as dívidas externa e pública, e impedir que a pretexto do estado social se instale no nosso país uma espécie de fascismo fiscal dissimulado de inevitabilidade democrática.


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quarta-feira, abril 29, 2015

Le Brexit priverait le Royaume-Uni de 14 % de son PIB

A União Europeia é uma espécie de jangada à deriva num mar de incertezas. Mas fora dela parece que o naufrágio é certo.

Un Brexit « aura des conséquences négatives à long terme sur la
dynamique de croissance et la vitalité économique du pays », souligne le
rapport du Bertelsmann Stiftung.

« En comparaison, l'Allemagne et le reste des États membres ne
subiront que des pertes économiques limitées, assure le groupe de
réflexion, qui précise pourtant que « toutes les parties impliquées
seraient perdantes sur le plan économique et politique ».


Le Brexit priverait le Royaume-Uni de 14 % de son PIB | EurActiv.fr