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sexta-feira, setembro 06, 2019

Um filme gore sobre o estado social


Vale a pena ver ou rever este extraordinário filme de Ken Loach sobre a degradação do estado social no Reino Unido, porque vale exatamente na mesma medida, ou em pior medida ainda, para o nosso país, tomado de assalto por uma cleptocracia sem escrúpulos, servida por uma burocracia de zombies.

Ao atrasar escandalosamente o início do pagamento das pensões devidas, de reforma, invalidez ou viuvez, os governos que temos tido, e em particular o atual governo 'socialista' e a geringonça oportunista que manda no país, estão, na realidade, a promover retenções orçamentais dissimuladas, anti-constitucionais e sobretudo criminosas!

Os motivos são simples e claros:

1. O Estado partidário que temos mexe discricionariamente no dinheiro que não é seu;
2. Não paga juros pelos atrasos que são de sua exclusiva responsabilidade;
3. Sabe, e portanto induz conscientemente, a morbidez num setor social naturalmente mais suscetível à ansiedade;
4. Humilha e rouba, em suma, os cidadãos ao fim de uma vida de trabalho.

Um regime destes não merece o nosso respeito. Pelo contrário, merece uma justa revolta.


segunda-feira, julho 01, 2019

Prédio Coutinho—Trump não chegou a tanto

O Estado não pode expropriar porque sim!

Lembram-se de Ramallah? Acham que é muito diferente? Pois não é! 


À época (2002), as boas almas politicamente corretas escandalizaram-se com este cerco cruel.

No entanto, tratava-se, e continua a tratar-se duma guerra. No caso do Prédio Coutinho, cercado, sem pão nem água, não existe sequer uma guerra, mas tão só a resistência de cidadãos indefesos face à arbitrariedade e à brutalidade do Estado, neste caso, um estado 'socialista' corrupto—escudado, pelo ministro que deu a cara (o do dito Ambiente), numa decisão política e numa decisão judicial estúpidas (que tresandam a corrupção). O político que deu carta branca a um calvário que dura há anos foi o antigo líder e primeiro ministro do PS, José Sócrates. Houve algum referendo local a suportar uma expropriação obviamente orientada para uma operação urbanística especulativa no coração da cidade de Viana do Castelo? Não, não houve.



O governo, e em particular os ministérios do ambiente e das finanças, que detêm 60% da VianaPolis, são os principais responsáveis por este cerco terrorista contra cidadãos indefesos e as suas propriedades. Repito: as suas propriedades. Onde estão os intelectuais e os democratas do meu país?

Que tal um inquérito parlamentar à Viana-Polis, e chamar os ministros do ambiente e das finanças ao parlamento?
JORNAL DE NEGÓCIOS, 2011: A sociedade VianaPolis, detida ainda a 60 por cento pelos ministérios do Ambiente e das Finanças, mantém-se em funções com o objecto único de demolir os 13 andares do Edifício Jardim e que continua a esbarrar nos processos judiciais movidos pelos moradores.
O autarca José Maria Costa revelou hoje que a VianaPolis tem actualmente uma divida à banca de 17 milhões de euros.
Está em curso um crime de Estado perpretado contra cidadãos e os seus legítimos direitos de propriedade.

A sede da Caixa Geral de Depósitos, em Lisboa, também é um mamarracho. Serve esta opinião para que o Estado resolva expropriar o respetivo edifício? E os mamarrachos de Benfica, e o bairro inteiro de Moscavide? Porque não?

Pretende-se indemnizar os legítimos proprietarios expropriados (que podem e devem recorrer nas instâncias europeias) por valores descaradamente abaixo do mercado. Continuamos a tolerar um Estado prepotente e sovina, que exige juros por tudo e por nada, mas que não paga juros, nem responde em tribunal pelas suas quotidianas patifarias.

O Programa Pólis é que deve sentar-se no banco dos réus. Sobretudo sabendo-se que a bênção à decisão de implodir o Prédio Coutinho veio do pseudo Sócrates.

A convocatória Facebook para um cordão humano para expulsar os resistentes proprietários que ainda se mantêm no edifício sitiado só pode ser estupidez, ou uma operação de contra-informação.

Fazer um cordão, sim, mas para denunciar o cerco criminoso que o Estado português está a levar a cabo contra cidadãos portugueses (alguns deles com mais de 80 anos!) e as suas propriedades legitimamente adquiridas, porventura com poupanças de décadas. Trump não chegou a tanto!

Onde aprendeu esta gente a tratar as pessoas desta maneira? Em Israel?

PS: ao que me disseram,  “O Sr. Min. do Amb. ACTUAL foi o Administrador dessa empresa [a Quartenaire] entre 1999 e 2005. Essa empresa foi a que fez os planos estratégicos e planos de pormenor do Polis de Viana do Castelo e outras cidades. Planos a maior parte deles contratados por ajuste directo. Aliás foi por esse mesmo motivo porque a empresa foi investigada pelo MP. Assim temos um Min. do Ambiente que está no governo para garantir a prossecuçao integral dos estudos da empresa”.

Se for verdade, então a coisa começa a ter contornos criminais. Será por isto que o vivaz Marcelo ficou gago quando perguntado sobre este escândalo sem nome?

ÚLTIMA HORA

Menos mal que há uma imprensa regional!

Parece que o Estado de direito prevaleceu, por ora. Mas é preciso investigar, senhores jornalistas, o papel do atual ministro do ambiente neste ato de terrorismo psicológico perpretado por uma entidade—a VianaPolis— da qual a câmara municipal de Viana detém 40% e os ministérios do ambiente e das finanças detêm 60%!

Tribunal aceita providência cautelar dos moradores do prédio Coutinho 

O MINHO — O Tribunal Administrativo e Fiscal (TAF) de Braga aceitou a providência cautelar movida no dia 24 pelos últimos moradores do prédio Coutinho, em Viana do Castelo, que assim suspende os despejos, anunciou hoje o advogado dos residentes. 
De acordo com o advogado dos moradores, Vellozo Ferreira, aquela decisão tem efeitos suspensivos da ação de despejo e exige a reposição da água, luz, gás que, entretanto, foram cortados no edifício. 
“Os moradores podem entrar e sair livremente do prédio”, salientou, acrescentando que esta decisão vem colocar um “ponto final no atentado” feito aos moradores. 
O prédio Coutinho é num edifício de 13 andares cuja demolição está prevista desde 2000, ao abrigo do programa Polis, por ser considerado um “aborto urbanístico. 
No entanto, a batalha judicial iniciada pelos moradores vem impedindo a concretização do projeto, iniciado quando José Sócrates era ministro do Ambiente. 
Para o local onde está instalado o edifício, está prevista a construção do novo mercado municipal da cidade. 
A ação de despejo dos nove últimos moradores no prédio esteve prevista para as 09:00 da passada segunda-feira, na sequência de uma decisão do TAF de Braga, de abril, que declarou improcedente a providência cautelar movida em março de 2018. 
No entanto, os moradores recusaram-se a sair e mantêm-se no prédio. 
A VianaPolis cortou durante a semana passada a eletricidade, o gás e a água do prédio, bem como proibiu a entrada de alimentos.

Atualizado às 20:56 WET

terça-feira, abril 11, 2017

Ninguém pergunta nada...



O próximo resgate


Se não travarmos a despesa pública e o estado partidário, se não pusermos na ordem as rendas excessivas da EDP e das PPP, um novo resgate é inevitável—especialmente se a diminuição dos estímulos do BCE conduzir a uma mais do que provável subida das taxas de juro, e se Trump continuar a provocar a Europa, atiçando o fogo e o terrorismo no Médio Oriente.

Até agora a transição democrática e a democracia que temos custaram 435,8 toneladas de ouro e três pré-bancarrotas seguidas de três resgates internacionais e três períodos de austeridade forçada.
  • Em 1971, o Banco de Portugal tinha 818,3 toneladas de ouro.
  • Queda da ditadura: 25 de abril 1974.
  • Situação pré-revolucionária: abril 1974-novembro 1975.
  • Vendas ouro entre 1976-1978: 172 toneladas.
  • Resgates: 1977 (Mário Soares), 1983 (Mários Soares), 2011 (José Sócrates) [video RTP]
  • Em 2001, o BdP tinha 606,7 toneladas.
  • Vendas de ouro entre 2001-2006: 224 toneladas.
  • Em Abril de 2012 o BdP tinha 382,5 toneladas.
  • O BdP não vendeu mais ouro desde 2006 porque, felizmente, está impedido de o fazer pelo BCE.
À grande destruição da poupança nacional e de capital somou-se um endividamento público e privado assustador.

A economia cresce mais devgar que o serviço da dívida pública, e o estado paquidérmico e corrupto que temos continua por reformar—pois é há muito a coutada da partidocracia instalada, da intelectualidade indigente e dos rendeiros do regime.

O Bloco Central Alargado (PS-PSD-CDS), mas também as esquerdas, falharam redondamente aos portugueses.

O futuro só não será mesmo negro se a a União Europeia sobreviver ao ataque americano, e reforçar as suas legítimas aspirações e desiderato.

Um buraco negro chamado Estado


Os governos são hoje grandes máquinas de lavagem automática de dinheiro de proveniência dissimulada. Dois casos bem conhecidos e de dimensão astronómica: a City de Londres e o Luxemburgo. Lavam tudo: dinheiro da droga, dos refugiados forçados a emigrar em direção à Europa, da exportação de armamento, explosivos e armas químicas, da Máfia, da Camorra, da rapaziada de Marselha, e dos políticos corruptos, da prostituição e do futebol.

Para esconder esta realidade os 'mass media' têm sido paulatinamente transformados em instrumentos de guerra psicológica. Veja-se o caso mais recente da operação Trump contra o estado sírio.

Brexit


O Brexit pode ter sido um tiro que vai sair pela culatra, reduzindo a uma espécie de náufrago os piratas de sua majestade. O império britânico morreu há muito, e a pantomima a que a pomposa elite britânica se dedica, em nada apagará o facto de a velha Albion ter dado um grande passo em direção à sua insignificância no dia em que resolveu apoiar-se na sua ralé e nos seus líderes populistas para defender a sua City e os seus paraísos fiscais, julgando que assim e uma vez mais dividiria o continente europeu. Este artigo mostra que a reação dos europeus, ingleses e não ingleses, vai na direção de um reforço da União Europeia e do seu espírito democrático e culturalmente aberto. Trump, Le Pen, Erdogan, Boris Johnson, e os indígenas do PCP e do Bloco, entre outros, acabam de dar um safanão à utopia europeia que, parece, acordou para a sua excecionalidade histórica.

A Espanha, que vai ocupar o lugar dos Ingleses no diretório europeu, força a Alemanha a olhar para a Península Ibérica com outros olhos.

A leste e no Médio Oriente a balbúrdia que convém à Internacional Terrorista promete continuar.

Enquanto durar a carnificina no Leste no Médio Oriente e norte de África muito dinheiro voará para Portugal e Espanha. Se ao menos os indígenas soubessem aproveitar positivamente a desgraça alheia...

sexta-feira, maio 27, 2016

Tempo novo ou estado novo em modo 'drag queen'?


A confusão entre público e estado


Governo: PGR confirma que os contratos de associação não garantem novas turmas 
Adicionalmente, sustenta o ministério, "o parecer reafirma que a celebração de contratos de associação tem de ter em conta as ‘necessidades existentes’ de estabelecimentos públicos de ensino". Negócios, 27/5/2016

Já estamos habituados à indigência reverente dos nossos juízes. Não mudaram muito desde Salazar.

O que sintomaticamente está em causa nesta tempestade política é saber se o direito ao ensino básico e secundário, universal e gratuito, pode ou deve sequer confundir-se com ensino de estado, ou se, pelo contrário, é o hipertrofiado estado central e o seu todo poderoso e burocrático ministério de educação quem deve suprir as insuficiências de cobertura do ensino público, devidamente regulamentado e adequadamente subsidiado, desenvolvido por empresas, autarquias e associações sem fins lucrativos.

Será que o PS, o PCP e o Bloco defendem que a banca privada e a dita pública podem exaurir os cofres do estado em mais de 15 mil milhões de euros, mas não há 139 milhões para apoiar as entidades do ensino particular e cooperativo? Que houve 2.400 milhões de euros para 'requalificar' 180 escolas (cortesia do governo 'socialista' de José Sócrates) que agora não têm recursos para pagar a fatura elétrica mensal, mas não há 33 milhões de euros (o corte decidido pela austeridade das esquerdas) para um novo ciclo de contratos de associação enquanto se procede a uma verdadeira reforma do nosso sistema de ensino, claramente insustentável e cada vez mais caro para quem dele necessita?

Alguém calculou previamente os custos potenciais desta guerra ideológica?

A voragem burocrática em curso, além de ruinosa a médio prazo, reaviva as tristes experiências do chamado 'socialismo real'. Todos os que por esta via enveredaram falharam estrondosamente, com criminosos custos para a liberdade e a democracia dos povos que sofreram tais experimentos de marxismo degenerado, levado a cabo por milhões de oportunistas por esse mundo fora e alguns facínoras que a história ainda não julgou devidamente.

quinta-feira, abril 02, 2015

As empresas temem bancos e estado

Monty Python—The Meaning of Life (8/11) Movie CLIP - The Penis Song (1983)

O Hiper-Estado atual vive em simbiose com a Banca. Fujam dos dois!


Empresas querem mais mudanças no Estado e na banca
Negócios, 01 Abril 2015, 23:28 por Rui Peres Jorge

O FMI inquiriu as empresas sobre o impacto das reformas dos últimos anos e as prioridades. Resultados apontam para um balanço relativamente positivo no mercado de trabalho e muita preocupação com bancos, justiça e pagamentos do Estado.

As empresas estão naturalmente preocupadas com as alianças oportunistas e frequentemente criminosas entre o estado populista e neocorporativo que temos, onde os partidos políticos, os banqueiros e o resto dos rendeiros e devoristas se sentam diariamente à mesa do orçamento para repartirem entre si o que sugam aos indígenas através da protofascismo fiscal instalado. Na realidade, é fundamental reduzir esta corja de abutres e parasitas a uma dimensão ecológica sustentável, sob pena de o organismo social morrer exangue nas ruas, nos sótãos sem luz, nem água, nas fábricas e nos campos. Está na altura de promover uma mudança radical nas estruturas democráticas que temos. Digo 'revolução', porque os paninhos quentes secaram.

A decadência é um fenómeno lento e cumulativo, mas no fim, sempre explosivo. As duas sequências de The Meaning of Life, de Monty Python, aqui reproduzidas —The Penis Song e Mr. Creosote—, são uma ilustração hilariante e contundente do inevitável destino das bolhas arrogantes da especulação.


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quinta-feira, fevereiro 19, 2015

A pardidocracia é incapaz de reformar o estado

Não se reforma o estado despedindo pessoas, ou atirando-as para a leprosaria do INA!


A elite partidária e nepotista colocada no topo da administração pública e do dito setor empresarial do estado é o principal obstáculo, e o principal cancro, à reforma do regime e do seu aparelho burocrático.

Reforma-se o estado acabando com departamentos inúteis, redundantes, e centenas de sinecuras partidárias (fundações, observatórios e institutos fantasmas). Não se reforma a administração pública atirando para a fossa jardineiros, carpinteiros, cantoneiros, pessoal de limpeza, auxiliares de enfermagem, etc., cujos serviços são depois contratados a empresas privadas capturadas pelos mesmos devoristas e rendeiros de sempre, que arruinaram o país, e que estão invariavelmente ligados com grude ao PS, PSD, CDS-PP e PCP.

Sem uma varridela em profundidade do regime, o futuro é o empobrecimento galopante do país, o seu envelhecimento, mais e mais corrupção, e a perda acelerada de autonomia de um país cada vez mais dependente, e cada vez menos independente.

Com ou sem revolução, é preciso mudar!

Políticos e chefias de topo ganham mais do que em 2011
18/02/2015 | 22:00 |  Dinheiro Vivo

No final do ano passado - quando já estavam de novo a ser aplicados os cortes salariais que vigoraram de 2011 a 2013 - os dirigentes superiores da administração pública recebiam, entre remuneração base e suplementos, 4346,5 euros por mês, ou seja, mais 86,1 euros do que em outubro de 2011. Parte deste acréscimo deve-se ao aumento do salário base destas chefias de topo, que passou de 3539 para 3562 euros mensais. Segundo os dados da Síntese Estatística do Emprego Público (SIEP) também entre os dirigentes intermédios se registou um acréscimo quer na remuneração base quer no ganho médio mensal neste mesmo período. Os representantes do poder legislativo, estão também no grupo dos viram a remuneração subir: o seu vencimento base aumentou em média 150 euros e aquilo que recebem no final do mês subiu cerca de 220 euros (8,7%).


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terça-feira, fevereiro 17, 2015

A reforma oportunista do estado


Um ministro (Nuno Crato) não pode ser mais um oportunista.

Redução de funcionários e trabalhadores na FP é fogo de vista.

Que no entanto queimou os afetados!


Despedir não é reformar. Reformar é redesenhar de alto a baixo o sistema de ensino e aprendizagem, estabelecendo uma simbiose amigável e produtiva entre a iniciativa e autonomia dos cidadãos, novas tecnologias, redes sociais, voluntariado, envolvimento empresarial e uma nova classe de mestres (WiFi Tutors).

Mas para realizar, de facto, esta reforma, é necessário começar por implodir o Edifício da 5 de Outubro, e enviar a burocracia toda de férias durante um ano.

O estado tornou-se um empecilho devido à inércia dos seus recursos humanos e dirigentes, das dinastias burocráticas e sobretudo da corja partidária e dos sobrinhos da nomenclatura que infetam o sistema.

A areia que a esquerda ideologicamente falida lança para cima dos seus devotos apenas contribui para tornar a metamorfose mais dolorosa e atrasar o país no jogo das competências e na economia da atenção positiva que caracterizam os tempos pós-contemprâneos em que vivemos (1) .

Estado perdeu quase 10% dos funcionários em 3 anos
Jornal de Negócios. 16 Fevereiro 2015, 18:53 por Catarina Almeida Pereira

As administrações públicas perderam 9,8% do pessoal entre Dezembro de 2011 e o final do ano passado, com uma redução de 71 mil funcionários. Os dados oficiais revelados esta segunda-feira, 16 de Fevereiro, pela Direcção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP), mostram que os docentes e os assistentes operacionais foram as carreiras que mais contribuíram, em termos absolutos, para esta diminuição.

Ao longo do último ano, porém, a quebra foi menos acentuada do que em anos anteriores, o que sugere que o ritmo de redução de funcionários poderá estar a abrandar. No final de 2014 havia menos 18,5 mil funcionários do que em período homólogo, numa redução de 2,7%. Em anos anteriores, a quebra anual tinha sido mais alta, aproximando-se dos 4%.

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NOTA
  1. A expressão pós-contemporâneo foi por mim inventada (creio) para designar uma era em que o tempo analógico dos átomos e moléculas é cavalgado por um tempo digital tornado possível através do domínio e uso dos campos eletromagnéticos, onde além da matéria, existe o espaço imaterial que segura o universo.

quarta-feira, fevereiro 12, 2014

Estudo: Nomeações no Estado estão directamente ligadas a interesses partidários - Jornal de Negócios

Não é, como se vê, só um problema de perceção.

Claro que conclusões destas, mesmo sendo claras e objetivas, para a partidocracia, para o neo-corporativismo e para o rentismo que arruinaram o país, são manifestações de populismo. Tenciona votar nas próximas eleições nalgum dos partidos da nomenclatura que enterrou o país? Eu não!
Investigadora da Universidade de Aveiro foi analisar as nomeações feitas entre 1995 e 2009 e conclui que estas são, sobretudo, uma recompensa por serviços prestados.

Uma investigadora da Universidade de Aveiro analisou 10.482 escolhas para dirigentes no Estado entre 1995 e 2009. Por trás delas detectou dois tipos de motivações: o controlo de políticas públicas e a recompensa por serviços prestados anteriormente ou em antecipação aos mesmos.

O estudo, realizado por Patrícia Silva, é divulgado esta quarta-feira, 12 de Fevereiro, pelo Público e pelo Diário de Notícias e as conclusões são transversais a vários Governos, de Cavaco Silva a António Guterres, Durão Barroso e Santana Lopes.

Estudo: Nomeações no Estado estão directamente ligadas a interesses partidários - Política - Jornal de Negócios

terça-feira, outubro 29, 2013

Cães danados?

Que faço, ministra? Afogo-os todos?

Menos Estado, por favor!

Segundo o jornal Público esse limite fixa-se em dois cães e em quatro gatos, mas existem excepções, já que os detentores de raças nacionais puras registadas podem até dez animais nos prédios rústicos ou mistos.

Esta actualização da lei já em vigor (que impõe um limite de três cães por apartamento) tem dividido as opiniões entre as várias associações animais e de veterinária — in Notícias ao Minuto.

Mais uma ideia peregrina de um governo com tendências concentracionárias, e proto-fascistas em sede fiscal, que continua a fazer o que a corja devorista lhe impinge.

A única coisa a que os donos dos animais domésticos devem estar obrigados é registar os seus animais numa base de dados central (que deveria ser privada embora obrigada a contrato de serviço público), colocar chips eletrónicos para seguimento e controlo dos animais, pagar uma taxa fixa por animal, e assinar uma carta de respeito pelos animais de companhia, tomando por esta via conhecimento dos seus direitos e deveres relativamente à responsabilidade de ter e cuidar de animais de companhia. Se um dado animal causa incómodos aos vizinhos, à comunidade, ou suja e perturba a via pública, bastará que o incómodo seja provado diante de um juiz de paz não totalmente destituído da faculdade de julgar, para que o dono do animal seja obrigado a resolver o problema sem atentar contra os direitos do animal em causa. É a sociedade civil que deve resolver os seus pequenos problemas. BASTA DE ESTADO A MAIS!

Os donos de animais domésticos devem organizar-se em pequenas associações (bastam 6 amigos com cães, ou gatos, para formarem uma associação de proteção dos direitos dos seus animais e dos respetivos donos) e vigiar todos os acordos que possam ser estabelecidos entre governos oportunistas e corruptos e os por vezes falsos representantes nacionais dos direitos dos animais.

A ideia peregrina de que tudo tem que ser legislado, condicionado, proibido e usurpado pela via fiscal e aduaneira é uma ameaça sem precedentes à democracia — curiosamente, com a colaboração ativa ou passiva dos partidos polítcos, que normalmente andam entretidas com fait-divers.

sábado, abril 20, 2013

Depois de Marx: cooperação



Portugal, que fazer?
The question today isn’t when robots will arrive in our offices, clinics, hospitals, farms, warehouses, and workshops—they already have. For entrepreneurs, the real opportunity now is to create robots so powerful, reliable, and affordable that every business will want one, or many — in Xconomy Forum: Robots Remake the Workplace.

Reforma social e do trabalho

O trabalho das máquinas continua a ser um recurso abundante. Estamos no fim da terceira Revolução Industrial (RI), ou até já no início da quarta RI:

  • RI-1: carvão, gás, máquinas a vapor, eletricidade, transporte ferroviário e marítimo transatlântico, expansão das cidades, saneamento básico, higiene e nascimento do proletariado industrial (diminuição do campesinato); 
  • RI-2: carvão, petróleo, gás, eletricidade, motor de combustão, transporte automóvel, aviação, expansão das cidades, do saneamento básico e da higiene, medicina pública, segurança social, estabilização do proletariado industrial e expansão dos serviços (diminuição do campesinato); 
  • RI-3: carvão, petróleo, gás, eletricidade, motor de combustão, eletrónica, computação, automação, redes sociais, expansão das cidades, do saneamento básico, da higiene, da medicina pública, e da segurança social, estabilização dos serviços (diminuição do campesinato e do proletariado industrial); 
  • RI-4: diminuição simultânea do número de trabalhadores agrícolas, industriais e de serviços e subsequente período de expansão artificial da procura pela via de múltiplos esquemas de subsídio à economia e às pessoas. Estas alavancas, keynesianas e sobretudo monetaristas da economia traduziram-se num endividamento estrutural dos países, das empresas e das famílias ocidentais, parcialmente alimentado pela exploração da mão de obra barata e praticamente sem direitos sociais dos continentes asiático, da América Central e do Sul e da África. Esta quarta grande vaga —que de momento apenas se dá a conhecer como colapso— faz ainda parte de uma civilização industrial revolucionária, como nunca existiu, baseada no uso intensivo de energias concentradas, poderosas, baratas e sobretudo não musculares. Estamos, pois, no fim da terceira fase de uma grande vaga civilizacional. Mas nada garante que outra igualmente sorridente surja imediatamente. Podemos estar condenados a mais um episódio catastrófico de destruição de forças produtivas obsoletas!
  • Devaneio soturno: o Japão fartou-se de fazer investimento público, nomeadamente na sua extraordinária rede de transporte ferroviário, e desvalorizou competitivamente o iene durante décadas a fio, e atirou os juros para valores negativos... E nada! A economia japonesa continua em deflação, em depressão, e perdendo quota de exportações todos os dias :(

    Se os autómatos tomarem conta do mundo, os humanos, ou pelo menos a sua vasta maioria, passará a viver de um rendimento mínimo, como se, no fundo, caminhássemos para uma espécie de Idade Média tecnológica. A sua produtividade será exígua quando comparada com a dos autómatos (robôs, nano-máquinas e autómatos celulares), pelo que passarão à condição de servos da gleba tecnológica.

O trabalho tornou-se, por conseguinte, um bem escasso. 


E como tal teremos que aprender a distribui-lo de forma equilibrada, enquanto não descobrirmos a maneira de superar o aperto em que todo o Ocidente desenvolvido se encontra neste momento. 

Nos EUA em apenas uma década as vendas de gasolina a retalho caíram para metade. A causa do empobrecimento é evidente.

A energia indispensável à produção industrial flui naturalmente para os novos produtores globais, e estes querem naturalmente uma parte justa do fruto do seu trabalho. Ou seja, é inevitável e justo redistribuir a riqueza mundial de acordo com regras de equidade muito mais exigentes do que as que predominaram durante boa parte do século 20. Esta redistribuição implicará inevitavelmente um empobrecimento relativo dos europeus e dos norte-americanos dos EUA e Canadá. Implicará, no essencial, o desafio de substituir sociedades consumistas por novas realidades sociais orientadas por outros valores, mais racionais, mais prudentes, mais justos, e mais solidários. Não será fácil mas não temos outra alternativa.

A economia, a sociedade e o estado portugueses estão gravemente endividados.

Pior ainda: não temos uma saída fácil para este problema. Só aceitando substituir a guerra corporativa instalada por uma estratégia de cooperação chegaremos a algum lado e evitaremos o colapso que inevitavelmente resultaria de uma reestruturação da dívida, ou seja, de uma bancarrota declarada.

O princípio básico para iniciarmos uma estratégia de cooperação e criatividade social é assentarmos, desde logo, num ponto: ninguém morrerá de fome em Portugal. Assim será garantido um rendimento mínimo social a todos os portugueses, administrado com o menor custo administrativo possível e sem intermediações oportunistas.

Este rendimento mínimo social deverá ser suportado pelo Orçamento de Estado, nomeadamente com base nas receitas das lotarias, casinos e outros jogos de azar. Tais receitas e taxas provenientes dos jogos devem ser administradas em partes iguais pelas Freguesias e IPSS. As Juntas de Freguesias devem ser a primeira estação democrática da solidariedade organizada.


Reformar o Estado
 

I
Identificar onde é indispensável e deve ser exclusiva a presença do Estado.

O Estado não deve competir com a sociedade civil, nem criar-lhe dificuldades.

Incrementar e reforçar a presença dos privados e cooperativos nas áreas da educação e cultura, da saúde, e da solidariedade social, eliminando ao mesmo tempo o excesso de intervenção governamental e partidária nestes domínios. Uma vez mais é preciso separar o que só o Estado deve e está em condições de fazer bem, do que deve caber à iniciativa dos indivíduos, das comunidades e das suas empresas e organizações cívicas.

O Estado deve supervisionar o que é do interesse público geral, mas não substituir-se à sociedade.

II
Desenvolver e estabelecer uma extensão digital da governação e do aparelho de estado convencional, desmaterializando e substituindo todas as funções por este realizadas fisicamente sempre que tal possa fazer-se em melhores condições de custo e eficácia de resultados.

Exemplos de transição e desmaterialização de processos democráticos:


— Reduzir em 30% os custos orçamentais do sistema partidário.

— Concentração de todos serviços diplomáticos portugueses existentes na União Europeia numa só sede diplomática física sediada em Bruxelas, apoiada por uma plataforma digital eficiente. Os diplomatas dispensados serão deslocados para países não europeus, e as suas posições, extintas, ao mesmo tempo que se procede a uma diminuição drástica das representações diplomáticas. Com esta medida poderão encerrar-se imediatamente vinte e sete embaixadas e umas dezenas largas consulados na Europa, ganhando-se ao mesmo tempo eficácia diplomática.

— Desenvolvimento e implementação de plataformas digitais de ensino em rede com a subsequente redução do número de professores e de instalações, ao mesmo tempo que todos os livros e manuais escolares passarão a estar gratuitamente disponíveis (uns em formato digital, e outros nos formatos físicos convencionais). Esta medida permitirá manter gratuito o ensino pré-escolar, básico e secundário, e até reduzir para metade as propinas universitárias e os escandalosos preços exigidos pelas pós-graduações.

— Desenvolvimento e implementação de plataformas digitais de saúde, nomeadamente nas áreas da prevenção, rastreio, e consultas de rotina, complementadas por serviços médicos ambulatórios motorizados tecnologicamente assistidos. Apoiar e aprofundar a racionalização em curso.
 

— Desmaterialização acelerada dos processos administrativos e burocráticos, nomeadamente nos domínios da justiça, impostos, obtenção de licenças e outras autorizações processuais — e subsequente encerramento de serviços redundantes.


Reforma fiscal

 
— O IRS deverá ser fortemente progressivo para quem ganhe mais do que 10 salários mínimos mensais, fixando-se, porém, uma taxa máxima de IRS de 50%. E deve ser regressivo para os salários inferiores a 10 salários mínimos nacionais. As pessoas que aufiram rendimentos provenientes do trabalho inferiores ao salário mínimo nacional ficarão isentos de IRS ou qualquer outro imposto sobre o trabalho.

— Implementação imediata de um imposto sobre a especulação nos mercados financeiros, com especial incidência no comércio de títulos, obrigações, câmbios e juros.
— O Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas (IRC) deve ser rigorosamente aplicado, deve ser competitivo relativamente aos demais países da Zona Euro, e as fugas ao seu pagamento, nomeadamente através da deslocalização de sociedades, grupos e sociedades gestoras de participações sociais (SGPS), deve ser fortemente penalizada.


— O IVA geral passará a ser de 24%; alguns produtos e serviços serão sujeitos a IVA reduzido: 14% na alimentação não transformada, bebidas não espirituosas e restaurantes, mas não bares; 10% nos hotéis e equiparados, artigos de farmácia, transportes de passageiros, livros, jornais e revistas, e admissões a eventos culturais e desportivos.
 

— Introdução imediata da legislação europeia favorável ao transporte ferroviário de pessoas e mercadorias, e em geral aos transportes públicos de base elétrica.

©António Cerveira Pinto
Escrito para o Partido Democrata


Última atualização: 21abr2013 15:28 WET

sexta-feira, julho 06, 2012

Finita Subúrbia

Nova Cidade do Kilamba Kiaxi - Luanda, Angola. Foto @ Facebook

Angola: estado falhado à vista? E Portugal?

O objectivo era albergar às portas de Luanda cerca de meio milhão de pessoas. Mas, até agora, o empreendimento Nova Cidade de Kilamba não passa de mais um "elefante branco" angolano construído com dinheiros chineses. Público.

Angola, um estado falhado à vista? Com certeza! Dou-lhe menos de vinte anos de vida sem grandes convulsões e fuga generalizada dos cleptocratas. Quanto ao assassínio da classe média em curso em Portugal e um pouco por toda Europa e EUA, Canadá, etc., a imagem destes subúrbios desertos é tão só uma antecipação do que sucederá aos Rios de Mouro e Clubes de Belas do nosso cantinho lusitano :(

Os velhos cascos urbanos das cidades, vilas e aldeias deste país são a próxima mina de ouro para onde a poupança minguante e a especulação (se as autarquias forem fracas e corruptas) convergirão nos próximos 20-30 anos. Esqueçam as cidades-jardim e a subúrbia inventada pelo senhor Ford para o automóvel e as Mota-Engis deste mundo, dos idos anos 50 até ao princípio do fim do Sonho Americano, desencadeado pelo colapso da sua bolha imobiliária e do seu sistema financeiro, em 2007-2008.

Apostem nas redes públicas de transporte intermodal rápido e de acesso barato, definindo anéis de viabilidade estrutural e sustentabilidade económico-financeira dos serviços (é aqui que a Subúrbia irá encolher....), com a respetiva exploração entregue a empresas privadas em regime de supervisão apertada e mão pesada para os vigaristas. A subsidiação, que será necessária, deve ser criteriosa e dirigida exclusivamente ao utente, quando se justifique e em função do seu IRS.

Multipliquem-se os quintais urbanos, a restauração social, e invista-se prioritariamente na recuperação das cinturas verdes das cidades-região e na eficiência geral, e em particular energética, das cidades.

Quanto à sobrevivência do Estado Social, veremos. Provavelmente só se aguentará reformando-o profundamente. Mas para aqui chegarmos será necessário fazer primeiro uma Grande Revolução Democrática contra os regimes demo-populistas e os partidocratas instalados.

Portugal precisa de uma revolução urbana como nunca foi feita, a começar por baixo, reforçando o poder de ação das freguesias (no país disperso, mas também, depois de concentradas, nas juntas de freguesia das principais cidades-região), em forte ligação aos serviços técnicos do Estado, que por sua vez precisam de ser revitalizados em grande escala e a toda a pressa, depois de arrumar de vez com a abusiva captura do regime, dos orçamentos públicos e do aparelho de estado, pela corja das assessorias partidárias, oriundas dos pseudo gabinetes técnicos e tubarões da advocacia pirata.

Estive esta manhã a tratar de um assunto no Gabinete do Munícipe do Porto — espécie de Loja do Cidadão municipal, limpa, arejada, moderna, amigável, com funcionários corteses e profissionais. Exemplar! É de reformadores públicos como Rui Rio que o país precisa. Honestos e sem medo de exercer a autoridade lucidamente. Será betinho, gostará de Ferraris, mas que importam esses pequenos defeitos, ou qualidades, se o principal corre sobre rodas?

CONTRADITÓRIO

Mal enviei o rascunho desta posta para a lista de privilegiados que recebem as comunicações do António Maria com alguma antecipação, a reação crítica foi pronta e  radical:

"Os dados do INE desmentem essa ideia do Rui Rio,

O Porto é um descalabro de falências e miséria, ultrapassando tudo e todos, com 2500 empresas falidas desde o primeiro semestre. Estratégia e visão são conceitos que lhe são completamente estranhos.

É cada vez mais uma cidade de luxo para ricos e que se lixem todos os outros.

Também a queda de população no Porto, desde o ministério de Rui Rio não tem igual em mais nenhuma cidade Portuguesa, penso que perdeu 10% da população em 10 anos.

Sem igual em toda a região e no resto do país.

A única zona do país com ressurgimento é a península de Setúbal, designadamente a diagonal Sesimbra, Palmela, Montijo, com crescimentos surpreendentes.

O distrito ultrapassou o de Braga, o que é de espantar.

FBC"

quinta-feira, setembro 15, 2011

Portugal dos Pequenitos - 4

Os cortes na despesa comecaram finalmente a surgir

Governo suprime 1712 lugares dirigentes na Administração Central verno suprime 1712 lugares dirigentes na Administração Central -- Publico
Boas noticias. Mas seria fundamental ir ate ao fundo da questao: se o Estado nao pode fazer tudo, nem empregar toda a gente, nem acudir a todas as nossas imperiosas necessidades, sem se afogar em dividas e sem assassinar fiscalmente a democracia, que Estado queremos ter com os meios de que efectivamente podemos dispor? Tudo gratuito para todos tornou-se uma quimera, nao apenas impossivel, mas simbolo maior da democracia populista que arruinou Portugal. Quais as prioridades que queremos e podemos pagar na saude, na educacao, na velhice? Temos que ganhar coragem para decidir!

Se para alguma coisa servem a tecnologia e as redes sociais e', nomeadamente, para operarem uma revolucao na qualidade, extensao, gratuitidade relativa e grande inovacao nas principais e mais caras responsabilidades publicas de uma democracia inteligente e honesta (em vez de populista e corrupta): a saude preventiva, curativa e paliativa, a educacao e certificaçao permanentes e a seguranca social. Faz, por exemplo, algum sentido manter o negocio absurdo dos manuais escolares que sobrecarregam anualmente os orçamentos familiares? Como este escandaloso exemplo, ha centenas ou milhares parecidos, cuja superacao com solucoes tecnologicas ha muito disponiveis fariam toda a diferenca nos orçamentos publicos e privados da nossa produtividade e competitividade economicas e culturais. Portugal seria outro se a medida hoje anunciada por Passos de Coelho, certamente pela pressao ja impaciente da Troika e dos 20 governantes independentes do actual governo, fosse mais longe e desse de facto inicio a uma reforma profunda da coisa publica portuguesa. Temos que reformar o Estado, pois so começando por aqui, reformaremos em paz a nossa democracia, infelizmente capturada por uma partidocracia indecorosa (do BE ao CDS, passando pelo Bloco Central) que nada mais tem para se gabar do que a bancarrota de Portugal!

quarta-feira, janeiro 27, 2010

Portugal 156

Orçamento vigiado - 2, um país à deriva

Ao fim de um dia de opereta, Teixeira dos Santos acabou por entregar duas "memory cards" —que a comunicação social insiste em apelidar de "pen"— à segunda figura do Estado. Passava das 10 horas da noite! E foi preciso esperar ainda uma hora mais para então se ouvir o ministro expor a tímida Proposta de Lei do Orçamento de Estado para 2010. Este cardápio sem vértebras foi certamente negociado numa mesa de credores onde pontuaram jovens executivos do FMI e das agências de rating, mas nenhuma arara da Oposição. Salvo os jogos florais destituídos de qualquer interesse, com o PSD e o CDS —que serviram basicamente para dar esperança aos empresários do regime, que alimentam o actual sistema partidário na condição de se alimentarem previamente do erário público— o governo teve efectivamente um único negociador a sério: os detentores da dívida pública portuguesa!

Ainda não tenho o documento, mas do que depreendi das palavras de Teixeira dos Santos e de alguns comentários televisivos oportunos, o ponto de negociação a que se chegou será provavelmente insuficiente para enganar os mercados, e acabará por dar maus resultados, agravando nomeadamente o preço do dinheiro que todos os dias pedimos emprestado ao estrangeiro para financiar o nosso desmiolado estilo de vida. Paradoxalmente, a previsível subida dos spreads na contratação de futuros empréstimos bancários nas praças internacionais (uma subida paulatina que pode ser imparável durante 2010, 2011, 2012...), mais a subida dos seguros dos títulos da nossa dívida pública (os famosos CDSCredit Default Swaps), acabarão por estrangular de tal forma a nossa economia que a mesma acabará eventualmente por entrar nos eixos das chamadas boas contas. Quanto mais tarde este abanão ocorrer maior será a destruição. E uma das coisas que poderá colapsar no decurso das colisões que se avizinham é o próprio sistema político-partidário actual. Se for esta a consequência futura da cobardia dos decisores e representantes político-partidários que temos, então talvez deva aprovar as contas do merceeiro manhoso que nos saiu na rifa das Finanças!

Vai haver, apesar de tudo, um apertão na Função Pública, e muita agitação por causa do anunciado congelamento de vencimentos. Vai haver, ao contrário do que as histéricas sirenes das agências piratas de comunicação gritaram todo o dia, um adiamento da maioria dos grandes investimentos públicos, incluindo o super aeromoscas de Alcochete (um buraco anunciado 100 vezes maior do que o de Beja, ainda sem data de inauguração, apesar de pronto desde Junho passado!) Mesmo as privatizações da ANA, TAP, INAPA e REN deverão evoluir a passo de caracol, até que o próximo governo, com a corda ao pescoço e a rebelião das massas nas ruas, dê o dito por não dito. Apenas a linha de Alta Velocidade ferroviária entre Caia e Poceirão (ou Pinhal Novo, ou mesmo Campo Grande) cumprirá aproximadamente os prazos previstos.

E por aqui me fico, até ler o miolo da famosa "pen" que tardou um dia inteiro a percorrer a 24 de Julho, entre o Terreiro do Paço e São Bento.


OAM 677 — 27 Jan 2010 02:33

domingo, outubro 19, 2008

Crise Global 40

Orçamento acrobático

Orçamento de Estado de 2009 reserva por junto e atacado, na rubrica "Passivos Contingentes", mais de duas vezes e meia o montante cativado para avales nos últimos oito anos. Para financiar, pela porta do cavalo, a Tríade de Macau, os agarrados do betão, e o BES (1)?

José Sócrates: Garantia de 20 mil milhões não é "para ajudar a banca"

Loures, 18 Out (Lusa) - O primeiro-ministro afirmou hoje que a lei que permite a concessão extraordinária de garantias à banca até 20 mil milhões de euros não é "para ajudar a banca", mas sim para "servir a economia e as famílias".

"O que nós fizemos não foi para ajudar os bancos, foi assegurar que existe dinheiro nos bancos para servir a nossa economia e as famílias", afirmou José Sócrates, na abertura de um plenário de militantes do PS, em Loures, para apresentar o Orçamento do Estado de 2009.

Esta é a resposta de José Sócrates às críticas do PCP e do Bloco de Esquerda que na quinta-feira, dia em que a lei foi debatida no Parlamento, acusaram o Governo de querer ajudar a banca, naquele que é "o maior pacote financeiro da história".

"A escassez de crédito que estávamos a viver estava a pôr em causa o investimento das empresas e o crédito às famílias", justificou José Sócrates, referindo-se à lei, aprovada quinta-feira na Assembleia da República. -- Notícias/Sapo/Lusa.

No período de 2001 a 2008, ao abrigo da rubrica "Passivos contingentes: Avales Concedidos e Dívidas Garantidas", do Orçamento português, foram autorizadas garantias pessoais do Estado sob a forma de fiança no montante total de 7736 milhões de euros (p.179 OE2009 - Relatório, Outubro 2008). Em oito anos e por junto o Estado assumiu o papel de fiador de "passivos contingentes" duas vezes e meia inferiores ao valor inscrito no OE2009 - Relatório, Outubro 2008, ou seja, 20 mil milhões de euros (2).

Sabendo-se que apenas conseguimos ver a ponta do icebergue da actual crise sistémica (3), pareceria da mais elementar prudência considerar a hipótese de o "passivo contingente" da banca e demais instituições financeiras nacionais se transformar numa catastrófica realidade. E neste caso, teríamos que considerar os impactos que o aumento da dívida orçamental para qualquer coisa como 13,84% do PIB (4,6 vezes acima da percentagem tolerada pelo Pacto de Estabilidade) teria na viabilidade económica, social e política do país. A dívida pública previsível subiria então para 131 176,9 milhões de euros, i.e. 75,53% do PIB, ou 9 meses inteiros do Produto capturados por um incontrolável buraco negro estatal (4).

Em tal hipótese, o risco de crédito à República Portuguesa, actualmente classificado pela agência de "rating" Fitch Ratings, como AA (mas não como AAA), poderia degradar-se rapidamente, passando a risco A ou coisa pior.

Na p.170 do OE2009 - Relatório, Outubro 2008, ficamos a saber que a "dívida pública apurada" de acordo com o Procedimento dos Défices Excessivos deverá ascender, no final de 2008, a 109 005,8 milhões de euros, i.e. 64,8% do PIB. E na p.172 descobrimos que a "Estrutura da Dívida Directa do Estado" na óptica da Contabilidade Pública corresponde, em 2008, a 118 066 milhões e euros, i.e. 70,1% do PIB.

As necessidades brutas de financiamento da dívida em 2008 são de 33 394 milhões de euros, mais 5 700 milhões que em 2007. Como se vê, o endividamento colectivo de Portugal caminha exponencialmente na razão inversa da sua produtividade e do seu crescimento.

O modo ligeiro como o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, e o papa-léguas da propaganda, José Sócrates, escamoteiam o perigo real deste potencial despiste financeiro, só tem paralelo na falta de lucidez e na demagogia doentia das Oposições parlamentares. A "Esquerda" pede mais dinheiro e mais emprego, sabendo perfeitamente que não vai haver nem uma coisa nem outra; o fantasma de Portas delira com ex-combatentes; e Manuela Ferreira Leite, entalada entre o desembolado de Gaia, o animal da 24 de Julho e o antigo pirata da Goldman Sachs, bem pode despedir-se da política, pois já não tem energia para liderar a descolagem do PPD do PSD -- que acabará por ocorrer na mesma.

Como escrevi em artigo anterior (Melhor Estado!):
A dívida pública portuguesa é a 24ª mais alta do planeta, correspondendo a mais de 60% do PIB. Por outro lado, a totalidade da dívida pública e privada acumulada, em 31 de Dezembro de 2007, atingia o extraordinário montante de 461 200 milhões de dólares, ou seja, 198,5% do PIB.
Portugal é o 20º país mais endividado entre 199 economias analisadas pela CIA. Em percentagem do PIB, encontra-se bem pior do que o maior devedor do planeta: os Estados Unidos. O valor astronómico da dívida americana corresponde, por agora, a 88,8% do respectivo PIB. Já a dívida acumulada portuguesa chega quase aos 200% do nosso produto interno bruto! Isto significa, muito simplesmente, que qualquer aumento do endividamento português agrava exponencialmente os nossos problemas futuros, e não pode, por isso, ser decidido de ânimo leve. A dívida portuguesa deve ser mais e melhor divulgada junto da opinião pública e deve ser objecto de uma gestão democrática transparente.

É por esta ordem de razões que condeno a ligeireza de linguagem do governo Sócrates e das vozes gastas da Oposição. Portugal está numa encruzilhada escorregadia. Precisamos de números transparentes e assíduos, prestados pelo Governo, e não arrancados em horas de pesquisa aturada à informação dispersa existente. As prioridades do PIDDAC -- Investigação científica e tecnológica e inovação=677,0 M€ (+16,7%); Transportes=657,2 M€ (16,2%); Agricultura e Desenvolvimento Rural=612,0 M€ (15,1%); Modernização e Internacionalização da Economia=549,3 M€ (13,5%) --, que em tese parecem acertadas, necessitam, porém, de informação suplementar e transparente sobre os projectos concretos. Por exemplo, para onde vai o dinheiro dos Transportes? 400,4 M€ do OE+256,8M€ do QREN não chegam para mandar construir coisa alguma, quanto mais dar início a obras aeroportuárias, ferroviárias, portuárias e autoestradas. Se assim é, qual o destino de tão avultada soma, apesar de insuficiente para obra concreta? Para mais apresentações multimédia e exposições inconsequentes, continuando a alimentar a irresponsável indústria de estudos e pareceres em que a nomenclatura deste país se especializou(5)? Para alimentar a vaca leiteira da REFER, o maior escândalo de incompetência e desperdício públicos? Queremos saber!

"Cerca de 80% das empresas portuguesas têm uma matéria colectável igual ou inferior a 12 500 euros/ano" (OE2009, p.4). Reduzir para metade o correspondente IRC é uma medida acertada (embora sem grande expressão contabilística.) Mas seria necessário estender a estas empresas, bem como aos cidadãos em geral, um esquema melhor pensado do que o proposto para lidar com a actual crise. Reduzir o número crescente das execuções através do esquema da substituição dos contratos de hipoteca por contratos de arrendamento especiais, é uma hipótese interessante perante a adversidade de perder uma casa, mas há outra que, no meu entender, seria juridicamente mais elegante, correcta e moral: prolongar os prazos dos empréstimos, que em geral são de 15 e 20 anos, para os 25, 30 e mesmo 40 anos. Não é isso que o Coelho quer para o negócio da Liscont em Alcântara? E não foi isso que este capturado governo de maioria lhe deu sem qualquer concurso público, nem explicação? Um pouco mais de equidade sempre foi a melhor forma de evitar revoluções!

Finalmente uma observação sobre os cenários internacionais(6) em 2009.

O governo toma como boas as seguintes previsões:
  • Preço spot do petróleo Brent (Dólares por barril) = 97,30
  • Taxa de câmbio euro... USD = 1,38
  • Taxa de inflação = 2,0
E se o euro se posicionar nos 1,75 USD, como prevê o GEAB (7), que acontecerá ao preço do petróleo? E às exportações para fora da zona Euro, nomeadamente Angola, Brasil e Venezuela? Haverá um afluxo de dólares reciclados à Europa? De momento as coisas parecem condenadas a piorar mais nos Estados Unidos do que na União Europeia. Se for o caso, os deuses continuarão a transportar José Sócrates para um segundo mandato confortável. Mas se a correia do crédito mundial continuar parada, e o grande buraco negro dos Derivados continuar a sugar a liquidez americana e europeia, então espera-nos uma longa depressão, face à qual o Orçamento de Estado para 2009 será em breve letra morta. Ninguém o deseja, mas temos que estar preparados. E ao que parece, a nomenclatura político-partidária que nos governa e desgoverna, manifestamente não está.


ÚLTIMA HORA - Governo alemão impõe tutela da política de negócios a bancos que recorram a plano de salvamento
20.10.2008 - 10h38 Lusa (Público) Os bancos que recorrerem ao plano de salvamento do Governo alemão terão de aceitar intervenções na política de negócios e de remunerações dos gestores, e pagar taxas por garantias ou injecções de capital, foi hoje anunciado em Berlim.

Comentário deixado no Público: Se o governo democrata-cristão de Berlim não dá boleias à banca, como vão agir os nossos "socialistas"? Deixar os bancos pedir dinheiro à vontade no mercado internacional, com o aval dos contribuintes portugueses, para depois enfiar os euros no c... do Coelho, da Mota-Engil, do BES Imobiliário e quejandos, dando seguimento ao lunático plano de grandes obras do socratintas e da Tríade de Macau? A perspectiva mais realista do sistema financeiro nacional é a falência anunciada de alguns bancos. Para salvá-los vão ser necessárias fusões e absorções. Avales para quê? Se um banco nacional recorrer ao Estado como fiador, deve admiti-lo de imediato como accionista interventor, ainda que temporário. Assim, quando o Estado se retirar, venderá as suas participações e ganhará algum. Por outro lado, impedirá que os ratos em fuga arruínem o país!


NOTAS
  1. “Governo vai ter de recuar na construção das estradas” -- Alexandre Relvas

    20-10-2008 (Diário Económico)
    Diário Económico - Ontem o ministro Mário Lino dizia que não existe investimento aprovado pela banca que seja viável.
    Alexandre Relvas - A questão são as garantias e avales do Estado. Concordo com Eduardo Catroga que diz que destes investimentos só deviam ser realizados os que não exigem garantias ou avales do Estado. Todos os outros devem ser repensados. Estou certo que o Governo vai recuar.

  2. Relatório do Orçamento de Estado 2009 (Outubro 2008)/ Necessidades e Fontes de Financiamento do Estado - 2009 (*)

    As necessidades líquidas de financiamento deverão atingir 5,5 mil milhões de euros em 2009, valor inferior em 512 milhões de euros em comparação com o ano anterior, evolução que vai ao encontro dos objectivos de consolidação das finanças públicas inscritos no Programa de Estabilidade e Crescimento.

    (*) Sem prejuízo dos valores acima explicitados, o Governo está autorizado a emitir dívida pública até ao limite global de 20 000 milhões de euros destinados à Iniciativa para o Reforço da Estabilidade Financeira. - (OE2009 - Relatório, Outubro 2008; p.178)

    ...

    Iniciativa para o Reforço da Estabilidade Financeira

    O Governo aprovou, uma iniciativa para o reforço da estabilidade financeira, das condições de liquidez nos mercados financeiros e da solidez financeira das Instituições de crédito, a qual se traduz na concessão de uma garantia do Estado até 20 mil milhões de euros destinada a assegurar o cumprimento das obrigações das instituições de crédito no âmbito das suas operações de financiamento ou refinanciamento.

    Esta iniciativa tem um carácter temporário, incidindo sobre garantias a conceder até 31 de Dezembro de 2009 e manter-se-à apenas enquanto, e na medida em que, as condições de mercado o justificarem. De salientar que a iniciativa é aberta a todas as instituições sedeadas em Portugal, e visa salvaguardar os interesses fundamentais dos depositantes, dos contribuintes, da regularidade do financiamento da economia e da concorrência.

    Para o efeito, o Governo aprovou a Proposta de lei, a apresentar de imediato à Assembleia da República, prevendo um regime excepcional de concessão extraordinária de garantias pessoais pelo Estado. -- (OE2009; p.179)

    ... segundo o Governo, esta iniciativa, aprovada em Conselho de Ministros, de 12 de Outubro de 2008, ocorre no âmbito de iniciativas similares de outros Estados membros da União Europeia e concretiza os compromissos assumidos na reunião do Conselho ECOFIN do passado dia 7 de Outubro. -- (Portal do Cidadão)

  3. Ver Mapa da crise financeira mundial (BBC)

  4. Repensemos os grandes projectos de investimento público
    Luís Campos e Cunha

    17-10-2008 (Público). O que interessa para a melhoria do nosso bem-estar não é o crescimento do PIB, mas do Rendimento Nacional Bruto (RNB). Basicamente, a diferença entre o PIB e o RNB é a balança de rendimentos com o exterior. Esta tem sido negativa, o que leva a que o RNB, que nos interessa, esteja sempre abaixo do PIB. Mas, mais importante, a dita balança está cada vez mais negativa, o que quer dizer -- mais grave ainda -- que o crescimento do RNB é mais baixo do que o crescimento do PIB, que, por sua vez, já muito anémico, diga-se.

  5. Governo vai gastar 167,7 milhões de euros em estudos

    19-10-2008 (DN de Lisboa/Rudolfo Rebelo). Em estudos, projectos e pareceres encomendados a gabinetes de advogados, de engenharia e consultores privados, o Governo vai gastar 167,7 milhões de euros em 2009, de acordo com o Orçamento do Estado ontem divulgado. No total, o Executivo vai gastar com compras de serviços aos privados mais de 1,257 mil milhões de euros, pouco mais de 0,7% do PIB previsto para o próximo ano, um acréscimo de 4,8%, bem acima do crescimento nominal da economia.

  6. Mundo enfrenta risco severo de desastre financeiro e de depressão
    Nouriel Roubini

    A crise foi causada pela maior bolha de activos alavancados e a maior bolha de crédito na história da humanidade, onde a excessiva alavancagem e as bolhas não se limitaram ao imobiliário nos EUA, mas também ao imobiliário em muitos outros países e à excessiva tomada de empréstimos por instituições financeiras e alguns segmentos do sector empresarial e do sector público em muitas e diferentes economias: uma bolha do imobiliário, uma bolha hipotecária, uma bolha de capital, uma bolha de títulos, uma bolha de crédito, uma bolha de matérias-primas, uma bolha de fundos de risco, todas elas a estourar ao mesmo tempo, na maior desalavancagem do sector real e do sector financeiro desde a Grande Depressão.

    Neste momento, o comboio da recessão já saiu da estação; o comboio da crise financeira e bancária também saiu da estação. A ilusão de que a contracção dos EUA e das economias avançadas seria curta e superficial - uma recessão de seis meses em forma de V - foi substituída pela certeza de que será uma longa e prolongada recessão em forma de U, que pode durar pelo menos dois anos nos EUA e perto de dois anos na maioria do resto do mundo. E, dados os riscos crescentes de um desastre financeiro sistémico global, a probabilidade de que o resultado possa ser uma década de recessão em forma de longo L - como a que viveu o Japão depois do estouro da sua bolha de imobiliário e de património líquido - não pode ser descartada.

    ...

    Quando os mercados estão claramente no caminho da venda excessiva, e mesmo as mais radicais acções políticas não trazem recuperação ou alívio aos participantes do mercado, sabemos que estamos a um passo de um crack de mercado e de um colapso dos sectores financeiro e empresarial. Um círculo vicioso de desalavancagem, colapsos de activos, quedas em cascata dos preços dos activos muito abaixo dos fundamentos, e o pânico já estão a caminho.

    Neste ponto, já foram feitos danos severos e não se pode descartar um colapso sistémico e uma depressão global. Vai ser necessária uma mudança significativa de liderança da política económica e acções políticas coordenadas muito radicais, entre todas as economias avançadas e de mercados emergentes para evitar este desastre económico e financeiro. Medidas necessárias, urgentes e imediatas, que precisam ser tomadas globalmente (com algumas variantes em diversos países, de acordo com a severidade do problema e os recursos globais disponíveis aos governos) incluem:

    - Outra rodada rápida de cortes de taxas de juros na ordem de pelo menos 150 pontos base, em média, globalmente;

    - Uma garantia temporária de todos os depósitos, enquanto se faz uma triagem entre instituições insolventes que precisam de ser fechadas e instituições combalidas mas solventes que precisam ser parcialmente nacionalizadas com injecções de capital público;

    - Uma redução rápida dos encargos da dívida das famílias insolventes, através de um congelamento temporário de todas as execuções de hipotecas;

    - Fornecimento maciço e ilimitado de liquidez às instituições financeiras solventes;

    - Provisão pública de crédito às partes solventes do sector empresarial para evitar uma crise de refinanciamento de dívida de curto prazo das empresas e das pequenas empresas solventes mas sem liquidez;

    - Planos de estímulo fiscal maciço do governo que incluam obras públicas, gastos em infraestruturas, benefícios aos desempregados, redução de impostos às famílias de baixos rendimentos e fornecimento de fundos aos governos locais e estados carentes;

    - Resolução rápida dos problemas bancários através de uma triagem, da recapitalização das instituições financeiras e da redução dos encargos da dívida de famílias e tomadores de empréstimo em dificuldades;

    - Um acordo entre países credores que têm superavits de conta corrente e países devedores com défices de conta corrente para manter um financiamento ordenado dos défices e uma reciclagem dos superavits dos credores, para evitar um ajuste desordenado destes desequilíbrios. (Tradução de Luís Leiria - PDF).

  7. GEAB - Global systemic crisis Alert - Summer 2009

    The US government defaults on its debt In this 28th edition of the GEAB, LEAP/E2020 has decided to launch a new global systemic crisis alert. Indeed our researchers anticipate that, before next summer 2009, the US government will default and be prevented to pay back its creditors (holders of US Treasury Bonds, of Fanny May and Freddy Mac shares, etc.). Of course such a bankruptcy will provoke some very negative outcome for all USD- denominated asset holders. According to our team, the period that will then begin should be conducive to the setting up of a « new Dollar » to remedy the problem of default and of induced massive capital drain from the US. The process will result from the following five factors studied in detail further in this GEAB:

    • The recent upward trend of the US Dollar is a direct and temporary consequence of the collapse of stock markets
    • Thanks to its recent « political baptism », the Euro becomes a credible « safe haven » value and therefore provides a « crisis » alternative to the US dollar
    • The US public debt is now swelling uncontrollably
    • The ongoing collapse of US real economy prevents from finding an alternative solution to the country's defaulting
    • « Strong inflation or hyper-inflation in the US in 2009? », that is the only question.

    Global Europe Antecipation Bulletin

OAM 461 19-10-2008 02:10 (última actualização: 12:41)

domingo, setembro 02, 2007

ETA

Pichagem da ETA
E se ocorrer um atentado em Portugal?

As autoridades espanholas pediram colaboração ao nosso país para investigar a existência de possíveis células da ETA em Portugal (1). Para tal, querem enviar polícias e juízes para o território português, a pretexto de uma maior eficácia na perseguição de militantes daquela organização separatista basca, cuja violência é de todos conhecida.

Um longo status quo foi assim e repentinamente posto em causa, causando grande surpresa e hesitação nas autoridades portuguesas, ao mesmo tempo que apanhou o governo de José Sócrates completamente distraído e atrapalhado nos seus afazeres europeus, ou seja, de calças nas mãos.

E percebe-se porquê. A Espanha, que tem demonstrado uma teimosa incapacidade de lidar com o problema basco, e em geral com a candente questão das suas autonomias regionais, lançando sinais intermitentemente contraditórios sobre aquele que é o mais importante desafio à sua efectiva integridade política enquanto estado da União Europeia, decide meter o país irmão ao barulho sem que nada de verdadeiramente substancial aponte para a quebra da regra de não abuso da hospitalidade portuguesa (2), oferecida desde sempre a todos os que nos visitam. A ETA dispõe de bases operacionais em Portugal? Nós não sabemos de nada! O governo de Zapatero dispõe de informação privilegiada sobre o assunto? Então porque não comunicou, pelas vias adequadas, os factos que conhece às autoridades portuguesas? Não esperava francamente de José Luis Zapatero esta manobra de diversão para consumo interno e embaraço nosso! Ou será que anda por aí uma marosca mais séria e preocupante? Talvez o Saramago saiba responder...

Sejamos claros: a ETA é considerada pelos Estados Unidos, pela União Europeia e pela Espanha uma organização terrorista. A dita considera-se a si mesma uma organização nacionalista e patriótica de natureza paramilitar. Eu considero-a uma organização simultaneamente terrorista e nacionalista. Tal como nacionalistas e terroristas foram, pelo menos durante parte dos seus percursos de luta guerrilheira, os movimentos que pegaram em armas contra o colonialismo francês na Indochina e na Argélia, ou contra o que restava do império português no início da década de 1960.

O terrorismo é sempre condenável, venha de onde vier e seja em nome de que causa for. Sempre pensei assim, e por isso condeno as práticas infelizmente muito generalizadas da chamada guerra assimétrica, nomeadamente por parte da actual potência hegemónica, os Estados Unidos, que a tem difundido em todos os cantos do planeta onde não pode agir abertamente. A diferença entre o terrorismo de Estado e o terrorismo nacionalista é que o primeiro é secreto, dissimulado e emprega a vanguarda das tecnologias do horror (de primeira geração), enquanto o segundo é público, assume abertamente uma causa (boa ou má) e socorre-se de tecnologias pouco sofisticadas (ou de segunda e terceira geração.) A semelhança é que ambos são intoleráveis demonstrações de barbárie, i.e. meios que nenhum fim justifica, apesar de corresponderem a velhas fórmulas de enfrentamento humano violento. Neste sentido, sou solidário com as vítimas da ETA, sou contra a ETA e espero que a Espanha consiga encontrar uma solução equilibrada e sobretudo inteligente para um problema que se afigura, pelo menos por agora, sem fim... A ninguém interessa já uma balcanização da Espanha. Não interessa aos Estados Unidos, não interessa ao Reino Unido, não interessa à França e muito menos interessa a Portugal. Não há, por conseguinte, motivos para que Madrid continue a alimentar a síndrome da perseguição relativamente a esta questão. Está nas suas mãos prosseguir eternamente um conflito de baixa intensidade contra a ETA, ou resolver politicamente o problema a partir de uma visão mais ampla do futuro europeu. O Reino Unido da Espanha poderia muito bem ser constituído por uma federação de estados solidários. Creio que todos ganhariam.

O País Basco, como a Catalunha e a Galiza, onde existem nações fortes e bem mais antigas do que a Espanha católica e castelhana, aspiram porventura a um Estado democrático e federal. Os escoceses, os irlandeses e os kosovares não deixam de ter sonhos semelhantes. Podemos condená-los por isso? Até que ponto a ETA não acaba por ser, nesta perspectiva, a tonta útil da teimosia centralista castelhana? As recentes afirmações de Zapatero sobre a nova rede de alta velocidade ferroviária como o verdadeiro e eficaz instrumento da unidade da Espanha, não acabarão por ser contraproducentes para o seu país e indelicadas para Portugal?

Mas voltemos à inaceitável proposta de instalação, ainda que temporária, de delegações policiais e judiciárias espanholas no nosso país. As autoridades portuguesas prestarão sempre (como sempre prestaram) toda a ajuda possível às autoridades espanholas na perseguição de pessoas ou organizações que tenham cometidos crimes, nomeadamente condenáveis à luz das convenções bélicas internacionais, e que porventura se tenham refugiado no nosso país, desde que para tal sejam solicitadas. Não faz qualquer sentido que outro país nos impinja uma ajuda não solicitada! Se amanhã a ETA resolver realizar um atentado terrorista em Portugal (3), os nossos polícias e juízes não pensam instalar-se no território espanhol, mas antes solicitar às autoridades do país vizinho que localizem e extraditem para julgamento os autores do putativo atentado.

Não devemos colocar a carroça à frente dos bois. Nem deixar que outros o façam!



Notas

1) Ver notícia no El PAÍS: Link 1, Link 2

2) Portugal sempre acolheu refugiados e sempre deixou passar por cá protagonistas de guerras e trapalhadas criminais alheias. É uma espécie de Suiça dos espiões, guerrilheiros e escroques de toda a espécie (salvo a terrorista mais assanhada.) Portugal e Espanha são hoje os grandes camelôs do contrabando de tabaco e drogas para o resto da Europa (daí vem boa parte da sua inexplicável prosperidade.) A Espanha, além do mais, tornou-se numa gigantesca máquina de lavar dinheiro negro, que canaliza em grande parte para a destruição imobiliária do próprio país e daz zonas que influencia. Em suma, ambos os países têm quintas e quintais obscuros que convém não remexer demasiado. Há assuntos que não devem ser tratados na praça pública, sob pena de se perturbar um vespeiro cuja agitação pode tornar-se letal.

3) Esta suposição é meramente retórica, pois a ETA age segundo uma racionalidade clara, que obviamente não passa por provocar, nem enfrentar, quem não pertence ao seu teatro de guerra.



OAM #235 02 SET 2007

sexta-feira, agosto 03, 2007

Desastres

Aspecto dos corredores do Hospital Clínico de Barcelona. Fonte: EFE

O Estado necessário

No dia 1 de Agosto de 2007 uma ponte com 8 faixas de rodagem situada à entrada da cidade de Minneapolis, no estado norte-americano do Minnesota, colapsou, arrastando para o meio do rio que atravessa, cerca de 50 veículos. Morreram provavelmente mais de 30 pessoas neste desastre. Tal como no caso da ponte de Entre-os-Rios (que colapsou em 5 de Março de 2001, matando 70 portugueses), relatórios técnicos apontaram para problemas de manutenção e fadiga de materiais. No caso da ponte do Minneapolis, tais problemas foram ainda agravados por problemas estruturais de concepção, conhecidos dos administradores das autoestradas da região (entretanto demitidos.) As pontes americanas, outrora o orgulho de toda uma engenharia pioneira, precisam de um investimento em manutenção na ordem dos 9 mil milhões de USD durante 20 anos. O investimento, porém, não tem ido além dos 2 mil milhões...

Os apagões eléctricos repetem-se um pouco por todo o mundo, sendo mesmo diários, semanais ou mensais em alguns países africanos e da América Latina. Porém, os casos bem vivos na nossa memória ocidental e europeia, do chamado Northeast Blackout of 2003 (ver OAM de 16-08-2003), do apagão italiano do mesmo ano e ainda do que há precisamente uma semana tirou a luz a mais de 10 mil habitantes da cidade e área metropolitana de Barcelona, durante, pelo menos, dois dias, demonstram que o problema deixou de ser uma mazela do Terceiro Mundo, e ameaça tornar-se um escândalo crescente nas sociedades ditas ocidentais, democráticas e desenvolvidas.

A tragédia ocorrida no aeroporto de Congonhas, no passado dia 17 de Julho, da qual resultaram 200 vítimas mortais, não foi resultado de um erro humano, mas sim o resultado de uma acumulação de erros, ineficiências acumuladas e de uma enorme irresponsabilidade política por parte das autoridades brasileiras (de que resultaram aliás a demissão do ministro da defesa do país e a própria interdição do aeroporto.)

O possível colapso da economia estado-unidense, provocado pela acumulação criminosa de todos os défices que um país pode contrair (comercial, de pagamentos e público), e de que a implosão do sector imobiliário (e a provável falência de muitos fundos de pensões e seguros de saúde) é a manifestação mais imediata, dramática e preocupante, encontra-se de momento semi-estancado (numa espécie de Unidade de Cuidados Intensivos) pelo conjunto das demais economias fortes do planeta (sobretudo China, Europa e Japão), as quais temem pelas consequências económicas (1), e sobretudo político-militares, de um cenário de derrocada súbita da nota verde. A resposta até agora desenhada pelos estrategas mais agressivos dos EUA tem passado por uma desestabilização geo-estrtatégica sem precedentes do mundo actual, destinada a fazer funcionar a única indústria que ainda parece residir no território norte-americano: a indústria da morte tecnológica sistemática e em massa. A venda de mais de 60 mil milhões de dólares de armamento a Israel, Arábia Saudita, Egipto e outros países amigos naquela que continua a ser a mais rica plataforma petrolífera do planeta, mostra até que ponto os Estados Unidos são, de facto, e talvez por necessidade estratégica, os principais, se não únicos, responsáveis pela corrida armamentista iniciada sob o pretexto da ameaça terrorista mundial e o perigo iraniano.

Como se tudo isto não fossem notícias suficientes de um Verão abrasador (os efeitos na Roménia, Grécia e Itália têm sido tremendos), temos a Europa (nomeadamente o Reino Unido) e o Sul da Ásia (20 milhões de deslocados pelas cheias na India, Nepal, Bangladesh) a registar chuvas e inundações sem precedentes, ao mesmo tempo que uma seca milenar afecta gravemente a Austrália, e os mais devastadores incêndios de que há memória assolam a Europa e as Canárias.

Nos aeroportos portugueses e em muitos outros, perdem-se bagagens por causa da completa irresponsabilidade de empresas como a Groundforce, certamente mais preocupada com a globalização da empresa-mãe, a Globália, do que com o vexame de quem protesta junta dos balcões incompetentes da TAP e da ANA.

Um apagão informático, causado pela ineficiência da Portugal Telecom, deixou 600 caixas Multibanco da grande Lisboa inoperacionais, entre as 11 e as 17 horas do dia 1 de Agosto, i.e. quando milhares de alfacinhas se preparavam para ir de férias!

Desgraçados, em suma, os que cairem na tentação de firmar um contrato por telefone com a TV Cabo ou qualquer outra grande empresa portuguesa. Sem saberem como, compram o que não sabem, e o que não querem, e depois, mesmo quando é patente o logro em que cairam (o serviço prometido não funciona, o preço não foi bem explicado, etc...), para anularem o contrato que tão facilmente "assinaram" de boca, vão ter que passar as passas do Algarve. Por telefone, nem pensar! Ninguém lhes aceita reclamações ou anulações de contrato. Por e-mail, também não. Só por fax (coisa que já ninguém usa, como toda a gente sabe), ou por carta registada. E depois, o mais provável, é continuarem a pagar o que não querem e o que não funciona, até que a kafkiana máquina de uma qualquer destas corporações cotadas em bolsa resolva, enfim, atender devidamente os protestos.

A globalização, apesar da euforia propagandística das agências de comunicação e da publicidade (que vendem a alma ao Diabo a cada segundo que passa), começou a estrebuchar. O sintoma mais evidente é este: como apenas vive da especulação bolsista, sabe cada vez menos de produtos e interessa-se cada vez menos pelos ditos, deixando-os apodrecer, e deixando ao cuidado dos seus poderosos exércitos de advogados corruptos a tarefa de litigarem com os desgraçados consumidores.

Mas a prova de que as coisas podem começar a mudar está não apenas na posição do governo espanhol face aos provedores responsáveis pelo apagão de Barcelona, mas também no modo como as autoridades policiais e judiciárias norte-americanas lidaram com o cartel promovido pela British Airways para expoliar (desde 2004) os passageiros e empresas que recorriam ao seus serviços, através de sobretaxas combinadas com outras companhais aéreas (nomeadamente a Virgin Atlantic.) Surpreendentemente apanhado pelas malhas da investigação policial norte-americana, o principal operador aéreo de sua Magestade não só se expôs a um ridículo de proporções planetárias como espera uma multa de 350 milhões de Libras Esterlinas.

Em Portugal, a decisão sem precedentes da Autoridade da Concorrência, de multar em 38 milhões de Euros a PT Comunicações, do grupo Portugal Telecom, por abuso de posição dominante, chega igualmente em boa hora. A contestação que a PT pretende mover contra a AdC não passa de um erro de miopia que acabará por pagar caro.

De uma forma ou de outra a cidadania vai começar a reagir ao descalabro da especulação financeira generalizada, começando por desmascarar e condenar publicamente os sórdidos conluios entre a imbecilidade política e a lógica autofágica da globalização. Talvez seja bom os governos democráticos começarem a perceber que a festa está mesmo prestes a terminar. Ponham as barbas de molho e comportem-se!

O Estado Providência faliu e em seu lugar emergiu, sob o alto patrocínio das corporações virtuais do Capitalismo, aquilo a que um arguto e preocupado pensador conservador português (Prof. Adriano Moreira) chamou "Estado exíguo" - quer dizer, Estado incapaz, impotente, subjugado e tendencialmente corrupto. A esta espécie de liquefacção dos sistemas democráticos de poder, e dos próprios estados e nações, que ameaça a própria sobrevivência das tipologias racionais e jurídico-legais herdadas da Mesopotâmia, da Grécia, de Roma e das tradições judaica, cristã e muçulmana, entre outras, precisamos de opor a ideia de um Estado necessário, nem mínimo, nem providencial; apenas atento, suficiente, fiável, fraterno, inteligente, justo e dotado de uma racionalidade democrática seminal. Um Estado acima dos governos que o devem respeitar e servir em nome, não apenas da vontade popular que os elege, mas sempre e também do interesse geral.

Actualizado em 07-08-2007



Post scriptum - Um surto de Febre Aftosa acaba de ser detectado no Sul do Reino Unido, obrigando Gordon Brown a regressar de férias. BBC online 03-08-2007.

Notas

1) Se uma pessoa ficar sem emprego e deixar de poder pagar a hipoteca da sua casa, o mais provável é que fique sem ela e sem o dinheiro que lá enterrou. Isto é, na rua! Se este drama se multiplicar por milhares, ou centos de milhar de casos (por efeito do desemprego crescente, da falta de criação de novos empregos, da quebra do poder de compra, da falência e fechos de empresas e, finalmente, de uma subida das taxas de juro), os bancos que emprestaram o dinheiro de forma aventureira (é o caso dos famosos empréstimos de 2ª categoria --subprime--, onde muito investimento especulativo --hedge funds-- foi realizado ao longo da última década), entram num beco cuja saída mais comum é a falência. Foi o que aconteceu já a várias entidades norte-americanas, abraços com mais de 2 milhões de hipotecas incobráveis (ConsumerAffairs), e acaba de ocorrer ao banco alemão IKB, a quem, para evitar a inevitável falência, foi concedido um empréstimo de 8100 milhões de euros. Este empréstimo foi realizado na sequênia de uma intervenção política directa do governo alemão, através do banco público KfW, em consórcio com algumas grandes instituições bancárias europeias: Crédit Suisse, Société Générale, Barclays, BNP Paribás e Deutsche Bank. A ameaça de derrocada do sistema financeiro mundial ("crise sistémica"), muito por causa das suas próprias filosofias especulativas, e no imediato, do historial de verdadeira pirataria político-financeira dos EUA, é conhecida desde, pelo menos, Fevereiro de 2006 (embora só muito tarde e a más horas os média convencionais tivessem começado a fazer-se eco do problema real que temos entre mãos --sabe-se lá porquê!!). Não se percebe, em toda esta trapalhada, porque deve o cidadão que deixa de pagar as prestações da casa que comprou e hipotecou, ficar sem a mesma, quando o banco que especulou e foi à falência merece um segunda oportunidade. Dirão os hipócritas, que é para salvar o sistema financeiro! Eu diria que a razão é outra: trata-se de assegurar que o dito banco falido possa continuar a espoliar os seus clientes das casas que deixaram de pagar, salvando assim a lógica especulativa do actual sistema económico. Mas se houver mais um, dois ou dez IKBs na Europa, na Ásia e no Médio Oriente, que ocorrerá? Quem irá então escrever as cartas de conforto? E não há uma regra comunitária que impede apoios públicos a empresas em situação económica difícil? O NÃO dos franceses e holandeses à constituição europeia --que jaz e arrefece-- talvez fosse mesmo o prenúncio de dificuldades muito mais sérias e difíceis de ultrapassar. Coitado do Socratintas.

Actualização de referências (
10-08-2007 0301)
1) Mortgage concerns hit US markets (BBC online)
2) China threatens 'nuclear option' of dollar sales (Telegraph online)
3) Rival to Nato’ begins first military exercise (Times online)
4) Market Meltdown. Cramer à CNBC no seu melhor: "Bernanke has no idea how bad it is out there." -- YouTube (07-08-07)
5) Stock Market Meltdown, by Mike Whitney. (Global Research)

OAM #226 02 AGO 2007