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segunda-feira, março 05, 2012

António de Oliveira Gaspar

E Passos de Coelho, quando é que vai a despacho com o Gasparinho?

Maquiavel, uma leitura recomendada a Álvaro Santos Pereira

O Gasparinho continua borrado de medo desde a última conversa com o todo poderoso ministro alemão das finanças. O olhar azul de Wolfgang Schäuble, buscando um inatingível kantiano qualquer, depois do Gasparinho insistir que estava a fazer os trabalhos de casa (roubando os fundos de pensões da falida banca, claro está!), não o deixa dormir. Deste pesadelo que não desaparece, até tentar a solução de Salazar, isto é, colocar todos os ministros de joelhos e a despacho seu, foi um passo.

Esqueceu-se, no entanto, dum pormenor: o primeiro ministro não é ele, ainda que o que é não passe dum jota que nunca trabalhou na vida e que dificilmente chegará ao fim do mandato. Estará o alucinado Gasparinho a preparar-se para o substituir? Mas isso só com um golpe de estado —e militar— homem!

Depois da reunião entre Ana Pastor (Espanha) e Álvaro Santos Pereira (Portugal) as ratazanas do esgoto lusitano agitaram-se como nunca e, pela mente sempre conspirativa do Paulinho das Feiras (ele lá sabe o que o seu PP deve ao BES) temos o governo do jota Passos de Coelho em pleno Carnaval fora de horas (TSF1 e TSF 2), com os bombos da méRdia indigente que temos a rufar pandeiretas de esquizofrenia xenófoba até à náusea. Uma tal Ana Sá Lopes, do pasquim "i", que confunde a encomenda com a "opinião pública", é particularmente ressabiada, para a idade que aparenta, na sua sanha contra o emigrante Álvaro, como se parte do que almoça não fosse fruto do trabalho de gente como o emigrante Álvaro.

O dilema com que o país se depara é este: não temos nenhuma possibilidade de pagar o que devemos, nem que os crápulas do actual governo matem os velhos todos, arrasem por completo a classe média, e em cima disto expulsem do país todos os Álvaros que gostam, sabem e querem trabalhar.

O contabilista Gaspar descobriu uma nova receita extraordinária (chama-se QREN) para disfarçar o que não tem disfarce possível, isto é, que sem um novo resgate europeu a insolvência declarada de Portugal ocorrerá já em 2012, ou o mais tardar, em 2013. Desta vez, nem a China, e muito menos Angola, ou o Brasil, nos salvarão de uma perigosa e catastrófica aproximação do calvário da Grécia.

É aliás neste cenário que Cavaco aposta e para o qual se vem preparando através de sucessivos avisos ao governo e do namoro descarado com o PS. No fundo, o traste de Belém pensa assim: para salvar a sua pele, e evitar um golpe de estado militar, ou uma revolução social fora dos partidos, terá que se antecipar e preparar um governo de emergência nacional, com um primeiro ministro de sua confiança e muito obediente, até que a tempestade passe. E se a tempestade não passar, ou se agravar durante o seu mandato presidencial, um tal governo resultante do colapso do vigente daria enfim substância à suspensão da democracia de que um dia falou Manuela Ferreira Leite — para escândalo de tantos...

O "povo" pedirá então o fim da pouca-vergonha e o fim do império das ratazanas (dos que drenam a poupança nacional, seja através de empresas de manutenção aeronáutica que ninguém investiga, seja através de rendas criminosas, na energia, nas autoestradas, nas pontes, nas barragens e nos hospitais público-empresariais). Cavaco, que bem sabe o que sucedeu há 120 anos atrás, quando o país entrou em bancarrota e foi humilhado até aos ossos pelos credores, tentará evitar o pior, antecipando-se. O contabilista Gasparinho tem pois um sério rival pela frente!

O cavaquismo tardio planeou a nossa euforia económica e felicidade cultural apostando num cenário macro-económico assente em futuros barris de petróleo a custarem, em 2015, 28 dólares!

Tudo assentou em Portugal no automóvel individual e na rodovia. Desta desgraça não nos livraremos enquanto não houver uma revolução de racionalidade, nem que tenha que ser autoritária.

Autoestradas, pontes e aeroportos, barragens inúteis e assassinas, estádios impagáveis e rotundas estúpidas, seriam o mato ideal para engordar as ratazanas e os populistas de serviço. Acontece que o dito ouro negro ultrapassou as 100 notas verdes e tudo indica que não só não voltará a ser barato, como será cada vez mais caro. Portugal, dada a ignara irresponsabilidade de economistas, engenheiros e políticos (e a sempre avidez das ratazanas), precisa de 120 milhões de barris de petróleo por ano para manter o seu imprevidente e inviável estilo de vida. Na previsão irrealista do último governo de Cavaco Silva e dos que lhe seguiram as pisadas, o país deveria estar a gastar em 2015 qualquer coisa como 3.360.000.000 de dólares em importações de petróleo. No entanto, a verdade dos factos em 2012 andará certamente acima dos $12.000.000.000!

Os preços, especulativos ou não, dos recursos energéticos, minerais e alimentares acompanham o Pico do Petróleo. Gráfico do BoJ - Recent Surge in Global Commodity Prices, 2011.

O impacto desta inflação imparável sobre as restantes matérias primas, energéticas, minerais e alimentares, de que dependemos, é óbvio. Café, trigo, milho, soja, alumínio, níquel, chumbo, zinco e cobre viram os seus preços subir de 34% a 564%, entre 2003 e 2008. A partir do momento em que endividamento a custo zero, obtido através do esmagamento do valor do dinheiro e das poupanças (redução sucessiva das taxas de juro) e ainda por intermédio de processos de especulação com as dívidas privadas e soberanas, chegou ao fim, o colapso das economias, mais do que do sistema financeiro (pois este não passa de uma engenharia de sonhos e pesadelos, como a gestão do Gasparinho vem evidenciando à saciedade), tornou-se inevitável. Sem refundar as economias em novos pressupostos energéticos, o que é muito diferente do que gritar pelo "crescimento", como faz o seminarista inSeguro do PS, não iremos a parte alguma.

Não é só o transporte rodoviário, dominante em Portugal, que é caro, mas também o que lá vai dentro, quase tudo importado!

Se queremos recuperar a dignidade e a independência, uma vez mais perdidas, teremos que voltar a andar a pé, de bicicleta e em transportes coletivos movidos a eletricidade: elétricos, trolleys e comboios —internacionais, interurbanos, suburbanos e urbanos. Teremos que baixar drasticamente a intensidade energética da nossa economia, que é uma das mais elevadas, se não a mais elevada da União Europeia. Teremos que voltar costas ao subúrbio erguido com base no petróleo barato, para engorda e gáudio das ratazanas. Teremos que reforçar a auto-organização democrática como nunca o fizemos, dispensando em muitos casos, sobretudo localmente, nos negócios e no trabalho do dia a dia, a presença ruinosa e corrupta dos governos e dos partidos. Temos que rejeitar em uníssono o terrorismo fiscal!

Ao contrário do que agora possamos crer, só nos livraremos da escravatura e do assassínio económico de dezenas de milhar de portugueses, se substituirmos a insolvente, desmiolada e corrupta democracia que deixámos medrar nos últimos trinta anos, por uma democracia literal, transparente, responsável e unida em volta de uma visão estratégica para Portugal.

O populismo democrático que permitiu a criação duma vasta casta de burocratas de estado e de partido, cujos direitos estão sempre em primeiro lugar, levou-nos à insolvência e à humilhação de vermos Portugal transformado num protetorado de Bruxelas e Frankfurt, mendicante e sem futuro.

Acabará o país? Não creio. A crise mundial dará algum espaço à nossa independência.

Mas como perdemos boa parte dos nossos graus de liberdade ao longo dos últimos vinte anos, é preciso voltar a conquistá-los um a um! Desde logo, e em primeiro lugar, levando por diante uma verdadeira revolução no interior do nosso regime democrático. Algo que nenhuma revisão constitucional poderá conseguir, por estar à nascença marcada pela endogamia e por uma lógica de sobrevivência do excesso de burocracia que é urgente eliminar.

Precisamos de uma democracia com menos Estado e com menos poder partidário. Outras instâncias mais democráticas terão que nascer da ruína já evidente do atual regime. Eu, se fosse o Álvaro, aproveitava para ler O Príncipe, até quinta-feira que vem, e tomaria uma posição filosófica sobre a matilha que ladra em seu redor. Demitir-se não é opção. O jota disfarçado de primeiro-ministro que assuma a liderança do governo, se quiser, ou que a entregue ao Gasparinho, se não tiver coragem para enfrentar os dias difíceis que aí vêm!


POST SCRIPTUM: a rápida sucessão de acontecimentos que congregaram uma autêntica frente golpista contra o ministro da economia ocorreu logo depois da reunião entre este e a ministra espanhola Ana Pastor, onde foi reiterada, pela terceira ou quarta vez, a decisão de construir a linha ferroviária de alta velocidade entre Lisboa e Madrid, e em geral dar seguimento à ligação estratégica de Portugal à nova rede ferroviária europeia de Alta Velocidade, para passageiros, e completa interoperabilidade no transporte de mercadorias — em linha com o PET e com a própria decisão chinesa de fazer chegar os seus comboios AV até Londres! Como há muito aqui se escreveu, esta ligação ferroviária absolutamente necessária, como as que terão que ligar o centro (Aveiro-Coimbra) e o norte (AMP) do país à Galiza, ao resto da Espanha e à Europa atlântica e mediterrânica, mata o embuste do NAL da Ota em Alcochete — uma enormidade do quilate daquele que apressou o olímpico colapso da Grécia! Ora é precisamente por conhecerem este dado incontroverso, que os lobistas do novo aeroporto e da nova cidade aeroportuária da Ota em Alcochete (SLN/Fantasia, BES, Stanley Ho, Roquete, e a rapaziada ávida de almoços -- do genial descobridor do aeromoscas de Beja, ao não menos genial bastonário dos engenheiros do betão, passando por invertebrados de menor porte) fará tudo por tudo para destruir o Álvaro. Se o conseguirem, o país apodrecerá ainda mais depressa, e o coice que daí vier será então muito mais violento. A ideia de que o Português Suave é mesmo um morcão sem emenda (estou no Porto ;) pode revelar-se uma grande mentira histórica, como tantas outras.

Última atualização: 5 mar 201222:53

domingo, junho 05, 2011

A queda de um boneco

Ex-voto "socialista" não chegou a ter a sua estátua. Acaba de ser derrubado pelo sufrágio popular!

O pesadelo de uma democracia venezuelana não se concretizou.
Fotomontagem: We Have Kaos In The Garden

Dados da sondagem à boca das urnas chegados via SMS, às 18:03, e às 18:05, do interior profundo do PS:
  • PSD: 38,3 (34,9 a 41,7)
  • PS: 28,8 (25,4 a 32,2)
  • CDS: 14,6 (11,2 a 18,0)
  • CDU: 7,6 (4,2 a 11,0)
  • BE: 4,7 (2,6 a 9,4)
  • OBN: 4,7 (1,3 a 8,1)
Como era previsível, o povo e sobretudo as classes médias urbanas fartaram-se. O PSD, a menos que chegue mesmo à maioria absoluta, vai precisar do CDS para formar imediatamente um governo maioritário. Mas irá certamente reservar para si espaço de manobra para negociar um apoio parlamentar estável do PS, em 2012. Ou seja, se a coligação PSD-CDS quebrar, o PS estará pronto para o substituir. Vamos pois prever o seguinte:
  • Até ao fim deste ano: governo PSD-CDS e apoio incondicional do PS ao Memorando da Troika
  • Até ao fim do primeiro semestre de 2012: alargamento da base de apoio parlamentar ao PS, com a necessária clemência em matéria de saneamento do aparelho de estado socialista (quer dizer, em vez de uma razia completa, serão negociadas algumas posições e protecções institucionais actualmente nas mãos do PS)
  • Para salvar o PS há que afastar Sócrates quanto antes. Se não se demitir hoje, será vítima de uma conspiração interna (seguramente em marcha desde o congresso coreano de Sócrates). Francisco Assis continuará como tribuno parlamentar e chefe de bancada, António José Seguro está na calha para substituir Sócrates. Manuel Maria Carrilho poderá ser a ultima ratio socialista, se os jovens turcos falharem...
  • Possível cisão no Bloco
  • Jovens turcos do PCP iniciam profunda regeneração do partido comunista
Uma coisa ficou definitivamente clara nestas eleições: os partidos que rejeitam a possibilidade de ascender pela via democrática ao poder deixam de ter lugar no imaginário popular. A recusa das direcções do PCP e do Bloco de se reunirem com a Troika foi um verdadeiro harakiri para ambas os alienados dirigentes estalinistas, maoistas e trotskistas que ainda restam da ilusão de Abril.

5 junho 2011 19:10

O assassínio de Júlio César — para salvar a República
 Todas as sondagens coincidem numa derrota histórica do PS. Em nenhuma sondagens oficial à boca da urna, o PS chega aos 30%. Apenas a sondagem interna do PS avançou um limite superior acima dos 30%: 32,2%. Sócrates terá que anunciar hoje mesmo a sua próxima demissão de secretário-geral do PS. Se o não fizer, terá que ser empurrado.

5 junho 2011 20:16

José Sócrates Pinto de Sousa regressa à condição de militante de base do PS. O consigliere A.S. já o anunciara.

5 junho 2011 21:22

Resultados finais (falta apurar resultados dos círculos da Europa e resto do mundo)

PSD: 38,63 (105 deputados + 3 ou 4/ Europa e resto do mundo)
PS: 28,05 (73 deputados +0 ou 1)
CDS: 11,74 (24 deputados)
CDU: 7,94 (16 deputados)
BE: 5,19 (8 deputados)
Abstenção: 41,1

6 junho 2011 2:21

Comentário final desta noite eleitoral:
  1. O PSD teve, de facto, uma ampla maioria. Tem mais votos do que a Esquerda toda unida. Ou seja, a Esquerda só poderá bater o PSD com os votos do CDS.
  2. A capacidade negocial de Paulo Portas é, por conseguinte, muito menor do que o líder populista ambicionava. Vai ter mesmo que engolir o número de ministros que Passos Coelho lhe oferecer, sem piar muito, sob pena de desdizer tudo o que disse na campanha, sobre a forma pragmática, profissional e elevada de o CDS fazer política nesta hora excepcional.
  3. O PSD precisará do PS para rever a Constituição, e esta vai ter que ser revista. Ou seja, adivinha-se um novo Bloco Central em 2012, o qual começou a ser preparado esta noite, com a demissão de José Sócrates, abrindo caminho, tudo leva a crer, a António José Seguro — sobre quem tenho as maiores dúvidas. Será, provavelmente, um líder transitório, até às próximas eleições autárquicas; depois, logo se verá.
  4. O PCP recuperou basicamente os seus bastiões de sempre —Setúbal, Évora e Beja—, segurou os eleitores urbanos e suburbanos de Lisboa e Porto, e atraiu novas franjas descontentes, nomeadamente entre a população estudantil (Braga). Se não desenhar novas estratégias, mais pragmáticas, dando lugar aos jovens, o PCP ver-se-à entalado em breve entre movimentos de massas que não será capaz, nem de controlar, nem de aproveitar democraticamente, e o enfraquecimento sindical que decorrerá de uma maior flexibilidade das leis laborais, das restrições previsíveis ao exercício do direito à greve, em linha com a legislação mais comum no resto da Europa, e da fragmentação de algumas grandes empresas públicas, onde ainda encontra boa parte do seu poder de fogo reivindicativo.
  5. O Bloco, por sua vez, vai a caminho da extinção, vislumbrando-se o seu regresso à condição de seita marxista serôdia. Os seus fundadores —Louçã (ex-PSR), Fazenda (ex-UDP), Portas (ex-PCP) e Fernando Rosas (ex-PCP e ex-MRPP) — não têm emenda e sofrem, como boa parte dos da sua geração, da síndrome da cadeira. Acham-se imprescindíveis, portadores de uma missão histórica, e jamais darão lugar à renovação.
  6. Finalmente, a abstenção: mesmo descontando os mortos e os muitos milhares de novos emigrantes que não votaram, é demasiado elevada. Com a degradação da situação social que aí vem, os cerca de 40% de abstencionistas líquidos representam um preocupante potencial de apoio a inesperados fenómenos populistas. Quanto maior for o irrealismo do PCP e do Bloco, maior será a probabilidade da polarização de parte desta abstenção por variantes híbridas de demagogia.
 6 junho 2011 4:05

domingo, maio 01, 2011

Portas, primeiro ministro?

Creio que foi neste blogue que, pela primeira vez, se colocou a hipótese de Paulo Portas vir a ser o próximo primeiro ministro. O próprio acabaria por anunciar formalmente essa ambição no passado dia 29 de abril. Et pour cause!

Como aqui já se escreveu, há uma hipótese, embora remota, de Sócrates e a pandilha de piratas de que faz parte tentarem aliar-se ao PCP e ao Bloco de Esquerda de forma subreptícia, em volta de uma solução alternativa ao pacote de saneamento financeiro que a troika proporá em breve: reestruturar a dívida soberana. É o que designo por Frente Populista. Embora altamente improvável, esta vitória de Pirro não é de todo impossível, e se vier a ocorrer, o mais provável primeiro ministro deste governo condenado ao insucesso seria, não o exausto e descartável Sócrates, mas Ferro Rodrigues.

Portugal é neste momento a borboleta cujo bater de asas pode ditar involuntariamente o futuro do euro, da Alemanha e da Europa. Não nos esqueçamos que está em curso a primeira grande guerra financeira mundial, e que os PIGS são o primeiro e principal campo de batalha desta guerra, enquanto de Cabul a Marraquexe continuam a guerra e os conflitos militares assimétricos pela reconstituição do Império Islâmico (em si mesma favorável aos interesses da China, Japão, Brasil, Turquia, mas também aos interesses geoestratégicos da Europa mediterrânica e do sudoeste atlântico: Grécia, Itália, Espanha e Portugal).

Quero crer, porém, que a solução da troika vencerá o primeiro round do saneamento da dívida soberana portuguesa, apoiado-se nomeadamente nas imensas reservas financeiras da China — que já tornou oficial o seu interesse em manter a Europa estável e o euro como alternativa de recurso ao colapso do dólar americano. Se assim for, a derrota do PS de Sócrates e da tríade de Macau será redonda. Mesmo assim, o PSD e o CDS poderão não conseguir a maioria imprescindível à revisão constitucional objectivamente imposta pela troika como contrapartida do auxílio comunitário. O país precisa, de facto, de uma maioria constitucional para ultrapassar a bancarrota a que Sócrates, a tríade de Macau e o PS conduziram o país. E neste caso, só mesmo um governo de coligação entre o PSD, CDS-PP e PS será garantia suficiente para uma aprovação unânime do resgate comunitário da dívida portuguesa. Passos Coelho jamais aceitaria o regresso de Sócrates. E Sócrates, se se mantiver como consigliere da tríade que capturou o PS, jamais aceitaria ser segundo do actual líder do PSD. Logo, Paulo Portas poderá mesmo aparecer em breve como a única solução prática disponível para resolver um verosímil impasse pós-eleitoral.

Em qualquer caso, penso como Eduardo Catroga: Sócrates e uns tantos mais devem ser julgados pela destruição financeira de Portugal.

terça-feira, março 22, 2011

O que vai acontecer

Sócrates II, do PS ninguém o tira
... a não ser com uma chuva de tomahawks!

O governo cairá provavelmente esta Quarta-feira, uma semana antes do mês que apontei neste blogue como fim do prazo de validade da grande farsa socialista. Rodeado da sua guarda pretoriana (Almeida Santos, Pedro Silva Pereira, Vitalino Canas, Augusto Santos Silva, Jorge Lacão, etc.), o actual e futuro secretário-geral do PS promete assegurar emprego aos milhares de desempregados políticos que há semanas e meses correm pelo convés agitado de um navio que mete água por todos lados, e em breve afundará. Sócrates promete controlar, com apurado sentido de vingança, a lista de deputados para a próxima legislatura. E como uma parte significativa dos deputados do PS é composta por militantes sem profissão, a entronização do mitómano será tão unânime quanto deprimente.

Os danos que esta perspectiva comporta para o futuro do Partido Socialista é que são inimagináveis.

São tantos os interesses protagonizados pelo actual chefe de governo que, ou muito me engano, ou o próximo PS vai radicalizar-se em torno duma estratégia populista sem limites, de que José Sócrates será o inesperado paladino. Rejeitará toda e qualquer coligação com o PSD, e apostará tudo na fragilidade de um futuro governo PSD-CDS.

Só uma coisa poderá salvar o Partido Socialista de uma morte lenta: perder de forma desastrosa as próximas eleições. Se tal vier a ocorrer, talvez sobreviva. Se, pelo contrário, Sócrates conseguir segurar uma votação próxima das últimas legislativas, então teremos que o suportar por uma década ou mais. Neste cenário, José Sócrates poderá mesmo renascer na pele do populista radical que ninguém esperava que pudesse ser!

Quando as crises são profundas e agudas como a actual é, a lógica deixa frequentemente de funcionar, e as mais monstruosas metamorfoses podem ocorrer.

Antes, porém, de tal entorse ver a luz do dia espero que a gente decente e corajosa do PS seja capaz de apear a imprestável criatura que levou Portugal à bancarrota.

domingo, março 20, 2011

O CDS finalmente ao centro

Paulo Portas poderá revelar-se como o primeiro ministro possível, e até desejável, no decorrer da crise de regime que se desenrola diante de nós.

O discurso de encerramento do congresso do CDS, que decorreu este fim-de-semana em Viseu, é uma notável peça de oratória política, e mostra claramente que Paulo Portas é o líder partidário melhor preparado, e porventura melhor colocado, para substituir José Sócrates no difícil papel de liderar em breve um governo de coligação maioritário no nosso país.

Passos de Coelho é um político sem provas dadas, medíocre nas palavras, mole nos actos, rodeado de gente pouco recomendável, e comprometido com o pior do Bloco Central; em suma, uma criatura que não oferece qualquer esperança de configurar uma alternativa credível ao abismo de inépcia e corrupção cavado pela tríade de piratas que tomou de assalto o PS e o país. Até poderá ganhar as próximas eleições, mas duvido que seja capaz de formar um governo maioritário.

Como tudo leva a crer, José Sócrates colocou a sua tropa de choque a segurar posições dentro do PS, e vai auto eleger-se como secretário-geral do farrapo partidário que o Partido Socialista hoje é, com a complacência e cobardia da esmagadora maioria dos aparachiques cor-de-rosa. O seu objectivo é, em primeiro lugar, proteger-se pessoalmente do tecto de críticas e revelações que inexoravelmente desabará sobre a sua cabeça e sobre as muitas cabeças da hidra que invadiu e colonizou a casa socialista ao longo da última década. O segundo objectivo desta entronização norte-coreana é, obviamente, uma tentativa desesperada de salvar o Bloco Central da Corrupção, para o que se considera, com o sim-sim de muito pirata laranja, melhor preparado, e sobretudo conhecedor, do que o titubeante e eterno imberbe Pedro Passos de Coelho.

Os jovens turcos do Partido Socialista —Francisco Assis, António José Seguro, e o entediado Sérgio Sousa Pinto— que deveriam aproveitar esta ocasião de ouro para ajudar a restaurar os valores matriciais do partido que os alimenta, desistiram, ao que parece, de fazer o que a sua geração naturalmente deles esperava: agir com lucidez e coragem num momento particularmente dramático para o país e para o próprio Partido Socialista. É o que dá não terem profissão própria!

António Costa emitiu um sinal de vida a semana passada, dando a entender que, em caso de necessidade, o PS tem pelo menos um dirigente experiente e com provas dadas, à mão se semear: ele! Mas como este simpático personagem também vive da política, reserva-se o direito de esperar pelo naufrágio de Sócrates, antes de ser levado em ombros pelos seus patrícios cor-de-rosa. Acontece, porém, que o futuro imediato do país dificilmente se compadecerá destes calculismos oportunistas. Depois de Sócrates, no PS, espera-se ver emergir alguém com ideias, vontade de reformar o país e o regime, e capacidade de liderança. Se não houver sucessor à altura das circunstâncias, o Partido Socialista entrará em crise profunda. Mas mau mesmo é a permanência de Sócrates à frente do partido poder transformar até ao fim o PS naquilo que realmente já é, embora sem o saber: um partido de direita e um instrumento de corrupção ao mais alto nível. Se isto acontecer, e está à beira de acontecer, não restará outra alternativa à gente decente e convicta que ainda milita no PS que não seja uma cisão partidária em massa e a constituição dum novo partido de esquerda, que recupere, nomeadamente, todos os socialistas convictos que hoje também desesperam com a experiência do Bloco de Esquerda.

Mas atenção: até o PSD caminha, ao contrário do que transparece, para uma profunda crise interna. A previsível meia-vitória eleitoral laranja nas eleições antecipadas que aí vêm poderá transformar-se num boomerang com energia suficiente para decapitar a direcção de Passos de Coelho. Fazem bem Pedro Santana Lopes e Rui Rio prepararem-se, desde já, para o "day after"!

Por fim, no que se refere aos partidos da velha esquerda estalinista, que são o PCP e mais de metade da direcção eterna do BE, e ainda ao herdeiro camuflado de Léon Trotsky, Francisco Louçã, abandonemos toda a esperança! Cumprirão as respectivas funções sindicais (aliás, necessárias), mas são radicalmente inúteis para resolver o que quer que seja em matéria de governação. A crise para onde nos deixámos cair é grave, estrutural e duradoura. Como estes partidos são por natureza burocráticos e defendem a ditadura do Estado, e este, desgraçadamente, está falido, o seu futuro é, de facto, nenhum. Esperemos, pois, que nos próximos meses e anos, do seu interior, se libertem as energias mais recentes e descomprometidas com passados cheio de equívocos, assuntos inconfessáveis, e impotência intelectual, abrindo caminho a novas formas de acção política —inteligentes, criativas, audazes, mas realizáveis.

Dado o xadrez complexo actual, em que é previsível uma perda eleitoral do PS e do PSD para propostas políticas e partidos menos comprometidos com o atoleiro para onde o Bloco Central conduziu Portugal, a oferta de Paulo Portas para liderar uma futura maioria, precisamente na condição de partido minoritário, mas fortalecido pela presente crise, faz mais sentido do que à primeira vista parece.

sábado, março 06, 2010

Portugal 170


Educação: não deitem fora o bebé com a água do banho!



An illustration: I challenged one student about why he always wore headphones in class. He replied that it didn't matter, because he wasn't actually playing any music. In another lesson, he was playing music at very low volume through the headphones without wearing them. When I asked him to switch it off, he replied that even he couldn't hear it. Why wear the headphones without playing music or play music without wearing the headphones? Because the presence of the phones on the ears or the knowledge that the music is playing (even if he couldn't hear it) was a reassurance that the matrix was still there, within reach. — in Mark Fisher, Capitalist Realism.

Uma das consignas eleitorais de Paulo Rangel foi directamente importada de Medina Carreira: disciplina nas escolas! Todo o poder aos professores!! Aconselho, porém, o ansioso Calimero que quer ser primeiro-ministro de Portugal a rever o slogan.

Medina Carreira, que tem a cabeça no sítio, e resolveu dizer umas verdades que a maioria dos economistas conhecia, mas fingia ignorar, é curto na sua análise e na receita lapidar que dá para o problema da educação em Portugal: mais ensino profissional e disciplina. Não chega, ou melhor, não será por esta via de serviço, algo retrógrada, que iremos lá.

Em primeiro lugar, convém esclarecer que o problema da educação, tal como tem vindo a ser desvendado, não é português. Tal como noutros domínios, apenas importámos a epidemia. E o vírus da entropia educativa, tal como outros vírus, tem propensão para desenvolver pandemias, resiste aos contra-ataques, e é mutante!

If, then, something like attention deficit hyperactivity disorder is a pathology, it is a pathology of late capitalism — a consequence of being wired into the entertainment-control circuits of hypermediated consumer culture. Similarly, what is called dyslexia may in many cases amount to a post-lexia. Teenagers process capital's image-dense data very effectively without any need to read — slogan-recognition is sufficient to navigate the net-mobile-magazine informational plane. 'Writing has never been capitalism's thing. Capitalism is profoundly illiterate', Deleuze and Guattari argued in Anti-Oedipus. 'Electric language does not go by way of the voice or writing: data processing does without them both'. Hence the reason that many successful business people are dyslexic (but is their post-lexical efficiency a cause or efect of their success?)

Teachers are now put under intolerable presure to mediate between the post-literate subjectivity of the late capitalist consumer and the demands of the disciplinary regime (to pass examinations etc). This is one way in which education, far from being in some ivory tower safely inured from the 'real world', is the engine room of the reproduction of social reality, directly confronting the inconsistencies of the capitalist social field. Teachers are caught between being facilitator-entertainers and disciplinarian-authoritarians. Teachers want to help students to pass the exams; they want us to be authority figures who tell them what to do. Teachers being interpellated by students as authority figures exacerbates the 'boredom' problem, since isn't anything that comes from the place of authority a priori boring? Ironically, the role of disciplinarian is demanded of educators more than ever at precisely the time when disciplinary structures are breaking down in institutions. With families buckling under the pressure of a capitalism which requires both parents to work, teachers are now increasingly required to act as surrogate parents, instilling the mst basic behavioral protocols in students and providing pastoral and emotional support for teenagers who are in some cases only minimally socialized. — idem.

Tal como noutras matérias, a metodologia honesta aconselha a não confundir efeitos com causas. Não é a falta de disciplina que apodrece o ensino, mas o apodrecimento sistémico do ensino que se revela como indisciplina, permitindo de forma perversa justificar todas as guinadas da política, e em última análise servir (com aplauso público condicionado) a tendência manifesta, desde a década de 1980, para a desestruturação do ensino público. A educação gratuita, paga pelos impostos, tornou-se basicamente um processo de formatação cognitiva de massas, suportado por uma burocracia imensa, apto a melhor, ou pelo menos, mais pacificamente, administrar a força de trabalho globalmente disponível, ocultando por outro lado, e desta forma subtil, as verdadeiras taxas de desemprego (e sobretudo a destruição paulatina e aparentemente irreversível do trabalho produtivo), sob o manto simpático e diáfano da formação permanente, ou das "novas oportunidades".

O assunto merece mais e melhor reflexão. Não se precipite pois o candidato Paulo Rangel em promover receitas expeditas, que além de mal informadas, podem não passar de demagogia.

Voltarei ao tema.


OAM 695 —06 Mar 2010 20:40

quinta-feira, setembro 24, 2009

Portugal 129

PS, uma vitória pírrica?

A implosão do Bloco Central vai ser prolongada, feia e dolorosa. Louçã e Portas vão no bom caminho, mas precisam de aprender a ler melhor a realidade e de limpar as borras ideológicas do século 19 que trazem agarradas às respectivas memórias consolidadas (repetitivas e acríticas, por natureza), antes de poderem desferir o golpe de misericórdia na união de facto (PS-PSD) que há 30 anos vem conduzindo Portugal para uma situação de pré-falência, colapso social e perda objectiva de independência.

"O cérebro humano está dividido em hemisfério direito (controla a percepção das relações espaciais, a formação de imagens e o pensamento concreto) e em hemisfério esquerdo (responsável pela linguagem oral e escrita, pelo pensamento lógico e pelo cálculo)." — in Exames.

"O hemisfério dominante em 98% dos humanos é o hemisfério esquerdo, é responsável pelo pensamento lógico e competência comunicativa. Enquanto o hemisfério direito, é responsável pelo pensamento simbólico e criatividade. Nos canhotos as funções estão invertidas. O hemisfério esquerdo diz-se dominante, pois nele localiza-se 2 áreas especializadas: a Área de Broca (B), o córtex responsável pela motricidade da fala, e a Área de Wernicke (W), o córtex responsável pela compreensão verbal." — in Wikipédia.

98% dos eleitores vota, por conseguinte, de acordo com os seus interesses particulares, isto é pessoais e de grupo — familiar, profissional, etc. Enquanto durou a bonança comunitária e o ouro de Salazar, enquanto as remessas dos emigrantes continuaram a afluir generosamente, os 98% de eleitores aproveitaram a boleia, crendo os mais distraídos que a prosperidade relativa, nomeadamente das classes médias, era mérito próprio, ou de quem nos foi governando.

Sabemos agora que quem nos foi governando foi, na realidade, governando-se, sem um único pensamento estruturado e responsável sobre o futuro de Portugal. Sabemos também que a bonança chegou irremediavelmente ao fim (euros de Bruxelas, recursos próprios e dentro em breve, remessas de emigrantes). Sabemos, por fim, que as classes médias caminham aceleradamente para a extinção — prevendo-se que venham a dar lugar a um neoproletariado urbano e suburbano, tecnologicamente instruído mas inculto (i.e. falho de memória histórica), sem trabalho, condicionado para o micro-consumo, e resvalando rapidamente para uma indigência social progressiva. Este neoproletartiado em formação poderá tornar-se numa desesperada e violenta rede revolucionária. De momento, envolto na ilusão fabricada de que a presente crise é meramente cíclica e ultrapassável, talvez vote no Domingo no prato de lentilhas da chamada "governabilidade" — em vez de lancetar, como devia e a direito, a ferida aberta que é o Bloco Central, libertando o país do pus fétido que corrói visivelmente a nossa democracia.

No entanto, ainda não estou convencido que o "povo português" vote no engenheiro de aviário que nos tocou na rifa há quatro anos e meio atrás, seduzidos que fomos todos então pela elegância deste inacreditável político sem apelido. As sondagens mentem!

Um das causas evidentes da pouca fiabilidade dos nossos institutos de sondagens é simples mas tem passado despercebida da maioria dos observadores. Os inquiridores fartam-se de fazer entrevistas telefónicas, mas fazem-no sempre para telefones fixos! Ora como toda agente sabe, telefones fixos são coisa do passado, que só empresas e gente reformada ou para lá caminhando ainda usa. Ou seja, se somarmos esta pelintrice dos chamados institutos de sondagens à sua óbvia dependência do grande empregador e cliente chamado Estado-Governo-Partido no Poder, a fiabilidade dos números que têm vindo a lançar na confusão da propaganda eleitoral acaba por ser duvidosa e sobretudo irrelevante, um ruído mais da própria campanha. Não confiem, pois, nas sondagens!

Quero crer que, apesar de tudo, os eleitores irão votar contra o actual governo, por algo diferente que lhe suceda. Nem que seja outro governo PS, mas desta vez minoritário e sem Sócrates Pinto de Sousa! E também acredito que o voto inteligente permaneça firme na sua intenção de modificar a configuração democrática do parlamento, dando força ao Bloco de Esquerda e ao CDS, como uma espécie de seguro anti-maiorias absolutas e anti Bloco Central.

Seja como for, com governo PS, ou com governo PSD, teremos instabilidade governativa que baste para corroer o rotativismo actual — esperemos que até à cisão de ambos os partidos! Se Manuela Ferreira Leite não ganhar estas eleições, poderá ganhar as autárquicas, e até voltar a disputar em breve novas eleições para o parlamento. E isto por uma simples ordem de causalidade: a "governabilidade socialista" que vier (se vier!), depois do dia 27 de Setembro, será tão só o epicentro de um terramoto político-social de consequências imprevisíveis. Os ingredientes de irresponsabilidade, cabotinagem, nepotismo, corrupção, autoritarismo e asfixia democrática já existem. Basta pois uma faísca.

É por tudo isto que apelo ao realismo do Bloco de Esquerda e ao realismo do CDS. Se querem crescer, como seria bom que ocorresse, restrinjam-se ao essencial, de forma concreta, suspendendo temporariamente os dossiers ideológicos. Olhem para daqui a 20 anos! Pensem na Politica como aquilo que é: por excelência, o exercício da responsabilidade e um cálculo sereno das oportunidades que tecem a história dos povos. O Bloco Central morreu. Se não são Vocês a exigir e garantir governança e viabilidade legislativa, quem poderá fazê-lo?!


ÚLTIMAS SONDAGENS PUBLICADAS (24 Setembro 2009)
  • PS (Intercampus/TVI*~38%; Católica/RTP~38%, 100 deputados, i.e. -21)
  • PSD (Intercampus/YVI~29,9%; Católica/RTP~30%, 75 deputados, i.e. -5)
  • BE (Intercampus/TVI~9,4%; Católica/RTP~11%, 22 deputados, i.e. +14)
  • PCP/PEV (Intercampus/TVI~8,4%; Católica/RTP~7%, 13 deputados, i.e. -1)
  • CDS/PP (Intercampus/TVI~7,7%; Católica/RTP~8%, 15 deputados, i.e. +3)
  • Outros partidos (Católica/RTP~2%)
  • Votos Brancos ou Nulos (Católica/RTP~4%)
  • Indecisos (Católica/RTP~12%)
  • NS/NR (Intercampus~13,2%
Total de deputados: 126
Maioria: 113 +1

* — O erro de amostragem, para um intervalo de confiança de 95%, é de mais ou menos 3,1%.


Declaração pessoal de interesses


Já escrevi neste blogue mais de uma vez, e repito, que tenciono votar no Bloco de Esquerda para a Assembleia da República, no próximo dia 27 de Setembro (se Louçã não cair entretanto na tentação de apoiar José Sócrates); em António Capucho (PSD), para a Câmara Municipal de Cascais; e que me candidato pelo PS+Helena Roseta à Assembleia de Freguesia de São João de Brito. Contradição? Incoerência? Nem por isso!

Há certamente muita gente por este país fora que é capaz de fazer o mesmo. O que não é vulgar é assumir a coisa. Há um tabu, que os partidos políticos alimentam como se fossemos todos imbecis e não soubéssemos distinguir as subtilezas de uma votação com os seus contornos de classe mais ou menos oportunistas e diferenças ideológicas cada vez menos claras. Em vez de cair na armadilha do "voto útil" —suplicado pateticamente pelo PS e pelo PSD—, os portugueses estão rapidamente a adoptar a praxis alternativa do que resolvi chamar "voto inteligente". Esta é certamente uma arma poderosa para mudar positivamente o rumo da democracia portuguesa. Usemo-la, pois, com a determinação estratégica que merece.


OAM 627 24-09-2009 18:45 (última actualização: 23:57)