Você quer o Rui Rio presidente, presidencialista, é isso?
João Oliveira, membro do CC do PCP, deputado e advogado.
Um Presidente executivo apoiado por uma larga parte da população (embora sob a vigilância de uma Assembleia da República) estabeleceria quase com certeza a estabilidade institucional e legal que tanta gente pede – com Rui Rio à frente. Mas nesse ponto ninguém se atreve a tocar. InO presidencialismo, Vasco Pulido Valente, Público, 13/12/2013 - 00:10.
O ponto de partida deste artigo de VPV compromete a conclusão que pretende tirar: a de que todos queremos o presidencialismo, mas não ousamos dizê-lo. E o erro inicial é este: não foi o ódio aos partidos que conduziu ao colapso da monarquia, e depois ao colapso da república, mas o mesmo desmame colonial que 40 anos depois provocaria a queda do corporativismo nacionalista de Salazar. O dinheiro de Bruxelas que veio entretanto foi apenas um balão de oxigénio num país que se habituou durante séculos a viver do trabalho alheio e de vantagens competitivas que não lhe custaram quase nada a obter, manter e gastar. O problema, meu caro Vasco, é que onde não existe burguesia economicamente forte, quer dizer, rica, educada, inteligente e independente, não pode haver democracia propriamente dita, nem muito menos democracia que dure e não acabe, pela corrupção descarada e criminosa em que invariavelmente colapsa, no charco das ditaduras e dos presidencialismos. Mas quer V. outra ditadura? Ou um presidencialismo que evolua para outra ditadura? Mas isso é pura continuidade histórica num tempo pós-colonial! Impossível, meu caro Vasco.
Dos jornais
Capucho 'equipa-se' para correr a Belém como independente
João Oliveira: "PS de Seguro está amarrado a mesmos interesses do tempo Sócrates"
Costa é um tarimbeiro sem mundo, nem vontade própria; Guterres fugiu do lugar e não creio que se candidate, nem empurrado; Santana já provou que não serve; Marcelo é comentarista, não é? Sobram, pois, Capucho e Rui Rio, uma vez que o Durão, tão cedo não porá os pezinhos na santa terrinha. Dos dois, parece evidente que Rui Rio sabe o quer e já deu provas suficientes de que leva a água ao moinho, contra ventos e marés. Quando as presidenciais chegarem será isto mesmo que os portugueses exigirão. Gostemos ou não de Rui Rio — e eu gosto, apesar da guerra que arranjou no Porto contra a famiglia subsidiada da Cultura.
Uma vez que o PS está perdido por mais de uma década, a melhor parelha que vejo para substituir a atual é esta: Paulo Rangel, na direção do PSD e como PM, e Rui Rio em Belém. Não gostam? É o que há!
Entretanto...
Era bom que esta geração do PCP (João Oliveira, etc.) acordasse e colocasse o partido próximo dos 20%. Seria bom para a democracia, pois significaria um PCP fora da liturgia estalinista-cunhalista, e forçaria o PS a ter juízo!
Ainda sobre os medos e a hipocrisia anti-presidencialista
Em
política não se devem fazer previsões, pois quase sempre falham.
Limitei-me a contar os putativos candidatos presidenciais e a opinar
sobre qual deles faria alguma diferença em Belém. Rui Rio certamente faria. Vasco Pulido Valente acredita que ele tem uma agenda presidencialista, uma agenda, aliás, apoiada por muitos, supõe VPV.
Eu
creio que, sem precisar de mais poderes, o próximo PR pode fazer muito
mais do que o Pastel de Belém tem feito. Pode avisar que enviará para o
TC tudo o que se aproximar de um uso indevido da Constituição em
benefício da partidocracia, das corporações, dos rendeiros, dos
devoristas, etc. Pode levar a sério a questão da confiança política no
chefe do governo. Pode assumir plenamente a sua condição de chefe
militar supremo do país (não deixando alguma vez que criaturas como o
Aguiar Branco possam chegar a ministros da defesa). Mas o principal é
que tenha uma influência decisiva na mudança do regime corrupto e falido
que temos, promovendo uma democracia transparente, responsável, justa e
sustentável. O futuro PR deverá deixar transparecer de forma inequívoca
e desde já que sabe bem o que quer, e que tal vontade coincide com o
sentimento maioritário do país. Presidencialismo? Não. Apenas uma forma
constitucional de impedir que nos tornemos em breve numa democracia
falhada irrecuperável.
Tal como sucedeu ao governo de Sócrates, a falta de ética de Pedro Passos Coelho, num país aflito, varrerá do mapa o seu governo em menos dum ápice
Manifestações pela demissão de Relvas convocadas nas redes sociais
Em pouco mais de 24 horas, centenas de pessoas já confirmaram no "Facebook" a intenção de aderir às duas manifestações que exigem a saída do ministro dos Assuntos Parlamentares, uma em frente à Assembleia da República e outra no Terreiro do Paço. Jornal de Negócios on-line, 11 julho 2012.
Passos Coelho renova total confiança em Miguel Relvas
Passos Coelho mantém confiança em Miguel Relvas, sendo esta a terceira vez que tem que o fazer, noticia o “Diário de Notícias”, que cita conversas entre o primeiro-ministro dirigentes de topo do PSD. Jornal de Negócios online, 11 julho 2012.
Se Miguel Relvas ao menos fizesse o trabalho sujo, i.e. privatizasse a RTP, reformasse as autarquias, etc..., mas não, desta criatura vamos tão-só conhecendo o traste, enquanto o governo paralisa sob a batuta de mais um PM que não passa de mais uma bela voz partidária, com vassalagens devidas dentro e fora do partido, à esquerda e à direita — uma desgraça, portanto, anunciada.
Passos de Coelho vive em simbiose partidária com um obstáculo aparentemente intransponível à governação. Ainda por cima, um obstáculo protegido pelo esfacelado e execrável Grande Oriente Lusitano. Governo ao fundo? Lá para a 6ª ou 7ª avaliação da Troika é bem provável.
Cavaco terá então o seu momento de glória crepuscular, salvando, por assim dizer, o seu desastroso ministério presidencial. Perante a incapacidade adolescente de Passos de Coelho e a paralisia total do governo (provavelmente depois de Gaspar e Santos Pereira baterem com a porta, estrondosamente) Cavaco Silva demitirá o rapaz de que nunca gostou e chamará de novo o PSD a formar governo, como lhe compete, e para não prejudicar a maioria eleitoral. Nessa altura, Paulo Portas terá a faca e o queijo na mão: ou será primeiro ministro com esta maioria, ou será PM de um governo de emergência nacional, a três, com um PSD então chefiado por Paulo Rangel, e com o seminarista António José Seguro pelo PS. Estranho? Não, normalíssimo por essa Europa fora.
A situação financeira continuará a agravar-se em Portugal, no resto da Europa e no mundo. A economia continuará estagnada, mais alguns milhares de empresa entrarão em falência, e as pessoas continuarão sem dinheiro. A balbúrdia vai chegar mais depressa do que podemos deduzir da lenga-lenga dos cagarros parlamentares e do incorrigível, diário, oportunista e populista discurso monocórdico dos parasitas partidários do regime. Num certo sentido, este regime já morreu, e é urgente fabricar outro, com outra Constituição, etc. Falta, porém o mais difícil: como?
Direcção do PSD tem trinta dias para mostrar o que vale
Se Passos Coelho deixar passar esta oportunidade de avançar para eleições antecipadas, perderá credibilidade e será visto como um líder medroso e oportunista, deixando o campo totalmente livre a Cavaco Silva.
Cavaco odeia Passos Coelho, e portanto aproveitará a sua hesitação e medo para o pendurar numa corda de seca até que caia de podre num próximo congresso extraordinário — quando o governo, seja ele qual for, caminhar para uma diminuição do número de freguesias urbanas e de municípios, e proceder à venda de algumas empresas públicas falidas, após liquidar os respectivos passivos (suponho).
Se a actual direcção do PSD hesitar, como parece que vai suceder, e ficar encalhada no apoio a José Sócrates, como se a responsabilidade democrática não estivesse, precisamente, na urgência da remoção deste desastroso governo e do mitómano que o conduz, teremos crise laranja até ao fim deste ano.
O senhor que se segue, Paulo Rangel, poderá então ser chamado a Lisboa, por aliados vários, entre eles o senhor Cavaco Silva e a sua interminável comissão de honra presidencial. Depois, é só esperar pelo adensar da balbúrdia "socialista", com a nova banda trotskista acoplada, para que Cavaco Silva tenha a esperada e inequívoca oportunidade de despedir o Mubarak das Beiras, convocar eleições gerais antecipadas, e colocar um PSD amigo no Executivo.
Um presidente, uma maioria e um governo estarão enfim no poder, com duas legislaturas limpas pela frente, e sem grande resistência.
O IVA manter-se-à alto (podendo até subir para 24 ou mesmo 25%); o IRC e o IRS baixarão. O princípio do utilizador-pagador será estendido, da energia, autoestradas e transportes públicos, aos cuidados de saúde e à educação, ou seja, todos pagarão um pouco menos, e os beneficiários dos serviços pagarão um pouco mais — lógico e sustentável!
A administração pública verá desaparecer algumas centenas de direcções-gerais, institutos e fundações, e uma parte do ensino superior público será entregue, de facto, às iniciativas privada e cooperativa, com a passagem instantânea de 10-15% dos funcionários públicos efectivos para um novo quadro de excedentes, onde os vencimentos sofrerão uma erosão paulatina ao longo dos anos... Algumas dezenas de milhar de contratações eventuais e precárias caducarão com a extinção dos organismos.
Por fim, espera-se que o futuro governo, que terá que ser uma coligação com o CDS, a fim de poder contar uma ampla maioria absoluta parlamentar, leve finalmente a cabo uma racionalização competente do aparelho de Estado e uma libertação efectiva da sociedade civil da canga paternalista que há séculos rege as relações entre o poder e a sociedade cortesã, analfabeta e corrupta, que desde a conquista de Ceuta se habituou a viver de expedientes palacianos, da exploração colonial fácil e da emigração.
Se depois do saque realizado pela tríade de Macau e pelos piratas da SLN/BPN, e se depois da fuga em frente da governação socratina, o que vier depois (e não creio que possa vir nada de bom do inseguro e medroso Passos de Coelho, nem muito menos da cabotina e irritante criatura que dá pelo nome de Miguel Relvas) não cumprir o que o país espera do poder —transparência, pragmatismo, eficácia, lucidez, ponderação, estratégia, liberdade de acção, e justiça— então o regime cairá mesmo numa espiral convulsa de desfecho incerto.
O ponto de partida de Paulo Rangel —a dita "ruptura"— colocou-o numa posição complicada. Nunca se sabe se a ruptura é com o PS, ou com o próprio PSD, ou mesmo com o País (ainda que em nome da necessidade de mudar de vida e de maus hábitos). O facto de ter que se explicar permanentemente sobre esta espécie de radicalismo retórico, coloca-o numa posição pelo menos desconfortável. Talvez por este motivo, mas também pela solidariedade com a actual direcção de Manuela Ferreira Leite, Paulo Rangel tem uma especial dificuldade em clarificar a sua estratégia, sem ferir essa mesma filiação. Passar entre os pingos da chuva —o intervalo ideológico e partidário—, propondo simultaneamente uma "ruptura, exige inevitavelmente uma precisão programática, que não se limite a medidas pontuais para um governo pós-socialista.
O País precisa de estancar o agravamento das assimetrias regionais, precisa de entender de uma vez por todas que a periferia raiana não é nenhuma periferia, mas uma nova centralidade (pois está mais perto de Espanha e do resto da União Europeia) e é, de facto, uma nova oportunidade para as empresas, para as cidades, vilas e aldeias. Mas para que tal ocorra não basta criar uma regionalização ad hoc, de cima para baixo, sob tutela governamental, e com mais burocracia. Aliás, assim definida e proposta, não passa dum voto piedoso. O importante para atingirmos uma regionalização realmente oportuna, que aumente a riqueza do país e devolva efectiva capacidade de gestão às regiões é isto:
harmonizar imediatamente o peso da fiscalidade com a vizinha Espanha, propondo a Madrid uma comissão bilateral encarregue de estudar e estabelecer rapidamente a paridade fiscal entre os dois países da União;
recriar o ministério do planeamento, agregando em seu redor um conjunto de novos e reformados institutos técnicos do Estado, independentes e com uma forte e prestigiada vertente técnica — para os quais deveriam ser atraídos parte da nossa melhor competência profissional, hoje dispersa pela nova diáspora lusitana;
criar um ministério das regiões-plano com importância hierárquica logo abaixo do ministro das finanças, responsável por todas as CCRs;
elevar as cidades-região de Lisboa e Porto à categoria de regiões autónomas, à semelhança das já existentes, mas inspirando-se nos modelos de governo das grandes cidades regiões existentes um pouco por todo o planeta: Madrid, Londres, Pequim, São Paulo, etc. (1)
completar criteriosamente o plano rodoviário efectivamente necessário ao país, e lançar um ambicioso projecto ferroviário, onde seja prioridade a compatibilização da actual ferrovia, sistema de sinalização e material circulante, com os padrões europeus, dando prioridade a este investimento — uma geração—, e não à estéril discussão do TGV. Salvo a ligação de Alta Velocidade entre Lisboa, Madrid e Barcelona (velocidade média na ordem dos 250-300Km), todas as demais ligações devem apontar para velocidade médias na ordem dos 200 Km, aplicando a poupança no excesso de velocidade (que é caríssima, tanto a construir, como sobretudo a manter!) na densidade da malha de bitola europeia, e na sofisticação tecnológica e conforto das composições. Para tal seria da máxima utilidade estratégica criar um cluster ferroviário ibérico, propondo para tal uma aliança estratégica à Espanha, que dá cartas nesta matéria;
adiar sine die o Novo Aeroporto de Alcochete, levando entretanto até ao limite o potencial ainda por esgotar da Portela (um dos melhores aeroportos naturais do mundo), obviamente com uma nova gestão;
por fim, para coerir estrategicamente o território português, potenciando a continuidade produtiva, económica, fiscal e cultural entre a periferia atlântica e o centro da Europa, em aliança estratégica com a Espanha, Portugal precisa menos de uma pesada burocracia regionalista, do que de mais meios, poderes e responsabilidades atribuídos a esse motor esquecido da coesão territorial que são as freguesias rurais.
Paulo Rangel pode, se quiser e souber, romper e romper para gáudio de todos nós. Mas terá que fazê-lo com ideias amadurecidas e bem informadas. O papel de Calimero que Aguiar Branco com inesperada agilidade sacou da cartola para desmontar o queixume de Rangel a propósito da sua juventude no PSD não fica bem a este último (embora goste da caricatura!) A acusação inerte que os seus concorrentes lhe atiram —ter chegado ao PSD há apenas quatro anos—, como se a antiguidade no PSD, tal como em todos os partidos e sindicatos não fosse, precisamente, sinal de responsabilidade pela situação desgraçada a que o país chegou, deve ser devolvida com a pergunta: "e que fizeram Vocês —José Pedro, e Pedro— no tempo todo que levam no partido?!" Há picardias que se resolvem de uma penada.
José Pedro Aguiar Branco é uma personalidade sedutora. Tem aliás a pose e o cabelo adequados a um futuro primeiro-ministro. Argumenta bem e não podemos deixar de gostar dele. Mas temo que lhe falte, como faltava a Guterres, aquela dose da proteína FDP que os líderes sempre trazem escondida algures no respectivo DNA. O povo pressente estas coisas. Será que os esfomeados e desesperados militantes do partido laranja terão a mesma sensibilidade? Desde Cavaco Silva que não acertam!
Eu sou socialista por convicção. Estou porém profundamente desiludido com o que os piratas da tríade de Macau e a matilha de oportunistas insaciáveis que a segue fizeram do PS. Estou, por assim dizer, órfão. Talvez seja por isso que hoje pugne pela derrota do PS e pela sua saída da área do poder. O PSD é o veículo, por assim dizer, da cura de que o Partido Socialista precisa urgentemente, para não morrer de vez. Mas se o voto laranja voltar a errar, e errará se eleger Passos Coelho, ou mesmo Aguiar Branco, em vez de Paulo Rangel, então o PS terá que esperar por melhores dias para arrumar a casa.
Post scriptum —
Nem Pedro Passos Coelho, nem Paulo Rangel, estão na Assembleia da República, ao contrário de José Pedro Aguiar Branco e... Manuela Ferreira Leite. A menos que Aguiar Branco tenha já decidido aliar-se a qualquer dos vencedores, o que não é líquido —depois do que julgo ter entendido da sua prestação televisiva—, uma provável vitória de aparelho favorável a Passos Coelho lançará o PSD num impasse tremendo, do qual poderá resultar uma cisão do partido. Pelo que há muito defendo, tal cisão seria útil ao PPD/PSD, ao sistema partidário (pois provocaria a própria cisão do PS) e finalmente ao País, criando condições para verdadeiras maiorias de coligação. Neste cenário, Cavaco Silva desistiria do segundo mandato —o que seria uma felicidade para todos nós— abrindo-se assim caminho para uma refundação democrática e geracional da democracia. O colapso económico-financeiro que se aproxima não exigirá menos do que uma ruptura de semelhantes proporções!
A entrevista de Cavaco Silva a Cândida Pinto —onde teve a distinta lata de recuar na questão do aeroporto de Alcochete— significa que o homem quer mesmo recandidatar-se, que já antevê o impasse no PSD pós-Directas, e que por isso o melhor mesmo é declarar desde já que não se lembra das duas comunicações que fez ao País (sobre os Açores e sobre o Watergate de Belém), que morre de amores por José Sócrates (leia-se pelos votos do PS que não forem para Alegre), e que, por conseguinte, se está nas tintas para os dramas do PPD-PSD, como aliás sempre esteve. Esta criatura saiu-me uma boa peça. Terá neste blogue, a partir de agora, um declarado opositor à sua sede de poder.
NOTAS
Não creio que as populações das cidades-região de Lisboa e do Porto chumbassem um referendo convocado para o efeito, nem mesmo que o resto do país o fizesse. Bastará estudar bem o problema, fazer um estudo comparativo com casos internacionais de sucesso, e garantir que o resultado final será uma administração da coisa pública, mais eficaz, mais coerente, mais democrática e mais barata!
OAM 694 —05 Mar 2010 14:39 última actualização: 06 Mar 2010 0:29
Escritório de advogados de Aguiar-Branco presta assessoria jurídica à Parque Escolar
Por Margarida Gomes (Público)
02.03.2010 - 08:02
O escritório de advogados José Pedro Aguiar-Branco & Advogados, com sede no Porto, está a prestar serviços de assessoria jurídica na área da contratação pública à empresa pública Parque Escolar, responsável pela gestão do programa de modernização das escolas públicas, que envolve um investimento que poderá rondar os 3,5 mil milhões de euros.
Minutos antes de começar o debate entre Paulo Rangel e Pedro Passos Coelho, José Luís Arnaut fez, no mesmo canal da SIC, uma pomposa proclamação de apoio a Paulo Rangel. O debate seguiu-se poucos minutos depois, mal animado, diga-se de passagem, por Ana Lourenço. Os floreados e as trocas de mimos entre os dois noviços do PSD (Coelho porque já nasceu daquela maneira, e Rangel, porque estava visivelmente tenso) foram deprimentes. Nem uma ideia nova. Nem nada que fosse mais crítico do que o que a actual líder já disse sobre os erros de Sócrates. Nem, sobretudo, qualquer esperança oposta ao vazio da actual governação socialista. Seja como for, a notícia do Sol é verdadeira: Paulo Rangel obedeceu mesmo a uma ordem de marcha de Durão Barroso. Veio de Bruxelas para impedir a eleição do eterno JSD Pedro Passos Coelho, e para impedir também que a alma mater do até há semanas único candidato à sucessão de Manuela Ferreira Leite, e sócio na Fomentinvest, Ângelo Correia, acabasse por reeditar uma vasta confabulação bloquista (central) à maneira antiga, i.e. à maneira do tempo das vacas gordas, quando ninguém via a extensão do tráfico de influências, nem a corrupção, nem a sangria canina do Estado pelos gangs do tal Bloco Central. Alguém teria que ser enviado para travar este desastre anunciado!
Na iminência de uma queda prematura do actual governo socialista —que só não cairá se Sócrates for levado a perceber que saindo salva o PS e o Governo— os poderes subterrâneos do PSD agitaram-se e Barroso percebeu que não havia tempo a perder. Será preciso imaginar e negociar, por cima e por debaixo da mesa, um futuro governo de coligação, que poderá mesmo ser editado em duas fases: na primeira, sob a forma de um acordo de incidência parlamentar, entre um PS sem Sócrates e um PSD com Rangel; e nas próximas eleições legislativas, que teriam assim lugar no tempo certo, na configuração de uma grande aliança patriótica entre o PS, PSD e CDS. Um terceiro cenário, claro, implica a demissão do governo por indecência e má figura, e a dissolução do actual parlamento, seguido de eleições antecipadas — para o que seria também necessário promover uma aliança eleitoral capaz de garantir um quadro de estabilidade institucional e governativa, pois a crise económico-financeira e social está para durar e lavar, e nem sequer passou ainda pela sua fase mais crítica.
José Pedro Aguiar Branco é, neste jogo, uma carta fora do baralho, fruto da precipitação do caos causado pela face oculta do polvo à moda de Sócrates. O assunto é sério e por isso digo que a denúncia ontem mesmo feita sobre a sua falta de tino e isenção no modo como gere ou deixa gerir o seu escritório de advogados, que há menos de quinze dias assinou um contrato de assessoria jurídica, por ajuste directo, no valor de 75 mil euros, com a duvidosa Parque Escolar, é apenas o início da sua derrocada como candidato à liderança do PSD. Se não desistir entretanto —e tem agora um excelente motivo para o fazer, sem comprometer o seu futuro político— o caso do ajuste directo terá certamente muitos mais episódios!
Ou seja, para sermos claros, Paulo Rangel já tem ao seu lado forças poderosas. Barroso, Balsemão, Arnaut, deram o mote e avisaram as hostes. O resto será mais ou menos trivial. Não creio sequer que a ganga dependente dos jobs cor-de-laranja se arrogue travar o que tem muita força. Podem, em teoria fazê-lo, mas pagarão por isso. E a ganga sabe!
Um líder fraco (Aguiar Branco), ou eternamente juvenil e sem história (Passos Coelho) seriam maus para as expectativas governativas do PSD, seriam maus para o próprio PS que ainda existe para além da tríade de piratas que o tomou de assalto, e seriam maus para a governança do país. Rangel, apesar da hesitante prestação de hoje (alguém lhe disse já para amaciar o discurso da "ruptura"), tem fibra de líder, e pode muito bem servir a essência do PSD — um partido tipicamente da classe média, das PMEs, sem teias marxistas no sótão, nem o provincianismo glutão da esquerda caviar que hoje se pavoneia nas cúpulas do Partido Socialista. Não pode é voltar a falar de "Trabalhos de Casa"! E tem que estudar um bocadinho mais sobre o fundo dos problemas que nos afligem — que não é certamente a indisciplina nas escolas que Medina Carreira colocou na moda do discurso apressado sobre os males da Educação.
The Innovation Delusion
By Ralph Gomory
March 1, 2010 (Huffington Post)
Cheap labor abroad is cited as the incurable handicap that explains why the United States cannot compete. But cheap labor doesn't explain the fact that Japan and Germany, both high-wage countries, are successful in the automobile industry. Nor does it explain how semiconductors, a model of a high investment, low-labor content industry, are mainly made in Asia. The premise that the inescapable burden of competing against low wages means failure is simply not correct.
El drama del paro alcanza a otras 82.132 personas en febrero
02.03.10 - 18:16 - AGENCIAS | MADRID (HOY)
Por sectores, casi el 55% del total de los parados de febrero se concentró en los servicios, con un aumento de 45.420 desempleados (el 1,94%); en el colectivo sin empleo anterior se incrementó en 14.810 (5,07%); en la construcción subió en 9.915 (1,26%); en la agricultura en 6.871 (6,44%) y en la industria en 5.116 (0,99%).
En Grande-Bretagne, la victoire annoncée des conservateurs devient incertaine
Virginie Malingre
03.03.10 (Le Monde)
Et si Gordon Brown gagnait les élections législatives prévues d'ici à juin ? Ce qui semblait inenvisageable il y a quinze jours - quand le premier ministre travailliste était, dans les sondages, dix points derrière son concurrent conservateur, David Cameron - est devenu une hypothèse plausible.
O que une estas três notícias é a destruição de alguns mitos comuns: que a salvação depende de mais choques tecnológicos e de mais educação; que a salvação depende de mais obras públicas de construção civil; e que o eleitorado está tão desesperado, que entregará o poder a qualquer novato de direita que prometa tirar o país da crise com palavras. Não é bem assim, e importa compreender porquê.
Não é fácil inverter o movimento de deslocação das indústrias, desde há algum tempo também, dos serviços, e agora da própria investigação científica e tecnológica, que tem decorrido desde a década de 70 em direcção à Ásia, se continuarmos a substituir o emprego produtivo por consumo e a financiar este consumo com uma lógica de endividamento e burocratização das sociedades.
O mais preocupante do desemprego actual na Europa e nos Estados Unidos é que o mesmo afecta sobretudo o sector de serviços e as pessoas à procura do seu primeiro emprego, além de não contabilizar um verdadeiro exército de estudantes eternos e bolseiros que dificilmente encontrarão emprego no futuro e que, apesar de exercerem actividade, não descontam para a segurança social, pelo que ajudarão objectivamente a precipitar mais depressa o colapso dos sistemas de pensões, de saúde e de segurança social.
Wall Street Pursues Profit in Bundles of Life Insurance
By JENNY ANDERSON
Published: September 5, 2009 (New York Times)
After the mortgage business imploded last year, Wall Street investment banks began searching for another big idea to make money. They think they may have found one.
The bankers plan to buy “life settlements,” life insurance policies that ill and elderly people sell for cash — $400,000 for a $1 million policy, say, depending on the life expectancy of the insured person. Then they plan to “securitize” these policies, in Wall Street jargon, by packaging hundreds or thousands together into bonds. They will then resell those bonds to investors, like big pension funds, who will receive the payouts when people with the insurance die.
Finalmente, a recuperação do colérico Gordon Brown face ao Conservador que pretende substitui-lo no número 10 de Downing Street —o que não deixa de ser um remake sintomático do que ocorreu a Manuela Ferreira Leite nas últimas eleições legislativas— obriga-nos a pensar até que ponto o eleitorado está assustado, e o perigo que daí potencialmente pode vir.
Há um problema geral que é afinal simples de entender: ninguém quer perder o emprego, nem a reforma, nem a assistência médica, nem pagar o dinheiro que não tem por um ensino prolongado e virtualmente obrigatório (i.e., sem o qual aceder a um salário mais do que mínimo é impossível).
É por esta razão que a Direita tem uma tarefa muito complicada, se não mesmo uma missão impossível pela frente em todos os países ocidentais desenvolvidos —EUA incluídos....
As receitas liberais e neoliberais já foram provadas (a frio e a quente, i.e com eleições "livres" e com botas militares), para atacar o mesmíssimo problema estrutural, ou sistémico do Capitalismo. Lembre-mo-nos de Thatcher, Reagan, Pinochet, Videla, entre outros. E no que deram, para além dos casos trágicos, foi um compasso de espera que em substância apenas disfarçou durante 30 anos a lógica de desindustrialização e desemprego das forças produtivas nas economias ocidentais. O preço deste compasso de espera, com governos de direita ou social-democratas, foi o endividamento geral das nações mais desenvolvidas do planeta, e uma alteração estrutural dos termos de troca à escala global.
O que agora temos pela frente é a ameaça de uma explosão desta situação insustentável. A possibilidade, e sobretudo a tentação, de uma III Guerra Mundial nos próximos anos não está fora dos radares de muitos caldeirões cognitivos e hotéis sinistros!
Não é pois possível resolver o problema sem regressar a uma Nova Divisão Internacional do Trabalho assente numa saudável rede de vasos comunicantes, na qual antes de redistribuir a riqueza seja redistribuído o trabalho produtivo, e onde se ponha termo sem cerimónias à especulação financeira. É inevitável fazer regressar a economia mundial a um sistema de regulação fronteiriça capaz de manter equilíbrios regionais, e para tal a OMC (WTO) terá que ser esventrada e refundada! Por outro lado, o dólar americano deve terminar como moeda-padrão, criando-se em seu lugar uma moeda mundial nova fundada pelas principais moedas regionais do planeta: o USD, o Euro, o Yen, o Yuan, o Real e uma Moeda Árabe Unida.
É pena que o debate político esteja tão contaminado pelas necessidades tácticas e sobretudo pelo desespero e desorientação dos políticos.
Eu preferiria, porventura, ver Paulo Rangel suceder a Manuela Ferreira Leite,... (O António Maria, 23 Jan 2010).
Enquanto o PS apodrece, vou torcer por Paulo Rangel — eis como poderia resumir o meu estado de alma depois de ouvi-lo anunciar a sua entrada na corrida à sucessão de Manuela Ferreira Leite. Reconsiderou e fez bem.
O país está numa situação lastimável. O PS foi literalmente deglutido por uma tríade de piratas sem escrúpulos e parece-se cada vez mais com a Máfia italiana. Claro está que o Padrinho não é José Sócrates. Este não passa, na realidade, dum arlequim temporário e perfeitamente dispensável. Mas a verdade é que, sem nos vermos livres de semelhante traste, o polvo que vem chupando os miolos, a carne e os ossos do Partido Socialista continuará a sua insanável deriva autofágica. Os zombies cor-de-rosa pálido que hoje vagueavam lívidos pelos corredores de São Bento, à espera do "grande chefe", mudos, em transe, fizeram-me perceber de uma vez por todas que embora me considere um socialista espiritual, nada tenho já que ver com aquelas criaturas desprezíveis. Outro PS é preciso, e enquanto não nasce, abramos as portas a uma nova e jovem liderança no PSD. Torço por Rangel!
José Pedro Aguiar Branco é um político que me cai bem, como me cai bem Nuno Melo, Fernando Assis, ou o velho Alberto Martins— curiosamente tudo gente do Norte. A tríade de Macau, Sintra, Lapa e Zona Expo, pelo contrário, envelheceu de corrupção, gordura a mais e mau pensar. Já ninguém sabe o que é esta gente, se camareros de los banqueros españoles, se criadagem da dependente grande burguesia burocrática local, se jornalistas disfarçados de políticos, se políticos disfarçados de jornalistas. Uma corja imprestável!
Pedro Passos Coelho parecia ser o inevitável futuro líder do PSD, por uma espécie de falta de comparência, nomeadamente de Paulo Rangel. Mas a pressão da derrocada do governo de Sócrates levou o actual brilhante deputado europeu a medir bem o conselho que Durão Barroso certamente lhe dera há umas semanas atrás, bem como as inúmeras insistências que lhe terão chegado nestes últimos dias alucinantes. Agora, a chama de Coelho empalidecerá inexoravelmente diante do fulgor combativo de Rangel. E Aguiar Branco, apesar da sua notável cordialidade e sentido de Estado, certamente aceitará que a dimensão dos desafios que temos pela frente exige, de facto, um aço bem mais temperado do que o seu. Faço, porém, votos para que José Pedro Aguiar Branco venha a ser um forte aliado de Paulo Rangel.
Se Sócrates não for demitido por Cavaco Silva —que não será—, das duas uma: ou se demite por pressão dos poucos políticos socialistas de peso que ainda existem no PS, ou vai arrastar-se, como um boneco, até Abril, mês em que sob o alarido ensurdecedor da sucessão de escândalos acabará por ser demitido, pois não vejo que sentido possa ter dissolver-se a Assembleia da República, quando a causa principal da crise política e da paralisia governativa é mesmo e só o actual primeiro ministro — um mitómano que se esgueirou pela escadaria do poder acima sem ter a menor qualidade para tal.
Os tempos que aí vêm serão tremendamente exigentes e pedirão seguramente um governo de coligação, que só em sonho poderia ser de "esquerda". O PCP e o Bloco terão tarefas importantíssima pela frente, mas não certamente a de governar. O que destes partidos todos esperamos é o reforço da sua capacidade crítica e de vigilância democráticas. E também o esforço de melhor esclarecerem as classes assalariadas na resistência que necessariamente terão que opor à lógica cega e cruel do Capitalismo puramente parasitário, especulativo e burocrático. As sociedades do Capitalismo global, tecnológico e especulativo são complexas e sofisticadas. Para promover com eficácia a defesa dos interesses do Trabalho são precisos novas ideias, melhor argumentação, menos maniqueísmo, mais consistência teórica e política, mais coragem na acção, e menos populismo. Ah! —e também menos oportunismo sindical.
A implosão do Bloco Central vai ser prolongada, feia e dolorosa. Louçã e Portas vão no bom caminho, mas precisam de aprender a ler melhor a realidade e de limpar as borras ideológicas do século 19 que trazem agarradas às respectivas memórias consolidadas (repetitivas e acríticas, por natureza), antes de poderem desferir o golpe de misericórdia na união de facto (PS-PSD) que há 30 anos vem conduzindo Portugal para uma situação de pré-falência, colapso social e perda objectiva de independência.
"O cérebro humano está dividido em hemisfério direito (controla a percepção das relações espaciais, a formação de imagens e o pensamento concreto) e em hemisfério esquerdo (responsável pela linguagem oral e escrita, pelo pensamento lógico e pelo cálculo)." — in Exames.
"O hemisfério dominante em 98% dos humanos é o hemisfério esquerdo, é responsável pelo pensamento lógico e competência comunicativa. Enquanto o hemisfério direito, é responsável pelo pensamento simbólico e criatividade. Nos canhotos as funções estão invertidas. O hemisfério esquerdo diz-se dominante, pois nele localiza-se 2 áreas especializadas: a Área de Broca (B), o córtex responsável pela motricidade da fala, e a Área de Wernicke (W), o córtex responsável pela compreensão verbal." — in Wikipédia.
98% dos eleitores vota, por conseguinte, de acordo com os seus interesses particulares, isto é pessoais e de grupo — familiar, profissional, etc. Enquanto durou a bonança comunitária e o ouro de Salazar, enquanto as remessas dos emigrantes continuaram a afluir generosamente, os 98% de eleitores aproveitaram a boleia, crendo os mais distraídos que a prosperidade relativa, nomeadamente das classes médias, era mérito próprio, ou de quem nos foi governando.
Sabemos agora que quem nos foi governando foi, na realidade, governando-se, sem um único pensamento estruturado e responsável sobre o futuro de Portugal. Sabemos também que a bonança chegou irremediavelmente ao fim (euros de Bruxelas, recursos próprios e dentro em breve, remessas de emigrantes). Sabemos, por fim, que as classes médias caminham aceleradamente para a extinção — prevendo-se que venham a dar lugar a um neoproletariado urbano e suburbano, tecnologicamente instruído mas inculto (i.e. falho de memória histórica), sem trabalho, condicionado para o micro-consumo, e resvalando rapidamente para uma indigência social progressiva. Este neoproletartiado em formação poderá tornar-se numa desesperada e violenta rede revolucionária. De momento, envolto na ilusão fabricada de que a presente crise é meramente cíclica e ultrapassável, talvez vote no Domingo no prato de lentilhas da chamada "governabilidade" — em vez de lancetar, como devia e a direito, a ferida aberta que é o Bloco Central, libertando o país do pus fétido que corrói visivelmente a nossa democracia.
No entanto, ainda não estou convencido que o "povo português" vote no engenheiro de aviário que nos tocou na rifa há quatro anos e meio atrás, seduzidos que fomos todos então pela elegância deste inacreditável político sem apelido. As sondagens mentem!
Um das causas evidentes da pouca fiabilidade dos nossos institutos de sondagens é simples mas tem passado despercebida da maioria dos observadores. Os inquiridores fartam-se de fazer entrevistas telefónicas, mas fazem-no sempre para telefones fixos! Ora como toda agente sabe, telefones fixos são coisa do passado, que só empresas e gente reformada ou para lá caminhando ainda usa. Ou seja, se somarmos esta pelintrice dos chamados institutos de sondagens à sua óbvia dependência do grande empregador e cliente chamado Estado-Governo-Partido no Poder, a fiabilidade dos números que têm vindo a lançar na confusão da propaganda eleitoral acaba por ser duvidosa e sobretudo irrelevante, um ruído mais da própria campanha. Não confiem, pois, nas sondagens!
Quero crer que, apesar de tudo, os eleitores irão votar contra o actual governo, por algo diferente que lhe suceda. Nem que seja outro governo PS, mas desta vez minoritário e sem Sócrates Pinto de Sousa! E também acredito que o voto inteligente permaneça firme na sua intenção de modificar a configuração democrática do parlamento, dando força ao Bloco de Esquerda e ao CDS, como uma espécie de seguro anti-maiorias absolutas e anti Bloco Central.
Seja como for, com governo PS, ou com governo PSD, teremos instabilidade governativa que baste para corroer o rotativismo actual — esperemos que até à cisão de ambos os partidos! Se Manuela Ferreira Leite não ganhar estas eleições, poderá ganhar as autárquicas, e até voltar a disputar em breve novas eleições para o parlamento. E isto por uma simples ordem de causalidade: a "governabilidade socialista" que vier (se vier!), depois do dia 27 de Setembro, será tão só o epicentro de um terramoto político-social de consequências imprevisíveis. Os ingredientes de irresponsabilidade, cabotinagem, nepotismo, corrupção, autoritarismo e asfixia democrática já existem. Basta pois uma faísca.
É por tudo isto que apelo ao realismo do Bloco de Esquerda e ao realismo do CDS. Se querem crescer, como seria bom que ocorresse, restrinjam-se ao essencial, de forma concreta, suspendendo temporariamente os dossiers ideológicos. Olhem para daqui a 20 anos! Pensem na Politica como aquilo que é: por excelência, o exercício da responsabilidade e um cálculo sereno das oportunidades que tecem a história dos povos. O Bloco Central morreu. Se não são Vocês a exigir e garantir governança e viabilidade legislativa, quem poderá fazê-lo?!
ÚLTIMAS SONDAGENS PUBLICADAS (24 Setembro 2009)
PS (Intercampus/TVI*~38%; Católica/RTP~38%, 100 deputados, i.e. -21)
PSD (Intercampus/YVI~29,9%; Católica/RTP~30%, 75 deputados, i.e. -5)
BE (Intercampus/TVI~9,4%; Católica/RTP~11%, 22 deputados, i.e. +14)
PCP/PEV (Intercampus/TVI~8,4%; Católica/RTP~7%, 13 deputados, i.e. -1)
CDS/PP (Intercampus/TVI~7,7%; Católica/RTP~8%, 15 deputados, i.e. +3)
Outros partidos (Católica/RTP~2%)
Votos Brancos ou Nulos (Católica/RTP~4%)
Indecisos (Católica/RTP~12%)
NS/NR (Intercampus~13,2%
Total de deputados: 126 Maioria: 113 +1
* — O erro de amostragem, para um intervalo de confiança de 95%, é de mais ou menos 3,1%.
Declaração pessoal de interesses
Já escrevi neste blogue mais de uma vez, e repito, que tenciono votar no Bloco de Esquerda para a Assembleia da República, no próximo dia 27 de Setembro (se Louçã não cair entretanto na tentação de apoiar José Sócrates); em António Capucho (PSD), para a Câmara Municipal de Cascais; e que me candidato pelo PS+Helena Roseta à Assembleia de Freguesia de São João de Brito. Contradição? Incoerência? Nem por isso!
Há certamente muita gente por este país fora que é capaz de fazer o mesmo. O que não é vulgar é assumir a coisa. Há um tabu, que os partidos políticos alimentam como se fossemos todos imbecis e não soubéssemos distinguir as subtilezas de uma votação com os seus contornos de classe mais ou menos oportunistas e diferenças ideológicas cada vez menos claras. Em vez de cair na armadilha do "voto útil" —suplicado pateticamente pelo PS e pelo PSD—, os portugueses estão rapidamente a adoptar a praxis alternativa do que resolvi chamar "voto inteligente". Esta é certamente uma arma poderosa para mudar positivamente o rumo da democracia portuguesa. Usemo-la, pois, com a determinação estratégica que merece.
Nasceu uma estrela no PSD. Chama-se Paulo Castro Rangel. Aquário, nascido no premonitório ano de 1968. Vem do Norte e fez a diferença na formal sessão comemorativa dos 35 anos da revolução de Abril realizada na Assembleia da República.
Paulo Rangel apontou a liberdade como "o bem sublime" deixado pelos militares de Abril e "o maior bem que uma geração pode dar a outra".
Em seguida, alegou que o Governo está a "roubar a liberdade de escolha às gerações futuras" com o seu "programa de grandes obras públicas" porque este deixará "uma dívida monstruosa", uma "renda anual de 1500 milhões de euros até 2040, durante 30 anos".
"É por isso que hoje, 25 de Abril de 2009, é necessária uma ruptura", defendeu o social-democrata.
"Chegou a hora de a geração Europa, a nossa geração tomar o destino em suas mãos e impedir o sequestro do futuro de Portugal, o sequestro de gerações e gerações de portugueses. Chegou a hora de cortar amarras e correntes", concluiu. — in 25 de Abril: Oposição pede "ruptura" e PS diz que "Portugal vai dar a volta" 25.04.2009 - 13h09 Lusa/ Público. Audio TSF.
Não sei se já repararam na Manuela Ferreira Leite ultimamente. Anda mais bem vestida, melhor penteada e sorri com mais à vontade e graça. Numa palavra, está mais linda! Desconheço quem a tem ajudado, mas parabéns, pois tem feito um bom trabalho.
Os políticos não tem que ser estrelas de cinema, e muito menos pin-ups de telenovela exibindo a toda a hora o bem que vestem, a mediocridade dos seus quotidianos ou as suas qualidades metrosexuais. Os políticos têm apenas que revelar conhecimento, determinação, compaixão e credibilidade, para que os eleitores neles possam votar em confiança. Um político pode ser demagogo, mas não pode ser um mentiroso, nem praticar na sua vida privada o que publicamente condena nos outros. O facto de Manuela Ferreira Leite não ser jovem, nem pin-up, não lhe retira um grama de valor, nem de poder, nem de vantagem eleitoral. A mulher mais poderosa do planeta, Angela Merkel, foi ridicularizada pelos média por causa da sua aparência, mas de que serviu? Para lá do semblante inicialmente inseguro de um político que sobe uma montanha, o determinante é avaliar a segurança e honestidade das suas propostas — independentemente de coincidirem ou não com as nossas convicções ideológicas. Eu não quero acreditar apenas no partido em que voto, mas nos outros também. Quero participar num jogo de cidadania jogado com técnica, sabedoria e fairplay, e não em jogos viciados, cujos protagonistas não passam de marionetas apinocadas de sociedades secretas e redes criminosas.
Manuela Ferreira Leite pôs o dedo na ferida da nossa economia assim que chegou aos comandos do partido laranja na sequência de uma crise populista que não deu em nada, pela razão óbvia de que os seus sucessivos protagonistas (Pedro Santana Lopes e Filipe Menezes) são carne fraca e virtualmente desmiolada. Ao contrário do que o ambicioso intriguista que se veste de "Professor Marcelo" perante milhões de portugueses tem vindo a disseminar mediaticamente de forma sibilina, a secretária-geral do partido pelo qual Marcelo Rebelo de Sousa gostaria de vir a ser candidato presidencial (ilusão que não posso deixar de considerar senil) não só tem vindo a marcar a agenda política com determinação, levando o próprio presidente da república a desferir uma semana antes do 25A, contra a orquestra governamental socratina, o mais demolidor discurso anti-Sócrates do seu mandato, como decidiu bem e com grande sentido premonitório a escolha do candidato laranja às eleições europeias. Paulo Castro Rangel, num só discurso, o de ontem, pode ter ganho ao PS as eleições primárias de Junho. É obra!
Só quem não mediu bem o impacto instantâneo do seminal discurso de Paulo Rangel, ficou sem perceber o tom de Pitonisa de Cavaco Silva na sua oração sobre o 25 de Abril. Se não houve coordenação entre os dois, foi como se tivesse havido. O resultado retumbante do dueto vai certamente perdurar durante o que resta de 2009. E será tanto mais evidente quanto mais tragicamente a tríade de Macau afundar o PS em nome do infeliz papagaio que catapultou para a cúpula da rede sombria que sequestrou o Partido Socialista.
À medida que Paulo Rangel desferia o seu implacável libelo contra os hipócritas de Abril, os deputados PS encolhiam a olhos vistos atrás das suas carteiras tecnológicas. Creio que os BMW saíram todos pelas traseiras, com Jaime Gama, Manuel Alegre e a restante nomenclatura com direito a transporte de luxo. Sem pergaminhos, nem o limo pegajoso da perversão partidocrática que vem corroendo a democracia portuguesa —ao ponto de ameaçar a sua própria sobrevivência—, o jovem deputado e candidato laranja ao parlamento europeu reclamou e bem o dever de não se roubar a liberdade às gerações futuras. Mas mais: acusou os "socialistas", e nas entrelinhas toda uma geração de oportunistas (o Bloco Central da Corrupção), de traírem o espírito de Abril ao pretenderem hipotecar o futuro dos seus próprios filhos e netos em nome das suas milionárias e criminosas vantagens no presente. Os deputados laranja estavam igualmente atónitos! Alguém se lembra ainda do furacão Sá Carneiro?
Esta Geração Europa não tem já nada que ver com os papagaios lançados ao ar pelos cus pelados do Bloco Central. Os pinóquios metrosexuais da laia de José Sócrates e Pedro Passos Coelho bem podem começar a reservar umas férias no Nepal! Paulo Castro Rangel é outra loiça. E com ele estarão certamente milhares de jovens profissionais e quadros técnicos formados a duras penas e com brio, mas a quem a democracia de Abril fecha as portas, reservando-lhes apenas salários humilhantes, desemprego ou a porta da emigração. Está na altura de esta Geração Europa tomar conta da democracia e olhar melhor por ela do que a minha geração olhou.
Continuo a recomendar o voto nos pequenos partidos. Mas se o pragmatismo de muitos exige votar num partido com vocação governativa imediata, então que mudem imediatamente o seu voto para o PSD. Nasceu um furacão político. Dêem-lhe a seiva eleitoral que merece. E protejam-no!