domingo, outubro 17, 2010

Bancarrota - 2

Contra o Orçamento, marchar! marchar!

O súbito conformismo de Medina Carreira



Quando todo o historial permitia presumir uma oposição frontal de Medina Carreira à aprovação da aldrabice a que a nomenclatura do regime insiste em chamar Orçamento de Estado, fomos entretanto  surpreendidos (Plano Inclinado, 16 outubro 2010) pela capitulação do fiscalista perante a chantagem governamental. Ai, ai, ai que vem aí o FMI! — clama Medina Carreira. Mas não era ele mesmo que reclamava o desembarque daqueles senhores no Figo Maduro para salvar o país?! E se eles não vierem, pode o país salvar-se, continuando nas mãos da santa aliança entre Cavaco e Sócrates? A contradição é insanável. Algo de muito estranho deve ter convencido Medina Carreira a deitar ao lixo toda a sua esclarecedora pregação anti-sistema. (1)

A partidocracia e a nomenclatura estão inteirinhas com Sócrates e Cavaco!

Todos os partidos com assento parlamentar, sem excepção, isto é, de Louçã e Jerónimo de Sousa, ao inefável Portas, estão interessados na aprovação do cheque em branco que permitirá ao governo de piratas que elegemos (a culpa também é nossa, obviamente!) prosseguir a sua tarefa deletéria de delapidação económica e financeira do país. A consequência será, não havendo já, como se sabe, mais colónias para penhorar ou vender ao desbarato, a própria e acelerada perda da nossa soberania a favor dos nossos principais credores.

A aldrabice pegada apresentada pelo sem vergonha ministro das finanças, Teixeira dos Santos, resume-se a isto: manutenção do status quo na arquitectura, peso e natureza endogâmica, partidária, intrusiva e omnipresente do Estado —qual burocracia Estalinista vestida de cor-de-rosa—; e um criminoso saque fiscal sobre a generalidade da população e agentes económicos indefesos — ou seja, sobre os mais pobres, sobre a classe média profissional, sobre o funcionalismo púbico, e sobre o pequeno empresariado, deixando de fora, claro está, a poderosa classe parasitária dos monopólios e oligopólios que financiam e têm no bolso a generalidade dos partidos políticos e meios de comunicação de massas, mais as bases partidárias que, como metástases dum cancro letal, invadiram o estado e minam a sustentação da própria sociedade, degenerando assim a democracia, e criando todas as condições para a transformação desta numa cleptocracia

O negócio sujo proposto pelos piratas do PS aos piratas do PSD, para que estes deixem passar o orçamento, é este: vocês deixam-nos fazer o TGV e a TTT (Jorge Coelho/Mota-Engil oblige!), e nós deixamos que vocês prossigam com a aeroruína de Alcochete (Cavaco/BPN-SLN oblige!) As PPP, que interessam a ambos, seguirão também de vento em popa, não é verdade?

A seringa dos impostos é grossa e comprida. E quanto ao povo, como o que quer é circo, telenovelas e batatas fritas, nós para isso ainda temos. E se não gostarem, que emigrem! Até nos daria jeito... ahahahaaaa ;)

A desonestidade intelectual de Francisco Louçã

Francisco Louçã é um economista, e professor universitário, e por conseguinte tem obrigação de saber o que realmente se passa na economia e nas finanças internacionais e portuguesas. Se não fosse um intelectual desonesto, jamais se permitiria alimentar a estratégia permanentemente demagógica do saco de gatos a que chamaram Bloco de Esquerda.

Há uma verdade simples, que Louçã, por ser intelectualmente desonesto, finge ignorar: a nossa economia não produz suficiente riqueza para sustentar o Estado paquidérmico que tem; e este estado tentacular, burocrático, incompetente, caríssimo, enfim, hipertrofiado, se aguentou até agora, tal deveu-se exclusivamente às remessas europeias provenientes dos sucessivos quadros comunitários de apoio, e, por incrível que pareça, dos emigrantes!

A mama, porém, acabou, e agora resta-nos uma de duas alternativas: ou racionalizar drasticamente o assistencialismo social, e encolher o aparelho tentacular e intrusivo do Estado, libertando 30 ou mesmo 50% das suas actividades para a sociedade civil (indivíduos, empresas e associações cooperativas); ou continuar a punção fiscal sobre os produtores efectivos de riqueza.... levando a prazo o país à ruína completa.

Louçã, um burocrata pequeno-burguês típico, e um partidocrata, tal como todos os demais partidocratas, preferem cegamente a segunda opção, ignorando o desastre inevitável que daí advirá.

A boca voraz dos impostos já morde a própria cauda!

Se medirmos os encargos totais da administração pública improdutiva, verificamos que os mesmos superam já a riqueza efectivamente produzida no país. Ou seja, uma parte crescente dos impostos pagos não deriva já sequer da riqueza produzida, mas tão só e tristemente do empobrecimento geral do país. Ou seja, temos uma economia ficcional em marcha que, na realidade, só consegue evitar o colapso à custa de um endividamento externo imparável. Acontece, porém, que os nossos credores, sejam eles especuladores ou estados soberanos, perceberam a gravidade da situação das finanças portuguesas e decidiram travar a sua subsidiação. Daí que a cobra dos impostos, que começou a devorar furiosamente a sua própria cauda, tenha que ser dominada. E só há uma forma de o fazer: libertar a economia real da canga fiscal, libertar a sociedade civil da canga estatal, reduzir a dimensão do Estado e atacar as raízes partidocratas da corrupção e da cleptocracia instalada.

Para aqui chegarmos, porém, nada podemos esperar da corja acomodada em São Bento. Só mesmo Bruxelas, o BCE, e mesmo o FMI poderão aplicar a austeridade eficaz de que efectivamente precisamos para nos salvar da ruína e da humilhação.

NOTAS
  1. Apesar do que supostamente transcreve hoje o Económico, ouvi Medina Carreira dizer ontem à noite que seria de deixar passar o orçamento. No entanto, se emendou a mão, felicito-o!

sábado, outubro 16, 2010

Bancarrota

Parem as autoestradas e as barragens assassinas!
in "Parcerias Públicos Privadas e Concessões, Relatório de 2009". Ministério das Finanças e da Administração Pública. Valores em milhoes de euros.
2030 é, desde o Relatório do Clube de Roma, Limits to Growth, publicado em 1972, o ano comummente aceite como o do grande colapso do actual modelo de crescimento mundial. A principal causa deste colapso civilizacional global é o declínio inexorável das reservas de petróleo barato. Sem este poderoso concentrado energético facilmente manuseável e facilmente transportável não se teria assistido ao crescimento exponencial, embora assimétrico, da população mundial, não teríamos conhecido as sociedades de consumo, não teríamos depauperado de modo tão rápido (200 anos de carvão e apenas 100 anos de petróleo) as fontes energéticas que possibilitaram a industrialização em massa das economias e a urbanização (e sub-urbanização) à escala global dos aglomerados humanos, com consequências a prazo catastróficas. Não teríamos, em suma, exaurido de forma egoísta e suicida os recursos e as condições ambientais imprescindíveis ao equilíbrio e continuidade da vida à face da Terra. Até as abelhas estão ameaçadas. Nada parece salvar-se, salvo as bactérias e os fungos!

Se olharmos para o gráfico acima, verificamos imediatamente que a nomenclatura e os piratas que tomaram de assalto a democracia portuguesa, além de vorazes, corruptos, insensíveis às questões sociais e ao sofrimento humano, são tremendamente burros!

Enquanto o resto da Europa, embora talvez demasiado tarde, acordou e prepara um conjunto de planos de emergência para diminuir a sua pegada ecológica, substituindo nomeadamente os transportes movidos a petróleo e similares por sistemas de "car-sharing" eléctricos, e pelo uso de transportes colectivos movidos também a energia eléctrica (eléctricos, trolleys e comboios)—, Portugal passou a última década a levar até ao paroxismo a política do betão — isto é, um modelo de crescimento próprio de países com burguesias fracas, incultas, corruptas e burocráticas, que dependem estruturalmente do Estado que por sua vez capturam através do financiamento ilegal dos partidos, da esquerda à direita.

A contratação das mais recentes PPPs, para a construção de autoestradas no deserto, quando o colapso financeiro mundial e o endividamento extremo de Portugal eram já uma evidência, bem como a insistência dos imbecis burocratas que vivem das memórias da Esquerda, para que se fizessem mais pontes absurdas (entre Chelas e o Barreiro), nunca se opondo frontalmente às ditas auto-estradas, com medo de perder votos, tem forçosamente que ser considerada crime. Um crime, desde logo, contra a independência do país e contra a riqueza acumulada dos portugueses que pouparam, em vez de gastar à tripa forra, endividando-se alegremente ao som das televisões e da publicidade de rua. Portugal entrou em bancarrota desde Maio deste ano e é, para todos os efeitos, um protectorado encoberto da União Europeia.

A dívida pública, isto é, contraída pela burocracia partidária que degenerou a nossa democracia e levou o pais à falência, é insustentável. Daí que a política orçamental de Portugal seja agora definida em Bruxelas, enquanto a corja partidária continua alegremente a cuspir retórica no patético parlamento em que se tornou a casa da democracia.

Do intelectual desonesto chamado Francisco Louçã (desafio-o a demonstrar-me que não é!), aos seminaristas órfãos de Estaline, passando pelos piratas do Bloco Central (os que o não são, nem  foram, têm já pouco tempo para saírem das suas tocas de cobardia), todos querem que Passos de Coelho aprove, ou no mínimo, se abstenha, na votação do documento fraudulento a que todos chamam pateticamente "orçamento de Estado". Pois bem, já disse e repito: se não chumbar, como deve e tem obrigação, a vigarice com que o Sócrates Pinto de Sousa, e o Aníbal Cavaco Silva, o querem embrulhar e despachar, será o seu suicídio político. O cantar interessado das sereias da Quadratura do Círculo e sinecuras afins, não passam de encomendas bem pagas!

O mundo poderá estar à beira de uma conflito mundial sem precedentes. Se não arrumarmos a casa a tempo e horas, seremos pura e simplesmente ocupados pela Espanha — o nosso maior credor!

Não está pois em causa coisa pequena.


POST SCRIPTUM

Plano Inclinado, 16 outubro 2010
O súbito conformismo de Medina Carreira
Quando todo o historial permitia presumir uma oposição frontal de Medina Carreira à aprovação da aldrabice a que a nomenclatura do regime insiste em chamar Orçamento de Estado, fomos hoje reiteradamente surpreendidos pela capitulação do fiscalista perante a chantagem de José Sócrates Pinto de Sousa. Ai, ai, ai que vem aí o FMI! — clama Medina Carreira. Mas não era ele mesmo que reclamava a vinda daqueles senhores para salvar o país?! E se eles não vierem, o país salva-se, continuando nas mãos da santa aliança entre Cavaco e Sócrates? A contradição é insanável. Algo de muito estranho deve ter convencido Medina Carreira a deitar ao lixo toda a sua pregação anti-sistema.


Expresso, 16 outubro 2010
A capitulação de um jornal de referência face à pressão de quem o alimenta!
Nota da Direção  do Expresso:
"O OE para 2011 é uma terrível notícia para os cidadãos e para as empresas. É a consequência lógica de anos de políticas erradas e impõe medidas duríssimas que decorrem de um estranho período de negação em que este Governo se enredou. Não obstante, chumbá-lo é dar um passo na direção do abismo, tanto no plano financeiro como no plano social. Haveria melhores alternativas ao OE, mas o tempo está infelizmente esgotado. Agora, trata-se de salvar um doente, não de fazer um simpósio. To- dos os esforços para aprovar o Orçamento não são, por isso mesmo, a favor ou contra o Governo, mas algo que se impõe a quem coloca o país em primeiro lugar. Como o Expresso defendeu desde a primeira hora."
 Das duas uma: ou o que escreve no Editorial é irracional (aprovar de olhos vendados o que não conhece, mas foi cozinhado por uma comprovada turma de aldrabões), ou acha que se não capitular desta maneira vergonhosa, vai perder o apoio da banca, do governo e dos oligopólios público-privados que se preparam para o assalto final à bolsa dos portugueses. Como é óbvio, não tenciono gastar mais um cêntimo que seja neste pasquim!

sexta-feira, outubro 15, 2010

E agora Carrilho? - 2

 Partido Socialista: algo se move enquanto o barco pirata do "socratintismo" se afunda

Ontem, na SIC-N, no Jornal das Nove, surpreendentemente, o eminente teórico e consultor do aeromoscas de Beja e das cidades aeroportuárias da Ota e de Alcochete, apareceu a desconstruir naquele seu tom aznariano, toda a política económica de quem lhe deu de comer nesta última meia década. Não deixa de ser interessante observar as consequências gravíticas de um barco quando começa a adornar, com naufrágio inexoravelmente à vista. Será que o senhor Augusto Mateus já se apresentou a Manuel Maria Carrilho como futuro ministro da economia, ou preferirá antes ser o futuro anunciado ministro da qualificação? Eu sou tolerante, e como cristão genético aprendi a perdoar. Já estou a imaginar: primeiro ministro, Manuel Maria Carrilho; ministro da economia, Augusto Mateus; ministro da qualificação, Mariano Gago (há que repescar o que é bom); ministro dos negócios estrangeiros, Luís Amado (um bom ministro que fez o favor de colocar MMC na senda da sucessão de Sócrates); ministro das finanças, Luís Campos e Cunha; ministra do ambiente e do território, Elisa Ferreira; ministro da educação, Nuno Crato; etc.


POST SCRIPTUM

15-10-2010. A noite das facas longas aproxima-se no parlamento da corrupção. Quem quiser escapar ao naufrágio tempestuoso do socratintismo terá que tomar posição agora, denunciando os crimes do sistema. É uma catarse absolutamente necessária. A denúncia brutal do deputado Victor Baptista, hoje, é disso testemunha elucidativa e necessária (Expresso). O silêncio enconado da esmagadora maioria dos seus colegas deputados, do CDS ao Bloco de "Esquerda", passando pela múmia que dirige a falsificação folclórica e decadente em que se transformou o PCP, é a prova de que este regime morreu, e de que é preciso outro, urgentemente! Este é um longo, hipócrita e cúmplice silêncio com a cleptocracia imbecil em que se transformou a nossa degenerada democracia e a sua nomenclatura partidária, sindical e corporativa. Para que outro regime nasça é necessário que Passos de Coelho chumbe o assalto criminoso que a nomenclatura cleptocrática (com o apoio instintivo de todos os partidos parlamentares) se prepara para perpetrar contra todos os que não são da sua laia.

O chumbo da autorização legislativa (a que a canalha político-partidária e os economistas legionários chamam "Orçamento de Estado") para assaltar o que ainda resta da riqueza nacional —literalmente um assalto em massa aos nossos bolsos— não vai piorar coisa nenhuma, pela simples razão de que Bruxelas e o BCE são desde Maio de 2010 os nossos tutores. O que o chumbo do crime público em preparação irá conseguir são duas coisas essenciais para desanuviar e criar condições para uma regeneração, parcial, lenta, mas ainda assim imprescindível, do regime, ou seja, correr com as bestas negras do regime: José Sócrates Pinto de Sousa e Aníbal Cavaco Silva. Só despedindo estas duas criaturas imprestáveis, Portugal poderá regenerar-se como democracia. Só afastando estes dois obstáculos, será possível meter na prisão o Bloco Central da Corrupção, aproveitando a oportunidade para reduzir à expressão mais simples as caricaturas parlamentares da chamada esquerda portuguesa., dando lugar à representação política genuína das novas forças sociais.

quarta-feira, outubro 13, 2010

E agora Carrilho?

Manuel Maria Carrilho, E Agora? Por uma nova República.
Li o prefácio do livro de Manuel Maria Carrilho, "E AGORA? Por uma Nova República". Para princípio de novo programa do PS e de reforma do regime, não está nada mal. Depois do suicídio político de Francisco Assis, e da impossibilidade óbvia de Tó Zé Seguro substituir o Pinto de Sousa, eu, se fosse o Jorge Coelho, reorientava a minha armada de influências para o Manual Maria Carrilho. Foi ministro, é catedrático muito antes de se tornar político com responsabilidades, tem pensamento próprio e sobretudo é honesto, austero e gosta do seu país.

O despedimento sem justa causa do embaixador português da UNESCO, por um Sócrates inculto, aldrabão, e bonifrates enraivecido, depois da publicação do manifesto político de Manuel Maria Carrilho, é um excelente argumento a favor do ex-ministro da cultura, e convida a lê-lo.

Algumas das suas ideias — um só mandato presidencial, voto obrigatório, subordinação dos limites do endividamento público a imperativos constitucionais, ligação dos deputados a quem os elege, austeridade, competência, imaginação e probidade na função pública, de que a acção político-partidária deveria ser a mais exigente e nobre, uma mudança drástica nas filosofias e metodologias educativas, a correcção imediata do descalabro da Justiça, ou a consideração da cultura (do conhecimento e das artes), da boa administração do território, e do papel crucial do poder local, como opções estratégicas de fundo e urgentes — subscrevo-as por baixo imediatamente.

Faltará apenas, pelo que li do prefácio, uma nova percepção teórica das causas geo-estratégicas do nosso declínio. Sem isto, não saberemos reinventar completamente a economia portuguesa, nem mudar de vida. O declínio e as bancarrotas duram desde a perda do Brasil, e o estado em que estamos agora é já claramente comatoso. Portugal transformou-se, sobretudo na última década, numa cleptocracia sem rei nem roque. Foi por isso que a Alemanha decidiu parar com as mesadas inúteis.

O buraco que aí vem pode, por mais negro que seja, e vai ser muito negro, por incrível que seja, e é muito incrível, levar-nos à salvação. Estejamos, pois, muito atentos e activos.


POST SCRIPTUM

15-10-2010. Ontem, na SIC-N, no Jornal das Nove, surpreendentemente, o eminente teórico e consultor do aeromoscas de Beja e das cidades aeroportuárias da Ota e de Alcochete, apareceu a desconstruir naquele seu tom aznariano, toda a política económica de quem lhe deu de comer nesta última meia década. Não deixa de ser interessante observar as consequências gravíticas de um barco quando começa a adornar, com naufrágio inexoravelmente à vista. Será que o senhor Augusto Mateus já se apresentou a Manuel Maria Carrilho como futuro ministro da economia, ou preferirá antes ser o futuro anunciado ministro da qualificação? Eu sou tolerante, e como cristão genético aprendi a perdoar. Já estou a imaginar: primeiro ministro, Manuel Maria Carrilho; ministro da economia, Augusto Mateus; ministro da qualificação, Mariano Gago (há que repescar o que é bom); ministro dos negócios estrangeiros, Luís Amado (um bom ministro que fez o favor de colocar MMC na senda da sucessão de Sócrates); ministro das finanças, Luís Campos e Cunha; ministra do ambiente e do território, Elisa Ferreira; ministro da educação, Nuno Crato; etc.

13-10-2010. Manuel Maria Carrilho e Pedro Santana Lopes assinaram contrato com a TVI para comentarem a actual situação política. Dois líderes futuros no horizonte? Afastemos os preconceitos e as fábulas inventadas pelas agências de comunicação, antes de opinar sobre estas duas aves que renascem das cinzas. Como Passos de Coelho está a ser empurrado por todos para o caldeirão canibalista da actual nomenclatura político-partidária, e o seu futuro se torna assim naturalmente incerto, há que olhar para lá das presidenciais, e sobretudo para lá da era Cavaco-Sócrates!

Do quadrado professor Louçã ao quadrado professor Pacheco, todos querem que os laranjas deixem passar o Orçamento, para depois o senhor Pinto de Sousa acusar o PSD das medidas gravosas, enquanto gasta milhões de euros, dos nossos impostos claro, a colar a face do poeta surdo-mudo pelo país fora, de braço dado com o quadrado Louçã. O meu voto será obviamente branco!

domingo, outubro 10, 2010

Qual economia?

Economistas, vendilhões do templo, boys & girls



A recente rejeição, por "falta de qualidade", de três juízes propostos pelo governo português para ocupar um lugar deixado vago no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (link), revela o declínio escandaloso que ameaça a credibilidade de algumas corporações portuguesas. O pântano da nossa Justiça, inerte por efeito da corrupção legislativa, de que são responsáveis todas as burocracias partidárias que povoam o deserto político de São Bento, mas também pelo comportamento tradicionalmente subserviente, reaccionário e nepotista dos nossos tribunais, e da ganga de advogados ambiciosos e sem escrúpulos que infesta a sociedade portuguesa, é hoje percebido em Bruxelas como coisa indecorosa e até intolerável na perspectiva do prestígio que um tribunal como o dos direitos do homem deve ter. Que o episódio nos sirva de lição!

Mas há ainda outra corporação cuja subserviência, desonestidade intelectual e incompetência é tão aflitiva quanto a anterior. Chamam-se "economistas". Tal como a turma infindável dos falsos justiceiros que vivem, na sua parte de leão, à custa dos nossos impostos e do dinheiro que o estrangeiro distraído nos tem emprestado, os "economistas" portuguesas caracterizam-se, salvo raras excepções (1), por dormirem na forma a maior parte dos respectivos tempos de vida útil. Debitam calão incompreensível, como qualquer astrólogo o faz, pouco ou nada sabem de história económica portuguesa (2) e mundial, e fazem do optimismo o seu emprego principal. Só quando caem no desemprego, ou o céu se abate sobre a tribo (3), acordam estremunhados, e como baratas tontas vasculham os quadros e estatísticas que nunca leram, pondo-se então lentamente na bicha dos profetas da desgraça alheia. Façam uma lista dos nossos economistas e coloquem à frente de cada um o ano, o mês, o dia e a hora em que descobriram que Portugal tinha um sério problema de finanças públicas, causado por um insustentável endividamento público e privado — interno e externo— e surpreendam-se! Boa parte deles ainda acha que a nossa banca é sólida, quando toda a gente sabe que a mesma foi tomada de assalto por piratas e pela corja partidária, e está estruturalmente falida, caminhando a passos largos para o bolso dos respectivos credores (Angola e Espanha, em primeiro lugar).

Ou seja, tal como os advogados portugueses, os economistas portugueses, salvo louváveis excepções, formam uma corporação de consultores bem pagos para dizerem o que quem lhes paga quer que digam. É por isso que, mesmo quando começam a somar 2+2 para saberem qual é o montante efectivo e a verdadeira importância da Dívida Externa Portuguesa (até há meses atrás só falavam do défice; da dívida acumulada nada sabiam ou queriam saber) denotam a mais gritante falta de pensamento estruturado e nenhuma estratégia anti-crise credível.

O pânico que a generalidade dos nossos "economistas" tem vindo a revelar na discussão sobre o cheque em branco exigido pela tríade de Macau e pelos piratas do Bloco Central do Betão e da Corrupção ao jota Passos de Coelho (ainda não o promovi a estadista!), mostra até que ponto o verniz da sua geral subserviência e falta de honestidade intelectual é escandalosamente fino e estaladiço. Se repararem bem, todos os economistas falam do TGV e da necessidade de cancelar a ligação Caia-Poceirão (o investimento mais barato e mais útil de todas as enormidades paridas pelo actual governo), mas nada dizem —mantendo um sistemático e criminoso silêncio— sobre as novas autoestradas (que deveriam ser imediatamente canceladas!), ou sobre o negócio sujo do novo aeroporto da Ota em Alcochete, cujos terrenos foram adquiridos in extremis pelo grupo de bandidos que inventou e alimentou o estratagema bancário chamado BPN. Claro está que a aquisição dos terrenos de Alcochete, semanas antes do primeiro ministro anunciar o cancelamento da Ota, só terá sido possível com a passagem ilegal de informação privilegiada do governo a quem a fez passar ao grupo SLN, do senhor Rui Machete e Cª.

Por fim, sobre a "correcção" do défice orçamental, os nossos "economistas", em vez de denunciarem em uníssono o negócio (cor-de-rosa para a PT e ruinoso para o Estado) da inclusão do fundo de pensões da PT no pré-falido sistema público de pensões, e a compra da sede central da Caixa Geral de Depósitos pelo fundo de pensões da mesma instituição (!), como o que são —fraudes orçamentais— assistimos a uma espécie de coro presidencial a favor de uma limpeza a fingir das nossas finanças, para debaixo do tapete do próximo governo, como se os mercados da dívida soberana e o BCE andassem a dormir — como a generalidade dos nossos economistas há muito anda!

O PSD, e sobretudo o país, não têm nada a ganhar, aliás têm muito a perder, com a monstruosa mentira orçamental que os piratas que escrevem os telepontos do senhor Pinto de Sousa querem, uma vez mais, vender-nos. Tal como o eterno adolescente Francisco Louçã afirma do alto da sua incorrigível irresponsabilidade, falta de tino, oportunismo político extremo e desonestidade intelectual, o PS transformou-se no governo provisório do PSD! Mas se assim é, que seja o PSD a governar!!

O PS de quem o tomou de assalto, o PCP e o Bloco de Esquerda querem continuar no poleiro, isto é, querem continuar a governar o país, destruindo-o, mas imputando ao mesmo tempo todas as culpas à direita e sobretudo ao PSD. A ganga de inúteis do PSD, a sua velha guarda de cus pelados, qual turma de sacristãos da missa socialista, sibilam em uníssono por todos os canais de propaganda que controlam a necessidade de Passos de Coelho se suicidar em nome dos seus queridos mas agora ameaçados privilégios. Extraordinário!!

Se o canibalismo laranja triunfar uma vez mais, o actual sistema partidário morrerá de estupidez antes do previsto. Se, pelo contrário, o actual secretário geral do PSD, bem orientado por Diogo Leite Campos (o único social-democrata que parece ter as ideias no sítio), encostar à parede Cavaco Silva e a interminável nuvem de cortesãos que o rodeia, chumbando a vigarice do próximo Orçamento de Estado, então teremos uma luz ao fundo do túnel. E até teremos um renovação imparável do PS!

NOTAS
  1. Há economistas portugueses que leio ou escuto sempre que posso: Cristina Casalinho, João Cantiga Esteves, Medina Carreira, João Bento, José Silva Lopes, Mira Amaral, João Duque; outros, nem tanto, por serem sobretudo economistas-políticos: Luís Campos e Cunha, João Salgueiro, Miguel Beleza, Teodora Cardoso, Hernâni Lopes, etc.; depois vêm os que abomino, ou seja, os políticos armados em economistas e o interminável vagão dos boys&girls da burocracia partidária que levou este país à desgraça, e que me dispenso de nomear, por nojo.
  2. Ler este artigo do Público: "Portugal já declarou bancarrota parcial em 1891 e saiu-se bem".
  3. "FMI avisa que Portugal será a pior economia da União Europeia em 2015" — Público, 9-10-2010.

sexta-feira, outubro 08, 2010

Acertar os Passos

Portugal tem solução à vista: coligação PS-PSD com Presidente comprometido

As coisas parecem encaminhar-se para a única solução racional que esta crise infecta e a cheirar mal pode ter:
  1. o anúncio pelo PSD do chumbo do orçamento escondido que o actual governo sem freio nos dentes quer impingir ao país — exigindo ao PSD a assinatura dum cheque em branco que depois servirá para responsabilizá-lo por tudo o que parecer "medida de direita";
  2. a queda do governo vigarista de José Sócrates Pinto de Sousa e o bloqueio institucional da tríade que colocou este vendedor de laptops no poleiro de primeiro ministro;
  3. a formação de um governo de coligação PS-PSD mediado pelo presidente Cavaco Silva, que não terá outra alternativa senão estar 100% solidário com o governo de brasa que aí vem. Ou seja, um governo parlamentar estável, formado na base dum programa de emergência nacional, largamente ditado por Bruxelas, e apoiado sem reservas pelo actual presidente da república. A alternativa a isto seria a manutenção do actual governo em funções de mera gestão. Não creio, porém, que Bruxelas autorize semelhante impasse, que seria evidentemente fatal para o país, na medida em que levaria no prazo de semanas ao reconhecimento oficial da bancarrota de Portugal perante todo o mundo. Não nos esqueçamos que Portugal é hoje um protectorado da União Europeia.
  4. finalmente, dissolver a actual Assembleia da República e convocar eleições legislativas antecipadas, logo que os prazos constitucionais e a conveniência política o permitam.

Ao contrário das sereias retardadas da desgraça — Quadratura do Círculo e similares— a queda do imprestável e perigoso desgoverno do senhor Pinto de Sousa não configura nenhuma calamidade para o país. Deixar de espremer esta borbulha de pus é que sim, só pode agravar e muito a nossa situação colectiva. Basta pensar nos dois mil milhões de euros que pretendem roubar dos nossos bolsos a partir de 2014, só para continuar a alimentar a corja de empresários palacianos que nem na Roménia conseguem ganhar um concurso público. Aliás, até já em Portugal perdem para Espanha! Refiro-me, claro está, às autoestradas desérticas que andaram a construir —e querem continuar a construir (!)— para encher os bolsos do Bloco Central do Betão e da Corrupção e esvaziar os nossos.

A precipitação dos acontecimentos foi aqui prevista há muitos meses, ou mesmo há anos. Perante a degradação evidente das dívidas pública, interna e externa portuguesas, exibida por numerosos quadros estatísticos disponibilizados por organizações internacionais diversas (mas não pelo Banco de Portugal), e compiladas pela Wikipédia, coloquei dois cenários possíveis:
  • uma recomposição do actual espectro partidário —com o surgimento de dois novos partidos políticos (um saído da barriga do PS, e outro, da barriga do PSD);
  • ou a degradação imparável da crise do regime, da qual resultaria a inevitabilidade da formação de um governo de coligação ao centro mediada pelo presidente da república, envolvendo processos de purificação interna dentro dos dois principais partidos políticos.
O preço desta última solução deverá saldar-se pela não recandidatura de Aníbal Cavaco Silva a um segundo mandato. Alegre deverá pois bater-se contra Bagão Félix ou outra personalidade com prestígio na banda centro-direita do espectro eleitoral.

Para quem não percebeu ainda, a verdade nua e crua da nossa situação é esta: não fomos, nem seremos expulsos da União Monetária Europeia, i.e. do euro, mas é como se tivéssemos sido. O nosso poder de compra vai cair pelo menos 30% nos próximos dois anos! O Estado vai ter mesmo que encolher. Para sobrevivermos e ultrapassar o verdadeiro Rubicão que temos pela frente, precisaremos de uma liderança da coisa pública completamente renovada. E provavelmente teremos que meter na prisão uma boa centena de vigaristas, incluindo o actual primeiro ministro e a comandita que o pariu.

Como sempre escrevi, Passos de Coelho ou apressava o passo no sentido de uma ruptura terapêutica, ou suicidar-se-ia politicamente antes de começar a ser alguém.

quarta-feira, outubro 06, 2010

Rumos — 4

A solução está na melhoria da nossa balança comercial

Esgotaram-se em Portugal os bilhetes e as entradas para exposição automóvel de Paris. Tal como já Saint-Exupéry escrevia sobre a Lisboa dos anos 40 — Carta a um refém (Lettre à un Otage)—, verificam-se por aqui perigosos fenómenos de alheamento.

Os principais pecados originais que nos assolam são o facto de consumirmos muito mais do que produzimos e também importarmos substancialmente mais (20%) do que exportamos. Todas as outras falhas dependem destas primeiras, com a agravante de 80% das nossas trocas comerciais se concentrarem em 5 países europeus onde será evidentemente quase impossível aumentar a penetração dos respectivos mercados.

Se por algum momento nos absorvermos apenas na obsessão orçamental cairemos rapidamente no abismo. Qual a prioridade estratégica? Diminuir o deficit comercial, conter as importações, aumentando as exportações, mas seleccionando as que impliquem alto valor acrescentado. A resposta oficial alude sempre à indústria automóvel e de componentes mas o engano é profundo. A Autoeuropa é, agora, a maior exportadora com mais de 10% do total nacional, contudo é também a maior firma importadora e de cada 110.000.000€ que exporta, importa  100.000.000€ de componentes.

Devemos identificar e apoiar firmemente os sectores como sejam o têxtil técnico, malhas, couros, calçado e mobiliário, casos em que para cada 10 que se exporta, apenas se importam 6, logo com muito maior valor acrescentado.

Para substituir as importações note-se o caso das frutícolas, hortícolas e oleaginosas que continuamos a importar em tão alta escala, quando há tanta potencialidade de produção nos raios próximos de Lisboa e Porto. Há total urgência no apoio e desenvolvimento às redes logísticas dos produtos frescos. Vejam e trabalhem o exemplo dos produtos lácteos, quase já integralmente portugueses. A via das cooperativas logísticas agrícolas tem de ser imediatamente fomentada com apoio estatal já que o seu retorno fiscal seria rápido. A zona Oeste e o vale do Sorraia, para Lisboa, poderiam quase que imediatamente substituir, com todas as vantagens para o consumidor e economia nacional, as absurdas importações de Espanha. O aumento de produtividade só pode ser encontrado nos sectores em que temos, desde sempre, as maiores vantagens competitivas e em que sobretudo contamos com o nosso próprio mercado.

Frederico Brotas de Carvalho