É uma associação, mas ainda não é um partido. Tem membros, mas ainda não tem militantes. Tem uma visão de sociedade, mas ainda não tem um manifesto final. Um grupo de liberais — sem medo de serem acusados de “papões neoliberais” — criaram em setembro a Associação Iniciativa Liberal. O objetivo final é criar um partido liberal em Portugal, ao estilo do Ciudadanos (Espanha) ou dos Lib Dems (Reino Unido). Já começou a recolha de assinaturas para a constituição de um partido que, no espectro político, estará situado ao centro (entre o PSD e PS).
O cesarismo bicéfalo saído do impasse das últimas eleições legislativas, que deu origem a um governo minoritário dependente do poder legislativo, ferindo gravemente o equilíbrio dos poderes constitucionais, esgotou-se mais cedo do que eu previa. Nem o primeiro ministro, nem o presidente da república estão à altura das cicunstâncias. Em breve colapsará.
O pântano partidário onde Portugal está mergulhado só mudará se houver um novo partido parlamentar em cena, com ideias novas, princípios firmes e coragem. O oportunismo de curto prazo e a falta de ética e transparência tornaram-se o principal guia comportamental da partidocracia instalada. Nem o PCP, nem o Bloco, escapam a esta teia de corrupção.
A omnipresença propagandística dos partidos nos meios de comunicação social tornou-se asfixiante.
Os resultados para o regime, ao fim de quase quarenta anos de democracia populista e clientelar, são sobejamente tristes:
a perda para o exterior de 70% do nosso sistema bancário e financeiro e a submissão do único banco público existente a um apertado controlo por parte das instituições credoras;
a alienação das principais empresas estratégicas portuguesas, da energia às telecomunicações, dos aeroportos aos portos, e até de algumas concessões hospitalares e rodoviárias, aos chineses, espanhóis, angolanos e franceses. No caso da Vinci, participada pelos árabes do Qatar, o grande patrono dos Clinton e do Estado Islâmico!
vinte anos a crescer menos de 0,5% ao ano, com uma dívida acima dos 130%, e uma emigração como não se via desde os anos 60 do século passado, então sobretudo causada por uma guerra colonial travada em três frentes;
uma população envelhecida e com as poupanças exauridas pela especulação, pelo engano político, por um estado burocrático e partidário insustentável, e pelo fascismo fiscal;
em suma, um país falido que só não cairá numa nova ditadura, de direita ou de esquerda, enquanto estiver protegido pela União Europeia e pelo Banco Central Europeu.
O pensamento liberal, na aceção de um pensamento político estruturado e claro, existe, mas falta-lhe voz pública e organização. Quanto mais se atrasar, mais difícil será sairmos do estado exangue em que a nossa democracia se encontra.
Quem diria que este blog tem um irmão gémeo em modo vínico;)
Há que prová-lo!
O António Maria tinto é um vinho que tem o nome deste blog e que serve muito bem para remunerar os neurónios e as papilas gustativas do seu autor. Se me lê com regularidade aqui vai uma sugestão para patrocinar a minha enoteca, sempre exaurida de boas pomadas. PS: há quem afirme que a relação preço-qualidade deste vinho deixa algo a desejar. Mas este é, creio, um dos problemas da maioria dos vinhos alentejanos. Tiques latifundiários.
Em todas as áreas azuis a população deixou de crescer e envelhece.
Estagnação demográfica, envelhecimento e o fim da energia barata.
Olhando para o gráfico da demografia mundial entre 1961 e 2015, verificamos que a taxa de crescimento começou a cair em 1969 (2,1%), estando em 2015 nos 1,18%. No entanto, a população continua a crescer, sobretudo no continente africano.
As regiões com maior rendimento per capita do planeta—Estados Unidos, Canadá, Europa ocidental, Austrália, Japão—estão em processo de envelhecimento acelerado e estagnação demográfica. Mas não só: China, Brasil e Rússia, por exemplo, encontram-se em situação semelhante. O crescimento demográfico em países como o México, ou na América do Sul à exceção do Chile e Brasil, em França, na Arábia Saudita e Turquia, no Casaquistão e na Mongólia, Índia, Paquistão, Malásia, Indonésia e Nova Zelândia, situa-se entre os 2 e os 3 filhos por mulher, havendo assim nalguns destes países renovação geracional efetiva. Só em África se verifica ainda aquilo a que poderíamos chamar uma explosão demográfica, sobretudo nas regiões subsarianas e no centro do continente.
África já é o segundo continente mais populoso do planeta, depois da Ásia central e do sul. Até 2030 terá mais 493 milhões de pessoas (passando dos atuais 1.186 milhões para 1.679 milhões), e em 2050 haverá mais 1.292 milhões do que hoje, ou seja, o continente africano terá então uns 2.478 milhões de almas. Se pensarmos apenas nos grandes países de língua portuguesa, em 2030 Brasil terá +20 milhões de pessoas (207.848 > 228.663), Angola, +14 milhões (25.022 > 39.351), e Moçambique, +13 milhões (27.978 > 41.437).
Olhando para o mapa acima percebe-se até que ponto os países que deixaram de crescer demograficamente (a Península Ibérica, se nada fizer, perderá 700 mil pessoas até 2030), ou acolhem população jovem de outros continentes, ou morrem de velhos, provavelmente no meio de grandes convulsões sociais. Falta, porém, saber como programar o inadiável rejuvenescimento destas sociedades demograficamente estagnadas, sem causar dramas como os que hoje afligem a Europa, lançando os países numa corrida populista em direção ao abismo. Precisamos de discutir sem complexos estes temas.
Uma das origens da estagnação demográfica e económica é o fim da energia barata, bem como de outras matérias primas que, tal como o petróleo e o gás natural, só são baratas se forem abundantes e de fácil acesso. Durante algumas décadas o endividamento público e privado escondeu a realidade dos preços, ou seja, que os recursos necessários à economia e à vida das pessoas se tornaram demasiado caros quando comparados com os rendimentos declinantes do trabalho. Hoje, com as bolhas financeiras a rebentarem por toda a parte, o crescimento real praticamente estagnado, desemprego e falta de novos empregos, percebe-se que a queda da procura agregada mundial veio para ficar (ainda que possa aumentar até 2030-40, moderadamente, pelo efeito induzido pelo crescimento da população mundial) e vai impor alterações radicais nas sociedades. Poderá mesmo interromper a globalização competitiva baseada no desenvolvimento assimétrico, provocando o regresso das soberanias nacionais. Também neste ponto há necessidade de abordar os temas com imaginação, nomeadamente no que toca à sempre possível fragmentação da União Europeia e do euro. A este propósito, o Brexit, por um lado, e a experiência alemã, por outro, serão provavelmente os melhores observatórios para acompanhar este problema e esta discussão.
Algumas ilusões tecnológicas devem, entretanto, ser afastadas da nossa imaginação e sobretudo da nossa agenda política. Uma destas ilusões é a das energias renováveis. A outra é a de que o nosso maior problema são as alterações climáticas, as quais, por sua vez, legitimam a corrida ruinosa pelas energias eólica e fotovoltaica, ou a criação de novas bolhas especulativas, como o chamado mercado das emissões de carbono. Finalmente, a ideia de substituir tabalho humano por máquinas inteligentes não é nova e acelera há alguns anos na vertente informática, da inteligência computacional e da robótica. Esta aceleração poderá resolver alguns problemas associados ao envelhecimento e à estagnação demográfica, mas padece do mesmo mal que as indústrias tradicionais: precisa de muita energia, e se esta for cara, os produtos finais, sejam estes de natueza material ou imaterial, serão igualmente caros, mantendo-se assim a tendência já instalada e de longo prazo (60 a 100 anos) para a quebra acentuada da procura agregada mundial. No entanto, a combinação entre conhecimento e crise poderá ser a mistura necessária para uma transição pacífica das sociedades perdulárias, agonísticas e desiguais contemporâneas em direção a uma ordem social mais equilibrada. Veremos...
1. The Global Population of Young (Future Consumer Base) Ceased Growing...30 Years Ago.
2. The Worlds Population is Still Growing Due to a Surge in the Elderly Living Longer and High African Birthrates Offsetting Global Depopulation of Young.
The “Wind and Solar Will Save Us” story is based on a long list of misunderstandings and apples to oranges comparisons. Somehow, people seem to believe that our economy of 7.5 billion people can get along with a very short list of energy supplies. This short list will not include fossil fuels. Some would exclude nuclear, as well. Without these energy types, we find ourselves with a short list of types of energy — what BP calls Hydroelectric, Geobiomass (geothermal, wood, wood waste, and other miscellaneous types; also liquid fuels from plants), Wind, and Solar.
Unfortunately, a transition to such a short list of fuels can’t really work. These are a few of the problems we encounter:
[1] Wind and solar are making extremely slow progress in helping the world move away from fossil fuel dependence.
[2] Grid electricity is probably the least sustainable form of energy we have.
[3] Our big need for energy is in the winter, when the sun doesn’t shine as much, and we can’t count on the wind blowing.
[4] If a family burns coal or natural gas directly for winter heat, but then switches to electric heat that is produced using the same fuel, the cost is likely to be higher. If there is a second change to a higher-cost type of electricity, the cost of heat will be even greater.
[5] Low energy prices for the consumer are very important. Unfortunately, many analyses of the benefit of wind or of solar give a misleading impression of their true cost, when added to the electric grid.
[6] If we want heat in the winter, and we are trying to use solar and wind, we need to somehow figure out a way to store electricity from summer to winter. Otherwise, we need to operate a double system at high cost.
[7] There are a few countries that use an unusually large share of electricity in their energy mixes today. These countries seem to be special cases that would be hard for other countries to emulate.
[8] Hydroelectric power is great for balancing wind and solar, but it is available in limited quantities. It too has intermittency problems, limiting how much it can be counted on.
[9] If we need to get along without fossil fuels for electricity generation, we would have to depend greatly on hydroelectric power. Hydro tends to have considerable variability from year to year, making it hard to depend on.
[10] There has been a misunderstanding regarding the nature of our energy problem. Many people believe that we will “run out” of fossil fuels, or that the price of oil and other fuels will rise very high. In fact, our problem seems to be one of affordability: energy prices don’t rise high enough to cover the rising cost of producing electricity and other energy products. Adding wind and solar tends to make the problem of low commodity prices worse.
[...]
If we want to operate a double system, using wind and solar when it is available, and using fossil fuels at other times, the cost will be very high. The problem arises because the fossil fuel system has many fixed costs. For example, coal mines and natural gas companies need to continue to pay interest on their loans, or they will default. Pipelines need to operate 365 days per year, regardless of whether they are actually full. The question is how to get enough funding for this double system.
[...]
A different pricing system that works much better in our current situation is the utility pricing system, or “cost plus” pricing. In this system, prices are determined by regulators, based on a review of all necessary costs, including appropriate profit margins for producers. In the case of a double system, it allows prices to be high enough to cover all the needed costs, including the extra long distance transmission lines, plus all of the high fixed costs of fossil fuel and nuclear power plants, operating for fewer hours per year.
Of course, these much higher electricity rates eventually will become unaffordable for the consumer, leading to a cutback in purchases. If enough of these cutbacks in purchases occur, the result will be recession. But at least the electricity system doesn’t fail at an early date because of inadequate profits for its producers.
Conclusion
The possibility of making a transition to an all-renewables system seems virtually impossible, for the reasons I have outlined above.
Exposed: How world leaders were duped into investing billions over manipulated global warming data
PUBLISHED: 22:57 GMT, 4 February 2017 | UPDATED: 15:12 GMT, 5 February 2017
The Mail on Sunday today reveals astonishing evidence that the organisation that is the world’s leading source of climate data rushed to publish a landmark paper that exaggerated global warming and was timed to influence the historic Paris Agreement on climate change.
A high-level whistleblower has told this newspaper that America’s National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) breached its own rules on scientific integrity when it published the sensational but flawed report, aimed at making the maximum possible impact on world leaders including Barack Obama and David Cameron at the UN climate conference in Paris in 2015.
[...]
In an exclusive interview, Dr Bates accused the lead author of the paper, Thomas Karl, who was until last year director of the NOAA section that produces climate data – the National Centers for Environmental Information (NCEI) – of ‘insisting on decisions and scientific choices that maximised warming and minimised documentation… in an effort to discredit the notion of a global warming pause, rushed so that he could time publication to influence national and international deliberations on climate policy’.
[...]
Dr. Bates revealed that the failure to archive and make available fully documented data not only violated NOAA rules, but also those set down by Science. Before he retired last year, he continued to raise the issue internally. Then came the final bombshell. Dr Bates said: ‘I learned that the computer used to process the software had suffered a complete failure.’
The reason for the failure is unknown, but it means the Pausebuster paper can never be replicated or verified by other scientists.
Harnessing automation for a future that works
By James Manyika, Michael Chui, Mehdi Miremadi, Jacques Bughin, Katy George, Paul Willmott, and Martin Dewhurst McKinsey report
The automation of activities can enable businesses to improve performance by reducing errors and improving quality and speed, and in some cases achieving outcomes that go beyond human capabilities. Automation also contributes to productivity, as it has done historically. At a time of lackluster productivity growth, this would give a needed boost to economic growth and prosperity. It would also help offset the impact of a declining share of the working-age population in many countries. Based on our scenario modeling, we estimate automation could raise productivity growth globally by 0.8 to 1.4 percent annually.
Alguma vez o BCE voltará a colocar no mercado o lixo financeiro que tem andado a comprar? Provavelmente, não. Hummmm...
...we decided to extend the asset purchase programme beyond March 2017, with the intention of conducting our purchases until the end of December 2017 or beyond, if necessary, and in any case until the Governing Council sees a sustained adjustment in the path of inflation consistent with its inflation aim. We will continue to purchase assets at a monthly pace of €80 billion until March. Starting from April, our net asset purchases will run at a monthly pace of €60 billion, and we will reinvest the securities purchased earlier under our programme, as they mature. This will add to our monthly net purchases.
— in Introductory statement by Mario Draghi, President of the ECB, at the ECON committee of the European Parliament, Brussels, 6 February 2017 (more)
Como afirmou Draghi hoje, ¡No pasa nada! Ou seja, ninguém sabe como sair do ciclo de expansão monetária e repressão fiscal que disfarça o buraco negro do endividamento e da quebra agregada da procura mundial, e portanto, o QE irá prosseguir 'whatever it takes'.
Até lá, os fundos de pensões e as poupanças continuam a caminhar para zero.
Por enquanto, o negócio do BCE e do BoJ é este:
—compram a si próprios obrigações a 0,45% e a 0,1% (150 mil milhões de dólares/mês!) que depois investem em títulos do Tesouro Americano, que paga 2,45%. Capiche? O Zé Povinho, como sempre, fica a ver navios, embora enquanto o pau vai e vem, os governantes, as administrações públicas e afins, e os pensionistas do setor público, vão recebendo regularmente os seus vencimentos. Até quando?
Vale a pena ler este post de Bill Bross na íntegra:
Happiness Runs
Janus Capital, February 6, 2017
...in order to control volatility, and keep a floor under asset prices, central bankers may be trapped in a QE-forever cycle, (in order to keep the global system functioning). Withdrawal of stimulus, as has happened with the Fed in the past few years, seemingly must be replaced by an increased flow of asset purchases (bonds and stocks) from other central banks, as shown in Chart I. A client asked me recently when the Fed or other central banks would ever be able to sell their assets back into the market. My answer was "NEVER". A $12 trillion global central bank balance sheet is PERMANENT - and growing at over $1 trillion a year, thanks to the ECB and the BOJ.
[...]
An investor must know that it is this money that now keeps the system functioning. Without it, even 0% policy rates are like methadone - cancelling the craving but not overcoming the addiction. The relevant point of all this for today's financial markets? A 2.45%, 10-year U.S.Treasury rests at 2.45% because the ECB and BOJ are buying $150 billion a month of their own bonds and much of that money then flows from 10 basis points JGB's and 45 basis point Bunds into 2.45% U.S. Treasuries. Without that financial methadone, both bond and stock markets worldwide would sink and produce a tantrum of significant proportions. I would venture a guess that without QE from the ECB and BOJ that 10-year U.S. Treasuries would rather quickly rise to 3.5% and the U.S. economy would sink into recession.
So what's wrong with financial methadone? What's wrong with a continuing program of QE's or even a rejuvenated U.S. QE if needed? Well conceptually at first blush, not much. The interest earned on the $12 trillion is already being flushed from central banks back to government fiscal authorities. One hand is paying the other. But the transfer in essence means that monetary and fiscal policies have joined hands and that the government, not the private sector, is financing its own spending. At an expanding margin, this allows the private sector to finance its own spending and fails to discriminate between risk and reward. $600 billion in the U.S. for instance goes into the repurchase of company stock, whereas before, investment in the real economy might have been a more lucrative choice. In addition, individual savers, pension funds, and insurance companies are now robbed of the ability to earn rates of return necessary to maintain long-term solvency. Financial Armageddon is postponed as consumption is brought forward and savings suppressed and deferred.
Atores extraordinários—Ryan Gosling (Sebastian), Emma Stone (Mia)—numa realização extremamente inteligente de Damien Chazelle, e uma produção exemplar.
Todos somos alguma vez na vida os sonhos absolutos de amor e futuro deste filme. É esta memória individual e coletiva que recupera docemente em La La Land o tempo de um cinema (Week-end, Casablanca, West Side Story), de uma música (o Jazz) e de uma felicidade cultural (o Sonho Americano) cada vez mais longínquos.
O juiz Nathaniel Gorton anulara no dia 2 de fevereiro último a tentativa —promovida em Boston pela American Civil Liberties Union— de suspender o decreto de Trump sobre o controlo de fronteiras, seguindo esta argumentação:
1) a ordem executiva de Trump não menciona em parte alguma a expressão ‘países muçulmanos”, disse Gorton
2) ao que o advogado promotor da suspensão do decreto da Casa Branca replicou: “If your honor’s question is, ‘Does the word ‘Muslim’ make a profound presence in this executive order?,’ my answer is that it doesn’t,... But the president described what he was going to do as a Muslim ban and then he proceeded to carry it out.”
3) o juiz Nathaniel Gorton acabaria por encerrar a arguição expressa no ponto anterior com a seguinte pergunta retórica: “Am I to take the words of an executive at any point before or after election as a part of that executive order?”
Entretanto, poucas horas depois, um juiz de Seattle, nomeado por Bush, garantiu a suspensão temporária em todo o território americano da interdição decretada por Trump.
A imprensa portuguesa só relatou, que eu saiba, este último incidente jurídico, esquecendo o que se passou em Boston.
Reagindo à euforia noticiosa sobre a decisão do juiz de Seattle, a Casa Branca emitiu um comunicado afirmando que o Departamento de Justiça (DOFJ) contesta a decisão, e que daria de imediato seguimento ao pedido de suspensão urgente da “ultrajante ordem” do juiz Robart.
Mais tarde o próprio Trump ‘tweetou’ sobre este incidente: “The opinion of this so-called judge, which essentially takes law-enforcement away from our country, is ridiculous and will be overturned!”
Aguardam-se novos episódios desta guerra entre o poder executivo e o poder judicial, a qual parece questionar a separação de poderes que rege as constituições de todos os estados democráticos contemporâneos. Montesquieu estabeleceu no século 18 o princípio de separação de poderes—legislativo, executivo, judicial— como forma de permitir a evolução do absolutismo para o liberalismo e a democracia. O respeito pela separação de poderes é a marca de água que separa as democracias liberais das chamadas democracias populares e das ditaduras modernas, boa parte delas herdeiras de antigos regimes absolutistas, ou coloniais, e a quem a deformação leninista-trotsquista do marxismo deu suporte ideológico, sob a designação de ditadura do proletariado e/ou comunismo.
A batalha jurídica em curso é a ponta do icebergue que Donald Trump representa e que, numa ideia simples de expressar, se resume a dois vetores de ação estratégica: 1) interrupção da deriva ruinosa do globalismo (o 'Homem de Davos' morreu, afirmou o novo embaixador dos EUA junto da União Europeia numa entrevista à RT) e 2) eleição do expansionismo chinês como o principal adversário da supremacia americana. Rússia deixa de ser um problema, e a Alemanha é uma vez mais derrotada no seu sonho de controlar a Europa ocidental. O que está em jogo é pois de uma dimensão fraturante colossal.
atualização
Quinta-feira 9/2
Juízes decidem por unanimidade rejeitar novas alegações do DOJ para repor a ordem executiva sobre o controlo seletivo de fronteiras e a imigração.
No. 17-35105 D.C. No. 2:17-cv-00141 ORDER
Motion for Stay of an Order of the United States District Court for the Western District of Washington James L. Robart, District Judge, Presiding Argued and Submitted February 7, 2017 Filed February 9, 2017 Before: William C. Canby, Richard R. Clifton, and Michelle T. Friedland, Circuit Judges
Per Curiam Order
[...]
ORDER
PER CURIAM
At issue in this emergency proceeding is Executive Order 13769, “Protecting the Nation From Foreign Terrorist Entry Into the United States,” which, among other changes to immigration policies and procedures, bans for 90 days the entry into the United States of individuals from seven countries. Two States challenged the Executive Order as unconstitutional and violative of federal law, and a federal district court preliminarily ruled in their favor and temporarily enjoined enforcement of the Executive Order. The Government now moves for an emergency stay of the district court’s temporary restraining order while its appeal of that order proceeds.
To rule on the Government’s motion, we must consider several factors, including whether the Government has shown that it is likely to succeed on the merits of its appeal, the degree of hardship caused by a stay or its denial, and the public interest in granting or denying a stay. We assess those factors in light of the limited evidence put forward by both parties at this very preliminary stage and are mindful that our analysis of the hardships and public interest in this case involves particularly sensitive and weighty concerns on both sides. Nevertheless, we hold that the Government has not shown a likelihood of success on the merits of its appeal, nor has it shown that failure to enter a stay would cause irreparable injury, and we therefore deny its emergency motion for a stay.
[...]
IX. Conclusion
For the foregoing reasons, the emergency motion for a stay pending appeal is DENIED.
Sábado 4/2
O apelo do Departamento de Justiça dos EUA foi rejeitado pelo tribunal de recursos. A batalha segue na próxima semana.
4/2/2017
UNITED STATES COURT OF APPEALS FOR THE NINTH CIRCUIT
The court has received appellants’ emergency motion (Docket Entry
No. 14). Appellants’ request for an immediate administrative stay pending full
consideration of the emergency motion for a stay pending appeal is denied.
Appellees’ opposition to the emergency motion is due Sunday, February 5,
2017 at 11:59 p.m. PST. Appellants’ reply in support of the emergency motion is
due Monday, February 6, 2017 at 3:00 p.m. PST.
Sábado 4/2
O apelo do Departamento de Justiça dos EUA, entretanto enviado, reza assim:
PLEASE TAKE NOTICE that the defendants Donald Trump, in his official capacity as President of the United States; United States Department of Homeland Security; John F. Kelly, in his official capacity as Secretary of the Department of Homeland Security; Rex W. Tillerson, in his official capacity as Secretary of State; and the United States of America hereby appeal to the United States Court of Appeals for the Ninth Circuit from the February 3, 2017 Order (ECF No. 52) enjoining and restraining enforcement of portions of the January 27, 2017 Executive Order on Protecting the Nation from Foreign Terrorist Entry into the United States.
Apenas 12,5% da população islâmica vive nos sete países da lista de interdição temporária
Donald Trump (Twitter, 3/2/2017) “We must keep “evil” out of our country!”
O mesmo argumento que usei no passado dia 31/1 —Não há nenhuma referência islamofóbica no decreto que tem originado tanta agitação programada. Além do mais, os países objeto de prevenção reforçada foram definidos pelos seus antecessores, Obama incluído—foi esta sexta feira, 2 de fevereiro, invocado pelo juiz Nathaniel Gorton na decisão que anulou a tentativa de suspender a aplicação da ordem executiva do presidente dos Estados Unidos.
Early on Sunday, a magistrate judge in Boston issued an injunction that for seven days blocked enforcement of the order, which the White House has contended is necessary for national security.
“Where does it say Muslim countries?” U.S. District Judge Nathaniel Gorton on Friday asked Matthew Segal, an attorney with the American Civil Liberties Union (ACLU) representing the plaintiffs in the Boston case.
“If your honor’s question is, ‘Does the word ‘Muslim’ make a profound presence in this executive order?,’ my answer is that it doesn’t,” Segal said. “But the president described what he was going to do as a Muslim ban and then he proceeded to carry it out.”
Gorton shot back, “Am I to take the words of an executive at any point before or after election as a part of that executive order?”
O abuso das metáforas por parte do actual presidente americano não faz mais do que responder na mesma moeda à linguagem arcaica usada nos comunicados dos fundamentalistas radicais islâmicos. Podemos não gostar, mas em si mesmo não passa de um estilo de comunicação. O que é mais intrigante e importa perceber é a nova estratégia que aparentemente se esconde detrás da nova retórica tática americana. E também o que move a reação epidérmica, mas violenta, das elites que acabaram e perder as eleições. A rapidez e a sucessão vertiginosa dos tweets de Trump, mais do que o estilo ordinário dos mesmos tem, apesar de tudo, uma vantagem: iremos perceber rapidamente se o homem é apenas um amador a quem saiu a presidência do mais poderoso país do planeta, ou se, pelo contrário, tenciona mesmo levar o seu anunciado programa até às últimas consequências. Os Estados Unidos poderão estar a caminho de uma encruzilhada fatal, cujas consequências poderão ir desde uma multiplicação e intensificação das guerras regionais, até ao surgimento de verdadeiros focos de separatismo e guerra civil no interior da América.
O simples facto de Donald Trump ter dividido o parlamento desmiolado que temos é prova da sua eficácia táctica inesperada, mas também, do amadorismo proverbial das pessoas que, sem as conhecermos, elegemos em nome de um ideal democrático que não controlamos.