domingo, agosto 10, 2008

Portugal 40

Comissão Estratégica dos Oceanos

Em plena crise constitucional, por causa das autonomias insulares, e com a Rússia antecipando o reajustamento do seu perímetro de segurança estratégica, fui agradavelmente surpreendido pela entrevista dada por Tiago Pitta e Cunha à revista Única do semanário Expresso deste fim-de-semana. Apresentado, pelo entrevistador, como o homem da estratégia portuguesa para os mares, da qual viria a resultar a instalação no nosso país da Agência Europeia de Segurança Marítima, o actual assessor português do comissário europeu para os Assuntos Marítimos e Pesca, tem ideias claras, com as quais estou plenamente de acordo.

A entrevista, que recomendo vivamente, é um oportuno documento sobre a principal janela de oportunidade para um pequeno país como Portugal, no fim duma longa era colonial e ultramarina, sem muito mais ajuda financeira europeia à vista, e no quadro de uma grave crise mundial de recursos, principalmente energéticos. Portugal tem a maior Zona Económica Exclusiva de entre os países europeus, a qual poderá ser estendida das actuais 200 milhas náuticas para as 350. Ou seja, cerca de 650 Km de mar, a contar das costas continentais e insulares do território nacional, se o projecto de medição da ZEE passar a ter como referência as plataformas continentais submarinas -- uma tese a fazer o seu caminho depois que os Estados Unidos, o Canadá e a Rússia começaram a disputar direitos territoriais na zona polar Norte, por causa da utilização da famosa Passagem do Noroeste e, claro está, do petróleo e gás natural que por lá deve haver.

Portugal pode desempenhar um protagonismo único e exemplar na nova e importantíssima centralidade do Atlântico Norte e Sul que vier a resultar dos actuais movimentos tectónicos da diplomacia mundial. Há um polígono virtuoso formado pelo países que falam português e há muito conhecem e vivem o Atlântico. Portugal, Brasil (e uma parte da Venezuela), Angola, Cabo Verde, Guiné e São Tomé e Príncipe representam os vértices de uma enorme constelação estratégica de entendimentos e recursos que não podemos negligenciar, nem deixar às iniciativas oportunistas de quem obviamente já percebeu a importância da coisa.

É precisamente pelo facto de esta triangulação estratégica ser decisiva para todos os países lusófonos (incluindo Moçambique e Timor), que a leviandade legislativa de São Bento e o populismo eleitoralista dos directórios partidários ameaçaram provocar inesperadamente uma crise de regime. O Tribunal Constitucional e Cavaco Silva souberam, felizmente, desarmá-la a tempo. Apesar da forma -- um tremendo puxão de orelhas presidencial --, creio que tanto Mário Soares, como Ramalho Eanes, estão de acordo com Cavaco Silva. No fundo, ninguém deseja brincar com a unidade do Estado. Nem seria porventura desejável uma dissolução da Assembleia da República por causa de oito inconstitucionalidades seguidas numa única proposta de lei votada por zombies parlamentares ao serviço de aritméticas eleitorais distraídas.

A lamentável confusão de hierarquias entre a autoridade máxima regional e um dos poucos ministros competentes do actual governo da república, o titular dos negócios estrangeiros, abriu uma ferida profunda na turma de José Sócrates. Não compete, porém, a Luís Amado sará-la, mas sim a quem cometeu o lapso. Só ficaria bem a Carlos César fazê-lo.

Esperemos, em suma, que os serviços secretos americanos não tenham tido rigorosamente nada que ver com este incidente. Nem que este incidente possa ter uma remota origem sequer nos preparativos de um ataque (que pode ser nuclear!) ao Irão, actualmente em curso por parte do Pentágono, sob a tremenda pressão legislativa e mediática do tenebroso círculo sionista americano, com o apoio entusiasta de John McCain e... o consentimento vago de Barak Obama!

OAM 412 08-08-2008 18:55

sexta-feira, agosto 08, 2008

Contabilidade criativa

Contas "erradas" escondem recessão americana

O antigo estratego eleitoral de Richard Nixon, Kevin Phillips, hoje um opositor declarado do Partido Republicano, publicou no prestigiado Harper's Magazine um demolidor artigo sobre a fraca fiabilidade das estatísticas norte-americanas. Segundo ele, os números oficiais são o resultado de uma descarada manipulação dos critérios de medição e cálculo. Assim, a inflação real em 2007 anda mais perto dos 7-10% do que dos 5% declarados. O PIB efectivo de 2007 ronda os 7,1E12 USD, em vez de 11E12 USD. E a taxa de desemprego oscilou em 2007 entre 9 e 12%, bem acima dos números oficiais.

O contraste entre a percepção pública da recessão e a grave crise financeira que há um ano varre os Estados Unidos e fustiga a Europa, não podia ser mais evidente. Mas a ladainha dos média, que repetem ad nauseam a cabalística confeccionada pela Casa Branca e pela Reserva Federal (o cartel bancário privado da América, erradamente confundido com um banco central), deixa-nos confusos. Pois bem, vale a pena ler este esclarecedor artigo sobre o tema.

Alguém em Portugal teve já a paciência de analisar a metodologia das nossas estatísticas, em grande medida formatada a partir de Bruxelas? Será que são tão criativas como as americanas? Afinal que raio de produtos entram na avaliação da inflação europeia e portuguesa? Como são contados os desempregados que não se apresentam nos Centros de Emprego? Onde estão os números da emigração? Será que um emigrante português no Reino Unido figura como emigrante, ou como simples cidadão europeu, activo em Portugal?! Que números são compilados para a determinação do PIB real?

Hard numbers: The economy is worse than you know
By Kevin Phillips, Harper's Magazine
In print: Sunday, April 27, 2008, in Tampabay.com

Ever since the 1960s, Washington has gulled its citizens and creditors by debasing official statistics, the vital instruments with which the vigor and muscle of the American economy are measured.

The effect has been to create a false sense of economic achievement and rectitude, allowing us to maintain artificially low interest rates, massive government borrowing, and a dangerous reliance on mortgage and financial debt even as real economic growth has been slower than claimed.

The corruption has tainted the very measures that most shape public perception of the economy:
  • The monthly Consumer Price Index (CPI), which serves as the chief bellwether of inflation;
  • The quarterly Gross Domestic Product (GDP), which tracks the U.S. economy's overall growth;
  • The monthly unemployment figure, which for the general public is perhaps the most vivid indicator of economic health or infirmity.

OAM 411 08-08-2008 18:55

Crescimento exponencial

Aritmética, população e energia

O preço do crude tem vindo a descer nos últimos dias. Mas não tenhamos ilusões! A crise energética veio para durar. Vamos mesmo mudar de vida, queiramos ou não.

A propaganda governamental, mais leviana em Portugal, nos Estados Unidos ou no Brasil, do que na Suécia ou em Espanha, não nos deve iludir. O actual paradigma energético tem os dias contados. Depois do crash course de Chris Martenson, proposto no artigo anterior, recomendo-vos a palestra do Dr. Albert Bartlett, que pode ser vista em vídeo (original), ou lida (em inglês, francês ou espanhol). Uma fascinante demonstração do impacto do crescimento exponencial na história dos organismos vivos.

Há coisas que podemos fazer por nós próprios, sem esperar pelas decisões tardias e contraproducentes de quem governa. O entendimento do que se passa e sobretudo daquilo que é preciso corrigir imediatamente, não está ao alcance dos modelos de acção político-partidária disponíveis. Teremos, aliás, que substituir as obsoletas máquinas adversativas dos actuais regimes democráticos ocidentais, cuja maneira de pensar e agir nos levará, a muito curto prazo, se não travarmos as suas decisões corruptas, demagógicas e populistas, ao desastre colectivo. A gravíssima e tripla crise energética, ambiental e financeira já começou. Algumas curvas fatais esperam por todos nós algures entre 2020 e 2030. E até lá, se não conseguirmos desenhar uma visão cultural alternativa para a civilização, haverá muita inquietação e tragédia.

Da arrepiante comunicação do reformado Professor Emérito de Física, da Universidade do Colorado (EUA), cito três magníficos exemplos de demonstração:

(...) Bacteria grow by doubling. One bacterium divides to become two, the two divide to become 4, the 4 become 8, 16 and so on. Suppose we had bacteria that doubled in number this way every minute. Suppose we put one of these bacteria into an empty bottle at 11:00 in the morning, and then observe that the bottle is full at 12:00 noon. There's our case of just ordinary steady growth: it has a doubling time of one minute, it’s in the finite environment of one bottle.

I want to ask you three questions. Number one: at what time was the bottle half full? Well, would you believe 11:59, one minute before 12:00? Because they double in number every minute.

And the second question: if you were an average bacterium in that bottle, at what time would you first realise you were running of space? Well, let’s just look at the last minutes in the bottle. At 12:00 noon, it’s full; one minute before, it’s half full; 2 minutes before, it’s a quarter full; then an 1/8th; then a 1/16th. Let me ask you, at 5 minutes before 12:00, when the bottle is only 3% full and is 97% open space just yearning for development, how many of you would realise there’s a problem?

(...) So no matter how you cut it, in your life expectancy, you are going to see the peak of world oil production. And you’ve got to ask yourself, what is life going to be like when we have a declining world production of petroleum, and we have a growing world population, and we have a growing world per capita demand for oil. Think about it.

(...) Bill Moyers interviewed Isaac Asimov. He asked Asimov, “What happens to the idea of the dignity of the human species if this population growth continues?” and Asimov says, “It’ll be completely destroyed. I like to use what I call my bathroom metaphor. If two people live in an apartment, and there are two bathrooms, then they both have freedom of the bathroom. You can go to the bathroom anytime you want, stay as long as you want, for whatever you need. And everyone believes in freedom of the bathroom. It should be right there in the constitution. But if you have twenty people in the apartment and two bathrooms, then no matter how much every person believes in freedom of the bathroom, there’s no such thing. You have to set up times for each person, you have to bang on the door, ‘Aren't you through yet?’ and so on.” And Asimov concluded with one of the most profound observations I've seen in years. He said, “In the same way, democracy cannot survive overpopulation. Human dignity cannot survive overpopulation. Convenience and decency cannot survive overpopulation. As you put more and more people into the world, the value of life not only declines, it disappears. It doesn’t matter if someone dies, the more people there are, the less one individual matters.”



OAM 410 08-08-2008 14:07 (última actualização 10-08-2008 17:45)

Curso de Verão - Economia

Chris Martenson
um dia para conhecer a economia actual


Tudo o que você precisa de saber sobre economia sem frequentar a universidade, num extraordinário curso online, da autoria do cientista especializado em finanças e estratégias de sobrevivência, que é ao mesmo tempo, a par de Elaine Meinel Supkis e de Immanuel Wallerstein, um dos mais notáveis analistas (news services) norte-americanos da actualidade: Chris Martenson.

Para entender a complexidade e os desafios da actualidade, Chris Martenson propõe um modelo analítico a que chama de "Três E"":
  1. Economia
    • crescimento exponencial do dinheiro
    • colapso de uma bolha financeira
    • demografia
  2. Energia
    • Pico petrolífero
  3. Ambiente (Environment)
    • Alterações climáticas
    • Produção alimentar
Para já, foram publicadas 16 lições. A não perder (apenas em inglês).
Chris Martenson é autor do já famoso livro The End of Money and the Struggle for Finantial Privacy.

OAM 409 08-08-2008 11:17

Portugal 39

O Estado, a falência e a bolha das infraestruturas
Roads, airports on the block as budgets tighten

By Jonathan Stempel (Reuters)

NEW YORK (Reuters, Fri Aug 1, 2008) - Cash-strapped U.S. state and city governments are likely to sell or lease more highways, bridges, airports and other assets to investors desperate for stable returns after being frazzled by the credit crisis.

The trend is set to pick up speed given worsening budget deficits in state capitals and city halls nationwide.

It will also be welcomed by Wall Street bankers hoping to help create and market so-called "infrastructure" transactions at a time many debt markets remain paralyzed, and after major U.S. stock indexes fell into bear market territory.

... Critics say some infrastructure transactions are short-term budget fixes that deprive governments of steady cash streams from taxpayer-funded assets. There is also the risk that private operators won't do their jobs well.

Manuela Ferreira Leite afirmou que não há dinheiro para nada. A nomenclatura clientelar do regime ficou com os cabelos em pé. Não por descobrir algo que não sabia. Mas por não ter conseguido evitar que uma pessoa informada e aspirante ao cargo de primeiro ministro tivesse dito a verdade.

A realidade é simples: não há dinheiro, nem sequer para pagar aos funcionários públicos. Ou seja, o Estado só consegue assumir os seus compromissos, somando dívida à enorme dívida que já tem. Quem lhe empresta o dinheiro não são os bancos nacionais, pois esses estão também altamente endividados, mas a banca europeia e internacional (que por sua também está endividada!), através dos seus representantes e parceiros locais. Como o dinheiro escasseia e subiu de preço em resposta a uma espiral inflacionista que não cederá tão cedo, as perspectivas económico-financeiras aproximam-se cada vez mais do cenário de uma prolongada recessão europeia, que poderá chegar já em 2009.

É perante o dramatismo desta situação, que Manuela Ferreira Leite reconhece, mas sobre a qual os beneficiários oportunistas do sistema nem querem ouvir falar, que deveremos analisar a misteriosa polémica estival sobre uma meretriz chamada ANA.

A ANA deste Verão não é, porém, uma pessoa, e muito menos uma pessoa de bem. É uma empresa pública que dá lucro apesar de mal gerida. Por mais mordomias que tenha e aselhices que faça -- e faz muitas --, explorar os aeroportos do país em regime de monopólio dá algum dinheiro precioso ao país, de forma segura e continuada. Enquanto houver aviões, aeroportos, profissionais e emigrantes em viagens, e turistas low cost, este género de negócio é tão apetecível quanto os das auto-estradas com portagens, portos marítimos, barragens e redes de distribuição eléctrica, centrais solares, redes de abastecimento de águas, estações de tratamento de esgotos, centrais de recolha e tratamento de lixos, em suma, tudo o que esteja na origem dum bem público indispensável.

A razão pela qual todos estes negócios -- que as economias de casino querem transformar num novo balão especulativo -- foram até agora propriedades de Estado, i.e. bens públicos, é também muito simples. Por um lado, emergiram como necessidades gerais das comunidades, não podendo por isso ser tratados como negócios destinados à obtenção do lucro máximo. Por outro, dada a escala das operações e dos investimentos necessários ao seu estudo, projecto, construção, implementação e gestão de longo prazo, não se coadunavam, em parte nenhuma do planeta (nem sequer nos Estados Unidos), com as escalas e os objectivos típicos das actividades industriais e comerciais centradas na obtenção do lucro máximo.

No entanto, a falência do capitalismo na Europa e nos Estados Unidos está a levar os governos a um beco sem saída. Tendo evoluído em direcção à chamada economia imaterial, associada ao consumo e à liquidez electrónica, o Ocidente exportou boa parte da sua capacidade produtiva, dos seus conhecimentos e das suas tecnologias para o Oriente, tornando-se progressivamente numa imensa mancha demográfica de consumidores ávidos e psicologicamente dependentes. A compensação deste desequilíbrio tem sido colmatada à custa do endividamento geral do Ocidente, sob a forma da criação de dinheiro virtual, com o qual temos vindo a fingir que pagamos quase tudo o que consumimos. Sucede, porém, que essas fichas de casino, chamadas Dólar, são aceites em todo o mundo como meio válido de pagamento. E assim sendo, chegará o momento em que os produtores de matérias-primas e de outros bens transaccionáveis se transformarão na própria banca, comprando, por assim dizer, a Casa da Moeda dominante.

Eis porque um número crescente de governos de todo o mundo (mas não da China, nem da Rússia, nem de boa parte dos grandes países produtores de petróleo, gás natural e matérias primas) tem sido levado a alienar os anéis nacionais. A venda a correr do que resta de público na GALP (com a desculpa esfarrapada das imposições comunitárias), a tentativa de vender o monopólio estatal das infraestruturas e actividades aeroportuárias a um único privado, o qual levará também de mão-beijada os terrenos da Portela, para em contrapartida construir um grande aeroporto que ninguém pediu e, pior do que isso, que se pretende fazer contra a evidência escancarada dos tempos, é toda uma demonstração prática do colapso que aí vem.

Depois de vender tudo aquilo que os portugueses levaram um século a construir, sob o peso dos impostos que foram pagando, e dos fracos salários que sempre foi o timbre da sua fraca economia, que farão os governos que sucederam ao Bloco Central do Betão? Quando já não houver golden shares, como pagarão os vencimentos da Função Pública? Carregando mais nos impostos? Eu diria que é uma impossibilidade teórica manifesta. Vendendo o resto da pouca superfície de terra agrícola disponível aos chineses, para aí se construírem réplicas do Empire State Building, lançando o país na fome e na insolvência alimentar mais do que certa? Não creio que consigam. Nem que os ditos chineses venham a estar interessados!

O mistério da ANA, de que a maioria socratintas e os seus aliados do Bloco Central do Betão fazem uma mal disfarçada caixinha, não é, como se vê, nenhum mistério. Trata-se tão só de continuar a descer a ladeira para a total perda de independência económica do país, muito provavelmente a favor dos sonhos húmidos de la Moncloa e da Zarzuela!

Agora mistério, mistério, é saber quem irá pagar os prejuízos aos privados que hoje especulam com as infraestruturas, quando o povo deixar de poder pagar as rendas e as portagens, ou os aviões deixarem de voar como hoje. Os contratos e as já tristemente famosas Parcerias Público Privadas (PPP) rezam invariavelmente que, quando o negócio não dá os lucros previstos, será o Estado a pagar a diferença! Mas se este estiver, como vai estar, falido, como é? Ou por outra, como será?!

OAM 408 08-08-2008 1:22

quinta-feira, agosto 07, 2008

OGMs elegem Barroso?

O preço de uma reeleição

Durão Barroso ajuda lóbi pró OGM, a fim de conseguir reeleição. Uma vez mais, a mãozinha americana e inglesa por debaixo do wonder-boy português! Será que o homem é mesmo da CIA?

President of European Commission at the heart of EU’s pro-GM lobby

The Commission president, Jose Manuel Barroso, is at the heart of the EU's pro-GM lobby. Reports have emerged that Barroso is trying to get member states to agree on GMOs behind closed doors, so that there are no more unqualified majorities. Barroso is also trying to find a way to lift Europe’s “zero tolerance” policy and smooth the way for the entry of GMOs into Europe. The Commission has already announced that a decision on animal feed imports and EU GM approvals and laws will be reached this summer. A group of MEPs on the agriculture and environment, public health and food safety committees has written a letter to Barroso expressing concern at “reports that the Commission is deliberately trying to find ways to avoid a co-decision process, thus excluding MEPs, the elected representatives of European citizens, from any decisions on this issue.”

The pro-GM lobby, including influential people within the European Commission, claims that Europe must open the doors to GMOs in order to solve the food and feed crisis; but there is little basis to the claim. -- in Exposed: Europe’s GM-Hype in Times of Food and Fuel Crisis, Institute of Science in Society.

COMENTÁRIO

Depois da fracassada tentativa de desviar os incomensuráveis fundos especulativos, do buraco imobiliário que arrasou com milhares de quilómetros de terras aráveis e paisagens soberbas, para a produção industrial massiva de biocarburantes, cujas amostras americanas (sobretudo EUA e Brasil) foram suficientes para fazer disparar os preços alimentares em todo o mundo, e lançar na miséria e na revolta centenas de milhar de camponeses e populações urbanas aflitas, os Dark Vaders deste mundo andam agora a congeminar outra possível escapatória para a especulação financeira que alimenta o Capitalismo decadente e terminal em que vivemos: os Organismos Geneticamente Modificados!

Apesar de proibidos na Europa (à excepção de uma variedade OGM de milho) as empresas Monsanto, Bayer, BASF, Dow, Pioneer (DuPont), e Syngenta têm vindo a parir estudos e mais estudos "científicos" (uma prática comum de manipulação das audiências, como bem sabemos em Portugal!) para justificar a insistência americana nesta sua nova ofensiva europeia em prol do controlo mundial das sementes e da alimentação. No fundo, a proposta é simples: se um país, ou grupo de países, patentearem os principais alimentos do planeta, controlarão a economia mundial, e sob a base dessa ameaça concretizada, os mercados financeiros poderão voltar a especular alegremente com a miséria dos demais. O mesmo se passa, por exemplo, com a criação de patentes relacionadas com o mapa genético humano: se for possível registar direitos de autor e patentes do genoma humano e produtos derivados (bases de dados, modificações genéticas, etc.), fica aberto o caminho para a apropriação capitalista integral não apenas do ser humano, mas do seu próprio passado e futuro! A nova escravatura anuncia-se sob o manto entusiasta da tecnologia!

OAM 407 07-08-2008 13:10

Horror nuclear

Hiroshima foi há 63 anos

Enquanto o criminoso de guerra G. W. Bush palestra sobre direitos humanos na antiga Burma e na China, promovendo através dos seus serviços secretos toda a espécie de incidentes para estragar os Jogos Olímpicos de Pequim, há uma realidade americana que só quem não quer ver pode ignorar: os Estados Unidos da América continuam a assassinar civis inocentes no Iraque e no Afeganistão, ao mesmo tempo que patrocina o terror na Palestina, usando precisamente a mesma técnica impessoal e longínqua da guerra industrial moderna: o bombardeamento aéreo.

Bush e a fracassada Europa andam muito preocupados com a possibilidade (sim a mera possibilidade!) de o Irão vir a construir uma (sim, uma!) bomba nuclear, ao mesmo tempo que o complexo militar americano, tal como o russo e o inglês, continuam a criar e aperfeiçoar novos engenhos balísticos e nucleares, em contravenção dos tratados assinados sobre o desmantelamento dos arsenais nucleares. Ao mesmo tempo, aliás, que vai anunciando a possibilidade de desencadear -- directamente ou por interposto aliado israelita -- um ataque contra o Irão, usando, precisamente, armamento nuclear, dizem, de precisão!

A China continua a ser uma ditadura, mas caminha paulatinamente para um Estado de direito. Os Estados Unidos da América são uma democracia falida e decadente, tem a maior população prisional do mundo, criou um campo de concentração onde humilha e mal-trata pessoas raptadas criminosamente em várias partes do planeta, tem campos militarizados de correcção destinados a crianças que são verdadeiros sistemas de tortura psicológica e condicionamento de personalidade, em suma, caminha para a ditadura. Mas como usa a palavra mágica "terrorismo" antes de cometer os crimes, a Europa finge desconhecer a gravidade da situação. Foi assim também com a Alemanha de Hitler. Não esquecer o passado é a melhor forma de perceber o presente e prevenir o que de mau o futuro nos possa reservar.

A tragédia de Hiroshima, que para muitos intelectuais, como Adorno ou Adolfo Casais Monteiro, marca o fim da utopia moderna, pode repetir-se! Cabe à humanidade no seu conjunto despertar para esta terrível hipótese, e impedi-la.

OAM 406 07-08-2008 12:26