domingo, fevereiro 22, 2009

Crise Global 63

Verão quente 2009
Esta globalização acabou!



Nationalization of troubled banks would allow for a “swift and orderly” restructuring, former Federal Reserve Chairman Alan Greenspan told the Financial Times of London in an interview this week. — Dayton Business Journal.

...even the German water supply could be sold off one day in what Di Fabio calls the WTO's "bazaar atmosphere." -- in "Germany Considers Putting Brakes on EU Power". By Dietmar Hipp in Karlsruhe.

... the world is only at the beginning of a depression that will last for quite a while and will get far worse than it is now. The immediate issue for governments is not how to recover but how to survive the growing popular anger they are all, without exception, facing. — in "The Politics of Economic Disaster". By Immanuel Wallerstein.

No próximo dia 2 de Abril terá início em Londres a segunda cimeira do G20The London Summit 2009. Para alguns observadores (1) esta será a última oportunidade de sair da actual crise sistémica do Capitalismo sem passar previamente por uma interrupção proteccionista profunda das actuais regras neoliberais da globalização. Dada, porém, a dessintonia crescente entre a propaganda populista e piedosa da generalidade dos governos mundiais e a manifesta inércia neoliberal da maioria deles, creio que as probabilidades de um fracasso da cimeira de Londres são muito elevadas. E assim sendo, temos que nos preparar para a inevitabilidade de uma mudança profunda dos termos de troca mundiais, a qual aponta basicamente para dois cenários possíveis e alternativos:
  • a deslocação, ao fim de 600 anos, do epicentro do imperialismo mundial — do Ocidente para o Oriente (2):
  • a divisão do planeta em duas novas zonas de influência protegidas por barreiras alfandegárias e financeiras claras, tendo por meridiano alargado de divisão e neutralidade o Grande Médio Oriente (ver mapa), e por zonas de disputa e "descoberta", a África subsaariana, a Austrália e as zonas polares.
Em qualquer dos casos, Portugal, apesar da extrema fragilidade económica e política que actualmente atravessa, encontra-se particularmente bem situado para aproveitar a crucial importância que o Atlântico terá ao longo do dramático período de ajustamento das placas tectónicas da geoestratégia mundial.

A Europa precisa de duas cabeças efectivas de comando, assentes em dois triângulos estratégicos: o triângulo Paris-Berlim-Istambul, e o triângulo Londres-Lisboa-Madrid. O directório e a burocracia de Bruxelas têm que encolher e levar uma volta quanto antes, e a oportunidade para tal surgirá quando, ao longo da presente crise, se revelar a sua notória e paquidérmica incompetência. As iminentes falências da Irlanda e do Reino Unido, e em todo o caso, a profunda crise económica que não deixará de afectar estes dois países demasiado atrelados à dívida norte-americana, levá-los-à a perceber no prazo de uma década que o melhor mesmo será estabelecer uma forte aliança intra-regional com Portugal e Espanha.

Para lá das trapalhadas de um regime político —o português— à beira de um ataque de nervos, mas também cada vez mais próximo de uma imprescindível reestruturação do seu quadro partidário e da emergência de uma nova cidadania —activa, responsável, competente, organizada em redes sociais flexíveis, e com crescente influência política, social e cultural—, é preciso olhar com olhos de ver para o futuro. Precisamos urgentemente de uma visão!

Do meu ponto de vista, é preciso fazer apenas quatro grandes coisas:
  • recuperar muito rapidamente a vocação atlântica de Portugal e em geral da Península Ibérica, com tudo o que isso implica na renovação geral e estruturante das perspectivas económicas de curto, médio e longo prazo;
  • avançar rapidamente para a formação de uma União Ibérica no quadro do Euro e da União Europeia, tendo por capitais dessa União, Lisboa e Madrid (esta União deverá ser vista como passo transitório de uma união estratégica mais alargada, que incluirá no futuro a Irlanda, a Escócia e o Reino Unido, configurando-se então o Eixo Atlântico da Europa);
  • acabar imediatamente com a captura dos estados, governos e serviços públicos pela lógica neoliberal (desastrosa e falida) do Capitalismo, recuperando democraticamente o controlo público inteligente dos territórios e dos recursos estratégicos que aos povos pertencem;
  • reformar profundamente o edifício constitucional da democracia, tornando-o muitíssimo mais simples, participativo, responsável, fiável, transparente, solidário e justo.
Não creio, infelizmente, que estas quatros mudanças venham a ocorrer antes de passarmos por dificuldades ainda maiores do que aquelas que já estamos a viver. A conjuntura internacional aponta, porém, para um agravamento profundo e prolongado da actual crise de endividamento catastrófico do Ocidente. De uma maneira ou doutra seremos pois obrigados a redefinir estrategicamente as nossas prioridades, assim como a inventar novas formas de trabalho, de colaboração e de vida.

Não vale a pena perdermos-nos pelos novelos impotentes e corruptos das várias burocracias instaladas, como não vale a pena desperdiçar muito mais tempo com bodes expiatórios, por mais que estes mereçam ir para a cadeia, ou ser irradiados da esfera pública. Cumpram-se as leis e a Justiça, castiguem-se os culpados rapidamente, e ponha-se o país de novo a trabalhar e sonhar com melhores mundos! Quanto menos tempo gastarmos a lamber as nossas feridas, maiores vantagens teremos na casa de partida da nova era que se avizinha a passos largos — seja ela qual for.


ÚLTIMA HORA

Nem de propósito, 5 horas depois deste post ter ido para o ar, chegam-nos, via RTP e TSF, notícias interessantes de uma reunião preparada por Ângela Merkel sobre a agenda da Cimeira de Londres, marcada para o próximo dia 2 de Abril. A ler e seguir com atenção...
Europa avança para regulação e fiscalização de todos os mercados

22-02-2009 (RTP) — O grupo de países europeus do G20, reunidos hoje na Alemanha na cidade de Berlim onde preparam a cimeira de Londres de 2 de Abril, chegaram a um consenso sobre a necessidade de "nenhum mercado financeiro, nenhum produto financeiro, nenhum actor dos mercados poder agir sem regulação ou fiscalização".

Europeus querem concretizar nova arquitectura financeira em Londres

22-02-2009 (TSF) — «Estamos convencidos de que, em conjunto, poderemos resolver a crise, e que a União Europeia dará o seu contributo», disse em conferência de imprensa no final dos trabalhos a anfitriã da Cimeira, a chanceler alemã Ângela Merkel.

A chefe do governo alemão anunciou que os países europeus do G-20 advogarão em Londres um controlo efectivo de todos os produtos e mercados financeiros, e também dos chamados fundos Hedge, altamente especulativos, e das actividades das agências de notificação financeira.

... A chanceler anunciou ainda que os países europeus do G-20 querem combater os chamados «paraísos fiscais» e as zonas económicas pouco transparentes, através da criação de sanções.

...A proposta de Berlim para criar uma Carta Global da Economia sustentável, que incluía princípios éticos para a actividade de todos os estados, mereceu o apoio dos restantes países europeus do G20, e deverá ser debatida também na Cimeira de Londres, e mais tarde na Cimeira do G8, em Itália.

O primeiro-ministro britânico Gordon Brown, depois de agradecer a iniciativa da sua homóloga germânica de promover a Cimeira em Berlim, sublinhou que «deve ser dada toda a prioridade às preocupações das pessoas que têm hipotecas de casas para pagar, às pessoas que têm medo de perder os empregos e às pessoas que precisam de arranjar capital e não sabem como».

NOTAS
  1. A very simple image illustrates the global insolvency characteristic of today’s global financial system: the financial base which banks, insurers and global financial institutions were resting upon, is collapsing in the same way as a city built on a huge fault would collapse, suddenly realizing that what was meant to be solid land intended to firmly support the city’s buildings is nothing but a thin crust of earth over a mixture of a void, toxic gas and unstable ballast. Of course the financial equivalent of this mixture is the highly volatile combination of US Dollars, USD-denominated assets and debts, produced in particular by the US, the UK and a number of developed and developing economies.

    This situation is not at all addressed by any of the measures taken today against the crisis worldwide. US, EU, Japanese and Chinese leaders content themselves with injecting massive amounts of new liquidity in the form of Dollars, Euros, Yen or Yuan, and with trying to substitute public debts for toxic private ones, as if adding more gas and exchanging very unstable ballast for unstable ballast would prevent the city from collapsing. In fact, these massive injections of liquidity, especially in the US where the amounts involved are now beyond belief (close to USD 10,000-billion in one year), result in an even more rarified gas created by a continual depreciation of the value money; while the exponential increase of public debt is making public assets (T-Bonds in particular) as toxic as the private ones they are supposed to replace.

    ... the disappearance of the global financial base will result, at the end of 2009, in a speeding up of the process of power-, wealth-, influence- and living standard-reduction for a large number of major geopolitical players - but at varying speeds and in different proportions: the world is about to drastically shrink but not in the same way for everybody. This evolution will be a key component of the phase of global geopolitical dislocation, some sort of a sudden card reshuffling on a global scale. As we have highlighted many times, the big economic players, as much as many states or regions, will be concerned.

    ... protectionism is back, because the globalisation of the last two decades has come to a grinding halt. Global leaders’ speeches on this subject are pathetic insomuch as they keep repeating their opposition to any such return and their will to revive the Doha round of free trade negotiations17; but in fact, they are doing the exact opposite, witness Obama’s “Buy-American” campaign18, Gordon Brown’s competitive devaluation of the Pound Sterling, Nicolas Sarkozy’s aid to the French motor industry, Angela Merkel’s carefully “Germany” targeted stimulus plan, or Hu Jintao’s project of Chinese domestic demand stimulation.

    ... Practically speaking, the April 2009 G20 Summit is probably the last chance to put on the right tracks the forces at play, i.e. before the sequence of UK and then US defaults begin. -- in LEAP/E2020-GlobalEurope Anticipation Bulletin (GEAB).

  2. A conquista de Ceuta pelos portugueses, que marca o início simultâneo da ascensão global do Ocidente e do declínio da China, foi em 1415. A transferência para Xangai do comando financeiro mundial deverá ocorrer até 2015, coincidindo muito provavelmente com um período de profunda, prolondada e violenta decadência dos Estados Unidos da América.

REFERÊNCIAS
  • China Starts Investing Globally

    February 20, 2009 (New York Times)

    SHANGHAI — China is taking advantage of the economic downturn to go on a major shopping spree, investing in energy and other natural resources that could give it an economic advantage it has never had before.

    Some economic analysts say they believe that China’s investments pose a threat to competitors like the United States. In the last move, Beijing said on Friday that one of its big state-owned banks, the China Development Bank, would lend the Brazilian oil giant Petrobras $10 billion in exchange for a long-term commitment to send oil to China.

    China signed similar deals this week with Russia and Venezuela, bringing Beijing’s total oil investments this month to $41 billion. They represent an important investment. Supplies of commodities like oil are likely to tighten again once global growth picks up, and China will have a toehold it lacked during the recent boom, when it grew phenomenally even with limited access to resources.

  • A Swiss Bank Is Set to Open Its Secret Files

    By LYNNLEY BROWNING Published: February 18, 2009 (The New York Times)

    In the hush-hush world of Swiss banking, the unthinkable is happening: secrets are spilling into the open.

    UBS, the largest bank in Switzerland, agreed on Wednesday to divulge the names of well-heeled Americans whom the authorities suspect of using offshore accounts at the bank to evade taxes. The bank admitted conspiring to defraud the Internal Revenue Service and agreed to pay $780 million to settle a sweeping federal investigation into its activities.

    It is unclear how many of its clients’ names UBS will divulge. Federal prosecutors have been examining about 19,000 accounts at the bank, but UBS ultimately may disclose the identities of only a few hundred customers.

    But to some, turning over any names at all heralds the end of the secret Swiss bank account, whose traditions date to the Middle Ages.

  • Eastern European Economies About to Explode in a Chain Reaction of Debt Defaults

    Feb 16, 2009 - 06:34 PM. By: Mike_Whitney (The Market Oracle)

    Eastern Europe is about to blow. If it does, it could take much of the EU with it. It's an emergency situation but there are no easy solutions. The IMF doesn't have the resources for a bailout of this size and the recession is spreading faster than relief efforts can be organized. Finance ministers and central bankers are running in circles trying to put out one fire after another. Its only a matter of time before they are overtaken by events. If one country is allowed to default, the dominoes could begin to tumble through the whole region. This could trigger dramatic changes in the political landscape. The rise of fascism is no longer out of the question.

    The UK Telegraph's economics editor Edmund Conway sums it up like this:

    "A 'second wave' of countries will fall victim to the economic crisis and face being bailed out by the International Monetary Fund, its chief warned at the G7 summit in Rome....But with some countries' economies effectively dwarfed by the size of their banking sector and its financial liabilities, there are fears they could fall victim to balance of payments and currency crises, much as Iceland did before receiving emergency assistance from the IMF last year." (UK Telegraph)

    Foreign capital is fleeing at an alarming rate; nearly two-thirds gone in matter of months. Deflation is pushing down asset prices, increasing unemployment, and compounding the debt-burden of financial institutions. It's the same everywhere. The economies are being hollowed out and stripped of capital. Ukraine is teetering on the brink of bankruptcy. Poland, Latvia, Lithuania, Hungary have all slipped into a low-grade depression. The countries that followed Washington's economic regimen have suffered the most. They bet that debt-fueled growth and exports would lead to prosperity. That dream has been shattered. They haven't developed their consumer markets, so demand is weak. Capital is scarce and businesses are being forced to deleverage to avoid default. All of Eastern Europe has gotten a margin call. They need extra funds to cover the falling value of their equity. They need a lifeline from the IMF or their economies will continue to crumble.

  • Nationalize the Banks! We're all Swedes Now

    By Matthew Richardson and Nouriel Roubini Sunday, February 15, 2009; in The Washington Post.

    The U.S. banking system is close to being insolvent, and unless we want to become like Japan in the 1990s -- or the United States in the 1930s -- the only way to save it is to nationalize it.

    As free-market economists teaching at a business school in the heart of the world's financial capital, we feel downright blasphemous proposing an all-out government takeover of the banking system. But the U.S. financial system has reached such a dangerous tipping point that little choice remains. And while Treasury Secretary Timothy Geithner's recent plan to save it has many of the right elements, it's basically too late.

    ... Last year we predicted that losses by U.S. financial institutions would hit $1 trillion and possibly go as high as $2 trillion. We were accused of exaggerating. But since then, write-downs by U.S. banks have passed the $1 trillion mark, and now institutions such as the International Monetary Fund and Goldman Sachs predict losses of more than $2 trillion.

    But if you think that $2 trillion is high, consider our latest estimates at the financial Web site RGE Monitor: They suggest that total losses on loans made by U.S. banks and the fall in the market value of the assets they are holding will reach about $3.6 trillion. The U.S. banking sector is exposed to half that figure, or $1.8 trillion. Even with the original federal bailout funds from last fall, the capital backing the banks' assets was only $1.4 trillion, leaving the U.S. banking system about $400 billion in the hole.

    ... Nationalization is the only option that would permit us to solve the problem of toxic assets in an orderly fashion and finally allow lending to resume. Of course, the economy would still stink, but the death spiral we are in would end.

    Nationalization -- call it "receivership" if that sounds more palatable -- won't be easy, but here is a set of principles for the government to go by:

    First -- and this is by far the toughest step -- determine which banks are insolvent. Geithner's stress test would be helpful here. The government should start with the big banks that have outside debt, and it should determine which are solvent and which aren't in one fell swoop, to avoid panic. Otherwise, bringing down one big bank will start an immediate run on the equity and long-term debt of the others. It will be a rough ride, but the regulators must stay strong.

    Second, immediately nationalize insolvent institutions. The equity holders will be wiped out, and long-term debt holders will have claims only after the depositors and other short-term creditors are paid off.

    Third, once an institution is taken over, separate its assets into good ones and bad ones. The bad assets would be valued at current (albeit depressed) values. Again, as in Geithner's plan, private capital could purchase a fraction of those bad assets. As for the good assets, they would go private again, either through an IPO or a sale to a strategic buyer.

    The proceeds from both these bad and good assets would first go to depositors and then to debt-holders, with some possible sharing with the government to cover administrative costs. If the depositors are paid off in full, then the government actually breaks even.

    Fourth, merge all the remaining bad assets into one enterprise. The assets could be held to maturity or eventually sold off with the gains and risks accruing to the taxpayers.

    The eventual outcome would be a healthy financial system with many new banks capitalized by good assets. Insolvent, too-big-to-fail banks would be broken up into smaller pieces less likely to threaten the whole financial system. Regulatory reforms would also be instituted to reduce the chances of costly future crises.

    Nationalizing banks is not without precedent. In 1992, the Swedish government took over its insolvent banks, cleaned them up and reprivatized them. Obviously, the Swedish system was much smaller than the U.S. system. Moreover, some of the current U.S. financial institutions are significantly larger and more complex, making analysis difficult. And today's global capital markets make gaming the system easier than in 1992. But we believe that, if applied correctly, the Swedish solution will work here.

OAM 539 22-02-2009 10:20 (última actualização: 18:41)

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Energia 3

A arrogância do Mexia

17-02-2009 (Sol) — O presidente da EDP, António Mexia, questionou hoje o interesse de uma alternativa ferroviária à linha do Tua por entender que, com a construção da barragem, a ferrovia perde o seu principal atractivo que é a paisagem.

O que este Mexia cínico não diz a ninguém é que o plano de barragens em curso, que o expedito Pepe rápido de Freeport despachará à velocidade da luz, perante a hesitação (e oportunismo?) de Manuela Ferreira Leite e Cavaco Silva, serve apenas para encobrir o fracasso das eólicas, cujo rendimento energético é um verdadeiro flop!

Quando os americanos e a Merrill Lynch souberem da marosca, lá se vai o optimismo caseiro fabricado pela EDP (1).

A variabilidade e inconstância dos ventos, subavaliadas nos estudos aldrabados que justificaram os vultuosos investimentos na energia eólica portuguesa, não permitem atingir a produção energética prometida aos investidores e ao país. Para compensar há então que construir num instantinho (para isso serve o Pepe rápido de Freeport) 11 novas barragens, já que a capacidade de compensação das centrais hidroeléctricas existentes é insuficiente para atingir a quantidade de mega Watts prometida e esperada. Se fossem substituídas as turbinas envelhecidas das actuais centrais hidroeléctricas por turbinas mais eficientes, haveria compensação, mas ao que parece insuficiente, e sobretudo longe dos parques eólicos construídos e em construção.

Trata-se pois de fazer barragens para enganar os accionistas da EDP, e para vender energia a preços leoninos —i.e. de cartel— aos incautos portugueses.

Sabiam os portugueses que a energia que consomem à noite é de origem nuclear, vem de França, e é vendida a Portugal ao preço da chuva, quer dizer, abaixo do preço de custo? Paga-se, porém, esta energia nocturna a preços comparativamente elevados face ao que realmente custa, engordando ilegitimamente as margens de comercialização dum bem essencial que, como tal, deveria ter preços regulados, em vez da corrupta fantochada de livre concorrência que os neoliberais de Bruxelas (a começar por Durão Barroso) andaram a impingir à Europa nas últimas duas décadas.

A falência óbvia da União Europeia face à China e à generalidade dos países emergentes, onde os recursos energéticos, naturais e financeiros estão obviamente nacionalizados, deve servir-nos de lição. E sobretudo deve servir para travarmos colectivamente a inércia especulativa que persiste nas entranhas da tríade de piratas neoliberais que tomou conta do PS (representado pelo cada vez mais insuportável Pinóquio de Freeport), exigindo a renacionalização dos principais recursos naturais, energéticos e financeiros estratégicos do país.

As minas de ouro que são as grandes bacias do Douro e do Tejo, i.e. os rios que dão água e energia eléctrica a mais de 80% das grandes cidades-região de Lisboa e Porto, não podem estar na mão de especuladores, nem à mercê duma qualquer falência que possa comprometer a independência nacional em matéria de água e energia eléctrica.

Não é um qualquer Mexia de trazer por casa que pode atemorizar uma Secretária de Estado, e muito menos a democracia!

Outro objectivo não declarado da EDP do cínico Mexia (um imbecil chapado) é a apropriação privada dum bem comum: a água! Ou seja, os piratas da EDP e da Iberdrola pretendem pura e simplesmente tomar conta de duas verdadeiras minas de ouro situadas nas duas principais bacias hidrográficas nacionais: a água e a energia eléctrica.

Muito mais do que pelo assassínio de paisagens, que alegremente estão dispostos a cometer, esta gentalha tem que ser posta no sítio pelo perigo que representa para a independência e autonomia nacionais. A sua lógica de submissão canina à falida globalização neoliberal é de facto uma ameaça que deve ser debelada quanto antes.

Que José Freeport se passeie de braço dado com os ex-ministros portugueses ao serviço das privatizadas Iberdrola e EDP (2) é toda uma lição de promiscuidade entre a política e os negócios, de reiteração de um modelo neoliberal ultrapassado que tem quer rapidamente revisto, e mesmo de traição pura e simples aos óbvios interesses portugueses no que se refere ao absoluto controlo das nossas principais reservas estratégicas: água, energia, território e mar.


NOTAS
  1. 17-02-2009 (Económico) "A energética liderada por Ana Maria Fernandes (na foto) é a acção preferida do Merrill Lynch para o sector das Renováveis."

    "Na opinião dos analistas do banco norte-americano, a acção da quarta maior eólica do mundo está "a ser castigada por um ‘outlook' incerto relativamente ao investimento", sendo que o Merrill Lynch espera que a administração clarifique a situação na apresentação dos resultados, marcada para 26 de Fevereiro."

  2. Hoje de manhã José Sócrates andou de braço dado com o presidente da EDP —o dito Mexia, ex-boy do PSD— arengando que a nova barragem (que destruirá o rio Sabor) é uma oportunidade de emprego e de progresso para o país. Acontece que a EDP, hoje uma empresa privada, está envolvida em três processos judiciais sobre a legitimidade de prosseguir com a barragem que destruirá, para nada, uma paisagem única e habitats protegidos por lei. Manda a lei e a decência que o primeiro ministro se mantivesse equidistante dos contendores, neste caso, a EDP e a Liga de Protecção da Natureza. Mas não, o homem por detrás do primeiro ministro é um facilitador nato. Está-se nas tintas para a lei e para a decência. E o resultado é este: andar de braço dado com o pirata-mor da EDP. Como amanhã andará de braço dado com o pirata-mor e traidor Pina Moura —lacaio da Ibertrola. Uma desgraça que merece, cada vez mais, uma inadiável revolta de cidadania.


OAM 538 17-02-2009 17:10

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Crise Global 62

Não aos despejos em casa própria!

Reavaliar as casas, renegociar os contratos de hipoteca e salvar o direito à habitação

Na sequência do alerta sobre a urgência de parar as execuções das hipotecas de casas-próprias, troquei impressões com um economista português em volta do simpático e muito útil comentário que endereçou ao António Maria. Trata-se, nem mais nem menos, de uma proposta articulada para rever em profundidade a actual situação distorcida e perversa do mercado imobiliário, bem como das hipotecas injustas e insustentáveis que têm conduzido ao intolerável drama dos despejos, não só nos Estados Unidos (1), mas também em Portugal, um país onde o direito à habitação é uma garantia constitucional, apesar de o seu actual primeiro ministro se passear pelo país oferecendo cobertores de falsa lã e barragens inúteis (Sabor), ilegais (Tua) e até perigosas (Fridão) aos incautos e aflitos que lhe aparecem pela frente. E são muitos, a começar pelos comentadores da corda partidária, Marcelo Rebelo de Sousa e António Vitorino.

A proposta, que merece ser discutida, nomeadamente no Bloco de Esquerda — que se tornou, ao longo das três últimas sondagens realizadas entre os leitores do António Maria, no partido estrela do momento (2) —, não é nem maniqueísta, nem populista, nem simplifica o que não deve ser simplificado. Procura, isso sim, encontrar um modelo de ajustamento económico-financeiro proporcional para as partes envolvidas em contratos cujos pressupostos iniciais foram brutalmente alterados pela maior crise de sobre endividamento que o mundo jamais conheceu.

Aqui vai, sucintamente (e sujeita a correcções):

  1. Reavaliar as casas em função dos preços actuais

    Esta reavaliação não deverá ser efectuada tomando por base os indicadores comerciais e pouco credíveis do Confidencial Imobiliário, nem ser confiada aos avaliadores dos bancos, pela sua óbvia falta de independência, mas antes tomando por indicadores fiáveis as transacções realizadas (incluindo em leilões) e a avaliação fiscal da propriedade.

    Este valor de referência deve ponderar também o tempo em que casas semelhantes estão à espera de venda.

    Depois de avaliadas as casas, deverá proceder-se a uma renegociação automática e obrigatória das hipotecas.

    Exemplo: uma dada casa valia 100 e agora, depois do processo acima descrito, vale apenas 80. Renegoceia-se a casa, e a dívida cai automaticamente 20% (assim como a equidade, i.e. a diferença entre o valor comercial actual da casa e o que falta pagar ao banco). Perde o banco e perde o proprietário, mas neste caso, através de uma partilha equitativa de perdas.

    Esta medida tem ainda a vantagem de resolver o problema da persistência dos preços artificiais da habitação, que se mantiveram intactos em Portugal entre 2007 e 2008 — caso único na Europa. O mercado português está tão distorcido e tão falho de transacções que os promotores permitem-se continuar a especular, ao mesmo tempo que os bancos e as autoridades governamentais publicitam que o Subprime não chegou ao nosso país, quando Portugal é, na Europa, dos países com mais excesso de oferta, mais casas devolutas e mais casas nunca ocupadas. Em % do PIB, o investimento em construção tem sido em Portugal dos maiores do mundo.

  2. Interromper temporariamente o pagamento das prestações

    Na eventualidade de se provar que o incumprimento no pagamento das prestações do empréstimo hipotecário se deve a perda de emprego, divórcio, ou a outros factores que impeçam o cumprimento do devedor, poderá transformar-se por um prazo de x anos (por exemplo, entre 2 e 5 anos) o contrato de hipoteca em PIK bonds (payment in kind)...

    Isto é, o juro capitaliza automaticamente no principal, ou seja, no empréstimo inicial.

    Mediante a prova de que a situação se resolverá (retoma de emprego, partilha da casa com outro parceiro, etc.), o devedor tem a escolha de retomar o pagamento da hipoteca, ou deixar expirar o PIK. Para evitar que os bancos capitalizem as hipotecas PIKED a juros exorbitantes, deverá limitar-se o juro à taxa de mercado forward correspondente ao prazo do PIK. Isto é, se uma pessoa A pretende PIK por dois anos (deixa de pagar hipoteca por dois anos, sendo esta capitalizada), o capital acumula à taxa forward de 2 anos; se uma pessoa B pretende PIK por cinco anos (deixa de pagar por cinco anos), o capital acumula à taxa forward de 5 anos. Este ponto não exclui o anterior.

  3. Limitar o crédito ao consumo

    As medidas anteriores devem ser combinadas com a aplicação de limites de crédito (cartões, crédito automóvel, lojas, etc.) às pessoas envolvidas em renegociações de hipotecas. Para tal, deverá criar-se uma central com os débitos agregados das pessoas envolvidas na renegociação das suas hipotecas, não deixando que estes subam... não dando pois mais crédito... e começando por publicar uma avaliação do potencial de crédito de cada pessoa (credit report score). Por não fazê-lo até agora, os bancos têm vindo a conceder crédito às escuras, dando azo a abusos de todas as partes, criando um problema adicional importante, dada a ineficácia dos nossos tribunais.

  4. Liberalizar os arrendamentos, com regras e equilíbrio de direitos

    Ainda hoje, filhos que vivam com pais com mais de 65 anos, podem automaticamente ficar na casa depois da morte destes.... pagando 100-200 euros por mês, por vezes em zonas relativamente nobres. Seria preferível subsidiar quem não pode, do que manter reprimido e distorcido todo o mercado.

  5. Trocar a equidade da casa por uma mensalidade

    Permitir às pessoas com mais de 55 anos e que porventura não tenham possibilidade de pagar o resto da hipoteca, que façam uma Reversão Hipotecária (Reverse-Equity Mortgage), isto é, entrem num plano em que vendam a casa a um banco (o que falta pagar não pode exceder 20% do empréstimo inicial) e recebam em troca uma mensalidade desse mesmo banco, sem terem que abandonar a casa. Esta medida pode estender-se a pessoas que tenham a casa como bem único e subitamente se encontrem numa situação grave por perda de emprego ou doença: vendem a equidade na casa (home equity) ao banco, por conta de uma mensalidade para despesas de sobrevivência, conservando o uso residencial.

  6. Segurar o pagamento das prestações

    Deverá exigir-se o seguro das prestações hipotecárias aos compradores de casas para habitação, para sua própria protecção em caso de doença, desemprego e divórcio que altere as condições contratuais. A entidade seguradora não deverá, porém, coincidir com o banco que realiza o empréstimo hipotecário, a fim de evitar que o comprador fique capturado por esse mesmo banco. O ideal é que estes seguros sejam realizados por companhias de seguro que não estejam ligadas a bancos.
Há mais formas para resolver este flagelo social. Mas esta é uma base concreta de diálogo que os políticos e respectivos assessores deveriam ler com atenção. É aliás do interesse dos governos, central e autárquicos, e ainda do sector financeiro, olharem de frente para as consequências desastrosas do endividamento privado que conduz à suspensão de pagamentos das prestações imobiliárias, com o propósito de encontrar soluções inteligentes e equilibradas para um bloqueio que tende a aumentar e não a diminuir. Não esperem por Bruxelas, mexam-se!


NOTAS
  1. EUA: Administração Obama consagra 75 mil milhões de dólares aos proprietários imobiliários em dificuldades

    Washington, 18 Fev (Lusa) - O governo do presidente norte-americano Barack Obama vai destinar, com os organismos de financiamento hipotecário Fannie Mae e Freddie Mac, 75 mil milhões de dólares para ajudar os proprietários imobiliários em dificuldades, anunciou hoje o Departamento do Tesouro.

    A medida vai ajudar entre sete e nove milhões de famílias, que enfrentam o risco de perderem as suas casas, segundo Obama.

    O plano visa injectar dinheiro rapidamente para prevenir o colapso do sector da habitação e impedir que milhões de norte-americanos percam as suas casas.

    A gigantesca injecção de dinheiro federal destina-se ainda a manter sob controlo o sector das execuções hipotecárias que atravessa a maior crise desde a Grande Depressão.

    Vão despejar-te da casa? Não te vás embora, ocupa-a!
    Por Amy Goodman

    18-Fev-2009 -- Marcy Kaptur, do Estado do Ohio, Estados Unidos, é a legisladora democrata com maior experiência na história do Congresso dos Estados Unidos.Ela recomenda ao Congresso uma solução radical para as execuções hipotecárias: "Digo ao povo norte-americano: sejam ocupas nas vossas próprias casas. Não se vão embora”.

    Marcy Kaptur, do Estado do Ohio, Estados Unidos, é a legisladora democrata com maior experiência na história do Congresso dos Estados Unidos. O seu distrito, que se estende ao longo da costa do Lago Erie, de oeste de Cleveland a Toledo, enfrenta uma epidemia de execuções hipotecárias e uma taxa de desemprego de 11,5%. A região do centro do país, conhecida como a Cintura Industrial, foi destroçada pelo Tratado de Comércio Livre da América do Norte (sigla inglesa NAFTA), que provocou o encerramento de fábricas e afundou os estabelecimentos de agricultura familiar. Kaptur encabeçou a luta do Congresso contra a NAFTA. Agora recomenda ao Congresso uma solução radical para as execuções hipotecárias. -- Texto integral in Esquerda.

  2. De acordo com o mais recente inquérito realizado entre os leitores do António Maria, 34% dos inquiridos estão dispostos a votar no partido de Francisco Louçã, enquanto a percentagem de votos em branco e abstenções atinge 45% das intenções numa amostra onde os indecisos não vão além dos 3%, o PS desce para 11%, e os partidos históricos, como o PSD (0%), CDS-PP (3%) e PCP (0%) caiem estrondosamente.

OAM 537 16-02-2009 20:30 (última actualização: 19-02-2009 18:33)

Crise Global 61

Suspendam-se as execuções de hipotecas, já!

Bancos americanos anunciam suspensão temporária de execução de hipotecas

15-02-2009. O Citigroup e o JP Morgan Chase, dois dos maiores bancos de varejo dos Estados Unidos, informaram que vão suspender os processos de retomada de bens dos mutuários inadimplentes com suas hipotecas, a fim de esperar a implementação do programa que o Departamento do Tesouro dos EUA planeja para reduzir as ações de despejo.

Na sexta, porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, disse que o presidente Barack Obama apresentará na próxima quarta-feira (18) um plano contra os despejos de famílias de imóveis hipotecados. Os detalhes serão dados pelo presidente durante a visita que fará ao estado do Arizona.

Pressão

A decisão dos bancos ocorre após pressão feita por congressistas norte-americanos durante encontro com executivos dos bancos com deputados na câmara dos EUA nesta semana.

No caso do JP Morgan, a suspensão valerá por três semanas. No Citi, a previsão é de que ela dure até o Tesouro detalhar seu programa. A expectativa é de que o governo gaste pelo menos US$ 50 bilhões para reduzir as parcelas mensais atualmente pagas pelos tomadores de empréstimos. -- in nesseinstante.

Enquanto o Bloco Central da Corrupção se desdobra numa miríade de escândalos e sombras, os partidos fora do arco governamental português continuam mentalmente bloqueados numa espécie de catatonia inexplicável, incapazes de avançar qualquer análise lúcida, substancial e objectiva das verdadeiras causas de uma das mais graves crises do Capitalismo, ou de propor sequer uma agenda coerente de mitigação dos efeitos imediatos e mais dramáticos do colapso do modelo neoliberal da globalização.

A inércia predadora instalada pela tríade de piratas que capturou o Partido Socialista tem servido para proteger o descarado comportamento Ponzi do pseudo Banco Privado, tem servido para salvar da transparência o atoleiro de corrupção em que se transformou o BPN, até serviu para renegociar nas melhores condições os atrevimentos financeiros do mediático Joe Berardo, mas não tem servido —antes pelo contrário— para ajudar as vítimas do negócio imobiliário agressivo, sobretudo aquelas que foram atraídas para aquisições temerárias ou simplesmente mal aconselhadas de casa própria pelas mais sofisticadas e sedutoras estratégias de marketing e publicidade. A mesma Caixa Geral de Depósitos que salva milionários e bancos da falência, despeja na rua sem qualquer pudor famílias inteiras das suas próprias casas, cujas hipotecas são executadas seguindo critérios diametralmente opostos àqueles que servem para manter a actual paz podre capitalista neoliberal.

Pois bem, senhores deputados, acordem do vosso estuporado sono e olhem à vossa volta!

Exijam, desde já, deste governo e do presidente da república, uma convergência social de opiniões sobre as execuções assassinas actualmente em curso no sector da habitação, nomeadamente por parte do banco do Estado. Reparem, se vos falta a imaginação, no esforço de Barak Obama. É que ele acaba de empurrar os bancos americanos para uma alteração radical de atitude face às centenas de milhar de famílias falidas americanas, que não podendo satisfazer as respectivas responsabilidades hipotecárias, têm sido literalmente lançadas para gigantescos campos de algo a que poderíamos talvez chamar refugiados do American Way of Life.

Estão há espera de quê, senhores deputados da Assembleia da República, para evitar uma situação trágica semelhante à que a ganância banqueira já conduziu milhões de americanos?

Suspendam-se imediatamente todas as execuções de hipotecas pelo período de um ano, e proceda-se à renegociação dos contratos de modo inteligente, por forma a evitar uma mais do que provável explosão das falências familiares e individuais nos próximos anos.


OAM 536 15-02-2009 23:45

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Energia 2

PIN Go!

Painéis solares térmicos terão benefício triplo para as famílias

11-02-2009 (Público) — A instalação de painéis solares térmicos em habitações particulares vai ter um “triplo benefício” para as famílias já a partir do próximo mês, anunciou hoje o primeiro-ministro, no discurso inicial do debate quinzenal, no Parlamento, dedicado à economia.

Esta medida pretende incentivar a utilização de energias renováveis, para a qual o Governo irá dispor de cem milhões de euros dirigidos à comparticipação na compra dos equipamentos e a incentivos fiscais de 30 por cento do custo do investimento. A estes dois aspectos a favor do orçamento das famílias, José Sócrates juntou ainda a previsível redução de 20 por cento da factura energética anual de um agregado familiar.

José Sócrates arengou sobre mais uma das suas inopinadas fantasias eleitorais, desta vez em torno de painéis solares e famílias. Trata-se, na realidade, de atrair os incautos para uma incógnita gerida em regime de monopólio pela irresponsável EDP. Trata-se, também, de uma tentativa de levar as já sobre endividadas famílias portuguesas a potenciarem de algum modo a velocidade do dinheiro, sob renovadas, mas nem por isso menos imprevisíveis e perigosas estratégias de endividamento.

Em vez de se propor simplesmente um programa sério, amplo e acelerado no domínio da produtividade e eficiência energéticas dos edifícios públicos —ministérios, direcções-gerais e delegações, escolas e universidades, tribunais, câmaras e juntas de freguesia—, temos mais uma engenharia financeira virtual apoiada nas proclamadas virtudes da luta europeia contra o aquecimento global, nomeadamente através do chamado mercado do CO2.

Sucede, porém, que o esquema tortuoso do mercado das emissões de CO2 (transformar uma emergência social num negócio rentável), acaba de ser desmontado como um esquema inútil e mesmo contraproducente no combate ao aquecimento global, do qual tem vindo a resultar, não uma diminuição das emissões, mas antes um jogo do empurra entre poluidores compulsivos.

Wind Turbines in Europe Do Nothing for Emissions-Reduction Goals
By Anselm Waldermann

10-02-2009 (Spiegel Online) — Despite Europe's boom in solar and wind energy, CO2 emissions haven't been reduced by even a single gram. Now, even the Green Party is taking a new look at the issue -- as shown in e-mails obtained by SPIEGEL ONLINE.
...

Building Renovations Are Better than Windmills

Experts from the Green Party are taking the problem very seriously: "We are in a veritable crisis situation, and that means we must reconsider and alter things we once took for granted," writes one contributor, adding that it's important to re-examine "whether we have set the right priorities."

Another expert begins his e-mail with a general clarification: "Dear People, I'm not fundamentally against the EEG. I only emphasize this because Manfred has repeatedly and erroneously described me as an opponent of the EEG." But here comes the big "but": "When reduction of CO2 emissions is more cheaply achieved through insulating a building than using a wind turbine, that is where we should concentrate our support." When it comes to climate change, everything else is secondary to reducing CO2 emissions.

Indeed, when it comes to climage change, investments in wind and solar energy are not very efficient. Preventing one ton of CO2 emissions requires a relatively large amount of money. Other measures, especially building renovations, cost much less -- and have the same effect.

The e-mail exchange ends with a conciliatory "What do you think?" But it is quickly followed by a bitter PS: "Do the Greens think that this problem (of climate change) will solve itself if we just screw solar panels onto our rooftops?"

Daqui até percebermos que o escandaloso plano de construção de barragens lançado pelos piratas do Bloco Central, sob a batuta do abrilhantado e arrogante CEO da EDP e da espanhola Iberdrola (comandada em Portugal por um traidor zombificado chamado Pina Moura), é uma nulidade económica, uma imbecilidade tecnológica e um crime ambiental, não tardará muito. Às comunidades atingidas pela anunciada expropriação e ruína, uma palavra de esperança: resistam com tudo o que tiverem à mão! Até porque muitas das "grandes obras" e negociatas promovidas pela tríade de Macau, por este governo neoliberal do PS, e em geral pelo Bloco Central da Corrupção, estão por um fio.

Os PIN e aldrabices do género começam a cair que nem tordos!

Novo terminal de contentores de Alcântara, plataforma logística da Maia/Trofa e aeromoscas de Beja (que voltou a adiar a sua inauguração e viu a respectiva empresa abruptamente expropriada pela ANA Aeroportos!) são as primeiras vítimas. Outras se seguirão. E o motivo é simples: enquanto durar a presente crise sistémica, que não se prevê que amaine antes de 2010-2012, ninguém no seu perfeito juízo investirá um euro que seja em projectos tecnicamente levianos e economicamente ruinosos.

O tempo em que tudo isto de fazia e ninguém ligava peva —vejam-se as escandalosas administrações do Metro de Lisboa, da Refer, da CP, da Lusoponte, das SCUD ou da RTP—, acabou. Por outro lado, o Estado português, como muitos outros, está gravemente endividado, e em breve passará para a segunda divisão do Euro, cuja criação parece inadiável. O colapso da moeda europeia —se não face ao USD, seguramente face às moedas regionais em fase de gestação no Médio Oriente e na Ásia— deixou de ser uma hipótese meramente retórica.

Nos últimos quatro meses em Lisboa pontes perdem 14 mil carros/dia
12-02-2009 - 00h30 (Correio da Manhã) — As duas pontes sobre o Tejo em Lisboa perderam diariamente mais de 14 mil veículos desde Setembro. A mais penalizada foi a 25 de Abril que, nos últimos quatro meses, perdeu mais de dez mil veículos por dia, tendo chegado ao final do ano com menos tráfego diário do quem em 2007.

Os dados de tráfego da Estradas de Portugal revelam que o número de carros a cruzar a ponte 25 de Abril e a ponte Vasco da Gama tem vindo a diminuir desde Setembro. As perdas têm sido mais evidentes na 25 de Abril, mas também a ponte Vasco da Gama tem perdido diariamente um número significativo de travessias: passou de 65 950, registadas em Setembro, para 62 318 no último mês de 2008.


Governo aconselha SOMAGUE a recorrer a parceiros privados

11.02.2009 - 21h35 (Público) — Um dia depois da SOMAGUE, promotora da Plataforma Maia/Trofa, ter abandonado o projecto por considerar que este não era rentável no panorama económico actual, a secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, informou que já esteve em contacto com a empresa aconselhando-a a “procurar outros parceiros privados, que assegurem a continuidade do projecto”.

... A Plataforma Logística Maia/Trofa situa-se no denominado Vale do Coronado, abrangendo terrenos da Reserva Agrícola Nacional, o que tem gerado alguns protestos de ambientalistas locais.


Liscont desiste de classificação Potencial Interesse Nacional para alargamento do terminal de contentores

11.02.2009 - 18h47 (Lusa/ Público) — A Liscont, concessionária do terminal de contentores de Alcântara, decidiu pedir a dispensa da classificação de projecto de Potencial Interesse Nacional (PIN) da obra de alargamento do terminal, disse à Lusa o presidente da empresa.

Eduardo Pimentel afirmou que, "apesar de continuar a achar que se trata de um projecto de interesse nacional", a empresa quer que "o projecto passe por todos os crivos, para que no futuro não se ponha em causa a bondade ambiental", prescindindo assim da classificação como PIN, que permitiria ser aprovado com "mais velocidade".

"É melhor que não seja considerado PIN, que seja um processo normal, para que no futuro não subsistam dúvidas, o que não vai interferir na calendarização que tínhamos definido, que já era como se não se tratasse de um projecto PIN", disse ainda.


Carga contentorizada cresceu 10% em 2008, tonelagem caiu 1,8%

11-02-2009 (Cargo News) — Os totais revelam que os cinco principais portos nacionais movimentaram 63,34 milhões de toneladas de carga no ano findo, menos 1,8% que no ano anterior, segundo os números trazidos a público pelo Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos (IPTM).

Antes de proceder a uma análise mais detalhada das poucas alternativas que temos pela frente, e das que se vão esvaíndo dia a dia, duas recomendações:
  1. estude-se com atenção o plano, aliás muito discutível, de Barak Obama;
  2. trave-se drasticamente o plano de "grandes obras" do actual governo, quanto mais não seja, por isto: para não desperdiçar recursos —que não existem!— em fantasias irrealizáveis no curto e médio prazo. O Novo Aeroporto de Lisboa, a Ponte Chelas-Barreiro, as barragens do Baixo Sabor e Tua (entre outras), a Alta Velocidade entre Lisboa e Porto (e todos os apeadeiros intermédios previsíveis), têm que forçosamente esperar por melhores dias, ou nem sequer verem a luz do dia.


OAM 535 13-02-2009 02:49 (última actualização 12:10)

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Crise Global 60

O governo popular de Barak Obama



Continuo a receber regularmente mensagens e vídeos de Barak Obama (1), agora na sua qualidade de presidente dos Estados Unidos da América. Inscrevi-me, por curiosidade, no seu sítio web, quando começou a campanha para as presidenciais. A plataforma eleitoral continua, por incrível que pareça, mais viva do que nunca!

Evoluiu entretanto para um verdadeira rede social de massas, com fortes componentes tecnológicas, de comunicação interactiva e de formação de poder a partir das bases sociológicas que elegeram o actual presidente americano. Chama-se Organizing for America.

O modelo, ainda que mais elegante e tecnológico, é aparentemente o mesmo há muito seguido, entre outros, por Fidel Castro e Hugo Chávez! Mas será mesmo?

Vamos precisar de algum tempo para avaliar o potencial desta verdadeira guarda pretoriana no extraordinário jogo de cintura que o novo presidente americano terá que evidenciar para conseguir levar por diante o seu plano. A verdade é que a situação da América é desesperada. E não vai ser nada fácil lidar com a enorme corrupção que tomou conta de Washington juntando democratas e republicanos nas mesmas práticas de tráfico de influências e subserviência aos poderosos sectores da finança e indústria da maior potência militar do planeta. O nosso Bloco Central da Corrupção não faz mais do que copiar, em pequenino, tarde e a más horas, este modelo escandalosamente gasto.

Há quem diga que Obama traz uma verdadeira revolução escondida na sua bagagem. Uma revolução pacífica, mas uma revolução mundial... dirigida ao poder desconhecido da mente.

Uma já célebre fotografia, que exibe o actual presidente americano com uma gravata MT ao peito, parece apontar para algo comum em muitos políticos americanos: a necessidade de uma forte motivação "interior". Quem não se lembra da peregrinação de Hillary Clinton a Fátima! No caso de Obama, tudo leva porém a crer que essa força interior reside na Meditação Transcendental — espécie de renascimento futurista das milenares visões védicas do mundo.

O facto de a sua campanha ter começado em Iowa, onde se situa a pequena cidade de Fairfield, sede da Maharishi University of Management e a escassos quilómetros da Maharishi Vedic City, uma cidade-modelo contemporânea desenhada segundo a sabedoria védica, mas incorporando as mais avançadas e inovadoras tecnologias de desenvolvimento sustentável, auto-organização, gestão e comunicação, prenuncia, a ser verdade, uma nova luz para entender a acção de Obama.

O facto de a MT ser tipicamente e em todo o mundo um movimento de quadros técnicos e empresariais da classe média, associado à evidência de a crise americana ser, em primeiro lugar, a maior crise de sempre da própria classe média —ameaçada de extinção pela lógica auto-destrutiva do Capitalismo— faz um especial sentido para o ângulo de visão sugerido pela visita do então candidato Barak Hussein Obama à cidade de Fairfield, onde posou para a fotografia, com o mayor da cidade, usando uma gravata MT.

Ainda que numa perspectiva de alarmismo de direita, muito a jeito das maquinações da FOX, a previsão de uma revolução nos Estados Unidos, como consequência de estar a evoluir rapidamente para o estatuto de uma nação não-desenvolvida ("undeveloped"), foi anunciada em 10 de Novembro de 2008 pelo homem que aparentemente previu a queda da União Soviética, a crise bolsista asiática de 1997, o descalabro do Subprime e a desvalorização sem precedentes da moeda americana. O mau agoiro vem de Gerald Celente, e vale a pena consultar esta referência: Celente Predicts Revolution, Food Riots, Tax Rebellions By 2012.

A recente histeria de Dick Cheney a propósito da política anti-terrorista de Barak Obama, afirmando que a mesma expõe os Estados Unidos "a atentados nucleares ou biológicos muito graves" (SIC), vai na mesma direcção.

Como se pode ler na newsletter do Bloco de Esquerda, há aliás mais gente, desta vez em quadrante radicalmente oposto, a pensar que estamos mesmo no início de uma verdadeira metamorfose:
Numa entrevista à revista inglesa Socialist Review, o marxista István Mészàros analisa a crise económica mundial e critica aqueles que apostam que ela será resolvida trazendo de volta as ideias keynesianas e a regulação. "É uma fantasia que uma solução neo-keynesiana e um novo Bretton Woods resolveriam qualquer dos problemas dos dias atuais", defende Mészàros. Para ele, estamos vivendo a maior crise na história humana, em todos os sentidos.

Não temos escrito neste blogue sobre outra coisa nos últimos três anos. E é por isso que penso ser urgente atacar sem hesitação o Bloco Central da Corrupção, por forma a salvar o PS e o PSD, mas acima de tudo, regenerar a tempo o actual regime democrático, sem o que os desafios que temos pela frente correm sérios riscos de empurrar Portugal para mais uma ditadura, ainda que inicialmente disfarçada de mais democracia! Os artigos recentes de Bagão Feliz —A força da mentira— e de Mário Crespo —Está bem, façamos de conta—não podem ser mais esclarecedores, especialmente junto do grande público, da gravidade da situação em que nos encontramos. Ou a Justiça põe na prisão rapidamente quem lá merece estar, ou Cavaco Silva terá que assumir até ao fim as suas obrigações de Estado.

Entretanto, enquanto governo e parlamento se auto-diluem no charco que criaram, recomendo vivamente a Cavaco Silva e a alguns políticos atentos, como Paulo Rangel, Francisco Louçã, Medina Carreira, Bagão Félix e Campos e Cunha, que leiam atentamente o rol das medidas do programa de estímulos sucessivamente esquissado pelo Congresso, e depois aprovado pela Câmara dos Representantes dos EUA. Servirá, pelo menos, para que aumentemos a fasquia de exigência do Plano de Emergência que há muito reclamo para o nosso país (2).

Breaking Down The Stimulus Bill

06-02-2009 (CNBC) — A comparison of the $827 billion economic recovery plan drafted by Senate Democrats and moderate Republicans with a $820 billion version passed by the House. Additional debt costs would add about $350 billion or more over 10 years. Many provisions expire in two years.


NOTAS
  1. Esta chegou enquanto escrevia este postal:
    Organizing for America
    Antonio --

    Americans have organized Economic Recovery House Meetings in all 50 states -- including 382 in California, 255 in Florida, 115 in Ohio, 199 in New York, 105 in Washington, and 149 in Texas.

    That's more than 3,587 meetings in 1,579 cities and 429 congressional districts.

    This past weekend, meeting hosts and guests watched a video of Governor Tim Kaine answering your questions about the president's recovery plan. Then they shared their own stories about how the crisis has affected them.

    Watch Governor Kaine's video and share your economic crisis story.

    Watch the video

    The media is filled with numbers about the economic crisis. But the numbers do not tell the full story.

    The story of this crisis is in homes across the country -- homes where a family member has lost a job, where parents are struggling to pay a mortgage, and where college tuition has slipped out of reach.

    That's also where the story of our recovery begins -- in communities where repairing roads and bridges, manufacturing green technologies, and rehabilitating our schools and hospitals will directly impact the lives of ordinary people and their families.

    President Obama's recovery plan will help struggling families right now by saving or creating up to 4 million jobs. But it will also help strengthen our economy for the future by investing in crucial infrastructure projects in health care, education, and energy.

    Share your story about how this economic crisis is affecting you and your family and join your fellow Americans in supporting bold action to speed our recovery:

    http://my.barackobama.com/sharestories

    Thank you for organizing so much support at this crucial moment for our country,

    Mitch

    Mitch Stewart
    Director
    Organizing for America

  2. Escrito em Outubro de 2005
    Muito antes das datas previstas nos cenários pró-Ota (...) Portugal ver-se-à na contingência de ter que redesenhar dramaticamente as suas prioridades de desenvolvimento (...). A brutal crise energética chegará muito mais cedo do que se prevê. E antes dela (ainda na vigência do actual governo) chegará também um mais do que provável "crash" imobiliário. Sem precisar de consultar cartas astrológicas, um número crescente de especialistas vem advertindo os governos de todo o mundo para o que se poderá passar num planeta subitamente consciente do declínio acelerado e irreversível das suas duas principais fontes energéticas: o petróleo e o gás natural. Mitigar este cenário mais do que certo exigirá avultados investimentos públicos e privados, que serão tanto maiores quanto mais próximos estivermos do colapso energético global.

    A prioridade das prioridades, em Portugal, como em toda a Europa, é criar uma rede capilar de transportes rodoviários, ferroviários, marítimos e aéreos altamente sustentáveis, divergindo rapidamente da dependência exclusiva dos combustíveis fósseis. Os Estados deverão concentrar-se na construção muito dispendiosa destas infraestruturas (e no apoio à investigação científica e tecnológica apropriada), deixando aos privados o papel de explorar, em regime de concorrência vigiada, o correspondente material circulante: camiões, comboios, barcos e aviões. O transporte individual tal como o conhecemos hoje desaparecerá muito rapidamente, devido aos custos insuportáveis de veículos e combustíveis, mas também devido à insolvência de milhões famílias por essa Europa fora.

    A segunda prioridade inadiável é a autonomia alimentar local. Temos que reconstruir rapidamente as cinturas verdes das cidades com mais de 100 mil habitantes, tendo como objectivo inegociável a criação de capacidades básicas de auto-abastecimento alimentar.

    A terceira prioridade é parar imediatamente com a actividade imobiliária especulativa, interrompendo pura e simplesmente toda a actividade de construção civil desnecessária. Os recursos técnicos, logísticos e humanos até agora empregues nesta actividade inútil e tonta deverão ser desviados para a consecução das grandes obras de infra-estruturas prioritárias a serem lançadas imediatamente como vértice fundamental de uma estratégia de mitigação da aproximação do "crash" energético.

    A quarta prioridade é reorganizar radicalmente o actual aparelho de Estado, eliminando tudo o que for dispensável. Precisamos de um Estado de Emergência. Mais vale perceber isto agora, do que esperar por uma metamorfose repentina, anárquica, tumultuosa e violenta.

    A quinta prioridade é relançar a Democracia...

    in O António Maria, 28-10-2005

OAM 534 09-02-2009 19:07 (última actualização: 10-02-2009 01:07)

sábado, fevereiro 07, 2009

Portugal 87

O fim do emprego
e o desafio de Louçã...

«É um princípio de um sistema bancário público em que possa predominar uma política socialista, uma política pública com orientações para escolhas sociais para a economia. É exactamente assim que faria um ministro das Finanças que fosse do Bloco de Esquerda» — Francisco Louçã in “New Crisis, Old System”; VI Convenção do Bloco de Esquerda (06-02-2009).

Francisco Louçã propôs hoje a proibição dos despedimentos em empresas que tenham resultados, elegendo o combate ao desemprego e a nacionalização de sectores estratégicos como resposta ideológica e prática à "crise do regime" (Lusa/SIC).


"Perhaps as little as 5 percent of the adult population will be needed to manage and operate the traditional industrial sphere by the year 2050. Near-workless farms, factories, and offices will be the norm in every country".

— in Jeremy Rifkin, The End of Work (1995, 2004).


There is cause to think the problems in the financial sector remain grim despite the huge amount they have received from taxpayers and that there are few sources of growth in the private economy. Consumers are strapped and business won't invest until recovery has begun. The model is broken. Default rates are rising for auto loans, credit cards, and other forms of borrowing. Commercial real estate which expanded 40 percent in the three years after 2005 (when housing loan expansion peaked). We have reached the end of the regime of accumulation that started in the late 1970s which featured financialization - growth through massive debt creation and speculation as a defining characteristic - deindustrialization and globalization.

— in The Present Crisis of Capitalism, Its Short and Long Term Implications. By William Tabb.

Entre o nariz de Sócrates que não pára de crescer e o descontrolo retórico do pigmeu Augusto Santos Silva, o Bloco de Esquerda chega aos dois dígitos nas sondagens — já aqui tínhamos previsto, a 28 de Janeiro, 11% de intenções. Importa pois começar a discutir o que quer o Bloco de Esquerda quando for governo, provavelmente associado ao Partido Socialista que sobreviver a José Sócrates e à tríade que colocou este pinóquio no sítio onde está para vergonha de qualquer lusitano com a espinal medula no sítio.

Ideias frescas vindas do Bloco? Pois que venham!

Louçã, enviou-nos, para já, três recados:
  • se for ministro das finanças, irá proibir que as empresas com 'resultados' despeçam;
  • se for ministro das finanças, nacionalizará sectores estratégicos da nossa economia como resposta à 'crise de regime';
  • se for ministro das finanças, iniciará a formação de um sistema bancário público dotado de uma política predominantemente socialista.
Nada que o Reino Unido e a América de Obama não estejam dispostos a subscrever de cruz. Mas não chega. Nem sequer para alterar o sistema fiduciário de valor que conduziu à actual crise sistémica mundial, para o que faltaria acabar, por exemplo, com os gnomos e testas de ferro da especulação mundial, mais o chamado shadow banking (Banco Privado e quejandos), a economia de casino, e as sofisticadas arquitecturas computacionais responsáveis pelo buraco negro dos derivados. É preciso ir ainda mais fundo: até à divisão internacional do trabalho, até à repartição dos recursos energéticos e naturais disponíveis —que chineses e russos querem mais equitativa—, e de caminho, até às actuais regras do comércio mundial.

EU threatens legal action over American car industry bail-out

(03-02-2009) The EU today threatened legal action and retaliatory measures against the US if the Obama administration enshrines a "Buy American" clause in its multibillion-dollar economic stimulus package.

...The most contentious clause in EU eyes would require US firms to use local steel and other components in state-funded projects. Similar national measures have been adopted or considered in Argentina, China, Indonesia, Ecuador, India, Russia and Vietnam, putting them on a WTO ­surveillance list. — (Guardian.co.uk)

Quando Obama decide indexar os apoios estatais à indústria americana ao consumo de aço Made in USA, pondo em causa cláusulas anti-proteccionistas fundamentais assinadas pelos membros da OMC, o caminho, aqui há vários meses anunciado, do regresso ao proteccionismo está aberto. Há já algum tempo que defendo a necessidade de um novo Tratado de Tordesilhas, desta vez entre a Ásia e a Euro-América. O grande Médio Oriente e a África serão as áreas de disputa entre os novos blocos planetários. A Rússia, que começou a reconstituir paulatinamente o seu espaço vital, permanecerá o pêndulo angustiante entre o Oriente e o Ocidente, cumprindo assim uma velha tradição!

Para já, a Europa está cada vez mais nervosa com a evolução tectónica vertiginosa em curso. Barafusta contra os Estados Unidos, enquanto o garnisé de Paris recomenda às empresas francesas subsidiadas que consumam materiais e serviços franceses, o sonâmbulo de Downing Street faz discursos xenófobos, e uma parlamentar europeia da reaccionária Polónia repudia prisioneiros de Guantánamo, não apenas no seu país, mas em toda a União Europeia!

A moeda europeia (1), apesar das suas ambições, poderá em breve sofrer um enorme trambolhão. Basta para tal que alguns dos seus países membros entrem em processos de falência semelhantes ao da Islândia. O Reino Unido (2), a Grécia e Portugal, já para não mencionar a Ucrânia e a Hungria, estão a um passo de suspender pagamentos internacionais. Se e quando tal acontecer, o Euro começará a resvalar, haverá inflação ou mesmo hiperinflação na Europa, e surgirão finalmente novas moedas de reserva regionais — na América, na Ásia e nas petro-monarquias do Médio Oriente.

Parar as privatizações em curso num país à beira da falência, de que é exemplo a criminosa operação de venda ao desbarato da ANA, única e exclusivamente para ajudar a financiar a construção do desnecessário NAL de Alcochete; travar a intrusão inopinada e abusiva da Iberdrola na rede de barragens e sistema hídrico nacionais (3), sob os auspícios diligentes do vende-pátrias Pina Moura; desfazer a escandalosa apropriação indevida desse bem público inalienável que é a água por parte dos piratas do Bloco Central da Corrupção (investigue-se o Instituto da Água quanto antes!); e preparar o país para um verdadeiro raid de nacionalizações e renacionalizações dos seus principais recursos estratégicos, ditado por razões de Estado, e não para recompensar especuladores e ladrões de toda espécie, como tem vindo a fazer o actual governo de direita, do PS, a propósito do BCP, BPN e BPP, eis alguns detalhes da coisa pública que o Bloco de Esquerda tem que começar a explicar aos seus eleitores se quiser saltar dos actuais 10% de expectativas para o ambicioso desiderato de rachar ao meio o actual PS, com ou sem Alegre.

Terá, por outro lado, que ser mais claro nas suas intenções e propor desde já medidas precisas sobre, por exemplo, as execuções das hipotecas imobiliárias que parecem estar a disparar e em breve ameaçarão aqueles milhares de portugueses que, como bem descreveu Elisabeth Warren, em Two Income Trap, caírem numa ou mais de três situações críticas: perda de emprego, divórcio (4), ou doença prolongada. A Caixa Geral de Depósitos, governada por piratas do Bloco Central da Corrupção, que vem aliviando escandalosamente as perdas colossais de Joe Berardo e chafurda no lodo do BPN e do BCC, é a mesma instituição que avança sem vergonha —e com a polícia de choque à frente, se for preciso— para a expulsão de famílias inteiras de apartamentos cujas hipotecas foram executadas, recolocando depois os apartamentos recuperados como garantias executadas no mercado da especulação. É uma vergonha vê-los a fazer leilões obscenos por esse país fora!

Para os chineses a palavra crise tem dois significados: por um lado, proclama a existência de um drama, por outro, alerta para a emergência de uma oportunidade!

O fracasso do neoliberalismo que os piratas que tomaram conta do PS abraçaram fatalmente (5), mas de que o colapso económico-financeiro em curso é a moral mais cristalina, deve ser aproveitado para corrigir o actual regime político, ao mesmo tempo que é crucial aproveitar quanto antes a oportunidade de proceder a uma profunda e urgente limpeza do lixo acumulado nos cantos da democracia.

O escândalo Freeport (6) é um escândalo político, pois os muitos casos de polícia que encerra têm origens e desenvolvimentos partidários. Deixar morrer mais um exemplo da corrupção que tolhe e faz apodrecer a democracia portuguesa seria um sinal não só de cobardia cívica, mas acima de tudo de uma enorme estupidez estratégica.

Franciso Louçã lançou um desafio. Não sei ainda se estará à altura da jogada. O tempo está, no entanto, a seu favor. Que pena terem deixado cair a Joana Amaral Dias! Com um pouco de MT ia lá. Seguramente muito melhor que o hirto Fazenda, para as lides que se avizinham.


NOTAS
  1. The Euro at ten: Is its future secure?
    By Simon Tilford, in Centre For European Reform - essays. (PDF)

    The euro is riding high on the foreign exchange markets, and the financial crisis has graphically illustrated that euro membership provides a safe haven. On the face of it, this would seem to be a strange time to question the stability of the currency union. But this essay argues that the euro is about to face its first serious test, and that the stability of the eurozone cannot be taken for granted.

  2. Today's Trope: Britain May Need IMF Bailout

    Asking for an IMF bailout is among the worst things countries can do in terms of damaging national prestige. It's the global political economy equivalent of cadging distant relatives (i.e., "the international community") for money to help tide you over. I've covered several of the most recent approaches to the IMF including Iceland, Ukraine, and Hungary. Now, the leader of the British Conservatives, David Cameron, is leading a charge that the United Kingdom may soon go hat in hand to un grand seducteur Dominique Strauss-Kahn. — in IPEZONE.

  3. Se daqui a dois ou três anos a Iberdrola for nacionalizada pelo Estado espanhol, em que situação fica o controlo português sobre a energia, as albufeiras e os sistemas de irrigação associados às barragens que o actual governo —por cupidez pura e dificuldades de tesouraria— quer entregar a uma empresa tipicamente protegida, e bem, pelos governos espanhóis?

  4. É por isto que Cavaco Silva e a Igreja têm razão na questão da lei do divórcio. O problema não é já ideológico, mas de pura gestão de uma das principais crises estruturais do sistema capitalista. Quando é que a bronca Esquerda ideológica começa a pensar pela sua própria cabeça, e abandona os manuais desactualizados do maniqueísmo pseudo-marxista?

  5. A cantilena pró-socialista de esquerda assumida recentemente por José Sócrates não passa disso mesmo, de mais uma ladaínha do vendedor de cobertores de Vilar de Maçada. Na realidade, o que o actual primeiro ministro e a tríade de Macau estão a montar pela calada é uma verdadeira rede de interesses económicos privados destinada a expropriar o país dos seus principais recursos e infraestruturas! Trata-se de um roubo em larga escala, articulado com vastas manobras internacionais, onde pontuam, vejam só, grandes almirantados da pirataria mundial, como por exemplo, a célebre Carlyle. A mesma que, pelos vistos, há algum tempo atrás espevitou o fogo escandaloso do Freeport! Porque seria?

    Vale a pena ler com atenção, a este propósito, esta esclarecedora passagem de "The Present Crisis of Capitalism, Its Short and Long Term Implications", por William Tabb:
    The Carlyle Group has a team raising a billion dollar fund to focus on U.S. infrastructure, such as rail, airports, water assets, as well as schools and hospitals.

    There are many other such entrepreneurial endeavor. GE and Credit Suisse have a new global fund to invest in power plants, pipelines, airports, railroads and toll roads. GE can contract many parts of the deal to its other divisions which can provide inputs and systems for the infrastructure projects.

    Governments contracting with such providers will know less about the details and costs than the providing consortia.

    Such arrangements have long been pushed on developing countries by the World Bank and other funders. As in the instances of other aspects of neoliberalism first demanded of weaker developing nations which have become part of the policy givens in the United States and some other advanced economies such a new paradigm is coming unless there is a reassertion of the capacities of the public sector here.

    As Jenny Anderson reported in the New York Times not long ago, "Reeling from more exotic investments that imploded during the credit crisis, Kohlberg Kravis Roberts, the Carlyle Group, Goldman Sachs, Morgan Stanley and Credit Suisse are among the investors who have amassed an estimated $250 billion war chest much of it raised in the last two years to finance a tidal wave of infrastructure projects in the United States and overseas."

    Norman Y. Mineta, a former secretary of transportation was hired by Credit Suisse as a senior adviser to such deals. Other former public servants are lining up for such positions as intermediaries between private and public at handsome remuneration.

    Given growing public deficits, like third world countries Let us hope and work to see that America will not give away its roads, bridges and airports in exchange for the promise of better maintenance by the private sector. The taxpayer will get immediate relief and long term dependence on for profit owners.
  6. Rui Gonçalves, secretário de Estado do Ambiente de Sócrates que aprovou o licenciamento do Freeport, é desde Abril de 2008 vogal da Empresa Geral de Fomento e, por inerência, assumiu os cargos de presidente dos conselhos de administração da Valnor, da Rebat, da Resat, da Residouro e ainda de vogal da Valorsul, passando a presidir a partir de Setembro de 2008 à Resistrela (criada para gerir resíduos sólidos urbanos em parte da Beira Interior). Todas estas empresas da área do saneamento básico foram criadas por José Sócrates quando era ministro do Ambiente. De 2002 a 2005 foi professor convidado da Universidade Independente.

REFERÊNCIAS
  • ¿Vuelve Keynes?
    Por Ignacio Sotelo

    7-02-2009 (El País) La actual socialdemocracia está impulsando un falso keynesianismo: el Estado, con el dinero de todos, salva bancos y empresas, pero la propiedad, y con ella la capacidad de decidir, queda en manos privadas.

    ... Al mostrar que la inversión no está ligada al ahorro, sino a las perspectivas de ganancia, Keynes critica el supuesto equilibrio entre producción y consumo que había constatado la economía clásica, en función de la cual el desempleo desciende si bajan los salarios y en general los costos de producción. Keynes recalca que si se bajan los salarios, al encogerse la demanda global, se obtiene el efecto contrario: más paro. Además, una política de achicamiento de los salarios no sólo es poco razonable, es que ni siquiera resulta factible. Bajar los salarios, con los conflictos sociales que comporta, sólo se lograría en un régimen autoritario que hubiera suprimido, entre otras, la libertad sindical.

    ... Keynes no sólo plantea, si fuese preciso, volver al proteccionismo, sino que pone en tela de juicio la prerrogativa exclusiva del empresario de decidir en qué y cuándo invierte su dinero, algo que atañe a la esencia misma del capitalismo. La aporía intrínseca del sistema radica en que no puede mantener el pleno empleo sin garantizar previamente las inversiones de la manera más conveniente para la economía nacional, y no simplemente para el interés del inversor. Y no hay "mano invisible" que haga converger el interés general con el egoísmo individual. Keynes fue claro: "Creo que una socialización bastante completa de las inversiones será el único medio de aproximarse a la ocupación plena".

    ... Nadie invierte para crear puestos de trabajo, por mucho que una monserga constante insista en que la inversión privada es el factor principal para reducir el paro. En vísperas de elecciones, los partidos prometen bajar los impuestos para aumentar los beneficios de las empresas, lo que, dicen, redundará en inversiones que creen puestos de trabajo, como si hubiese una relación directa entre cuantía del capital disponible y monto de las inversiones.

    ... Las dos recetas que ofrece Keynes para garantizar el pleno empleo -proteccionismo y socialización de las inversiones- no encajan en el capitalismo en su forma liberal primigenia, pero mucho menos la primera en la época de la globalización y la segunda cuando se ha hundido el movimiento obrero.

    ... ¿Vuelve Keynes? En la crisis que ha desencadenado la total desregularización, los dueños de los bienes financieros y de producción necesitan dinero público en cantidades ingentes. Amenazan con que, de no recibirlos, podría ocurrir que se derrumbase el sistema. Pero aun en situación tan extrema, de ningún modo están dispuestos a asumir el más elemental de sus principios, a saber, que el que pone el dinero adquiere la propiedad y decide. El Estado, con el dinero de todos, estaría obligado a salvar bancos y empresas, pero la propiedad, y con ella la capacidad de decidir, debe quedar en manos privadas.

    ... La relectura que se hace de Keynes para justificar el enorme endeudamiento público que conlleva las ayudas a bancos y grandes empresas contradice por completo las intenciones de Keynes. Lo más grave es que la socialdemocracia de nuestros días haga suya esta interpretación.

  • The Un-stimulating Stimulus
    By Martin Hutchinson (Prudent Bear)

    February 02, 2009 — Until the House Republican revolt this week, there has been a worldwide consensus that the way to get out of a deep recession is through fiscal "stimulus" – gigantic gobs of public spending that explode the budget deficit but provide jobs to those without them. It’s a theory first publicized by John Maynard Keynes, but it rests on a central fallacy: the "job-providing" expenditures have to be financed somehow, and their financing may crowd out other private-sector projects that would have created more jobs.

    ... Of the roughly $850 billion in expenditures and tax rebates outlined above, only roughly $81 billion in expenditures and $13 billion in tax reductions would have any economic spin-off effect or supply-side effect respectively. That's 11% of the total, much of it being spent in 2011 or later. All the remainder would have a Keynesian multiplier of 1.0 or less, in other words run the risk of being on a net basis damaging to the economy by sucking resources out of other more productive uses.

    Add to the above the financing and inflationary problems produced by a federal budget deficit that was already out of control before this "stimulus" and the waste and corruption inevitable in government programs of this size (such as the infamous "Davis-Bacon" provisions adding 20% to federal construction costs by requiring unionized labor). Add also damaging requirements such as the "Buy America" provisions in relation to steel and manufactured goods, which significantly raise the danger of a trade war that would hugely damage the U.S. and world economy.

    It becomes pretty clear that, far from repeating the successes of the Interstate Highway System, the proposed economic stimulus is likely to have a net depressant effect on the U.S. economy. Misguided large-scale government activities of this kind produced the disaster of the Great Depression in the United States at a time when Britain among other countries was able to achieve economic recovery by pursuing the opposite policy of state retrenchment.

  • From Financial Crisis to Sustainable Global Economy
    By Jonathan Lash on January 29, 2009

    Much of the world’s attention is fixed on the brutal effects of the global financial crisis. But sooner or later—sooner we hope—the global economy will rebound. Markets will recover, and stocks will rise. Nature, on the other hand, does not do bailouts. The effects of today’s greenhouse gas emissions—like those of yesterday and tomorrow—will be permanent, at least in the timescales that we care about.

    ... Economic recovery around the world will be driven by thousands of firms in each country making decisions about what products to make, what technologies to use, and who to hire. It is essential that these decisions incorporate the risks and opportunities presented by a carbon-and-resource constrained world. It is critical that they create jobs in building the products that will help improve lives with reduced impact on the Earth’s resources.

    ... Right now is the best opportunity I have seen in 30 years as an environmentalist to align economic, social and environmental goals. The United States Climate Action Partnership, of which WRI is a founding member, and whose 26 corporate members include General Electric, Duke Energy, DuPont and General Motors, last week renewed and strengthened its call for the U.S. Congress to adopt a mandatory national cap and trade system to reduce current U.S. greenhouse gas emissions by 80 percent by 2050. (Texto integral)

  • The Present Crisis of Capitalism, Its Short and Long Term Implications
    By William Tabb

    A talk given to actists @ the Left Labor Project, January 6, 2009.

    The title for my talk I was given is too ambitious by far but I think the intent is to have a discussion of where we are in economic-political history and that is what I shall offer starting with two ways of looking at the coming year(s) for the economy. The predictions for 2009 come in two persuasions. The economists views generally speaking are summed up by the Financial Times as "Whatever happens, 2009 will not be pleasant" and it will be "a year to forget." The Economist greeted the New Year in its January 3rd issue with an Economic Focus "Diagnosing Depression." enlightening us that since the word seemed to be "popping up more often" it would explain criteria for distinguishing a depression from a recession the latter being a decline in real GDP that exceeds 10% or one that lasts more than three years. Since this one began in December 2007 we are off to a good or perhaps bad start. Previous bad recessions in 1973-75 and 1981-2 each lasted 16 months. No one believes this one will be shorter. Yesterday the Federal Reserve announced their shock at how bad things have gotten in the last month. If history has lessons for us it is that financial crises, even ones as bad as the one we have on for years not months, unemployment rises and output falls by large amounts.


    On the other side are forecasts from people selling stock. They predict recovery to occur at the end of 2009. Some economists agree. However such reassurance comes from many of the same folks who said a nationwide fall in American house prices was impossible and that financial innovation had made the financial system more resilient, so The Economist was not altogether impressed by the optimists. Nor am I for reasons to which I now turn.


    There is cause to think the problems in the financial sector remain grim despite the huge amount they have received from taxpayers and that there are few sources of growth in the private economy. Consumers are strapped and business won't invest until recovery has begun. The model is broken. Default rates are rising for auto loans, credit cards, and other forms of borrowing. Commercial real estate which expanded 40 percent in the three years after 2005 (when housing loan expansion peaked). We have reached the end of the regime of accumulation that started in the late 1970s which featured financialization - growth through massive debt creation and speculation as a defining characteristic - deindustrialization and globalization.


    US-based transnational capital sought both markets and production venues elsewhere and squeezed labor harder. Money was made not only from intensifying exploitation in ways business union leaders were unprepared for since they were still looking for class cooperation when, as the head of the UAW at the time, Douglas Fraser, explained capital was waging a one-sided class war. Foreign competition from Japan and later other Asian exporters was a major factor along with U.S. producers increasingly moving off-shore and introducing more capital saving technology. For the last forty years or so the American workers's income has stagnated, benefits and job security eroded and in the privatization, anti-tax-anti government climate public services deteriorated. Companies have increasingly maximized short term returns, corporate raiders and private buyout firms have restructured much of American industry, working people have borrowed more and personal debt grew dramatically. As Linda Bilmes and Joe Stiglitz have written "In the eight years since George W. Bush took office, nearly every component of the U.S. economy has deteriorated." We know the broad strokes if not the numbers - 5 million increase in the number without health insurance, 4 million manufacturing jobs gone, consumer debt has dubbed and nearly a fifth of homeowners owe more than their home is worth and between 2002 and 2006 the wealthiest 10% of households received 95% of all income gains. The Iraq war built on a lie will end up costing at least three trillion and we don't count the Iraqi people killed, wounded and displaced. This was paid for with borrowed money, mostly from foreigners. One in eight Americans the USDA tells us is "food insecure," that is they don't get enough to eat. Food banks are overwhelmed. In December 608,000 Americans, 74% more than last year are not seeking work because they think no jobs are available. They are not counted as unemployed only "discouraged. I don't have to go on. American consumers cannot borrow any more and are actually paying down debt levels they cannot sustain as best they can. Spending is falling, unemployment will keep rising into the foreseeable future. More bubbles will burst as Americans pay down unaffordable debt and demand for energy and other raw materials and the output of manufactured goods they create continue to decline.


    In the United States in 2008 two million manufacturing jobs were lost. Everywhere now manufacturing activity is falling, even in China and India, in Germany, France, Italy and Spain, in Japan and Hong Kong. While the stock market in the United States last year fell by more than it has since 1931, by 38 percent, with devastating impacts on the retirement prospects of millions of American workers this was considerably less than the losses in the rest of the world where comparable stock indices fell by 46 percent. In Iceland by 90 percent due to the financial excesses caused by deregulation and outrageous expansion of their bank's borrowing in foreign currencies. But losses were also worse than in the U.S. in Japan, France, Italy, Sweden, South Korea, Brazil, China and India among others. It is not only in the United States that the share of gross national product that goes to wages has declined while the share going to capital has increased, this has happened in three quarters of the countries in the world according to the International Labor Organization between 1995 and 2007.


    The systemic challenge may be greater than the current discussion and certainly policy measures reflect. Dependence on unsustainable levels of debt and global capital flows reflect the stagnationist tendencies of the advanced economies and the shift in where production takes place globally, processes of combined and uneven development inherent in capitalism but which now reach crisis proportions. International negotiation and coordination is imperative but difficult. As in the Great Depression each nation's capitalists (and their workers) will be inclined to become more intensely nationalistic. A crucial dimension of the seriousness of the situation is the foreign debt of the United States which has been running huge current account deficit and borrowing from the rest of the world at an unsustainable rate. The global imbalance is difficult to address. The U.S. must consume less. China will have to let its people consume more. The great increase in the US deficit necessary in the current crisis will increase foreign borrowing worsening the imbalance. Other big issues such as resource limits and global warming will have to be faced and will impact, or should impact how and what is produced. These too represent major crises for capitalism and need to be faced.


    The damage caused by the financialization of the last three decades or so is enormous. It is likely without it stagnation would have come sooner. It was the borrowing that kept the economies growing and trade flowing. But the high leverage which allowed investment banks to borrow 97 cents for every three pennies they had in their own capital is over. The NINJA loans (no income no job or assets) for home buyers are no more. Housing will take years to recover and again not only in the United States. The hedge funds and buyout firms face redemptions and many are going belly up along with the banks which lent to them - or these banks would collapse if your tax dollars weren't being showered on them. The subprime loans we have heard so much about some $1.5 trillion worth were packaged and leveraged to roughly $140 trillion in fictitious capital, "a global pyramid of junk" as Nomi Prins writes. The stronger banks are buying up the weaker ones, usually with federal assistance for most of the risk. And still the banks aren't lending, companies can't borrow, and consumer credit is being limited. Where is economic growth going to come from?


    The answer of course is the government. We also wait for a new long term growth paradigm. Financialization was tried, produced speculative bubbles, and collapsed despite efforts by Paulson and Bernanke to put Humpty- Dumpty back together again. It is over as the source of economy-wide growth. The only hope on the horizon are the huge spending projects Obama has proposed. There is no choice for two reasons. If he doesn't there will be another Great Depression and second as Christia Freeland, Financial Times chief correspondent in the U.S. wrote in a remarkable column headed "Friction over greedy bosses lets loose genie of class politics," begins "This week America discovered class warfare;" Americans have woken up to a nightmare. Their way of life, or the life they aspired to, is a dream in a very different sense than the phrase usually has conjured. There has been a lot written, especially before the election of the breakdown of trust in corporate and political leadership. David Gergen who heads the Center for Public Leadership at Harvard University wrote that "Over the last few years the trust between the public and the elites has completely collapsed." Larry Sabato, director of the Center for Politics at the University of Virginia similarly offered the opinion that "The greed and corruption of the corporate class in America is behind this public revolt." This latent but increasingly visible class hatred was a factor in electing America's first Black president.


    The election of Barack Obama and a Democratic congress changes some of this. In the incoming president's stimulus package which gets bigger by the week as the economy sank and the departing Bush hands in pockets looked on there is hope that the crisis will be less disastrous. But while much is to be supported in his proposals they may still be too little and parts of it are misdirected. This is partly because the Republicans cling to pre-Keynesian ideas that government should not spent too much and balance budgets as quickly as possible. They are supported by Blue Dog Democrats keeping federal spending measures too low to end the crisis. If the Republicans follow their House Leader John Boehner's lead and agree with his November 2008 statement that "We're in tough economic times....More Washington spending isn't the answer" they will undercut the recovery agenda. They are aware that if a real new New Deal saves us they will be out of power for decades. They must as a survival tactic for their party subvert economic recovery while seeming to stand up for principled responsible behavior.


    In any case what appears (and is in fact) as a huge increase in federal spending of $760 billion (5.3% of GDP) as proposed by Obama economists is not enough. Unemployment will continue to rise over the next two years even with this stimulus and federal debt will row substantially requiring huge increases in foreign borrowing. Because American manufacturing has been decimated over recent decades much of the tax cut will be spent on imports increasing the current account balance of payment deficit. Global imbalances as I shall say more about will become central to solving what is a worldwide crisis.


    Polls show two-thirds of Americans support new spending to stimulate the economy but 56% worry government will spend too much. Republicans use this as a bargaining chip with Obama to push his program toward tax cuts which benefit the affluent and especially business tax cuts which it is claimed will stimulate investment. But new orders for manufacturing are at their lowest level since the end of WW II. With no growth and expectations of continued falling sales there will be little new investment this way. The money spent on public needs does produce jobs and increases spending. Mitch McConnell the Republican leader in the Senate wants aid to cities and states to be loans not grants, a way to keep the amount down when the need to maintain their spending should be obvious. Retailers are practically giving stuff away to cut their inventories after the worst holiday season in memory and the conservatives cling to their "government is the problem" mantra of low spending and lower taxes. While liberals worked to use government to save capitalism yet again the left perhaps grateful that Bush is gone and reformers are back in. But unless there is working class pressure the center will cave to the right on important matters pertaining to the priorities of ordinary citizens.


    If there is concern with too large deficits they could pay for the spending with serious tax reform, returning the share the rich pay to what it was before Ronald Reagan for example. Such taxes collected from the upper one percent could go a long way to simulating growth since the rich do not spend it but the money recycled to cutting payroll taxes for example would be spent by workers and give an incentive for employers since it would lower their labor costs (Kuttner, 2009:14). Republicans would see this as class warfare of course but the argument could be made it is a pragmatic policy for increasing spending without increasing the deficit. Of course it could be argued that some serious class struggle is exactly what is needed in the face of the catastrophe the greed of capital has produced.


    The Obama strategy proposals do suggest a new, if still conceived of a as temporary regime of accumulation in government-led industrial policy and public investment. It is too early to tell how radical the intervention will be but as I say there are political constraints that would have to be overcome and Obama's preference for bipartisan cooperation are not encouraging. He has already agreed to tax cuts which make no sense as a priority use of $300 billion to get conservative support. Compared to Paulson who moved to save the banks without "punishing" them, that is the stockholders and top executives or forcing them to start lending again and offered little else (the dud banks should have been shut down or nationalized for real) the Obama activism is admirable. It also reflects a new way, or rather a return to an older way of thinking about government functions. It is New Deal employment creation with the rationale of investing for the future rather than income redistribution. Certainly there is need for school building repair, infrastructure spending and broadband expansion. Energy efficiency in federal buildings (the government is the largest real estate owner in the country) would save money for tax payers and energy of course and could be a model for similar efforts by others. The letting public facilities decay is scandalous of course and rehabilitating the public purpose is an important change in direction. They are necessary. So are assistance to local and state governments and help to people without health care, those losing their income and their homes. The logic is smart government to meet obvious need as well as stimulate growth. It will not be enough but it is a start.


    There is much to be undone and repaired. Consider health care. Peter Orszag, Obama's head of the White House Office of Management and Budget is calling for comprehensive health reform as the "key to our fiscal future." That is, he is not saying it is an expensive program but people need it. He is saying health care reform is necessary to save money, not by spending less but by spending more and changing health care delivery so that it does not consume the future federal budget. He wants to prevent higher spending unrelated to better outcomes, digitizing health records to save tens millions of dollars in the future, and bringing real efficiencies rather than cutting needed health care services. We shall have to see what happens but it is a better approach than slashing Welfare State services. But again this is a time when more could be done to push the balance of class forces between capital and labor and to expose what the logic of capital costs us.


    It is unlikely there will be more radical steps to challenge the causes of ill health. The government will still subsidize high fructose corn syrup and hydrogenated oil so that bigger bottles of Coke can continue to be sold cheaply along with potato chips, creating obesity and the diabetes epidemic. The Department of Agriculture will sponsor unhealthy lunch programs. Industrial hog farms will be subsidized to pollute the surrounding area without proper regulation of waste disposal, the energy and toxic chemical intensive industrial farming will go unchallenged, and the rest. The ecological crisis cannot be put on hold waiting for recovery. The cancer causing pollutants industry creates will not be controlled unless there are popular movements which offer a broad critique of the degradations of capitalism and specific analyses sector by sector of the harm it does. There must be a socio-environmental alternative to the current growth paradigm and yes to militarism hurts in so many ways one of which is it misdirects attention from human needs here and abroad.


    If we are not vigilant the infrastructure will be built in public-private partnerships giving control to private investors as has been happening and contracts given out Halliburton-style. How infrastructure projects are done matters. There is no reason the federal government following the privatization of so many functions once done by government employees but now outsourced to the likes of Halliburton to rebuild our infrastructure on such a model. Indeed it has a name, "the Infrastructure Privatization paradigm." It is seen as a win-win for cash strapped governments, the banks and other private investors looking for a new long term inflation linked (raise tolls and user fees when costs go up to keep income high) asset class. Infrastructure offers a combination of hard assets and visible long-term earning streams. The Carlyle Group has a team raising a billion dollar fund to focus on U.S. infrastructure, such as rail, airports, water assets, as well as schools and hospitals. There are many other such entrepreneurial endeavor. GE and Credit Suisse have a new global fund to invest in power plants, pipelines, airports, railroads and toll roads. GE can contract many parts of the deal to its other divisions which can provide inputs and systems for the infrastructure projects. Governments contracting with such providers will know less about the details and costs than the providing consortia. Such arrangements have long been pushed on developing countries by the World Bank and other funders. As in the instances of other aspects of neoliberalism first demanded of weaker developing nations which have become part of the policy givens in the United States and some other advanced economies such a new paradigm is coming unless there is a reassertion of the capacities of the public sector here. As Jenny Anderson reported in the New York Times not long ago, "Reeling from more exotic investments that imploded during the credit crisis, Kohlberg Kravis Roberts, the Carlyle Group, Goldman Sachs, Morgan Stanley and Credit Suisse are among the investors who have amassed an estimated $250 billion war chest much of it raised in the last two years to finance a tidal wave of infrastructure projects in the United States and overseas." Norman Y. Mineta, a former secretary of transportation was hired by Credit Suisse as a senior adviser to such deals. Other former public servants are lining up for such positions as intermediaries between private and public at handsome remuneration. Given growing public deficits, like third world countries Let us hope and work to see that America will not give away its roads, bridges and airports in exchange for the promise of better maintenance by the private sector. The taxpayer will get immediate relief and long term dependence on for profit owners. There will be pressure on the Obama administration to not "undermine the free market with too much government control."


    Financialization as an accumulation strategy has failed and brought on what began as the subprime crisis and then a financial crisis and is now a general global economic crisis of massive proportions. Neoliberalism has failed as a way to control the developing world and the US and the other countries of the core now face increasingly powerful countries of the global south who will not accept the IMF and WTO rules applied to their disadvantage. But these people are not simply going away. The money changers will ave to be driven from the temple. It is not clear at all that this is Obama's intention. His economic team is composed of the people who led the deregulation which created the financial crisis. Obama may be the vanguard of a new global Keynesianism and global social democracy in an effort to relegitimate a now widely discredited capitalism. Certainly multilateralism is better than Bush unilateralism and talking to enemies better than threats and violence as the responses of choice, environmental sustainability surely a better goal than refusing to sign up for even modest efforts like the Kyoto Treaty.


    Up to now Blairism and other Third Way social democratic accommodations to corporate globalization have been as discredited as the harsher versions of neoliberalism. The Europeans social democrats while criticizing US-style capitalism have moved to incorporate its logic so that their capitalists will not be left behind. The current crisis has to some degree ironically raised their stock as they reverse course and strengthen the state as an economic actor, picking up the rhetoric of progressive government involvement and it is surely the case that government will have to get capitalism out of the crisis it has created for itself and us. The question is what pressure will there be from labor and the left for more basic change if the recovery does not come in the next year or eighteen months and I do not think it will. Can Obama be pushed like FDR was? What are the demands? What are the organized vehicles for pressure? The left has been down so long it is not clear we know the answers to these questions but if the crisis is deep and long as in the 1930s movements will develop and demands will be articulated. We need to speed up the process. Obama will have a honeymoon period but if things do not get better soon more forceful socialization needs to be demanded. People before profits will confront capital's demand that growth can only come by giving them more first. It is this logic which will have to be challenged by the sort of progressive political movement of the kind that pushed Roosevelt in the 1930s.

    William K. Tabb is Professor Emeritus, Queens College, City University of New York. He is the author of The Amoral Elephant: Globalization and the Struggle for Social Justice in the Twenty-First Century (Monthly Review Press, 2001) among other publications.

    in lists.portside.org

OAM 533 08-02-2009 00:48 (última actualização: 09-02-2009 00:58)