quinta-feira, março 06, 2025

Democratizar a Rússia, a bem, ou a mal

A scared mouse is a potential threat
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Me+DALL.E


Não são factos (ver transcrição abaixo), é uma cartilha da propaganda russa, que contém algo de verdade, para a mentira ser convincente.


Trump tenta impingir de forma sibilina, no meio das suas diatribes e decisões terroristas, esta cartilha russa ao mundo, mas o que os americanos querem é entrar pela Ucrânia dentro, agora que a Rússia está virtualmente ferida de morte.

Continuar a destruir as refinarias, depósitos de combustível, munições, bases aéreas, equipamento militar e desgraçados recrutados à força para morrerem descalços ou de canadianas na linha de contato, seria encurralar perigosamente a corja de Moscovo. Putin contou numa entrevista ‘autobiográfica’ uma famosa anedota sobre o rato encurralado. O rato, neste caso, é ele.

O objetivo americano foi, nas palavras claras do anterior Secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin III, enfraquecer a Rússia ao ponto de deixar de servir Pequim no horizonte de 2030. Este objetivo foi atingido durante a presidência de Biden, graças a uma integração perfeita entre os comandos militares ucranianos e o apoio norte-americano, quer em equipamento militar e munições, quer no sistema de informações altamente sofisticado que permitiu aos ucranianos e ao Pentágono ter uma visão em tempo real do teatro de guerra, e um sofisticado controlo e comando das operações militares (apoiado pelo Starlink de Elon Musk e empresas de Inteligência Artificial, como a Palantir Technologies). O apoio europeu foi importante, mas teve uma função auxiliar. O objetivo estratégico de reduzir a Rússia à sua importância demográfica, económica e militar real, foi traçado pelos Estados Unidos a seguir ao colapso da União Soviética. Estas coisas não se improvisam. Por outro lado, a Rússia, ao negar-se a retirar as consequências do colapso do império soviético cometeu um erro de cálculo fatal. Dirão alguns que Moscovo quis ligar-se organicamente à Europa democrática, e que este desiderato foi sabotado pelos Estados Unidos, com o apoio de uma subserviente Europa. É uma teoria por demonstrar...

É preciso não esquecer que alguns analistas militares atentos afirmam que a tomada da Formosa por Pequim está desenhada para 2027-28 e conta com o apoio da Rússia, no domínio da diplomacia, da contra-informação, da ciber-guerra e da guerra assimétrica em geral.

A prioridade americana tem sido, pois, anular esta aliança, destruindo a economia e a capacidade militar russas antes, precisamente, de 2027. Estamos em 2025, e este objetivo foi objetivamente alcançado. Que a Ucrânia fique temporariamente sem 20% do seu território, mas com a capacidade (juntamente com a Turquia e os países Balticos) de controlar o acesso russo aos mares Negro e Báltico (as únicas passagens com que a Rússia conta para aceder aos grandes mares) é um dano colateral perfeitamente aceitável e, a prazo, reversível.

Os europeus já perceberam a manobra americana, protagonizada por Trump, e estão, de facto, a preparar-se para disputar uma presença forte na Ucrânia e na Rússia do pós-guerra e, à cautela, fazer da Europa numa fortaleza económica, financeira, tecnológica e militar. Será seguramente uma corrida de doidos contra o tempo. Teremos, pois, austeridade social e economia de guerra. Até ver...



PROPAGANDA RUSSA (By Ricardo Gomes)
Que um fact-check poderá facilmente desmontar

🔥 𝗔 𝗚𝗨𝗘𝗥𝗥𝗔 𝗡𝗔 𝗨𝗖𝗥𝗔̂𝗡𝗜𝗔: 𝗙𝗔𝗖𝗧𝗢𝗦 𝗘 𝗙𝗢𝗡𝗧𝗘𝗦 𝗣𝗔𝗥𝗔 𝗢𝗦 𝗡𝗘𝗚𝗔𝗖𝗜𝗢𝗡𝗜𝗦𝗧𝗔𝗦 🔥
📢 Cansado de ouvir sempre a mesma narrativa distorcida sobre a guerra? Aqui estão os factos que a mídia esconde – com fontes verificáveis. 📖👇
1️⃣ A GUERRA NÃO COMEÇOU EM 2022 – MAS EM 2014
⚠️ Fato: A guerra na Ucrânia não começou com a invasão russa, mas sim em 2014, após um golpe de Estado apoiado pelos EUA.
🔹 O presidente eleito Viktor Yanukovych foi derrubado depois de recusar um acordo com a UE.
🔹 A famosa chamada de Victoria Nuland ("F* the EU")** revela que os EUA já tinham escolhido o novo governo ANTES de Yanukovych cair.
🔹 O novo governo baniu a língua russa em algumas regiões, causando revolta no Donbass.
📌 Fontes: Wikileaks, The Guardian, Reuters, NSA recordings.
2️⃣ OS 14.000 MORTOS QUE O OCIDENTE IGNOROU
⚠️ Fato: Entre 2014 e 2021, mais de 14.000 pessoas morreram no Donbass devido a bombardeamentos ucranianos.
🔹 A OSCE documentou ataques a escolas, hospitais e bairros civis feitos pelo exército ucraniano.
🔹 Onde estava a ‘indignação mundial’ quando isso acontecia?
📌 Fontes: Relatórios da OSCE (2014-2021), ONU, Amnistia Internacional.
3️⃣ A NATO PROMETEU NÃO SE EXPANDIR – E MENTIU
⚠️ Fato: Os EUA garantiram a Gorbachev que a NATO nunca avançaria para o Leste.
🔹 Desde 1991, a NATO expandiu-se 15 vezes, colocando bases na fronteira russa.
🔹 Em 2008, a NATO declarou que a Ucrânia e a Geórgia poderiam aderir à aliança, ignorando os avisos da Rússia.
📌 Fontes: Arquivos desclassificados da NSA, declarações de George Kennan e Henry Kissinger.
4️⃣ O ACORDO DE PAZ DE 2022 QUE O OCIDENTE SABOTOU
⚠️ Fato: A guerra poderia ter terminado em março de 2022, mas foi sabotada pelos EUA e Reino Unido.
🔹 Ucrânia e Rússia negociaram a paz em Istambul – Ucrânia aceitaria neutralidade e a Rússia retiraria tropas.
🔹 Mas Boris Johnson foi a Kiev e ordenou que Zelensky rejeitasse o acordo.
🔹 Resultado? Milhares de vidas ucranianas sacrificadas para satisfazer os interesses do Ocidente.
📌 Fontes: Financial Times, Washington Post, declarações de negociadores ucranianos.
5️⃣ ZELENSKY: HERÓI OU DITADOR?
⚠️ Fato: Zelensky não é o ‘líder democrático’ que te venderam.
🔹 Baniu 11 partidos de oposição, incluindo o maior partido pró-paz.
🔹 Fechou canais de TV independentes, transformando a mídia num órgão de propaganda.
🔹 Adiou eleições indefinidamente – sem previsão de devolver o poder ao povo.
📌 Fontes: Human Rights Watch, Parlamento Europeu, Transparency International.
6️⃣ QUEM LUCRA COM A GUERRA?
⚠️ Fato: Os EUA e a NATO estão a enriquecer, enquanto a Ucrânia é destruída.
🔹 A indústria militar americana está a bater recordes de lucros.
🔹 Os EUA vendem gás à Europa a preços absurdos, explorando a crise.
🔹 As terras agrícolas da Ucrânia estão a ser compradas por corporações ocidentais.
📌 Fontes: Financial Times, The Economist, Comissão Europeia.
7️⃣ PUTIN QUER INVADIR A EUROPA? MITO TOTAL!
⚠️ Fato: Se a Rússia mal consegue lidar com a Ucrânia, como vai invadir a Europa inteira?
🔹 A NATO tem um orçamento militar 12 VEZES maior do que a Rússia.
🔹 Putin NUNCA ameaçou invadir países da NATO – essa narrativa foi criada para justificar mais gastos militares.
📌 Fontes: RAND Corporation, Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS).
🔥 CONCLUSÃO: O QUE REALMENTE ACONTECEU? 🔥
✔️ A NATO e os EUA provocaram a guerra com a sua expansão agressiva.
✔️ A Ucrânia foi usada como um peão para enfraquecer a Rússia.
✔️ A paz foi rejeitada pelo Ocidente, porque a guerra serve os interesses americanos.
✔️ Os EUA e a NATO lucram com a destruição da Ucrânia, enquanto os ucranianos pagam o preço.
⚠️ Se depois disto ainda negas estes factos, então não és um analista sério – és apenas mais um papagaio da propaganda ocidental.
🔎 INVESTIGA! NÃO ENGULAS NARRATIVAS PRONTAS!
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🔥 Não deixes que a mídia te engane. A história está a ser escrita agora – e a verdade já começa a vir à tona. 🔥

segunda-feira, março 03, 2025

Mackinder ou Monroe? O dilema americano


Presidente dos Estados Unidos, James Monroe
(1758-1831)

 

"We the People of the United States, in order to form a more perfect Union, establish Justice, insure domestic Tranquility, provide for the common defence, promote the general Welfare, and secure the Blessings of Liberty to ourselves and our Posterity, do ordain and establish this Constitution for the United States of America." — in Preâmbulo da Constituição dos Estados Unidos.


Podem os Estados Unidos perder a sua atual hegemonia?

Para perceber o original comportamento dos Estados Unidos, tradicionalmente anti-colonial, messiânico, libertário, liberal, democrático, patriótico e populista, imune às modas alternativas e aos presidentes heterodoxos (incluindo Trump) é preciso considerar a importância das seguintes três referências na formação da doutrina estratégica norte-americana:

I — Doutrina Monroe (1823), James Monroe (1758-1831), Presidente dos Estados Unidos

Essencialmente uma teoria anti-colonial que barrou para sempre quaisquer veleidades de interferências pós-coloniais europeias no destino das Américas (sic).

Curiosamente, esta Doutrina serve agora para travar os ventos coloniais que sopram da China comunista, ainda que sob modalidades mais sofisticadas, de índole comercial, financeira e cultural.


Alfred Thayer Mahan (1840 – 1914)


II — Alfred Thayer Mahan (1840 – 1914)/ The Influence of Sea Power upon History, 1660–1783 (1890); The Influence of Sea Power upon the French Revolution and Empire, 1793–1812 (1892).

Os Estados Unidos substituíram a Inglaterra, ou melhor dizendo, o Império Britânico, tornando-se, depois da sua participação tardia nas duas guerras mundiais, no império mundial dominante, sobre os escombros de uma Europa destroçada. Tal como os anteriores impérios português e espanhol, também a Inglaterra e os Estados Unidos tiveram nos mares os seus principais veículos de domínio.

Este domínio americano dos mares persiste, mas poderá ser ameaçado em breve pela emergência imperial da China.

Halford Mackinder (1861-1947)


III — Halford Mackinder (1861-1947)/ "The Geographical Pivot of History" (1904)

As independências sucessivas americanas do domínio colonial europeu foram um movimento histórico sem retrocesso, nomeadamente em obediência à Doutrina Monroe imposta pela nova potência mundial hegemónica (1). 

No entanto, a ameaça soviética depois da vitória aliada contra a Alemanha nazi, ocupando uma parte do país vencido (Alemanha Oriental), e depois sucessivamente, a Estónia, Geórgia, Cazaquistão, Lituânia, Letónia, Moldávia, Ucrânia, Polónia, Checoslováquia, Hungria, Bulgária e Romênia, criou uma inesperada ameaça à Doutrina Monroe. 

Se um dia Moscovo chegasse até Londres e Lisboa, ou tal cenário ganhasse alguma verosimilhança, os Estados Unidos teriam que se preocupar seriamente com as três principais ameaças à sua originalidade e pujança mundial:

1) uma ameaça inesperada ao continente americano, às Américas (desafiando a Doutrina Monroe);

 2) uma ameaça ao domínio americano do Atlântico, cuja resposta antecipada, depois da vitória aliada contra Hitler, foi a formação da NATO;

3) a ameaça de a China vir a desafiar a supremacia americana, não apenas nos mares (Pacífico, Atlântico e ìndico), mas também através de uma eventual conquista do coração da 'ilha-mundo' (a Afro-Eurásia) imaginada por Mackinder. Este órgão vital da World-Island coincide com a vasta extensão do antigo Império Russo, do Rio Volga ao Rio Yangtzé, do Ártico aos Himalaias. Quem controlar o "Heartland", controla a Ilha-Mundo...

Who rules East Europe commands the Heartland;

who rules the Heartland commands the World-Island;

who rules the World-Island commands the world.

— Mackinder, Democratic Ideals and Reality, p. 150 (1919)

E no entanto, apesar de o império russo andar por cá há já trezentos anos, nunca procurou expandir-se,  seja em direção à Europa ocidental, seja em direção ao Oriente, seja em direção ao Sul. As guerras com a China, o Japão e a Turquia disseram sobretudo respeito à necessidade de estabelecer o seu acesso aos mares. Repeliu Napoleão e Hitler. Impôs uma barreira de estados na sua fronteira ocidental. Mas não ameaçou expandir-se em direção a Lisboa, nem em direção a Pequim e Tóquio. O acesso ao Mediterrâneo foi sempre considerado uma questão de vida e de morte, pois os acessos ao Mar do Norte e ao Atlântico estão condicionados pelo gelo, e Vladivostoque, parte da denominada Província Marítima surripiada à China depois da derrota desta nas chamadas Guerras do Ópio (1839-1842 e 1856-1860) entre ingleses e chineses, é uma aquisição muito recente que a China poderá em breve reclamar à Rússia, por ter sido obtida através do 'Tratado Desigual' de Aigun em 1858.

Diante destes factos, e tendo presente o que foi a chamada Guerra Fria, podemos aceitar a tese de que a Rússia, depenada do seu império soviético desde 1991, tem sobre si suspensa não a Espada de Dâmocles mas a de Mackinder. Os americanos temem uma aliança entre a Federação Russa e a União Europeia, pois uma tal situação daria à Europa (dos Açores até aos Urais) o controlo da Ilha-Mundo, deixando rapidamente para trás a hegemonia dos Estados Unidos, quer no plano geoestratégico, quer nos planos económico, científico, cultural e militar. Porém, empurrando a Rússia em desespero para os braços da ascendente China, fará desta e da sua Rota da Seda 2.0 o novo centro do mundo. Sem precisar sequer de hostilizar a Europa. Pelo contrário! Toda a Eurásia, com vetores económicos, financeiros e militares de peso na Europa Ocidental, na Europa de Leste e na Ásia tenderia a desenhar um status quo semelhante ao Excecionalismo Americano: quem se meter com a Eurásia, leva! Não nos esqueçamos que num cenário destes a África seria uma aliada orgânica da Eurásia (Mackinter).

Tudo visto e considerado, dir-se-ia que a saída dos Estados Unidos da NATO seria o menor dos males para Europa, sobretudo se os americanos entrarem, como parece, numa deriva messiânica neo-fascista.

Washington quer abandonar a Europa? A sério?! Pois que abandone!

O problema é que Steve Bannon e Elon Musk não querem apenas abandonar a Europa, mas destruí-la. Fazendo da Ucrânia uma espécie de nova Israel? Há que estudar e seguir este assunto de perto!

A Rússia não tem qualquer hipótese (nem vontade) de conquistar a Europa ocidental. E também já perdeu a guerra de invasão da Ucrânia. Se decidir retirar-se sem condições amanhã mesmo da Ucrânia, de todos os territórios que invadiu e ocupou, ou onde está em guerra, a paz seria imediata, mas não só. Se existe um plano para, uma vez mais, raptar a Europa, seja por parte dos Estados Unidos, seja por parte da China, ambos os planos cairiam imediatamente por terra. Numa primeira fase (2027) a Ucrânia aderiria à UE. Numa segunda fase o Brexit seria revertido (2030). E numa terceira, a Federação Russa faria um Tratado de Paz, Comércio e Amizade com União Europeia (2040), prelúdio de ligações mais fortes no futuro.... Antes de atingirmos a metade deste século o mundo poderia, finalmente, atingir um novo patamar de prosperidade e equilíbrio geral.


Post scriptum

Trump: "We have all the cards..." Vamos lá então (digo eu) provar o Putin!

Os Estados Unidos lançaram um ultimato à Ucrânia e aos não-estadounidenses da NATO. Dizem que a suspensão da ajuda militar aos ucranianos, boa parte da qual são dólares para os ucranianos alimentarem a indústria militar americana, é temporário. Não é. Veremos como reage o complexo militar-industrial yankee...

Trump está no bolso de Putin. Putin, perante esta surpreendente capitulação face ao eixo Moscovo-Pequim, nem precisa de falar. Basta-lhe esperar, e entretanto continuar a enviar ondas de desgraçados para morrerem na frente de batalha.

A América neofascista (é assim o populismo quando perde as estribeiras) quer, afinal, a destruir a Europa, não a Rússia, em nome da falta de neurónios e do fanatismo que hoje domina a Casa branca.

A resposta que as baratas tontas europeias derem a este ultimato, que também é dirigido à Europa ditará boa parte do nosso futuro nas próximas décadas. Só há uma resposta decente e inteligente a dar a Donald Trump: a Rússia de Putin deixou de ter pretexto para manter a invasão, a ocupação e a guerra na Ucrânia, pois o ogre do Kremlin sempre disse que o conflito era com os Estados Unidos, desconsiderando sempre a Ucrânia e a Europa como atores menores do conflito. Putin chegou mesmo a afirmar que pararia a dita Operação Militar Especial no momento em que os Estados Unidos deixassem de apoiar militarmente os ucranianos. Ora bem, está na hora de fazer a prova do pudim! Creio que duas semanas chegarão de sobra para saber se o Putin, perdão, o pudim, presta ou não presta.

Já agora, se os neofascistas da Casa Branca quisessem mesmo a paz na Ucrânia e na Europa, em vez de anunciar o ultimato à Ucrânia (e à Europa), deveriam ter anunciado a retirada das suas armas nucleares, os mísseis e os 100 mil militares estacionadas na Europa, pois foi a aproximação dos Estados Unidos das fronteiras russas o que provocou a ação de Putin, como consta preto no branco do aviso por este feito em Munique, em 2007.


1. Link

https://pt.wikipedia.org/wiki/Cronologia_da_descoloniza%C3%A7%C3%A3o_da_Am%C3%A9rica

sábado, fevereiro 22, 2025

Presidenciais 2026

A verdade eleitoral é esta (parece-me): não há candidatos convincentes no Bloco Central capazes de vencer  a próxima eleição presidencial. 

À esquerda do centro temos uma esquerda doutrinária, sectária, populista e vigarista incapaz de ter um candidato único. À direita, muito à direita do centro, temos um Chega que será muito uma das muitas vítimas colaterais do Elon_Trump. Ou seja, a malta votará num personagem que lhes caia bem e com serviço prestado, sem grandes buracos, vigarices e escândalos na biografia, e mais ou menos equidistante dos partidos que convergem ao centro: socialistas, social-democratas e cristão-democratas.

Ninguém espera do ex-Almirante Gouveia e Melo um salvador. Espera apenas ter um próximo presidente que não seja a anedota do país.

terça-feira, fevereiro 18, 2025

Democracy Maps


My future global human society model is Democracy Maps (1). It is a new hybrid reality built by social humans assisted by AI.

Given the United States' authoritarian drift, Europe must think quickly about developing its autonomy in cyberspace. The USA will have its own Internet, China already has its own, and Europe must create a proprietary one with original algorithms, namely developing European-based social networks and a European AI (EAI), with its ethics and culture different, as we know, from the American and Chinese ones.

As the joke goes, if China cuts off water to Macau, Macau must cut off water to China.


NOTE
1. A previous post on this: lab-D, Democracy Maps, August 2013

segunda-feira, fevereiro 17, 2025

Eu gosto de pescado fresco

Eu gosto de peixe fresco, tal como a maioria dos portugueses que nasceram antes da generalização das pizzas e dos hambúrgueres. Mas há cada vez menos peixe pescado, porque há menos peixe no mar, e porque a indústria de captura foi alienada a outros operadores europeus mais fortes e ágeis. Resultado: os preços do peixe na praça subiram vertiginosamente (em Bruxelas, onde vivo uma parte do ano, são ainda mais caros, mas aqui compreende-se), com a possível exceção do carapau e da sardinha, cujos preços subiram de forma menos empinada. A alternativa passa, cada vez mais, pelo peixe de aviário (aquacultura) e pelos congelados.

Já agora, para os populistas do Chega, não fosse a imigração, já não teríamos embarcações portuguesas no mar. Portugal deixou de poder garantir que, no mínimo, segundo a lei, 60% dos homens que trabalham na pesca são portugueses. Por sua vez, a idade média destes ultrapassa os 50 anos. A substituir progressivamente esta população declinante (os filhos dos pescadores portugueses há muito que emigraram) estão os indonésios, os vietnamitas, etc. Graças a estes imigrantes, que aprendem dos portugueses a conhecer o nosso mar, ainda há pesca portuguesa. Saibamos reconhecer os factos!

domingo, fevereiro 16, 2025

Adeus TAP!

Lockheed L-1049 Super Constellation da TAP,
Aeroporto de Lourenço Marques (Maputo), 1962

Lá se vai o NAL e o mercado intercontinental da TAP!


O que previmos há três ou quatro anos atrás será, em breve, realidade: ligações aéreas ponto-a-ponto, Low Cost, dos continentes americano e africano para Portugal. Adeus hub da TAP em Lisboa (ou mesmo em Madrid...). Adeus NAL em Alcochete, Canha, Vendas Novas, ou seja lá onde for, antes de 2050.

Pergunta: está a TAP preparada para este novo embate, depois da destruição do seu mercado europeu? Claro que não! 

Valor comercial da TAP para privatização: menos de mil milhões de euros. Mesmo dada, não sei se haverá interessados. Só se os governantes indígenas pagarem previamente todas as dívidas conhecidas e desconhecidas...

CNN—A nova aeronave comercial A321XLR pode voar mais longe do que qualquer outro avião de corredor único no mercado e está recebendo centenas de encomendas

Casa Branca, o vórtice da implosão americana?

Donald Trump.
Retrato oficial do presidente dos Estados Unidos
Foto: Daniel Torok


O movimento populista nacionalista MAGA, congeminado por Steve Bannon (o seu principal teórico e propagandista), que acolheu e elegeu Donald Trump para seu testa de ferro, nesta sua segunda interação presidencial, transformou a Casa Branca numa casa de gatos. Nos seus corredores e alas, através do sempre-em-pé Trump, degladiam-se ferozmente Steve Bannon (que lidera as tropas populistas mais reacionárias da América) e Elon Musk, o megalómano autista que ascendeu ao título de homem mais rico do mundo. Este é um embate de gigantes. Prova-o o patuá de Trump, que diz tudo e o seu contrário a cada 48 horas. Espreitando e explorando as oportunidades, J. D. Vance, Mark Rubio, Pete Hegseth, Keith Kellogg, etc. tentam segurar um regime à beira do colapso. Isto é muito mais preocupante do que a destroçada Rússia de Putin.


BREAKING NEWS: Elon Musk’s former close friend Dr. Philip Low unleashes an absolutely brutal takedown of the MAGA billionaire by airing dirty laundry about his psychology — and a bizarre incident with his naked wife.

(...)


Philip Low (on Facebook):

“I have known Elon Musk at a deep level for 14 years, well before he was a household name. We used to text frequently. He would come to my birthday party and invite me to his parties. He would tell me everything about his women problems,” Lowe wrote on Facebook.

“As sons of highly accomplished men who married venuses, were violent and lost their fortunes, and who were bullied in high school, we had a number of things in common most people cannot relate to. We would hang out together late in Los Angeles. He would visit my San Diego lab. He invested in my company.”

“Elon is not a Nazi, per se.”

“He is something much better, or much worse, depending on how you look at it.”

“Nazis believed that an entire race was above everyone else.”

“Elon believes he is above everyone else. He used to think he worked on the most important problems. When I met him, he did not presume to be a technical person — he would be the first to say that he lacked the expertise to understand certain data. That happened later. Now, he acts as if he has all the solutions.”

“All his talk about getting to Mars to ‘maintain the light of consciousness’ or about ‘free speech absolutism’ is actually BS Elon knowingly feeds people to manipulate them. Everything Elon does is about acquiring and consolidating power. That is why he likes far right parties, because they are easier to control.” 

“That is also why he gave himself $56 Billion which could have gone to the people actually doing the work and innovations he is taking credit for at Tesla (the reason he does not do patents is because he would not be listed as an inventor as putting a fake inventor on a patent would kill it and moreover it would reveal the superstars behind the work).”

“His lust for power is also why he did xAI and Neuralink, to attempt to compete with OpenAI and NeuroVigil, respectively, despite being affiliated with them,” wrote Lowe, who is himself the Chairman, Founder, and CEO of NeuroVigil.”

“Unlike Tesla and Twitter, he was unable to conquer those companies and tried to create rivals. He announced Neuralink just after I invited his ex-wife, which she and I notified him about, to a fundraising dinner for Hebrew University in London (The fact that she tried to kiss me — I immediately pushed her away — while taking a photo at that event, even if playfully, clearly may have added to the alienation and possible emasculation he may have felt when she spoke to me in a pool at a party when they were together and she was naked. To not be disrespectful to her or to him, I stayed but looked at the sky whilst talking to her).”

“I fired him with cause in December 2021 when he tried to undermine NV. It is ironic that years later, he clearly tried to undermine Twitter before buying it, and in my view, blowing it up and using it to manipulate the masses to lean to the far right in country after country, including the USA.”

Lowe went on to outline some of the specific details about the infighting that stemmed from Musk leaving NeuroVigil — including that Musk leaked false reports to the media that he had invested more in the company than he really did. The two tussled over Musk’s right to transfer stock from the company.

Soon after, Lowe sent him an email saying the two should “cut ties here” and threatened to “shove my boots so deep up your derrière, legally, that your pissing contest with Bezos will seem like it was from another life, one you want to get back to.”

“Good luck with your implants, all of them, and with building Pottersville on Mars. Seriously, don’t fuck with me,” Lowe added.

He then turned his attention to Elon’s recent Nazi salutes, stating that he did them for five main reasons:

“1. He was concerned that the “Nazi wing” of the MAGA movement, under the influence of Steve Bannon, would drive him away from Trump, somewhere in the Eisenhower Executive Office Building, rather than in the West Wing which is where he wants to be. He was already feeling raw over the fact that Trump did not follow his recommendation for Treasury Secretary and that the Senate also did not pick his first choice.”

“2. He was upset that he had had to go to Israel and Auschwitz to make up for agreeing with a Nazi sympathizer online and wanted to reclaim his ‘power’ just like when he told advertisers to ‘go fuck yourself’. This has nothing to do with Asperger’s.”

“3. There are some Jews he actually hates: Sam Altman is amongst them.” (Altman is the CEO of OpenAI and a frequent target of Musk’s ire).

“4. He enjoys a good thrill and knew exactly what he was doing.”

“5. His narcissistic self was hoping the audience would reflect his abject gesture back to him, thereby showing complete control and dominion over it, and increasing his leverage over Trump. That did not happen.”

“Bottom line: Elon is not a Nazi but he did give two Nazi Salutes, which is completely unacceptable,” wrote Lowe.

“At some point, it matters to few people if one is a Nazi or if one acts like one. My father was a Holocaust Survivor. 32 out of 35 of his family members were murdered by Nazis. My mother’s grandparents were murdered in Auschwitz,” he added.

Lowe wasn’t done there, and asserted that he himself is an “actual scientist and inventor” while Musk lies about his expertise and steals credit from his employees to pretend to be a “Supergenius.”

He mocked Musk for “paying people to play online games in his name to appear smart” and said that he’s a “so-called inventor whose greatest invention is his image.”

More bluntly, Lowe said that Musk is a “c*nt.”

He ended his post by urging people to speak up against Musk and “stop working for him and being exploited by him.”

Lowe concluded with a quote from Holocaust Survivor and Nobel Peace Prize laureate Elie Wiesel: “Silence encourages the tormentor, never the tormented.”

quinta-feira, fevereiro 13, 2025

O súbito valor estratégico de Moscovo

Trump e o seu sucessor?

Trump, Putin, Zelensky, Rutte dizem em uníssono querer a paz quando antes. Parece bom demais para ser verdade. Na prática, ambos os exércitos e economias estão exaustos. Ou seja, o que estará a ser negociado é um congelamento da invasão russa da Ucrânia. Para regressar daqui a quatro ou cinco anos? Duvido. O cálculo americano, para além dos psicodramas de Trump, é este:

1) Pequim planeia conquistar a Formosa em 2027-28, e se assim for haverá uma guerra no chamado Mar da China, no Pacífico e no Índico. Para tal, os americanos precisam urgentemente de mobilizar a sua indústria de guerra para este fim, investindo sobretudo na adaptação da sua marinha e aviação aos novos paradigmas tecnológicos testados na guerra da Ucrânia. Os investimentos serão muito pesados em quatro setores: navios de guerra de superfície e submarinos, força aérea, veículos e robôs de guerra autónomos, IA. Ou seja, para os americanos e a NATO, continuar a enterrar dólares, aço e vidas humanas na Ucrânia é um erro estratégico que lhe poderá custar a perda da sua posição dominante no mundo.

2) Por outro lado, os Estados Unidos gostariam de levar a Rússia a mudar de agulha, em direção ao Ocidente, criando com a Índia e as Filipinas uma parede contra a expansão chinesa através da sua nova Rota da Seda. Uma Rússia destroçada seria, assim, uma porta aberta à penetração chinesa em territórios que reclama historicamente à Rússia.

Neste cenário hipotético, o rearmamento da Rússia, da Ucrânia, bem como da Europa e da NATO teriam, afinal, como desiderato estratégico a contenção das ambições de Pequim.

Será isto? Será?


Lusa/ Jornal de Negócios, 13/02/2025, 10:50

Mark Rutte: "Nós vamos defender que até 5% é o investimento necessário dos países da NATO para garantir que somos capazes de enfrentar as ameaças do futuro, seja a Rússia ou uma China ascendente que também tem as suas próprias ambições", concluiu.

O Secretário da Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, defendeu hoje que a iniciativa do Presidente norte-americano, Donald Trump, de chegar a acordo com a Rússia sobre a guerra da Ucrânia "não é uma traição" a Kiev.

"Nenhum país, como o Presidente Trump salientou, assumiu um compromisso maior com a missão ucraniana do que os Estados Unidos da América. Mais de 300 mil milhões de dólares [cerca de 288 mil milhões de euros] que os Estados Unidos investiram na estabilização das linhas da frente após a agressão da Rússia, [portanto] não se trata de uma traição", disse Pete Hegseth.

"Isso exigirá que ambos os lados reconheçam coisas que não querem e é por isso que penso que o mundo tem a sorte de ter o Presidente Trump [pois] só ele, neste momento, pode reunir os poderes para trazer a paz, e isso é um sinal bem-vindo", adiantou Pete Hegseth.

Depois, também junto ao Secretário da Defesa dos Estados Unidos, o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, falou numa "clara convergência" na Aliança Atlântica de que "é preciso haver paz na Ucrânia" e que o país esteja "numa posição de força".


Que querem realmente os americanos?

O objetivo de Trump, ou de quem pensa por ele, é cada vez mais evidente: preparar-se para enfrentar a China já, mas sobretudo em 2027-28, quando esta tentar o assalto à Formosa. Para tal, os americanos precisam da Rússia do seu lado, ou pelo menos em posição de neutralidade. Só que a Rússia não vai perder a oportunidade de tomar partido na nova divisão de mundo que se aproxima. Terá, então, que optar entre Washington e Pequim. O convite sedutor de Trump a Putin é claro. Falta só resolver o problema da Ucrânia...

A Rùssia quer garantias de acesso aos mares, e a defesa da língua russa nas regiões ucranianas onde o russo é a língua dominante. Portanto, quer a Crimeia e o regresso de Kursk à soberania russa, mas poderá abandonar a guerra perdida no Donbass em troca de garantias culturais nesta região histórica (a Nova Rússia), uma região com uma dimensão semelhante à de Portugal. 

A Ucrânia quererá, por sua vez, recuperar as suas fronteiras originais. Sendo improvável que consiga recuperar a totalidade da Península da Crimeia, poderá reivindicar a divisão desta entre os dois países, ficando a metade oeste para a Ucrânia e a metade leste para a Rússia.


Estamos todos metidos num turbilhão. 

Os americanos acordaram para a realidade chinesa, e para a sua própria grave crise política, económica, financeira, social e cultural. Querem um Tordesilhas 2.0. Resta saber por onde passará o fractal, pois meridiano não será.

Mas se for este o caminho, se houver paz negociada na Ucrânia, para que precisará a NATO-Europa de armar-se até aos dentes contra a Rússia? A única explicação é que Putin está noutra, imerso num sonho imperial impossível, e portanto irá torpedear tudo o que não contribua para um cenário de conquista da Ucrânia e do resto da antiga Cortina de Ferro estalinista. Sendo assim, será necessário tempo para eliminar Putin da equação estratégica que hoje orienta as decisões em Washington.

Não há motivo para xenofobia em Portugal

 Sobre a visão errada que temos da imigração... e os exemplos de Trump e do Chega

I — Repatriar imigrantes americanos não é uma novidade do Trump. O democrata Barack Obama fartou-se de repatriar luso-americanos dos Açores para o arquipélago (Público). Desde então a criminalidade voltou aos Açores e as prisões do arquipélago estão a abarrotar!

A posição da atual Administração americana, com a qual essencialmente concordo (rejeitando embora a retórica e as decisões intempestivas de Trump), assenta em três pilares: 

1) repatriar os imigrantes com cadastro criminal (como vimos, a medida começou com Obama, se não antes); 

2) repatriar imigrantes ilegais (indocumentados); 

3) travar drasticamente novas entradas de imigrantes ilegais no país, nomeadamente através do México.

II — Não há razão para políticas histéricas anti-imigração em Portugal

Segundo a PORDATA (2023), em cada 10 estrangeiros residentes em Portugal, 2 são provenientes de um estado-membro da UE e 8 são provenientes de países fora da UE [na sua maioria, acrescento eu, das ex-colónias portuguesas: 42,4%). 

As nacionalidades estrangeiras mais representativas em Portugal são a brasileira (29,3%), britânica (6%), cabo-verdiana (4,9%), italiana (4,4%), indiana (4,3%) e romena (4,1%). Os imigrantes com religiões não cristãs (hinduísmo, budismo, taoísmo, islamismo, etc.) representam 12% da totalidade dos imigrantes, ou seja, menos de 100 mil pessoas em pouco mais de 800 mil imigrantes.

Ou seja, os imigrantes em Portugal representam 7,6% da população residente.

Nós temos 800 mil imigrantes, a Espanha tem quase sete milhões!

Ainda segundo a PORDATA...

Renovação demográfica

O aumento da população estrangeira a residir em Portugal reflete-se também nos diversos níveis de ensino. No ensino básico e secundário, o número de alunos inscritos nas escolas do Continente duplicou nos últimos 5 anos, tendo passado de 49.669 alunos de nacionalidade estrangeira no ano letivo de 2016/17 para 105.855 no ano letivo de 2021/22. No 1.º ciclo, uma em cada dez crianças é estrangeira.

Conclusão, que reitero: 

— a imigração e a emigração são dois dos principais fatores que têm contribuído para o chamado "milagre económico português" (Paul Krugman). O que faltou foi capacidade de gerir com melhores critérios e ferramentas a avalanche de imigrantes que vieram para o nosso país. Por fim, habituarmo-nos, como no passado em que fomos império, a conviver com outras raças, cores, linguagens, hábitos culturais e religiões só nos faz bem! 

A histeria xenófoba do Chega não deve ter lugar no nosso país, e deve ser rejeitada liminarmente, nomeadamente com campanhas de informação claras e bem dirigidas. Não se trata de uma questão esquerda-direita. E é bom que a direita não extremista o vá percebendo rapidamente.

É importante que discutamos com mais dados e menos impressões na mão.

quarta-feira, fevereiro 12, 2025

As revoluções argentina e americana

Musk entrou a matar, mas com o passar das semanas e meses a carecada na despesa pública americana verá os seus limites estruturais e sociais. 

Uma dieta nas contas públicas estado unidenses, como nas contas públicas europeias, é seguramente necessária. A hemorragia causada nas economias avançadas pelo crescimento imparável das dívidas públicas é uma Espada de Dâmocles, desde logo, sobre a segurança interna e externa destes países, ameaçada pelos regimes autocráticos. 

Mas é preciso igualmente ter em conta que o crescimento das desigualdades sociais e o empobrecimento de vastos setores da população gera por si só uma grave instabilidade social e política que, não sendo bem estudada e corrigida, penalizará inevitavelmente a despesa pública. 

As experiências (ou revoluções) atualmente em curso na Argentina e nos Estados Unidos trarão seguramente muitos ensinamentos úteis, nomeadamente à Europa, ao longo de 2025 e 2026.


The United States needs a Spending Chainsaw
9 February 2025S
Daniel Lacalle

The latest figures published by the Department of Government Efficiency (DOGE) are staggering—$75 billion saved in two weeks.

...

As Scott Bessent has correctly stated, the United States does not have a revenue problem but a spending problem. The CBO expects annual outlays of $23 trillion in 2026-29.

...

No revenue measure will eliminate the deficit. The United States government have implemented numerous tax increases in the past decades, and the national debt continues to reach record levels. Additionally, when revenues rise, governments spend even more than before.

The US spending problem comes from an unsustainable increase in mandatory spending, which is never audited and rises without control. Mandatory spending is expected to increase to $14 trillion per annum. Overspending and inefficiencies in these programs have never been adequately tackled.

The measures announced by the Trump administration so far may generate an additional $300 billion in revenues. If the current pace of savings announced by DOGE is sustained, it could reach $1 trillion. However, as time passes, some savings become more difficult to find. Furthermore, the deep state machine does everything possible to prevent more cost savings, even using the judicial system.

terça-feira, fevereiro 11, 2025

Steve Bannon: “We don’t want to be an empire anymore”


Me — Mr. Bannon, if you’re serious about reviving Mahan’s (1) strategic theory about sea dominance, you should consider closing Russia’s access to the open sea through Turkey, the Baltic Sea, and the Arctic. This would make defeating Putin’s invasion of Ukraine (which would cause Russia long-term pain) essential to America’s new world nationalist strategy. I hope you’ll be able to tell us more about this soon.

Desde que Donald Trump se tornou, pela segunda vez, presidente dos Estados Unidos, que a avalanche de informação e contra-informação desassossegou o mundo inteiro. E a razão é simples de entender: boa parte das mensagens e do ruído tem origem no próprio presidente da mais rica e poderosa potência do planeta! Acontece que num ambiente destes a entropia toma rapidamente conta das mensagens, desvalorizando-as paulatinamente. E no entanto, a aparente senilidade de Trump esconde objetivos estratégicos que ele e o movimento MAGA perseguem e estão, em princípio, em condições de atingir. 

Ninguém melhor do que Steve Bannon explica o que está a acontecer nos Estados Unidos neste momento. Trata-se de uma revolução, e não de um golpe de estado constitucional. A constituição americana nem sequer está em causa nas exigências do movimento MAGA. 

O que está em curso é uma revolução nacionalista e populista, anti-globalista, visando, na minha terminologia, o estabelecimento dum Tratado de Tordesilhas 2.0, onde já não há geografia para descobrir e conquistar, mas tão só a urgência da dividir pacificamente os recursos que ainda restam e são vitais ao estado atual da civilização, antes de uma possível transição para outro paradigma energético, demográfico, antropológico (na realidade, pós-humano, ou trans-humano), assegurando ao mesmo tempo uma paz perpétua, necessária pela simples razão de já não existirem recursos suficientemente abundantes para criar um novo ciclo de guerras mundiais num planeta habitado por oito mil milhões de seres humanos e antes de se precipitarem pelas arribas abaixo de um inevitável colapso demográfico, provavelmente antes de 2100, cujos contornos se podem já adivinhar, mas não conhecer em detalhe.

A América de Bannon voltará a ser, no espírito geoestratégico de Alfred T. Mahan, mas também da Doutrina Monroe, uma potência marítima hegemónica no seu hemisfério, formado por dois grandes oceanos e o continente americano ligado nas suas pontas, norte e sul, ao Ártico e à Antártida. Sobre esta base irá disputar, ou no mínimo partilhar, o mundo com a China. Não sem o apoio ou, pelos menos, a neutralidade da Europa, da Índia, das Filipinas, da Coreia do Sul e do Japão. 

Não vejo melhor metáfora para descrever este desenrolar dos acontecimentos do que o Tratado de Tordesilhas assinado entre Reino de Portugal e a Coroa de Castela em 7 de junho de 1494.

Por fim, para evitar que o ruído mediático nos force, pequenos leitores que somos, a tomar partido em algo que de momento nos ultrapassa, recomendo vivamente ir ouvindo a iminência parda de Trump e do movimento MAGA: Steve Bannon.

PS — Uma derrota pesada da Rússia poderia enfraquecer de tal modo aquele país continental que a sua fragmentação seria praticamente inevitável. Uma tal fragmentação, por sua vez, abriria as portas a uma rápida penetração da China em vastas regiões da Federação Russa, reclamando território seu na Manchúria, ocupado abusivamente pela Rússia, mas avançando também até à Sibéria, para se fazer ressarcir de prejuízos e dívidas de Moscovo ao ex-Império do Meio. Este cenário, por fim, num tempo pós-Putin, poderia aproximar Moscovo a Berlim, Paris, Atenas, Roma, Madrid e Lisboa! Parece evidente que Biden e os seus conselheiros estudaram aturadamente este cenário. E que Trump estará também a dar-se conta do mesmo problema. Uma Sibéria independente, rica em gás natural, faria da Rússia um país irrelevante no tabuleiro mundial, ajudando, por outro lado, a Índia a demover Pequim dos seus devaneios no Índico.

Steve Bannon, nesta entrevista: 

— “Arctic’s the new great game”.

— “...you’re seeing Monroe Doctrine to look at our hemispheric defence”

— “...the years of us spending hundreds of billions of dollars around the rim of the Eurasian landmass may be over...”

— “[Trump]’s telling NATO, the countries of the continent and the United Kingdom: the Russian army is your problem. We’re a naval power, and the Russian Navy is our problem (...) Russian army in that part of the Eurasian landmass, in, you know, near Kursk and Stalingrad, it’s not an English problem (...), it’s not an American problem, it’s not in the vital National Security interest of the United States (...) We can’t afford it anymore...”


NOTA (1) — Mahan (who famously said: “Whoever rules the waves rules the world”) argued for a universal principle of concentrating powerful ships in home waters and minimising their strength in distant seas. At the same time, Fisher reversed Mahan’s position by utilising technological change to propose submarines for defending home waters and mobile battle cruisers for protecting distant imperial interests.

segunda-feira, fevereiro 10, 2025

Renováveis e indústria pesada

Insisto: o mundo caminha para uma crise energética sem precedentes. Não há suficiente carvão, petróleo, gás natural, urânio, e rios disponíveis para suportar a procura mundial de energia. 

Ou seja, em algum momento, o declínio já visível do consumo mundial de energia per capita dará lugar a um dominó catastrófico de colapsos económicos, demográficos, sociais, políticos e culturais. 

Racionalizar esta perspetiva será sempre um exercício psicológico demasiado doloroso. Preferimos, portanto, procrastinar as necessárias decisões difíceis e acreditar no mito das energias renováveis. Esta energia, na realidade, sempre existiu, mas então, quando dependíamos apenas do Sol, do vento, dos rios e da queima de árvores, éramos pobres, vivíamos com muito menos...

Significa isto que devemos abandonar as novas tecnologias de produção de energia, eólica, solar, nuclear?

Não. Na realidade, em regiões inteiras do planeta, onde escasseiam já o carvão, o petróleo e o gás natural, e onde não há mais rios para domesticar, não há mesmo alternativa às chamadas energias renováveis! 

Acontece, porém, que este novo paradigma significa o declínio, entre outras, das indústrias pesadas, e portanto uma mudança radical no estilo de vida humana na Terra, sobretudo nas sociedades industriais e pós-industriais desenvolvidas. A dificuldade objetiva, na Europa e nos Estados Unidos, em produzir projéteis de artilharia em quantidade suficiente para derrotar rapidamente Vladimir Putin, veio revelar uma mudança que, na realidade, já ocorrera há algum tempo,  mas que só agora começamos lentamente a perceber: a era da abundância industrial morreu.

A guerra de drones contra tanques, aeronaves e infantaria motorizada que prossegue na Ucrânia veio demonstrar, quer as fragilidades materiais do Ocidente (onde o pico do petróleo ocorreu há mais tempo), quer o colapso a curto prazo da vantagem petrolífera temporária da Rússia. As primeiras semanas da nova presidência americana, e a invasão não provocada e criminosa da Ucrânia pela Rússia, mostram à saciedade até que ponto o fim da abundância das energias fósseis está a mergulhar as sociedades humanas numa espiral de violência assustadora. Como a aniquilamento termonuclear mútuo não traz vantagem a ninguém, outras formas de assédio e guerra tenderão a emergir depois de terminada a barbárie que neste momento continua a sacrificar milhares de pessoas diariamente na Ucrânia. Para este fim macabro as grandes potências têm em mente uma única preocupação: capturar e controlar as principais reservas mundiais de petróleo, gás natural, carvão, urânio e metais raros, pois sabem que sem estes recursos as respetivas sociedades cairão rapidamente no abismo. Dilema mais evidente é difícil de vislumbrar...

Não tardaremos a ver o colpaso, por exemplo, do turismo mundial de massas. Seja porque não será em breve tolerável continuar a subsidiar o combustível do transporte aéreo, seja porque o declínio do poder médio de compra nas sociedades ricas se acentuará inexoravelmente no decurso deste século.

Oxalá me engane!

Recomendo, por fim, a leitura de mais um artigo certeiro de GAIL TVERBERG, de que publico alguns excertos.

Without enough oil, people may need to stay closer to home.

(...)

The Garden of Eden, mentioned in the Bible's Book of Genesis, seemed to have some of the characteristics of Southeast Asian countries today. If "warm and wet" was a solution in the early days, it may still be a solution in the future.

(...)

While Southeast Asia shares most of the world's energy problems, this region seems better positioned to handle the energy shortfalls ahead of many other areas. Southeast Asia's warm, wet climate is helpful, as is its coal supply, particularly in Indonesia. Many people in this part of the world are used to living in cramped quarters — three generations in a large one-room home, for example. Abundant forests provide a renewable source of energy. Religious traditions help provide order. These factors may work together to allow the economies of these countries to continue to some extent, even as much of the rest of the world pushes in the direction of collapse.

(...)

While China's rapid growth has been impressive, it is hard to maintain. Southeast Asia's slower growth curve, which is still rising, is easier to maintain. If it starts to fall, it will hopefully be slower.

(...)

Coal is an inexpensive heat and electricity source and essential for making steel. The Industrial Revolution around the world started with the use of coal, and coal is still heavily used in manufacturing. While the wealthy countries of the world talk a great deal about carbon dioxide and climate change, the poorer countries—including those in Southeast Asia—continue to use coal to the extent it is available.

Worldwide, China is number one in coal production (93.10 exajoules), according to the 2024 Statistical Review of World Energy. India is in second place, with an output of 16.65 exajoules. Indonesia is close behind in third place, with coal production of 15.73 exajoules. The advantage of Indonesia is that its population (281,000) is much lower than that of India (1.4 billion), so its coal benefit relative to population is much greater than that of India.


Figure 1 shows that Southeast Asia produces little oil. This oil production (blue line) peaked in 2000 and has fallen since then. Countries worldwide share this pattern: oil production starts falling once the easily extracted oil is removed.


Figure 2 shows that once natural gas production (blue line) began to decline, Southeast Asian natural gas consumption (orange line) flattened out and even declined slightly. Natural gas exports also started to fall, beginning more than a decade before the peak in production was reached. Some of the natural gas exports are liquefied natural gas exports under long-term contracts. These cannot easily be cut back because of inadequate output.

Ler artigo completo aqui.

domingo, fevereiro 09, 2025

Populismo fiscal

Sem um sistema fiscal estável, justo e atrativo, Portugal continuará na cauda da Europa.


Uma proposta oportuna de Aníbal Cavaco Silva e Carlos Tavares. 
Oxalá os zombies do parlamento e os partidos que os trazem pela trela acordem a tempo. Quer dizer, antes que sejam corridos de cena pela mole de 'deploráveis' que continua a crescer no país. O sistema de impostos não pode continuar a ser uma ferramenta do populismo que tomou conta deste país devedor, com uma boa parte da sua economia indefesa perante os credores, os novos abutres imperiais e os especuladores que nunca perdem uma boa oportunidade.

Está na hora, é urgente
Por Aníbal Cavaco Silva e Carlos Tavares
Observador, 09 jan. 2025

Os deputados propuseram mais de 2000 alterações ao orçamento (de estado de 2025) apresentado pelo Governo, cerca de 230 em matéria de impostos, a maioria sem qualquer fundamentação credível (...).

...

Ao longo dos primeiros nove meses da legislatura ficou claro que é mais fácil formar na Assembleia da República maiorias parlamentares de partidos opostos para aprovar alterações populistas de impostos do que aprovar alterações estruturais indispensáveis para que Portugal se aproxime dos níveis de vida dos países mais ricos da UE.

Neste contexto político, o que o atual Governo pode, entretanto, fazer em matéria de impostos, é procurar minorar os estragos e preparar o terreno para que uma verdadeira reforma fiscal possa ser feita no futuro, quando as condições políticas o permitirem.

Nesse sentido, juntamo-nos àqueles que têm defendido que está na hora de o Governo nomear a Comissão da Reforma Fiscal, tal como foi feito em 1984 pelo IX Governo Constitucional, presidido por Mário Soares, para preparar a reforma fiscal que viria a ser aprovada em 1988. Tal como então, deve ser uma comissão especializada, integrando pessoas da mais elevada competência técnica, presidida por um professor universitário e dispondo dos meios indispensáveis para realizar o seu trabalho. O relatório por ela produzido será um ativo da maior importância para qualquer Governo. É trabalho para um ano.

Emigração, imigração e populismo

A emigração portuguesa para fora da UE é minoritária. Por sua vez, os emigrantes portugueses na Europa são de dois géneros: os que residem nos países UE ou europeus (RU e Suíça), e os que vão e vêm por períodos de três meses ou menos, apenas para realizar trabalhos contratados por empresas locais, muitas delas de portugueses. É raro, quando passo por uma obra privada ou pública, não ouvir português! Esta emigração  pendular é recente, e tem crescido com a expansão das Low Cost. Quantos mais destinos diretos houver do Porto (por exemplo) para cidades europeias, mais intensa será a emigração yo-yo. Esta emigração, tal como a tradicional, é uma exportação temporária de recursos humanos que contribui para a riqueza dos emigrantes e do país.

Conheci há uns meses uma senhora que veio para Bruxelas realizar trabalho doméstico para portugueses, com o objetivo preciso de pagar contas em Portugal, ou seja, uma emigração a termo. Conheci um pequeno empresário português da construção que tem uma rede de colaboradores fixos em Bruxelas, mas uma outra rede de 'artistas' (estucadores, canalizadores, eletricistas, carpinteiros de obra) que vivem em Portugal e vêm a Bruxelas para cumprirem tarefas específicas com duração limitada. Ou seja, precisamos de olhar para a emigração no quadro da UE e da Europa atual como um fenómeno distinto do tempo em que os portugueses saíam das aldeias com uma mão atrás e outra à frente para Paris. Como diz o Rui Rodrigues, o emigrante de telemóvel substituiu o emigrante da mala de cartão.

Por sua vez a emigração de longo prazo continua forte. A novidade neste segmento é a emigração de quadros técnicos sem emprego decentemente pago em Portugal. Engenheiros, médicos, enfermeiros, informáticos, etc, têm engrossado a população portuguesa qualificada residente na Europa. Vêm frequentemente a Portugal para ver e rever família e amigos. As Low Cost dão uma grande ajuda, permitindo duas ou mais viagens por ano sem carregar demasiado os orçamentos familiares destes emigrantes de classe média.

Já na imigração, o problema também tem que ser visto sem xenofobia, nem complexos de superioridade escusados.

Embora mal gerida e corroída pela corrupção, a imigração é necessária, no nosso país, como na Europa, ou nos Estados Unidos. Se há país que não existiria sem imigração são os Estados Unidos. Há duzentos anos, como hoje!
Conheci há ano e meio em Bruxelas, numa loja de conveniência paquistanesa, um jovem bengali alto, dinâmico que, ao ouvir-me falar com a minha mulher, perguntu 'português?'. Sim. Respondemos. Num português asiático o jovem acrescentou: eu também, sou português! Trabalhava em Portugal, numa empresa agrícola no Alentejo, grande produtora de frutas e hortícolas. "Patrão muito bom!", dsse. Cumprimentei o Presidente Marcelo numa visita às estufas, acrescentou, rindo, no seu português macarrónico. Perguntei-lhe de seguida: mas então, porque veio para Bruxelas? Esclareceu que fora para ganhar um pouco mais de dinheiro, para que a esposa pudesse vir do Bangladesh para Portugal. E a estadia em Bruxelas está a correr bem? Perguntei. Não gosto 🙁 A gente só pensa em dinheiro! Menos de um ano depois, disse-me sorridente: vou regressar a Portugal, já consegui pagar a passagem de avião para a minha esposa! E vai conseguir trabalhar na mesma empresa, perguntei? Sim, patrão muito bom, português, a minha esposa já tem trabalho 🙂

Também poderia recordar a história de sucesso da barbearia Harvey de Carcavelos e Parede, de um venezuelano que revolucionou o negócio naquelas duas vilas da Linha de Cascais. Ou do brasileiro Fagner, que trabalha na mesma barbearia, que emigrou para Portugal para poder ter filhos e família! 

Muito do trabalho realizado em Portugal por imigrantes é trabalho que crescentemente os portugueses rejeitam fazer: construção civil, restauração, limpezas, agricultura (intensiva ou outra), etc. Mas atenção, a ida do goês António Costa à Índia não trouxe apenas condutores ilegais de Ubers a Lisboa e Porto, que dormem nas próprias viaturas (pois o rendimento não dá para alugar quartos, quanto mais apartamentos). Vieram também indianos empresários e indianos qualificados, nomeadamente em novas tecnologias e informática.

Portugal tem 90 mil Km2 e 10,5 milhões residentes.
A Holanda e a Bégica juntos tem 68 mil Km2 e 29,6 milhões de residentes.
O Bangladesh tem 148 mil km2 e 173 milhões de residentes!

Em suma, dizer que há imigração a mais no nosso país é pura propaganda populista, que faz o seu caminho num país onde sobram, infelizmente, centenas de milhar de pessoas indigentes, dependentes dos subsídios, apoios e isenções do Estado.

sábado, fevereiro 08, 2025

A conversa de taberna

Neuralink persona (transhumano)

Neuralink is currently seeking people with quadriplegia to participate in a groundbreaking investigational medical device clinical trial for our brain-computer interface.

If you have quadriplegia and want to explore new ways of controlling your computer, please consider joining our Patient Registry. 

Neuralink.com

Imagino que a mensagem que vou comentar seja do VPF. 

Seja como for, o texto que abaixo transcrevo suscita uma discussão necessária, cuja maior dificuldade reside em conseguir deslindar a reviravolta dos protocolos da comunicação política criada pelo populismo americano consubstanciado nessa espécie de albergue espanhol que é hoje a balbúrdia conhecida como MAGA. Steve Bannon, Donald Trump e Elon Musk, os três, com estruturas mentais, culturais e morais distintas, produziram uma hecatombe no que poderíamos chamar a linguagem diplomática da política. Até que este trio unido pelo oportunismo dominasse a paisagem mediática da política, havia basicamente dois protocolos de linguagem na Política: o protocolo da comunicação e do imaginário públicos (Public Relations/Propaganda) e o protocolo das conversações e conversas à porta fechada, posteriormente traduzidas pela oratória pública dos políticos e pelos comunicados e assessores de imprensa. Este último protocolo, em vigor há séculos, e que é, na realidade, uma conversa mole dissimulada, deu lugar à palavra da taberna, nua e crua. Esta convulsão dos protocolos deixa-nos ainda perplexos e confusos. Curiosamente, ainda que em registos bem diferentes, estes são os novos universos comunicacionais impostos ao mundo por Trump, Musk e Bannon.

Para complicar ainda mais as coisas, esta espécie de conversa de taberna global compete diretamente com a velha e caduca diplomacia da palavra política. Vamos precisar, pois, de algum tempo para que os observadores críticos desenvolvam uma nova e apropriada meta-linguagem.


Post de Victor Pinto da Fonseca

* … a ambição expansionista do regime autocrático do psicopata Putin de impor uma nova ordem internacional ampla e de longo alcance que permita interpretar a democracia e os direitos humanos aos seus olhos, introduzindo regras arbitrárias baseadas na lei do + forte, que força todos a viverem segundo o cânone de uma vida submissa como destino humano final acima de todos os outros, projectou Trump para o Olimpo, com a Rússia dia após dia atolada na invasão da Ucrânia! Por outras palavras: a reforma expansionista de Trump fundou-se no projecto de Putin de invadir/colonizar a Ucrânia, no violar do direito internacional. Trump não ficou indiferente ao novo nacionalismo de Putin, e não esperou que a corrente suba + alto do que a sua fonte. Só nas ultimas 48:00 assinou uma ordem que impôs sanções ao Tribunal Penal Internacional criticando as ações do Tribunal contra Israel, propôs [ou será que impôs] deslocar os palestinianos de Gaza para criar a nova Torremolinos, etc, etc. Até o Irão já reclama o alterar de Trump das “regras internacionais”, imagine-se! estão aterrorizados!!, enquanto Putin bloqueado - à velocidade que invade a Ucrânia precisava de 30 anos para se aproximar de Kiev - tudo faz para não criticar Trump: pudera! com a economia russa a colapsar [já não têm como disfarçar], o medo de que Trump imponha novas sanções (sanções, q a sua administração diz se encontrarem ‘somente’ numa escala 3/10) envergonha e deprime o psicopata Putin. De forma que não há como controlar, dirigir e prevenir os abusos de Trump. — Desesperado, Putin já começou a autocolonizar a Rússia, leia-se nacionalizar os próprios activos privados, as pequenas unidades, para serem entregues ao Estado, uma espécie de autocolonização que deseja tentar a tarefa impossível de regressar ás condições económicas de sobrevivência obtidas há 100 anos. — É aqui, no conceito do regresso ao passado, que os comentadores pró-russos deliram: entretanto, fiéis a Putin mas também eles desesperados lá vão tentando disfarçar que a Rússia [ainda] é uma grande potência. Não reconhecem Galileu! e o facto da Terra se movimentar [Eppur si muove ou E pur si muove (mas se movimenta ou no entanto ela se move, em português)]. As mudanças no mundo são o resultado da terra se mover e nós com ele. O esforço para proibir as mudanças falhará sempre [E por si muove]. A saída reside não na tentativa de impedir as mudanças, mas mudarmos com elas, uma vez que o mundo muda e nós mudamos com ele. Na sua opção pelo regresso ao retórico império soviético, Putin acabou a promover a amizade e o favorecimento de Trump e atirou o anti-americanismo para o caixote do lixo! A América de Trump está + próxima da Rússia e da China que da Europa. Agora, tudo o que os fiéis comentadores pró-russos desejam fazer em nome de Putin é ser anti-Europa democrática, hostis à liberdade! É ir ao encontro da extrema-direita fiel da “autocracia eleitoral” de Putin, como Le Pen, Ventura, Órban, etc, - um purificar da ideologia de género e despertar das escolas do país, erosões da liberdade académica, independência judicial e da imprensa livre. Uma aliança com o nacionalismo religioso. Um ataque a instituições democráticas, não há outra verdade.

* da série “despertar“ post de duração limitada