quarta-feira, setembro 26, 2007

Alta Velocidade

O Maglev Transrapid sobre as areias árabes do Golfo (simulação)


Transrapid

O comboio de levitação magnética, Maglev, Transrapid (vel. 300-500Km/h) na versão alemã, de que um protótipo sofreu um acidente fatal há precisamente um ano (23 mortos), ligará daqui a alguns anos a Estação Central de Munique ao aeroporto Franz-Josef Strauß (38Km) em 10mn, anunciaram as autoridades do Estado alemão da Baviera. O serviço será prestado por cinco comboios de 3 carruagens.

O Transrapid transportou (a uma velocidade operacional de 430Km/h), de Janeiro de 2004 a Outubro de 2006, 8 milhões de passageiros, entre o Aeroporto Internacional de Pudong e a estação de Long Yang (cada viagem tem a duração de 8mn), na Margem Sul da cidade-região de Xangai, prevendo-se que a actual linha venha a ser prolongada até ao antigo aeroporto de Hong Qiao e até à cidade de Hangzhou, passando o seu comprimento total para os 200Km. A China estuda ainda a possibilidade de ligar Xangai a Pequim (1300Km) com este sistema de transporte por levitação magnética. A duração da viagem será de 3 horas.

Projectos similares estão também em curso na região do Golfo Pérsico --ligação Doha/Qatar-Manana/Bahrain (145Km; 30mn)-- e nos Emiratos Árabes Unidos --ligação Abu Dhabi City-Dubai (180Km; 38mn).

No Reino Unido, pensa-se numa ligação de 800 Km entre Glasgow e Londres, com 14 estações e um tempo de ligação Londres-Glasgow na casa das 2h40mn.

Na Holanda, o Transrapid ligará um dia, numa grande circular (a Randstad Nederland) de aproximadamente 230Km, os municípios de Haia, Schiphol (mega-aeroporto), Amesterdão, Almere, Amersfoort, Utreque e Roterdão, em apenas 45mn.

Nos Estados Unidos, haverá ligações entre Baltimore e Washington (62,8Km; 18,5mn), Pittsburgh Airport e Pittsburgh-Greensburg (86,9Km; 35mn) e Las Vegas-Los Angeles (56Km; 11mn).

Em suma, na Europa Central e de Leste estão previstas várias ligações: Berlim-Varsóvia (580Km)-Moscovo (1850Km); Berlim-Cracóvia (590Km)-Kiev (1500Km); Berlim-Budapeste-Tessalónica (2000Km) e Berlim-Praga-Viena-Bratislava-Budapeste (950Km).

Se somarmos este ambicioso plano estratégico alemão ao projecto franco-espanhol da Alta Velocidade, ficaremos com uma fotografia muito nítida do que está realmente em jogo na União Europeia em matéria de mobilidade, coesão económico-social, intercâmbio cultural e estratégia política comum.

Quanto às vantagens comparativas do Maglev (Transrapid) relativamente ao sistema de tracção ferroviária de Alta Velocidade, não existem ainda estudos no terreno, mas apenas avaliações teóricas, de que destaco o paper universitário "Engineering Comparison of High-Speed Rail and Maglev Systems: A Case Study of Beijing-Shanghai Corridor", onde se pode ler:
It is clear that both HSR and Maglev are sophisticated and technically advanced guideway technologies. While both technologies are capable of operating at the speed greater than 250 kilometers per hour, the design speed for Maglev is higher due to its inherited non-contact technology. It is true that all HSR systems including TGV, ICE, and SKS have tested speed in the magnitude of more than 400 km/h. Maglev, however, provides higher practical operating speed. In addition, Maglev, theoretically, may also consume less energy, emit less noise, and can be established in compact land use forms. (Rongfang Liu, Yi Deng et al.)

A rede de transportes portuguesa não pode deixar de ser analisada e decidida à luz destes dados cruciais. Trata-se de uma questão estratégica tão vital quanto as que se prendem com a independência energética, a segurança alimentar, a coesão económico-social e a capacidade de auto-defesa da Europa. Tudo deve ser discutido sem demoras e com rigor. Depois, precisamos de cabeça fria e capacidade de decisão. Cá estaremos para acompanhar este ambicioso desafio.

Para já vale mesmo a pena visitar o sítio da Transrapid, não só pelos excelentes vídeos e gráficos, como sobretudo pelos dados técnicos e económicos fornecidos. -- OAM 244 (actualizado em 01-10-2007, 16:44)

terça-feira, setembro 25, 2007

Petroleo 10

Asfixia energética

Monges budistas desfilam em Yangun
Milhares de monges budistas percorrem ruas da capital Yangun
na maior manifestação em 20 anos contra junta militar de Mianmar.

Manifestações em Mianmar (antiga Birmânia) tiveram início no mês passado por causa do aumento de combustíveis. A gasolina subiu 100% de uma só vez e o gás natural subiu cinco vezes ao longo deste ano. A manifestação de 23/09/2007, que reuniu 20 mil pessoas, entre as quais mais de 3 mil monges budistas, está a gerar uma crise política de consequências imprevisíveis no actual regime militar que governa a antiga colónia britânica vizinha da China, do Laos, da Tailândia, do Bangladesh e da India. -- in Folha online 24/09/2007.

Este género de crise, há muito anunciado pelos estudiosos do Pico Petrolífero (Peak Oil), tenderá a repetir-se um pouco por todo o planeta, com primordial incidência nos países e zonas económicas mais débeis. Veremos assim um número crescente de crises políticas com carácter de massas, potencialmente violentas, em volta das subidas bruscas dos preços da gasolina/gasóleo, gás, leite, pão, rações, adubos, ..., água. Tal como agora se remeteu a causa da crise para os rodapés das notícias, erguendo uma cortina de fumo em seu redor (no caso, uma manobra de diversão do trio Bush-Cheney-Rice para chatear os chineses), é provável que encobrimentos semelhantes ocorram no futuro.


Referências:
Blog de ciber-dissidência de Ko Htike
Album fotográfico da ciber-dissidência de Lae Moe


OAM #243 00:55 24 SET 2007 (UTC)

quarta-feira, setembro 19, 2007

Aeroportos 36

Rapada n1



Rapada n2 p1



Rapada n2 p2



Rapada n3



Rapada n4


Évora aqui tão perto!

Demonstração de que Portugal não precisa da Ota, nem de Alcochete para coisa nenhuma, e de que não faltam pistas excelentes (Montijo, Évora, Fátima...) para as Low Cost -- principais responsáveis pelo crescimento do turismo em 2006-2007. Viva a aviação portuguesa!

OAM #242 00:39, 19 SET 2007 (UTC)

terça-feira, setembro 18, 2007

Crise Global 2

Haverá alternativa a uma terceira guerra mundial?

Tal como o incêndio do Reischtag e o ataque a Pearl Harbour não passaram de provocações agendadas de uma mesma cronologia belicista, também o 11 de Setembro (agora o seu espectro) e a cruzada contra o Eixo do Mal e o terrorismo prosseguem como gigantescas manobras provocatórias destinadas a justificar uma terceira guerra mundial pelo controlo de recursos energéticos imprescindíveis ao estilo de vida moderna, inconsciente e hedonista, da chamada civilização ocidental. Nas duas grandes guerras do século 20, e na que agora se encontra em fase preliminar, o objectivo essencial foi o mesmo: controlar as reservas de petróleo e gás natural -- sem as quais não há energia barata, sem a qual o edifício capitalista global que hoje determina as nossas vidas sucumbirá irremediavelmente. É o que está neste preciso momento a acontecer (1).

Há quem pense que se o Ocidente eliminar 1/3 da população mundial, como resultado de uma guerra global assimétrica, se ganhará tempo suficiente para inventar um sucedâneo da sociedade da abundância, do desperdício e da violência inaudita. Esta simples hipótese, alimentada pelos teóricos do New American Century, além de se estar a revelar um fracasso monumental, é pura e simplesmente miserável. E inaceitável!

A queda interminável do dólar, o crescimento imparável da tripla dívida americana (dívida pública, dívida orçamental, dívida comercial), o estouro do sistema financeiro americano (2) e inglês (3), e os fortíssimos abalos que não deixarão de atingir as bancas europeia e asiática, lançarão, no decorrer do que sobra de 2007, mas sobretudo ao longo de 2008, a economia americana numa super-recessão (perante a qual a crise de 1929 parecerá uma brincadeira de crianças). Este afundamento da economia americana, por sua vez, empurrará para o tapete as economias inglesa, japonesa, australiana e boa parte das economias intermédias da Ásia, África e América Central e do Sul. A União Europeia será seriamente afectada por este furacão económico-financeiro, com a possível falência de inúmeras instituições financeiras e empresas industriais, especialmente as da fileira imobiliária. Os testes imediatos virão do comportamento de milhões de depositantes europeus relativamente às poupanças entregues ao cuidado de gestores de fundos de investimento e de pensões, nomeadamente na sequência da gravíssima crise de liquidez do Northern Rock, e do futuro imediato do mercado imobiliário em Espanha e França. A China será igualmente seriamente afectada pela crise americana. Em primeiro lugar, porque ficará atolada de papel verde sem grande valor, e em segundo, porque o seu principal cliente comercial deixará de estar em condições de comprar como até aqui.

Perante o agravamento esperado da crise de recursos à escala global, sistematicamente ocultada pelos média tradicionais, Cheney e os mentores de Bush II defenderam que a única alternativa passaria pela ocupação militar do Médio Oriente e da zona do Mar Cáspio, nem que para tal fosse necessário lançar uma guerra assimétrica de longa duração contra todas as possíveis ameaças à concretização dos objectivos energéticos em causa. Assim fizeram. Boa parte dos hipócritas dirigentes europeus (dependentes da elite financeira, tecnológica e industrial que a subsidia) alinhou com a iniciativa, quanto mais não fosse para não ser afastada da partilha dos despojos. As divergências face ao seguidismo exigido por Washington protagonizadas por Chirac, Schröder e Zapatero, não deixam, porém, de ser um facto relevante. Há, na realidade, uma importante divisão estratégica sobre o caminho a seguir na gestão da crise do paradigma energético. Para uns, possivelmente, no estado em que estão as coisas, só a cooperação poderá evitar o pior. Para os American Bull Terrier da política global, ao contrário, quanto mais depressa se atacar o Irão, a Síria, a Rússia e a China, melhor.

Os atoleiros do Iraque e do Afeganistão mostram, porém, que passou o tempo de a América poder controlar os Global Balkans com uma perna atrás das costas. Nem Global Domination, nem Global Leadership. Os Estados Unidos enquanto única super-potência global não passaram, afinal, de uma ejaculação precoce. A sua queda será, no entanto, um terramoto de escala imprevisível. É preciso cerrar os dentes e negociar, negociar, negociar! Nada que se possa confiar ao novo garnizé eleito pelos franceses, claro... (4)

A Portugal, uma recomendação: retirem os amadores e leitores de tele-ponto, quanto antes, do terreno. Teremos que ouvir o Senhor Gordon Brown e os apressados delegados americanos com muita paciência, mas sobretudo não deveremos deixar de escutar os Russos e os Chineses, e conversar amiúde com Alemães, Espanhois (5) e Brasileiros. E quanto a novos aeroportos intercontinentais e comboios de Alta Velocidade, tenham juizo!



Notas

1 - Petróleo inorgânico inesgotável, ou a caminho do pico petrolífero global?

19 Setembro 2007, 16:40. Recebi um comentário chamando oportunamente a atenção para o mais recente e controverso texto do conhecido analista William Engdahl sobre a possibilidade de os actuais preços petrolíferos não passarem de uma vasta conspiração das sucessoras das Sete Irmãs, as actuais Super Majors:--ExxonMobil, Royal Dutch Shell, BP, Total S.A., Chevron Corporation e ConocoPhillips--, para arrecadarem, sem esforço suplementar, uma apreciável fatia da riqueza mundial produzida. Se pensarmos que 80%
da poupança mundial vai, como se sabe, para o financiamento do insustentável estilo de vida dos EUA, ficamos com uma ideia clara sobre o que a combinação destas duas realidades significa em termos de pilhagem global de recursos, valor e mais-valias por parte de uma mesma oligarquia económico-financeira. A especulação com os preços do petróleo é um facto, mas que favorece paradoxalmente os principais alvos da actual conspiração estratégica anglo-americana: a Rússia, a China e o Irão. No entanto, para lá da especulação subsiste o facto de caminharmos rapidamente para uma nova era caracterizada, no essencial, pelo fim dos combustíveis baratos. O perigo desta metamorfose do paradigma energético reside na tentação de os Estados Unidos e a União Europeia (liderada pelo Reino Unido, mas a que acaba de juntar-se o novo garnizé francês) alastrarem a actual guerra de ocupação ilegal movida contra o Iraque, o Afeganistão e a Palestina, ao Irão... e à Rússia! Se tal acontecer, não só teremos o petróleo a 300 USD o barril, como uma recessão planetária sem precedentes e a evolução da actual rede de guerras assimétricas (ditas anti-terroristas) para uma verdadeira III Guerra Mundial. Os Rotchilds deste planeta não desejam outra coisa!

Para uma análise comparativa dos argumentos pró e contra a salvação prometida pelo supostamente infindável petróleo abiótico ou abiogénico, leiam-se estes comentários recolhidos a propósito do artigo de Engdahl:

Confessions of an "ex" Peak Oil Believer
By F William Engdahl, September 14, 2007

"The 2003 arrest of Russian Mikhail Khodorkovsky, of Yukos Oil, took place just before he could sell a dominant stake in Yukos to ExxonMobil after a private meeting with Dick Cheney. Had Exxon got the stake they would have control of the world’s largest resource of geologists and engineers trained in the a-biotic techniques of deep drilling.

Since 2003 Russian scientific sharing of their knowledge has markedly lessened. Offers in the early 1990’s to share their knowledge with US and other oil geophysicists were met with cold rejection according to American geophysicists involved.

Why then the high-risk war to control Iraq? For a century US and allied Western oil giants have controlled world oil via control of Saudi Arabia or Kuwait or Nigeria. Today, as many giant fields are declining, the companies see the state-controlled oilfields of Iraq and Iran as the largest remaining base of cheap, easy oil. With the huge demand for oil from China and now India, it becomes a geopolitical imperative for the United States to take direct, military control of those Middle East reserves as fast as possible. Vice President Dick Cheney, came to the job from Halliburton Corp., the world’s largest oil geophysical services company. The only potential threat to that US control of oil just happens to lie inside Russia and with the now-state-controlled Russian energy giants. Hmmmm.

According to Kenney the Russian geophysicists used the theories of the brilliant German scientist Alfred Wegener fully 30 years before the Western geologists “discovered” Wegener in the 1960's. In 1915 Wegener published the seminal text, The Origin of Continents and Oceans, which suggested an original unified landmass or "pangaea" more than 200 million years ago which separated into present Continents by what he called Continental Drift.

Up to the 1960's supposed US scientists such as Dr Frank Press, White House science advisor referred to Wegener as "lunatic." Geologists at the end of the 1960’s were forced to eat their words as Wegener offered the only interpretation that allowed them to discover the vast oil resources of the North Sea. Perhaps in some decades Western geologists will rethink their mythology of fossil origins and realize what the Russians have known since the 1950's. In the meantime Moscow holds a massive energy trump card."

Oil industry 'sleepwalking into crisis'

"Former Shell chairman says that diminishing resources could push price of crude to $150 a barrel
By David Strahan and Andrew Murray-Watson
Published: 17 September 2007

"Lord Oxburgh, the former chairman of Shell, has issued a stark warning that the price of oil could hit $150 per barrel, with oil production peaking within the next 20 years.

He accused the industry of having its head "in the sand" about the depletion of supplies, and warned: "We may be sleepwalking into a problem which is actually going to be very serious and it may be too late to do anything about it by the time we are fully aware."

Engdahl Can't Comprehend Hubbert Oil PEAK by Elaine Meinel Supkis

"Greenspan even admitted we invaded Iraq illegally, seeking oil."

"The Hubbert Oil Peak hit in America in 1972-1974. We were able to easily pump a lot of oil. From then on, we pumped less and less oil. Very simple, no? This Engdahl person can't understand that the easy oil is gone and the oil is now harder and harder to get and more and more expensive to pump and there is overall, less and less each year."

"No way would oil companies spend billions to build ocean platforms that are prey to the angry seas and hurricanes if there was tons of oil just waiting to be pumped...on land! The concept of the Peak Oil business is that the easy oil goes first, then it gets harder and harder and more importantly, the finds are smaller and smaller."

Richard Heinberg on Abiotic Oil

"Perhaps one day there will be general agreement that at least some oil is indeed abiotic. Maybe there are indeed deep methane belts twenty miles below the Earth's surface. But the important question to keep in mind is: What are the practical consequences of this discussion now for the problem of global oil depletion?

"I have not personally inspected the oil wells in Saudi Arabia or even those in Texas. But nearly every credible report that I have seen - whether from the industry or from an independent scientist - describes essentially the same reality: discoveries are declining, and have been since the 1960s. Spare production capacity is practically gone. And the old, super-giant oil fields that the world depends upon for the majority of its production are nearing or past their all-time production peaks. Not even the Russian fields cited by the abiotic theorists as evidence for their views are immune: in June the head of Russia's Federal Energy Agency said that production for 2005 is likely to remain flat or even drop, while other officials in that country have said that growth in Russian production cannot be sustained for more than another few years.

What if oil were in fact virtually inexhaustible - would this be good news? Not in my view. It is my opinion that the discovery of oil was the greatest tragedy (in terms of its long-term consequences) in human history. Finding a limitless supply of oil might forestall nasty price increases and catastrophic withdrawal symptoms, but it would only exacerbate all of the other problems that flow from oil dependency - our use of it to accelerate the extraction of all other resources, the venting of C02 into the atmosphere, and related problems such as loss of biodiversity. Oil depletion is bad news, but it is no worse than that of oil abundance.

Given the ongoing runup in global petroleum prices, the notion of peak oil hardly needs defending these days. We are seeing the phenomenon unfold before our eyes as one nation after another moves from the column of "oil " to that of "oil importers" (Great Britain made the leap this year). At some point in the very near future the remaining nations in column A will simply be unable to supply all of the nations in column B.

In short, the global energy crisis is coming upon us very quickly, so that more time spent debating highly speculative theories can only distract us from exploring, and applying ourselves to, the practical strategies that might preserve more of nature, culture, and human life under the conditions that are rapidly developing.

2 - Collapse of Lenders and Mortgage Guys Accelerating

September 17, 2007. The mortgage and banking mess gets only worse and worse. The repairs are like someone trying to fix a parachute while in free fall, using bubble gum. Won't work. A number of organizations, banks, lending groups and hedge fund hell hounds must give an accounting by the end of this month and several big houses in the US like Lehman brothers must do it this week. Few people expect good news. The rush for the exist may look like depositors in England storming the Northern Rock banks. And Greenspan has decided he is a vulture in a graveyard, bless his dark little heart. Most amusing. in Culture of Life News.

3 - O dominó inglês que poderá seguir-se à falência escondida do Northern Rock.

## Bank of England, Federal Reserve Liquidity Pumping Shows Problem Far Bigger Than Northern Rock

September 18, 2007, 1:25 PM (LPAC)--The Bank of England took emergency measures Sept. 17, injecting into the British banking system a total of 4.4 billion pounds in short-term inter-bank funds, and 2.85 billion pounds in slightly longer term funds, for a total of 7.25 billion pounds ($14.5 billion); the BOE indicated it would make available another 4.4 billion pounds on Sept. 24, if required.

But the bids (requests by banks) made for the 4.4 billion pounds that the BOE injected Sept. 17, were six times larger than the actual amount that the BOE injected. This underlines the severe liquidity shortgage of the British banking system, as banks have been scrambling to acquire funds for several weeks. The interest rate on borrowing on Britain's overnight market was still at 6.5% on Sept. 17, three-quarters of a percentage point above the BOE's official lending rate, as banks tried to borrow funds, but could not get them except at a higher rate.

(...)

On Sept. 17, U.S. Treasury Henry Paulson made an emergency stop-over in London to meet Bank of England Governor Mervyn King, and British Chancellor of the Exchequer Alistair Darling, in which it appears that Paulson told King that due to the liquidity shortage in London, which would affect the whole world's banking system, King must start openly injecting liquidity rather than the more backroom injections that King had made heretofore. Shortly after the meeting, King announced his liquidity injections package. On the same Sept. 17, as what appears to be a coordinated action, the U.S. Federal Reserve injected $16.75 billion into the U.S. banking system, some of which funds could be made available to British bank branches operating in New York.

This BOE and Federal Reserve heavy dose of liquidity pumping solves nothing, but instead stokes a hyperinflationary process far more ravaging than that of 1923 Weimar Germany.

## Day Three of Britain's Panic: Run on Northern "Wreck" Bank Continues

September 18, 2007, 12:54 PM (LPAC)---Despite the fact that the British Government and the Bank of England announced they would guarantee the deposits of the rapidly sinking Northern (on the ) Rock(s) mortgage bank, depositors continue to withdraw their funds in unprecedented amounts—and this is despite the bank's stock having gone up this morning. Already three billion pounds in deposits have been withdrawn since Friday. Other mortgage lenders whose stocks were hit hard on Monday, including Alliance & Leicester banks, recovered some of their losses so far today.

4 - Mr Lavrov said (to Bernard Kouchner) there was no military solution to any modern problem, including Iran's uranium-enrichment programme. BBC News Last Updated: Tuesday, 18 September 2007, 12:21 GMT 13:21 UK.

5 - A Espanha é um dos países mais vulneráveis à actual secagem da liquidez mundial. Se a crise dos "sub-prime", que atinge actualmente as bancas alemã, francesa e inglesa, chegar à Península Ibéria, vai ser o bom e o bonito!
Quanto a Portugal, e ao contrário do que diz o seu ministro das finanças, a provável gripe espanhola provocará inevitavelmente uma pneumonia lusitana.

Dados a reter
:

## Dívida externa espanhola dispara: passivos a devolver aos prestamistas em prazos acordados = 145% de PIB
(in Cotizalia 18-09-2007)

2003 = 716.455.000.000 euros
2006 = 1.252.480.000 euros
2007 = 1.450 000.000.000 euros

## Evolução das reservas de ouro entre Janeiro e finais de Julho de 2007

2007 (Janeiro) = 6.716 milhões de euros (13,4 milhões de onças troy)
2007 (Julho) = 4.397 milhões de euros (9,1 milhões de onças troy)

## Evolução das reservas de ouro e divisas em valor equivalente (euros)

1992/12 - 72.368.000.000 euros
2001/12 - 38.865.000.000 euros
2006/04 - 15.255.000.000 euros
2007/04 - 13.230.000.000 euros

Referências

David Ray Griffin. The New Pearl Harbor, Disturbing Questions about the Bush Administration and 9/11, 2004.
David Ray Griffin. The 9/11 Commission Report, Omissions and Distortions, 2005.
Donella Meadows et al. Limiths to Growth, The 30-Year Update, 1972, 2004.
Donella Meadows et al. Beyond Limits, 1992.
Francis Fukuyama. O Fim da História e o Último Homem.1992.
Frank Kitson. Low Intensity Operations, 1970's.
James Howard Kunstler The Long Emergency, 2005.
Jared Diamond, Collapse, 2005.
John Arquilla and David Ronfeldt. Network and Netwars, The Future of Terror, Crime, and Militancy, 2001.
Michel Chossudovsky. America's "War on Terrorism", 2005.
Michael Hardt and Antonio Negri. Empire, 2000.
Nick Dyer-Witheford. Cyber-Marx, Cycles and Circuits of Struggle in High-Technology Capitalism, 1999.
Noam Chomsky. The American Empire Project, Failed States, The Abuse of Power and the Assault on Democracy, 2006.
Webster Griffin Tarpley. 9/11 Synthetic Terror, 2005, 2006.
William Engdahl. A Century of War, 1992, 2004.
Zbigniew Brzezinsky. The Grand Chessboard, 1997.
Zbigniew Brzezinsky. Second Chance, 2007.

OAM #241 01:51, 18 SET 2007 (UTC)

sexta-feira, setembro 14, 2007

Portugal nuclear

Global Balkans
Ameaças ao desenho europeu. Os "Global Balkans" segundo Zbigniew Brzezinski.

EUA defendem que Portugal deve apostar na energia nuclear
O conselheiro da Casa Branca para o Ambiente, James Connaughton, defendeu hoje que Portugal deve apostar na energia nuclear, considerando que é um dos países com maiores capacidades para produzir energia totalmente limpa.

(...) De uma forma global, Connaughton defendeu que o nuclear deve ser usado por todos os países que tenham capacidade tecnológica e uma forma de a produzir de um modo seguro.

"A energia nuclear é a única fonte capaz de produzir energia a baixo custo e que consegue sustentar cidades inteiras sem emissões. Não conseguimos fazer progressos ao nível energético e ao nível das alterações climáticas se não usarmos muito mais energia nuclear ao nível global", sustentou.

Os dois responsáveis norte-americanos vão ter hoje encontros em Lisboa com representantes dos Ministérios do Ambiente e da Economia, a quem darão conta da conferência sobre alterações climáticas que a administração Bush está a organizar para os dias 27 e 28 de Setembro. in Jornal de Negócios Sexta, 14 Setembro 2007

A ideia faz muito pouco sentido tal como aparece, sobretudo vinda de onde vem: um governo que nunca ratificou o Protocolo de Quioto, corrupto, criminoso e em fim de mandato. Pode, porém, haver um cenário sinistro por detrás desta iniciativa: envolver Portugal na actual corrida nuclear. Este cenário aparentemente improvável passaria por dotar o nosso país de uma ou duas centrais nucleares, de tecnologia avançada no domínio do enriquecimento de urânio para produção de plutónio militar e... a militarização nuclear dos Açores!

Isto pode muito bem ser o início de uma resposta estratégica ao recuo inevitável dos EUA no Médio Oriente, depois do fiasco do Iraque, da incapacidade crescente de gerir o conflito israelo-árabe, e perante a irresistível influência do eixo Pequim-Moscovo (através da Shanghai Cooperation Organization) em toda a vasta área do que Brzezinsky começou por chamar The Eurasian Balkans (The Grand Chessboard, 1997) e que no seu último livro, The Second Chance (2007), designa por Global Balkans. Já para não falar dos efeitos do desastre iraquiano no reforço do islamismo radical em todo o Norte de África.

Enquanto a Rússia ameaça funcionar como estado tampão entre a Europa Ocidental e a Eurásia, com argumentos tão poderosos como os da sua riqueza energética e os do seu renovado poder militar estratégico, podendo a qualquer momento desencadear uma placagem dramática à evolução prevista da União Europeia, induzindo por aí um regresso catastrófico ao bicefalismo de Versailles, os Estados Unidos de Bush parecem preferir, precisamente, este cenário! Se assim for, faz todo o sentido a iniciativa ecológica caricata do senhor James Connaughton.

Entretanto, José Sócrates anda com os olhos cada vez mais em bico. Não viu o Dalai Lama. Vai à China negociar contentores. Será que entenderá o recado americano? Para onde irá pender, no ping-pong entre Washington e Pequim? Não preside actualmente à União Europeia? Não acha que esta seria uma excelente oportunidade para fazer um pouco de história a sério, em vez de andar pelo país televisivo fora armado em caixeiro-viajante da indústria informática?

A questão energética não é, de facto, o assunto desta inusitada deslocação do protector americano a Lisboa, pelo que não voltarei a deter-me, para já, na questão do nuclear para fins pacíficos. Recomendo, no entanto e a propósito, a leitura integral da resposta dada por John Busby a um recente inquérito público inglês sobre a alternativa nuclear à actual e sobretudo futura crise energética.
Response to the Government's consultative document 'The Future of Nuclear Power'
By John Busby
Sandersresearch
Sep/11/2007

"Ever wondered if the clock was ticking regarding a secure electricity supply? Could new nuclear power stations actually increase carbon emissions? Could the looming shortage of uranium represent the biggest challenge to a nuclear renaissance? These are just a few of the questions answered by John Busby in his response to the Government’s consultative document 'The Future of Nuclear Energy'".

OAM #240 12:57, 14 SET 2007 (UTC)

quinta-feira, setembro 13, 2007

Petroleo 9

Iraque: o colapso da estratégia americana

De cada vez que o Euro sobe, sobe também o petróleo. Os Estados Unidos deixaram de controlar a economia mundial. A Europa tem que agir, para seu próprio bem e em nome de uma nova estabilidade global, ou se não o fizer, os Novos Balcãs --do Canal do Suez à região de Xinjiang (1)-- ficarão sob uma influência Sino-Russa decisiva até ao fim da era petrolífera... ou até que alguma catástrofe bélica mundial baralhe e dê de novo!



"Fifteen years after its coronation as global leader, America is becoming a fearful and lonely democracy in a politically antagonistic world." -- Zbigniew Brzezinski, Second Chance, 2007.

O petróleo está a um passo dos oitenta dólares (2). George Bush, face ao desastre evidente da sua política histérica e agressora, nomeadamente no Iraque, teve de anunciar publicamente uma retirada gradual das tropas destacadas no país que invadiu, ocupou e massacra em nome de um pretexto inexistente --Armas de Destruição Maciça (WMD)-- e de uma retórica fabricada --a cruzada contra o terrorismo. A Rússia acaba de publicitar a sua Dad of All Bombs (em resposta à Mother of all Bombs americana), depois de, em Dezembro de 2006, ter anunciado o novo e muito convincente sistema de mísseis intercontinentais do complexo Topol-M, esclarecendo os Estados Unidos, a Europa, Israel e o Japão que o eixo Moscovo-Pequim (que se vem consolidando rapidamente através do trabalho intenso da Shanghai Cooperation Organization) está cada vez melhor equipado económica, política e militarmente para determinar o destino dos Novos Balcãs (Global Balkans.) Só faltava mesmo que a conspiração jurídico-legal montada para roubar o petróleo iraquiano e curdo antes da retirada das tropas ocupantes, pelo consórcio Bush-Cheney-Blair, fosse finalmente desmascarada e posta em causa. É o que está precisamente a acontecer neste momento, para pânico da Shell, da BP e de outras multinacionais petrolíferas anglo-norte-americanas.
BAGHDAD, Sept. 12 -- A carefully constructed compromise on a draft law governing Iraq's rich oil fields, agreed to in February after months of arduous talks among Iraqi political groups, appears to have collapsed. The apparent breakdown comes just as Congress and the White House are struggling to find evidence that there is progress toward reconciliation and a functioning government here.

The New York Times
Compromise on Oil Law in Iraq Seems to Be Collapsing
By JAMES GLANZ
Published: September 13, 2007

O curioso da notícia do NYT e outros média convencionais, é que ninguém fica a saber que raio de acordos estavam a ser cozinhados entre Bush e os governantes iraquianos de sua confiança. Vale a pena saber o que está realmente em causa...
The NY Times reports that "[a] carefully constructed compromise on a draft law governing Iraq's rich oil fields, agreed to in February after months of arduous talks among Iraqi political groups, appears to have collapsed."

What the Times mentions no where in its report is this: the United States orchestrated the law. According to The (London) Guardian, it would open up the oil fields to foreign corporations -- oil fields which were nationalized (ie, put off-limits to foreigners) in 1972. Moreover, the law would remove contract authority from the the Parliament and place it in the hands of an unelected board consisting of oil industry executives.

About.com
From Kathy Gill,
Your Guide to U.S. Politics: Current Events.
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Published: Thursday September 13, 2007

Para uma percepção mais ampla desta e doutras questões que afectam gravemente a credibilidade dos EUA, vale a pena conhecer um dos últimos trabalhos de Naomi Klein...
In December 2006, the bipartisan Iraq Study Group fronted by James Baker issued its long-awaited report. It called for the US to "assist Iraqi leaders to reorganise the national oil industry as a commercial enterprise" and to "encourage investment in Iraq's oil sector by the international community and by international energy companies."

Most of the Iraq Study Group's recommendations were ignored by the White House, but not this one: the Bush administration immediately pushed ahead by helping to draft a radical new oil law for Iraq, which would allow companies such as Shell and BP to sign 30-year contracts in which they could keep a large share of Iraq's oil profits, amounting to tens or even hundreds of billions of dollars - unheard of in countries with as much easily accessible oil as Iraq, and a sentence to perpetual poverty in a country where 95% of government revenues come from oil. This was a proposal so wildly unpopular that even Bremer had not dared make it in the first year of occupation. Yet it was coming up now, thanks to deepening chaos. Explaining why it was justified for such a large percentage of the profits to leave Iraq, the oil companies cited the security risks. In other words, it was the disaster that made the proposed radical law possible.

Naomi Klein
Shock Doctrine - The Rise of Disaster Capitalism (book) (video)

Para que não se pense que esta é uma visão enviesada e esquerdista, leiam-se dois excelentes livros de Zbigniew Brzezinski: The Grande Chessboard (1997) e Second Chance (2007).


Notas
1 - A obediência do governo português às pressões de Pequim na questão da visita do Dalai Lama a Portugal, não o recebendo como estadista que é, além de líder religioso, mostra bem o peso crescente da diplomacia chinesa em Portugal, na Europa e no mundo. Se formos por este caminho, sem pestanejar perante os valores democráticos que a Europa defende, mau assunto!
2 - O petróleo chegou horas depois deste post aos 80,20 USD, e o Euro aos 1,3927 USD.

OAM #239 12:07, 13 SET 2007 (UTC)

domingo, setembro 09, 2007

Madeleine McCann


Sangue frio!

A trágica telenovela em volta do caso Madeleine não mereceu a atenção deste blog até que a hipótese de homicídio foi publicamente avançada pela polícia. Tudo me parecia demasiado insólito...

Não conseguia uma boa explicação para o circo mediático que foi crescendo em volta da miúda escocesa desaparecida na Praia da Luz. O protagonismo extraordinário dos respectivos pais tornou-se para mim cada vez mais estranho. Em suma, a impertinência dos tablóides britânicos relativamente à polícia portuguesa, vinda de um país que é uma das maiores potências mundiais da pedofilia, e onde não há semana que um crime horrendo não faça as delícias do Daily Mirror, irritou-me ao ponto de preferir aguardar pelos acontecimentos, a contribuir para a histeria em curso.

Por outro lado, assim que as primeiras informações surpreendentes e as primeiras contradições começaram a surgir, fiquei de pé atrás.

A não contratação de baby-sitter, três dias depois de chegar a um país estrangeiro desconhecido, apesar de o serviço estar disponível e terem mais do que disponibilidade financeira para tal (os empregados do Ocean Club estranharam); as declaradas idas da mãe, Kate, ao apartamento, enquanto decorria o jantar do casal McCann e amigos, para certificar-se de que as suas crianças dormiam sem problemas, que afinal não ocorreram (na verdade, parece que os nove amigos ingleses se revezavam nas rondas!); a quantidade excessiva de garrafas de vinho e de cerveja consumidas no dito jantar no restaurante Tapas; os rumores sobre a prática de swinging, ou troca de parceiros entre casais; o completo insucesso das buscas, apesar das extraordinárias recompensas monetárias oferecidas a quem fornecesse informações conducentes ao paradeiro de Madeleine; e mais tarde, as notícias sobre o possível uso/abuso de calmantes para adormecer Madeleine e os dois bébés (Kate, antes ser médica generalista, foi anestesista), por forma a garantir tempos de folga despreocupados aos pais; a que se somaria finalmente a hipótese de ter ocorrido a morte acidental (por overdose?) de Madeleine, causada eventual e inadvertidamente pela mãe, seguida de um complexo e bem disfarçado processo de ocultação (e possível destruição) do cadáver, compuseram, a traços largos, o quadro das minhas interrogações e desconfianças, bem como a intuição de que seria mais provável algo fatal ter sucedido a Madeleine, em vez de um rapto de desfecho incerto, pouco plausível se atendermos à proximidade temporal entre a chegada do casal McCann ao Algarve e o desaparecimento da sua filha.

O mais extraordinário de tudo isto é constatar até onde, aparentemente, o sangue frio do casal e de alguns cúmplices ingleses, conseguiram desviar as atenções do mundo da investigação criminal essencial. Como num exercício de hipnose colectiva, onde não faltaram os apoios e as manobras de diversão mais inverosímeis (sabe-se agora que, sob a batuta de alguns maestros da comunicação e gestão de crises, como Alex Woolfall, o Bell Portinger Group e os oficiosos do governo de Sua Magestade Britânica, Sheree Dodd, Clarence Mitchell e o próprio embaixador inglês no nosso país, John Buck) fomos sendo envolvidos numa história de rapto lancinante, com o grau de insistência e intriga narrativa que só o Tam-tam mediático é capaz de provocar e manter (1). Jogadores de futebol, milionários, o prometido primeiro-ministro inglês Gordon Brown, e até o Papa, se deixaram envolver no drama público arduamente montado e produzido por uma gigantesca cadeia de produção.

A Polícia Judiciária foi fazendo o seu trabalho sob o fogo cruzado da imprensa inglesa (devidamente municiada) e dum sem número de "especialistas" que sempre nascem, como cogumelos, nestas ocasiões. Deveria ter tido, desde o princípio, tradutores oficiais à altura dos acontecimentos, evitando dar o flanco aos que a criticaram de amadorismo. A sua intuição não andou, porém, muito longe da minha, e tiro-lhe o chapéu pelo modo subtil como envolveu a polícia inglesa na delicada tarefa de provar que Madeleine deixara manchas do seu próprio sangue, por exemplo, num automóvel alugado pelo casal semanas depois do desaparecimento da filha!

O Papa, mal soube dos últimos desenvolvimentos do caso, mandou retirar do sítio oficial do Vaticano todas as referências ao seu encontro com o casal. Bryan Adams mandou retirar o video Madeleine McCann in Malta? Bryan Adams Everything I Do do sítio web oficial sobre o desaparecimeto de Madeleine (repare-se no rectângulo negro). O actual ministro dos negócios estrangeiros do Reino Unido, David Miliband, ontem, em Viana do Castelo, em resposta a uma pergunta de um jornalista sobre os novos desenvolvimentos do caso Madeleine, distanciou-se prudentemente do tema, adiantando que a sua resolução competia exclusivamente às autoridades policiais portuguesas. Não demorará muito que a generalidade dos média britânicos iniciem uma vasta manobra de retirada da Praia da Luz. Esperemos, entretanto, que se faça finalmente luz sobre este caso macabro e bem inglês. (actualização: 00:42, 16-07-2007)

Notas
1 - Sobre o profissionalismo da operação McCann, vale a pena ler todos os artigos de que destaco os fragmentos seguintes:

The Scotsman, Fri 18 May 2007
Tireless PR keeps Madeleine in mind
FERGUS SHEPPARD
HER image is everywhere and her story has dominated news headlines since 3 May. On television, print, radio and the web, the hunt for toddler Madeleine McCann has captivated the emotions and interest of millions.

But in a world of 24/7 news coverage, even human trauma needs to be properly organised.

The journalists camped in Praia da Luz and the countless news outlets covering the story in the UK and elsewhere have been on the end of a sophisticated news-management machine designed to ensure that, as days pass with no word of Madeleine's whereabouts, the story does not fade.

(...)

The media handling of the story fell to Alex Woolfall from the Bell Pottinger PR group. Set up by Lord Bell - known as Mrs Thatcher's favourite adman for his work for the Conservatives - one of the services Bell Pottinger offers is "crisis management".

The holiday company Mark Warner - owners of the Ocean Club resort from where the four-year-old was taken - already retains one of Bell Pottinger's companies, Resonate, for ordinary PR. But when the scale of the story became apparent, Mr Woolfall, whose job title is "head of issues and crisis management", was immediately sent to Portugal with a support team.

A Mark Warner company official told The Scotsman: "Alex Woolfall is very experienced and was a fantastic asset to the family. "What Kate and Gerry wanted to do was to get this on the news agenda and make this as big as possible, so that people don't forget."

Mr Woolfall returned to London on Tuesday, and that night the Foreign and Commonwealth Office installed one of its own press officers as the McCann family's official press contact in Praia da Luz.

From The Times
September 8, 2007
How couple helped to build 'brand McCann' into global phenomenon
Skilful media handlers recruited celebrities and world leaders to a campaign driven by parents' acceptance of the press as partners
Dominic Kennedy and David Brown
"Nobody could guess, when the news broke on May 3 that a British child had gone missing, that the riddle would eclipse any crime story of the internet age. What became “brand Madeleine” arose from a combination of brilliant media-handling skills and, for the first time, interactive websites telling editors how much the public craved such a story."

"Fortunately, the Mark Warner organisation that runs the holiday camp where Madeleine disappeared was represented by one of the best PRs in the business.

Alex Woolfall is crisis management head at Bell Pottinger, the public relations outfit headed by the original sultan of spin, Lord Bell. Mr Woolfall’s main clients have included that other global brand Coca-Cola.

For the first fortnight after Madeleine disappeared, he was on the spot in Praia da Luz, acting as gobetween for the family and the growing pack of journalists."

"In an unprecedented move, the Government took over news-handling on behalf of the McCanns. Sheree Dodd, a former Daily Mirror journalist and long-serving senior spokeswoman for the Government, was dispatched to Portugal. The Foreign and Commonwealth Office announced that she was being deployed as "press officer responsible to act as media liaison officer for the McCann family".

After a couple of weeks, she was replaced by an even more prominent political figure. Clarence Mitchell, a former BBC News presenter now working as a senior government spin-doctor, became the voice of the McCanns. He was described formally as providing "consular support in exceptional circumstances". His costs came to just over £6,000, and Ms Dodd's are likely to be similar."

Telegraph.co.uk
Madeleine McCann's parents seek PR figure
By Caroline Gammell in Praia da Luz
Last Updated: 7:56pm BST 13/09/2007
"The publicity surrounding their case has soared since they were officially named as suspects in disappearance of their daughter by Portuguese police and they are thought to have wanted a more heavyweight representative.

Until now they have been relying on the skills of former Liberal Democrat candidate Justine McGuinness, 37, who was appointed to head the find madeleine campaign in June.

She was employed through a headhunter hired by the McCanns but is due to stand down today, a move that had been expected.

The couple are believed to have been in talks with several big name players in the PR industry. They know the furore over their case will not die down until there is an answer to what happened to their daughter.

One of the leading contenders is the former News of the World and Hello! editor Phil Hall who has been in regular contact with the couple since Madeleine disappeared.

Now the head of his own PR firm, Mr Hall is understood to be considering taking over the mantle."

Post scriptum
(10-09-2007) - Como previa, depois de as análises de ADN terem confirmado o trabalho dos Cockers Spaniel ingleses, e depois das declarações do ministro David Miliband, a imprensa inglesa começou a mudar de tom. A polícia inglesa começou entretanto a actuar relativamente à idoneidade do casal McCann para manter os actuais filhos ao seu cuidado. O Reino Unido, que acolhe agora o casal escocês no seu território, não tem outra alternativa que não seja levar este caso até ao fim. O pesadelo dos McCann só agora começou.

Última hora!


11:10, 16-09-2007. Os jornais ingleses (Telegraph, Times, etc.) e portugueses (Expresso, ...) começaram finalmente a revelar quem tem estado por detrás do "êxito" da gigantesca campanha de Relações Públicas e Comunicação que levou os McCann até Gordon Brown e até ao Papa, entre outras celebridades, e sobretudo manteve um carnaval mediático e de merchandizing global durante mais de quatro meses. Os personagens, no que toca ao tam-tam socorrista, ou à máquina de poeiras e fumos (suspense...), desta novela "agata-cristiana" são: Bell Pottinger e Alex Woolfall (uma dupla 5 estrelas de gestão mediática de crises), Sheree Dodd e Clarence Mitchel (ex-jornalistas ao serviço do Governo de Sua Magestade Britânica para apoiar os McCann), John Buck (embaixador do Reino Unido em Portugal) e finalmente Justine McGuiness, porta-voz dos McCann, recentemente despedida, e antiga candidata do Partido Liberal inglês.

As perguntas são imediatas:

1) Porquê tamanha operação mediática e de gestão local dos acontecimentos?
2) Quem pagou, paga ou pagará os elevadíssimos custos do que se afigura claramente ser um serviço comercial?
3) Que motivos levaram o governo britânico e o Senhor Gordon Brown a envolverem-se neste caso de polícia? Fazem-no sempre que desaparece uma criança no Reino Unido?
4) Nesta pessegada onde pára o Senhor Sócrates e a dignidade do Estado português?
5) Que razões levaram à substituição, na semana que agora finda, do inspector da PJ, Olegário de Sousa?
Polícia identifica fios de cabelo de Madeleine em carro.
Estadao.com.br terça-feira, 11 de setembro de 2007, 13:20 | Online

"DNA da amostra encontrada em veículo alugado pelos pais coincide com o da britânica desaparecida

"LISBOA - A Polícia Judicial portuguesa achou grandes quantidades de cabelo de Madeleine McCann no porta-malas de um veículo alugado pelos pais da garota britânica, segundo informou a edição desta terça-feira, 11, do jornal vespertino londrino Evening Standard."

Dois dos vestígios recolhidos pela polícia têm ADN igual ao de Madeleine
10.09.2007 - 20h03 PUBLICO.PT

"Dois dos três vestígios biológicos recolhidos pela polícia no apartamento usado pela família McCann no aldeamento turístico da Praia da Luz e no carro alugado pelo casal 25 dias após o desaparecimento da filha correspondem ao ADN de Madeleine, revelou uma fonte da polícia portuguesa à Sky News."
Procurador admitiu prender Kate McCann
Correio da Manhã, 2007-09-09 13:00

09-09-2007 (13:00) -- "O casal McCann espera clarificar o seu estatuto legal em Portugal nas próximas 48 horas, revelou ontem Clarence Mitchell próximo do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown. Também amigo da família, Clarence Mitchell acrescentou que os McCann "estão em amplo acordo de que devem sair logo que possam". Director da Unidade de Monitorização dos Média no Gabinete Central de Informação, departamento que responde directamente perante o Gabinete do primeiro-ministro, Clarence Mitchell disse que “o casal pretende consultar os seus advogados no Reino Unido, país onde têm também o apoio de familiares e amigos”. Mitchell foi para o Algarve para prestar assessoria aos McCann após o desaparecimento de Madeleine.

Conhecida a reviravolta na investigação, o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, David Miliband, sublinha que “o mais importante é saber o que aconteceu à menina”. “A Justiça portuguesa está a fazer o seu trabalho, num processo independente que respeitamos por inteiro, e os serviços consulares britânicos estão a cumprir a sua obrigação”, acrescentou o responsável pela diplomacia britânica ontem à margem da reunião informal de ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, em Viana do Castelo."
09-09-2007 (12:00). O casal McCann "foge" para o Reino Unido num voo da easyJet, tentando a manobra desesperada de envolver David Miliband, o actual ministro britânico dos negócios estrangeiros, no assunto. Infelizmente para os McCann, Miliband é uma pessoa demasiado inteligente e avisada, para se envolver nesta trapalhada macabra. Tal como o Papa antes dele, Miliband já se demarcou desta história de contornos cada vez mais sórdidos, ontem, em Viana do Castelo, afirmando que este é um caso de polícia, que a polícia (portuguesa) deve resolver.

A Sky News começou entretanto a desculpar-se do carnaval mediático que ajudou activamente a montar em volta do desaparecimento de Madeleine McCann, acusando uma vez mais o sistema judicial e a polícia portugueses de terem mantido até agora uma cortina de silêncio, ou de má comunicação, sobre o caso. A Polícia Judiciária portuguesa está, no entanto, de parabéns, apesar dos muitos escolhos que tiveram pela frente, nomeadamente políticos. Esperemos que a este propósito não venha a existir nenhuma "troca de prisioneiros" entre o governo português e o governo de Sua Magestade, nomeadamente por causa do imbróglio da cimeira Europa-África, que o Reino Unido vem boicotando única e exclusivamente em nome dos seus mesquinhos interesses neo-colonialistas no Zimbabwe (antiga colónia britânica que os ditos "roubaram" a Portugal, intimando este país, com o famoso Ultimato de 1890, a abandonar aquele território situado entre Angola e Moçambique.)

Entretanto vale a pena ler e responder ao inquérito do Telegraph posto a correr às 10h00 desta manhã sobre a precipitada "fuga" dos McCann.
"Has the Madeleine McCann saga put you off visiting Portugal?
Posted at: 10:00

"Kate and Gerry McCann have left Portugal with their two-year-old twins, to 'consider their response' to the allegations against them.

"Despite being declared suspects by the Portuguese police just 48 hours ago, the McCanns caught Sunday's early morning easyjet flight from Faro in the Algarve to East Midlands airport.

"Portuguese police believe traces of Madeleine's blood were found in their hire car vehicle, while other sources claim the DNA sample was too badly contaminated to get a proper match.

"The McCanns plan to approach David Miliband, the Foreign Secretary, and ask him to interve amid fears they are the victims of a 'shocking injustice.' "

ver texto integral in Daily Telegraph



Referências

Sítio oficial sobre o desaparecimeto de Madeleine

Video promocional sobre o desaparecimento de Madeleine

Disappearance of Madeleine McCann - Wikipedia, the free encyclopedia
Nota: depois de consultado o artigo e de algumas tentativas de discussão chego à conclusão que o mesmo está completamente comprometido com a versão do rapto de Madeleine, se opõe a tudo o que contraria esta versão, parecendo-me cada vez mais um artigo capturado por gestores de contra-informação. A lousy article and a complete manipulation!

Fica aqui a minha última tentativa de levar os encobertos editores da história sobre Madeleine na Wikipedia (versão inglesa) de corrigirem a sua entrada viciada sobre o caso Madeleine:
The following sentence is not accurate, in part because it does not give notice to the fact that there has been a prompt cooperation of high-profile media managers in the Madeleine disappearance affair.

This is what Wikipedia wrote:

"The disappearance and its aftermath are notable for the breadth and longevity of the media coverage. This was initially due to the active involvement of the parents in publicising the case and to several awareness-raising campaigns by international celebrities and, latterly, to the interest that arose from the parents being named as suspects."

Well as you can read in the Portuguese weekly magazine Expresso today, 15 September 2007, "The British Government took care, in an unprecedented gesture, of the media management" (of Madeleine's disappearance case.) Accordingly to Expresso, Gerry and Kate McCann got support from Alex Woolfall, a 'crisis management' expert working for Bell Portinger. Woolfall and Portinger, initially working for Mark Warner, Ocean Club owner, were the authors of Madeleine media campaign. Nevertheless this media case went out of proportions only after Sheree Dodd and Clarence Mitchell (working for the British Government) entered the media Merry-go-Round. I am not editor of Madeleine's disappearance case (who is?) but I think that sooner or later you will have to take care of this side of the story in an "objective" account of it. OAM1952 23:34, 15 September 2007 (UTC)


Madeleine McCann - Wikipédia (entrada em Português)
Leiam-se as excelentes reportagens do El País sobre o caso Madeleine, nomeadamente a edição impressa de 08-09-2007 e o El País online.

Telegraph.co.uk
Madeleine McCann

Times Online
September 10, 2007
Madeleine McCann: the key questions
David Brown and Steve Bird examine the puzzles and mysteries at the heart of the four month investigation





OAM #238 09 SET 2007