Os trinta e tal deputados que por sua alta recreação resolveram antecipar o fim-de-semana, já de si prolongado, demonstrando o mais completo desprezo por quem lhes paga os vencimentos, não são a excepção, mas a regra de uma casta de cidadãos que raramente cria riqueza, mas que adora apropriar-se dela.
Está na altura de encolher a Assembleia da República:
menos deputados
diferenciação automática dos níveis de vencimento entre deputados em regime de dedicação exclusiva e deputados em regime de acumulação com outras actividades profissionais e políticas remuneradas
introdução de um sistema de avaliação da produtividade individual dos deputados
gestão rigorosa dos conflitos de interesses
transparência electrónica instantânea de todos os actos legislativos
redução da produção legislativa e maior eficiência na regulamentação das leis
descentralização da produção legislativa através de uma maior autonomia regional e municipal (que deverá chegar até ao nível da Freguesia)
E para já, devemos exigir justificações formais para as faltas dos deputados durante uma votação crucial para o País.
José Sócrates confessou ainda estar cansado de guerras, mas acabou por admitir que com uma maioria absoluta o Partido Socialista não precisa de comprar a paz, contrariamente ao que sucedeu no Governo de Guterres que optou por acabar com os exames no 8ºano de escolaridade. -- in José Sócrates cansado de "guerras", 9-12-2008 (TSF)
Já escrevi o que penso sobre este tema (1).
No essencial, a verdade continua a ser esta: os professores e os sindicatos querem tão só manter o status quo. E o governo, quer poupar dinheiro. Do embate destes dois oportunismos resultou a monumental derrapagem social do sector educativo, cujas consequências podem ainda vir a ser fatais para este governo. Lembre-mo-nos do que aconteceu em Paris quando Sarkozy era ministro da segurança interna, ou do que se está a passar agora mesmo na Grécia. O material necessário para uma combustão social espontânea está aí. Basta lançar-lhe um cigarro distraidamente aceso para cima!
O senhor Sócrates deve demitir a actual ministra, pois já não serve para nada. Mas deve, ao mesmo tempo, dirigir-se directamente ao país sobre este assunto e desafiar a Oposição parlamentar para um consenso razoável e urgente sobre a questão da avaliação. Esta deveria obviamente conduzir o sector a um sistema selectivo de progressão na carreira, na minha opinião, totalmente descentralizado. O director da escola, os conselhos científico e pedagógico, a avaliação entre pares e as associações de pais deveriam ser os principais responsáveis pelas avaliações de competência e de carreira. O ministério deveria ficar fora desta cadeia de decisão!
Mas para que isto funcione, terá que haver liberdade de escolha do estabelecimento de ensino para onde queremos enviar os nossos filhos. E estes também deverão poder tomar parte nas decisões. Deve, por outro lado, manter-se um sistema de classificação dos estabelecimentos de ensino, com consequências práticas no destino das direcções escolares. Onde faltem condições sócio-económicas, o país deve acudir e investir para melhorar. Onde houver facilitismo e oportunismo docentes, a procura diminuirá naturalmente, e abaixo de determinado limiar, os conselhos directivos deveriam cair automaticamente.
Mas este desafio tem que ser feito agora! Para que não passe a oportunidade de uma reforma necessária. E para que o oportunismo sindical deixe de poder comprometer o funcionamento das instituições.
A Oposição deve ser confrontada já!
O PSD e o Bloco têm muito a perder se derem as respostas erradas ao inadiável repto. O PS, por outro lado, terá tudo a ganhar se reorientar a sua estratégia, tendo sobretudo em conta as imposições sociais da recessão em curso (e que não terminará antes de 2010-2011), na direcção de um novo, transparente, simples e equilibrado método de avaliação dos professores. Abandone o oportunismo orçamental! Aproveite a boleia do inevitável aumento temporário do deficit nas contas públicas, usando-a para levar por diante as reformas radicais de que o país precisa para não desaparecer.
O governo que se prepara para hipotecar 13,5% do PIB no salvamento do sistema financeiro, não pode deixar de fazer o essencial para preparar o país, não apenas para lidar com a crise grave que enfrentamos, mas sobretudo para aproveitar da melhor maneira as oportunidades que germinarão no novo ciclo de esperança que se seguir à longa e dura perda de privilégios que nos espera a todos.
A indignação entre os professores foi crescendo devido à complicação escusada dos planos governamentais. E mais ainda por causa da maneira traiçoeira como a actual ministra e secretários tentaram fazer passar uma reforma cujo único fito não declarado é diminuir a factura orçamental a todo o custo. O governo não agiu de boa fé. Em vez de dizer as verdades duras que urge discutir publicamente, andou a jogar ao gato e ao rato com mais de uma centena de milhar de professores!
O sindicato comunista, para não perder o comboio, acabou por encabeçar o movimento, na expectativa de uma oportunidade para "vender a paz" ao governo de José Sócrates. Parece que conseguiu. Mas a que preço?
Pois bem, ao preço de uma paz podre, traduzida no adiamento da necessária responsabilização dos professores deste país pelo esforço fiscal que lhes é dedicado em nome de uma expectativa educativa por cumprir. O corporativismo egoísta triunfou uma vez mais — até ao dia em que os contribuintes resolverem revoltar-se contra uma democracia de burocratas e políticos inimputáveis.
Os trinta e tal deputados que por sua alta recreação resolveram antecipar o fim-de-semana, demonstrando o mais completo desprezo por quem lhes paga os vencimentos, não são a excepção, mas a regra de uma casta de cidadãos que raramente cria riqueza, mas que adora apropriar-se dela.
Post scriptum — Uma leitora atenta, e colaboradora sombra assídua deste blog (MFB), fez-me entretanto chegar notícias de França. Por lá, o sector educativo caminha igualmente para uma sincronização das lutas dos vários actores do sistema, motivada pela mesma ordem de problemas que afecta o caso português. Por sua vez, as mobilizações na Catalunha deverão também estender-se a toda a Espanha à medida que a crise económica fizer sentir os seus efeitos mais dramáticos (falências de empresas e desemprego.) Ou seja, poderemos assistir a uma repetição em larga escala do Maio de 68, desta vez, com uma componente social sobretudo defensiva. A verdade é que o modelo educativo actual deixou de servir a dura realidade que vai ser o reajustamento doloroso das sociedades ocidentais a uma economia pós-consumista, menos liberal e onde a globalização libertina dos mercados financeiros dará inevitavelmente lugar a uma nova ordem do comércio mundial, assente na protecção justa dos mercados e sobretudo numa dispersão internacional mais equilibrada dos rendimentos, quer dizer, menos imperialista. Os Estados Unidos e a Europa vão ter mesmo que aprender a conviver num planeta pós-imperialista! E o senhor José Sócrates, como no início deste artigo sublinhei, que se deixe de triunfalismos apressados e ponha em marcha um plano de transparência democrática para lidar com este explosivo dossier. Não atire beatas ao chão! PERIGO DE INCÊNDIO!!
Appel aux manifestations dans l'Education nationale
NOUVELOBS.COM | 10.12.2008 | 10:16. Enseignants, lycéens et parents d'élèves prévoient des dizaines de rassemblements, d'actions et de défilés dans toute la France contre la réforme de Xavier Darcos. ... A l'origine de cette mobilisation, sans appel à la grève: les principales fédérations de l'Education, des organisations lycéennes et étudiantes les parents de la FCPE, ou encore des mouvements pédagogiques, qui entendent notamment protester contre les suppressions de postes d'enseignants (13.500 prévus en 2009). ...
Les élèves s'opposent notamment à la réforme du lycée voulue pour la rentrée 2009 en seconde par le ministre de l'Education Xavier Darcos, qui prévoit, en moyenne, une baisse du nombre d'heures d'enseignements lors d'une année divisée en deux semestres. Dans un communiqué, l'organisation lycéenne Fidl, qui avait mobilisé vendredi quelques milliers de lycéens à travers la France, annonce qu'elle "appellera à des dates de manifestations nationales en janvier".
Ainda não tomou posse, mas os sinais dados por Barak Obama são claros: não irá permitir que a China, e muito menos a Rússia, explorem para lá dos limites do razoável o actual estado de fraqueza do seu país. A águia americana reduzirá os seus voos altivos, mas não descuidará nenhum dos seus flancos estratégicos. Decidiu finalmente cuidar das feridas. Mas decidiu também que não perderá protagonismo, nem deixará de marcar pela positiva algumas das agendas mundiais mais importantes.
O discurso dirigido este Sábado pelo presidente eleito dos Estados Unidos ao seu país e ao mundo, via YouTube, é um desses documentos preciosos da futura história política do século 21 e da resposta dada aos tremendos desafios com que se deparou e afligiu.
Na substância, o anúncio de Obama irá comprometer a mais diversificada, trabalhadora e criativa nação do planeta no inimaginável esforço de recuperar a economia real dos Estados Unidos ao longo dos próximos quatro anos.
As três prioridades não negociáveis do seu discurso —
eficiência energética,
educação tecnologicamente avançada,
e renovação das infraestruturas degradadas (a começar pelas escolas e estradas municipais)
— irão abrandar fortemente a suicida exportação de recursos financeiros e conhecimento para fora do país, posta em prática desde a década de 1970, em nome de uma produtividade ilusória, cujos efeitos acumulados acabariam por dar no desastre actual.
Uma mais apertada regulação dos mercados e instituições financeiras é praticamente inevitável para atingir o desiderato definido por Obama. Do controlo mais apertado destas porcas do sistema, advirá uma segunda consequência, que ainda ninguém quer discutir, mas que a seu tempo abrirá os telejornais e as cachas da nossa desmiolada "comunicação social". Refiro-me à necessidade de redesenhar os equilíbrios (ou melhor, desequilíbrios) do comércio mundial. A OMC (ou WTO) irá sofrer uma reforma inevitável. A globalização, em suma, será objecto de ajustamentos dramáticos, tendo em vista, por um lado, acomodar os impactos na economia mundial de potências emergentes onde não predominam propriamente regras de transparência e accountability, e por outro, alterar radicalmente a perspectiva neocolonialista e imperialista que tem orientado a imposição dos termos de troca à escala planetária por parte dos países industrializados do G7.
No século 15, portugueses e castelhanos negociaram um célebre Tratado de Tordesilhas para evitarem disputas desnecessárias, e sobretudo ruinosas, entre os dois países. Era o início das grandes descobertas que levariam ao mapeamento integral do mundo. Foi o tempo da novidade e da disponibilidade absoluta do Outro. Camões eternizou o momento nos Lusíadas, ao pintar a Ilha dos Amores com estas cores:
«Sigamos estas Deusas e vejamos Se fantásticas são, se verdadeiras.» Isto dito, veloces mais que gamos, Se lançam a correr pelas ribeiras. Fugindo as Ninfas vão por entre os ramos, Mas, mais industriosas que ligeiras, Pouco e pouco, sorrindo e gritos dando, Se deixam ir dos galgos alcançando.
Os tempos de hoje são infelizmente muito diferentes. São tempos de desgaste, escassez, poluição, ganância sem regra e assimetrias extremas. E os protagonistas de uma nova partilha da Terra, certamente mais do que dois!
Ainda que possamos imaginar uma grande metade Ocidental, e outra Oriental, a verdade é que boa parte dos recursos naturais e tecnológicos se conservam na metade Ocidental do planeta (no continente americano, em África e na Europa). O Atlântico, o Mediterrâneo, os mares interiores da Europa e a Passagem do Noroeste alinham-se sob uma única e vasta aliança potencial. Não tardará muito que a China acabe por empurrar a Rússia para os braços da Europa Ocidental. Mas há uma realidade dramática de que não podemos fugir: 60% da população mundial vive na Ásia! E boa parte das reservas petrolíferas mundiais situam-se nas juntas entre a Ásia, a Europa e África, isto é, no explosivo Médio Oriente, onde o conflito Israel-Árabe vem desempenhando desde 1917 (Balfour Declaration) a função de uma verdadeira válvula de escape das tensões geo-estratégicas que se jogaram ao longo de todo o século 20 em volta das principais reservas mundiais de petróleo.
A haver uma nova Tordesilhas, que a sobrevivência dos Estados Unidos e da Europa a prazo exige, será seguramente um bordado bem mais complexo que a linha situada algures a 370 léguas do arquipélago de Cabo Verde. Mas duma coisa estou certo: o discurso de Obama emitido pelo YouTube este Sábado, que não entusiasmará Wall Street, vai abrir a discussão sobre o futuro imediato da globalização.
No que toca à União Europeia, que pelos vistos continua a navegar nos mares alterados do mais imbecil oportunismo, poucas alternativas haverá que não passem por ouvir e seguir Obama. O novo senhor da América tem uma visão amadurecida dos problemas, e sobretudo das soluções. Por outro lado, a sua campanha presidencial fez emergir de forma definitiva a Internet (ver o canal Change.gov) como meio insubstituível da interacção democrática na era pós televisiva. Se mantiver o rumo até agora traçado —eficiência energética, educação avançada, e renovação das infraestruturas— , a Europa não poderá se não segui-lo. Mudando o que há mudar, claro!
PS: O Blogger acaba de implementar um widget (no canto superior direito deste blogue), chamado Seguidores, o qual dá visibilidade aos meus leitores frequentes. Para fazer parte deste mini clube de fãs é no entanto necessário abrir uma conta no Gmail. A decisão é vossa. Bem-vindos ;-)
Dias Loureiro e Jorge Coelho accionistas de gestora de um fundo financiado por fraude ao IVA
05.12.2008 - 20h43 (Público) Manuel José Dias Loureiro e Jorge Coelho são accionistas da Valor Alternativo, uma sociedade anónima gestora que administra e representa o Fundo de Investimento Imobiliário Valor Alcântara, que foi constituído com imóveis adquiridos com o produto de reembolsos ilícitos de IVA, no montante de 4,5 milhões de euros. A Valor Alternativo e o Fundo Valor Alcântara têm a mesma sede social, em Miraflores, Algés, e os bens deste último já foram apreendidos à ordem de um inquérito em que a Polícia Judiciária e a administração fiscal investigam uma fraude fiscal superior a cem milhões de euros. ...
Dias Loureiro, actual Conselheiro de Estado e ex-administrador de empresas no grupo Banco Português de Negócios, possui 30,5 por cento do capital da sociedade, através da DL Gestão e Consultores e Jorge Coelho, ex-dirigente do PS e ex-ministro, detém 7,5 por cento através da Congetmark. O accionista maioritário da Valor Alternativo é Rui Vilas, com 62 por cento. Vilas trabalhou na Fincor, a corretora que criou o Banco Insular em Cabo Verde e que foi comprada no início da década pelo Banco Português de Negócios.
Contactado pelo PÚBLICO, Jorge Coelho afirma que aquela é uma “mera participação financeira”, desconhecendo tudo o que acontece na empresa. O contacto com Dias Loureiro não foi possível, até ao momento. Entretanto, a sociedade gestora enviou ao PÚBLICO um comunicado onde descreve os passos judiciais deste caso.
Zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades. Mais um provérbio adequado ao tempo que passa. No fundo, é uma geração pronta para um reforma antecipada, dando lugar a outra. A euforia do Bloco Central acabou. O país está criticamente endividado. Os políticos comportam-se como inimputáveis. Resta, pois, o espectáculo fratricida proporcionado por uma certa geração de ricos e poderosos. Mas como sempre ocorre, a queda de uns é a oportunidade esperada de outros. Neste caso, de uma geração mais nova de empresários, igualmente ambiciosa, mas porventura mais sofisticada e melhor preparada em matéria de cultura e ética empresariais.
Alguém perguntava, num telejornal de ontem, que raio de Fabianismo levaria a Mota-Engil a perder dinheiro nas minas de Aljustrel, cuja exploração fora interrompida na sequência da queda brutal dos preços das matérias primas? O fiasco era por demais evidente e revelava de forma dramática a imprevidência e ligeireza do actual governo. Era pois preciso fazer alguma coisa, e depressa. O bombeiro da Mota-Engil fez então a sua aparição. É caso para dizer: amor com amor se paga! Não se esqueçam do Jorge! O Natal está à porta!
BC europeu corta juros pelo terceiro mês consecutivo
2008-12-04 (BBC Brasil) O Banco Central Europeu (BCE) anunciou nesta quinta-feira um corte recorde na taxa básica de juros de 3,25% para 2,5% nos 15 países que usam o euro como moeda oficial. A redução foi a maior nos dez anos de história do Banco Central Europeu.
Sampaio e Mello : "Demiti-me por dificuldades internas do PSD"
"Tenho muita pena de deixar este trabalho a meio e fui fazendo diligências para ultrapassar alguns problemas mas não é fácil transformar culturas e instituições", argumenta o professor, que tem no currículo uma colaboração com a equipa que preparou propostas económicas para a campanha presidencial de Barak Obama nos EUA e que reconhece haver em Portugal uma cultura muito diferente.
Afirmando "ter um enorme apreço pela honestidade da dr.ª Manuela Ferreira Leite", António Sampaio e Mello diz que é "fundamental a oposição em Portugal conseguir, de forma fundamentada, desenvolver um trabalho alternativo" ao do Governo. Mas reconhece que, apesar de ter trabalhado "com pessoas fantásticas" encontrou pela frente, no PSD, "dificuldades" que tornaram impossível o trabalho "de exigência" que se propunha fazer.
Enquanto a recessão e a deflação se instalam a grande velocidade na Europa, o ano 2009 apresenta-se com cores cada vez mais sombrias para todos, excepto para os especuladores profissionais.
De momento, como tenho vindo a repetir, os juros do BCE caminham para zero, na esperança de que a inflação monetária empurre de novo as pessoas para o consumo, ao mesmo tempo que reduz a cinzas as poupanças de quem trabalhou e guardou para a velhice e para ajudar os seus.
Sucede, porém, que o dinheiro demasiado fácil (e sobretudo virtual) injectado pelos governos e bancos centrais, isto é, pelos contribuintes, no sistema financeiro, desaparece num ápice assim que lá chega. Vai, na sua maioria, parar aos 58 paraísos fiscais recenseados, a que nenhum governo se atreve declarar guerra. Barak Obama chegou a falar do tema, mas alguém lhe disse para meter imediatamente a viola no saco!
O buraco negro formado pelo mercado de Derivados, que concentra no seu interior 80% de toda a liquidez existente, e exige que as dívidas e apostas perdidas sejam pagas, já levou os Estados Unidos a comprometerem mais de 50% do respectivo PIB —leram bem, mais de metade de $13,78 biliões de dólares, ou seja, $7.760.000.000.000 (1)— na tentativa desesperada de salvar o sistema financeiro e a economia americanas de um completo colapso e falência. Os espectros do Zimbabué e da Islândia não andam assim tão longe de Wall Street. Entre outras causas, porque as saídas tradicionais para estes apertos —resultantes da ganância e leviandade extremas do Capitalismo decadente das democracias ocidentais— estão semifechadas. E forçar tais saídas, como sempre se fez, i.e. à bomba, teria como consequência inevitável uma proliferação incontrolável de grandes conflitos bélicos, da qual o arrogante Ocidente não se sairia tão bem como das outras vezes.
A fase deflacionária em curso dificilmente arrancará as endividadas economias europeias e americanas das trajectórias que já levam em direcção à falência e estagnação. O que poderemos ver lá para 2010, ou mesmo antes, é a inversão do actual ciclo deflacionário na direcção de um inesperado e súbito ciclo marcado pela hiperinflação. Se os Estados Unidos e a Europa continuarem a injectar rios de dinheiro falso nos mercados mundiais, uma possível consequência desta nova leva de expropriação da riqueza e poupança dos Segundo e Terceiro Mundos será a emergência de moedas regionais fortes na Ásia, no Médio Oriente e mesmo na América do Sul. A economia real está farta de receber papel mal impresso, pelo seu petróleo, pelo seu arroz, e pelos seus computadores. Ou seja, a maior ameaça ao perigoso jogo encetado pelas democracias ocidentais decorre duma mais do que provável interrupção ou abrandamento sério do comércio global. Se a tendência já exibida pelo Baltic Dry Index se prolongar por todo o ano de 2009, então teremos hiperinflação nos Estados Unidos e na Europa! O mercado acabará por ficar encharcado de liquidez, mas com pouco para vender ou comprar.
A ideia peregrina do papagaio Sócrates, segundo a qual o senhor Trichet acaba de dar carta branca à maioria socialista e a todos nós para que nos endividemos ainda mais, desta vez em nome do emprego e da necessidade de salvar bancos e multinacionais, é na realidade um boomerang muito perigoso. Quando este regressar da fantasia deflacionária e das taxas de juro negativas, mostrando as mandíbulas aterradoras da hiperinflação, será tarde demais para quem tiver acompanhado alegremente a irresponsabilidade da tríade de Macau. A prioridade máxima de cada um de nós é uma e uma só: LIVRARMO-NOS DAS DÍVIDAS quanto antes!
Cavaco Silva precisaria, nestas circunstâncias sinistras, de ter as mãos livres para agir. Só que os astros não lhe sorriem desta vez. A procissão fúnebre do Cavaquistão começou e é feia (2). Há, no entanto, um provérbio para cada situação. Neste caso, o mais apropriado é este: Em tempo de guerra não se limpam armas! Isto é, Cavaco tem três meses para libertar-se de quem se corrompeu à sua sombra, sem apelo nem agravo. Sacuda pois, Senhor Presidente, o abraço das lapas que desesperadamente se agarram ao seu braço. Ou assistirá a uma fuga sem precedentes dos intelectuais sérios do PSD para outras bandas, sejam eles economistas internacionalmente prestigiados, como António Sampaio e Mello, ou intelectuais políticos de gema, como Pacheco Pereira. Parece pouco, mas não é. Sem eles, V. Ex.ª afundar-se-à a pique num instante.
NOTAS
U.S. Pledges Top $7.7 Trillion to Ease Frozen Credit
By Mark Pittman and Bob Ivry
Nov. 24 (Bloomberg) -- The U.S. government is prepared to provide more than $7.76 trillion on behalf of American taxpayers after guaranteeing $306 billion of Citigroup Inc. debt yesterday. The pledges, amounting to half the value of everything produced in the nation last year, are intended to rescue the financial system after the credit markets seized up 15 months ago.
The unprecedented pledge of funds includes $3.18 trillion already tapped by financial institutions in the biggest response to an economic emergency since the New Deal of the 1930s, according to data compiled by Bloomberg. The commitment dwarfs the plan approved by lawmakers, the Treasury Department’s $700 billion Troubled Asset Relief Program. Federal Reserve lending last week was 1,900 times the weekly average for the three years before the crisis.
Outro dado revelador da situação americana é o crescimento imparável e empinado (ver gráficos) da sua dívida pública, que ultrapassa já os 10,66 biliões de dólares.
Fui há duas semanas a Mafra visitar uma vez mais o belíssimo Jardim do Cerco, junto ao Convento onde vivi quatro anos inesquecíveis (1960-1964), e à Tapada onde pude explorar, como poucos, grandes espaços de liberdade e aventura. Depois do almoço fui visitar a vila, que entretanto crescera a um ritmo vertiginoso. Vieram-me as lágrimas aos olhos à medida que me deparava com a bestialidade imobiliária que praticamente assassinou um dos mais notáveis ícones do antigo império português. Ninguém cuidou de estabelecer um rígido cordão sanitário à volta do convento e da tapada, nem muito menos se lembrou de fazer um concurso mundial de desenho urbano e paisagístico para actualizar os planos municipais existentes, que em toda a sua prudência foram incapazes de resistir por si sós à voragem "democrática" de um regime autárquico entregue à especulação imobiliária mais sôfrega, à ignorância e cupidez crescentes dos eleitos, e à corrupção mais boçal. Dei-me então conta até que ponto aquele desastre urbano, que nenhum terramoto, nem guerra, conseguira, era o espelho mais brutal do Cavaquistão. Como foi possível? Como deixámos escavacar o país até este ponto? É claro que o homem que hoje habita em Belém não fez aquilo. É claro que todos acreditamos que não deve nada a ninguém, nem cedeu a tentações. Só que isto não chega, e talvez nem seja o essencial. O que Aníbal Cavaco Silva deixou os seus amigos e correlegionários fazer —espatifar meio país—, o que agora aparece em carne viva, na sequência da derrocada do nosso sistema financeiro, foi bem pior!
A primeira opinião de Teixeira dos Santos e a primeira opinião de Victor Constâncio sobre o risco de deixar falir a gestora de fortunas e especuladora financeira BPP confluíram para a tese de que não viria daí mal ao mundo, nem sobretudo nenhum risco sistémico para a "saudável" banca portuguesa. O pedido de 750 milhões de euros difundidos pelo Banco Privado seria, por causa desta confluência, liminarmente recusado. E no entanto, bastou uma reunião de emergência dos principais accionistas do BPP —onde pontificaram nomes como os de Francisco Pinto Balsemão (presidente do Conselho Consultivo), João Vaz Guedes (vice presidente do Conselho Consultivo), Stefano Saviotti (vice presidente), José Miguel Júdice (presidente da Assembleia Geral), entre outros— para que Governo e Banco de Portugal dessem o dito por não dito, lançando-se numa corrida aventureira e ilegal para salvar o mais notório exemplar de shadow banking (1) à portuguesa. Que se terá passado? Que terão ouvido os "socialistas" que tanto os assustou?
Os nossos obscuros economistas e analistas de serviço, mais a generalidade dos telejornais, vêm proclamando desde o Verão de 2007 que a banca portuguesa não só é uma das mais modernas do mundo, como teria colocado todos os preservativos para evitar o fatal Subprime e Derivados tóxicos semelhantes. Começamos a saber agora que não era verdade. A banca portuguesa está falida, como tenho vindo a alertar há mais de um ano. O desastre começou no Millennium BCP, continuou pelo BPN e acaba de estilhaçar a especialista lusitana em Derivados — a muito chic gestora de fortunas, João Rendeiro e C.ª. O problema é que a coisa não vai ficar por aqui!
Pensem apenas nestes números:
Operação de salvamento do Banco Privado: 450 M€
Caixa Geral de Depósitos: 120 M€
Millennium BCP: 120 M€
BES: 80 M€
Banco Santander-Totta: 60M€
BPI: 50M€
Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo: 20 M€
Avales da República ao sector financeiro (estimativas avançadas pelos OCS):
CGD: 2000 M€
BES: 1500 M€
BCP: 1000 a 5000 M€
BPI: 2000 M€
Santander-Totta: ?
Ou muito me engano, ou os mosqueteiros que decidiram subitamente salvar o BPP encontraram uma boa cobertura (e certamente um grande empurrão!) para recorrer rapidamente ao aval previsto no Orçamento de Estado. Fazem figura de banqueiros bons, quando na realidade estão a matar dois coelhos com uma cajadada: emprestam ao BPP para que este lhes pague os créditos actualmente mal parados e, sem que ninguém repare, obtêm uma autorização da República para se endividarem à grande, em troca de activos contaminados cujo valor não pára de decrescer. Teria sido uma jogada de mestre se todos se calassem (algo cada vez mais difícil no estado em que estamos). As denúncias de Francisco Louçã (BE) e de Paulo Rangel (PSD) prenunciam, pelo contrário, dias difíceis para o pior ministro europeu das finanças, bem como para os reguladores virtuais e cada vez mais nervosos do sector financeiro português. Ao que parece, até o Procurador-Geral da República anda com tonturas!
Mas volto à pergunta inicial: o que é que eles (os governantes) viram, ouviram e souberam da boca, por exemplo, do dono da Impresa, que lhes tirasse o sono, forçando-os a dar o dito por não dito e a lançar-se numa operação de resgate ruinosa e endossada à carteira vazia do contribuinte?
Eu só consigo imaginar uma hipótese: a da existência de muitos milhões de euros oriundos da Caixa Geral de Depósitos e do Fundo de Pensões da Segurança Social entalados na panóplia de produtos financeiros especulativos viabilizados através do BPP, do BCP, do BPN e do BES, entre outros. Se, como é previsível, Pinto Balsemão foi informado sobre coisas parecidas com as que eu estou a supor, podemos adivinhar o seu imenso poder negocial nas difíceis circunstâncias que certamente correm contra a sobrevivência do Banco Privado.
O grupo Impresa, como a generalidade das empresas de comunicação e média, ou estão mal e vão piorar, ou estão assim assim e vão entrar em grandes dificuldades nos próximos dois anos. Não são só as transportadoras aéreas que se vão fundir. É bem provável que a TVI engula um dia destes a SIC! Mas antes que isto aconteça, é mais do que natural e humano que o fundador do Expresso não desista e use de todo o seu poder de destruição mediática para segurar o seu grande sonho.
O Sócrates do PSD (Pedro Passos Coelho) transmitiu recentemente (à TSF) um preocupante recado dos bonecreiros que o animam (Ângelo Correia, Miguel Relvas, etc.): os 20 mil milhões prometidos pela maioria PS não chegam; precisam-se, pelo menos, 30 mil milhões de euros!
O buraco negro dos Derivados não se contenta com os bancos e as gestoras de fortunas. Enquanto mastiga estas iguarias, o seu magnete destruidor começará em breve a sugar gabinetes de consultoria e o resto da economia real. Os ingleses, por exemplo (2), continuam a pagar dívidas da Primeira Guerra Mundial. Portugal não terá a mesma sorte macabra, pela simples razão de que não tem força nem alianças para tal.
E assim sendo, a única coisa decente a fazer é exigir o rápido esclarecimento sobre o efectivo grau de contaminação das nossas finanças, da nossa economia, e das poupanças de cada um, pelo endividamento em cascata resultante das apostas no maior esquema Ponzi de sempre. O saudável e moderníssimo sistema financeiro português deve-nos explicações.
NOTAS
Beware our shadow banking system We have a secret banking system built on derivatives and untouched by regulation, says Pimco's Bill Gross. Here's how to protect your pocketbook. By Bill Gross, founder and chief investment officer of Pimco November 28 2007: 10:58 AM EST (CNN Money)
(Fortune Magazine) -- The tangled web of subprimes has claimed more than its share of victims in recent months: homeowners by the hundreds of thousands, to be sure, but also those who created, packaged, insured, distributed, and ultimately bought what should have been labeled "junk mortgages" but which by a masterstroke of marketing genius received a more respectable imprimatur.
"Skim milk masquerades as cream," warned Gilbert and Sullivan over a century ago, and sure enough, today's subprimes, packaged into financial conduits with monikers such as SIVs and CDOs, pretended to be AAA-rated cubes of butter.
Financial institutions fell for the ruse, and now we all suffer the consequences. Defaults are rising, the dollar's sinking, and -- good Lord! -- even Google's (Charts, Fortune 500) stock price is going down. Something must really be wrong.
Hedge Fund Manager Hendry Bets on Deflation With U.K. War Loans
By Tom Cahill
Dec. 1 (Bloomberg) -- Hugh Hendry, who oversees about $500 million as co-founder of Eclectica Asset Management in London, said he’s buying World War I debt on the bet the U.K. is due for its worst round of deflation since the Great Depression.
The gilts, known as perpetuals because they have no maturity date, have a coupon of 3.5 percent compared with the U.K.’s 4.5 percent inflation rate. Investors hold about 1.9 billion pounds ($2.9 billion) of the securities that still pay interest 90 years after the end of the Great War, according to the U.K.’s Debt Management Office.
“If you have a deflationary shock, the only instrument that will perform will be government debt,” said Hendry, 39, whose Eclectica Fund returned 38 percent this year, putting it in the top 1 percent of 1,817 funds tracked by Bloomberg. “Inflation is going to be back some day. But forget the next 12 years; it’s the next 12 months that matter.”
Estação CF de Mumbai depois do ataque 26 de Novembro. Foto original (alterada): REUTERS/Stringer (India).
Dividir para reinar
"Pakistan is publicly complaining about U.S. air strikes. But the country's new chief of intelligence, Lt. Gen. Ahmed Shuja Pasha, visited Washington last week for talks with America's top military and spy chiefs, and everyone seemed to come away smiling." (David Ignatieff, A Quiet Deal With Pakistan, Washington Post, November 4, 2008).
Eu estou convencido que o ataque terrorista à antiga cidade de Bombaim (Mumbai, desde 1995) foi, como muitos outros, uma operação especial típica das várias guerras assimétricas actualmente em curso, orquestrada pelos serviços secretos paquistaneses, que não obedecem ao governo recentemente eleito, mas há muito colaboram com os serviços secretos americanos e ingleses. A ser verdade esta minha suposição fundamentada (1), fica revelado até onde pode ir a hipocrisia e o fanatismo de alguns Estados aparentemente acima de toda a suspeita. A grande estratégia ocidental, protagonizada pelos Estados Unidos, Reino Unido e Israel, é muito simples: garantir o domínio das principais fontes de petróleo e gás natural do planeta e impedir que outros ocupem o seu lugar.
Para se atingir este objectivo numa época em que as relações de forças entre os países iniciaram uma clara deslocação tectónica em direcção ao Oriente, é fundamental atingir dois outros desideratos estratégicos: bloquear a Rússia (obrigando-a a decidir-se por um dos seus dois aliados potenciais: a Europa, ou a China) e cercar a China. A desestabilização do Tibete, da Índia, do Paquistão, do Afeganistão , do Irão e do Iraque faz parte deste estratégia de sobrevivência da supremacia Ocidental. E a velha e eficaz maneira de dominar é dividir.
Com o actual Papa e a futura Secretária de Estado de Barak Obama, Hillary Clinton, que acaba de ser confirmada no cargo (BBC), vamos ter pela frente um duelo certamente cruento entre a linha dura muçulmana e a linha dura cristã. O perigo de uma fuga em frente na direcção de uma guerra em larga escala contra o Islão, nunca esteve tão perto de acontecer.
Ao longo da história dos povos poderosos mas falidos, sempre foi uma maneira de resolver os problemas.
NOTAS
India's 9/11. Who was Behind the Mumbai Attacks? Washington is Fostering Political Divisions between India and Pakistan
by Michel Chossudovsky
The Timing of the Mumbai Attacks
The US air strikes on the Tribal Areas resulting in countless civilians deaths have created a wave of anti-US sentiment throughout Pakistan. At the same token, this anti-American sentiment has also served, in the months preceding the Mumbai attacks, to promote a renewed atmosphere of cooperation between India and Pakistan.
While US-Pakistan relations are at an all time low, there were significant efforts, in recent months, by the Islamabad and Delhi governments to foster bilateral relations.
Barely a week prior to the attacks, Pakistan president Asif Ali Zardari "urged opening the Kashmir issue to public debate in India and Pakistan and letting the people decide the future of IHK."
He also called for "taking bilateral relations to a new level" as well as forging an economic union between the two countries. Divide and Rule
What interests are served by these attacks?
Washington is intent on using the Mumbai attacks to:
1) Foster divisions between Pakistan and India and shunt the process of bilateral cooperation and trade between the two countries;
2) Promote internal social, ethnic and sectarian divisions in both India and Pakistan;
3) Justify US military actions inside Pakistan including the killing of civilians in violation of the country's territorial sovereignty;
4) Provide a justification for extending the US led "war on terrorism" into the Indian sub-continent and South East Asia.
In 2006, the Pentagon had warned that "another [major 9/11 type terrorist] attack could create both a justification and an opportunity that is lacking today to retaliate against some known targets" (Statement by Pentagon official, leaked to the Washington Post, 23 April 2006). In the current context, the Mumbai attacks are considered "a justification" to go after "known targets" in the tribal areas of North Western Pakistan. ...
What has added potency to the latest charges against Islamabad is the Bush administration's own assessment - leaked to the US media - that Pakistan's intelligence agency ISI was linked to the bombing of the Indian Embassy in Kabul some weeks back that killed nearly 60 people including a much-admired Indian diplomat and a respected senior defense official. (Times of India, November 27, 2008) ...
Bali 2002 versus Mumbai 2008
The Mumbai terrorist attacks bear certain similarities to the 2002 Bali attacks. In both cases, Western tourists were targets. The tourist resort of Kuta on the island of Bali, Indonesia, was the object of two separate attacks, which targeted mainly Australian tourists. (Ibid) ...
A November 2002 report emanating from Indonesia’s top brass, pointed to the involvement of both the head of Indonesian intelligence General A. M. Hendropriyono as well as the CIA. ...
With regard to the Bali 2002 bombings, the statements of two former presidents of Indonesia were casually dismissed in the trial procedures, both of which pointed to complicity of the Indonesian military and police. In 2002, president Megawati Sukarnoputri, accused the US of involvement in the attacks. — in Global Research.