segunda-feira, junho 08, 2009

Portugal 107

A vitória do voto inteligente

O Bloco Central da ganância, dos interesses, da incompetência, da chulice e da corrupção começou a ruir nestas eleições europeias. O temível papão da "ingovernabilidade" agitado pelos opinocratas de serviço à nossa indolente democracia não é mais do que o feliz anúncio do possível fim de três décadas de democracia endogâmica e subdesenvolvida.

Em termos globais, todos os grupos partidários candidatos ao parlamento europeu (ver quadros) à excepção dos Verdes e dos micro-partidos (uma míriade de novas propostas) perderam votos. Por sua vez, em Portugal (ver quadros) o padrão partidário começa efectivamente a mudar a partir destas eleições: o Bloco Central desfaz-se, o PCP perdeu a terceira posição que detinha no espectro parlamentar, o Bloco de Esquerda substitui-o na posição de terceira força eleitoral do país, o CDS-PP tem uma recuperação notável e, tal como sucedeu no resto da Europa, os micro-partidos arrecadaram em conjunto uma apreciável votação: 12,2% no território europeu; 11,98% em Portugal (1). Os novos partidos estão a caminho!

Em termos simples, a principal conclusão a retirar destas eleições é esta: a cidadania europeia procura e quer alternativas justas, credíveis e viáveis ao pântano neoliberal que mergulhou a economia e as sociedades europeias num deserto de areias movediças sem fim à vista. Os partidos socialistas de Portugal, Espanha e Reino Unido sofreram todos derrotas humilhantes, por um e claro motivo: a traição neoliberal indecorosa às suas próprias ideologias e programas, em nome da avidez, da cupidez, do oportunismo pessoal e dos interesses mafiosos que se apoderaram destes partidos. Chegou a hora de correr sem cerimónias com esta canalha e restaurar a identidade da social-democracia socialista europeia.

As vitórias saborosas do PSD e do CDS-PP devem-se em grande medida aos protagonistas Paulo Rangel e Nuno Melo. Ou seja, é preciso renovar a classe política! A síndroma salazarista que pariu uma gerontocracia vazia de ideias, mas agarrada ao poder, nos partidos políticos e nas organizações sindicais, deve ser posta a nu em todo o espectro partidário e por esta via induzir a emergência de caras novas, e sobretudo de novos estilos de fazer política e de comunicar. Paulo Rangel e Nuno Melo revelaram-se dois bons exemplos do político por vir. Tal como estes novos protagonistas, Francisco Louçã tem sabido fazer a diferença. Vamos estar muito atentos ao comportamentos destas novas estrelas do firmamento partidário lusitano, pois da qualidade das suas prestações dependerá certamente a velocidade da renovação do actual espectro partidário.

Quem venceu estas eleições foi de facto um protagonista inesperado, mas que cada vez mais determina a marcha do regime: o voto inteligente. O voto inteligente é um voto táctico com uma intenção estratégica. Dou-vos o meu exemplo: votei no Bloco de Esquerda, quando em circunstâncias diversas teria votado no PS. Voltarei a votar no Bloco nas Legislativas que se aproximam. Mas já no que toca às eleições autárquicas, fiz ultimamente uma mudança de agulha: irei apoiar António Costa contra Santana Lopes. Será um apoio crítico e exigente, mas na verdade é-me intolerável pensar na hipótese do regresso do teddy boy das avenidas ao Largo do Município. Esta acepção do exercício do direito e dever de votar, como um jogo de estratégia, é uma tendência que tem vindo a consolidar-se e que supera em muito o mero "voto útil". Voltaremos ao tema em próximos textos.

O pinóquio que temos como primeiro ministro cerrou os dentes e tocou a reunir o governo. Duvido que surta grande efeito. Espero até que o dito des-governo comece a ruir em breve. Para já, há que travar a fundo a sua alarve subserviência diante dos agarrados à mama dos grandes investimentos (Mota-Engil, Teixeira Duarte, Grupo BES, Soares da Costa, Grupo Lena e quejandos). Chegou o momento de despachar o inenarrável fumador de cachimbo Mário Lino para qualquer lugarejo perdido do Atlas. Chegou o momento de travar o bacoco líder da EDP, António Mexia, da sua criminosa sanha barragista. Chegou o momento de colocar o actual governo, que dura inexplicavelmente para lá do tempo para que foi eleito, em velocidade de gestão.

Post scriptum — depois do PS, o maior derrotado destas eleições foram as vergonhosas empresas de sondagens que temos, a começar pelo canina Eurosondagem. A subserviência oportunista destas empresas de algibeira ficou escancarada. Só falta metê-las nos eixos da probidade profissional, quanto antes! Ou encerrá-las, como o Gago fez às universidades incómodas!!


NOTAS
  1. Os votos nulos e brancos registados nestas eleições em Portugal (6,53%) somados aos 11,98% de votos em micro-partidos — aproximam-se já dos 19% — ou seja, um partido virtual situado na terceira posição do nosso espectro eleitoral! Há por conseguinte muito caminho pela frente na reestruturação do sistema partidário português. Só faltam mesmo protagonistas credíveis.


OAM 589 08-06-2009 10:40 (última actualização: 16:01)

sexta-feira, junho 05, 2009

Portugal 106

Votar contra esta maioria absoluta

A esperada derrota de Sócrates anuncia dois novos líderes promissores nas respectivas áreas ideológicas: Paulo Rangel e Nuno Melo.

Para quem não sabe, eu explico: a reeleição de José Manuel Durão Barroso para o cargo de presidente da Comissão Europeia, e a campanha para levar Tony Blair ao posto de primeiro presidente do Conselho Europeu, fazem parte dum mesmo objectivo: impedir a concentração de poderes no eixo franco-alemão, e prolongar por mais algum tempo o predominância secular das potências atlânticas no seu conjunto.

A China tornou-se este ano o principal parceiro comercial do Brasil, o que, como bem observou o boletim do GEAB de Maio passado (1) na sequência de uma notícia do The Latin Americanist, assinala a deslocação efectiva do centro de gravidade da economia mundial, de Nova Iorque, Londres e Frankfurt para Xangai, Seul e Tóquio. Os grandes parceiros comerciais do Brasil foram sucessivamente Portugal, Inglaterra e Estados Unidos. A chegada da China a idêntico estatuto é um facto histórico que marcará porventura todo o século 21.

Ou seja, o oceano Atlântico é cada vez mais sulcado por aquela que será em breve a maior armada comercial e militar do mundo — a armada chinesa. Tal como os navios portugueses, holandeses, franceses, ingleses e estado-unidenses há muito sulcam os mares da China (alguns dos países, desde o século 15 que por lá andam), o reconstituído poder marítimo chinês, auto limitado desde 1415 (2), colocará ao longo deste século o Atlântico Sul e o Atlântico Norte sob uma pressão económico-diplomática sem precedentes.

Dito doutro modo, nunca como neste século as alianças anglo-portuguesa, luso-americanas e anglo-americana, fizeram tanto sentido. Delas depende em boa parte a acomodação graciosa do Ocidente ao novo Sol Nascente, e ainda a capacidade de lidar pacificamente com o novo Islão, sobretudo se a mole fundamentalista produzir os previsíveis efeitos de unificação estratégica em todo o Médio Oriente.

Por tudo isto, e tendo em conta o bom trabalho realizado até agora pelo ministro dos negócios estrangeiros do governo de José Sócrates, Luís Amado, não devemos confundir a necessidade urgente de substituir o actual primeiro ministro, ou mesmo as vantagens de acabarmos com a actual maioria absoluta do PS socratino, com entregar sem mais o ouro ao outro partido do imprestável Bloco Central.

A situação é complexa e não se compadece com juízos assassinos, nem populistas. Temos que ser mais prudentes nas avaliações políticas. Reafirmo, porém, algumas das convicções que me levaram a recomendar o voto nestas eleições europeias contra o actual PS e sobretudo contra a actual maioria absoluta:
  1. Embora aceite que a tríade de Macau tem uma geo-estratégia globalmente correcta para o país e para a Europa, não aceito de maneira nenhuma o seu indecoroso modus operandi.
  2. Rejeito em absoluto a deriva autoritária, intrusiva e policial da actual maioria socratina, de que as figuras indigentes de Augusto Santos Silva, Rui Pereira, Alberto Costa, José Magalhães e o idiota chapado da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, são exemplo intolerável que urge enviar para o grande caixote do lixo inquisitorial da nossa História.
  3. O Bloco Central é o grande cancro do actual regime, pelo que urge removê-lo e provocar a emergência de novos partidos (3), bem como o crescimento de alguns já existentes, como sejam o Bloco de Esquerda e o PP de Nuno Melo, e ainda a reforma interna do PS e do PSD. A surpresa churchilliana chamada Paulo Rangel é seguramente o facto mais relevante do ano eleitoral que agora começa. Vamos ver como termina....
  4. Recomendo o voto no PSD e no Bloco e Esquerda, para abater de vez a maioria socratina.
  5. A nuvem de novas propostas partidárias parece-me para já pífia, sem imaginação e sem protagonistas convincentes. Precisamos de um verdadeiro boomerang, ou seja de um Partido Pirata!
  6. Vou votar no Bloco de Esquerda, fazendo votos para que os seus principais protagonistas saiam do armário.
  7. Continuo a ser um socialista fora do baralho.


NOTAS
  1. In April 2009, China became Brazil’s leading trade partner, an event which has always announced major changes in global leadership. This is only the second time that this has happened since the UK put an end to three centuries of Portuguese hegemony two hundred years ago. The US then supplanted UK as Brazil’s leading trade partner at the beginning of the 1930s. — in GEAB #35.
  2. Curiosamente o ano da conquista de Ceuta pelos portugueses, anglo-iluminados por Philippa of Lancaster!
  3. Suécia: Partido Pirata tem quase garantido assento no Parlamento Europeu (Público.) E por cá, que falta para criar novos partidos? Criatividade? Coragem?

OAM 588 05-06-2009 12:26

domingo, maio 24, 2009

Portugal 105

Corrija o seu voto!

Depois de interagir com o Eu-Profiler, descobri que continuo a situar-me entre socialistas e algumas novas estirpes de democratas e liberais de esquerda. Não sou populista. Não sou conservador. E sou definitivamente europeísta. Os partidos portugueses de que estou mais próximo são o Partido Socialista (75,5%), o Partido Humanista (72,9%), o Movimento Esperança Portugal (67,1%) e o Movimento Mérito e Sociedade - 50,7%. O Bloco de Esquerda, cujo voto continuo a recomendar, apenas para retirar a maioria absoluta ao PS, não coincide em mais do que 46,3% com as minhas efectivas prioridades políticas.

Mas a descoberta mais surpreendente do perfil obtido depois de percorrer a trintena de perguntas colocadas pelo Eu-Profiler é que os partidos do meu coração não existem ainda em Portugal, mas já mexem e bem noutros países europeus: o Parti Démocratique do Luxemburgo, o Socialdemokratiska arbetarepartiet da Suécia, o Partij van de Arbeid holandês, o Social Democratic and Labour Party da Irlanda do Norte, o Socialdemokraterne da Dinamarca, o Demokratik Sol Parti e o Milliyetçi Hareket Partisi da Turquia. Todos estes partidos, e ainda o Hrvatska socijalno liberalna stranka da Croácia, o Eestimaa Rohelised e o Eestimaa Rahvaliit da Estónia, estão mais próximos do meu pensamento do que qualquer partido português! Façam o teste e surpreendam-se.

Votar é um hábito democrático. E como todos os hábitos tende a sofrer dos males da inércia que afecta tanto os sistemas físicos, como os intelectuais. Um dia votámos no PS, no PSD ou no CDS, e assim ficamos para toda a vida. Errando e dando tiros no pé, por preguiça e inconsciência pura, mas vendo bem, sem desculpa!

Se alguém nos disser, ou descobrirmos subitamente, que o nosso pensamento evoluiu, ou simplesmente mudou, e por conseguinte aquele partido em que nos habituámos a votar já nada tem que ver connosco, ou até contraria os nossos renovados interesses, convicções e desejos, que deveremos fazer? Persistir num hábito que perdeu forma e sentido? Ou experimentar novos caminhos?

Pois bem, a tempo das próximas eleições europeias surgiu uma Aplicação de Aconselhamento Eleitoral — Voting Advice Application (VAA) — desenvolvida por um consórcio independente formado pela Robert Schuman Centre for Advanced Studies (RCAS), integrado no European University Institute (EUI); Kieskompas e NCCR Democracy (University of Zurich/Zentrum für Demokratie Aarau)/Politools network. Chama-se Eu-Profiler. Esta divertida aplicação é seguramente pioneira no caminho que todos começamos a percorrer em direcção às democracias virtuais.

É tempo de corrigir o sentido de voto, e de começarmos a pensar em novos partidos!


OAM 587 24-05-2009 13:50

domingo, maio 17, 2009

Defender o Tejo

Alegre, não penses nas presidenciais, pensa em Portugal!

Querem destruir um rio, e não dizes nada?!


O governo espanhol do cândido Zapatero quer esvaziar de vez o rio Tejo para alimentar campos de golfe e queimar o resto da Andaluzia com agricultura intensiva de regadio, enquanto o nosso indescritível Pinóquio corre quilómetros, para as câmaras de televisão, e distribui portáteis vestidos e baptizados por uma das muitas empresas do bolso sem fundo da tríade de piratas que um dia comeu o PS, e hoje quer engolir Portugal!

Vila Nova da Barquinha, Santarém, 17 Mai (Lusa) - A Rede Cidadã para uma Nova Cultura da Água convidou hoje os portugueses a participarem, dia 20 de Junho, numa manifestação em Talavera de La Reina contra a política de transvases que, alega, está a matar o rio Tejo.

Soledad de La Llama, da Rede Cidadã, participou hoje, em Vila Nova da Barquinha, na iniciativa "Salvar a Terra e a Água", promovida pelo Instituto Democracia Portuguesa (IDP) com o apoio da Fundação D. Manuel II, da COAGRET e da autarquia local, e que contou com a presenças de D. Duarte Nuno e do arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles.

A manifestação que se vai realizar em Talavera de La Reina visa reivindicar "água para o rio Tejo", ou seja, a fixação de caudais e evitar que sejam autorizados novos transvazes e a passagem a escrito das concessões dos transvazes actuais, Tejo-Segura e Tejo-Guadiana, por um período de 75 anos, afirmou Soledad de La Llama.

"Portugal não pode ficar alheio", disse Pedro Couteiro, da Coordenadora de Afectad@s pelas Grandes Barragens e Transvazes (COAGRET), afirmando que está em negociação o aluguer de uma carruagem do Lusitânia, que pára na estação de Talavera, para que os cidadãos das zonas ribeirinhas do Tejo, desde a fronteira até Lisboa, se juntem aos espanhóis neste protesto (www.pornuestrosrios.org).

Soledad de La Llama afirmou que a manifestação visa impedir que a lei que está em preparação no Parlamento espanhol, e que deverá sair em Setembro, ignore a importância do rio para cidades como Talavera e Lisboa e que fixe os caudais do rio.

"O Tejo está a morrer no mediterrâneo espanhol", afirmou, denunciando o facto de 80 por cento do caudal do Tejo estar a ser desviado para as regiões de regadio, que "estão a crescer com uma água que não é sua".

Se se concretizar o novo transvase, o Tejo Médio "morre", advertiu, pedindo a fixação de caudais e que o Tejo "continue a chegar a Portugal e a 'morrer' em Lisboa". — in Expresso (17-05-2009)

Quem especulou no BPP (e os supostos depósitos com retorno garantido não passam disso mesmo — de especulação) não tem que ser ressarcido pelo Estado. Quem roubou no BCP, no BPP e no BPN deve ser julgado e preso se for o caso.

O senhor Alberto Costa, pelo que supostamente tem andado a fazer desde Macau, há muito que merece um bom processo-crime em cima do lombo.

O senhor Cavaco, se não tem coragem para empurrar o senhor Loureiro para os braços da Justiça, que se demita! Pode aliás ter a certeza que o seu dilecto conselheiro de Estado já é, de facto e para todos os efeitos eleitorais futuros, uma corda apertada em volta da sua ambicionada reeleição presidencial.

A vergonhosa propaganda da EDP dirigida pelo petulante Mexia, em volta do programa de construção da dezena de novas barragens em rios portugueses — que para nada servem, a não ser disfarçar a enorme dívida acumulada da principal empresa energética portuguesa, e às escondidas privatizar o acesso à água (Nuno Melo investiga mais este dossier, por favor!) — deve ter uma resposta rápida e inflexível: renacionalizar a EDP e despedir o insolente Mexia!

Finalmente, Manuel Alegre, em vez de jogares ao gato e ao rato com os Portugueses, assume as tuas responsabilidades, que são muitas e devidas, e mostra um cartão vermelho à tríade de piratas que tomou de assalto o teu partido, e defrauda em cada dia que passa, criminosamente, as expectativas de quem acreditou nas virtualidades de uma esquerda moderada para conduzir a nau portuguesa a bom porto. Não penses nas presidenciais, pensa em Portugal!

Post scriptum — O senhor Louçã e o senhor Miguel Portas afirmam, ou dão a entender, que querem governar, ou ajudar a governar, Portugal. Como ainda não desisti da Esquerda, o fiasco Alegre empurra-me inevitavelmente para vós! Votarei pois, se não fizerdes nem disserdes demasiadas asneiras no que resta de ano, no Bloco de Esquerda. Recomendo-vos, entretanto, que leiam o que fui escrevendo desde 2006 neste blogue, pois encontareis seguramente matéria suficiente de reflexão. Coisa para que geralmente os afazeres partidários deixam pouco tempo.


OAM 586 17-05-2009 19:35

segunda-feira, maio 11, 2009

Portugal 104

Prendam-nos a todos!

A Caixa Geral de Depósitos, além de apoiar por debaixo da mesa o BCP e Joe Berardo, entre outros grandes especuladores da nossa praça, está a usar o falido e corrupto BPN para financiar às escondidas as grandes construtoras e cimenteiras deste país (Mota-Engil, Visabeira, Grupo Lena), bem como as empresas públicas do Bloco Central da Corrupção (Parpública, CP, Metro, TAP, etc....), ao mesmo tempo que anda com o presidente da Eclipse Foundation e do falso banco privado português ao colo. É um escândalo! Prendam o Loureiro, prendam o Rendeiro, e ponham a banca em quarentena, quanto antes, antes que seja tarde demais.

Quando ouvimos o Pinóquio, o inenarrável dromedário da Ota, o motorista do BES, o genial criador do aeromoscas de Beja e putativo urbanista do Campo de Tiro de Alcochete, ou ainda o famoso cavador de buracos negros, Basilio Horta, palrarem sobre grandes investimentos e grandes obras, como se não devessem nada a ninguém, e Portugal não estivesse a resvalar rapidamente para um buraco de dívidas sem fundo, apetece-me gritar: ENVIEM ESTES PANTOMIMEIROS PARA O AFEGANISTÃO!

E no que respeita aos padrinhos do Bloco Central da Corrupção, que andam muito agitados ultimamente, talvez fosse bom recolherem as garras estaladiças e os dentes amarelos, por óbvia impossibilidade de escangalharem mais do que já escangalharam o brinquedo da democracia.

Estado não paga às construtoras
por ILÍDIA PINTO (Diário de Notícias)

11-05-2009. O presidente da Federação da Construção Civil e Obras Públicas alerta para os "graves problemas de liquidez" das empresas. Em dívida estão mais de 1,8 mil milhões. Metade é das autarquias, que deviam ter começado a pagar em Março. Mas também não receberam.

As empresas de construção civil e obras públicas continuam à espera que o Governo e as autarquias paguem o que devem. A federação do sector, a Fepicop, assegura que, apesar dos muitos anúncios relativos à regularização de dívidas das administrações Central e Local, os mais de 1850 milhões de euros permanecem por liquidar. Destes, 950 milhões correspondem às facturas das autarquias. O Ministério das Finanças havia anunciado que os primeiros pagamentos ocorreriam durante o primeiro trimestre mas, até agora, Reis Campos, presidente da Fepicop, garante que nada foi pago.

A situação é grave, garante Reis Campos, pois provoca "graves problemas de liquidez" às empresas e torna-se "mais preocupante ainda" porque, com o agravar da conjuntura económico-financeira mundial, estas têm grandes dificuldades nas relações com a Banca. "É que o Estado tem, com as empresas, uma posição completamente unilateral. Não paga o que deve, mas exige os impostos na hora e até às empresas credoras de IVA que prestem garantias bancárias para receberem os reembolsos, esquecendo que os bancos, não só não dão crédito, como querem é receber", critica.

(...)

Banco Privado deve mais de dois mil milhões aos credores (Diário Económico)

11-05-2009, Maria Ana Barroso — Banco de Portugal deve entregar hoje nas Finanças a proposta final para a resolução do problema do BPP. Governo tem cinco dias para responder.

Se for à falência, o Banco Privado Português (BPP) não terá capacidade para fazer face a metade das suas responsabilidades para com os vários credores. A saber: do total de dois mil milhões de euros de dívida (a clientes, trabalhadores, Estado, bancos financiadores, entre outros), o banco só tem mil milhões de euros de activos disponíveis.

Uma realidade descrita no documento com o plano de recuperação e saneamento do BPP, entregue dia 24 de Abril ao Banco de Portugal, a que o Diário Económico teve acesso. "Caso o BPP seja objecto de um processo judicial de insolvência, a venda forçada de activos, implicará um ‘gap' entre activos e passivos de aproximadamente 995 milhões de euros).

Tendo em conta que as dívidas ao BCE, a outras instituições financeiras e ao Tesouro (no âmbito dos 450 milhões de euros de empréstimo concedido em Dezembro) têm subjacentes garantias reais, na sua maioria, ficariam para último na lista, sem garantias de retorno do dinheiro os clientes de retorno absoluto e os clientes com depósitos à ordem e a prazo. O documento fala em 741 milhões de euros ainda a haver, nesta altura, pelos clientes de retorno absoluto e em 418 milhões de euros de depósitos.

Solar
Empresa de energia apadrinhada por Sócrates e Pinho perde certificação (Público)

Construtoras inundam BPN com centenas de pedidos de financiamento nos últimos três meses

08.05.2009 - 19h56 — Público
Por Cristina Ferreira, Ana Brito
Nos últimos três meses o Banco Português de Negócios (BPN) foi inundado de pedidos de financiamento (e algumas propostas de reavaliação de dívidas), por parte de empresas, muitas delas imobiliárias e de construção, ligadas aos grupos Mota Engil, Lena e Visabeira. Estes três grupos têm empréstimos a correr no BPN de 86,5 milhões de euros, 74 milhões de euros e 42 milhões de euros, respectivamente.

Em causa estão centenas de pedidos de financiamento que também envolvem accionistas da SLN (que antes da nacionalização detinha o BPN) e até de entidades públicas, como a Parpública, a CP, o Metro do Porto a Empodef e a SPdH. Mas também de clubes de futebol e de autarquias.


OAM 585 11-05-2009 09:45 (última actualização: 11:26)

sábado, maio 09, 2009

Portugal 103

Colocar a banca na ordem, assegurar Portugal!

Chávez nacionaliza 60 empresas do setor petrolífero

Os processos de nacionalização e controlo nacional dos sectores estratégicos da economia regressaram à ordem do dia. Não voltaremos tão cedo à ideologia das privatizações oportunistas e neoliberais. Isto é verdade para a China, Índia, Rússia, Venezuela, Líbia, Irão, Arábia Saudita, Emiratos Árabes Unidos, Angola..., mas também para a América de Barak Obama!

A emergência de novas formas de proteccionismo é igualmente inevitável.

Em suma, uma nova filosofia de delimitação dos sectores públicos e privados é a mais necessária e urgente das decisões a tomar em boa parte dos países ocidentais.

Se se estudar com atenção o desastre a que a cobiça, ganância e desprezo criminoso dos irresponsáveis económico-financeiros lusitanos da EDP, TAP, BCP, BPN, BPP, MOPCT e governo PS em geral, conduziram o país, perceberemos rapidamente que fará todo o sentido:
  1. parar imediatamente o uso de dinheiros públicos no salvamento dos accionistas da falida banca privada portuguesa, com particular destaque para o BPN, BPP, BCP e Finantia (1);
  2. retomar o controlo estratégico e a supervisão apertada da escandalosamente endividada EDP, bem como da GALP;
  3. estancar imediatamente as hemorragias da TAP, CP e Metro de Lisboa, pondo fim à libertinagem administrativa destas empresas públicas, e ao matrimónio que mantiveram durante décadas com o Bloco Central da Corrupção;
  4. reformular drasticamente o falacioso plano de construção de novas barragens, posto em marcha pela EDP, por iniciativa do seu feérico presidente, António Mexia;
  5. adiar a decisão de construção do novo aeroporto de Lisboa (NAL) até 2015, mantendo aberta a opção de Rio Frio-Alcochete;
  6. adaptar no prazo de 1-2 anos a Base Aérea do Montijo para as companhias Low Cost;
  7. avançar com o LAVE/AVE entre Pinhal Novo e Caia, para transporte rápido de pessoas e mercadorias entre as duas capitais ibéricas, como primeiro passo de ligação de Portugal à rede ferroviária europeia de Alta Velocidade/Velocidade Elevada;
  8. abandonar a ideia peregrina de construir a linha férrea Sines-Casa Branca-Évora-Elvas-Badajoz, uma opção redundante a partir do momento em que a linha AV/VE entre Pinhal Novo e Caia, para pessoas e mercadorias, esteja lançada;
  9. rever o traçado da linha ferroviária de AV/VE entre Lisboa, Porto e Valença;
  10. abandonar definitivamente a opção da TTT pelo corredor Chelas-Barreiro, e estudar uma solução mais racional e menos dispendiosa, articulada com um novo traçado da linha AV/VE entre Lisboa e Porto;
  11. desencadear os necessários processos-crime contra os piratas do BPN, do BPP e das demais entidades bancárias atoladas em dívidas e ludibrio de clientes;
  12. lançar um ambicioso plano de eficiência energética à escala nacional, do qual deverão fazer parte integrante programas de reabilitação urbana devidamente articulados com a prioridade que deve ser dada à eficiência energética do país (2) ;
  13. criar de uma vez por todas as regiões metropolitanas de Lisboa e Porto, conferindo-lhes as mesmas características institucionais e políticas das regiões autónomas insulares, associando a este projecto, com claras implicações constitucionais, a criação de duas grandes cidades-região eco-sustentáveis, onde a recuperação estratégica das respectivas cinturas agrícolas assuma máxima prioridade;
  14. manter e reforçar o Estado onde é efectivamente necessário, reforçando a liberdade cidadã e empresarial onde a mesma é muito mais eficaz que o Estado e pode contribuir decisivamente para libertar Portugal do pendor centralista, burocrático, clientelar e conservador que alimentou as preguiçosas nomenclaturas endogâmicas que há séculos sugam o país das suas evidentes potencialidades.
A melhor forma de forçar esta agenda começa na imprescindível derrota do Bloco Central da Corrupção nas eleições do ciclo eleitoral de 2009, o qual terá início já em Junho, com as eleições europeias.

A previsível perda de influência da nomenclatura que ao longo dos últimos 30 anos acabou por levar Portugal à cauda de todas as estatísticas, a ponto de objectivamente ameaçar a viabilidade do presente regime constitucional, é uma boa notícia!
  • Vote-se pois contra o populismo atroz da actual maioria e contra o Pinóquio que a protagoniza!
  • Vote-se contra quem defender o Bloco Central da Corrupção — Cavaco Silva, obviamente incluído!
  • Vote-se em Manuela Ferreira Leite, em Paulo Rangel e em Francisco Louçã (parece estranho mas não é; é um jogo de estratégia!)
  • Vote-se nas candidaturas independentes, contra as coligações autárquicas oportunistas
É fundamental derrotar José Sócrates e a tríade de Macau nas próximas eleições europeias!

NÃO DEIXES DE VOTAR!


NOTAS
  1. O financiamento encapotado (via BPN!!!) de empresas tecnicamente falidas do sector privado, e público, por parte da Caixa Geral de Depósitos (a mesma que executa hipotecas imobiliárias sem dó nem piedade a quem deixou de poder pagar as prestações de casa própria, leiloando os prémios da sua cobiça em sórdidos leilões de vampiros e hienas por esse país fora), é um escândalo que revela à evidência o irremediável cancro da corrupção que devora rapidamente Portugal. É preciso dizer basta à canalha que nos governa, e pôr na prisão todos os piratas! É preciso confrontar os partidos com assento parlamentar com as suas próprias responsabilidades democráticas. Ou fazem o que devem e aquilo para que foram eleitos, ou espera-os um fim inglório. O populismo não é mais do que a baba segregada pela própria indigência intelectual, cobardia moral e corrupção das democracias degeneradas.

    Construtoras inundam BPN com centenas de pedidos de financiamento nos últimos três meses

    08.05.2009 - 19h56 — Público
    Por Cristina Ferreira, Ana Brito
    Nos últimos três meses o Banco Português de Negócios (BPN) foi inundado de pedidos de financiamento (e algumas propostas de reavaliação de dívidas), por parte de empresas, muitas delas imobiliárias e de construção, ligadas aos grupos Mota Engil, Lena e Visabeira. Estes três grupos têm empréstimos a correr no BPN de 86,5 milhões de euros, 74 milhões de euros e 42 milhões de euros, respectivamente.

    Em causa estão centenas de pedidos de financiamento que também envolvem accionistas da SLN (que antes da nacionalização detinha o BPN) e até de entidades públicas, como a Parpública, a CP, o Metro do Porto a Empodef e a SPdH. Mas também de clubes de futebol e de autarquias.

  2. O grande problema da reabilitação urbana (fora do simples discurso retórico) é encontrar a rentabilidade da ideia, i.e. formas de convencer o Capital a investir num parque habitacional saturado, descompensado e onde as mais valias estão quase sempre na especulação imobiliária (dos terrenos e do mercado de compra-e-venda)

    No entanto, se atrelarmos a reabilitação urbana à prioridade energética (não à construção de mais barragens, parques eólicos e quintas solares — tudo isso já está feito q.b.), poderemos envolver uma apreciável parte da sociedade, e a vocação do Capital, numa vasta operação quinquenal (perdoem-me a graça ;-) destinada a baixar drasticamente a insustentável intensidade energética da nossa economia e da nossa cultura

    Colocar a intensidade energética do país na média europeia seria uma operação económica maior do que todas as grandes obras públicas juntas... e seria sobretudo uma disseminação sem precedentes de capital produtivo pelo conjunto da economia e da sociedade... Trata-se, de facto, de uma verdadeira Bala de Prata para a actual crise!

OAM 584 09-05-2009 02:41 (última actualização: 23:58)

quinta-feira, abril 30, 2009

Ouro

Uma nova febre a caminho?
Petróleo, ouro, prata, cobre... e obras de arte — refúgios para uma crise prolongada


A gold bubble may well be coming our way
With the US and other countries monetising budget deficits, the chance of rapid inflation has surged. — Telegraph.co.uk

A recomendação para comprar barras de ouro e moedas é algo que defendo há mais de dois anos. Entretanto, o preço tem vindo a subir, apesar das tentativas recorrentes dos Estados (sobretudo os EUA e Reino Unido) de desvalorizarem sistematicamente os metais preciosos. O que estes países fizeram periodicamente ao longo do século passado foi vender grandes quantidades de ouro, ou então expropriá-lo — como ocorreu quando Roosevelt obrigou os americanos a devolverem o ouro que tinham em casa, confiscando-o por "dez reis de mel coado". Mas desta vez a coisa está preta!

De facto, o G20 recomendou uma recapitalização do FMI com base no aumento das suas reservas de ouro fino, e de "ouro papel" — os chamados Direitos Especiais de Saque (SDR). O problema é que o Reino Unido e a América estão literalmente falidos, e a União Europeia caminha para a deflação e para uma depressão económica prolongada, com taxas de desemprego que poderão chegar aos 20% lá para 2012 (o contrário, portanto, da propaganda imbecil do governo socratino.) Entretanto os chineses, árabes e japoneses (estes pela via piramidal do Yen Carry Trade), de quem o Ocidente espera ansiosamente mais patacas, já declararam que não vão continuar a alimentar burros a Pão de Ló, nem lançar mais pérolas a porcos!

Ou seja, a hiperinflação pode estar ao virar da esquina. Donde o valor inestimável do ouro fino e das acções das principais companhias mineiras envolvidas na extracção de metais preciosos e não só (ouro, prata, platina... cobre). Os SDRs e outras formas de ouro-papel, como títulos de ouro, são de evitar - pois estão na calha de uma nova bolha especulativa!!

Há já algum tempo que recomendo a compra de ouro fino aos portugueses. Dez por cento do que ganham investido em metais preciosos (ouro, platina e prata), sem lugar a pagamento de IVA, bem guardados, são decisões a pensar num futuro incerto. E o mais certo que temos neste momento é mesmo um futuro incerto.




A escassez do petróleo será uma realidade catastrófica da economia mundial a partir de 2015, ou seja muito antes de o tresloucado aeroporto intercontinental de Alcochete borregar no charco das dívidas pública e externa nacionais. A instabilidade decorrente desta escassez (quem poderá pagar no futuro o caríssimo petróleo canadiano, venezuelano, brasileiro ou russo?), para a qual não existe alternativa efectiva, nem poderá ser desenvolvida no prazo que medeia até que os efeitos catastróficos do Pico Petrolífero arrastem o declinante do modelo de desenvolvimento capitalista para a fossa da História, será seguramente responsável pela emergência do ouro, da platina, da prata, mas também do cobre e dos metais essenciais ao fabrico de pilhas recarregáveis e células de hidrogéneo (níquel, cádmio, lítio, etc.) como valores de refúgio para as poupanças mundiais.

As poupanças e os depósitos bancários estão permanentemente ameaçados pela usura fiscal das partidocracias e cleptocracias que paulatinamente vêm expropriando os povos dos seus mais elementares direitos: conservar o fruto do trabalho, poupar e investir no futuro livremente.

E quando não são expropriados legalmente pelas burocracias partidárias e corporativas, ou ainda pelas burguesias burocráticas aninhadas junto às tetas orçamentais, são-no pela lógica especulativa da inflação capitalista.

Perante este roubo devastador das economias individuais, familiares e privadas, só há uma saída: voltar à terra e respectivos bens essenciais, estabelecer circuitos de troca paralela (desencadeando uma economia informal sem precedentes), apostar na partilha universal de conhecimentos (nomeadamente pela via tecnológica), e acumular reservas de bens e valores universalmente aceites, como são, entre outros, os metais preciosos e os bens não deslocalizáveis (paisagem, clima, protecção ambiental e qualidade urbana). Os pilotos de caça da Força Aérea americana não levam dólares no bolso, mas moedas de ouro. Porquê? Pois para poderem comprar a sua liberdade caso caiam em mãos inimigas, nalguma montanha inóspita do Afeganistão. Querem melhor demonstração do que estamos a falar?


OAM 583 30-04-2009 14:33 (última actualização: 16:22)