Não nos percamos em sondagens, nem sobretudo prestemos demasiada atenção às barragens de contra-informação dos jornais e televisões. A manobra em curso é exactamente a mesma que foi usada nas Europeias, só que desta vez mais descarada, com mais meios e... mais desesperada.
As agências de comunicação e empresas de sondagens (que vivem do tráfico cada vez mais sórdido da contra-informação) têm vindo a manipular de forma criminosa a actual campanha eleitoral, seguindo à risca as instruções do seu principal cliente: o PS, o Governo PS e os patrões da indústria dependentes das encomendas suicidas da tríade de piratas que tomou de assalto o PS. Daí que estejamos debaixo do mesmo fogo numérico falsificado que ocorreu durante a campanha eleitoral para as idas eleições europeias. Se não, vejamos:
Sondagens Europeias 2009Olhando para estes números vemos um padrão claro: o PS sempre à frente nas sondagens (salvo no exercício, curiosamente apressado, da Marktest), rondando frequentemente a percentagem mágica dos 38% — a mesma que a maioria das "sondagens" sobre as eleições deste Domingo igualmente têm vindo a papaguear. Temos pois um lindo feito para Domingo: o PS vai passar de 26,53% para 35,8%, 38% ou mesmo 40%! Ou seja, vai trepar sem nada ter feito de diferente nos últimos 3 meses (a não ser mudar o tom de voz ao Papagaio das Beiras), qualquer coisa como 9,27, 11,47 ou mesmo 13,4 pontos percentuais na sua posição eleitoral relativa. É obra! Está tudo doido ou quê?!Resultados finais das Europeias
- Simon Hix e Michael Marsh
PS: 38,8%
PSD:31,0%- Aximage/CM
PS: 38%
PSD: 31,1%- Universidade Católica/JN, DN, RTP, A1
PS: 34%
PSD: 32%- Eurosondagem/ SIC, Expresso e R. Renascença
PS: 38,3%
PSD: 30,5%- Eurosondagem/ SIC, Expresso e R. Renascença
PS: 36%
PSD: 31,9%- Marktest/ TSF, D. Económico
PSD: 32,5%
PS: 29,4%Legislativas 2009
- PSD: 31,71%
- PS: 26,53%
- BE: 10,72%
- CDU: 10,64%
- CDS-PP: 8,36%
- média ponderada das sondagens entre 01 e 17 de Setembro (Público)
PS: 35,8%
PSD: 31,9%
BE: 11,5%
CDU: 8,1%
CDS-PP: 7,3%
Alguns amigos meus aventam a hipótese de uma descida do PSD por causa de uma suposta fraca prestação de Manuela Ferreira Leite, agravada pela sua tolerância face à tropa fandanga do Pedro Santana Lopes, e ainda pelos alaridos montados em volta do TGV e das supostas escutas ao Palácio de Belém. Eu não estou de acordo.
A contra prova é muito simples: alguém sabe o que é que o PS propôs para a próxima Legislatura? Eu não. Mas sei muito bem o que é que Manuela Ferreira Leite se comprometeu a realizar, se for primeira ministra (como julgo que será): reavaliar e renegociar com Espanha o programa de Alta Velocidade/Velocidade Elevada ferroviária; apoiar de forma clara e consistente as PMEs; acabar com os pagamentos por conta de IRC; rasgar o pseudo sistema de avaliação dos professores, substituindo-o por uma nova lei; impedir a subversão da ADSE, que o actual governo se preparava para fazer; desfazer o actual clima de asfixia democrática e de manipulação sórdida dos média e do Poder Judicial.
Creio que esta mensagem passou, ao contrário do fogo-de-artifício do senhor Pinto de Sousa, onde nada vemos a não ser megafones, vendedores de banha da cobra e uma espécie de brigada do reumático socialista, apavorada como a outra, com o fim de um regime. Neste caso, o regime do Bloco Central. Com Pinto de Sousa, ou com Ferreira de Leite, o que vai acontecer, trucidando sem cerimónias a macabra coligação das sondagens e agência de comunicação no terreno, é mesmo o fim do Bloco Central. Cavaco terá que aprender rapidamente a lidar com a nova situação, onde dificilmente poderemos aturar por muito mais tempo o travesti da Madeira.
Como é de prever que nem o Bloco, nem o CDS, queiram deixar de crescer após estas eleições, e como não estamos também a ver nenhum governo PS-PCP no horizonte, a viabilidade de um futuro governo liderado por Pinto de Sousa é praticamente de excluir. Pois! O melhor mesmo é Manuela Ferreira Leite ganhar estas eleições!
Declaração pessoal de interesses
Já escrevi neste blogue mais de uma vez, e repito, que tenciono votar no Bloco de Esquerda para a Assembleia da República, no próximo dia 27 de Setembro (se Louçã não cair entretanto na tentação de apoiar José Sócrates); em António Capucho (PSD), para a Câmara Municipal de Cascais; e que me candidato pelo PS+Helena Roseta à Assembleia de Freguesia de São João de Brito. Contradição? Incoerência? Nem por isso!
Há certamente muita gente por este país fora que é capaz de fazer o mesmo. O que não é vulgar é assumir a coisa. Há um tabu, que os partidos políticos alimentam como se fossemos todos imbecis e não soubéssemos distinguir as subtilezas de uma votação com os seus contornos de classe mais ou menos oportunistas e diferenças ideológicas cada vez menos claras. Em vez de cair na armadilha do "voto útil" —suplicado pateticamente pelo PS e pelo PSD—, os portugueses estão rapidamente a adoptar a praxis alternativa do que resolvi chamar "voto inteligente". Esta é certamente uma arma poderosa para mudar positivamente o rumo da democracia portuguesa. Usemo-la, pois, com a determinação estratégica que merece.
OAM 628 25-09-2009 18:10